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DESENHO TÉCNICO
MECÂNICO
Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais - FIEMG
Cataguases
2012
2
Presidente da FIEMG
Olavo Machado Júnior
Diretor Regional do SENAI
Lúcio José de Figueiredo Sampaio
Gerente de Educação Profissional
Edmar Fernando de Alcântara
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Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais - FIEMG Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial - SENAI Departamento Regional de Minas Gerais Centro de Formação Profissional José Ignácio Peixoto
Desenho Técnico
Mecânico
Equipe Técnica
Cataguases 2012
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© 2012. SENAI. Departamento Regional de Minas Gerais
SENAI/MG Centro de Formação Profissional José Ignácio Peixoto
Ficha Catalográfica
SENAI Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial Departamento Regional de Minas Gerais
FIEMG Avenida do Contorno, 4456 Bairro Funcionários 30110-916 – Belo Horizonte Minas Gerais
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Sumário
Conteúdo Prefácio ........................................................................................................................... 9
Apresentação................................................................................................................. 10 1- Razão e importância......................................................................................................... 11
2 - Escala ............................................................................................................................. 14 3 - Instrumentos ................................................................................................................... 16
3.1 Régua ...................................................................................................................... 16 3.1.1 Régua graduada ................................................................................................... 16
3.1.2 Régua ”T” ........................................................................................................... 17 3.2 Esquadros ................................................................................................................ 17
3.3 Compassos .............................................................................................................. 18 4 - Linhas ............................................................................................................................. 20
4.1 Largura das linhas ................................................................................................... 20 4.1.1 Condições gerais .................................................................................................. 20
4.1.2 Condições especiais ............................................................................................. 20 4.2 Espaçamentos entre linhas ....................................................................................... 20 4.3 Tipos de linhas e as suas aplicações ......................................................................... 21
4.4 Ordem de prioridade de linhas coincidentes ............................................................. 23 4.5 Terminação das linhas de chamadas ........................................................................ 24
5 - Tipos de escritas e importância ....................................................................................... 25 5.1 Lápis ....................................................................................................................... 25
5.2 Borracha .................................................................................................................. 26 5.3 Tipos de Caligrafia .................................................................................................. 27
5.4 Tabela – Proporções e dimensões de símbolos gráficos ........................................... 28 6 - Folha de desenho - Leiaute e dimensões .......................................................................... 29
6.1 Normas complementares ......................................................................................... 29 6.2 Formato de papel ..................................................................................................... 29
6.2.1 Formato Série “A” ............................................................................................... 30 6.3 Formato Especial ..................................................................................................... 31
6.4 Dobramento da folha ............................................................................................... 31 7 - Legenda .......................................................................................................................... 33
7.1 Margem e quadro .................................................................................................... 33 7.2 Marcas de centro ..................................................................................................... 34
7.3 Escalas métricas de referência ................................................................................. 35 7.4 Sistema de referência por malhas ............................................................................. 35
7.5 Marcas de corte ....................................................................................................... 36 8 - Projeções ........................................................................................................................ 37
8.1 Projeção cônica ou central ....................................................................................... 38 9 - Projeções ortogonais ....................................................................................................... 39
9.1 Primeiro diedro ....................................................................................................... 40
6
9.2 Terceiro diedro ........................................................................................................ 40
10 - Vistas principais............................................................................................................ 41 10.1 Vistas auxiliares .................................................................................................... 43
10.2 Vista auxiliar primária ........................................................................................... 44 10.3 Vista auxiliar secundária........................................................................................ 45
11 - Cotagem ....................................................................................................................... 48 11.1 Cotas em chanfros ................................................................................................. 52
11.2 Cotas em ângulos. ................................................................................................. 52 12 - Disposição e apresentação da cotagem .......................................................................... 54
12.1 Disposição ............................................................................................................. 54 12.1.1 Cotagem em cadeia ............................................................................................ 54
12.1.2 Cotagem por elemento de referência .................................................................. 54 12.1.3 Cotagem aditiva ................................................................................................. 55
12.1.4 Cotagem por coordenadas ........................................................................... 55
12.1.5 Cotagem combinada .......................................................................................... 56 13 - Indicações Especiais ..................................................................................................... 57
13.1 Cordas, arcos, ângulos e raios ................................................................................ 57 13.2 Elementos eqüidistantes ........................................................................................ 57
13.3 EspaçamentoLinear ............................................................................................... 58 13.4 Espaçamento Angular ............................................................................................ 58 13.5 Espaçamento Circular ............................................................................................ 58
13.6 Elementos repetidos .............................................................................................. 59 13.7 Chanfros e escareados ........................................................................................... 59
13.8 Outras indicações .................................................................................................. 60 13.9 Tipos de Cotagem.................................................................................................. 63
13.9.1 Funcional ........................................................................................................... 63 13.9.2 Não funcional .................................................................................................... 63
13.9.3 Auxiliar ............................................................................................................. 64 13.9.4 Elemento ........................................................................................................... 64
13.9.5 Produto acabado ................................................................................................ 64 13.9.6 Quando a aplicação: ........................................................................................... 64
14 – Corte ............................................................................................................................ 66 14.1 Corte ..................................................................................................................... 67
14.2 Corte total ............................................................................................................. 69 14.3 Corte nas vistas do desenho técnico ....................................................................... 69
14.3.1 Corte na vista frontal ......................................................................................... 70 14.3.2 Corte na vista superior ....................................................................................... 73
14.3.3 Corte na vista lateral esquerda ........................................................................... 75 14.4 Mais de um corte nas vistas ortográficas ................................................................ 77
14.4.1 Dois cortes no mesmo modelo ........................................................................... 78 14.4.2 Corte composto .................................................................................................. 79
14.4.3 Corte composto por planos paralelos .................................................................. 79 14.4.4 Corte composto por mais de dois planos de corte paralelos ................................ 82
14.4.5 Corte composto por planos concorrentes ............................................................ 83 14.4.6 Corte composto por planos sucessivos ............................................................... 84
14.5 Meio-corte ............................................................................................................. 86 14.5.1 Modelos simétricos longitudinal e transversalmente ........................................... 86
14.5.2 Representação do meio-corte ............................................................................. 87
7
14.5.3 Meio-corte nas vistas do desenho técnico ........................................................... 89
14.6 Corte parcial .......................................................................................................... 91 14.6.1 Representação do corte parcial ........................................................................... 91
14.6.2 Convenções complementares ............................................................................. 92 15 Seções ............................................................................................................................. 96
15.1 Seções transversais rebatidas ................................................................................. 96 15.2 Seção fora da vista ................................................................................................. 97
15.3 Seção sobre a vista ................................................................................................ 97 15.4 Seção com interrupção das vistas ........................................................................... 98
16 - Ruptura ......................................................................................................................... 99 16.1 Ruptura em objetos planos paralelos ...................................................................... 99
16.2 Ruptura em objetos trapezoidais ............................................................................ 99 16.3 Ruptura em objetos cilíndricos ............................................................................ 100
16.3.1 Em eixos e barras redondas .............................................................................. 100 16.3.2 Em tubos ......................................................................................................... 100
16.3.3 Em objetos cônicos .......................................................................................... 100 17 - Perspectiva.................................................................................................................. 101
17.1 Perspectiva isométrica ......................................................................................... 101 17.1.1 Processo de construção .................................................................................... 103
17.1.2 Construção de traçado em esboço da perspectiva isométrica de objetos cilíndricos
................................................................................................................................... 106
17.2 Perspectiva cavaleira ........................................................................................... 108 17.2.1 Perspectiva cavaleira de objetos com superfícies planas ................................... 109
17.2.2 Perspectiva cavaleira de objetos cilíndricos ...................................................... 110 18 - Conjuntos, detalhes e vista explodida .......................................................................... 111
18.1 Desenho de conjunto ........................................................................................... 111 18.2 Desenho de detalhes ............................................................................................ 112
18.3 Desenhos de vista explodida ................................................................................ 112 18.3.1 Desenho de vista explodida em projeções ortogonais ....................................... 112
18.3.2 Desenho de vista explodida em perspectiva...................................................... 112 19 - Elementos de máquinas ............................................................................................... 116
19.1 Elementos de máquinas para fixação temporária e permanente ............................ 116 19.2 Roscas ................................................................................................................. 118
19.2.1 Rosca externa .................................................................................................. 118 19.2.2 Rosca interna ................................................................................................... 119
19.2.3 Nomenclatura da rosca ..................................................................................... 122 19.3 Parafusos ............................................................................................................. 123
19.3.1 Parafuso de corpo liso ...................................................................................... 123 19.3.2 Parafuso com cabeça e porca sextavadas .......................................................... 123
19.3.3 Parafuso com cabeça e porca quadrada ............................................................ 124 19.3.4 Parafusos com cabeças especiais ...................................................................... 124
19.4 Porca ................................................................................................................... 126 19.5 Chavetas .............................................................................................................. 127
19.5.1 Chavetas de cunha ........................................................................................... 127 19.5.2 Chavetas paralelas ou lingüetas ........................................................................ 129
19.5.3 Chavetas de disco (Woodruff) .......................................................................... 129 19.6 Nervuras .............................................................................................................. 130
19.7 Chanfros .............................................................................................................. 130
8
19.8 Rebaixos ............................................................................................................ 131
19.9 Engrenagens ........................................................................................................ 132 19.9.1 Raiz do dente ................................................................................................... 132
19.10 Rolamentos ....................................................................................................... 133 19.10.1 Representação simplificada e simbólica de rolamentos ................................... 133
19.11 Retentores ......................................................................................................... 135 20 - Indicações do estado de superfície (NBR 8404) .......................................................... 136
20.1 Símbolo básico .................................................................................................... 136 20.2 Condições específicas .......................................................................................... 137
20.2.1 Característica da rugosidade Ra ........................................................................ 138 20.2.2 Indicação das características especiais do estado de superfície ......................... 139
20.3 Símbolos para a direção da estrias ....................................................................... 140 20.4 Símbolos para direções das estrias ....................................................................... 141
20.4.1 Indicação de sobre metal para usinagem .......................................................... 142 21 – Conjuntos mecânicos .................................................................................................. 147
21.1 Desenho de conjunto ........................................................................................... 147 Referências Bibliográficas .......................................................................................... 150
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Prefácio
“Muda a forma de trabalhar, agir, sentir, pensar na chamada sociedade do conhecimento”.
Peter Drucker
O ingresso na sociedade da informação exige mudanças profundas em todos os perfis profissionais, especialmente naqueles diretamente envolvidos na produção, coleta, disseminação e uso da informação. O SENAI, maior rede privada de educação profissional do país, sabe disso, e
,consciente do seu papel formativo , educa o trabalhador sob a égide do conceito da competência:” formar o profissional com responsabilidade no processo produtivo, com iniciativa na resolução de problemas, com conhecimentos técnicos aprofundados, flexibilidade e criatividade, empreendedorismo e consciência da necessidade de educação continuada.” Vivemos numa sociedade da informação. O conhecimento, na sua área tecnológica, amplia-se e se multiplica a cada dia. Uma constante atualização se faz necessária. Para o SENAI, cuidar do seu acervo bibliográfico, da sua infovia, da conexão de suas escolas à rede mundial de informações – internet- é tão importante quanto zelar pela produção de material didático. Isto porque, nos embates diários, instrutores e alunos, nas diversas oficinas e laboratórios do SENAI, fazem com que as informações, contidas nos materiais didáticos, tomem sentido e se concretizem em múltiplos conhecimentos. O SENAI deseja, por meio dos diversos materiais didáticos, aguçar a sua
curiosidade, responder às suas demandas de informações e construir links entre os diversos conhecimentos, tão importantes para sua formação continuada !
Gerência de Educação Profissional
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Apresentação
O desenho técnico tem sido parte integrante da indústria desde a sua
concepção como organização produtiva, pois o desenho técnico é o elo de ligação
entre o departamento de projetos e a produção.
O desenho preparado com padrões pré-determinados faz com que a
informação seja rapidamente transferida para o resto da indústria, proporcionando a
confecção do produto, com maior rapidez.
Esta apostila de fácil entendimento com linguagem clara e objetiva orienta a
execução de desenhos técnicos desenvolvendo competências para interpretar a
montagem de um projeto. Esperamos que a mesma sirva de subsídio a todos
aqueles que na vida profissional irão se orientar por meio do desenho técnico.
11
11-- RRaazzããoo ee iimmppoorrttâânncciiaa
Quando vamos usinar uma peça ou realizar manutenção em máquinas na
escola ou na indústria, necessitamos receber todas as informações e dados sobre a
mesma.
Estas informações poderiam ser apresentadas de várias formas, tais como:
1. Descrição verbal da peça
2. Fotografia da peça
3. Modelo da peça
4. Desenho técnico da peça
Se analisarmos cada uma destas formas, veremos que nem todas
proporcionam as informações indispensáveis para a execução ou interpretação,
senão, vejamos:
1. Descrição Verbal
Não é o bastante para transmitir as idéias de forma e dimensões de uma
peça, mesmo que ela não seja muito complicada. Se experimentarmos descrever,
um objeto somente utilizando o recurso da palavra, de maneira que outra pessoa o
execute, concluiremos que isto é praticamente impossível.
2. Fotografia
Transmite relativamente bem à idéia da parte exterior da peça, mas não
mostra seus detalhes internos e nem suas dimensões. Logo, a fotografia também
não resolve o nosso problema.
3. Modelo
Pode resolver alguns problemas até certo ponto, porém nem todos.
Por exemplo, se tivéssemos que transportar uma peça de grande tamanho,
para reproduzi-la pelo modelo, não séria possível se a mesma estivesse sendo
projetada, pois não existiria o modelo.
12
4, Desenho Técnico
Pode transmitir, com clareza, precisão e de maneira simples, todas as idéias
de forma e dimensões de uma peça. Além disso, há uma série de outras
informações necessárias que somente o desenho pode dar, tais como: o material de
que é feita a peça, os acabamentos de sua superfície, as tolerâncias de suas
dimensões etc.
Portanto, o conhecimento de Desenho Técnico é indispensável a todos que
necessitam executar tarefas que sejam manutenção de máquinas, ajustagem,
tornearia, marcenaria, eletricidade, etc.
O desenho técnico é usado na indústria pelos engenheiros, projetistas,
desenhistas, mestres e operários qualificados, como uma linguagem técnica
universal, pela qual se expressam e registram idéias e dados para a construção de
móveis, máquinas e estruturas.
Sendo uma linguagem gráfica universal, o Desenho Técnico possui normas
especificas para o seu traçado e interpretação. Estas normas são elaboradas por
entidades especializadas que padronizam e normalizam os seus empregos.
No Brasil, a ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas - Padronizou
as normas que fixam as condições gerais que devem ser observadas na execução
dos desenhos técnicos e representações convencionais.
Para que o emprego do desenho técnico se torne fácil e preciso, recorre-se
ao uso de instrumentos apropriados, chamando-se, neste caso, “Desenho com
Instrumentos“ ou “Traçado a rigor“. Quando executado à mão, sem o auxilio de
instrumentos, denomina-se “Desenho à mão livre“ ou “Esboço“.
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O nosso objetivo é estudar e exercitar a linguagem universal do desenho
técnico, a fim de expressá-la e escrevê-la com clareza, bem como interpretá-la
quando escrita por outrem. O objetivo do estudo de desenho é preparação daqueles
que irão orientar-se por meio do desenho, na escola e na vida profissional, dando-
lhes condições de:
- Ler e interpretar, com clareza, desenhos técnicos de sua especialidade, de
acordo com as normas da ABNT;
- Executar traçados a mão livre e com instrumentos básicos, como forma de
expressão de sua técnica.
- Aplicar os conhecimentos de Desenho Técnico no desenvolvimento de projetos
de Mecânica, Eletricidade, Marcenaria, estruturas, com o CAD “Desenho
Auxiliado por Computador“.
14
22 -- EEssccaallaa
Escala é a razão existente entre as medidas no papel de desenho e as
medidas reais do objeto. A palavra “ESCALA” pode ser abreviada na forma “ESC.”
Quando for usada mais de uma escala na folha de desenho, além da escala
geral, estas devem estar indicadas junto à identificação do detalhe ou a vista a que
se referem; na legenda, deve constar a escala geral.
A escala e o tamanho do objeto ou elemento em questão são parâmetros
para a escolha do formato da folha de desenho. A escala escolhida deve permitir
uma interpretação fácil e clara da informação representada.
As escalas de desenho podem ser:
Natural;
De redução;
De ampliação.
Tipo de escala Notação da escala
(ABNT)
Emprego
Escala natural 1:1 Em desenho de objetos que são
representados em seu tamanho real.
Escalas de
redução
1:2
1:5
1:10
Usadas para o desenho de objetos de
grandes dimensões
Escalas de
ampliação
2:1
5:1
10:1
Usadas para desenho de objetos de
pequenas dimensões
NOTA – As escalas desta tabela podem ser reduzidas ou ampliadas à razão de 10
15
Na régua milimetrada, quando se convenciona que 1 cm valerá 1 metro real,
cria-se a escala de 1:100, ou seja, 1 cm no papel corresponderá a 100cm reais ou 1
metro.
Na escala 1:50, a fração duas vezes maior que 1:100, um metro real é
representado por 2 cm.
Na prática, para evitar operações matemáticas, a escala 1:100 e outras cinco
mais usadas são encontradas em prismas triangulares, conhecidas como
escalímetros, que são utilizados por profissionais.
16
33 -- IInnssttrruummeennttooss
3.1 Régua
Existem diversos tipos de réguas, sendo as mais empregadas: a régua
graduada e a régua ”T”.
33..11..11 RRéégguuaa ggrraadduuaaddaa
Consiste numa peça reta (plana), tendo graduações em uma ou ambas as
arestas, para a marcação de medidas. Existem réguas graduadas em milímetros ou
em polegadas e algumas possuem as duas graduações em arestas opostas.
As réguas graduadas servem para tomar e aplicar medidas lineares, portanto,
não devem ser utilizadas para auxiliar nos traçados de linhas. Geralmente a
graduação impressa na régua, produz pequenas depressões; por isso, as linhas
traçadas com tais réguas resultam irregulares.
Para medir ou marcar medidas com a régua, deve-se fixá-la sobre o local que
se quer medir ou marcar.
Para evitar erros, deve-se marcar a medida a partir do traço zero da régua.
17
33..11..22 RRéégguuaa ””TT””
Consiste em uma haste reta e plana, tendo numa das extremidades, uma
travessa (Cabeça) perpendicular à haste.
A cabeça da régua “T” é mantida firmemente encostada ao lado esquerdo do
tampo da prancheta (mesa), sendo deslocada com a mão esquerda. O
deslocamento da haste será paralelo à posição primitiva.
A régua é utilizada para traçar linhas horizontais. As linhas são sempre
iniciadas da esquerda para a direita e na parte superior da haste.
Antes de utilizá-las, deve-se limpá-las com um pano.
As réguas devem ser guardadas sobre uma superfície plana ou penduradas
verticalmente para evitar empenos.
3.2 Esquadros
Os esquadros são instrumentos de desenho, de forma triangular que são:
Esquadro de 45°, composto por dois ângulos de 45° e um de 90°;
Esquadro de 60°, composto por ângulos de 30°, 60° e 90°
18
Os esquadros são utilizados como auxiliares no traçado de retas verticais e
inclinadas. Os traçados destas retas seguem as direções das setas indicadas na
ilustração abaixo.
3.3 Compassos
Os compassos são instrumentos utilizados para traçar arcos de
circunferências, circunferências e transportar medidas.
Existem vários tipos de compassos, sendo os mais comuns os apresentados
abaixo:
A ponta da grafita deve estar sempre um pouco mais curta que a outra e deve
ser chanfrada, para maior perfeição dos traçados.
19
Para traçar arcos e circunferências, dá-se ao compasso uma abertura igual ao
raio desejado, com o auxílio da régua graduada, executa-se o traçado a partir de um
ponto dado, apoiando a ponta seca do compasso no mesmo, auxiliado pelo dedo.
Gire-o no sentido horário.
20
44 -- LLiinnhhaass
Neste seguimento tratamos dos tipos e escalonamento de larguras de linhas
em desenhos técnicos e documentos semelhantes.
4.1 Largura das linhas
44..11..11 CCoonnddiiççõõeess ggeerraaiiss
Corresponde ao escalonamento 2 , conforme os formatos de papel para
desenhos técnicos. Isto permite que na redução e ampliação por microfilmagem, ou
outro processo de reprodução, para formato de papel dentro do escalonamento 2 ,
se obtenham novamente as larguras de linhas originais, desde que executada com
canetas técnicas e instrumentos normalizados.
44..11..22 CCoonnddiiççõõeess eessppeecciiaaiiss
A relação entre a largura de linhas largas e estreitas não deve ser inferior a 2.
As larguras das linhas devem ser escolhidas, conforme o tipo, dimensão,
escala e densidade de linhas no desenho, de acordo com o seguinte
escalonamento: 0,13(1); 0,18(1); 0,25; 0,35; 0,50; 0,70; 1,00; 1,40 e 2 mm.
(1) As larguras de traço 0,13 e 0,18mm são utilizadas para originais em que a
sua reprodução se faz em escala natural. Não é recomendado para
reproduções que pelo seu processo necessitem de redução.
Para diferentes vistas de uma peça, desenhada na mesma escala, as larguras
das linhas devem ser conservadas.
4.2 Espaçamentos entre linhas
Os espaçamentos mínimos entre linhas paralelas (inclusive a representação
de hachuras) não devem se menor do que duas vezes a largura da linha mais larga,
entretanto recomenda-se que esta distância não seja menor do que 0,70mm.
21
4.3 Tipos de linhas e as suas aplicações
Linha Denominação Aplicação geral
(ver figura 1a, 1b e outras)
A ______________
Contínua larga
A1 contornos visíveis
A2 arestas visíveis
B __________________
Contínua estreita
B1 linhas de interseção imaginárias
B2 linhas de cotas
B3 linhas auxiliares
B4 linhas de chamadas
B5 hachuras
B6 contornos de seções rebatidas
B7 linhas de centros curtas
C
D
Contínua estreita a mão livre (1)
Contínua estreita em ziguezague (1)
C1 limites de vistas ou cortes parciais ou interrompidas se o limite não coincidir com linhas traço e ponto (ver figura 1c)
D1 esta linha destina-se a desenhos confeccionados por máquinas
(ver figura 1d)
E
----------------------
F----------------------------
Tracejada larga (1)
Tracejada estreita(1)
E1 contornos não visíveis
E2 arestas não visíveis
F1 contornos não visíveis
F2 arestas não visíveis
G
Traço e ponto estreito G1 linhas de centro
G2 linhas de simetria
G3 trajetórias
H
Traço e ponto estreito, larga nas extremidades e na mudança de direção.
H1 planos de corte
J
Traço e ponto largo J1 indicações das linhas ou superfícies com indicação especial
K
Traço dois pontos estreita
K1 contornos de peças adjacentes
K2 posição limite de peças móveis
K3 linhas de centro de gravidade
K4 cantos antes da conformação
(ver figura 1f)
K5 detalhes situados antes do plano de corte (ver figura 1e )
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(1) Se existirem duas alternativas em um mesmo desenho, só deve ser aplicada
uma opção.
Nota: Se forem usadas linhas diferentes, os seus significados devem ser explicadas
no respectivo desenho ou por meio de referência às normas específicas
correspondentes.
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4.4 Ordem de prioridade de linhas coincidentes
Se ocorrer coincidência de duas ou mais linhas de diferentes tipos, devem ser
observados os seguintes aspectos, em ordem de prioridade:
1-arestas e contornos visíveis (Linha contínua larga, tipo de linha A)
2-arestas e contornos não visíveis (linha tracejada, tipo de linha E ou F)
3-superfícies de cortes e seções (traço e ponto estreita, larga nas extremidades e na
mudança de direção, tipo de linha H)
4-linhas de centro (traço e ponto estreita, tipo de linha G)
5-linhas de centro de gravidade (traço e dois pontos, tipos de linha K)
6-linhas de cota e auxiliar (linha contínua estreita, tipo de linha B)
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4.5 Terminação das linhas de chamadas
As linhas de chamadas devem terminar
A) Sem símbolo, se elas conduzem a uma linha de cota (Figura 1)
B) Com um ponto, se termina dentro do objeto representado (Figura 2)
C) Com uma seta, se ela conduz e/ou contorna a aresta do objeto representado
(Figura 3)
Fig. 1 Fig. 2 Fig. 3
25
55 -- TTiippooss ddee eessccrriittaass ee iimmppoorrttâânncciiaa
Uma caligrafia simples, perfeitamente legível e facilmente desenhável,
constitui uma das mais importantes condições dos desenhos técnicos.
5.1 Lápis
O lápis, instrumento básico para o traçado de desenhos, pode ser de seção
redonda ou hexagonal.
Classifica-se em função da dureza de sua grafita.
A dureza da grafita é indicada por números, letras ou ambos.
Os lápis, de seção hexagonal, mais adequada para desenho, são
classificados de acordo com as letras B, F e H, conforme a tabela abaixo.
Os lápis de seção redondo, comumente encontrado no comércio para uso
geral, são classificados pelos números 1, 2 e 3, correspondentes aos hexagonais, de
acordo com a tabela abaixo.
Seções Macios Médios Duros
...3B,2B,B
HB,F
H,2H,3H...
1
2
3
26
Ao fazer ponta no lápis, deve-se ter o cuidado de fazê-la na extremidade
oposta àquela onde se encontra indicada a dureza da grafita. Caso contrário o
reconhecimento do lápis de acordo com sua dureza será bem difícil.
Para o afinamento da grafita é interessante ter uma tira de lixa colado em um
pedaço de madeira.
A utilização do lápis será feita da seguinte maneira:
Quando quisermos traçar linhas largas usaremos o lápis HB ou o nº 2, dando-
se a pressão necessária para obter esse tipo de linha. As linhas estreitas devem ser
traçadas com o lápis H, 2H ou nº 3.
O lápis, durante o traçado, deve ser sempre puxado e nunca empurrado.
Ao traçar uma linha com o auxílio de régua ou esquadro, deve-se manter o
lápis numa posição inclinada em toda a sua extensão.
5.2 Borracha
A borracha para apagar desenhos a lápis deve ser macia e flexível.
Para facilitar o trabalho de apagar, em trechos pequenos, a borracha deve ser
chanfrada numa das extremidades. Este chanfro é obtido raspando-a em uma
superfície áspera.
27
5.3 Tipos de Caligrafia
Em desenho técnico. Usamos uma caligrafia obedecendo às normas e não à
caligrafia comum. Vejamos a diferença.
As letras e algarismos podem ser verticais ou inclinados para a direita, sendo
usados, de preferência, estes últimos. Devem ser semelhantes aos dos tipos
representados abaixo.
28
5.4 Tabela – Proporções e dimensões de símbolos gráficos
Características Relação Dimensões(mm)
Altura das linhas maiúsculas h (10/10)h 2,5 3,5 5 7 10 14 20
Altura das linhas minúsculas c (7/10)h - 2,5 3,5 5 7 10 14
Distância mínima entre caracteres (A) a (2/10)h 0,5 0,7 1 1,4 2 2,8 4
Distância mínima entre linhas de base
b
(14/10)h 3,5 5 7 10 14 20 28
Distância mínima entre palavras e (6/10)h 1,5 2,1 3 4,2 6 8,4 12
Largura da linha d (1/10)h 0,25 0,35 0,5 0,7 1 1,4 2
(A) Para efeito visual, a distância entre dois caracteres pode ser reduzida pela
metade, como por exemplo: LA, TV, ou LT, neste caso a distância correspode à
largura da linha “d”.
Exemplos:
Símbolos:
Números:
Frações:
29
66 -- FFoollhhaa ddee ddeesseennhhoo -- LLeeiiaauuttee ee ddiimmeennssõõeess
Esta norma padroniza as características dimensionais da folhas em branco e
pré-impressas a serem aplicadas em todos os desenhos técnicos.
Esta norma apresenta também o leiaute da folha do desenho técnico com
vistas a:
a) Posição e dimensão da legenda;
b) Margem e quadro;
c) Marcas de centro;
d) Escala métrica de referência;
e) Sistema de referência por malhas;
f) Marcas de corte.
6.1 Normas complementares
Na aplicação desta Norma é necessário consultar:
NBR 8402 - Execução de caracteres para escrita em desenho técnico
NBR 8403 - Aplicação de linhas em desenhos, tipos de linhas, largura de linhas.
6.2 Formato de papel
As folhas de desenho podem ser utilizadas tanto na posição horizontal como
na vertical.
O formato básico do papel, designado por A0 (A zero), e o do retângulo de
lados medindo 841 mm e 1189 mm, tendo a área de 1m2. Do formato básico,
derivam os demais formatos.
30
66..22..11 FFoorrmmaattoo SSéérriiee ““AA””
DESIGNAÇÃO DIMENSÕES
A0 841 X 1189
A1 594 x 841
A2 420 x 594
A3 297 x 420
A3 297 x 420
31
6.3 Formato Especial
Sendo necessário formato fora dos padrões estabelecidos, recomenda-se a
escolha dos formatos de tal que largura ou o comprimento corresponda ao múltiplo
ou submúltiplo do formato padrão.
6.4 Dobramento da folha
Sendo necessário o dobramento de folhas, o formato final deve ser o A4, de
modo a deixar visível o quadro destinado à legenda e facilitar o arquivamento em
pastas.
O dobramento das folhas pode ser efetuado da seguinte maneira:
Formato A3(297 x 420)
Formato A2(594 x 420)
33
77 -- LLeeggeennddaa
A posição da legenda deve estar dentro do quadro para desenho de tal forma
que contenha a identificação do desenho (número de registro, título, origem, etc.);
deve estar situado no canto inferior direito, tanto nas folhas posicionadas
horizontalmente como na vertical.
A direção da leitura da legenda deve corresponder à do desenho. Por
conveniência, o número de registro do desenho pode estar repetido em lugar de
destaque, conforme a necessidade do usuário. A legenda deve ter 178 mm de
comprimento nos formatos A4, A3 e A2 e 175 mm nos formatos A1 e A0.
7.1 Margem e quadro
Margens são limitadas pelo contorno externo da folha e o quadro. O quadro
limita o espaço para o desenho.
A margem esquerda e direita, bem como as larguras das linhas, deve ter as
dimensões constantes na tabela abaixo em mm.
34
Formato Margem Largura da linha do quadro,
conforme NBR 8403 Esquerda Direita Superior Inferior
A0 25 10 10 10 1,4
A1 25 10 10 10 1,0
A2 25 7 7 7 0,7
A3 25 7 7 7 0,5
A4 25 7 7 7 0,5
Obs. A margem esquerda serve para ser perfurada e utilizada no arquivamento.
7.2 Marcas de centro
Nas folhas de formatos de série “A” devem ser executadas quatro marcas de
centros. Estas marcas devem ser localizadas no final das linhas de simetria
(horizontal e vertical) da folha.
35
7.3 Escalas métricas de referência
As folhas de desenho podem ter impressa uma escala métrica de referência
sem os números, com comprimento de 100mm no mínimo e em intervalos de 10mm
A escala métrica de referência deve estar embaixo, disposta simetricamente
em relação à marca de centro, na margem e junto ao quadro, com largura de 5 mm
no máximo. Deve ser executada com traço de 0,5mm de largura no mínimo e deve
ser repetida em cada seção do desenho.
7.4 Sistema de referência por malhas
Permite a fácil localização de detalhes nos desenhos, edições, modificações,
etc.
Devem ser executadas com traço de 0,5mm de largura no mínimo,
começando do contorno interno da folha recortada e estendendo-se
aproximadamente 0,5mm além do quadro. A tolerância de posição, de 0.5mm, deve
ser observada para as marcas.
36
O número de divisões deve ser determinado pela complexidade do desenho e
deve ser par.
O comprimento de qualquer lado do retângulo da malha deve ter mais de 25
mm e no máximo 75 mm e deve ser executado com traços continuos de 0,5 mm de
largura no mínimo.
Os retângulos das malhas devem ser designados por letras maiúsculas ao
longo de uma margem e por numerais ao longo de outra margem.
Os numerais devem iniciar no canto da folha oposto à legenda no sentido da
esquerda para direita e devem ser repetidos no lado correspondente.
As letras e os numerais devem estar localizados nas margens, centralizados
no espaço disponível e as letras escritas em maiúsculas de acordo com a NBR
8402.
Se o número das divisões excederem o número de letras do alfabeto, as
letras de referência devem ser repetidas (exemplo: AA, BB, etc.).
7.5 Marcas de corte
Estas marcas de corte servem para guiar o corte da folha de cópias e são
executados em forma de um triângulo retângulo isósceles com 10 mm de lado, ou
com dois pequenos traços de 2 mm de largura em cada canto.
37
88 -- PPrroojjeeççõõeess
Em desenho, chama-se projeção de um objeto a sua representação gráfica
num plano, onde se procura reproduzir a sua forma exata, com todas as suas
dimensões.
Tendo o objeto três dimensões e o plano de representação somente duas, é
necessário um artifício técnico que possibilite tal operação.
Elementos fundamentais de uma projeção:
A posição do observador, denominada centro da projeção;
O objeto a ser representado;
O plano no qual será efetuada a projeção, denominado plano de
projeção.
Considerando um plano de projeção () e a posição do observador (O) fora
dele, a uma distância finita, chama-se de projeção do ponto (A) no plano () a
interseção da reta (AO) com o plano (ponto a).
38
8.1 Projeção cônica ou central
Essa modalidade de projeção, na qual o observador se encontra a uma
distância finita do plano, é chamada projeção cônica ou central. Nesta projeção a
imagem sempre sofre deformações em relação ao objeto real, podendo ora ser
projetada ampliada, ora reduzida.
Supondo que o observador passe a ocupar uma posição no infinito, a reta
(XY), denominada direção das projetantes, mostrará a posição do observador em
relação ao plano. A projeção do ponto (A) será a interseção com o plano (em a) da
paralela traçada por (A) à direção (X) (Y).
Este tipo de projeção, na qual o observador encontra-se a uma distância
infinita do plano, é denominada projeção cilíndrica ou paralela.
39
99 -- PPrroojjeeççõõeess oorrttooggoonnaaiiss
Nas projeções ortogonais, as projetantes interceptam o plano de projeção a
90O.
O processo industrial usa em larga escala a projeção cilíndrica ortogonal, cuja
característica principal é que as superfícies dos objetos, paralelas ao plano de
projeção, projetam-se com a mesma forma e as mesmas dimensões. Nestas
condições, diz-se que o objeto projetado apresenta-se em verdadeira grandeza
(VG).
Utilizando o sistema cilíndrico ortogonal, criou-se a geometria descritiva, que,
acompanhando o desenvolvimento industrial, serviu de base ao desenho técnico.
O espaço foi dividido em quatro partes, chamadas diedros, utilizando dois
planos perpendiculares.
Cada diedro possui dois planos de projeção: um vertical e outro horizontal.
Um objeto colocado em qualquer diedro terá a sua projeção vertical e
horizontal.
Como o objetivo é visualizar o objeto num único plano, é feita a chamada
épura, ou seja, a planificação do diedro. Para isto, usamos um recurso que consiste
no rebatimento dos planos de projeção horizontal e lateral. Veja como isso é feito no
1O e 3O diedro:
1. O plano vertical, onde se projeta o que se convencionou chamar vista
frontal, deve ser imaginado sempre numa posição fixa.
2. Para rebater o plano horizontal, imaginamos que ele sofra uma rotação
de 90O para baixo, em torno do eixo de interseção com o plano vertical, O eixo de
interseção é a aresta comum aos dois semiplanos.
3. Para rebater o plano de projeção lateral, imaginamos que ele sofra uma
rotação de 90O, para a direita, em torno do eixo de interseção com o plano vertical.
40
9.1 Primeiro diedro
9.2 Terceiro diedro
O encontro do plano vertical com o horizontal chama-se Linha de Terra. Ela
será a referência para a tomada de medidas verticais e horizontais na épura.
No plano vertical, as alturas serão denominadas cotas; e no horizontal, as
distâncias chamar-se-ão afastamentos.
A Norma Brasileira (NBR) admite a representação em dois diedros.
As principais características nas projeções efetuadas nestes dois diedros são:
1. A disposição dos elementos fundamentais no 1O diedro é: observador (no
infinito), objeto e plano de projeção. Já no 3O diedro é: observador (no infinito), plano
de projeção e objeto.
2. A representação gráfica do 1O diedro mostra a projeção vertical acima da linha
de terra e a horizontal abaixo. Já no 3O diedro, ocorrerá o inverso.
41
1100 -- VViissttaass pprriinncciippaaiiss
O desenho técnico utiliza o chamado sólido envolvente, que é um paralelepípedo
composto pelos dois planos pertencentes aos diedros (PL e PH) e mais outros
quatro, com o propósito de possibilitar seis projeções para uma exata visualização
de alguns objetos. O objeto será colocado no interior do sólido envolvente para se
obter as projeções.
As projeções nestes planos são chamadas de vistas ortográficas e estão
representadas na figura abaixo:
Conforme o plano em que estão representadas, as vistas são denominadas
como:
a) Plano vertical - vista de frente ou elevação;
b) Plano horizontal - vista de cima ou planta;
c) Plano lateral - vista lateral ou perfil.
42
Para obter as vistas ortográficas de um objeto, é conveniente fazer uma análise
criteriosa do mesmo, a fim de definir a melhor posição para a vista de frente, que
deve ser:
a) aquela que mostre a forma mais característica do objeto;
b) aquela que indique a posição de trabalho do objeto, ou seja, como ele é
encontrado, isoladamente ou num conjunto;
c) em último caso, escolhe-se a posição que mostre a maior dimensão do
objeto e possibilite o menor número de linhas invisíveis nas outras vistas.
Na obtenção das vistas, os contornos e arestas visíveis são desenhados com
linha larga contínua. As arestas e contornos que não podem ser vistos da posição
ocupada pelo observador são representados por linhas largas tracejadas (linhas
invisíveis). Os eixos de simetria e centros são desenhados com linha estreita com
traços e pontos.
Convém lembrar que no 1O diedro a seqüência de projeção é observador, objeto
e plano, e no 3O é observador, plano e objeto.
A principal finalidade de um desenho é fornecer informações suficientes ao
profissional que vai utilizá-lo, para que possa construir, controlar ou montar uma
peça ou mecanismo, de acordo com as especificações. A seleção e a distribuição
das vistas dependem da complexidade do objeto. Os objetos são desenhados,
comumente, em três vistas, e, além destas três, outras poderão ser representadas
quando tal se fizer necessário para uma perfeita interpretação do desenho.
Chamamos de vistas essenciais àquelas indispensáveis na representação
dos objetos.
Exemplo
43
10.1 Vistas auxiliares
A verdadeira forma de uma superfície só é mostrada em vistas principais se esta
superfície for paralela a um dos planos de projeção (verdadeira grandeza).
Em muitos casos, entretanto, o objeto terá uma ou mais faces inclinadas, cujas
formas verdadeiras, para a fabricação, são desejáveis ou necessários representar.
Quando isto ocorre, lançamos mão das chamadas vistas auxiliares, que são
projeções em verdadeira grandeza, obtidas por meio de planos auxiliares de
projeção. Se a superfície inclinada se projeta numa das vistas principais, segundo
uma linha, isto significa que ela é perpendicular ao plano da vista.
Utiliza-se no caso, um plano auxiliar paralelo à referida linha e, em seguida,
rebatemos o mesmo sobre o plano da vista.
Exemplo
A superfície retangular do objeto não se projeta em verdadeira grandeza nas
vistas principais, por estar inclinada em relação aos planos de projeção. Como a
superfície se projeta na vista de frente, segundo uma linha, o plano auxiliar ficará
paralelo a esta linha e, em seguida, será rebatido no plano da vista de frente.
44
10.2 Vista auxiliar primária
A verdadeira grandeza obtida com uma única operação recebe o nome de
vista auxiliar primária, com indicação da vista principal que lhe serve de referência.
No desenho da vista auxiliar pode-se representar apenas o detalhe que a
motivou, omitindo o restante do objeto ou mostrando somente as linhas adjacentes à
mesma, indicando a interrupção por uma linha sinuosa de ruptura.
Exemplo
Obtenção da vista auxiliar primária da vista de frente.
45
10.3 Vista auxiliar secundária
Quando a face inclinada do objeto é oblíqua em relação aos três planos
principais de projeção, são necessárias duas operações gráficas para obter a sua
verdadeira grandeza:
1. Efetua-se a mudança de posição de um dos planos principais de projeção a fim de
tornar a superfície inclinada perpendicular a ele, ou seja, projetar-se segundo
uma linha. Para isso, usam-se as retas frontais ou horizontais existentes na
superfície inclinada.
No exemplo da figura abaixo, utilizamos, para esta operação, a reta (A) (B),
cuja projeção vertical é paralela à linha de terra.
Muda-se o plano vertical (') para que fique perpendicular à projeção
horizontal, em verdadeira grandeza, AB.
Agora, as projeções verticais e horizontais são tomadas nos planos (") e ()
respectivamente.
Como a reta usada foi horizontal, as cotas da superfície em (') são as
mesmas de (’) e os afastamentos passam a ser diferentes dos anteriores em ().
46
2. Esta segunda operação é a mesma utilizada nas vistas auxiliares primárias,
ou seja, passa-se um plano auxiliar paralelo à superfície projetada, segundo uma
linha, e, em seguida, rebate-se o referido plano em (alfa').
Nos casos em que a superfície oblíqua não possua retas horizontais ou
frontais, usa-se uma reta auxiliar (frontal ou horizontal), pertencente à superfície,
bastando para isso saber:
que a reta horizontal tem a sua projeção vertical paralela à linha de terra;
que a reta frontal tem a sua projeção horizontal paralela à linha de terra.
47
Exemplo de obtenção da vista auxiliar secundária de uma superfície oblíqua,
mostrada em planta e elevação.
Seqüência
a) Interpretação das projeções vertical e horizontal.
b) Identificação da superfície inclinada (1,2,3,4 e 5).
e) Traçado de uma linha de terra para se obter cotas e afastamentos.
d) Escolha da reta horizontal 12 para a primeira mudança de plano.
e) Lançamento no novo plano vertical (alfa") das mesmas cotas do anterior.
f) Como a superfície se projeta em linha no novo plano vertical, traça-se um
plano (beta) paralelo a esta linha.
g) Tem-se a verdadeira grandeza (VG) da superfície marcando os mesmos
afastamentos anteriores.
48
1111 -- CCoottaaggeemm
Para a execução de uma peça, é necessário fornecer no desenho, junto com
a forma, as dimensões do objeto a ser fabricado. Estes dados, imprescindíveis à
execução, servirão também para a verificação da obra, por meio do chamado
controle de qualidade.
As dimensões mostradas no desenho técnico recebem o nome de cotas e a
técnica de lançá-las é chamada de cotagem ou dimensionamento.
A cotagem dos desenhos tem por objetivos principais determinar o
tamanho e localizar exatamente os detalhes da peça.
Para a cotagem de um desenho, são necessários três elementos:
linhas de cota;
linhas de extensão;
valor numérico da cota.
Como vemos na figura anterior, as linhas de cota são de espessura estreita e
traço contínuo. Elas podem ser colocadas dentro ou fora dos desenhos, com
máxima clareza, de modo a admitir uma única interpretação.
49
As linhas de extensão, de espessura estreita e traço contínuo, ficam
ligeiramente afastadas do desenho, e tem a função de mostrar o que está sendo
medido. O valor numérico da cota é colocado por cima ou numa interrupção da linha
de cota, prática comum nos desenhos mecânicos. O valor da dimensão é
normalmente em milímetros ou em outras unidades indicadas na legenda do
desenho.
Linhas auxiliares devem ser perpendiculares ao elemento dimensionado;
entretanto, se necessário, podem ser desenhadas obliquamente a este
(aproximadamente 60O), porém paralelas entre si.
A construção de interseção de linhas auxiliares deve ser feita com o
prolongamento destas além do ponto de interseção.
Linhas auxiliares e cota, sempre que possível, não devem cruzar com outras
linhas.
50
A linha de cota não deve ser interrompida, mesmo que o elemento o seja.
O cruzamento das linhas de cotas e auxiliares deve ser evitado, porém, se
isso ocorrer, as linhas não devem ser interrompida no ponto de cruzamento.
A linha de centro e a linha de contorno não devem ser usadas como linha de
cota, porém podem ser usadas como linha auxiliar. A linha de centro, quando
utilizada como linha auxiliar, deve continuar como linha de centro até a linha de
contorno do objeto.
A norma estabelece que as linhas de cotas devam ser paralelas à superfície
medida, e que as notações das cotas devem sempre situar-se de modo que sua
leitura seja feita na posição normal de leitura (horizontal); ou, caso inclinado à
esquerda, de baixo para cima e no centro ou acima da linha de referência.
51
As linhas de centro da circunferência podem ser usadas como linhas de
extensão; porém, nunca como linhas de cotas.
As circunferências são cotadas pelos diâmetros, de cinco maneiras
diferentes.
Os arcos de circunferência são cotados pelo raio. A linha de cota parte do
centro e leva a seta somente numa extremidade. Os centros dos arcos serão sempre
indicados, ou por linhas de centro, ou por pontos isolados.
52
As cotas em chanfro são lançadas de três maneiras diferentes.
11.1 Cotas em chanfros
11.2 Cotas em ângulos.
O raio, cujo centro encontra-se fora dos limites do desenho, é indicado por
meio de linha de cota quebrada.
As curvas irregulares podem ser cotadas por meio de coordenadas.
53
Na cotagem em perspectiva paralela, as linhas de extensão e de cota devem
estar paralelas aos eixos perspectivos.
O sinal indicativo de diâmetro (ø) é usado na vista, onde a seção não poderia
ser imediatamente identificada.
Os símbolos seguintes são usados com cotas para mostrar a identificação
das formas e melhorar a interpretação do desenho. Os símbolos de diâmetro e de
quadrado podem ser omitidos quando a forma for claramente indicada. Os símbolos
devem preceder a cota.
54
1122 -- DDiissppoossiiççããoo ee aapprreesseennttaaççããoo ddaa ccoottaaggeemm
12.1 Disposição
A disposição da cota no desenho deve indicar claramente a finalidade do uso.
Geralmente é resultado da combinação de várias finalidades.
1122..11..11 CCoottaaggeemm eemm ccaaddeeiiaa
1122..11..22 CCoottaaggeemm ppoorr eelleemmeennttoo ddee rreeffeerrêênncciiaa
Este método de cotagem é usado onde o número de cotas de mesma direção
se relaciona a um elemento de referência.
Cotagem por elemento de referência pode ser executada como cotagem em
paralelo ou cotagem aditiva.
Cotagem em paralelo é localização de várias cotas simples paralelas umas às
outras e espaçadas suficientemente para escrever a cota.
55
1122..11..33 CCoottaaggeemm aaddiittiivvaa
É uma simplificação da cotagem em paralelo e pode ser utilizada onde há
limitação de espaço e não haja problema de interpretação.
A origem é localizada num elemento de referência e as cotas são localizadas
na extremidade da linha auxiliar.
Cotagem aditiva em duas direções pode ser utilizada quando for vantajoso.
Neste caso, a origem deve ser como mostra a figura abaixo.
Quando os elementos estiverem próximos, quebramos as linhas auxiliares
para permitir a inscrição da cota no lugar apropriado, como mostra a figura abaixo.
1122..11..44 CCoottaaggeemm ppoorr ccoooorrddeennaaddaass
Pode ser mais prático reduzir-se a tabela.
56
Coordenadas para pontos de interseção em malhas nos desenhos de
localização são indicadas como mostrado abaixo.
X = 0
Y = 100
Coordenadas para pontos arbitrários sem a malha, devem aparecer
adjacentes a cada ponto ou em tabelas.
1122..11..55 CCoottaaggeemm ccoommbbiinnaaddaa
Cotagem simples, cotagem aditiva e cotagem por elemento comum
podem ser combinadas no desenho.
57
1133 -- IInnddiiccaaççõõeess EEssppeecciiaaiiss
13.1 Cordas, arcos, ângulos e raios
As cotas de cordas, arcos e ângulos devem ser como mostra a figura abaixo.
Quando o centro do arco cair fora dos limites do espaço disponível, a linha de
cota do raio deve ser quebrada ou interrompida, conforme a necessidade de
localizar ou não o centro do arco.
Quando o tamanho do raio for definido por outras cotas, ele deve ser indicado
pela linha de cota do raio com o símbolo R sem cota como no desenho do rasgo de
chaveta.
13.2 Elementos eqüidistantes
Onde os elementos eqüidistantes ou elementos uniformemente distribuídos
são parte da especificação do desenho a cotagem pode ser simplificada.
58
13.3 EspaçamentoLinear
Espaçamento linear pode ser cotado como mostra a figura a seguir. Se
houver alguma possibilidade de confusão, entre o comprimento do espaço e o
número de espaçamentos, um esboço deve ser cotado como mostra a próxima
figura.
13.4 Espaçamento Angular
Espaçamentos angulares de furos e outros elementos podem ser cotados
como mostra a figura a seguir. Espaçamentos dos ângulos podem ser omitidos se
não causarem dúvidas ou confusão.
13.5 Espaçamento Circular
Espaçamentos circulares podem ser colocados indiretamente, dando o
número de elementos, como mostra a figura abaixo.
59
13.6 Elementos repetidos
Se for possível definir a quantidade de elementos de mesmo tamanho e assim evitar repetir a mesma cota, eles podem ser cotados como mostram as figuras.
13.7 Chanfros e escareados
Chanfros devem ser cotados como mostra a primeira figura. Nos chanfros de
45O a cotagem pode se simplificada, como ilustram as demais figuras.
Escareados são cotados assim
60
13.8 Outras indicações
Para evitar a repetição da mesma cota ou evitar chamadas longas, podem ser
utilizadas letras de referência em conjunto com uma legenda ou nota
Em objetos simétricos representados em meio-corte ou meia vista, alinha de
cota deve cruzar e se estender ligeiramente além do eixo de simetria.
Normalmente não se cota em conjunto, porém, quando forem cotados, os
grupos de cotas específicos para cada objeto devem permanecer, tanto quanto
possível, separados.
61
Algumas vezes, é necessário cotar uma área ou comprimento limitado de uma
superfície para indicar uma situação especial.
Neste caso, a área ou o comprimento e sua localização são indicados por
meio de linha traço e ponto larga, desenhada adjacente e paralela à face
correspondente.
As diagonais cruzadas são usadas para a representação de superfícies
planas de peças cilíndricas. São também usadas para indicar trechos retangulares
vazios em superfícies planas.
62
Num flange circular, a especificação de furos, com o mesmo diâmetro e
igualmente espaçados, é feita por uma cota referida a um deles.
Nos furos irregularmente espaçados, mas sob uma mesma circunferência que
passa pelos seus centros, a cotagem de localização é feita a partir de uma linha de
centro.
Para cotar em espaços reduzidos, são empregados os recursos abaixo.
63
Quando esta exigência especial se referir a um elemento de revolução, a
indicação deve ser mostrada somente num lado.
Quando a localização e extensão da exigência especial necessitar de
identificação, deve-se cotar apropriadamente, porém, quando o desenho mostrar
claramente a sua extensão, a cotagem não é necessária.
Para os efeitos da norma de cotagem de desenho técnico são adotadas as
definições de cotagem e aplicação:
13.9 Tipos de Cotagem
A cotagem pode ser:
1133..99..11 FFuunncciioonnaall
Essencial para a função do objeto ou local (ver F no desenho abaixo)
1133..99..22 NNããoo ffuunncciioonnaall
Não essencial para o funcionamento do objeto (ver NF no desenho a seguir).
64
1133..99..33 AAuuxxiilliiaarr
Dada somente para informação. A cotagem auxiliar não influi nas operações
de produto ou de inspeção; é derivada de outros valores apresentados no desenho
ou documentos e nela não se aplica tolerância (ver AUX na figura anterior).
1133..99..44 EElleemmeennttoo
Uma das partes características de um objeto, tal como uma superfície plana,
uma superfície cilíndrica, um ressalto, um filete de rosca, uma ranhura, um
contorno, etc.
1133..99..55 PPrroodduuttoo aaccaabbaaddoo
Objeto completamente pronto para a montagem ou serviço, sendo uma
configuração executada conforme desenho. Um produto acabado pode também ser
uma etapa pronta para posterior processamento (por exemplo: um produto fundido
ou forjado).
1133..99..66 QQuuaannddoo aa aapplliiccaaççããoo::
A aplicação das cotas deve ser conforme especificado a seguir:
Toda cotagem necessária para descrever uma peça ou componente,
clara e completamente, deve ser representada diretamente no
desenho.
A cotagem deve ser localizada na vista ou recorte que represente mais
claramente o elemento.
Desenho de detalhes deve usar a mesma unidade (por exemplo,
milímetro) para todas as cotas sem o emprego do símbolo. Se for
necessário, para evitar mau entendimento, o símbolo da unidade
predominante para um determinado desenho deve ser incluído na
legenda. Onde outras unidades devem ser empregadas como parte na
especificação do desenho (por exemplo, N.m. para torque ou kPa para
pressão), o símbolo da unidade apropriada deve ser indicado com
valor.
Cotar somente o necessário para descrever o objeto ou produto
acabado. Nenhum elemento do objeto ou produto acabado deve ser
definido por mais de uma cota. Exceções podem ser feitas:
65
a) Onde for necessária a cotagem de um estágio intermediário da
produção (por exemplo: tamanho do elemento antes da
cementação e acabamento);
b) Onde a adição de uma cota auxiliar for vantajosa.
Não especificar os processos de fabricação ou método de inspeção,
exceto quando forem indispensáveis para assegurar o bom
funcionamento ou intercambiabilidade.
A cotagem funcional deve ser escrita diretamente no desenho
Ocasionalmente, a cotagem funcional escrita indiretamente é justificada ou
necessária. A figura 3 mostra o efeito da cotagem funcional escrita indiretamente,
aceitável, mantendo os requisitos dimensionais estabelecidos na figura abaixo.
A cotagem não funcional deve ser localizada de forma mais
conveniente para a produção e inspeção.
66
1144 –– CCoorrttee
Qualquer pessoa que já tenha visto um registro de gaveta, como o que é
mostrado a seguir, sabe que se trata de uma peça complexa, com muitos elementos
internos.
Se fôssemos representar o registro de gaveta em vista frontal, com os
recursos que conhecemos até agora (linha contínua larga para arestas e contornos
visíveis e linha tracejada estreita para arestas e contornos não visíveis), a
interpretação ficaria bastante prejudicada, como mostra o desenho a seguir.
67
Analise novamente as duas figuras anteriores. Pela foto, você forma uma
idéia do aspecto exterior do objeto. Já a vista frontal mostra também o interior do
objeto, por meio da linha tracejada estreita. Porém, com tantas linhas tracejadas se
cruzando, fica difícil interpretar esta vista ortográfica.
Para representar um conjunto complexo como esse, com muitos elementos
internos, o desenhista utiliza recursos que permitem mostrar seu interior com
clareza.
Agora conheceremos o recurso utilizado em desenho técnico para mostrar
elementos internos de modelos complexos com maior clareza: trata-se da
representação em corte. As representações em corte são normalizadas pela ABNT,
por meio da norma NBR 10.067 /1987.
14.1 Corte
Cortar quer dizer dividir, secionar, separar partes de um todo. Corte é um
recurso utilizado em diversas áreas do ensino, para facilitar o estudo do interior dos
objetos. Sem tais cortes, não seria possível analisar os detalhes internos dos
objetos.
Em Mecânica, utilizamos modelos representados em corte para facilitar o
estudo de sua estrutura interna e de seu funcionamento.
Mas, nem sempre é possível aplicar cortes reais nos objetos, para seu
estudo.
Em certos casos, você deve apenas imaginar que os cortes foram feitos. É o
que acontece em desenho técnico mecânico. Compare as representações a seguir.
68
Mesmo sem saber interpretar a vista frontal em corte, você deve concordar
que a forma de representação da direita é mais simples e clara do que a outra. Fica
mais fácil analisar o desenho em corte porque nesta forma de representação
usamos a linha para arestas e contornos visíveis em vez da linha para arestas e
contornos não visíveis.
Na indústria, a representação em corte só é utilizada quando a complexidade
dos detalhes internos da peça torna difícil sua compreensão por meio da
representação normal, como você viu no caso do registro de gaveta.
Mas, para que você entenda bem o assunto, utilizaremos modelos mais
simples que, na verdade, nem precisariam ser representados em corte.
Quando dominar a interpretação de cortes em modelos simples, você estará
preparado para entender representação em corte em qualquer tipo de modelo ou
peça.
Existem vários tipos de corte. Iremos agora estudar cada um deles.
69
14.2 Corte total
Corte total é aquele que atinge a peça em toda a sua extensão.
Lembre-se que em desenho técnico mecânico os cortes são apenas
imaginários.
Os cortes são imaginados e representados sempre que for necessário
mostrar elementos internos da peça ou elementos que não estejam visíveis na
posição em que se encontra o observador.
Você deve considerar o corte realizado por um plano de corte, também
imaginário.
No caso de corte total, o plano de corte atravessa completamente a peça,
atingindo suas partes maciças, como mostra a figura a seguir.
14.3 Corte nas vistas do desenho técnico
Os cortes podem ser representados em qualquer das vistas do desenho
técnico mecânico. A escolha da vista onde o corte é representado depende dos
elementos que se quer destacar e da posição de onde o observador imagina o corte.
70
1144..33..11 CCoorrttee nnaa vviissttaa ffrroonnttaall
Considere o modelo abaixo, visto de frente por um observador.
Nesta posição, o observador não vê os furos redondos nem o furo quadrado
da base. Para que estes elementos sejam visíveis, é necessário imaginar o corte.
Imagine o modelo secionado, isto é, atravessado por um plano de corte, como
mostra a ilustração.
O plano de corte paralelo ao plano de projeção vertical é chamado plano
longitudinal vertical. Este plano de corte divide o modelo ao meio, em toda sua
extensão, atingindo todos os elementos da peça.
Veja as partes em que ficou dividido o modelo atingido pelo plano de corte
longitudinal vertical.
71
Imagine que a parte anterior do modelo foi removida. Assim, você poderá
analisar com maior facilidade os elementos atingidos pelo corte. Acompanhe a
projeção do modelo secionado no plano de projeção vertical.
Na projeção do modelo cortado, no plano vertical, os elementos atingidos pelo
corte são representados pela linha para arestas e contornos visíveis.
A vista frontal do modelo analisado, com corte, deve ser representada como segue.
As partes maciças do modelo, atingidas pelo plano de corte, são
representadas hachuradas.
Neste exemplo, as hachuras são formadas por linhas estreitas inclinadas e paralelas
entre si.
As hachuras são formas convencionais de representar as partes maciças
atingidas pelo corte. A ABNT estabelece o tipo de hachura para cada material.
Mais adiante, você conhecerá a norma técnica que trata deste assunto.
O tipo de hachura usado no desenho anterior indica que o material
empregado na confecção deste modelo é metal.
Os furos não recebem hachuras, pois são partes ocas que não foram
atingidas pelo plano de corte. Os centros dos furos são determinados pelas linhas de
centro, que também devem ser representadas nas vistas em corte.
72
Indicação do plano de corte
Observe novamente o modelo secionado e, ao lado, suas vistas ortográficas.
A vista superior e a vista lateral esquerda não devem ser representadas em
corte porque o observador não as imaginou atingidas pelo plano de corte. A vista
frontal está representada em corte porque o observador imaginou o corte vendo o
modelo de frente.
Sob a vista representada em corte, no caso a vista frontal, é indicado o nome
do corte: Corte AA.
Observe, na figura anterior, que a vista superior é atravessada por uma linha
traço e ponto estreita, com dois traços largos nas extremidades. Esta linha indica o
local por onde se imaginou passar o plano de corte.
As setas sob os traços largos indicam a direção em que o observador
imaginou o corte.
As letras do alfabeto, próximas às setas, dão o nome ao corte. A ABNT
determina o uso de duas letras maiúsculas repetidas para designar o corte: AA, BB,
CC etc.
Quando o corte é representado na vista frontal, a indicação do corte pode ser
feita na vista superior, como no exemplo anterior, ou na vista lateral esquerda, como
mostra a ilustração a seguir.
73
Segundo a ABNT, sempre que a representação do corte for clara, não há
necessidade de indicar o plano de corte em outra vista.
1144..33..22 CCoorrttee nnaa vviissttaa ssuuppeerriioorr
Como o corte pode ser imaginado em qualquer das vistas do desenho
técnico, agora você vai aprender a interpretar cortes aplicados na vista superior.
Imagine o mesmo modelo anterior visto de cima por um observador.
74
Para que os furos redondos fiquem visíveis, o observador deverá imaginar um
corte. Veja, a seguir, o modelo secionado por um plano de corte horizontal.
Este plano de corte, que é paralelo ao plano de projeção horizontal, é
chamado plano longitudinal horizontal. Ele divide a peça em duas partes. Com o
corte, os furos redondos, que antes estavam ocultos, ficaram visíveis.
Imagine que o modelo foi removido. Veja como fica a projeção do modelo no
plano horizontal.
Observe novamente o modelo secionado e, ao lado, suas vistas ortográficas.
75
O corte aparece representado na vista superior. As partes maciças atingidas
pelo corte foram hachuradas.
A vista frontal e a vista lateral esquerda estão representadas sem corte,
porque o corte imaginado atingiu apenas a vista superior.
O nome do corte: Corte AA aparece sob a vista superior, que é a vista
representada em corte.
A indicação do plano de corte, na vista frontal, coincide com a linha de centro
dos furos redondos.
As setas, ao lado das letras que dão nome ao corte, indicam a direção em
que o corte foi imaginado.
Quando o corte é imaginado na vista superior, a indicação do local por onde
passa o plano de corte pode ser representada na vista frontal ou na vista lateral
esquerda.
1144..33..33 CCoorrttee nnaa vviissttaa llaatteerraall eessqquueerrddaa
Observe mais uma vez o modelo com dois furos redondos e um furo
quadrado na base. Imagine um observador vendo o modelo de lado e um plano de
corte vertical atingindo o modelo, conforme a figura a seguir.
Observe na figura seguinte, que a parte anterior ao plano de corte foi retirada,
deixando visível o furo quadrado.
76
Finalmente, veja na próxima ilustração, como ficam as projeções ortográficas
deste modelo em corte.
O plano de corte, que é paralelo ao plano de projeção lateral, recebe o nome
de plano transversal.
Na vista lateral, o furo quadrado, atingido pelo corte, aparece representado
pela linha para arestas e contornos visíveis. As partes maciças, atingidas pelo corte,
são representadas hachuradas.
O furo redondo, visível pelo observador, também é representado pela linha
para arestas e contornos visíveis.
Nas vistas ortográficas deste modelo em corte transversal, a vista frontal e a
vista superior são representadas sem corte.
Quando o corte é representado na vista lateral, a indicação do plano de corte
tanto pode aparecer na vista frontal como na vista superior.
77
14.4 Mais de um corte nas vistas ortográficas
Dependendo da complexidade do modelo ou peça, um único corte pode não
ser suficiente para mostrar todos os elementos internos que queremos analisar.
Observe, por exemplo, o modelo a seguir.
Imagine este modelo visto de frente, secionado por um plano de corte
longitudinal vertical que passa pelo centro da peça.
Imagine que a parte anterior do modelo, separada pelo plano de corte, foi
removida e analise a vista frontal correspondente, em corte.
Observe que esta vista mostra apenas parte dos elementos internos da peça:
os dois rasgos passantes.
78
O que fazer para mostrar os outros dois elementos: o furo quadrado e o furo
cilíndrico com rebaixo, de modo a tornar mais clara a representação do modelo?
A solução é representar mais de uma vista em corte.
1144..44..11 DDooiiss ccoorrtteess nnoo mmeessmmoo mmooddeelloo
Volte a analisar o modelo que estamos estudando, representado em
perspectiva. Agora, imagine o mesmo modelo, visto de lado, secionado por um plano
de corte transversal.
Neste caso, a vista atingida pelo corte é a lateral esquerda. Veja a
representação da vista lateral esquerda em corte.
Nesta vista, é possível ver claramente o furo cilíndrico com rebaixo e o furo
quadrado, que não apareciam na vista frontal em corte. Veja, a seguir, como ficam
as vistas ortográficas desse modelo, com os dois cortes representados ao mesmo
tempo.
79
Cada corte é identificado por um nome. O corte representado na vista frontal
recebeu o nome de Corte AA. O corte representado na lateral esquerda recebeu o
nome de Corte BB. Os dois cortes: AA e BB foram indicados na vista superior,
mostrando os locais por onde se imaginou passarem os dois planos de corte.
1144..44..22 CCoorrttee ccoommppoossttoo
Certos tipos de peças, como as representadas abaixo, por apresentarem seus
elementos internos fora de alinhamento, precisam de outra maneira de se imaginar o
corte.
O tipo de corte usado para mostrar elementos internos fora de alinhamento é
o corte composto, também conhecido como corte em desvio.
1144..44..33 CCoorrttee ccoommppoossttoo ppoorr ppllaannooss ppaarraalleellooss
Imagine o primeiro modelo (Fig. A) sendo secionado por um plano de corte
longitudinal vertical que atravessa o furo retangular e veja como fica sua
representação ortográfica:
80
Você deve ter observado que o modelo foi secionado por um plano que
deixou visível o furo retangular. Os furos redondos, entretanto, não podem ser
observados.
Para poder analisar os furos redondos, você terá de imaginar um outro plano
de corte, paralelo ao anterior. Veja, a seguir, o modelo secionado pelo plano
longitudinal vertical que atravessa os furos redondos e, ao lado, sua representação
ortográfica.
Em desenho técnico existe um modo de representar estes cortes reunidos: é
o corte composto, ou em desvio.
O corte composto torna possível analisar todos os elementos internos do
modelo ou peça, ao mesmo tempo. Isso ocorre porque o corte composto permite
representar, numa mesma vista, elementos situados em diferentes planos de corte.
Você deve imaginar o plano de corte desviado de direção, para atingir todos
os elementos da peça.
81
A vista frontal, representada em corte, neste exemplo, mostra todos os
elementos como se eles estivessem no mesmo plano.
Se você observar a vista frontal, isoladamente, não será possível identificar os
locais por onde passaram os planos de corte. Nesse caso, você deve examinar a
vista onde é representada a indicação do plano de corte.
Observe abaixo que o corte é indicado pela linha traço e ponto na vista
superior. Os traços são largos nas extremidades e quando indicam mudanças de
direção dos planos de corte. O nome do corte é indicado por duas letras maiúsculas,
representadas nas extremidades da linha traço e ponto. As setas indicam a direção
em que o observador imaginou o corte.
Observe novamente o modelo da Fig.B, que também apresenta elementos
internos não alinhados. Para analisar os elementos internos desse modelo, você
deverá imaginar um corte composto.
82
1144..44..44 CCoorrttee ccoommppoossttoo ppoorr mmaaiiss ddee ddooiiss ppllaannooss ddee ccoorrttee ppaarraalleellooss
Este tipo de corte se aplica nos modelos ou peças em que o plano de corte
tem de se desviar mais de uma vez para atingir todos os elementos que interessa
mostrar.
Veja novamente o modelo da Fig.C: tem um furo rebaixado, um furo passante
e um rasgo arredondado. Observe que são necessários três planos de corte
paralelos para atingir os elementos desalinhados.
Como o corte foi imaginado de frente, a vista representada em corte é a vista
frontal. A indicação dos planos de corte é representada na vista superior.
Analise a perspectiva em corte e as vistas representadas com aplicação e
indicação de corte composto. Observe que na vista frontal todos os elementos são
visíveis, embora na realidade estejam em diferentes planos, como mostra a vista
superior.
83
1144..44..55 CCoorrttee ccoommppoossttoo ppoorr ppllaannooss ccoonnccoorrrreenntteess
Agora você vai conhecer outra forma de imaginar cortes compostos.
Observe o flange com três furos passantes, representada a seguir.
Se você imaginar o flange atingido por um único plano de corte, apenas um
dos furos ficará visível. Para mostrar outro furo, você terá de imaginar o flange
atingido por dois planos concorrentes, isto é, dois planos que se cruzam (P1 e P2).
Neste exemplo, a vista que deve ser representada em corte é a vista frontal,
porque o observador está imaginando o corte de frente.
Para representar os elementos, na vista frontal, em verdadeira grandeza,
você deve imaginar que um dos planos de corte sofreu um movimento de rotação,
de modo a coincidir com o outro plano.
84
Veja como ficam as vistas ortográficas: vista frontal e vista superior, após a
rotação do elemento e a aplicação do corte.
Na vista frontal, todos os elementos são visíveis e aparentam estar no mesmo
plano. Note que, na vista superior, os elementos são representados sem rotação, na
sua posição real. Nesta vista fica bem visível que este corte é composto por dois
planos concorrentes.
1144..44..66 CCoorrttee ccoommppoossttoo ppoorr ppllaannooss ssuucceessssiivvooss
Veja mais um tipo de corte composto. A próxima ilustração mostra um joelho,
que é uma peça usada para unir canalizações.
85
Para poder analisar os elementos internos desta peça, você deverá imaginar
vários planos de corte seguidos ( P1, P2, P3 ).
O corte foi imaginado observando-se a peça de frente. Por isso, a vista
representada em corte é a vista frontal. Observe as vistas ortográficas: vista frontal e
vista superior. Na vista frontal, as partes maciças atingidas pelo corte são
hachuradas. Na vista superior, os planos de corte sucessivos são representados
pela linha de corte.
A linha traço e ponto, que indica o local por onde passam os planos de corte,
é formada por traços largos nas extremidades e no encontro de dois planos
sucessivos. Você deve ter observado que foram utilizados três planos de corte
sucessivos.
86
São raras as peças em que se pode imaginar a aplicação deste tipo de corte.
Entretanto, é bom que você esteja preparado para interpretar cortes
compostos por mais de dois planos sucessivos quando eles aparecerem no desenho
técnico.
14.5 Meio-corte
Há tipos de peças ou modelos em que é possível imaginar em corte apenas
uma parte, enquanto que a outra parte permanece visível em seu aspecto exterior.
Este tipo de corte é o meio-corte.
O meio-corte é aplicado em apenas metade da extensão da peça. Somente
em peças ou modelos simétricos longitudinal e transversalmente, é que podemos
imaginar o meio-corte.
Nesta aula, você aprenderá a interpretar peças representadas com meio
corte.
1144..55..11 MMooddeellooss ssiimmééttrriiccooss lloonnggiittuuddiinnaall ee ttrraannssvveerrssaallmmeennttee
Observe o modelo a seguir, representado em perspectiva. Em seguida,
imagine este modelo dividido ao meio por um plano horizontal e depois, dividido por
um plano vertical.
Você reparou que, nos dois casos, as partes resultantes da divisão são iguais
entre si? Trata-se, portanto, de um modelo simétrico longitudinal e transversalmente.
Neste modelo é possível imaginar a aplicação de meio-corte.
87
Analise o desenho a seguir e imagine-o cortado longitudinal e
transversalmente.
Você deve ter observado que não é possível imaginar a aplicação de meio
corte, pois este modelo é simétrico apenas longitudinalmente. Portanto, não
apresenta as condições para aplicação de meio-corte.
1144..55..22 RReepprreesseennttaaççããoo ddoo mmeeiioo--ccoorrttee
Acompanhe a aplicação do meio-corte em um modelo simétrico nos dois
sentidos.
Imagine o modelo atingido até a metade por um plano de corte longitudinal
(P1). Depois, imagine o modelo cortado até a metade por um plano de corte
transversal (P2).
88
Imagine que a parte atingida pelo corte foi retirada.
Observando o modelo com meio-corte, você pode analisar os elementos
internos. Além disso, ainda pode observar o aspecto externo, que corresponde à
parte não atingida pelo corte.
O modelo estava sendo visto de frente, quando o corte foi imaginado. Logo, a
vista onde o corte deve ser representado é a vista frontal.
Analise a vista frontal representada em projeção ortográfica com aplicação do
meio-corte.
A linha traço e ponto estreita, que divide a vista frontal ao meio, é a linha de
simetria.
As partes maciças, atingidas pelo corte, são representadas hachuradas.
O centro dos elementos internos, que se tornaram visíveis com o corte, é
indicado pela linha de centro. Neste exemplo, os elementos que ficaram visíveis com
o corte são: o furo passante da direita e metade do furo central.
Metade da vista frontal não foi atingida pelo meio-corte: o furo passante da
esquerda e metade do furo central não são representados no desenho. Isso ocorre
porque o modelo é simétrico. A metade da vista frontal não atingida pelo corte é
exatamente igual à outra metade. Assim, não é necessário repetir a indicação dos
elementos internos na parte não atingida pelo corte. Entretanto, o centro dos
elementos não visíveis deve ser indicado.
Quando o modelo é representado com meio-corte, não é necessário indicar
os planos de corte. As demais vistas são representadas normalmente.
89
Analise mais uma vez a perspectiva do modelo e, ao lado, suas vistas
ortográficas.
1144..55..33 MMeeiioo--ccoorrttee nnaass vviissttaass ddoo ddeesseennhhoo ttééccnniiccoo
O meio-corte pode ser representado em qualquer das vistas do desenho
técnico. A vista representada em corte depende da posição do observador ao
imaginar o corte. Quando o observador imagina o meio-corte vendo a peça de frente,
a vista representada em corte é a frontal.
Sempre que a linha de simetria que atravessa a vista em corte for vertical, a
parte representada em corte deve ficar à direita, conforme recomendação da ABNT.
Quando o observador imagina o meio-corte vendo o modelo de lado, o meio
corte deve ser representado na vista lateral esquerda.
90
Lembre-se que não há necessidade de fazer qualquer indicação do local por
onde passam os planos de corte nas outras vistas.
Quando o meio-corte é imaginado de cima, a vista representada em meio
corte é a superior.
No desenho, a linha de simetria que atravessa a vista superior é vertical.
Assim, a parte em corte deve ser representada no desenho à direita.
Quando a linha de simetria que atravessa a vista em corte estiver na posição
horizontal, a metade em corte deve ser representada na parte inferior do desenho,
abaixo da linha de simetria. É isso que você pode observar, analisando a vista
frontal em meio-corte, no exemplo a seguir.
A escolha da vista onde o meio-corte deve ser representado depende das
formas do modelo e das posições dos elementos que se quer analisar.
91
14.6 Corte parcial
Em certas peças, os elementos internos que devem ser analisados estão
concentrados em partes determinadas da peça.
Nesses casos, não é necessário imaginar cortes que atravessem toda a
extensão da peça. É suficiente representar um corte que atinja apenas os elementos
que se deseja destacar. O tipo de corte mais recomendado nessas situações é o
corte parcial. Nesta aula você saberá como é representado o corte parcial.
Além disso, você conhecerá os tipos de hachuras utilizadas nas
representações em cortes.
1144..66..11 RReepprreesseennttaaççããoo ddoo ccoorrttee ppaarrcciiaall
Observe um modelo em perspectiva, com aplicação de corte parcial.
A linha contínua estreita irregular e à mão livre, que você vê na perspectiva, é
a linha de ruptura. A linha de ruptura mostra o local onde o corte está sendo
imaginado, deixando visíveis os elementos internos da peça. A linha de ruptura
também é utilizada nas vistas ortográficas.
92
A vista representada em corte é a vista frontal porque, ao imaginar o corte, o
observador estava vendo a peça de frente.
Nas partes não atingidas pelo corte parcial, os elementos internos devem ser
representados pela linha para arestas e contornos não visíveis.
Veja agora outra maneira de representar a linha de ruptura, na vista
ortográfica, através de uma linha contínua estreita, em ziguezague.
As partes hachuradas representam as partes maciças do modelo, atingidas
pelo corte.
1144..66..22 CCoonnvveennççõõeess ccoommpplleemmeennttaarreess
Hachura padronizada – Hachura são linhas paralelas (que nas projeções
ortogonais em cortes são indicadas por linhas inclinadas a 45°) empregadas para
representar as partes cortadas.
Nos cortes mostrados até agora, foi usada a hachura que indica qualquer
material metálico, conforme estabelece a norma NBR 12.298/1991, das ABNT.
93
Conheça agora outros tipos de hachuras usadas opcionalmente para representar
materiais específicos, quando necessário para melhor clareza do desenho.
Metais
Elastômeros, vidros, cerâmicas e rochas
Terrenos
Concreto
Madeira
Líquido
Eixos, parafusos, porcas, nervuras, rebites chavetas, braços de polias,
arruelas etc. não devem ser hachurados em cortes longitudinais, mesmo quando
situados na linha de corte.
94
Peças justapostas e do mesmo material são hachuradas segundo direções
diferentes.
Nas seções delgadas (finas), em vez de hachuras, utiliza-se a cor preta.
Havendo várias peças delgadas adjacentes, as separações são indicadas por linhas
de luz, em branco.
Exemplo
Juntas, perfis laminados etc.
95
A fim de evitar o encurtamento da figura, por ocasião da projeção, os detalhes
inclinados sofrem rotação, de modo a serem projetados sem deformações.
96
1155 SSeeççõõeess
15.1 Seções transversais rebatidas
Em alguns casos, a única maneira segura de representar as formas das
seções transversais de determinados objetos é passar planos secantes
perpendiculares aos eixos das seções e rebatê-los, a fim de efetuar com precisão a
cotagem.
As seções indicam, de modo prático e simples, o perfil ou partes de peça,
evitando, assim, vistas desnecessárias.
Veja as ilustrações abaixo.
As seções são representadas em três situações:
Seção fora da vista
Seção sobre a vista;
Seção na interrupção da vista.
97
15.2 Seção fora da vista
Nas seções fora da vista, o desenho da seção é representado ao lado da vista
do objeto.
Neste caso, indica-se sobre a vista, por meio da linha de corte, a posição em
que o objeto foi secionado.
15.3 Seção sobre a vista
Neste caso, o desenho da seção é representado em cima da própria vista.
98
15.4 Seção com interrupção das vistas
Aqui desenho da seção é representado no meio da vista do objeto. Para isto,
interrompe-se a representação da vista, antes e depois do desenho da seção.
99
1166 -- RRuuppttuurraa
Rupturas são representações convencionais utilizadas para o desenho de
peças que, devido ao seu comprimento, necessitam ser encurtadas para melhor
aproveitamento de espaço no desenho e melhor visualização de seus detalhes.
Quando empregamos rupturas, estamos retirando da vista uma parte do
objeto. Só se emprega ruptura nas partes que detalhes que não necessitam ser
mostrados para facilitar a interpretação do objeto.
As rupturas ocorrem em quatro situações:
Em objetos planos paralelos;
Em objetos trapezoidais;
Em objetos cilíndricos;
Em objetos cônicos.
16.1 Ruptura em objetos planos paralelos
16.2 Ruptura em objetos trapezoidais
100
16.3 Ruptura em objetos cilíndricos
1166..33..11 EEmm eeiixxooss ee bbaarrrraass rreeddoonnddaass
1166..33..22 EEmm ttuubbooss
1166..33..33 EEmm oobbjjeettooss ccôônniiccooss
101
1177 -- PPeerrssppeeccttiivvaa
Perspectiva é o desenho que procura mostrar os objetos de forma
ilustrativa, auxiliando a interpretação de peças, embora, em muitos casos, não possa
mostrar todos os detalhes.
O emprego de perspectiva ajuda a visualizar os objetos (desenhados)
mais rapidamente. É utilizada, com grande vantagem para complementar o desenho
de vistas.
17.1 Perspectiva isométrica
Perspectiva isométrica é o processo de representação tridimensional em que
o objeto se situa num sistema de três eixos coordenados (axonometria).
Estes eixos, quando perspectivados, fazem entre si ângulos de 120°.
102
Por razões práticas costuma-se utilizar, na construção das perspectivas, o
prolongamento dos eixos X e Y a partir do ponto O, no sentido contrário, formando
ângulos de 30° com a horizontal, enquanto o eixo Z (vertical) permanece inalterado.
Cada eixo coordenado corresponde a uma dimensão dos objetos:
103
1177..11..11 PPrroocceessssoo ddee ccoonnssttrruuççããoo
Acompanhe a construção da perspectiva isométrica do seguinte objeto, feita
passo a passo:
Traçar os eixos isométricos com o uso dos instrumentos.
104
Usar os eixos isométricos para marcação das dimensões gerais do objeto
(comprimento, largura e altura)
Por meio de retas paralelas aos eixos (traçadas com os esquadros apoiados
na régua paralela) fechar volume do objeto.
105
Usar os eixos isométricos para marcação das dimensões parciais do objeto.
Por meio de retas paralelas aos eixos completar o volume do objeto.
106
Reforçar os traços que formam as arestas do objeto de forma que as linhas
construtivas fiquem em segundo plano.
1177..11..22 CCoonnssttrruuççããoo ddee ttrraaççaaddoo eemm eessbbooççoo ddaa ppeerrssppeeccttiivvaa iissoommééttrriiccaa ddee oobbjjeettooss
cciillíínnddrriiccooss
Para a construção da perspectiva do circulo é necessária a construção de
uma das faces do cubo isométrico, os quais possuem arestas do tamanho do
diâmetro do círculo que se vai desenhar.
107
Determinar o ponto médio dos segmentos de reta que são os lados do
quadrado perspectivado.
Determina - se nos vértices do quadrado que possuem a menor diagonal os
centros 1 e 2 traçando os arcos até o pontos médios dos lados.
Os centros 3 e 4 estarão nos cruzamentos dos segmentos de reta que unem
os centros 1 e 2 aos pontos médios dos lados opostos.
108
Nos centros 3 e 4 traçar arcos concordantes com os arcos traçados
anteriormente.
Reforçar os arcos de circunferência de forma que as linhas construtivas
fiquem em segundo plano.
17.2 Perspectiva cavaleira
Consiste na representação de uma das faces do objeto em vista de frente,
estando o observador situado no infinito, segundo uma direção inclinada em relação
ao quadro, o qual deve ser paralelo a dois eixos do referido objeto.
109
Nesta face, vêm representadas duas de suas três dimensões. A outra
dimensão será representada segundo uma linda oblíqua, que forma, com a posição
horizontal, um ângulo . Este ângulo pode ser de 30°, 45° ou 60°.
A perspectiva cavaleira também possui duas classificações:
Perspectiva cavaleira de objetos com superfícies planas;
Perspectiva cavaleira de objetos com superfícies cilíndricas.
1177..22..11 PPeerrssppeeccttiivvaa ccaavvaalleeiirraa ddee oobbjjeettooss ccoomm ssuuppeerrffíícciieess ppllaannaass
Nesta perspectiva, as medidas horizontais e verticais, que formam a face
vista de frente, estarão em VG. Já as medidas marcadas sobre a linha oblíqua
sofrem uma redução conforme mostra a tabela a seguir.
Ângulos entre a linha oblíqua e a
posição horizontal
Redução nas medidas marcadas
sobre a linha oblíqua
Projeções ortogonais – Vistas essenciais
Perspectiva cavaleira
30° Redução = 1/3
45° Redução = 1/2
60° Redução = 2/3
110
1177..22..22 PPeerrssppeeccttiivvaa ccaavvaalleeiirraa ddee oobbjjeettooss cciillíínnddrriiccooss
Nesta perspectiva, as circunferências do objeto são desenhadas em vista
de frente. A circunferência é representada em VG. As geratrizes do cilindro são
desenhadas segundo uma linha oblíqua, que forma, com a posição horizontal, o
mesmo ângulo da perspectiva cavaleira de objetos planos. As medidas situadas
sobre a linha oblíqua sofrem a mesma redução apresentada no quadro a seguir.
111
1188 -- CCoonnjjuunnttooss,, ddeettaallhheess ee vviissttaa eexxppllooddiiddaa
Neste capítulo, representaremos os desenhos de conjunto, detalhes e
vista explodida, a fim demonstrar a forma, as dimensões e a posição com que as
peças de uma máquina ou equipamento são fabricadas.
18.1 Desenho de conjunto
O desenho de conjunto, como o próprio nome indica, é a representação
de máquinas, equipamentos ou dispositivos com suas peças ou componentes
montados, mostrando a posição de cada um no conjunto.
Os desenhos de conjunto podem ser representados em projeções
ortogonais ou em perspectivas. Veja o exemplo em fusíveis com segurança Diazed.
Desenho de conjunto em posição ortogonal Desenho de conjunto em perspectiva
112
18.2 Desenho de detalhes
São desenhos de peças isoladas, dando uma descrição completa e
exata de cada componente da máquina, equipamento ou dispositivo.
Desenho de detalhe em projeção ortogonal
Desenho de detalhe em perspectiva
18.3 Desenhos de vista explodida
É um desenho que mostra as peças ou componentes de máquinas ou
dispositivos, como se estivessem desmontados, porém fazendo correspondência às
posições de cada detalhe do conjunto.
Há varias maneiras de se identificar os detalhes para a montagem de um
conjunto. Veremos aqui as mais usuais.
1188..33..11 DDeesseennhhoo ddee vviissttaa eexxppllooddiiddaa eemm pprroojjeeççõõeess oorrttooggoonnaaiiss
1188..33..22 DDeesseennhhoo ddee vviissttaa eexxppllooddiiddaa eemm ppeerrssppeeccttiivvaa
113
1. Com a vista explodida, temos os detalhes das peças na posição de
funcionamento. O desenho de conjunto completa a representação da montagem.
2. A representação de um subconjunto de equipamento, por meio de uma linha
grossa, com seta na vista explodida, mostra-nos outros detalhes não visíveis no conjunto.
114
3. Representação dos detalhes, com os nomes de cada peça.
4. Identificação dos detalhes por números e, junto ao desenho, uma
legenda indicando as posições, quantidades e denominações de cada componente.
115
Motores trifásicos
Posição Quant. Denominação Posição Quant. Denominação
200 1 Conjunto rotor completo 640 4 Haste
300 1 Conjunto estator completo 671 1 Chaveta
330 1 Carcaça 704 4 Rebite
360 1 Tampa da caixa de ligação 751 1 Rolamento dianteiro
400 1 Tampa dianteira 752 1 Rolamento traseiro
410 1 Tampa traseiro 755 1 Arruela de pressão
500 1 Ventilador 911 1 Placa de identificação
603 8 Porca hexagonal
611 2 Parafuso de fixação da tampa da caixa de ligação
116
1199 -- EElleemmeennttooss ddee mmááqquuiinnaass
Elementos de máquinas são componentes que permitem a fixação de
uma peça à outra ou a transmissão de movimentos entre as mesmas.
Na fabricação mecânica, estes elementos são identificados nos desenhos
técnicos por representações convencionais, de acordo com a ABNT.
Os elementos de máquinas são classificados de duas formas:
Elementos de máquinas para fixação temporária ou permanente;
Elementos de máquinas para transmissão de movimentos.
19.1 Elementos de máquinas para fixação temporária e permanente
Em mecânica, as peças a serem unidas exigem elementos próprios,
denominados elementos de fixação.
A união de peças feita pelos elementos de fixação pode ser de dois tipos:
móveis ou permanente.
No tipo de união móvel, os elementos de fixação são aqueles que
permitem a fixação de uma peça à outra, podendo ser colocados ou retirados do
conjunto sem causar qualquer dano às peças que foram unidas. Podem ser
reaproveitados em outras circunstâncias, caso isso venha a ser necessário.
117
Dentre os elementos de máquina de uso geral, destacam-se parafusos,
porcas, arruelas, molas e chavetas.
No tipo de união permanente, os elementos de fixação, uma vez
instalados, não podem ser retirados sem que fiquem inutilizados. É o caso, por
exemplo, de uniões feitas com rebites e soldas.
Para projetar um conjunto mecânico, é necessário escolher
cuidadosamente os elementos de fixação a serem usados. Tanto os de fixação
móvel quanto os de fixação permanente, geralmente, são componentes frágeis. Se
não os planejamos adequadamente, podemos, por exemplo, unir peças robustas a
elementos de fixação fracos, criando um conjunto mecânico falho, que poderá a
qualquer momento torna-se inútil.
Para que possamos compreender a representação convencional de
parafusos e porcas (elementos que possuem rosca), é necessário inicialmente
conhecer a representação convencional de rosca.
118
19.2 Roscas
Rosca é um conjunto de filetes dispostos helicoidalmente em torno de
uma superfície cilíndrica.
As roscas podem ser de dois tipos:
Roscas externas;
Roscas internas.
1199..22..11 RRoossccaa eexxtteerrnnaa
É a que se faz na parte externa de um elemento (macho).
119
1199..22..22 RRoossccaa iinntteerrnnaa
É a que se faz na parte interna de um elemento (fêmea).
As roscas permitem a união e desmontagem de peças.
Os filetes das roscas apresentam vários perfis. Esses perfis, sempre
uniformes, dão nome às roscas e condicionam sua aplicação. A seguir temos a
representação gráfica das roscas.
120
Na figura abaixo temos as roscas vistas em corte.
Tipos de roscas e perfis Aplicação
Parafuso e porcas de fixação na união de peças.
Ex.: Fixação da roda do carro.
Parafuso que transmitem movimento suave e uniforme.
Ex.: Fuso de máquina.
Parafuso de grandes diâmetros sujeitos a grandes esforços.
Ex.: Equipamentos ferroviários.
Parafuso que sofrem grandes esforços e choques.
Ex.: Prensas e morsas.
Parafusos que exercem grande esforço
num só sentido.
Ex.: Macaco de catraca.
122
1199..22..33 NNoommeennccllaattuurraa ddaa rroossccaa
Independentemente da sua aplicação, as roscas têm os mesmos elementos,
variando apenas os formatos e dimensões.
P = Passo (em mm) i = ângulo da hélice
d = Diâmetro externo c = crista
d1=Diâmetro interno D = Diâmetro do fundo da porca
d2 = Diâmetro do flanco D1 = Diâmetro do furo da porca
(alfa) = Ângulo do filete h1 = Altura do filete da porca
f = Fundo do filete h = Altura do filete do parafuso
Demonstrada a representação de roscas, vejamos agora a representação
convencional dos parafusos e porcas.
123
19.3 Parafusos
São peças cilíndricas ou cônicas, fabricadas em diferentes materiais, com
caneluras em espiral, que recebem a denominação genérica de rosca. São
empregados na união não permanente de peças.
1199..33..11 PPaarraaffuussoo ddee ccoorrppoo lliissoo
É o parafuso usado com porca e arruela, a fim de conectar peças entre si, as
quais atravessa, por intermédio de um furo liso.
Normalmente, os parafusos e as porcas utilizados para a fixação
temporária de peças são os seguintes:
Parafusos com cabeça e porca hexagonais (sextavadas);
Parafusos com cabeça e porca quadradas.
1199..33..22 PPaarraaffuussoo ccoomm ccaabbeeççaa ee ppoorrccaa sseexxttaavvaaddaass
124
1199..33..33 PPaarraaffuussoo ccoomm ccaabbeeççaa ee ppoorrccaa qquuaaddrraaddaa
As linhas representativas do fundo do filete da rosca são representadas
pelo traço contínuo, de espessura estreita.
1199..33..44 PPaarraaffuussooss ccoomm ccaabbeeççaass eessppeecciiaaiiss
São aquelas que, por terem cabeças diferenciadas, são representados de acordo
com as normas da ABNT.
Parafuso sextavado
Parafuso sextavado com rosca
total
Parafuso sextavado com porca
Parafuso auto atarrachante de cabeça sextavada
Parafuso de cabeça
cilíndrica com sextavado
interno
Parafuso de cabeça
quadrada
125
Parafuso de cabeça
cilíndrica com fenda
Parafuso de cabeça
redonda com fenda
Parafuso de cabeça
cilíndrica abaulada com
fenda
Parafuso de cabeça
escareada com fenda
Parafuso de cabeça
escareada abaulada com
fenda
Parafuso sem cabeça com
fenda
Parafuso para madeira de
cabeça escareada com fenda
Parafuso sem cabeça com rosca total e
fenda
Parafuso liso prego cabeça
escareada
Parafuso de cabeça panela
com fenda cruzada
Parafuso de cabeça
escareada com fenda
cruzada
Parafuso de cabeça
redonda com fenda cruzada
Parafuso de cabeça
escareada abaulada com fenda cruzada
Parafuso para madeira de
cabeça escareada com fenda cruzada
Parafuso para madeira de
cabeça escareada
abaulada com fenda cruzada
Parafuso
Prisioneiro
Parafuso de cabeça
recartilhada
126
19.4 Porca
É um dispositivo com formato quadrado ou hexagonal, geralmente
metálico, dotado de rosca interna, com o propósito de, juntamente com o parafuso
de rosca externa semelhante, fixar vários componentes.
As porcas são fabricadas a partir de diversos materiais: aço, bronze,
alumínio, plástico.
Há casos especiais em que as porcas recebem banhos de galvanização,
zincagem e bi-cromatização para protegê-las contra a oxidação (ferrugem).
Nas mesmas condições dos parafusos, há porcas especiais.
127
19.5 Chavetas
Chavetas são elementos de máquina empregados na fixação temporária
de polias, rodas dentadas, aos seus respectivos eixos. Sua forma, em geral, é
retangular ou semicircular.
Os tipos de chavetas mais comuns são:
Chaveta de cunha;
Chaveta paralelas;
Chaveta de disco ou Woodruff.
1199..55..11 CChhaavveettaass ddee ccuunnhhaa
As chavetas com esse nome têm uma de suas faces inclinada com formato de
cunha para facilitar a união das peças.
Essas chavetas se classificam em:
Chavetas longitudinais;
Chavetas transversais.
128
As chavetas longitudinais são colocadas na extensão do eixo para unir
roldanas, rodas etc. Podem ser com ou sem cabeça e sua montagem e
desmontagem é fácil.
As chavetas transversais são aplicadas em união de peças que
transmitem movimentos rotativos e retilíneos alternativos. São empregadas em
uniões permanentes.
129
1199..55..22 CChhaavveettaass ppaarraalleellaass oouu lliinnggüüeettaass
Essas chavetas têm as faces paralelas, portanto, sem inclinação.
A transmissão do movimento é feita pelo ajuste de suas faces laterais às
laterais do rasgo da chaveta. Fica uma pequena folga entre o ponto mais alto da
chaveta e o fundo do rasgo do elemento conduzido.
As chavetas não possuem cabeça. Quanto ao formato dos seus extremos,
podem ser retas ou arredondadas.
1199..55..33 CChhaavveettaass ddee ddiissccoo ((WWooooddrruuffff))
É uma variante da Chaveta paralela. Recebe essa denominação por apresentar a
forma de um segmento circular. É comumente empregada em eixos cônicos, por
facilitar a montagem e adaptar-se a conicidade do fundo do rasgo do elemento
externo.
130
19.6 Nervuras
São molduras feitas nas arestas de uma determinada peça. As nervuras
são mais bem representadas em peças mostradas em corte, nas quais tentamos
projetar os detalhes das peças sem maiores deformações.
A seguir um exemplo de peça na qual podemos observar a nervura
19.7 Chanfros
Chanfros são recortes em ângulo, feitos na peça.
131
19.8 Rebaixos
Rebaixos são reentrâncias, isto é, uma diminuição na altura de
determinadas peças.
Nas figuras abaixo, podemos observar a representação de rebaixos
ocorridos em algumas peças.
132
19.9 Engrenagens
Como princípio fundamental, uma engrenagem é representada (exceto na
seção axial) como uma peça sólida sem dentes, indicando-se apenas o diâmetro
primitivo com uma linha, traços e pontos estreitos, conforme NBR 8403.
1199..99..11 RRaaiizz ddoo ddeennttee
Como regra geral, não se representa a raiz do dente, exceto em seções ou
cortes. Contudo, se for necessário representá-la em uma vista, representá-la com
linha contínua estreita, conforme NBR 8403 (ver Figuras 4 e 5).
133
19.10 Rolamentos
19.10.1 Representação simplificada e simbólica de rolamentos
Na representação gráfica de rolamento, deve-se dar preferência a
representação simbólica, de forma a simplificar o desenho, uma vez que se trata de
elemento padronizado.
136
2200 -- IInnddiiccaaççõõeess ddoo eessttaaddoo ddee ssuuppeerrffíícciiee ((NNBBRR 88440044))
Esta norma fixa os símbolos e indicações complementares para a
identificação do estado de superfície em desenhos técnicos.
20.1 Símbolo básico
O símbolo básico é constituído por duas linhas de comprimento desigual,
e inclinadas 60° com relação ao traço que representa a superfície considerada
(figura 1). Este símbolo não significa nada isoladamente.
Quando a remoção de material é exigida, adicionar ao símbolo básico um
traço (Figura 2).
Quando a remoção de material não é permitida, adicionar ao símbolo
básico um círculo (Figura 3).
O símbolo da Figura 3 pode também se utilizado para indicação do estado
de um grau de usinagem, para mostrar que uma superfície deve permanecer como
foi usinada no estágio anterior.
137
Se for necessária a indicação de características especiais do estado de
superfície deve ser acrescentado um traço horizontal na extremidade superior (ver
Figura 4)
20.2 Condições específicas
O valor ou os valores definido a característica principal da rugosidade (ver
a tabela a seguir) devem estar colocados sobre os símbolos como na figura 5 e 6.
Na figura 5 significa que pode ser obtido por um processo de fabricação
qualquer.
Na figura 6 deve ser obtido por remoção de material.
Se for necessário estabelecer os limites máximo e mínimo da
característica principal da rugosidade, estes valores devem ser colocados um sobre
o outro, sendo o limite máximo a1 acima (ver Figura 7).
138
A característica principal da rugosidade Ra pode ser indicada pelos
números da classe de rugosidade correspondente, conforme a Tabela a seguir.
2200..22..11 CCaarraacctteerrííssttiiccaa ddaa rruuggoossiiddaaddee RRaa
Classe de rugosidade Desvio médio aritmético
(Ra) m
N 12
N 11
N 10
N 9
N 8
N 7
N 6
N 5
N 4
N 3
N 2
N 1
50
25
12,5
6,3
3,2
1,6
0,8
0,4
0,2
0,1
0,05
0,025
139
2200..22..22 IInnddiiccaaççããoo ddaass ccaarraacctteerrííssttiiccaass eessppeecciiaaiiss ddoo eessttaaddoo ddee ssuuppeerrffíícciiee
Pode ser necessário, por razões funcionais, especificar exigências
adicionais concernentes ao estado de superfície.
Se um processo específico de fabricação é exigido para o estado final de
superfície, este deve ser indicado em linguagem não abreviada sobre o traço
horizontal complementar do símbolo (Figura 8).
Sobre o traço horizontal devem figurar também indicações relativas ao tratamento ou
ao revestimento.
Salvo indicações em contrário, o valor numérico da rugosidade se aplica
ao estado de superfície após tratamento ou revestimento. Se for necessário indicar o
estado das superfícies antes e após o tratamento, isto deve ser indicado por uma
nota ou como mostra o exemplo da figura 9.
140
Se for necessário indicar o comprimento de amostragem, este deve ser
escolhido na série contida na NBR 6505 e indicado no símbolo, como mostra a
Figura 10.
20.3 Símbolos para a direção da estrias
Se for necessário definir a direção das estrias, isto deve ser feito por um
símbolo adicional ao símbolo do estado de superfície (Figura 11).
141
20.4 Símbolos para direções das estrias
Símbolo Interpretação
Paralela ao plano de projeção da vista sobre o qual o símbolo é
aplicado.
Perpendicular ao plano de projeção da vista sobre o qual o
símbolo é aplicado.
Cruzadas em duas direções oblíquas em relação ao plano de projeção da vista sobre o qual o
símbolo é aplicado.
Muitas direções.
Aproximadamente central em relação ao ponto médio da
superfície ao qual o símbolo é referido.
Aproximadamente radial em relação ao ponto médio da
superfície ao qual o símbolo é referido.
Notas: a) Se for necessário definir uma direção das estrias que não esteja
claramente definida por um destes símbolos, ela deve estar descrita no
desenho por uma nota adicional.
b) A direção das estrias é a direção predominante das irregularidades da
superfície, geralmente resultantes do processo de fabricação utilizado.
142
2200..44..11 IInnddiiccaaççããoo ddee ssoobbrree mmeettaall ppaarraa uussiinnaaggeemm
A indicação de sobre metal quando necessária deve ser indicada à
esquerda do símbolo, usando o mesmo sistema de medida do desenho.
Disposição das indicações do estado de superfície no símbolo
Cada uma das indicações do estado de superfície dispõe-se em relação
ao símbolo conforme a Figura 13.
Onde:
a = valor da rugosidade Ra, em m, ou classe de rugosidade de N1 até N12
b = método de fabricação, tratamento ou revestimento.
c = comprimento de amostra, em mm
d = direção de estrias
e = sobre metal para usinagem, em mm
f = outros parâmetros de rugosidade (entre parênteses)
Indicação nos desenhos
143
Os símbolos e inscrições devem estar orientados de maneira que
possamos ser lidos tanto com o desenho na posição normal como pelo lado direito
(Figura 14).
Se necessário, o símbolo pode ser interligado com a superfície por meio
de uma linha de indicação (Figura 15).
A linha de indicação deve ser provida de uma seta na extremidade junto à
superfície (Figura 15).
O vértice do símbolo ou da seta deve tocar, pelo lado externo, o contorno
da peça ou uma linha de extensão como prolongamento do contorno (Figura 15).
144
Segundo a regra geral de cotagem, o símbolo deve ser indicado uma vez
para cada superfície e, se possível, sobre a vista que leva a cota ou representa a
superfície (Figura 16).
Quando as indicações requeridas para todas as superfícies de uma peça
forem as mesmas, a indicação deve constar:
a) junto à vista da peça (Figura 17), próximo à legenda do desenho ou no lugar
previsto dentro da mesma, para os dados gerais; ou
b) atrás do número da posição da peça (Figura 18).
145
Quando o mesmo estado de superfície é exigido pela maioria das superfícies
de uma peça elas devem ser indicadas como mostrado nas figuras acima, com os
seguintes acréscimos:
a) o estado das outras superfícies entre parênteses (Figura 19); ou
b) um símbolo básico (entre parênteses) sem outras indicações (Figura 20).
Símbolos definidos para estados que representam exceção em relação ao
estado geral de superfície devem se indicados nas respectivas superfícies.
A fim de evitar repetições de uma indicação complexa, ou onde o espaço for
limitado, uma representação simplificada pode se usada. Neste caso deverá constar
o significado da representação próximo à peça, ou dentro da legenda (Figura 21).
146
Se um mesmo estado de superfície for exigido para superfícies da peça, um
dos símbolos segundo as figuras 1,2 e 3 pode ser indicado nestas superfícies e seu
significado explicado em outro local do desenho, como nos exemplos das Figuras
22, 23 e 24.
Observação importante
Indicações relativas à rugosidade, processo de fabricação ou sobremetal só
devem ser feitas quando são importantes para a função da peça, e tão somente nas
superfícies onde forem necessárias.
147
2211 –– CCoonnjjuunnttooss mmeeccâânniiccooss
21.1 Desenho de conjunto
Desenho de conjunto é o desenho da máquina, dispositivos ou estrutura, com
suas partes montadas.
As peças são representadas nas mesmas posições que ocupam no conjunto
mecânico.
O primeiro conjunto que você vai estudar, para interpretar desenhos para
execução de conjunto mecânico é o grampo fixo.
O grampo fixo é uma ferramenta utilizada para fixar peças temporariamente.
As peças a serem fixadas ficam no espaço “a” (ver na figura). Esse espaço
pode ser reduzido ou ampliado, de acordo com o movimento rotativo do manípulo
(peça nº 4) que aciona o parafuso (peça nº 3) e o encosto móvel (peça nº 2).
Quando o espaço “a” é reduzido, ele fixa a peça e quando aumenta, solta a
peça.
148
O desenho de conjunto é representado, normalmente, em vistas ortográficas.
Cada uma das peças que compõem o conjunto é identificada por um numeral.
O algarismo do número deve ser escrito em tamanho facilmente visível.
Observe esse sistema de numeração na representação ortográfica do grampo
fixo.
Você notou que a numeração das peças segue o sentido horário?
Os numerais são ligados a cada peça por linhas de chamada. As linhas de
chamada são representadas por uma linha contínua estreita. Sua extremidade
termina com um ponto, quando toca a superfície do objeto. Quando toca a aresta ou
contorno do objeto, termina com seta.
Uma vez que as peças são desenhadas da mesma maneira como devem ser
montadas no conjunto, fica fácil perceber como elas se relacionam entre si e assim
deduzir o funcionamento de cada uma.
Geralmente, o desenho de conjunto em vistas ortográficas não aparece
cotado. Mas, quando o desenho de conjunto é utilizado para montagem, as cotas
básicas podem ser indicadas.
Os desenhos de conjunto são representados, de preferência, em corte, como
nesse exercício.
Assim, fica mais clara a representação e a interpretação das peças.
O nome deste conjunto é “Porta-ferramenta do torno”.
É utilizado para fixar ferramentas que ficam presas no espaço “a”, entre a
peça 4 (calço) e a peça 5 (parafuso).
149
O desenho de conjunto, para montagem, pode ser representado em
perspectiva isométrica, como mostra a ilustração seguinte.
Por meio dessa perspectiva você tem a idéia de como o conjunto será
montado.
Outra maneira de representar o conjunto é através do desenho de perspectiva
não montada. As peças são desenhadas separadas, mas permanece clara a relação
que elas mantêm entre si.
Esse tipo de representação é também chamado perspectiva explodida.
Veja a seguir.
Geralmente, os desenhos em perspectiva são raramente usados para
fornecer informações para a construção de peças. O uso da perspectiva é mais
comum nas revistas e catálogos técnicos.
150
Referências Bibliográficas
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SENAI. Coleção Eletricidade- Desenho. 1980
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Associados, 26° ed. 306 p.
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TATON, René e FLOCON Albert (1979). A Perspectiva. São Paulo: Difusão
Européia do Livro, 135p.
BORNANCINI, J. C. M., N. I. PETZOLD, et al. Desenho técnico básico:
Fundamentos teóricos e exercícios à mão livre. Porto Alegre: Sulina, v.1. 1981
CUNHA, L. V. D. Desenho técnico. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian.
2004
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FRENCH, T. E. e C. J. VIERCK. Desenho técnico e tecnologia gráfica. São
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GIESECKE, F. E., A. MITCHELL, et al. Comunicação Gráfica Moderna. Porto
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Rio de Janeiro: Livros Técnicos e Científicos. 1978
MANFÉ, G., R. POZZA, et al. Manual de desenho técnico mecânico. São
Paulo: Hemus. 1977 Desenho técnico mecânico: Hemus. 2008
PROVENZA, F. Desenhista de máquinas. São Paulo: F. Provenza. 1960
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Livros Técnicos e Científicos. 2006
SPECK, A. J. e V. V. PEIXOTO. Manual básico de desenho técnico.