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Page 1: Apostila desenho tecnico

UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTOCENTRO DE CIENCIAS AGRARIAS

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA RURAL

APOSTILA DE DESENHO TÉCNICO

ALEGRE - ES

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Desenho Técnico CCAUFES

1) APRESENTAÇÃOA computação revolucionou a utilização da expressão gráfica no exercício da

engenharia, viabilizando a execução de trabalhos em três dimensões, que antes só eram possíveis através da construção de modelos.

Os softwares existentes no mercado possibilitam a construção de modelos virtuais, cujas imagens são muito próximas do real, onde se podem ver, em três dimensões, todos os detalhes de uma máquina, de um equipamento ou até mesmo de um processo inteiro. Estes modelos virtuais possuem recursos de cores, textura e animação onde as imagens podem ser giradas, cortadas, alteradas e ao mesmo tempo compartilhadas, por meio de redes ou da Internet, por todas as partes envolvidas no desenvolvimento de estudos e projetos de engenharia.

A computação gráfica, com certeza facilitou e ampliou o desenvolvimento de projetos na área da engenharia e da arquitetura porque, além de poder ser utilizada integrada com softwares de cálculos ou com banco de dados, os modelos virtuais são fáceis de serem compreendidos e enchem os olhos de quem está comprando o projeto.

No entanto, a execução dos projetos das áreas da engenharia e da arquitetura ainda dependente dos desenhos bidimensionais que são utilizados para fazer o detalhamento dos detalhes construtivos que envolvem o objeto projetado. Assim, apesar de todos os recursos propiciados pela computação gráfica, o exercício da engenharia ainda está diretamente vinculado à leitura e interpretação de desenhos bidimensionais, chamados de Desenhos Técnicos.

Pode ser que no futuro todos os problemas gráficos da engenharia sejam elaborados em três dimensões, mas ainda não é hora para se abandonar a linguagem bidimensional. Diferentemente das imagens tridimensionais, que podem ser entendidas por qualquer pessoa, os desenhos bidimensionais se constituem em uma linguagem gráfica que só pode ser entendida por quem a estuda.

Desta forma, os autores elaboraram este livro, com o objetivo de fornecer elementos para a aprendizagem da leitura e interpretação de desenhos técnicos, visando a formação de engenheiros em suas diversas modalidades, e dentro deste objetivo, é abordado somente o aspecto da linguagem gráfica contida nos desenhos bidimensionais.

Quebrando o paradigma que o aprendizado de Desenho Técnico depende de prática constante, este livro apresenta textos preparados dentro de uma estratégia didática que ajuda o aprendizado da linguagem bidimensional e desenvolve o raciocínio espacial.

Exceto para a Engenharia Civil que utiliza uma área específica de expressão gráfica, as matérias abordadas neste livro atendem as necessidades de formação em leitura e interpretação de Desenho Técnico de todas as outras modalidades de Para os cursos de engenharia que visam a preparação para atividades de desenvolvimento de projetos, como é caso dos engenheiros mecânicos, será necessário fazer o treinamento em algum software de CAD (Computer Aided Design) que viabilize a elaboração de desenhos.

Para as modalidades de engenharia onde a probabilidade de envolvimento com atividades de projeto de máquinas e equipamentos é pequena, como é o caso da engenharia química, engenharia de alimentos etc., a formação em expressão gráfica pode ficar restrita á leitura e interpretação abordada por este livro.

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2) NORMALIZAÇÃO E PADRONIZAÇÃO DO DESENHO TÉCNICOA padronização dos procedimentos de representação gráfica permite transformar o

Desenho Técnico em uma linguagem gráfica. Essa padronização é feita através de normas técnicas que são seguidas e respeitadas internacionalmente.

No Brasil as normas são aprovadas e editadas pela Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT, fundada em 1940. No âmbito internacional foi criado em 1947 a Organização Internacional de Normalização (International Organization for Standardization – ISO). Quando uma norma técnica proposta por qualquer país membro, é aprovada por todos os países que compõem a ISO, essa norma é organizada e editada como norma internacional.

As normas técnicas que regulam o Desenho Técnico são normas editadas pela ABNT, registradas pelo INMETRO (Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial) como normas brasileiras (NBR) e estão em consonância com as normas internacionais aprovadas pela ISO.

Para o desenho técnico existe a NBR 5984 – NORMA GERAL DE DESENHO TÉCNICO (antiga NB 8). Esta norma foi aprovada em 1950 e revisada várias vezes tendo como objetivos fixar as condições gerais que devem ser observadas na execução dos desenhos técnicos. Os principais aspectos abordados são: tamanhos e formatos de papéis, escalas, letras e algarismos, linhas, e legendas.

3) INSTRUMENTALIZAÇÃO – TIPO, MANUSEIO E MANUTENÇÃOPara a disciplina de Expressão Gráfica aconselha-se o uso de instrumentos de precisão e

qualidade, o que existe com grande variedade no mercado. Para cada tipo de Desenho existem também instrumentos mais específicos.

Atualmente com os sistemas de CAD o uso de certos instrumentos deixa quase de ser necessário, por sua vez para condução da disciplina de Expressão Gráfica recomenda-se adquirir e trazer em todas as aulas papel no formato A3, lapiseira 0,5 ou 0,7 mm, régua T, borracha branca, fita adesiva, flanela de algodão, transferidor, compasso, régua milimetrada e transparente. A seguir tem-s e a descrição detalhada de cada equipamento.Prancheta (mesa para desenho) - Equipamento importante para o desenho técnico. Pode ser de madeira com alavancas de acionamento da inclinação e da altura. Facilita a execução do desenho.Papel - Existem diversos tipos de papel para desenho. Para desenho a mão com uso de lápis é aconselhável utilizar papel opaco (sulfite) ou transparente (manteiga). Para desenhos definitivos recomenda-se o papel-vegetal empregando caneta nanquim. Com o uso de computador para a elaboração do projeto é comum o uso do papel sulfite para impressão.Régua T - São empregadas no traçado de linhas horizontais e apoio aos esquadros para o traçado de linhas inclinadas ou verticais. São fabricadas de madeira com bordas de plástico inquebrável ou acrílico (Figura 1).Obs: No traço com a régua T deve-se começar a traçar da esquerda para a direita, de modo que a mão não fique em cima do que já foi desenhado (Figura 2).

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Figura 1 – Exemplo de uma régua T.

Figura 2 – Esquema de traçado com régua T.

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Régua paralela – Utilizada em substituição à régua T (Figura 3).

Figura 3 – Esquema ilustrativo de régua T e régua paralela.

Esquadros - Utilizados no traçado de linhas inclinadas ou perpendiculares a régua T. Existem dois tipos de esquadros: na forma de triângulo isósceles (2 ângulos de 45º e um de 90º) e na forma de triângulo escaleno (ângulos de 30º, 60º, e 90º). A combinação ideal para uso seria aquela em que o cateto do esquadro de 30/60º seja igual a hipotenusa do esquadro de 45º. A combinação de esquadros permite que sejam traçadas linhas formando múltiplos de 15º.Compasso - Traçar circunferências ou arcos de circunferências.Transferidores - Instrumentos para a medição de ângulos. Comercialmente existem modelos de 0 a 180º e de 0 a 360º.Réguas flexíveis ou curvas francesas - Curvas não traçadas pelo compasso (raio indefinido).Normógrafos e gabaritos - Empregados no auxílio à escrita e desenhos.Canetas - Nanquim (para desenhos definitivos)Lápis (lapiseira) e Grafite - H a 6H – Consistência de dura a extremamente dura. B a 6B - Consistência de macia a extremamente macia. Obs. uso mais comum: B, HB e H.

4) FORMATOS E TAMANHOS DE PAPELO formato básico do papel, designado por A0 (A zero), é o retângulo cujos lados medem 841 mm e 1.189 mm, tendo a área de 1m2. Do formato básico, derivam os demais formatos da série A (Figura 4), pela bipartição ou duplicações sucessivas, segundo uma linha perpendicular ao maior lado do retângulo.

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Figura 4 – Formatos de papel da série A.

Os formatos da série A, de A0 a A6, têm as dimensões indicadas no quadro a seguir. As folhas não recortadas devem ter as dimensões mínimas indicadas na última coluna do quadro. Na Tabela 1 têm-se as especificações técnicas de cada formato.

Tabela 1 – Formatos da série A

Formato(mm)

Linha de corte(mm)

Margem (mm) Comprimento da legenda

(mm)Esquerda Direita

A0 841 x 1189 25 10 175A1 594 x 841 25 10 175A2 420 x 594 25 10 178A3 297 x 420 25 10 178A4 210 x 297 25 5 178A5 148 x 210 25 5 178A6 105 x 148 25 5 178

5) CALIGRAFIA TÉCNICAOs textos e algarismos representados em desenho técnico (Figura 5) seguem normas que

garantem a legibilidade e uniformidade. Podem ser escritos utilizando-se o normógrafo ou à mão livre. A norma NBR 6492/1994 recomenda letras maiúsculas não inclinadas, assim

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como os números, medindo de 3 a 5 mm. O espaçamento entre as linhas não deve ser inferior a 2 mm.

Figura 5 - Textos e algarismos representados em desenho técnico.

6) CARIMBO – CONTEÚDO E TRAÇADOO carimbo ou rótulo deve acompanhar todo desenho e serve tanto para a identificação

como para conter informações sobre o conteúdo do desenho. O carimbo deve ser inserido no canto inferior direito da folha de desenho. Em geral o carimbo deve conter as seguintes informações: nome; título do projeto; nome do projetista; nome do desenhista; data; escalas; nome do cliente; e local para assinaturas.

Exemplo 1 (Uso para trabalhos acadêmicos)

Disciplina: Desenho Técnico Escala: 1:50Título: Projeções Ortogonais Data: 15/08/07

Turma: AAluno: Fulano de Tal Matrícula:

123456

Exemplo 2 (Projetos rurais)

Projeto: Construção Rural Obra no 013/03Arquivo no PROJ/01

Denominação: Sala de ordenha Localização: Faz. Bela Vista,

BR 101 km 74São Mateus, ES

Proprietário: Marco Rosa

Data: 15/08/07Áreas (m2)Construída ..... 89,2Livre .............. 65,1Total ............. 154,3

Responsável: Escala: 1:100Eng° Agr° Paulo SousaCREA 01234586

Escala: 1:100Registros

7) NOMENCLATURA DE LINHAS – CLASSIFICAÇÃO E HIERARQUIA

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O desenhista deve empregar diferentes tipos de linhas objetivando a diferenciação na apresentação do desenho. As linhas podem ser diferenciadas quanto ao tipo e a espessura, conforme apresentado a seguir:I) LINHA – EspessuraLinha grossaLinha média (metade da anterior)Linha fina (metade da anterior)II) LINHA – TiposA- Linhas geraisB- Linhas principaisC- Linhas auxiliares ( cota , ladrilhos , etc. )D- Partes invisíveis _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _E- Eixos de simetriaF- SeçõesG- Interrupções

Exercícios

a) Sejam L1, L2 e L3 os lados dados, construir um triângulo sabendo-se que L1 = 3,5 cm, L2 = 3,8 cm e L3 = 5,5 cm. Considere L3 como sendo a base do triângulo.

b) Sejam L1 e L2 os lados dados, construir um triângulo sabendo-se queL1 = 4,5 cm, L2 = 5,3 cm e o ângulo central ( ) = 30°. Considere L2 como sendo a base doα triângulo.

c) a) Sejam L1 e L2 os lados dados, construir um triângulo sabendo-se que L1 = 5,3 cm, L2 = 4,4 cm e a altura (H) = 2,5 cm. Considere L1 como sendo a base do triângulo.

d) Sejam a e b os lados dados, construir um retângulo sabendo-se que a = 4,1 cm e b = 2,0 cm. Considere a como sendo a base do retângulo.

e) Sejam L1, L2 e L3 os lados dados, construir um triângulo sabendo-se que L1 = 3,5 cm, L2 = 3,8 cm e L3 = 5,5 cm. Considere L3 como sendo a base do triângulo.

f) Seja L1 o lado dado, construir um losango sabendo-se que L1 = 5,0 cm e o ângulo central é igual a 60°.

g) Sejam A, B, C e D os vértices de um trapézio. Construí–lo sabendo-se que as distâncias AB = 5,0 cm, BC = 2,5 cm, CD = 3,0 cm e H (altura) = 2,0 cm. Considere AB como sendo a base do retângulo.

8) ESCALAS E COTAS

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8.1) IntroduçãoAinda que o principal objetivo deste livro seja preparar para a leitura e interpretação de

desenho técnico, é necessário abordar os princípios básicos de dimensionamento, porque o exercício da engenharia poderá requerer a execução de esboços cotados.

Não se pode esquecer que, na área da engenharia, o meio utilizado para expor o resultado de um projeto resultante de estudos e cálculos é o desenho técnico e, assim sendo, os engenheiros, de qualquer modalidade, no mínimo precisam estar preparados para elaborar esboços cotados. Esboço cotado é um desenho técnico feito a mão-livre, no qual, além da representação da forma, estão contidas todas as dimensões do objeto.

Desta forma, os assuntos referentes ao dimensionamento dos objetos representados serão apresentados, neste capítulo, visando não só a interpretação de desenhos mas também a sua elaboração.8.2) Escalas

Escala é a relação entre as medidas reais do objeto e suas medidas no desenho, utilizando a mesma unidade de medida (mm, cm, m, km, etc). Logo temos:MD = Uma medida no desenhoMR = Medida no real do objetoAssim tem-se:

MD Medida no desenhoMR Medida no real do objeto

Como o desenho técnico é utilizado para representação de máquinas, equipamentos, prédios e até unidades inteiras de processamento industrial, é fácil concluir que nem sempre será possível representar os objetos em suas verdadeiras grandezas. Assim, para viabilizar a execução dos desenhos, os objetos grandes precisam ser representados com suas dimensões reduzidas, enquanto os objetos, ou detalhes, muito pequenos necessitarão de uma representação ampliada.

Para evitar distorções e manter a proporcionalidade entre o desenho e o tamanho real do objeto representado, foi normalizado que as reduções ou ampliações devem ser feitas respeitando uma razão constante entre as dimensões do desenho e as dimensões reais do objeto representado.

A razão existente entre as dimensões do desenho e as dimensões reais do objeto é chamada de escala do desenho. É importante ressaltar que, sendo o desenho técnico uma linguagem gráfica, a ordem da razão nunca pode ser invertida, e a escala do desenho sempre será definida pela relação existente entre as dimensões lineares de um desenho com as respectivas dimensões reais do objeto desenhado.8.3) Dimensão do desenho: dimensão real do objeto

Para facilitar a interpretação da relação existente entre o tamanho do desenho e o tamanho real do objeto, pelo menos um dos lados da razão sempre terá valor unitário, que resulta nas seguintes possibilidades:• 1 : 1 para desenhos em tamanho natural – Escala Natural• 1 : n > 1 para desenhos reduzidos – Escala de Redução (ex. 1:200; 1:5000, etc..)• n > 1 : 1 para desenhos ampliados – Escala de Ampliação (ex. 2:1; 50:1, etc..)

Quando um objeto é representado com suas medidas reais dizemos que é representado em verdadeira grandeza, escala natural ou escala 1:1. Para grandes objetos, uma casa, por exemplo, devido à impossibilidade de se representar o seu tamanho real em papel convencionou-se a utilização das escalas de redução, ou seja, a medida real é maior que a

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medida no desenho. Pode-se utilizar, por exemplo, a convenção de que 1 cm no desenho vai representar 50 cm do objeto real. Isso significa que a escala utilizada será 1:50.

Em geral na área de ciências agrárias se utilizam escalas de redução, devido a dimensão dos objetos representados. Por outro lado, quando o objeto é pequeno, uma peça de relógio de pulso, pode-se utilizar uma escala de ampliação. Nesse tipo de escala, a medida no papel é maior que a medida real do objeto e a medida real (denominador) é escrita igual à unidade..

Para se decidir sobre a escala ideal, deve-se considerar:• O tamanho do objeto a ser representado• As dimensões do papel• A clareza do desenho a ser realizado

Exemplo 1: Um objeto mede na realidade 20 m e está representado em uma planta com a dimensão de 40 cm. Qual escala foi utilizada no desenho?Resolução:

E =

MD → 40 cm → 1MR 2.000 cm 50

Exemplo 2: Qual será a medida de um desenho realizado na escala 1:200 de um objeto com dimensão de 150 m?Resolução: Essa questão pode ser resolvida com uma simples regra de 3. Sabemos que:

E = MD

→1 cm

→1 cm → 200 cm

→ X =1500 ×1

→ 7,5 cmMR 200 cm X cm → 1.500 cm 200

Exemplo 3: Se um objeto está representado em uma planta na escala 1:100 com uma dimensão de 9 cm qual a dimensão real do objeto?

E = MD

→1 cm

→1 cm → 100 cm

→ X =9 × 100

→ 9,0 mMR 100 cm 9 cm → X cm 1

Os exemplos apresentados anteriormente constituem-se de escalas numéricas. Por outro lado, pode-se utilizar também as escalas gráficas, que evitam constantes cálculos na conversão de unidades. Além disso, se um desenho for ampliado ou reduzido, a escala gráfica também será ampliada ou reduzida, de modo que suas dimensões poderão ser lidas diretamente. O primeiro segmento é subdivido (talão) para permitir a leitura de grandezas menores. Grandezas maiores são lidas no corpo. É obrigatório a indicação da unidade na escala gráfica. A indicação é feita na legenda dos desenhos utilizando a palavra ESCALA, seguida dos valores da razão correspondente. Quando, em uma mesma folha, houver desenhos com escalas diferentes daquela indicada na legenda, existirá abaixo dos respectivos desenhos a identificação das escalas utilizadas.

8.4) Fator de EscalaO fator de escala é um numero qualquer destinado a facilitar as operações aritméticas

da escala.

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Supomos que na escala 1:50 seria moroso ter de dividir por 50 todas as medidas do objeto para obter a medida do desenho. Ex. 2,40 m ÷ 50 = 0,048 m.

Para obter o fator de escala (FE) basta dividir o numero da escala por 100. No caso anterior temos FE = 100 ÷ 50 = 2. Basta então multiplicarmos por 2 todas as medidas lineares correspondentes. Assim teríamos a seguinte situação: 2 × 2,4 m = 4,8 cm.

8.5) Cotagem ou DimensionamentoO desenho técnico, além de representar, dentro de uma escala, a forma tridimensional,

deve conter informações sobre as dimensões do objeto representado. As dimensões irão definir as características geométricas do objeto, dando valores de tamanho e posição aos diâmetros, aos comprimentos, aos ângulos e a todos os outros detalhes que compõem sua forma espacial.

Trata-se de indicar no desenho as dimensões do objeto representado. Para isso são utilizadas as cotas, ou seja, os números que correspondem às medidas dos objetos. As cotas são constituídas pela linha de cota ou de medida, linha de chamada, setas e pelo valor numérico expresso em uma determinada unidade de medida. As setas indicam o limite da linha de cota e o valor da cota indica o tamanho real do objeto.

A forma mais utilizada em desenho técnico é definir as dimensões por meio de cotas que são constituídas de linhas de chamada, linha de cota, setas e do valor numérico em uma determinada unidade de medida, conforme mostra a Figura 6.

Figura 6 – Representação de um desenho por meio de cotas.As cotas devem ser distribuídas pelas vistas e dar todas as dimensões necessárias para

viabilizar a construção do objeto desenhado, com o cuidado de não colocar cotas desnecessárias. No caso das vistas, uma determinada dimensão que é representada, por exemplo, na vista frontal e superior só precisa ser indicada em uma delas.8.5) Regras para Colocação de Cotas

As cotas devem ser escritas acompanhando a direção das linhas de cota e devem representar a medida real do objeto, independente da escala utilizada. Deve-se evitar o cruzamento das linhas de cota. As linhas de cota podem ser contínuas ou interrompidas. Quando se utilizam as linhas de cota contínuas, o valor da cota deve ser escrito acima das

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linhas de cota horizontais e à esquerda das linhas de cota verticais. Quando se utilizam linhas de cotas interrompidas o valor deve ser escrito no intervalo da interrupção, sem rotação. A Figura 7 (a) mostra que tanto as linhas auxiliares (linhas de chamada), como as linhas de cota, são linhas contínuas e finas. As linhas de chamadas devem ultrapassar levemente as linhas de cota e também deve haver um pequeno espaço entre a linha do elemento dimensionado e a linha de chamada.

Figura 7 – Forma para colocar as cotas.

As linhas de chamada devem ser, preferencialmente, perpendiculares ao ponto cotado. Em alguns casos, para melhorar a clareza da cotagem, as linhas de chamada podem ser oblíquas em relação ao elemento dimensionado, porém mantendo o paralelismo entre si, conforme mostra a Figura 7 (c).

As linhas de centro ou as linhas de contorno podem ser usadas como linhas de chamada, conforme mostra a Figura 7 (b). No entanto, é preciso destacar que as linhas de centro ou as linhas de contorno não devem ser usadas como linhas de cota.

O limite da linha de cota pode ser indicado por setas, que podem ser preenchidas ou não, ou por traços inclinados, conforme mostra a Figura 8 (a). A maioria dos tipos de desenho técnico utiliza as setas preenchidas. Os traços inclinados são mais utilizados nos desenhos arquitetônicos. Em um mesmo desenho a indicação dos limites da cota deve ser de um único tipo e também deve ser de um único tamanho. Só é permitido utilizar outro tipo de indicação de limites da cota em espaços muito pequenos, conforme mostra a Figura 8 (b).

(a)

(b)

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Figura 8 – Limite (a) e indicação (b) da linha de cota.

No dimensionamento deve-se observar ainda:• as linhas de cota devem ser colocadas preferencialmente fora da figura;• deve-se evitar a repetição de cotas;• deve-se deixar um pequeno espaço entre a figura e a linha de chamada;• as cotas de um desenho ou projeto devem ser expressas em uma única unidade;• uma cota não deve ser cruzada por uma linha do desenho;• as linhas de cota são desenhadas paralelas à direção da medida;• a altura dos algarismos deve ser uniforme dentro de um mesmo desenho.

Exercícios1. Um objeto foi desenhado na escala 1:50. Uma de suas arestas mede 30mm no desenho. Qual a medida dessa aresta no objeto (em milímetros)?

2. Uma peça possui altura de 45 cm. Essa altura será representada por quantos centímetros em uma vista na escala 1/10?

3. Em um projeto arquitetônico elaborado na escala 1:75 uma sala tem dimensões de 10x8 cm. Quais as dimensões reais da sala em metros?

4. Na planta de um lote que tem 15m de frente, qual será a dimensão do desenho em centímetros na escala 1:100?

5. Sabendo-se que a distância entre dois postes em uma rua é de 25m e que na planta essa distância é de 10 cm, qual é a escala em que a planta foi elaborada?

6. Em uma planta topográfica desenhada na escala 1/1.000 qual é a medida real (em metros) de um alinhamento que mede 12,4 cm na planta?

7. Se uma distância que mede 3,6 km no campo está representada por 36 cm, qual é a escala da planta?

8. Para desenhar um objeto que tem 105 cm em uma folha A4 que tem 210mm de largura, qual é a maior escala que pode ser utilizada?

9. É necessário desenhar um galpão com as dimensões 60x15m em uma folha A3 (420x297mm) na escala 1:150. Para que a planta fique centralizada no papel, qual deve ser a distância (em centímetros) a partir das margens?

10. Para elaborar a planta de um lote que tem as dimensões de 12x30m na escala 1/50, qual o menor formato de papel deveria ser utilizado?

Repostas:1) 1.500 mm; 2) 4,5 cm; 3) 7,5 x 6,0 m; 4) 15 cm; 5) 1:250; 6) 124 m; 7) 1/10.000; 8) 1:5; 9) 1 cm na dimensão de 420 mm e 9,85 na dimensão de 297 mm, e; 10) Formato A1

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9) VISTAS E PROJEÇÕES

9.1) Modos de representaçãoDificilmente será necessário fazer seis vistas para representar qualquer objeto. Porém,

quaisquer que sejam as vistas utilizadas, as suas posições relativas obedecerão às disposições definidas pelas vistas principais. Na maioria dos casos, o conjunto formado pelas vistas de frente, vista superior e uma das vistas laterais é suficiente para representar, com perfeição, o objeto desenhado.

A representação de um objeto a partir das suas projeções ortogonais pode ser simplificada, na prática pelas seis vistas descritas no método europeu ou americano nem sempre são todas necessárias, pode-se reduzir o número de vistas e de formas de representação dos objetos no sentido de facilitar o desenho e a própria leitura.

Em alguns casos, com auxílio de símbolos convencionais, é possível definir a forma do desenho desenhada com uma única vista. Não importa o número de vistas utilizadas, o que importa é que o desenho fique claro e objetivo. O desenho de qualquer peça, em hipótese alguma, pode dar margem a dupla interpretação.

O ponto de partida para determinar as vistas necessárias é escolher o lado do desenho que será considerado como frente. Normalmente, considerando a peça em sua posição de trabalho ou de equilíbrio, toma-se como frente o lado que melhor define a forma do desenho. Quando dois lados definem bem a forma do desenho, escolhe-se o de maior comprimento. Feita a vista de frente faz-se tantos rebatimentos quantos forem necessários para definir a forma do desenho.

9.2) Sistemas de projeçõesO desenho por meio de projeções é um processo de representação real e utiliza normas

fundamentais, técnicas e científicas. O método das projeções baseia-se num dos ramos das ciências matemáticas que é a geometria descritiva.

Pela simplicidade do método, pela fidelidade com que se representa um objeto com a sua forma real e as suas dimensões exatas, é o método por excelência mais usado em desenho técnico.Conceito: Projeção é a operação pela qual um ponto, uma linha ou um objeto é projetado para um plano através linhas denominadas de projetantes.As projeções poderão ser do tipo (Figura 9):1 - Central ou Cônica – quando as projetantes convergem para um ponto;2 – Cilíndricas ou Paralelas – quando as projectantes são paralelas entre si. Estas ainda poderão ser Ortogonais, quando as projectantes são perpendiculares ao plano de proteção ou Oblíquas, quando as projectantes são oblíquas aos planos de proteção.

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Figura 9 – Tipos de projeções.

9.3) Sistemas de projeçõesA Projeção e a transposição de entes do espaço para superfícies bidimensionais.

Observando a Figura 10 temos:

Figura 10 - Sistema de projeção de entes no espaço.

(A) = ponto objetivo localizado no espaço = superfície de projeção – onde se determinam as projeções dos pontos objetivoα

projetante = Trajetória do ponto (A) até sua interseção com a superfície de projeçãoA = Interseção da projetante com a superfície de projeção – projeção de (A)

9.4) Sistema de projeção reta – planoObservando a Figura 11 nota-se a projetante é uma reta e superfície de projeção é um

plano.

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Figura 11 - Sistema de projeção reta – plano

9.5) Sistema de projeções cônicasObservando a Figura 12 nota-se que o centro das projeções (pólo das projeções) é a

origem das projetantes e a origem das projetantes se localiza a uma distância finita do plano de projeções.

Figura 12 - Sistema de projeções cônicas

9.6) Sistema de projeções cilíndricas oblíquasObservando a Figura 13 nota-se que o centro de projeções se localiza a uma distância

infinita do plano de projeções. Dessa forma, as projetantes tem uma única direção e nesse caso específico, a direção é oblíqua ao plano de projeções e o ângulo de incidência é qualquer, diferente de 0, 90 e 180º.

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Figura 12 - Sistema de projeções cilíndricas oblíquas

9.7) Sistema de projeções cilíndricas ortogonaisObservando a Figura 13 nota-se que o centro de projeções se localiza a uma distância infinita do plano de projeções, a direção das projetantes é ortogonal ao plano de projeções, o ângulo de incidência é igual a 90º. É o sistema utilizado na geometria descritiva – base para representação no desenho técnico.

Figura 13 - Sistema de projeções cilíndricas ortogonais

10) PERSPECTIVASPerspectiva é a representação de objetos como são vistos na realidade de acordo com

sua posição, forma e tamanho. A perspectiva permite também a visualização do comprimento, da altura e da largura do objeto.

Em perspectiva o objeto é representado sobre uma superfície plana, entretanto os procedimentos utilizados permitem que a representação aproxime-se da imagem real. São três os tipos de perspectiva mais utilizados em desenho técnico: a perspectiva isométrica, cavaleira e a exata. O sistema de projeções cilíndricas é utilizado na perspectiva isométrica e cavaleira. A perspectiva exata utiliza o sistema de projeções cônicas.

A projeção de um cubo sobre um plano vertical poderá ser diferente, de acordo com a posição do objeto. Se uma das faces do cubo estiver paralela ao plano de projeção, sua projeção será um quadrado, com as dimensões representadas em verdadeira grandeza. Se o cubo for rotacionado em torno de um eixo vertical, de um ângulo qualquer menor que 90º,

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na projeção, duas faces serão representadas, com tamanhos reduzidos. A partir dessa posição, inclinando-se o cubo para frente, também em um ângulo menor que 90º, três faces serão representadas no plano de projeções, em tamanho reduzido. As arestas fornecerão as direções dos três eixos principais, perspectivados. Estes eixos projetados representarão o comprimento, a altura e a largura do objeto.

Existem diversas inclinações possíveis do objeto, donde se conclui que existem infinitas perspectivas que podem ser obtidas por este processo. Dessa forma a perspectiva axonométrica pode ser classificada de acordo com os ângulos formados pelos eixos principais. Quando os três eixos formam entre si dois ângulos iguais e um diferente a perspectiva é denominada monodimétrica ou dimétrica. Quando os três eixos formam ângulos diferentes entre si a perspectiva é denominada anisométrica ou trimétrica e quando os eixos formam ângulos iguais entre si a perspectiva axonométrica é denominada isométrica. Das três possibilidades a mais utilizada é a perspectiva isométrica.

A dificuldade de visualização da forma espacial pode ser amenizada por uma elaboração do esboço em perspectiva da peça representada pelas projeções ortogonais.

Um dos procedimentos para leitura do desenho através do esboço em perspectiva é semelhante à modelagem a partir de um bloco com cortes sucessivos.

Desenha-se inicialmente a perspectiva de um paralelepípedo que contenha as dimensões de comprimento, largura e profundidade da peça, fazendo a localização nas faces do paralelepípedo dos sentidos de observação que foram utilizados na obtenção das projeções ortogonais.

Comparando os sentidos de observação, marcados nas faces do paralelepípedo, com as respectivas projeções ortogonais, vai-se esboçando em perspectiva os detalhes definidos em cada vista do desenho.

A utilização dos esboços em perspectiva facilita a visualização da forma espacial porque permite que o entendimento da forma espacial de parte da peça seja anotado e somado sucessivamente até o aparecimento da forma espacial total.

Pela análise das projeções ortogonais, é possível identificar gradativamente formas geométricas simples que compõem a forma espacial da peça, as quais sucessivamente foram subtraídas do paralelepípedo de referência, para a obtenção do esboço em perspectiva.

Outro procedimento para elaboração dos esboços em perspectiva para facilitar a visualização da forma espacial representada em projeções ortogonais é, considerando os sentidos de observação, desenhar nas respectivas faces dos paralelepípedos as vistas correspondentes.

Exercícios

Desenhar um cubo com 6 cm de aresta, na escala 1:1 em perspectiva de 30, 45 e 60° usando a quadro abaixo.

Relação das medidas reais com a do desenho

DiscriminaçãoPerspectiva

30° 45° 60°Largura 1:1 1:1 1:1Altura 1:1 1:1 1:1Profundidade 1:2/3 1:1/2 1:1/3

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Representar a perspectiva do objeto na escala de 1:50 representado nas vistas abaixo. As dimensões são representadas em milímetros

11) PROJETO ARQUITETÔNICOÉ importante conhecer a linguagem do projeto arquitetônico, com seus símbolos e

convenções, assim como, para saber ler e escrever corretamente temos necessidade dos conhecimentos e regras de gramática.

O desenho arquitetônico apresenta uma série de peculiaridades, que veremos a seguir, no sentido de instruir o aluno e torná-lo capaz de fazer uma leitura completa do projeto.

O projeto arquitetônico é constituído pelos seguintes desenhos:• Planta Baixa ou Pavimento Térreo• Pavimento Superior (quando for sobrado ou prédio)• Layout• Corte Transversal• Corte Longitudinal

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• Fachadas• Planta de Cobertura• Planta de Situação• Implantação e Locação• Quadro de Aberturas• Quadro de Áreas

11.1) Planta de situação-orientação Estabelece a posição do prédio ou obra em relação ao terreno (propriedade). Deve

indicar principalmente:- Distância dos contornos às divisas e/ou outras construções de referência, tais como:

cercas, estradas, árvores ornamentais, podendo essas também constar como ponto de referência;

- Cotas altimétricas do terreno; - Orientação topográfica ou seja, a posição norte;- Demais instalações da propriedade.

11.2) Planta baixaÉ a projeção em plano horizontal resultante de um corte da obra na altura do peitoril

(aproximadamente 1,50m em relação ao piso de cada pavimento), por meio de plano imaginário horizontal.

Observando a planta baixa, vemos que ela deve apresentar, os seguintes itens: localização dos diversos cômodos; localização de alvenarias, pilares e pilastras; dimensões dos elementos; portas, janelas e vãos livres com respectivas dimensões; cotas internas e externas; diferenças de nível - soleiras e degraus; projeção do beiral e projeção de passeios. Podendo indicar também a posição dos equipamentos.

Na Figura 14 estão apresentados alguns exemplos de planta baixa.

(a) (b)

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(

c)(d

)(e)

Figura 5 – Alguns exemplos de planta baixa de um projeto arquitetônico residencial.

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ExercícioDesenhar a planta baixa da figura abaixo na escala de 1:50. As dimensões são representadas em metros

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11.3) Fachada ou elevação É a projeção em plano vertical de uma ou mais faces externas. Geralmente a fachada

principal, voltada para a entrada ou o local de melhor visão, recebe um tratamento estético mais elaborado. Isto é mais importante nas construções urbanas, pois na zona rural praticamente todas as fachadas ou pelo menos duas ou três são amplamente visualizadas.

A fachada deve mostrar especificamente os materiais de acabamento e sua localização, assim como sugestão para cores. Muitos projetos aparecem sem a indicação de cor, por ser este um assunto muito pessoal, dependendo de aspectos psicológicos. Não confundir fachada com corte, nunca deve-se cotar a fachada.

Figura 6 – Exemplo de uma fachada

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ExercícioDesenhar as fachadas leste e norte das figuras abaixo na escala de 1:50. As dimensões são representadas em metros

Fachada Leste

Fachada Norte

11.4) CortesSão projeções verticais de cortes efetuados por planos imaginários verticais. Podem ser

longitudinais, quando feitos no sentido do maior comprimento da obra, e transversais, quando perpendiculares ao primeiro.

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Na planta baixa, o local exato dos cortes é indicado por linha grossa, interrompida e contendo letras como AB ou CD, etc. em cada extremidade.

Os cortes devem ser efetuados nos cômodos que contenham maior dúvida ou necessidades de maiores esclarecimentos.

Devem mostrar os seguintes itens com as respectivas dimensões: altura dos cômodos ou pé- direito; altura dos peitoris e vergas dos vãos; espessura das alvenarias; espessuras de lajes; perfil do terreno; altura do baldrame; aterros ou cortes; engradamento do telhado; diferença de nível dos pisos; sugestão de alicerce.

Podem ainda indicar: revestimentos das alvenarias e posição de equipamentos.Alguns elementos da construção exigem uma apresentação com pormenores que escalas

reduzidas não reproduziriam a contento. Geralmente são partes ou peças de pequenas dimensões em relação a obra global.

Figura 7 – Exemplo de um corte.

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ExercícioDesenhar o corte AB da figura abaixo na escala de 1:50. As dimensões são representadas em metros

11.5) Planta de cobertura Representa a projeção em plano horizontal das águas ou planos inclinados da cobertura

e os respectivos complementos como calhas, condutores, cumeeiras e espigões. Deve mostrar primordialmente: projeção das alvenarias, em linha interrompida, com traço fino; projeção das águas ou planos inclinados com cumeeiras e espigões; complementos tais como calha de beiral ou de rincão, condutores, rufos, etc.; indicação do sentido de queda das águas, por meio de setas e platibandas.

Podem ainda conter as cumeeiras de ventilação, telhas de ventilação, lanternins e sheds.

Figura 8 – Exemplo de uma planta de cobertura.

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ExercícioDesenhar a planta de cobertura da figura abaixo na escala de 1:50. As dimensões são representadas em metros

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11.6) Planta de situaçãoDefine a situação do lote em relação à quadra, às ruas e aos lotes vizinhos.

Figura 9 – Exemplo de uma planta de situação.

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ExercícioDesenhar a planta de situação da figura abaixo na escala de 1:50. As dimensões são representadas em metros

12) PROJETOSExistem inúmeros tipos de projetos, tais como: estrutural, arquitetônico, hidráulico,

sanitário, elétrico, de decoração, de urbanização, etc.. De um modo geral as exigências e normas são muitas parecidas. Nesta apostila vamos retratar apenas o projeto arquitetônico.

Os projetos constam de duas partes, a gráfica e a descritiva. A parte gráfica compõem os desenhos fazendo parte a planta de situação-orientação, a planta baixa, os cortes (longitudinal e transversal), os detalhes, a planta de cobertura e a(s) fachada(s).

A parte descritiva contém as especificações técnicas, o memorial descritivo, o orçamento e o cronograma físico-financeiro.

A apresentação gráfica prevê, na fase de composição do programa, o anteprojeto (estudo), que são tentativas ou esboços, inicialmente sem escala, onde se busca ordenar os

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espaços e passar as idéias para o papel. Somente após o anteprojeto estar do agrado geral é que se inicia a elaboração do projeto.

Os originais são desenhados em papel vegetal ou mesmo do tipo manteiga, dependendo da importância da obra. Órgãos como o DIPOA do Ministério da Agricultura exigem projetos em papel tipo tela. Os originais são mantidos em arquivo, entregando-se aos clientes cópias heliográficas dos mesmos. O formato é de livre escolha, a não ser em caso de exigências em concorrências ou desenhos para órgãos oficiais que assim o exigirem. Neste caso os formatos serão A0, A1, A2, A3 ou A4.

Dependendo da importância da obra, serão também necessários projeto elétrico, hidráulico e de esgotos, de cálculo estrutural, de interiores e paisagismo. No entanto, são itens requeridos em projetos urbanos (na maior parte das vezes).

As cores podem ser desprezadas a não ser em caso de reformas, quando pode ser usado o esquema a seguir: alvenarias e partes cortadas a construir - cor vermelha; alvenarias e partes cortadas a demolir - cor amarela; alvenarias e partes cortadas que permanecem - branco ou preto.

13) REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS

DORING, KURT . Desenho técnico para a construção civil. São Paulo:Idem,1974.107p.

FERREIRA, P.; MICELI, M.T. Desenho técnico básico. Rio de Janeiro: Ao livro técnico,2001, 144p.

FRENCH, T. E. Desenho Técnico. Porto Alegre: Globo. 1973.647p.

MONTENEGRO, G.A. Desenho arquitetônico. São Paulo:Edgard Blucher.1978.134p.

NEIZEI, E. Desenho técnico para construção civil. São Paulo: EPU, 1974, V.I.

OBERG, L. Desenho arquitetônico. Rio de Janeiro: Ao Livro Técnico. 2ª.Ed.1973.161p.

PEREIRA, A. Desenho Técnico básico. Rio de Janeiro: F.Alves.1976.127p.

RODRIGUES, E. Como Utilizar Corretamente a Perspectiva no Desenho. Rio de Janeiro: EDIOURO, 1980. 88p.

SPECK, H. J., PEIXOTO, V. V. Manual Básico de Desenho Técnico. Florianópolis:DAUFSC, 1997. 179 p.

UNTAR, J., JENTZSCH, R. Desenho Arquitetônico. Viçosa: UFV. 1977, 62 p

VIERCH, F. Desenho técnico e tecnologia gráfica. 6ª ed. Rio de Janeiro: Globo, 1999, 1093p.

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