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  • Apostila de Libras Curso Bsico - Semed/2013 Instrutores: Lucinia & Wallace

    ESTADO DO ESPIRITO SANTO

    PREFEITURA MUNICIPAL DE GUARAPARI SECRETARIA MUNICIPAL DA EDUCAO

    Curso de

    Semed 2013

    Mdulo

    DIANA MRGARA RAIDAN CHCARA SECRETRIA MUNICIPAL DA EDUCAO

    LUCINIA DE SOUZA OLIVEIRA WALLACE MIRANDA BARBOSA

    INSTRUTORES

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    MDULO

    CULTURA E COMUNIDADE SURDA

    AS COMUNIDADES SURDAS NO BRASIL

    AS IDENTIFICAES

    LUGARES

    COMPARATIVO DE IGUALDADE, SUPERIORIDADE e INFERIORIDADE

    ALIMENTOS

    FRUTAS

    OBJETOS DE CASA

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    CULTURA E COMUNIDADE SURDA

    A palavra "cultura" possui vrios significados. Relacionando esta palavra ao

    contexto de pessoas surdas, ela representa identidade porque pode-se afirmar

    que estas possuem uma cultura uma vez que tm uma forma peculiar de

    apreender o mundo que as identificam como tal.

    STOKOE, um lingista americano, e seu grupo de pesquisa, em 1965, na

    clebre obra ADictionary of American Sign Language on linguistic principles,

    foram os primeiros estudiosos a falar sobre as caractersticas sociais e culturais

    dos Surdos.

    A lingista surda Carol Padden estabeleceu uma diferena entre cultura e

    comunidade. Para ela, "uma cultura um conjunto de comportamentos

    aprendidos de um grupo de pessoas que possuem sua prpria lngua, valores,

    regras de comportamento e tradies". Ao passo que "uma comunidade um

    sistema social geral, no qual pessoas vivem juntas, compartilham metas

    comuns e partilham certas responsabilidades umas com as outras". PADDEN

    (1989:5).

    Para esta pesquisadora, "uma Comunidade Surda um grupo de pessoas que

    mora em uma localizao particular, compartilha as metas comuns de seus

    membros e, de vrios modos, trabalha para alcanar estas metas." Portanto,

    em uma Comunidade Surda pode ter tambm ouvintes e surdos que no so

    culturalmente Surdos. J "a Cultura da pessoa Surda mais fechada do que a

    Comunidade Surda. Membros de uma Cultura Surda comportam como as

    pessoas Surdas, usam a lngua das pessoas Surdas e compartilham das

    crenas das pessoas Surdas entre si e com outras pessoas que no so

    Surdas."

    Mas ser uma pessoa surda no equivale a dizer que esta faa parte de uma

    Cultura e de uma Comunidade Surda, porque sendo a maioria dos surdos,

    aproximadamente 95%, filhos de pais ouvintes, muitos destes no aprendem a

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    Libras e no conhecem as Associaes de Surdos, que so as Comunidades

    Surdas, podendo tornarem-se somente pessoas com deficincia auditiva.

    As pessoas Surdas, que esto politicamente atuando para terem seus direitos

    de cidadania e lingsticos respeitados, fazem uma distino entre "ser Surdo"

    e ser "deficiente auditivo". A palavra "deficiente", que no foi escolhida por elas

    para se denominarem, estigmatiza a pessoa porque a mostra sempre pelo que

    ela no tem, em relao s outras e, no mostra o que ela pode ter de diferente

    e, por isso, acrescentar s outras pessoas.

    Ser Surdo saber que pode falar com mos e aprender uma lngua oral-

    auditiva atravs dessa, conviver com pessoas que, em um universo de

    barulhos, deparam-se com pessoas que esto percebendo o mundo,

    principalmente, pela viso, e isso faz com que elas sejam diferentes e no

    necessariamente deficientes.

    A diferena est no modo de apreender o mundo, que gera valores,

    comportamento comum compartilhado e tradies scio-interativas, a este

    modus vivendi est sendo denominado de Cultura Surda.

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    AS COMUNIDADES SURDAS NO BRASIL

    H pessoas surdas em todos os estados brasileiros e muitas destas pessoas

    vm se organizando e formando associaes pelo pas que so as

    comunidades surdas brasileiras. Como o Brasil muito grande e diversificado,

    essas comunidades se diferenciam regionalmente em relao a hbito

    Alimentar, vesturio e situao scio-econmica, entre outros. Estes fatores

    geram tambm variaes lingusticas regionais.

    As Comunidades urbanas Surdas no Brasil tm como fatores principais de

    integrao a Libras, os esportes e interaes sociais, por isso elas tm uma

    organizao hierrquica constituda por: uma Confederao Brasileira de

    Desportos de Surdos (CBDS); seis Federaes Desportivas e,

    aproximadamente, 113 associaes/clubes/sociedades/congregaes, escolas,

    APADAs, institutos e outras instituies em vrias capitais e cidades do interior,

    segundo dados de diretoria da Feneis.

    A CBDS, fundada em 1984, tem como proposta o desenvolvimento esportivo

    dos surdos do Brasil, por isso promove campeonatos masculino e feminino em

    vrias modalidades de esporte em nvel nacional. Seus representantes so

    escolhidos, atravs de voto secreto, pelos representantes das Federaes.

    Recentemente esta Confederao filiou-se Confederao Internacional e os

    surdos brasileiros tm participado de campeonatos esportivos internacionais.

    As associaes de surdos, como todas as associaes, possuem estatutos que

    estabelecem os ciclos de eleies, quando os associados se articulam em

    chapas para poderem concorrer a uma gesto de dois anos, geralmente.

    Participam tambm dessas comunidades, pessoas ouvintes que fazem

    trabalhos de assistncia social ou religiosa, ou so intrpretes, ou so

    familiares, pais de surdos ou cnjuges, ou ainda professores que participam

    ativamente em questes polticas e educacionais e por isso esto sempre nas

    comunidades, tornando-se membros. Os ouvintes que so filhos de surdos,

    muitas vezes, participam dessas comunidades desde criancinhas, o que

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    propicia um domnio da Libras, como de primeira lngua. Estas pessoas, muitas

    vezes, tornam-se intrpretes: primeiro para os prprios pais, depois para a

    comunidade.

    Os surdos, que so membros das associaes, esto sempre interagindo com

    outras associaes de outros estados ou cidade, como tambm com as

    Federaes, a Confederao e a FENEIS.

    Diferentemente da CBDS, das Federaes desportivas e associaes, que se

    preocupam com a integrao entre os surdos, atravs dos esportes e lazer, a

    Federao Nacional de Educao e Integrao dos Surdos (FENEIS -

    www.feneis.org.br) uma Entidade no governamental, registrada no Conselho

    Nacional de Servio Social/MEC e no est subordinada CBDS, sendo filiada

    a World Federation of The Deaf.

    A FENEIS foi fundada em 1987, quando os surdos resolveram assumir a

    liderana da Federao Nacional de Educao e Integrao do Deficiente

    Auditivo (FENEIDA) que surgiu da iniciativa de vrias escolas, Associaes de

    Pais e outras instituies ligadas ao trabalho com Surdos. Sua sede no Rio

    de Janeiro, mas j possui dez regionais: Belo Horizonte, Tefilo Otoni, Braslia,

    Porto Alegre, Curitiba, Florianpolis, So Paulo, Recife, Fortaleza e Manaus.

    Atualmente com mais de 100 entidades filiadas, a FENEIS atua como um rgo

    de integrao dos surdos na sociedade, atravs de convnios com empresas,

    instituies que empregam Surdos, MEC-SEESP, CORDE e SEDUC estaduais

    e municipais, bem como tem promovido e participado de debates, seminrios,

    cmaras tcnicas, congressos nacionais e internacionais em defesa dos

    direitos dos Surdos em relao sua lngua, educao, a intrpretes em

    escolas e estabelecimentos pblicos, a programas de televiso legendados,

    assistncia social, jurdica e trabalhista; como tambm tem assento no

    CONADE para defender os direitos dos Surdos.

    Os surdos que participam dessas comunidades tm assumido uma cultura

    prpria. A Cultura Surda muito recente no Brasil, tem pouco mais de cento e

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    vinte anos, mas convivendo-se com essas Comunidades Surdas, pode-se

    perceber uma identidade surda, ou seja, caractersticas peculiares,

    como:

    A maioria das pessoas Surdas prefere um relacionamento mais ntimo com

    outra pessoa Surda;

    Suas piadas envolvem a problemtica da incompreenso da surdez pelo

    ouvinte que geralmente

    o "portugus" que no percebe bem, ou quer dar uma de esperto e se d

    mal;

    Seu teatro j comea a abordar questes de relacionamento, educao e

    viso de mundo das pessoas Surdas. Isso pode ser visto em peas que a

    Companhia Surda de Teatro, no Rio de Janeiro, vem apresentando;

    O Surdo tem um modo prprio de olhar o mundo onde as pessoas so

    expresses faciais e corporais. Como fala com as mos, evita us-las

    desnecessariamente e quando as usam, possui uma agilidade e leveza que

    podem se transformar em poesia.

    Os Surdos, que frequentam esses espaos de Surdos, convivem com duas

    comunidades e cultura: a dos surdos e a dos ouvintes, e precisam utilizar duas

    lnguas: a Libras e a lngua portuguesa. Portanto, numa perspectiva scio-

    lingustica e antropolgica, uma Comunidade Surda no um "lugar" onde

    pessoas deficientes, que tm problemas de comunicao se encontram, mas

    um ponto de articulao poltica e social porque, cada vez mais, os Surdos se

    organizam nesses espaos enquanto minoria lingustica que lutam por seus

    direitos lingusticos e de cidadania, impondo-se no pela deficincia, mas pela

    diferena.

    Vendo por esse prisma, pode-se falar de Cultura Surda, ou seja, Identidade

    Surda. O Surdo diferente do ouvinte porque percebe e sente o mundo de

    forma diferenciada e se identifica com aqueles que tambm, apreendendo o

    mundo como Surdos, possuem valores que vm sendo transmitidos de gerao

    em gerao independentemente da Cultura dos ouvintes, a qual tambm se

    inserem.

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    AS IDENTIFICAES

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    LUGARES

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    COMPARATIVO DE IGUALDADE, SUPERIORIDADE E INFERIORIDADE

    Em Libras, tambm, pode ser comparada uma qualidade ou uma ao a partir

    de trs situaes: superioridade, inferioridade e igualdade.

    Para expresses comparativas de superioridade e inferioridade, usam-se os

    sinais MAIS e MENOS antes do adjetivo comparado, seguido da conjuno

    comparativa DO-QUE, ou seja:

    comparativo de superioridade: X MAIS ---ADJ.--- DO-QUE Y;

    comparativo de inferioridade: X MENOS ---ADJ.--- DO-QUE Y.

    Para aes, as expresses comparativas vm aps o verbo, ou seja:

    comparativo de superioridade: X VERBO MAIS DO-QUE Y;

    comparativo de inferioridade: X VERBO MENOS DO-QUE Y;

    Essa expresso comparativa "do que" tem flexo para as pessoas do discurso

    e, por isso, a orientao para aonde o sinal aponta indicar a segunda

    pessoa/objeto/animal comparados.

    Para o comparativo de igualdade, podem ser usados dois sinais: IGUAL (dedos

    indicadores e mdios das duas mos roando um no outro) e IGUAL (duas

    mos em B, viradas para frente encostadas lado a lado), geralmente no final da

    frase. Exemplos:

    (1) VOC MAIS VELH@ DO-QUE EL@

    (2) VOC MENOS VELH@ DO-QUE EL@

    (3) VOC-2 BONIT@ IGUAL (me)

    IGUAL (md)

    (4) VOC COMER MAIS 2SDO-QUE1S EU

    (5) ELE FUMAR MENOS 3SDO-QUE2S VOC

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    GRAU COMPARATIVO

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    ALIMENTOS

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    VERDURAS

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    FRUTAS

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    OBJETOS DE CASA

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    REFERNCIAS

    BRITO. Lucinda Ferreira Lngua brasileira de sinais in BRASIL. MINISTRIO DA EDUCAO E DESPORTO. Secretaria de Educao Especial. Secretaria de Educao Especial. Braslia: MEC/SEE SP, 1998, p. 19 80. BRITO. Lucinda Ferreira. Por uma gramtica de lnguas de sinais. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro: UFRJ, Departamento de Lingustica e Filologia,

    1995.

    FELIPE, Tanya A; MONTEIRO, Myrna S. Libras em Contexto: curso bsico, livro do professor instrutor Braslia : Programa Nacional de Apoio Educao dos Surdos, MEC: SEESP, 2001.

    COPAVILLA, Fernando Csar. RAPHAEL, Walkiria Duarte. (2001). Dicionrio Enciclopdico Ilustrado da Lngua de Sinais brasileira: volume I: sinais de A a L. 2 Ed. So Paulo: Editora da Universidade de So Paulo: Imprensa Oficial do Estado. COPAVILLA, Fernando Csar. RAPHAEL, Walkiria Duarte. Dicionrio Enciclopdico Ilustrado da Lngua de Sinais brasileira: volume II: sinais de M a Z. 2 Ed. So Paulo: Editora da Universidade de So Paulo: Imprensa Oficial do Estado, 2001. FELIPE. Tanya A. Introduo gramtica da LIBRAS in BRASIL. MINISTRIO DA EDUCAO E DESPORTO. Secretaria de Educao Especial. Secretaria de Educao Especial. Braslia: MEC/SEE SP, p. 81 117, 1998.

    HONORA, Mrcia. FRIZANCO, Mary Lopes Esteves Livro Ilustrado de Lngua Brasileira de Sinais Desvendando a comunicao usada pelas pessoas com surdez. So Paulo: Ciranda Cultural, 2009.


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