Transcript
  • Desenho Realista verso demo

    Jardel Rocha www.jardelrocha.blogspot.com

  • Informaes bsicas

    Para ser um bom desenhista ou pintor, abordando qualquer estilo de arte,

    imprescindvel adquirir uma base slida de conhecimento e praticar muito.

    Exercitar o mximo de tempo possvel. E, principalmente, observar a natureza e as

    pessoas sua volta, pois o nosso prprio mundo o nosso melhor mestre e nossa

    melhor referncia visual.

    Nesse curso voc ver que desenhar no relegado h alguns dotados, o que em minha opinio pura balela imaginar que anos de prtica possam ser conseguidos com

    puro misticismo de que algum tenha dom pra desenhar ou pintar.

    O aluno ver que as apostilas esto dispostas a sanar as dvidas das aulas prticas,

    servindo assim as mesmas como lembretes do que foi estudado, alm disso, darei dicas de material e referncia de outros artistas para o seu engrandecimento profissional.

    Espero que aproveite esse tempo que estaremos juntos para errar e aprender ao mesmo

    tempo, e desvendar esse fascinante mundo da arte do grafite.

    Professor Jardel Rocha

    -02-

    Se o artista apenas reproduz os traos superficiais, como faz o fotgrafo, se registra com exatido as diversas caractersticas de uma fisionomia, mas sem

    relacion-la ao carter, ele no merece ser admirado. A semelhana que ele deve

    atingir a da alma.

    (Ren-Franois-Auguste)

  • LUZ E SOMBRA

    A: Brilho

    B: Tom mdio

    C: Sombra prpria

    D: Luz refletida

    E: Sombra projetada

    LUZ: no necessrio colocarmos esse tom no papel, pois

    ele j existe, o que precisamos fazer ter o cuidado para no perd-lo, assim

    teremos um resultado extraordinrio quanto ao brilho, como o caso de luz

    muito forte, ou um brilho de uma jia, ou mesmo o brilho dos olhos.

    SOMBRA: trabalharemos vrios tons de cinza, desde o

    mais claros, passando pelos que chamamos de intermedirios e o mais

    intenso, que o preto. A sombra do desenho obtida atravs de estocadas

    curtas, fazendo surgir assim os tons mais claros ou escuros dependendo da

    necessidade. A forma como vamos adquiri-las dar-se- atravs de algumas

    graduaes de lpis que sero comentadas mais adiante.

    -03-

    Fig. 01

  • -04-

    VALORAO / CONTRASTE

    J temos um valor estabelecido no papel que seu prprio branco e

    juntamente com esse valor incluiremos um tom muito mais escuro.

    Teremos, ento, o CONTRASTE e a partir da trabalharemos os valores

    intermedirios, encontrando a VALORAO.

    Uma dica para sabermos se os tons esto equilibrados no

    desenho, observ-lo com os olhos semicerrados, assim voc perceber se

    o seu desenho est muito claro ou muito forte, se alguns tons precisam ser

    alterados ou no.

    Mostrarei a seguir um trs exemplos destes pesos de tons e a partir deles

    entenderemos a importncia da sua distribuio.

    Fig. 02 Fig. 03

    Fig. 04

    A fig. 02 mostra um desenho com tons muito

    claros; a fig. 03 com tons muito escuros; j a fig.

    04 apresenta tons balanceados.

  • Tendo em mente o uso adequado das tonalidades partiremos para um

    trabalho prtico. Abaixo apresento um trabalho feito com uso de manchas

    feito pelo artista Andrew Loomis. Tente copiar

    -05-

    Fig. 05

  • -06-

    LPIS DE GRAFITE PARA DESENHO

    O que grafite?

    O grafite tem em sua composio um elemento qumico chamado

    Carbono (C), existente na natureza. A mistura do grafite modo com argila

    tratada forma o centro do lpis preto que usamos para desenhar. Entre os

    melhores fabricantes esto: Faber-Castell, Mercur, Koh-I-Noor, Staedtler,

    Cretacolor e Bruynzeel.

    O grafite possui diversas graduaes. Isto foi feito como forma de

    padronizao para que os usurios pudessem identificar o tipo mais

    adequado s suas necessidades. Esta padronizao, no entanto, serve

    apenas para diferenciao das minas dentro da escala do mesmo fornecedor,

    pois existe uma grande variao entre fornecedores, ou seja, a tonalidade

    obtida pelo grafite B de um fornecedor, pode ser o 2B de um outro.

    DIFERENAS ENTRE MARCAS

    Desta forma o ideal que se trabalhe com lpis de um mesmo

    fabricante ou que o usurio experimente antes de comprar, no caso de estar

    adquirindo um lpis de marca diferente. Alm da questo exposta acima,

    importante saber que a qualidade das minas de grafite varia de fabricante para

    fabricante.

    Existem algumas empresas com produtos diferenciados, produzidos para o uso

    artstico e tcnico, escritrio ou escolares. Escolha sempre os da linha artstica,

    pois sero sempre os de melhor qualidade.

    A qualidade do lpis reflete de forma significativa a qualidade da arte final. Com

    a experimentao de tipos de minas de marcas diferentes, este fato fica

    bastante aparente, portanto se quiser bons desenhos, procure sempre pelos

    melhores materiais.

  • -07-

    Na figura abaixo encontraremos as graduaes de lpis.

    importante salientar que no aconselhvel trabalhar com lpis de fabricantes

    diferentes em um mesmo desenho, pois existe diferena nas suas graduaes,

    ou seja, o 2B da marca X, poder ser diferente do 2B da marca Y.

    Fig. 06

    O lpis dever ser apontado com estilete para que se consiga uma ponta bem

    fina, ajudando-o a obter timo resultado em seus traos.

    Desta forma o artista tambm deixar a mo mais distante do papel no

    momento em que segura o lpis, o que lhe proporcionar uma viso mais

    ampla da rea a ser trabalhada.

  • -08-

    BORRACHA

    A borracha, no caso de desenhos artsticos, funciona como uma

    ferramenta para dar determinados efeitos, como por exemplo, o brilho de um

    cabelo. O tipo mais utilizado so as plsticas, que possuem uma consistncia

    mais firme e no marcam o papel. Existe no mercado um tipo de borracha que

    vem num suporte parecido como uma lapiseira (Fig. 06). Este modelo nos permite que, se cortamos sua ponta em forma de ponta de flecha, alcancemos assim efeitos interessantes. E a outra conhecida j por todos que dispensa comentrios.

    Fig. 06

    Dois tipos de

    borrachas

    indispensveis para o

    desenhista a caneta

    borracha e a usual

    borrachinha verde fig.

    07.

    Fig. 07

  • -09-

    Muito importante tambm saber preservar algumas reas do

    branco do papel para conseguir um resultado igual ao da fig. 08 e 09, onde o

    cabelo branco nada mais do que o branco do papel. E as penas da guia

    feitas com a borracha macia.

    Fig. 08

    Fig. 09

  • -10-

    OUTROS MATERIAIS

    Esfuminho um pequeno basto, feito de papel firmemente

    enrolado, pouco menor que um lpis e serve para espalhar o grafite. No

    mercado encontraremos algumas espessuras de esfuminho,

    conforme fig. 10. Devemos us-lo limpo e tomar o cuidado de sempre trocar o

    lado assim que sujar.

    Fig. 10

    Astes flexveis ou popularmente conhecido como cotonete. Tem a mesma

    funo do esfuminho sendo um pouco mais instvel. Sua utilizao pode ser a

    mesma, passa-se a ponta no desenho esfumaando assim gradativamente at

    a tonalidade desejada.

    Fig. 11

  • -11-

    COMPOSIO DE UM RETRATO

    Alm da tcnica, treino e a utilizao de materiais de qualidade,

    a composio tambm um elemento que contribui para a melhora da

    apresentao do trabalho posicionando-o em um nvel mais elevado.

    A composio muitas vezes realizada de forma intuitiva e at

    pessoas que no apresentam noo artstica tem o discernimento do que mais

    agradvel quando aprecia um quadro, mesmo sem ter idia de que maneira isto

    se processa. Mas o artista no deve basear-se unicamente na intuio, pois

    poder incorrer em erros primrios.

    Vamos falar um pouquinho sobre a composio de retratos.

    Algumas noes bsicas, mas que acredito sero extremamente teis,

    principalmente para os iniciantes.

    Existem basicamente trs maneiras de representar uma pessoa

    em um retrato. Vamos coloc-las em ordem de facilidade:

    a. Viso lateral

    vista de perfil;

    *Autor Andrew Loomis

    Fig. 12

  • -12-

    b. Viso frontal; c. Viso 3/4, que a viso onde a

    face se apresenta meio de lado.

    Fig. 14 Fig. 13

    O desenho com viso lateral (perfil) o que apresenta menor grau de

    dificuldade na execuo e isto por algumas razes.

    Precisamos desenhar apenas uma orelha, um olho e o nariz e a boca o fazemos

    de maneira simplificada. Desta forma no h comparativos entre, por exemplo,

    um olho e outro, o que acaba por dar um parmetro para o observador em

    relao a propores.

  • -13-

    A vista frontal j apresenta maiores dificuldades para ser executada, pois

    necessrio um estudo de simetria, caracterstica natural da face humana. Ela

    pode se tornar ainda mais difcil se a cabea do

    modelo estiver inclinada para um lado ou outro porque no fornece para o

    artista o correto alinhamento entre as partes.

    A vista 3/4 a mais difcil, pois sempre apresentar as distores

    naturais devido proximidade de quem v. Isto significa que o olho mais

    prximo dever ser representado maior do que o que est do outro lado, bem

    com as narinas e sobrancelhas. Apesar de ser sutil a diferena, ela existe,

    pois o desenho 3/4 um desenho de escoro.

    A viso 3/4 apresenta ainda um outro fator de dificuldade: a inclinao natural

    da linha dos olhos, diferente da viso frontal sem a inclinao da cabea.

    interessante notar que quanto mais

    difcil, mais interessante se torna o objeto

    desenhado.

    Apesar da dificuldade, as pessoas

    tm preferncia por realizar e ver um

    desenho mais aprazvel sem se

    preocupar tanto com a sua dificuldade. A

    prova disto que raramente voc ver

    um desenho de perfil. A maioria dos

    retratos so feitos ou com a vista frontal

    ou 3/4, sendo este o mais agradvel de

    todos.

    Fig. 15

  • -15-

    SOMBRAS

    O desenho da face humana na posio 3/4 cria efeitos de sombra muito mais

    interessantes do que na viso frontal ou lateral. Por esta razo, normalmente os

    desenhos feitos nesta posio se apresentam melhor e so os preferidos pelas

    pessoas. Isto, porm, quando a incidncia de luz e sombra, so realizados sem

    planejamento obteremos um resultado no muito satisfatrio em relao ao

    contraste.

    Atravs da disposio consciente das luzes, porm, podemos conseguir um

    timo efeito de contrastes em uma viso lateral, mas um resultado contrrio

    numa viso frontal, tudo dependendo da projeo que aplicada no modelo.

    A direo em que a luz aplicada tambm pode transmitir sensaes diferentes

    para o observador.

    Para a aplicao da luz, tudo depender do que voc espera obter.

    Basicamente podemos definir o seguinte: a luz vinda de trs far com que a

    face seja observada apenas pelos seus contornos. No a melhor escolha para

    retratar algum, mas uma opo interessante para criar uma obra de sombras

    em que a pessoa retratada no o foco principal do conjunto da obra.

    Fig. 16

    Na fig. 16 utilizei o lpis 9B para dar

    dramaticidade cena. Foram

    necessrias trs camada de grafite at

    chegar a esse resultado.

  • ELEMENTOS IMPORTANTES NO ENQUADRAMENTO

    E NA COMPOSIO

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    Alguma vez voc j se perguntou por que as fotografias apresentam-se, em

    grande maioria das vezes, RETANGULAR?

    O fotograma, assim como os cartes de visita e de crdito, algumas formas

    arquitetnicas, bem como a maioria dos seres vivos, obedecem a um Princpio

    de Proporo, observado desde Pitgoras e Aristteles em que foram

    feitas analogias com o crescimento orgnico, as harmnicas musicais e a

    arquitetura.

    Existem alguns nmeros que divididos entre si apresentam como resultados um

    nmero harmnico em torno de 0,68. Exemplo: 2:3=0,666 ; 3:5=0,6 ;

    5:8=0,625. Tais nmeros obedecem ao princpio de proporo assim como

    uma fotografia 6x9, 10x15 ou mesmo 17x25. Com a relao entre estes

    nmeros criam-se retngulos, tambm harmnicos, chamados Retngulos

    ureos.

    Observe abaixo um timo exemplo de enquadramento:

    Fig. 17

    Veja que a primeira imagem est com o sol enquadrado bem no centro do

    retngulo, isso deixa a imagem sem harmonia, mas j as outras duas ltimas

    imagens mostra o quanto melhorou a disposio.

  • A luz lateral uma boa opo para retratos, pois oferece muitas

    possibilidades de tons.

    A luz frontal suaviza o desenho e normalmente no oferece muitos recursos

    de tons para se trabalhar, no sendo muito interessante, principalmente

    quando muito intensa.

    A luz superior cria sombras muito corridas o que distorce as formas do

    modelo, dependendo da altura e ngulo que esteja em relao ao modelo.

    Estas informaes obviamente so para o desenho do natural j que nas

    fotos o desenhista ter que trabalhar com as sombras capturadas. Uma

    sugesto para treinar o efeito das luzes desenhar a partir de um espelho o

    seu prprio rosto ou a partir de bustos de gesso, com uma luminria

    disposta em diversas posies.

    importante saber que a intensidade da luz e a sua disposio em relao

    ao modelo transmitir diferentes sensaes ao expectador.

    Fig. 18 Fig. 19

    -16-

  • -17-

    DISPOSIO

    A disposio de qualquer desenho no deve ser realizada sem um estudo

    minucioso da melhor localizao. Quando fazemos um retrato, no temos

    diversos objetos para agrupar conforme o nosso interesse, porm certos

    aspectos devem ser observados.

    As regras bsicas so as seguintes:

    Jogue sempre a viso do expectador para dentro da sua obra. Portanto, se fizer um desenho de 3/4, por exemplo, o modelo dever estar olhando para

    dentro do enquadramento. Procure e observe dois desenhos feitos em ; um

    em que o olhar do modelo volte-se para o interior do enquadramento (fig. 20) e

    outro em que olhe para fora (fig. 21). Voc mesmo perceber que haver uma

    distrao de quem v para fora do seu trabalho.

    Fig. 20

  • -18-

    Fig. 21

    Evite colocar o centro do rosto no centro do papel, quando a viso for frontal sem inclinao. Coloque-o mais acima, exibindo um pouco o tronco (fig. 22).

    O efeito ser melhor.

    Fig. 22

    *Fig. 21 Autora Linda Huber

    Aqui revisamos um pouco do estudo de Desenho Realista, espero

    que tenham gostado. Prximo tema ser Tcnicas de Desenho com

    Lpis de Cor e Pintura em Tela.

    Bons estudos!

  • LEMBRETES

    1.Sempre use material de qualidade, pois s vezes o que define um bom

    trabalho o material que usado.

    2.Para desenhos detalhados o ideal que voc utilize papel mais encorpado,

    como o Canson, Verg ou Fabriano. Sempre escolha o de 180g ou 200g.

    3.Tenham em sua paleta vrias numeraes de lpis, desde os mais macios aos mais duros. Entre os utilizados durante o curso so: HB, 2B, 4B, 6B e 9B.

    4.Pratique desenhos ao ar livre, uma boa opo para treinar o olhar e

    aumentar a sua agilidade motora.

    5.Poder conseguir um efeito realista no desenho com o uso de manchas

    esfumaadas, utilizando assim o esfuminho ou algodo.

    6.Para ampliar uma imagem, use o mtodo de linhas e diretrizes ou, o mtodo

    do quadriculado.

    7.O lpis deve sempre estar com a ponta fina, salvo excees quando se

    quiser preencher uma grande rea de preto, ai sim, o lpis poder ter sua

    ponta um pouco rombuda.

    8.Utilize sempre um fixador para desenhos fosco, pois evita o efeito espelhado em alguns trabalhos onde exigida uma camada muito forte de grafite.

    9.Utilize sempre imagens bastante ntidas, poder tambm fazer um fichrio com algumas imagens que julgar artsticas.

    10. Pratique sempre! E lembre-se: a pressa inimiga da perfeio.

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    *Mos desenhando-se.

    Litografia: 1948.Artista: Mauritis

    Cornelius Escher


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