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Língua Brasileira de Sinais - Libras

Daniel Neves Pinto

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Jouberto Uchôa de MendonçaReitor

Amélia Maria Cerqueira UchôaVice-Reitora

Jouberto Uchôa de Mendonça JuniorPró-Reitoria Administrativa - PROAD

Ihanmark Damasceno dos SantosPró-Reitoria Acadêmica - PROAC

Domingos Sávio Alcântara MachadoPró-Reitoria Adjunta de Graduação - PAGR

Temisson José dos SantosPró-Reitoria Adjunta de Pós-Graduação

e Pesquisa - PAPGP

Gilton Kennedy Sousa FragaPró-Reitoria Adjunta de Assuntos Comunitários e Extensão - PAACE

Jane Luci Ornelas FreireGerente do Núcleo de Educação a Distância - Nead

Andrea Karla Ferreira NunesCoordenadora Pedagógica de Projetos - Nead

Lucas Cerqueira do ValeCoordenador de Tecnologias Educacionais - Nead

Equipe de Elaboração e Produção de Conteúdos Midiáticos:

Alexandre Meneses Chagas - Supervisor Adelson Tavares de Santana - IlustradorAncéjo Santana Resende - CorretorClaudivan da Silva Santana - DiagramadorEdivan Santos Guimarães - DiagramadorGeová da Silva Borges Junior - IlustradorMárcia Maria da Silva Santos - CorretoraMonique Lara Farias Alves - WebdesignPedro Antonio Dantas P. Nou - WebdesignRebecca Wanderley N. Agra Silva - DesignRodrigo Sangiovanni Lima - AssessorWalmir Oliveira Santos Júnior - Ilustrador

Redação:Núcleo de Educação a Distância - NeadAv. Murilo Dantas, 300 - FarolândiaPrédio da Reitoria - Sala 40CEP: 49.032-490 - Aracaju / SETel.: (79) 3218-2186E-mail: [email protected]: www.ead.unit.br

Impressão:Gráfica GutembergTelefone: (79) 3218-2154E-mail: [email protected]: www.unit.br

Copyright © Universidade Tiradentes

P659l Pinto, Daniel Neves.Língua brasileira de sinais-libras. / Daniel

Neves Pinto. – Aracaju : UNIT, 2010.

168 p. : il.

Inclui bibliografia

1. Linguagens de gestos dos surdos e dos surdos-mudos. 2. Língua brasileira de sinais. 3. Língua de sinais. 4. Comunicação gestual. I. Universidade Tiradentes (UNIT). Pró-Reitoria Adjunta de Ensino a Distância. II. Título.

CDU: 81’221.24

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Prezado(a) estudante, A modernidade anda cada vez mais atrelada ao tempo, e a

educação não pode ficar para trás. Prova disso são as nossas disci-plinas on-line, que possibilitam a você estudar com o maior confor-to e comodidade possível, sem perder a qualidade do conteúdo.

Por meio do nosso programa de disciplinas on-line você pode

ter acesso ao conhecimento de forma rápida, prática e eficiente, como deve ser a sua forma de comunicação e interação com o mundo na modernidade. Fóruns on-line, chats, podcasts, livespace, vídeos, MSN, tudo é válido para o seu aprendizado.

Mesmo com tantas opções, a Universidade Tira-

dentes optou por criar a coleção de livros Série Biblio-gráfica Unit como mais uma opção de acesso ao conhe-cimento. Escrita por nossos professores, a obra contém todo o conteúdo da disciplina que você está cursando na modalidade EAD e representa, sobretudo, a nossa preocupação em garantir o seu acesso ao conhecimento, onde quer que você esteja.

Desejo a você bom aprendizado e muito sucesso!

Professor Jouberto Uchôa de MendonçaReitor da Universidade Tiradentes

Apresentação

iblio-onhe-ntém ando

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Sumário

Parte I: História, Cultura e Linguística da Libras .................11

Tema 1: Aspectos Históricos, Conceituais e Sociais ...........13 1.1 Nomenclaturas e conceitos sobre língua e

linguagem ..................................................................... 14

1.2. Fundamentos históricos e culturais da língua

brasileira de sinais ....................................................... 21

1.3 Aspectos biológicos e suas definições ....................... 31

1.4 Iniciação à língua .......................................................... 43

Tema 2: Estudos Linguísticos ................................................552.1 Léxico, vocabulários icônicos e arbitrários ................. 55

2.2 Estruturas sub-lexicais e suas expressões não

manuais. ....................................................................... 61

2.3 Morfologia e seus estudos internos ............................ 72

2.4 Diferenças Básicas em LIBRAS .................................... 78

Parte II: Surdez: Interação e Implicações .............................87

Tema 3: Surdez e Interação ...................................................893.1 Aspectos comunicativos corporais e classificadores ......89

3.2 Interação argumentativa com estrutura da surdez e

família ............................................................................ 97

3.3 Interação através da língua de sinais ........................ 103

3.4 Surdez, sociedade em seu processo de inclusão ..... 111

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Tema 4: Língua de Sinais: Saberes e Fazeres ...................119 4.1 Aspectos pedagógicos em suas possibilidades no

contexto de ensino-aprendizagem ............................ 119

4.2 Possibilidades de trabalho ......................................... 132

4.3 Conduta e legislação .................................................. 138

4.4 Frases em expressões da libras ................................. 149

Referências ............................................................................159

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Concepção da Disciplina

Ementa

Fundamentos históricos, socioculturais e definições referentes à Língua Brasileira de Sinais. Legislação e conceitos sobre língua e linguagem. Entendimentos dos conhecimentos necessários para a inclusão dos surdos quanto aos aspectos Biológicos, Pedagógicos e Psicossociais.

Objetivos

- Compreender os fundamentos históricos, culturais e psicossociais da Língua de Sinais, nomenclaturas e seus conceitos, auxiliando no processo das ações inclusivas;

- Conhecer noções legislativas, utilizando-as de forma coesa;

- Conhecer os aspectos patológicos da surdez, possibilitando uma reflexão sobre o preconceito vivido no contexto dos surdos;

- Desenvolver noções práticas de verbalização e Sinalização da Língua de Sinais junto a sua estrutura lexical, morfológica, sintaxe, semântica e pragmática, colocando em prática a Língua Brasileira de Sinais;

- Estimular embasamento cênico, teórico, prático, técnico e pedagógico, acrescentando tais embasamentos em suas práticas interpretativas;

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- Despertar, no aluno, o interesses em trabalhar com os surdos;

- Compreender os conhecimentos básicos e domínios necessários para a comunicação com pessoas surdas, facilitando a inclusão social, possibilitando a relação interpessoal através do uso da Libras;

- Utilizar Libras com coesão e coerência para que haja entendimento.

Orientações para Estudo

A disciplina propõe orientá-lo em seus procedimentos de estudo e na produção de trabalhos científicos, possibilitando que você desenvolva em seus trabalhos pesquisas, o rigor metodológico e espírito crítico necessários ao estudo.

Tendo em vista que a experiência de estudar a distância é algo novo, é importante que você observe algumas orientações:

•Cuide do seu tempo de estudo! Defina um horário regular para acessar todo o conteúdo da sua disciplina disponível neste material impresso e no Ambiente Virtual de Apren-dizagem (AVA). Organize-se de tal forma para que você possa dedicar tempo suficiente para leitura e reflexão;

• Esforce-se para alcançar os objetivos propostos na disciplina;

• Utilize-se dos recursos técnicos e humanos que estão ao seu dispor para buscar esclarecimentos e para aprofundar as suas reflexões. Estamos nos referindo ao contato permanente

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com o professor e com os colegas a partir dos fóruns, chats e encontros presencias. Além dos recursos disponíveis no Ambiente Virtual de Aprendizagem – AVA.

Para que sua trajetória no curso ocorra de forma tranquila, você deve realizar as atividades propostas e estar sempre em con-tato com o professor, além de acessar o AVA.

Para se estudar num curso a distância deve-se ter a clareza que a área da Educação a Distância pauta-se na autonomia, respon-sabilidade, cooperação e colaboração por parte dos envolvidos, o que requer uma nova postura do aluno e uma nova forma de con-cepção de educação.

Por isso, você contará com o apoio das equipes pedagógica e técnica envolvidas na operacionalização do curso, além dos re-cursos tecnológicos que contribuirão na mediação entre você e o professor.

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Parte I

HISTÓRIA, CULTURA E LINGUÍSTICA DA LIBRAS

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1 Aspectos Históricos,

Conceituais e Sociais

A Língua Brasileira de Sinais (Libras) surge com a perspectiva

de apoiar a implementação da Educação Especial tão enfocada na

Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. O Poder Público

instituiu a Lei nº 10.436, de 24 de abril de 2002, regulamentada

pelo Decreto nº 5626, de 22 de dezembro de 2005, que dispõem

sobre a Língua Brasileira de Sinais – Libras. Tal Decreto apoia

a educação da Língua de Sinais como disciplina, assegurando

aos Surdos o atendimento especializado. Dentro deste contexto,

alicerça-se uma proposta inovadora sempre com o objetivo de

consolidar a comunicação e a efetiva integração na vida em

sociedade.

Neste tema, iremos conhecer conceitos culturais e históricos

da língua de sinais e dos surdos com seus aspectos biológicos e

linguísticos.

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14 Língua Brasileira de Sinais - Libras

1.1 NOMENCLATURAS E CONCEITOS SOBRE LÍNGUA E LINGUAGEM

Para você, o que é Libras ou LSB?

Libras é a sigla pronunciada nacionalmente para Língua Brasileira de Sinais difundida pela Federação Nacional de Educação e Integração de Surdos (FENEIS).

A Língua de Sinais é a língua natural, materna, primeira língua (L1) dos surdos e é usada pela maioria deles no Brasil.

Conforme Capovilla (2006, p.1479), “Língua de Sinais é o verdadeiro equipamento da vida mental do Surdo; ele pensa e se comunica apenas por este meio.” O surdo utiliza a modalidade linguística quiroarticulatória-visual, ou seja, através das mãos e dos olhos e não oroarticulatória-auditiva, que se dá através da oralização (boca) e ouvido.

A Libras é também conhecida como LSB (Língua de Sinais Brasileira), sigla que segue padrões internacionais de denominação das línguas de sinais, assim como a American Sign Language (LSA), ou seja, Língua de Sinais Americana, bem como a Língua de Sinais Francesa (LSF), Língua de Sinais Mexicana (LSM), etc.

Para você entender melhor, Língua Brasileira não existe, filosoficamente falando, o correto é “Língua de Sinais Brasileira”, pois, o termo “língua de sinais” constitui uma unidade vocabular, ou seja, funcio-na como se as três palavras (língua, de e sinais) fossem uma só. Não existe uma Língua Brasileira (em sinais ou falada).

Além das formas de escrever ou pronunciar a Língua Brasileira de Sinais, temos que atentar para seu significado.

A correta é “Libras” e não “LIBRAS”. Quando foi divulgado o uso da sigla “LIBRAS”, explicava-se esta sigla da seguinte forma: LI de Língua, BRA de Brasileira, e S de Sinais. Com a grafia “Libras”, a

É importante estar

sempre anotando

suas reflexões.

DICA:

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15Língua Brasileira de Sinais - Libras

sigla significa: Li de Língua de Sinais, e bras de Brasileira, assim, deixa claro que Libras não é simplesmente gestos, é uma língua com estruturas linguísticas que compreende e comunica e que ainda cabe na palma das mãos.

A Língua de Sinais é a língua natural, materna, primeira língua (L1) dos surdos e é usada pela maioria dos surdos no Brasil.

Conforme Capovilla (2006, p.1479), “Língua de Sinais é o verdadeiro equipamento da vida mental do Surdo; ele pensa e se comunica apenas por este meio”. O surdo utiliza a modalidade linguística quiroarticulatória-visual e não oroarticulatória-auditiva.

Ao contrário do que muitos imaginam, a Língua de Sinais não se constitui simplesmente de mímicas e gestos soltos, uti-lizados pelos surdos para facilitar a comunicação. É uma língua com estruturas gramaticais próprias.

Atribui-se às Línguas de Sinais o status de línguas porque elas também são compostas pelos níveis linguísticos: o fonológico, o morfológico, o sintático e o semântico.

O que é denominado palavra ou item lexical nas línguas oral-auditivas é denominado sinal nas línguas de sinais.

O que diferencia a Língua de Sinais das demais línguas é a sua modalidade visual-espacial.

Assim, uma pessoa que entra em contato com uma Língua de Sinais irá aprender outra língua, como o Inglês, Espanhol, etc.

A Língua Brasileira de Sinais e a Língua Portuguesa têm uma vasta diferença desde a língua pronunciada até a escrita.

Veja algumas diferenças entre a Língua Brasileira de Sinais e a língua portuguesa:

- a primeira diferença você já sabe: através da Língua de Sinais se fala com as mãos e a Língua Portuguesa fala-se com a boca;

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16 Língua Brasileira de Sinais - Libras

Muitas diferenças são claras tais como as descritas acima, e outras são percebíveis quanto a sua gramática. Vamos conferir algumas delas apresentadas por Quadros (2003, p. 84):

- a Língua de Sinais é visual-espacial e a Língua Portuguesa é oral-auditiva;

- a Língua de Sinais é baseada nas experiências das comuni-dades surdas mediante as interações culturais surdas, en-quanto a Língua Portuguesa constitui-se baseada nos sons;

- a Língua de Sinais apresenta uma sintaxe espacial incluindo os chamados classificadores1. A Língua Portuguesa usa uma sintaxe linear utilizando a des-crição para captar o uso de classificadores;

- a Língua de Sinais utiliza a estrutura tópico-comentário, en-quanto a Língua Portuguesa evita este tipo de construção;

- a Língua de Sinais utiliza a estrutura de foco através de repetições sistemáticas. Este processo não é comum na Língua Portuguesa;

- a Língua de Sinais utiliza referências anafóricas através de pontos estabelecidos no espaço que exclui ambigüidades que são possíveis na língua portuguesa;

- a Língua de Sinais não tem marcação de gênero, enquanto que na Língua Portuguesa o gênero é marcado a ponto de ser redundante que envolve na última letra como “a” para feminino e “o” para masculino;

1 É um recurso visual da

Libras que utilizamos para

deixar a sinalização com mais

vida, ou seja, ela é feita de forma

que fique clara a mensagem.

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17Língua Brasileira de Sinais - Libras

- a Língua de Sinais atribui um valor gramatical às expressões faciais. Esse fator não é considerado como relevante na Lín-gua Portuguesa, apesar de poder ser substituído pela pro-sódia;

- coisas que são ditas na Língua de Sinais não são ditas usando o mesmo tipo de construção gramatical na língua Portuguesa. Assim, encontramos diversos contextos que em Português consideraríamos grande enquanto que em Libras poderá ser feito com apenas um sinal;

- a escrita da Língua de Sinais não é alfabética.

INTÉRPRETEPessoa que interpreta de uma língua

fonte para uma língua alvo2.

INTÉRPRETE DE LÍNGUA DE SINAISPessoa que interpreta de uma língua

qualquer para a Língua de Sinais ou Língua de Sinais para outra determinada língua.

LÍNGUAÉ um sistema de signos compartilhado por uma comuni-

dade linguística comum. Há uma raiz, tem seus fundamentos e pesquisas sobre ela. A fala ou os sinais são expressões de di-ferentes línguas. A língua é um fato social, ou seja, um sistema coletivo de uma determinada comunidade linguística. A língua é a expressão linguística que é tecida em meio a trocas sociais, culturais e políticas. As línguas naturais apresentam proprieda-des específicas da espécie humana: são recursivas (a partir de um número reduzido de regras, produz-se um número infinito de frases possíveis, são criativas, dispõem de uma multiplicida-

2 Língua Fonte: é a

língua que o Intérprete

ouve ou vê para, a partir

dela, fazer a interpreta-

ção para a língua alvo.

Língua alvo: é a língua

para a qual será feita a

interpretação.

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18 Língua Brasileira de Sinais - Libras

de de funções (argumentativa, poética, conotativa, informativa, persuasiva, e motiva etc.) e apresentam formas e significados. (QUADROS, 2003, p. 7).

Portanto, o correto é “Língua de Sinais” por-que se trata de uma língua viva e, logo, a quan-

tidade de sinais está em aberto, podendo ser acrescentados novos sinais.

“Nome”, assim como no desenho do sinal representado ao lado, é uma língua e não lin-guagem.

LÍNGUA ORAL-AUDITIVA

É a língua falada com a boca, utiliza a audição e o vocal para

compreender e produzir os sons que formam as palavras.

LÍNGUA VISUAL- ESPACIAL

Refere-se à língua sinalizada, falada com as mãos, utiliza

a visão e o espaço para compreender e produzir os sinais e assim

formam a estrutura da língua.

LINGUAGEM

São diversas formas de trans-

missão como sistema de símbolos

e serve como meio de comunicação,

ideias ou sentimentos através de sig-

nos convencionais, sonoros, gráficos, gestuais etc., podendo ser

percebida pelos diversos órgãos dos sentidos, o que leva a dis-

tinguirem-se várias espécies de linguagem: visual, auditiva, tátil,

etc., ou, ainda, outras mais complexas, constituídas, ao mesmo

tempo, de elementos diversos.

Fonte: http://www.elapsus.it

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19Língua Brasileira de Sinais - Libras

Quadros (2003, p. 7) afirma que linguagem são gestos,

sinais, sons, símbolos ou palavras, usados para representar

conceitos de comunicação, ideias, significados e pensamentos.

TRADUÇÃOÉ a atividade que envolve um texto de uma língua fonte trans-

plantando-a para uma língua alvo da forma mais exata possível. Mas, o tradutor que irá fazer a ponte, terá tempo hábil para con-cluir a tradução, assim sendo, o profissional poderá pesquisar livros, dicionários, internet, outros profissionais etc.

INTERPRETAÇÃOAção que consiste em estabelecer o processo transitório

da comunicação verbal para sinalização ou da comunicação sinalizada para verbalização simultâneamente, intermitente ou consecutivamente:

- Interpretação SimultâneaAcontece simultaneamente, ou seja, ao mesmo tempo.

O Intérprete ouve/vê a informação da língua fonte, processa a informação e, posteriormente, faz a passagem para a outra língua (língua alvo).

- Interpretação IntermitenteÉ o processo de interpretação feita sentença por sentença,

ou seja, o enunciador passa sua ciência em trechos enquanto o Intérprete processa a informação, faz a interpretação e, logo após, o enunciador entra novamente com sua oração e assim sucessivamente.

- Interpretação ConsecutivaÉ a forma interpretativa de uma língua para outra onde o

Intérprete ouve/vê o enunciado em uma língua fonte, processa a

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20 Língua Brasileira de Sinais - Libras

informação e faz a passagem para a língua alvo após a conclusão do enunciador, ou seja, o enunciador apresenta todos os seus contextos e após sua conclusão o Intérprete entra com sua interpretação.

SURDOS OU DEFICIENTES?Profissionais ligados à educação dos surdos e médicos

especialistas ligados à área têm utilizado largamente o termo Deficiente Auditivo (DA). O uso da expressão deficiente auditivo já foi muito criticado refletindo uma visão. Nela, o surdo é visto como portador de uma enfermidade localizada que precisa ser tratada, para que seus efeitos sejam debelados.

Todas as investigações atuais têm chamado a atenção para a adequação do emprego do termo “Surdo”. Esta expressão é optada pelos próprios surdos e comunidades surdas do Brasil.

É muito importante considerar que o surdo difere do ouvinte, não apenas porque não ouve, mas porque desenvolve potencia-lidades psico - culturais próprias. Surdo-mudo, provavelmente, é a mais antiga e incorreta designação atribuída aos surdos.

No plano pessoal, a decisão quanto a usar o termo “pessoa com deficiência auditiva” ou os termos “pessoa surda” e ”surda”, fica por conta de cada pessoa. Geralmente, pessoas com surdez leve, moderada ou acentuada referem-se a si mesmas com tendo uma deficiência auditiva. Já as que têm surdez severa, profunda ou anacusia3 preferem ser consideradas surdas.

SURDO OU MUDO?O fato de uma pessoa ser surda não

significa que ela seja muda. Pessoas surdas não falam porque não aprenderam a falar. Muitas fazem a leitura labial, e podem fazer muitos sons com a garganta como rir, afinal, os surdos não são mudos.

3 Perda auditiva

devido ao fator

idade.

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21Língua Brasileira de Sinais - Libras

Para Refletir

Quanto à pessoa surda:

Como a chamaremos? Como nos referiremos a ela?

• De Surdo, Deficiente auditivo ou Mudo?

• E os termos: Quais são os corretos?

• Linguagem de Sinais ou Língua de Sinais?

1.2. FUNDAMENTOS HISTÓRICOS E CULTURAIS DA LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS

A Libras (Língua Brasileira de Sinais) é de origem francesa.

A Língua de Sinais não é universal e cada país possui a sua pró-

pria língua, que sofre as influências da cultura nacional.

Como qualquer outra língua, ela também possui expres-

sões que diferem de região para região (os regionalismos), o que

a legitima ainda mais como língua.

FUNDAMENTOS HISTÓRICOS

A história dos Surdos registra os acontecimentos históricos,

como grupo que possui uma língua, uma identidade e uma cultura.

Ao longo das eras, os Surdos travaram grandes batalhas

pela afirmação da sua identidade, de sua comunidade, da sua

língua e da sua cultura, até alcançarem o reconhecimento que

têm hoje, na era moderna.

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22 Língua Brasileira de Sinais - Libras

Até a Idade Média

No EgitoOs Surdos eram adorados, como se

fossem deuses, serviam de mediadores entre os deuses e os Faraós, sendo temi-dos e respeitados pela população.

ChinaOs chineses lançavam os surdos ao

mar para não deixar marcas ou chances de se reproduzirem.

GáliaOs gauleses sacrificavam os surdos para o deus Teutates4

a fim de receber bens.

Esparta

Os surdos eram lançados do alto dos rochedos para não

terem como sobreviver. Historiadores dizem que, após a morte,

os surdos eram entregues às águias e aos leões.

Grécia

Os Surdos eram encarados como seres incompetentes.

Aristóteles, ensinava que os que nasciam surdos, por não

possuírem linguagem, não eram capazes de raciocinar.

Os Romanos

Influenciados pelo povo grego, tinham ideias semelhantes

acerca dos Surdos, vendo-os como seres imperfeitos, sem direito

a pertencer à sociedade. Era comum lançar as crianças surdas

(especialmente as pobres) ao rio Tibre.

4 “pai do povo”,

“deus tribo”. Teutates

está associado às guer-

ras, mas aparece muitas

vezes como um Deus da

fertilidade e abundância.

Era considerado o Rei

do Mundo.

http://pt.wikipedia.org/wiki/

Teutates.

Page 24: Apostila de Libras EAD

23Língua Brasileira de Sinais - Libras

Turquia

Em Constantinopla (hoje Istambul), os Surdos realizavam

algumas tarefas, tais como o serviço de corte, como pajens das

mulheres, ou como bobos, de entretenimento do sultão.

Igreja Católica

Santo Agostinho defendia a ideia de que os pais de filhos

Surdos estavam a pagar por algum pecado que haviam cometido.

Acreditava que os Surdos podiam comunicar por meio de gestos,

que, em equivalência à fala, eram aceitos quanto à salvação

da alma. A Igreja cria que os Surdos, diferentemente dos ouvintes,

não possuíam uma alma imortal, uma vez que eram incapazes

de proferir os sacramentos.

Curiosidade

John Beverley, em 700 d.C., ensinou um Surdo a falar, pela primeira vez

(em que há registro). Por essa razão, ele foi considerado por muitos

como o primeiro educador de surdos.

Fim da Idade Média e início do Renascimento

Época em que saiu da perspectiva religiosa para a perspectiva da razão, em que a deficiência passa a ser analisada sob a ótica médica e científica.

Idade Moderna Distinguiu, pela primeira vez, surdez de mudez. A expressão

surdo-mudo deixou de ser a cognome do Surdo.

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24 Língua Brasileira de Sinais - Libras

FrançaEm 1712, foi criada a primeira escola de Surdos do mundo:

o Instituto Nacional de Surdos-Mudos, em Paris. O Surdo foi reconhecido como ser humano e a partir deste momento viram que ensinar ao surdo a falar seria perda de tempo, que o ensino principal deveria ser a língua gestual.

Jean Massieu foi um dos primeiros professores surdos do mundo.

Idade Contemporânea até os dias de Hoje

Estados Unidos

Thomas Hopkins Gallaudet, americano, e ducador ouvinte,

abriu uma escola para surdos em Abril de 1817, a Escola de

Hartford. Gallaudet instituiu nessa escola a Língua Gestual

Americana. Ele usou, também, o inglês escrito e o alfabeto manual. Em 1830, já existiam nos Estados Unidos cerca de 30 escolas para surdos.

AlemanhaEm 1880 nasce Hellen Keller, na Alemanha. Hellen ficou

cega e surda aos 19 meses de idade, por causa de uma doença. Aos 7 anos Hellen havia criado cerca de 60 gestos (sinais) para se comunicar com os familiares. Hellen descreveu que a surdez é o mais infortune dos sentidos humanos.

Em 1880 nasce Hellen Keller, na Alemanha.

Fonte: http://www. farm1.static.flickr.com

Page 26: Apostila de Libras EAD

25Língua Brasileira de Sinais - Libras

ItáliaEm 1880 aconteceu o Congresso de Milão, que deixou obscura

a História dos surdos. Um grupo de ouvintes tomou a decisão de excluir a língua gestual do ensino de surdos, substituindo-a pelo oralismo. Em consequência disso, o oralismo foi a técnica preferida na educação dos surdos durante fins do século XIX e grande parte do século XX.

Uma década depois do Congresso de Milão, acreditava-se que o ensino da língua gestual quase tinha desaparecido das escolas em toda a Europa, e o oralismo espalhava-se para outros continentes.

BrasilNo período de 1500 a 1855, já exis-

tiam muitos surdos aqui no Brasil. Nessa época, a educação era precária, até que, em 1855 Hernest Huet, professor francês de surdos veio ao Brasil a convite de D. Pedro II para fundar a primeira escola de meninos surdos, a Imperial Instituto de Sur-dos – Mudos, atualmente Instituto Nacional de Educação de Surdos (INES) no Rio de Janeiro.

Desde o século XIX, as escolas tradicionais existentes no método oral mudaram de filosofia e, até hoje, boa parte delas vêm adotando a comunicação total5.

E m 1988, realizou-se o I Encontro Nacional de Intérpretes de Língua Brasileira de Sinais, organizado pela FENEIS. Foi a primeira vez que houve um intercâmbio entre Intérpretes do Brasil e a avaliação sobre ética do profissional Intérprete.

Somente em 24 de abril de 2002 foi reconhecida a Língua Brasileira de Sinais como língua oficial das comunidades surdas no Brasil. Este foi o primeiro e grande passo para o reconhecimento e formação do profissional Intérprete de Libras.

5 Expõe a criança à

língua oral acompanha-

da simultaneamente da

da Língua de Sinais, da

escrita e de quaisquer

outros meios que se

considerem importantes

para o seu desenvolvi-

mento.

Page 27: Apostila de Libras EAD

26 Língua Brasileira de Sinais - Libras

APARELHOS AUDI TIVOSEm 1898, os aparelhos usados

eram cornetas ou tubos acústicos e somente em 1948 surgiram apare-lhos com pilhas incorporadas e em 1953 começou a ser usado o tran-sistor em próteses.

Em 1970 aparecem as primeiras

tentativas de implantação coclear.

Esse tipo de implante sempre gerou

muita controvérsia nas comunidades surdas em todo o mundo.

Os argumentos a favor do

implante resumem-se ao aces-

so à língua oral, na idade crítica

de aquisição, que a cirurgia é

simples e segura e com a pos-

sibilidade de proporcionar à

criança uma vida social com

som, e não com deficiência.

CULTURA SURDA E SUA IDENTIDADE

Ao longo dos séculos os surdos foram formando uma cultura própria centrada principalmente em sua forma de comunicação. Hoje, no Brasil, encontraremos em quase todos os grandes polos associações de surdos, onde eles se reúnem e convivem socialmente.

Os surdos têm uma cultura de característica própria, são utilizadores de uma comunicação espaço-visual, ou seja, comunica-se através da visão e de sinais explorados no espaço.

implantação coclear

Fonte: http://www.samaritano.org.br

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27Língua Brasileira de Sinais - Libras

O processo de busca por uma identidade de uma pessoa com surdez pode ser afetado desde o seu processo de aprendi-zagem, pois, é o período em que os pais descobrem a surdez.

Por anos, muitos têm avaliado mal o conhecimento pessoal dos surdos. Alguns acham que os surdos não sabem praticamente nada, porque não ouvem nada. Há pais que superprotezem seus filhos surdos ou temem integrá-los no mundo dos ouvintes. Outros encaram a Língua de Sinais como primitiva, ou inferior, à língua falada. Não é de admirar que, com tal ignorância, alguns surdos se sintam oprimidos e incompreendidos.

Todos sentem a necessidade de ser entendidos. Aparen-tes inaptidões podem ofuscar as verdadeiras habilidades e cria-tividades do surdo. Em contraste, muitos surdos consideram-se “capacitados”. Comunicam-se fluentemente entre si, desenvol-vem autoestima e têm bom desempenho acadêmico, social e es-piritual. Infelizmente, os maus-tratos que muitos surdos sofrem levam alguns deles a suspeitar dos ouvintes.

Uma boa comunicação com uma pessoa surda é feita exclu-sivamente por contato visual. De fato, quando duas pessoas con-versam em Língua de Sinais é considerado rude desviar o olhar e interromper o contato visual.

Como chamar a atenção de um surdo? Em vez de chamar ou usar o nome da pessoa é melhor dar

um leve toque no ombro ou no braço dela, acenar se a pessoa estiver perto ou, se estiver distante, fazer um sinal com a mão para outra pessoa chamar a atenção dela. Dependendo da situ-ação, da distância e do local físico, pode-se dar umas batidinhas no chão ou fazer piscar a luz. Esses e outros métodos apropria-dos de captar a atenção dão reconhecimento à experiência dos Surdos e fazem parte da cultura surda.

Muitas pessoas não deficientes ficam confusas quando encontram uma pessoa surda. Isso é natural. Todos podem se sentir desconfortável diante do “diferente”. Mas esse desconforto diminui e pode até mesmo desaparecer quando existem muitas oportunidades de convivência entre surdos e ouvintes

Page 29: Apostila de Libras EAD

28 Língua Brasileira de Sinais - Libras

Ao tratar um surdo como se ele não

tivesse uma deficiência, estaríamos igno-

rando uma característica muito impor-

tante dele. Dessa forma, não estaríamos

nos relacionando com ele, mas com ou-

tra pessoa, que não é real.

As pessoas com surdez têm o di-

reito, podem e querem tomar suas pró-

prias decisões e assumir a responsabili-

dade por suas escolhas.

Por causa da surdez, é evidente que o surdo venha a ter

dificuldades para desempenhar algumas atividades. Mas por

outro lado, poderá ter uma extraordinária habilidade para fazer

outras coisas como os ouvintes. Por exemplo: os surdos conse-

guirão promover diversas prestezas que o ouvinte não conseguirá

desenvolver.

A maioria das pessoas com surdez não se importa de res-

ponder perguntas a respeito da sua característica ou sobre como

realiza algumas tarefas. Quando alguém deseja alguma informação

de uma pessoa surda, o correto seria dirigir-se diretamente a ela,

e não a seus acompanhantes ou intérpretes.

Como as pessoas surdas não podem ouvir mudanças sutis

de tom de voz, que indicam sentimentos de alegria, tristeza, sar-

casmo ou seriedade, as expressões faciais e corporais, são exce-

lentes indicações do que se quer dizer.

Em suma, os surdos são pessoas que têm os mesmos di-

reitos, os mesmos sentimentos, os mesmos receios, os mesmos

sonhos, assim como todos. Se ocorrer alguma situação emba-

raçosa, uma boa dose de delicadeza, sinceridade e bom humor nunca falham.

Quando dirigir-se ao

Surdo, nunca use os

termos: Deficiente

Auditivo, D.A.,

Surdo-mudo, Surdinho e

Mudinho, estes

NÃO são termos corretos.

DICA:

Page 30: Apostila de Libras EAD

29Língua Brasileira de Sinais - Libras

Dentro da comunidade surda, existem três tipos de surdos: surdos sinalizadores, surdos oralizadores e surdos bimodais.

SURDOS SINALIZADORES São os surdos que utilizam seu

meio de comunicação única e exclusi-vamente através da Língua de Sinais. Quando da comunicação com este tipo de surdo, a pessoa deverá ficar em lugar iluminado, evitando também fi-car contra a luz (de uma janela, ou re-fletor, por exemplo), pois isso dificulta a visão das mãos. Quando o surdo não oralizado estiver acompa-nhado de um intérprete, dirigir-se sempre a ele, não ao intérprete. Segundo o censo do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) de 2000, o país possui cerca de 5,7 milhões de defi-cientes auditivos.

SURDOS ORALIZADOS São os Surdos que comunicam apenas pela oralização, ou

seja, pela leitura labial e fala. Estes surdos desenvolveram sua técnica vocal através da ajuda de profissionais que abordam a saúde vocal. Com os surdos, devemos falar de maneira clara, pronunciando bem as palavras, sem exageros, usando a veloci-dade normal, a não ser que ela peça para falar mais devagar. Usar um tom normal de voz, a não ser que peçam para falar mais alto. Falar diretamente com a pessoa, não de lado ou atrás dela. Fazer com que a boca esteja bem visível. Gesticular ou segurar algo

Curiosidade

Hoje, no Brasil, existem aproximadamente 5,7 milhões de

surdos. (IBGE, 2005).

Caso necessário,

comunique com o surdo

através de bilhetes. O

importante é

comunicar,

independente do

método.

DICA:

Page 31: Apostila de Libras EAD

30 Língua Brasileira de Sinais - Libras

em frente à boca torna impossível a leitura labial. O uso de bigode atrapalha a configuração dos lábios. Se a pessoa surda tiver difi-culdade em entender, avisará. Ser expressivo ao falar.

Como as pessoas surdas não podem ouvir mudanças sutis de tom de voz, que indicam sentimentos de alegria, tristeza, sarcasmo ou seriedade, as expressões faciais, os gestos ou sinais e o movimento do corpo são excelentes indicações do que se quer dizer. Conluíndo, no fim de uma conversa com um surdo você terá um feedback positivo ou negativo que é o retorno visual se ele compreendeu ou não.

SURDOS BIMODAIS São os surdos que utilizam dos dois modos anteriores ao

mesmo tempo, ele sinaliza e oraliza no mesmo instante, ou seja, é o uso de duas línguas distintas ao mesmo tempo. E é diferente do Bilinguismo, que é o conhecimento e o domínio de duas línguas distintas.

Para Refletir

• A língua de sinais teve um desenvolvimento muito gran-de até os dias de hoje. Como você tem discernido a Língua de Sinais para seu crescimento pessoal?

• Em sua comunidade, trabalho ou bairro há surdos? Tente conversar com eles, a prática é a melhor maneira de aprender a Língua Sinalizada.

• Como os surdos têm sido vistos e, consequentemente, tratados na sociedade brasileira?

Não necessita gritar com

um surdo oralizado,

ele vai ler os lábios e

não lhe ouvir.

DICA:

Page 32: Apostila de Libras EAD

31Língua Brasileira de Sinais - Libras

1.3 ASPECTOS BIOLÓGICOS E SUAS DEFINIÇÕES

Antes de conhecer as verdadeiras patologias6 da surdez, é importante buscar e compreender as funções básicas da audição, sentido esse que controla a lin-guagem e a fala.

LOCALIZAÇÃO E IDENTIFICAÇÃOEstabelece de onde vem a direção e a fonte sonora. Exemplo:

O chamado de uma pessoa.

ALERTAEsta possibilita atentar os estímulos de curiosidade

e periculosidade que nos rodeia como, por exemplo, uma moto em nossa direção.

SOCIALIZAÇÃOFunção que nos estimula a entrar em contato com outras

pessoas. Para saber melhor, revise o tema I no livro de Funda-mentos Antropológicos e Sociológicos.

INTELECTUALAs principais informações são transmitidas e captadas por

mídias através do meio oral.

COMUNICAÇÃOVisto que a fala é um dos instrumentos de comunicação

mais utilizados no mundo, sua compreensão depende de um nível de audição.

Os sons percorrem um caminho que compreende desde o meio ambiente, passando pelo ouvido externo, médio, interno, nervo auditivo e seguindo até o cérebro.

6 Patologia é o

estudo das doenças.

Page 33: Apostila de Libras EAD

32 Língua Brasileira de Sinais - Libras

Com base no site de medicina da USP (otorrinousp.org.br),

no livro de Sobotta (1995) e Pedroso (2006) apresenta-se a parte

biológica do ouvido humano.

- OUVIDO EXTERNO

É constituído pelo pavilhão auricular,

pelo conduto auditivo externo e pela mem-

brana timpânica. Estas estruturas são

responsáveis pela captação e condução

dos sons. - OUVIDO MÉDIO

Nela encontramos os ossículos, ou seja, os três menores ossos do

corpo humano: martelo, bigorna e estribo. A orelha média é responsável pela transfor-

mação da energia sonora em energia mecâni-ca, e pela proteção da orelha interna de sons muito intensos, por meio da contração de um

músculo chamado estapédio.

- OUVIDO INTERNO

Possui formato de caracol e com-

preende a cóclea e os canais semicir-

culares. Nestes canais, encontram-se

as estruturas responsáveis pelo equi-

líbrio e na cóclea há o órgão de Corti,

que transforma a energia mecânica em impulso nervoso.

Do ouvido interno, o som é conduzido pelo nervo auditivo

e demais estruturas da via auditiva até chegar ao córtex cerebral.

Page 34: Apostila de Libras EAD

33Língua Brasileira de Sinais - Libras

Para ter uma compreensão mais clara do funcionamento destes três ouvidos, vamos unir estas informações.

O som(1) é captado pelo pavilhão auricular(2), passa pelo conduto auditivo(3) e é transmitido à membrana timpânica(4), fa-zendo-a vibrar. Essa vibração é transmitida aos ossículos (marte-lo 5, bigorna 6, e estribo 7. O estribo provoca a movimentação da membrana da janela oval(8), que liga o ouvido médio ao ouvido interno. Esta movimentação provocada pelo estribo faz com que ocorra um deslocamento nos líquidos que se encontram dentro da cóclea(9), estimulando o órgão de Corti, ocorrendo a trans-missão do impulso nervoso para o nervo auditivo(10). A partir desta transmissão, o som passa por diversas estruturas, até o cortex cerebral, onde é interpretado. (11) Canais semicirculares (12) Trompa de Eustáquio.

Se vier a acontecer alguma lesão em algumas dessas estruturas, poderá haver danos na sensibilidade auditiva.

A surdez consiste em um impedimento para detectar a energia sonora e, com isso, há graus de perdas auditivas, quais sejam:

Page 35: Apostila de Libras EAD

34 Língua Brasileira de Sinais - Libras

BARULHO ALTO

- Perda Leve ou Ligeira (26 a 40 dB)A palavra é ouvida, mas certos elementos foné-ticos ficam complicados de entender. Tem, por exemplo, dificuldade em compreender uma con-versa a uma distância superior a 3 metros. Neste grau a surdez não provoca atraso na aquisição da linguagem, pode é ter defeitos de articulação e dificuldades em ouvir a voz em tom natural (são pessoas tidas como muito distraídas). Ne-

cessitam de ensino de leitura da fala e de estimulação da lin-guagem. Deve-se observar também uma posição adequada para conversar, ou seja, frente a frente.

- Perda Moderada (41 a 70 dB)Só consegue ouvir a palavra, quando

esta é de intensidade forte, alta.Verificam-se algumas dificuldades na

aquisição da linguagem e algumas perturba-ções da articulação da palavra, e da lingua-gem. Neste caso, o processo compensador é a leitura labial. Há também necessidade de treino auditivo e estimulação da lingua-gem. Pergunta-se muito “hein, o quê”? Troca palavras fonetica-mente semelhantes como (linha/pinha, mão/não, pão/cão).

- Perda Severa (71 a 90 dB)O Indivíduo não consegue perceber a palavra normal. É necessário gritar para que exista uma sensação auditiva verbal. Estas pessoas têm algumas dificuldades na aquisição da linguagem. Necessitam já de cuidados especiais no treino auditivo, leitura da fala e estimulação da linguagem. Escutam somente sons fortes como: ba-rulho da moto, do caminhão, serra elétrica, etc.

Fonte: www.sxc.hu

CRIANÇA DISTRAÍDACRIANÇA DISTRAÍDA

Fonte: www.sxc.hu

HE

IN, O

QU

Ê?

Page 36: Apostila de Libras EAD

35Língua Brasileira de Sinais - Libras

- Perda profunda (superior a 90 dB)Nenhuma sensação auditiva verbal

pode ser captada espontaneamente. Não é capaz de reagir de forma adequada aos sons ambientais, pois, escuta somente sons gra-ves que transmitam vibrações, como trovão, aviões, foguetes, etc.

As perdas auditivas podem ter diversas origens: congêni-tas, quando o problema ocorreu antes do nascimento ou adquiri-das quando aconteceu no Peri (durante) ou pós-natal.

Para conhecer as causas da surdez, teremos como auxílio os sites (abcdasaude.com.br) e (otorrinousp.org.br).

CAUSAS PRÉ - PARTO

- hereditariedade: é transmitido geneticamente de geração em geração, particularmente quando existem casos de surdez na família.

adquiridas pela mãe durante a gestação:

- rubéola: vírus que é transmitido por via respiratória infecta-da por mulheres grávidas. É a principal causa congênita;

- sífilis: adquirida na relação sexual, esta bactéria pode causar várias consequências ao bebê;

- toxoplasmose: parasita presente em animais domésticos, como cachorro, gato etc. A gestante contamina o feto através da placenta, provocando sérias complicações, principalmente nos três primeiros meses de gestação e pode acontecer de o bebê nascer com deficiência múltipla como surdez, retardo mental e visão subnormal;

ESTRONDO

Page 37: Apostila de Libras EAD

36 Língua Brasileira de Sinais - Libras

- citomegalovírus: vírus herpes que predomina principal-mente em regiões mais pobres. Dá-se por contágio prin-cipalmente por falta de cuidados higiênicos. Sua contami-nação pode acontecer ainda na gravidez ou durante sua passagem através do canal do parto;

- anomalias craniofaciais: anormalidades morfológicas do pavilhão auricular e do canal auditivo;

- medicamentos Oto tóxicos: a ingestão de drogas por mulheres grávidas leva à lesão do ouvido do bebê. Antibi-óticos, diuréticos e anti-hipertensivos. Além destas medi-cações, algumas outras substâncias são perigosas e estão presentes nas fórmulas de produtos domésticos como: monóxido de carbono, tabaco, mercúrio, álcool, arsênio e chumbo;

- exposição aos Raios X;- desnutrição materna;- incompatibilidade sanguínea: o sangue do bebê (Rh+), sendo diferente do sangue da mãe (Rh -), pode ocasionar, futuramente, problemas na saúde da criança.

durante e pós parto:

- herpes: doença sexualmente transmissível mais comum. A transmissão acontece durante o nascimento e pode até levar o bebê à morte;

- ruído ocupacional;

- hipóxia: diminuição da oferta de oxigênio para o feto durante o momento do nascimento;

Page 38: Apostila de Libras EAD

37Língua Brasileira de Sinais - Libras

- peso no nascimento inferior a 1,5 quilos;

- medicamentos Oto tóxicos: quando utilizados em múltiplas doses ou em combinação com diuréticos;

- distúrbios metabólicos;

- ventilação mecânica: o bebê fica exposto por cinco dias ou mais;

- permanência em incubadora por mais de sete dias;

- infecção por vírus ou bactérias: além da meningite, que é o maior causador da surdez em bebês, há outros como sarampo, caxumba e a otite média recorrente ou persis-tente por mais de três meses;

- traumas acústicos;

- lesões traumáticas: mais comum em traumatismos crânio-encefálicos;

- presbiacusia: perda auditiva gradual devido ao fator ida-de, ocorrência mais comum em pessoas com mais de 65 anos.

Surdez por condução:

- excesso de cera no ouvido;

- secreção na orelha média (Otite Secretora ou Otite Serosa);

- infecções agudas do ouvido (Otite Média Aguda);

Page 39: Apostila de Libras EAD

38 Língua Brasileira de Sinais - Libras

- infecções Crônicas do Ouvido (Otite média Crônica);

- perfuração timpânica, erosões dos ossículos;

- otosclerose ou aderências: Imobilização de um ou mais ossos do ouvido;

- tumores na orelha média.

Northern e Downs (1996 apud PEDROSO, 2006, p. 48) Uma em cada mil crianças nasce com surdez. Além disso, duas em mil adquirem a surdez na infância. No caso de as crianças possuirem fatores de risco para a surdez, essa proporção aumenta para uma criança em cinquenta.

Como vimos, são muitas as doenças que podem induzir a surdez em crianças e adultos. Percebe-se que a maior incidência é através da mãe, a qual deve manter seus cuidados até mesmo antes da gravidez.

Hoje, há vários diagnósticos e avaliações para um atendimen-to mais eficaz, contudo, a preven-ção e a detecção precoce são de fundamental importância para mi-nimizar suas consequências.

Após o nascimento de um bebê, deve ser feito, de preferên-cia em sua primeira semana de

vida, o Teste do Pezinho, que é um exame de prevenção reali-zado no recém-nascido com a finalidade de prevenir o desen-volvimento de doenças e permite identificar doenças graves que podem causar na criança. Todas as mães e pais podem e devem cobrar dos gestores municipais que disponibilizem

Page 40: Apostila de Libras EAD

39Língua Brasileira de Sinais - Libras

o exame grátis nos postos de saúde, mas, este teste não é um exame que diagnóstica uma surdez. Vários municípios do Brasil disponibilizam gratuitamente o Teste da Orelhinha (triagem auditiva neonatal).

É um programa de avaliação da audição em recém nascidos, indicada por institui-ções do mundo todo para diagnóstico pre-coce de perda auditiva.

Já as Emissões Oto acústicas Evocadas (EOAs) são indo-lores, com a colocação de um pequeno fone na parte externa do ouvido, com a duração médica de 3 a 5 minutos. Este sim é o primeiro exame a ser feito que pode diagnosticar a surdez ou um futuro problema de audição. Precocemente diagnosticado, a criança terá maiores condições no desenvolvimento da língua escrita e falada.

Além destes exames, vamos conhecer outros que poderão ser indicados:

- audiometria de tronco cerebral (BERA): avalia a audição periférica e a condução nervosa até o colículo inferior. É uma técnica não invasiva e objetiva, que pode ser aplicada em adultos e crianças de qualquer idade. O BERA é realizado dentro de uma cabine acústica, e utiliza 3 eletrodos de superfície, colocados na fronte e mastóides. O resultado é

expresso em um audiograma, que é um gráfico que revela as capacidades auditivas do paciente;

- imitanciometria: neste exame, uma pequena sonda é posicionada, de forma indolor, na entrada do conduto audi-tivo externo do paciente. Neste exame, consegue-se ob-ter dois tipos de testes:

Fonte: www.otorrinos24horas.com.br

Page 41: Apostila de Libras EAD

40 Língua Brasileira de Sinais - Libras

• timpanometria, que avalia a complacência da orelha média, ou seja, a condutância sonora das estruturas das orelhas externa e média

• reflexo estapédico, que avalia a integridade do arco reflexo estapediano e, por consequência, de forma indireta, as estruturas das orelhas média e interna, nervo auditivo e tronco cerebral. É de extrema utilidade para o diagnóstico das otites catarrais crônicas em crianças.

As classificações da surdez dependem da lesão no ouvido e de acordo com seu período ou época em que ocorreu a perda da audição.

TIPOS DE SURDEZ

Surdez Pré VerbalSão os surdos que nasceram ou perderam a audição antes

de terem desenvolvimento da fala e da linguagem.

Surdez Pós VerbalSão aqueles que perderam a audição após o desenvolvimento

da linguagem.

Se você perceber alguém que troca de letras na fala e na escrita, com dificuldade de aprendizado, desatento, sem amizades e sempre isolados, isto pode ser um indicativo de um problema na audição. Encaminhe-o para um especialista em otorrinolaringologia.

Surdo CegueiraÉ uma deficiência que apresenta a perda da audição e da

visão simultaneamente, impossibilitando o uso dos sentidos criando necessidades especiais de comunicação e causa extrema dificuldade na conquista de metas educacionais, vocacionais e sociais.

Page 42: Apostila de Libras EAD

41Língua Brasileira de Sinais - Libras

Alguns portadores de surdo cegueira são retraídos e isolados, pois, se deparam com a dificuldade de se comunicar, não apresentam curiosidade, normalmente apresentam problemas de saúde que acarretam sérios atrasos no desenvolvimento, não gostam do toque das pessoas, não conseguem se relacionar com as pessoas se encontram dificuldade na habilidade com a alimentação e com a rotina do sono, têm problemas de discipli-na, atrasos no desenvolvimento social, emocional e cognitivo e o mais importante, desenvolvem estilo único de aprendizagem. (HONORA, s/d, p. 122).

Durante este capítulo, podemos conhecer a classificação da surdez e o tipo de surdo. Pois bem, para todo esse retrospecto, há motivos para que essas reduções ou perdas auditivas aconteçam e para cada uma questionamos: Quando?

HONORA (s/d, 25-35), em diversos momentos apresenta

algumas informações quanto a:

CLASSIFICAÇÃO:

• surdo cegueira total;• surdez profunda com resíduo visual;• surdez moderada ou leve com cegueira;• surdez moderada com resíduo visual;• perdas leves, tanto auditivas quanto visuais.

TIPOS:

• cegueira congênita e surdez adquirida;• cegueira e surdez adquirida;• surdez congênita e cegueira adquirida;• baixa visão com surdez congênita ou adquirida;• cegueira e surdez congênita.

Page 43: Apostila de Libras EAD

42 Língua Brasileira de Sinais - Libras

CAUSAS: Alguns problemas e doenças podem causar surdo cegueira,

como:

• icterícia; • prematuridade;• sífilis congênita;• meningite;• síndrome de West;• anóxia;• fator RH negativo;• glaucoma;• síndrome de Usher;• toxoplasmose;• consanguinidade.

FATORES DE RISCO:

• epidemias de doenças como rubéola, sarampo, meningite;• doenças venéreas;• infecções hospitalares;• gravidez de risco;• Falta de saneamento básico.

Para Refletir

• Discuta com seus colegas: como podemos contribuir para a prevenção da surdez?

Page 44: Apostila de Libras EAD

43Língua Brasileira de Sinais - Libras

1.4 INICIAÇÃO À LÍNGUA

Neste conteúdo, vamos iniciar os conhecimentos da língua propriamente dita, necessitando de sua intensa leitura e prática sobre os conhecimentos passados.

ALFABETO MANUAL

O alfabeto manual é produzido por diferentes formatos

das mãos, que representam as letras do alfabeto escrito. Assim

também, tem uma função específica para apresentação pessoal,

“escrever” ou fazer a DATILOLOGIA no ar, o nome de pessoas e

lugares ou elementos que ainda não têm sinal. Em geral, é um

erro comparar o alfabeto manual com a Língua de Sinais.

Quando houver necessidade de fazer a datilologia de pa-

lavras compostas ou de duas ou mais palavras seguidas, entre

uma palavra e outra, dê uma pequena pausa (conte mentalmente

até dois) e faça a palavra seguinte.

Você conhecerá Intérpretes e até mesmo Surdos que usa-

rão o “empurro das palavras” (um tapinha no ar) para separar pa-

lavras, mas este método não se usa mais, hoje ele é comparado

ao braço da máquina de escrever, onde se deve dar um empur-

rão para dar início à linha de baixo.

Page 45: Apostila de Libras EAD

44 Língua Brasileira de Sinais - Libras

A B C D E

F G H I

J K L m

N O P Q

R S T U V

X Y W Z

A B C D E

F G H I

J K L M

N O P Q

R S T U V

X Y W Z

Page 46: Apostila de Libras EAD

45Língua Brasileira de Sinais - Libras

Quem é quem?

01 – Chico

02 – Carlos

03 – Joyce

04 – Renan

05 – Marilene

06 – Maria

07 – Joyene

08 – Carol

09 – Regis

10 – Denis

11 – Juninho

12 – Juliano

13 – Marcio

14 – Priscila

15 – Patricia

16 – Marisa

17 – José

18 – Lourdes

04 ( ) Renan15 ( )patricia05 ( ) marilene16 ( ) Marisa17 ( ) Jose11 ( ) juninho14 ( )priscila3 ( ) joyce9 ( ) regis7 ( ) joyene2 ( ) carlos13 ( ) marcio6 ( ) maria8 ( ) carol12 ( ) juliano10 ( ) Denis1 ( )Chico18 ( ) lourdes

Page 47: Apostila de Libras EAD

46 Língua Brasileira de Sinais - Libras

Praticando a datilologia (alfabeto manual)

Escreva o nome das palavras que se encontram no alfabeto manual.

Prato:Prata:Pato:Mata: Carro: Amiga: Viajar: Longe:Homem:Saboroso:

Page 48: Apostila de Libras EAD

47Língua Brasileira de Sinais - Libras

Para desenvolver com mais agilidade o alfabeto manual, pegue um livro

e acompanhe o texto com as mãos. Você deverá fazer a datilologia de

todas as palavras. Faça de forma clara e sem pressa. Rapidez nas mãos

não é prova de conhecimento. As configurações bem feitas em suas

mãos valem mais que a velocidade.

DICA:

Puxar: Caçar:Telefonar:

NÚMEROS

Em números, há uma especificidade entre as formas de fazer. Fique atento às duas formas, elas são importantes e farão diferenças em seu aprendizado.

Temos os números cardinais representativos de códigos, ou seja, serão descritos em contextos como: número de casa, horas, idade, dinheiro, número de roupas e calçados, número da sala de aula, explicativos, classifica-dores, ordem de chegada, etc.

Para fazer os números

com mais de uma casa

decimal, você faz os

números na ordem

repedindo-os em sinais.

DICA:

Page 49: Apostila de Libras EAD

48 Língua Brasileira de Sinais - Libras

Veja como são eles:

1 2 31 2 3

4 5 64 5 6

7 8 97 8 9

00

Agora vamos trabalhar com os números:

Sem pesquisar a folha anterior, efetue as operações.

12 + 35 =

987 + 1248 =

Page 50: Apostila de Libras EAD

49Língua Brasileira de Sinais - Libras

1000 + 6547=

9987 - 5421 =

14257 - 254 =

65 X 31 =

9 x 7 =

585 x 641=

8975146 : 2 =

465164 : 7 =

2196 : 2196=Acrescente o antecessor e sucessor dos números.

451

66574

2121524

Page 51: Apostila de Libras EAD

50 Língua Brasileira de Sinais - Libras

37

219

654

999

647787

112478

531841

3000

6187708

Outra forma de expressar os números é através dos numerais que usamos exclusivamente em contextos relacionados a quantidades como, por exemplo: 2 lápis, 5 livros, 1 casa, 3 amigos, etc..

Page 52: Apostila de Libras EAD

51Língua Brasileira de Sinais - Libras

Veja a seguir com é feita a datilologia dos números:

ABAIXO DAS MÃOS, ESCREVER OS NÚMEROS CORRESPONDENTES.

Após conhecer os números e suas estruturas, escreva (V) verdadeira ou (F) falsa nas estruturas com números cardinais e numerais.

( ) Moro na rua 21 de Abril número 118.

( ) Tenho 2 celulares.

( ) Brinquei com crianças de 12 anos.

( ) Tenho 7 anos e 2 meses.

( ) Comprei 32 livros.

DICA:

Assistir aos vídeos relacionados aos conteúdos é de grande importância

para o aprendizado diário, portanto, não deixe de fazer suas observações

quantas forem necessárias. Não fique em dúvida, você tem várias

ferramentas que possam lhe auxiliar.

Page 53: Apostila de Libras EAD

52 Língua Brasileira de Sinais - Libras

( ) Nas bibliotecas da UNIT há mais de 290 mil exemplares de livros.

( ) Estaremos de 8 h. às 22 h. para lhe atender.

( ) Este carro custou R$ 65 mil.

( ) Encontrei com 2 amigas e 1 amigo da faculdade UNIT.

( ) Compre 10 quilos de carne para o churrasco.

Para Refletir

• Você acha que com apenas o alfabeto manual nas mãos é o suficiente para atingirmos a comunicação ideal para com os surdos?

• Reflita, opine e discuta no Fórum do AVA suas ponderações sobre a reflexão.

Page 54: Apostila de Libras EAD

53Língua Brasileira de Sinais - Libras

Resumo

Diante das tantas informações e curiosidades buscadas para atender o processo de aquisição de conhecimento, comuni-cação e atendimento às pessoas com surdez, podemos perceber que a Língua Brasileira de Sinais vem, historicamente, ganhando seu espaço junto à comunidade brasileira, assim, já obtendo suas nomenclaturas atualizadas a favor de conceitos e de uma nova ideologia voltada aos surdos. A anatomia do ouvido e suas pato-logias é algo inegavelmente necessário para nosso conhecimen-to, pois, trazem respostas importantes para o desenvolvimento e aprendizado das pessoas com surdez. Observa-se que estamos iniciando a prática para nos comunicar com os surdos, e é atra-vés do alfabeto manual e os números que se pode inicialmente estimular um contato inicial. É importante que esta iniciação seja plena para podermos prosseguir nos estudos linguísticos da Língua Brasileira de Sinais.

Page 55: Apostila de Libras EAD
Page 56: Apostila de Libras EAD

2 Estudos Linguísticos

O objetivo temático presente é conhecer as estruturas gramaticais da língua de sinais dando embasamento para a criação do contexto, além de auxiliá-lo no encaixe dos parâmetros com os devidos movimentos dos sinais que encontraremos.

2.1 LÉXICO, VOCABULÁRIOS ICÔNICOS E ARBITRÁRIOS

Segundo Brito (1995), a Língua Brasileira de Sinais é constituída a partir de elementos de uma gramática formada das palavras ou itens lexicais e de um léxico que se estruturam a partir de mecanismos morfológicos, sintáticos e semânticos que apresentam características próprias e elementos básicos gerais. Essas estruturas, nos permitem fazer ironias, ditados populares e sentidos metafóricos.

Page 57: Apostila de Libras EAD

56 Língua Brasileira de Sinais - Libras

Sinal de televisão (isto é Libras)

(em Libras) AMIGO

LéxicoMuitos pensam que a Língua Brasileira de Sinais (Libras) é

apenas a comunicação através do alfabeto manual.Várias pessoas falam que sabem se comunicar através

da Libras, mas, na verdade, sabem apenas o alfabeto manual e acham que soletrar letra por letra (datilologia) em Libras já é a própria língua. Como por exemplo:

M-E-U N-O-M-E É ...E faz toda esta frase através do alfabeto. Issonão é Libras.

Podemos ser mais claros.AMIGOA – M – I – G – O (não é Libras)

TELEVISÃOT – E – L – E – V – I – S – Ã – O Soletrar em alfabeto manual não é Libras

FRANGO, este é o sinal em libras.

No entanto, Libras não é a escrita através

do alfabeto manual de uma palavra em Portu-

guês. Em escolas infantis virou moda e brinca-

deira falar com as mãos e Libras é muito mais

do que isso. Podemos compa-

rar a soletração manual com as palavras que

pegamos emprestadas do inglês como, por

exemplo, “e-mail”.

Frango (isto é Libras)

Page 58: Apostila de Libras EAD

57Língua Brasileira de Sinais - Libras

Acima podemos perceber que o empréstimo da palavra

em Português está soletrado. Os sinais em si, são o léxico ou

itens lexicais.

O alfabeto manual é um recurso usual e é oportunizado

nos momentos de expressar nomes próprios, lugares, palavras

desconhecidas ou, então, um meio de conferir a ortografia em

Português.

Sinais Icônicos e Arbitrários

Icônicos:

Qualquer leigo conseguiria entender este tipo de sinal. São

sinais visualmente característicos com o que estamos acostumados

a ver pela rua. Eles não são universais, mas transmitem o real.

Posso falar com toda certeza que ao menos 100 palavras

em sinais você já conhece, mesmo antes de terminar este livro.

Quero que você imagine e reflita qual sinal que poderia

ser encaixado neste desenho:

Page 59: Apostila de Libras EAD

58 Língua Brasileira de Sinais - Libras

Nas palavras abaixo, reflita como poderiam ser os sinais:

Tchau Mais ou menosQuantas horas Telefone

Correr FotografarDepois To nem aíLouco Chorar

Macaco DormirMau cheiro Dinheiro

Andar BeijarCoceira Corpão

Escovar dente BebêForte Calor

Carona VarrerLadrão RevólverPescar CigarroTonto Noivo

Chapéu Não

Como você já viu as palavras e fez os sinais, agora verá alguns sinais para você pensar qual é a palavra.

Beber

Garfo

Sorvete

Page 60: Apostila de Libras EAD

59Língua Brasileira de Sinais - Libras

Acredito que não encontrou dificuldade para idealizar os sinais e nem para acertar as palavras dos sinais acima. Além destas, há muitas outras que certamente você saberia fazer, mas nunca pararam para pensar como são.

Arbitrários: Os Sinais Arbitrários não parecem com a realidade, neces-

sitará um pouco mais de conhecimento da Língua de Sinais para conhecê-los e desenvolvê-los. São sinais sem regras e não possuem formas convencionais. Na verdade, um leigo verá o sinal e não entenderá nada do que está sendo dito.

Tente imaginar como seriam os sinais das palavras: água, tio, idade, queijo, amante, solteiro e conhecer. Você pode ter ima-ginado vários movimentos, sinais estranhos e cômicos, mas, não conseguirá se aproximar do correto, suas tentativas serão mais difíceis do que ganhar na loteria porque estes sinais não se parecem em nada com sua realidade.

Para você entender melhor o que são Sinais arbitrários, verá alguns sinais e, assim, tente descobrir qual é a palavra:

Ônibus

Professor

Barata

Page 61: Apostila de Libras EAD

60 Língua Brasileira de Sinais - Libras

Conseguiu decifrar os sinais?

Vamos lá, vou lhe ajudar...

Na primeira figura, vou dar uma dica: é um inseto. Os dedos estão relacionados às antenas do inseto.

Ficou fácil não é? “barata”.

Na segunda e terceira imagens relacionam-se os sinais de “professor” e “ônibus”. Você pode observar que estes sinais não são semelhantes com o real, portanto, são sinais arbitrários.

Para Refletir

• De forma simples, léxico é comparado a que na língua de sinais?

• Reflita de forma ampla sinais icônico presentes em sua vida.

Leão Coco Juros

Page 62: Apostila de Libras EAD

61Língua Brasileira de Sinais - Libras

2.2 ESTRUTURAS SUB-LEXICAIS E SUAS EXPRESSÕES NÃO MANUAIS.

Segundo Felipe (apud QUITES, s/d, p.1), “o sinal é formado a partir da combinação do movimento das mãos com um deter-minado formato em um determinado lugar, podendo este lugar ser uma parte do corpo ou um espaço em frente ao corpo”.

Podemos comparar os fonemas e, às vezes, os morfemas as articulações das mãos as quais são chamadas de PARÂMETROS.

As estruturas sub-lexicais, fazem parte da gramática da Lín-gua de Sinais. Esta estrutura compõe-se de 5 parâmetros.

CONFIGURAÇÃO DAS MÃOS (CM) São as formas, as configurações, os desenhos que as mãos

tomam na realização do sinal. Podem ser oriundas7 do alfabeto manual e dos números ou em outras con-figurações não oriundas feitas pela mão predominante do emissor.

Iremos identificar a mão predomi-nante como sendo aquela com a qual que temos mais facilidade de movimentação: mão direita para os destros e mão esquerda para os canhotos.

O sinal de “TV” tem a configuração de mão em “L”.

No quadro a seguir você verá diversas configurações apresentadas em Libras.

7 Configuração

originada do alfabeto

manual.

Sinal de televisão

Page 63: Apostila de Libras EAD

62 Língua Brasileira de Sinais - Libras

Page 64: Apostila de Libras EAD

63Língua Brasileira de Sinais - Libras

(Roubar)

PONTOS DE ARTICULAÇÃO (PA) São os lugares de onde a mão predominante configurada

se aproxima ou incide.

Podemos incidir a mão configurada nos seguintes pontos:

- Cabeça: queixo, boca, nariz, olhos, testa, bochechas, orelhas, maçã da face.

- Tronco: cintura, barriga, busto, pescoço, ombro.

- Braço: pulso, antebraço, cotovelo, braço.

- Mão: palma da mão, dorso da mão, dedos (polegar, indicador, mé-dio, anelar e mínimo).

- Espaço Neutro: A frente do tronco ou acima da cabeça.

Os Pontos de Articulação são cabeça, tronco, braço, mão e espaço neutro, as es-pecificações seguintes aos pontos são apenas uma referência para você se localizar mais precisamente.

Exemplo: Eu não posso falar que o Ponto de Articulação de uma tal palavra é testa e sim cabeça, pois, a mão configurada em “4” está no ponto de articulação “cabeça”.

(Acostumar)

(Trabalhar)

Admirar

Ter

Page 65: Apostila de Libras EAD

64 Língua Brasileira de Sinais - Libras

MOVIMENTO (MV): Na Língua de Sinais, as mãos do sinalizador representam o

objeto, enquanto o espaço é a área onde se realiza o movimento. Portanto, para a realização do movimento, é preciso haver um Objeto e um Espaço.

Analisa-se o movimento por: tipo, direção, maneira e fre-quência das mãos configuradas.

- Tipos: Busca o contato, interação, contorno e movimento das

mãos.

Contato Exemplos

Deslizamento Quente

Tocar Experiência

Agarrar Músculo

Riscar Coitado

Pincelar Varrer

Escovar Lavar roupa

Ligação Unir

InteraçãoExemplos

Alternado Discutir

Cruzado Fugir

Inserção Dentro

Aproximação Combinar (acordo)

Separação Longe

Page 66: Apostila de Libras EAD

65Língua Brasileira de Sinais - Libras

Contorno Exemplos

Circular Solteiro

Semicircular Antes

Helicoidal Todo dia

Sinuoso Sempre

Movimentos das mãosExemplos

Desdobramento simultâneo dos dedos Demitir

Dobramento simultâneo dos dedos Saber

Abertura simultânea dos dedos Bruto

Fechamento simultâneo dos dedos Cheirar

Abertura gradativa dos dedos Madrugada

Fechamento gradativo dos dedos Roubar

- Direção:Os movimentos podem ser analisados de quatro formas

quanto aos seus direcionais.O direcionamento auxilia a quem estamos apontando, por

exemplo, EU TE AJUDO faz o sinal direcionando a quem irá aju-dar enquanto VOCÊ ME AJUDA a direção do sinal é de quem vai ajudar para quem está fazendo o sinal.

• Não direcionais é sem movimento, são paralisados junto ao corpo, como:

Page 67: Apostila de Libras EAD

66 Língua Brasileira de Sinais - Libras

•SentimentoAdmirarCulpadoRei

• Unidirecionais, movimentam apenas para uma direção.

Para direita Morrer

Para esquerda Camarão

Para baixo Defi ciente

Para cima Deus

Para frente Ir

Para trás Por favor, com licença

Para o centro Pequeno

Para as laterais Amplo

• Bidirecionais, movimentam em direções diferentes e

simetricamente com uma ou duas mãos.

Para frente e para trás Comparar

Para cima e para baixo Nunca, político

Para direita e para esquerda Sanfona, não

Page 68: Apostila de Libras EAD

67Língua Brasileira de Sinais - Libras

• Multidirecionais, sinais que se utilizam em várias direções e exploram vários itens lexicais, como os sinais a seguir:

IncomodarChatoAmolar

- Maneira:Refere-se à velocidade e tensão do movimento.

• Velocidade e tensão positiva – Um sinal feito com uma velocidade mais intensa e tensão do início ao fim.

Ex.: Rápido

• Velocidade e tensão negativa – Sinal mais vagaroso e frouxo.

Ex.: Calmo

- Frequência: Destaca a repetição do movimento.

• Simples – Sinais com apenas um movimento ou que não necessita de várias movimentações com a mesma mão configurada para originar o sinal.

Ex.: Sentar, responder.

DICA:

Acesse o dicionário virtual:

http://www.acessobrasil.org.br/libras

e veja os sinais das palavras em exemplo.

Este site será seu grande amigo.

Page 69: Apostila de Libras EAD

68 Língua Brasileira de Sinais - Libras

• Repetido – Necessita de uma série de repetições para que o sinal tenha originalidade.

Ex.: Combinar (programar), namorar.

ORIENTAÇÃO (OR)Tende a nos facilitar para melhor compreender. Quando um

sinal tem sua direção e há uma inversão, significa a oposição, contrário ou concordância.

EXPRESSÃO FACIAL E /OU CORPORAL (EFC)As expressões facio/corporais são componentes extre-

mamente importantes para qualquer transmissão em Língua de Sinais.

Os quatro parâmetros, com auxílio deste quinto, formam-se os sinais.

No conjunto destes elementos, conseguimos chegar à totalidade das informações desejadas com as mãos, ou seja, é possível falar, rir, discutir, chorar com as mãos.

Palavra CM PA MV OR EFC

Ter L Tronco Peito -

Triste Y Cabeça • Queixo Tristeza

Cinza C Mão Dorso da mão -

Aeroporto Y Braço Braço Soprar

Avião Y Espaçoneutro

A frente do tronco Soprar

Page 70: Apostila de Libras EAD

69Língua Brasileira de Sinais - Libras

EXPRESSÕES NÃO MANUAIS

Também chamadas de Expressão Corporal e Facial, funciona

como meio visual de reforçar uma ideia que está sendo transmitida

e, em outras ocasiões, chega até mesmo a confundir-se com o

próprio argumento, caso não seja feito similar a palavra desejada.

Assim, a expressão não manual tem como finalidade não só de

incluir aos meios gramaticais, mas primordialmente melhorar a

comunicação com o receptor.

Para sinalizar com eficiência, é preciso saber adequar as

expressões ao contexto, ao ambiente e ao tom da voz transmitida,

e este é um dos pontos que merecem uma atenção constante,

pois você, caro aluno, terá que transmitir através das mãos, do

corpo e da face na mesma tonalidade do orador.

Dentre todas as partes do corpo, a face é a que melhor

detalha a expressão em um contexto, uma vez que é a região

do corpo mais observada pelos surdos. É nela que há diversas

modificações que permitem conduzir uma comunicação eficaz.

Assim, de nada valeria uma sinalização bem feita com as

mãos se acompanhada por uma expressão facial e/ou corporal

inconveniente ou apática.

Vamos lembrar algumas situações que possivelmente você

já percebeu ou passou por elas:

- uma criança vem correndo para os seus braços, a um metro

de chegar ela tropeça. Pense a cara que você fez ou faria.

- Na rua, você olha para o alto e vê que o tempo fechou e

que em poucos minutos vai ‘descer água’ e você está sem guar-

da-chuva. Que cara heim!

- Quando na TV a repórter retrata um assassinato cruel e

ainda mostra as imagens. Qual seria sua reação?

A reação e a ação é um modo de expressão.

Page 71: Apostila de Libras EAD

70 Língua Brasileira de Sinais - Libras

Para as expressões não manuais, não apenas a cabeça é fundamental, ela emana tam-bém a movimentação dos bra-ços, pernas e tronco simultane-amente, devendo procurar uma sincronização do corpo por in-teiro.

Com o corpo e a face você consegue transmitir: inseguran-ça, paz, alegria, arrogância, in-veja, dor, tristeza, frio, timidez e vários outros sentimentos.

A expressão facial deve sempre guardar relação com a mensagem que se deseja transmitir, e isto se dá pelo fato de que o semblante funciona como um indicador da sinceridade daquilo que é falado. Deve atuar como um reforço daquilo que está sen-do dito, e a melhor maneira de se conseguir falar com convic-ção e segurança consiste em conhecer tais expressões e saber utilizá-las adequadamente, algo que somente torna-se possível através do exercício e da prática, pois, como já disse, a única maneira de absorver o conhecimento da Libras é treinando-a frequentemente.

Vamos conhecer alguns métodos:

- inconformidade, abaixa a cabeça e salienta a expressão negativa (não);

- agressividade, fecha as mãos, fecha um pouco os olhos, treme a cabeça, ringe os dentes;

- impaciência, caminha ‘de lá pra cá’, soprando.

Quando seus amigos estão chateados, tristes ou alegres, você repara e mesmo sem falarem algo você já capta e comenta: Nossa... “Como você está alegre hoje!” ou “Por que você está triste?”

É com a mesma produção que você deve utilizar na comunicação com o Surdo

Page 72: Apostila de Libras EAD

71Língua Brasileira de Sinais - Libras

Qual é a expressão?- postura rígida, tronco bem ereto;- balançando para um lado e outro com os braços colados

ao corpo;- sobrancelhas levantadas e boca aberta;- sobrancelhas abaixadas e dentes cerrados;- sobrancelhas levantadas, olhos arregalados e lábios cerrados;- olhos cerrados, boca aberta;- testa franzida e boca torta para o lado;- puxar o tronco para trás ou para frente;

- boca em O, olhar de espanto.

Sua face e seu corpo em uma ação ou reação ocasiona uma expressão não manual espontânea e é nela que você deve espelhar.

Page 73: Apostila de Libras EAD

72 Língua Brasileira de Sinais - Libras

Mulher

Homem

Para Refletir

• Perceba as expressões que faz parte de nosso cotidiano e veja qual a que mais se encaixa ao seu perfil.

2.3 MORFOLOGIA E SEUS ESTUDOS INTERNOS

Segundo Quadros (2004, p. 65), Morfologia é o estudo da estrutura interna das palavras ou dos sinais, assim como das regras que determinam a formação das palavras. A palavra morfema significa morfhé, que significa forma. Os morfemas são as unidades mínimas de significado.

A Língua de Sinais possui também um sistema de estrutura e formação de palavras como nas línguas orais, caracterizando quanto ao:

Gênero:Em sinais, Independente de serem pessoas ou

animais, indicamos o sexo a partir do sinal de homem e mulher. Uma particularidade en-volve quando referimos ao modo masculino, sempre que você sinalizar no gênero mas-culino, não há necessidade de serem

seguidos pelo sinal de homem.

Tempo:O tempo, não correlaciona com o estado do

tempo como chuva, calor, frio e sim com passado e futuro. O passado é feito com movimento sobre o ombro atingindo atrás da orelha e quanto mais distante for este passado, mais distancia e intensidade você coloca no sinal. Já no presente, na maioria das vezes terá o sinal próprio, mas a intensidade e a expressão são necessárias para distinguir a proximidade do presente.

Page 74: Apostila de Libras EAD

73Língua Brasileira de Sinais - Libras

Grau:Diferencia-se pela intensidade, movimento e velocidade

como: (cheio, curto). E outros pela intensidade da expressão como: (bonito, lindo, bonitinho).

Negação:Você aluno, está acostumado em seu dia-a-dia de fazer

“NÃO” de várias maneiras, seja, com o dedo ou com a cabeça. Na Língua de Sinais, além destes dois recursos, temos mais um que é com o sinal próprio e cada um deles usará em situações específicas, veja exemplos:

- Com a cabeça: sinal “não precisa” PRECISA, ACREDITAR mais o movimento negativo com a cabeça.

- Com o dedo: “não pode” (definitivamente) PODE mais o sinal o não com o dedo.

- Sinal próprio: “não pode” (por enquanto) NÃO PODE, sinal próprio.

MORFEMAS LEXICAIS E GRAMATICAISOs morfemas lexicais ou gramaticais nem sempre formam

palavras equivalentes ao Português. A partir de suas unidades mínimas de significação, terá os

morfemas em LIBRAS.

LEXICAL GRAMATICALAmigo (s) pluralPossibilidade (im) negaçãoChorar aos prantosFofocar fofocar sem parar

Você utiliza os sinais várias vezes para impor a gramática fazendo a diferença entre o normal e o aumentativo ou negativo.

Page 75: Apostila de Libras EAD

74 Língua Brasileira de Sinais - Libras

ASPECTO VERBAL PONTUAL E ASPECTO VERBAL CON-TINUATIVO

O Aspecto Verbal Pontual distingue-se por se trazer a uma ação ou evento ocorrido e finalizado em algum ponto bem defi-nido, enquanto o Aspecto Verbal Continuativo dá a continuidade e se dá uma outra palavra.

ELE TENTAR FALAR AMIGO ONTEM (Ele tentou falar com o amigo ontem), concluiu o “tentar”, utilizou apenas uma vez. Se você utilizar o sinal “tentar até conseguir” ou “tentar sem parar” EU TENTAR, TENTAR VÁRIAS VEZES FALAR AMIGO (Eu tentei

por diversas vezes falar com meu amigo) refere a uma ação que tem uma continuidade o “TENTAR” sofreu alteração.

ITENS LEXICAIS PARA TEMPO E MARCADE TEMPONa Língua Brasileira de Sinais, não tem os

tempos verbais (conjugação dos verbos) como no Português, as palavras vem to-

das no verbo infinitivo (EU BRINCAR, ELE CHORAR, etc). Quando necessitar marcar o tempo, os itens lexicais ou os advérbios que irão referir-se o passado, presente e futuro com os sinais de “on-tem”, “ano passado”, “hoje”, “agora”, “semana que vem”, assim, não haverá perigo de ambiguidade.

A utilização da expressão corporal neste momento é im-portante para expressar o passado e futuro, jogando levemente o corpo para trás quando passado e para frente quando futuro (ANO PASSADO, ANO QUE VEM). Quanto mais você joga o cor-po, mais distante é o tempo (MUITOS ANO ATRÁS).

Isso nos faz considerar que realmente a Libras é uma língua que depende do visual-espacial, é nesta modalidade que explo-ramos o que está em volta do corpo.

Tentar

Page 76: Apostila de Libras EAD

75Língua Brasileira de Sinais - Libras

INTENSIDADE E QUANTIFICAÇÃOA intensidade ocorre quando o sinal conduz movimentos

longos em ritmo ligeiro, ou seja, os sinais são feitos de forma mais acelerada e força.

Exemplo: CHUVA (feito de forma branda), TEMPESTADE (feito com intensidade, rápido)

• Usará o mesmo sinal, porém, com mais intensidade e expressão.

• Já a quantificação é obtida com o uso de quantificadores como MUITO, repetições sucessivas, várias vezes.

• BATER ATÉ QUEBRAR (sinal de bater, bater, bater,bater até que quebre).

INCORPORAÇÃO DE ARGUMENTO O método de incorporação de argumento é muito frequen-

te e visível na Língua Brasileira de Sinais devido às características espaciais, seria mais obvio ir direto ao real do que interpretar a palavra e depois explicar o significado dela. Em nossa Língua Portuguesa, utilizaríamos a mesma entonação, a mesma escrita mas logo já sabemos a qual sentido e como seria na prática.

Exemplo: em Português, podemos escrever ou falar a palavra “CAIU”, em uma apreciação poderemos falar “a moto caiu no asfalto”, “o papel caiu do chão”, “a criança caiu em casa”. O complemento da frase do verbo “cair”, trás informação da ação de alguém ou alguma coisa. O “caiu”, torna-se muito variável na Língua de Sinais, pois, necessita haver transformação em suas frases de acordo com cada contexto, isso porque o cair de uma moto, de um papel e de uma pessoa são totalmente diferentes na realidade, e na LIBRAS corresponderá a um sinal diferenciado.

Page 77: Apostila de Libras EAD

76 Língua Brasileira de Sinais - Libras

Vamos ver como ficaria em outro exemplo:

Usando a palavra “CORTAR”, vem em nossa mente várias frases que poderia encaixar esta palavra. “vou cortar um papel”, “vou cortar uma árvore” ou “vou cortar o dedo”, estas frases contêm variantes de incorporação e argumentos.

Vou lhe ajudar a ir mais longe, mas, preciso que você após esta leitura vá aos recursos do vídeo.

- Como você cortaria um papel? Com tesoura ou com um estilete?

- Vamos cortar uma árvore juntos? Com que você gostaria de cortar?

Certamente você não cortaria da mesma forma que o papel, mas se você pensou em cortar um tronco desta espessura com um estilete ou uma

tesoura, precisará de bons anos para conseguir derrubá-la.E o dedo, como seria uma ação do corte? Poderia ser com

caco de vidro, gilete de barbear, uma faca e até mesmo com uma folha de papel, mas a ação não será da mesma forma dos cortes acima e para cada corte há uma série de feitio diferenciada e isso terá que ser passado ao surdo de forma clara e eficaz.

FORMAÇÕES DE PALAVRAS POR DERIVAÇÃO E POR COMPOSIÇÃO

Lembrando que estamos falando da Língua de Sinais, suas palavras por derivação são formadas através dos sinais e não pela escrita, e iremos observar que as primeiras palavras são constituídas

Page 78: Apostila de Libras EAD

77Língua Brasileira de Sinais - Libras

a partir de seus radicais aos quais se ligam aos afixos ou morfemas gramaticais. Por este método, vejamos como ficaria a ilustração.

“NÃO QUERER” é derivado do “QUERER” pelo meio de afixo negativo, “FEIOSO” é derivado do “FEIO” através da expressão facial, assim como “FEINHO” grau diminutivo utilizado pela adjunção da expressão facial.

“TENTAR ATÉ CONSEGUIR” explora o aspecto continuativo e é derivação de “TENTAR”.

O processo de composição pode ser também a união de dois sinais simples para formar um sinal composto.

O sinal de:

Para Refletir

• Revendo a Incorporação de Argumento, traga para dentro da Libras situações que provocariam diversas formas de expressar com as mãos.

• Sem usar palavras verbais no diminutivo ou aumentativo, transforme sinais que você já conhece de forma que a derivação e composição se altere.

“PAPEL HIGIÊNICO”(PAPEL + BANHEIRO)

“ALUNO”: (PESSOA + ESTUDAR)

“ESCOLA” necessita de uma adjunção (CASA + ESTUDAR).

Page 79: Apostila de Libras EAD

78 Língua Brasileira de Sinais - Libras

2.4 DIFERENÇAS BÁSICAS EM LIBRAS

PALAVRAS

Sinais que utilizam a configuração das mãos oriundos do

alfabeto ou números, ou seja, sinais com configuração em “B”,

“P”, “Y”, “2”, “5”etc.

Exemplo: configuração em “D” – TODO DIA, DOMINGO,

EU, DEUS, SILÊNCIOetc.

Configuração de mão em “5”

(QUINTA-FEIRA)

Configuração de mão em “L”

(ONTEM)

As “palavras” deverão ser feitos com a sua mão predomi-

nante e que não tenha o Ponto de Articulação braço e mão.

PALAVRAS SIMPLES

Para as Palavras Simples, não há necessidade da Configu-

ração da Mão ser oriundo do alfabeto ou dos números, mas, de-

verão ser feitos também com a sua mão predominante e não ter

Ponto de Articulação braço e mão.

Page 80: Apostila de Libras EAD

79Língua Brasileira de Sinais - Libras

As configurações poderão ser as seguintes:

Exemplos: Perceba que a mão não tem uma configuração igual às letras do alfabeto ou dos números.

CAVALO PESSOA PINGA CACHAÇA

SAL

Page 81: Apostila de Libras EAD

80 Língua Brasileira de Sinais - Libras

PALAVRAS COMPOSTASComo já vimos anteriormente no processo de formação de

palavras por composição, as Palavras Compostas são combina-ções de dois ou mais sinais onde irão formar a palavra.

Não podemos esquecer que a palavra composta na Língua Portuguesa não interfere a Palavra composta da Língua de Sinais, uma palavra simples em Português pode formar uma palavra composta em Língua de Sinais, assim como, uma palavra com-posta no Português é uma palavra simples na Língua de Sinais, então não há uma regra que relacione a Língua de Sinais com a Língua Portuguesa, temos que levar em conta a movimentação dos sinais, havendo mais de um sinal para uma palavra ela é uma Palavra Composta.

Vejamos os exemplos:

COMER + NOITE (jantar) CASA + REMÉDIO (Farmácia)

VENDER + CARNE (Açougueiro) TENDA + PALHAÇO (Circo)

Page 82: Apostila de Libras EAD

81

CAIXA + GUARDAR + GARFO + COISAS (Faqueiro)

PALAVRAS DE DUAS CONFIGURAÇÔES DIFERENTESSão palavras realizadas com dois movimentos diferentes,

ou seja, uma mão configurada não pode ter a mesma configura-ção da outra mão. Utilizaremos movimentos com as duas mãos e configurações diferentes ou a mão predominante configurada sobre o braço como ponto de articulação.

Para você entender melhor, veja os exemplos:

Mão predominante em “F” sobre a outra mão com outra configuração.(Férias)

A mão predominante se movimenta de cima para baixo tendo como base o ante-braço.

(banheiro)

PALAVRAS DE MOVIMENTOS IGUAISPalavras com movimentos iguais são as palavras a quais

podem ter dois ou mais movimentos iguais, ou seja, será feito com as duas mãos simultaneamente e com a mesma Configuração de Mão independente do movimento ou da orientação. Podemos falar que são sinais fáceis de sinalizar e de visualizar, temos que lembrar que a mão predominante deverá estar igual a outra mão

Língua Brasileira de Sinais - Libras

Page 83: Apostila de Libras EAD

82 Língua Brasileira de Sinais - Libras

que fará o Ponto de Articulação. Então se sua Mão pre-dominante está configurada em “B”, o Ponto de apoio deverá também estar em “B”, “B” mão direita e

“B” mão esquerda podemos formar o sinal de (CASA).

Temos outros exemplos que poderão ser úteis para o seu aprendizado.

NASCER QUERER PROIBIR

PALAVRAS DE SENTIDOS E SINAIS DISTINTOSEstas palavras mantêm a mesma escrita no Português, são

Homônimos Homógrafos, isto é, palavras que têm grafia igual e significado diferente e haverá também sinais díspares, como por exemplo: MANGA (fruta) e MANGA (camisa); CANTAR (música) e CANTAR (paquerar); CAIR do skate (verbo) e CAIR na gandaia (festa).

Diante dos exemplos abaixo Podemos ver a Diferença:

ESCOVA (dente)

ESCOVA (cabelo)ESCO

COVA (dente)

Page 84: Apostila de Libras EAD

83Língua Brasileira de Sinais - Libras

DICA:

PALAVRAS DESSEMELHANTES NA GRAFIA E COM O

MESMO SINALEstas palavras poderão conter o mesmo sentido, mas

sua escrita no Português será diferente e terá o mesmo sinal na Língua de Sinais. Resumindo, teremos o mesmo sinal para as palavras sinônimas.

Para o sinal de TRISTE conforme o sinal na figura ao lado pode-se expressar também como: INFELIZ, ABATIDO, DEPRIMIDO, JURURU, MAGOADO, DESGOSTOetc.

Além de apenas visualizar o sinal, faça você mesmo o sinal, repita seus sinônimos junta-mente com sinal por diversas vezes.

Sempre que você encontrar dificuldade em achar o sinal de uma palavra, procure o

sinônimo dela, em Libras terá o mesmo efeito.

Vejamos mais alguns exemplos:

BANCO (agência bancária)BANCO (assento)

MEDO, RECEIO, TEMOR,

AMENDRONTADO, ASCO.

CALMO, PLÁCIDO, SERENO,

TRANQUILO, SOSSEGADO.

Page 85: Apostila de Libras EAD

84 Língua Brasileira de Sinais - Libras

FRASES COM APENAS UM SINALSão frases que poderemos fazer com apenas um sinal. Este

sinal será relevante ao que o contexto condiz e será acompanhada da expressão facial e ou corporal.

Temos como exemplo várias frases interrogativas:

- Quantos anos você tem?Sinal de IDADE + expressão interrogativa [?] (levante assobrancelhas e o queixo)

- Onde você mora? Sinal de CASA + expressão [?]

- Qual é o seu nome? Sinal de NOME + expressão [?]

- Qual é o seu sinal? Sinal de SINAL + expressão [?]

DICA:

Não deixe de assistir os vídeos e reveja quantas vezes for necessário, lá você verá diversos exemplos que poderá lhe ajudar a aprender melhor. As anotações de suas dúvidas

poderão ser úteis em sua monografia.

Para Refletir

• Juntando todas estas diferenças em palavras, monte uma frase sua contendo pelo menos 3 tipos de palavras e destina ao AVA para discutirmos com os demais colegas.

Page 86: Apostila de Libras EAD

Língua Brasileira de Sinais - Libras 85

Resumo

Os estudos lingüísticos da Língua Brasileira de Sinais proje-tam o conhecimento para diferenciar a Língua de Sinais do Por-tuguês, e compreendemos as estruturas dos sinais “populares” como os sinais icônicos e dos sinais arbitrários que deverão ter seus fundamentos estudados. As estruturas sub-lexicais e suas expressões trata a primeira parte teórica da Língua de Sinais obtendo 5 parâmetros importantes na compreensão dos sinais, tendo como quinto elemento, a expressão corpo facial, um au-xílio a toda estrutura contextual da Libras. A morfologia e seus estudos internos determinam a estruturação das palavras quanto ao seu gênero, tempo, grau e negação determinando suas in-corporações que conduz aos movimentos ideais. Observado as diferenças básicas em Libras, conhecemos os diversos tipos de palavras dentro da Língua Brasileira de Sinais, facilitando assim a compreensão da língua.

Page 87: Apostila de Libras EAD
Page 88: Apostila de Libras EAD

Parte II

SURDEZ: INTERAÇÃO E IMPLICAÇÕES

Page 89: Apostila de Libras EAD
Page 90: Apostila de Libras EAD

3 Surdez e Interação

Na unidade anterior, tivemos o embasamento da língua de sinais, seus auxílios, dicas de como superá-la e aprendê-la. A partir de agora, iremos interagir conectando estas duas partes, pois uma não se faz sem a outra.

Esta modalidade espaço-visual é, além de gratificante, gostosa de aprender e comunicar.

3.1 ASPECTOS COMUNICATIVOS CORPORAIS E CLASSIFICADORES

A Comunicação Corporal é um artifício de interação com o qual compartilhamos mensagens, sentimentos, emoções e ideias, podendo influenciar o comportamento das pessoas que, por sua vez, reagirão a partir de suas crenças, valores, história de vida e cultura.

Page 91: Apostila de Libras EAD

90 Língua Brasileira de Sinais - Libras

A comunicação servirá para seu dia-a-dia desempenhando diversas atividades. Dentre elas, a sua função como educador, colaborador ou intermediador, exigindo uma habilidade que ten-de a facilitar o alcance dos objetivos que é passar a informação.

Por considerarmos afirmativas essenciais para o aprimo-ramento profissional, a linguagem não-verbal será um meio de interação que possibilitará ao surdo compreender seus efeitos e suas inúmeras mensagens manifestadas corporalmente.

ASPECTOS COMUNICATIVOS CORPORAISA linguagem corporal, através da Língua de Sinais, tem um

grande valor para a comunicação espaço-visual e sempre deverá ser inserida aos sinais destacando realidades e expressões diver-sas a fim de potencializar e auxiliar na clareza da contextualiza-ção dos sinais.

A voz do corpo (linguagem corporal) proporciona um su-primento eficaz, objetivo, assertivo e contribui para a clareza da mensagem, tornando-a real. O anseio positivo e o impacto facial e corporal são fundamentais em um contexto e poderão ser uti-lizados a todo momento em uma interpretação, porém, deverão ser adequados ao ambiente, ao momento e à mensagem.

Este tipo de linguagem aproxima o comunicador da Libras ao surdo, repassando qualquer sentimento e emoção positiva ou negativa. Ao recebermos um feedback positivo do surdo, conseguimos nos auto-analisar, com isso, ganhamos indiretamen-te um incentivo para continuarmos nos co-municando com as mãos e com o corpo.

Para você manter um padrão de exce-lência em linguagem ou expressão corpo-ral, terá que entender e valorizar a forma de interação dos surdos.

Falar com o corpo é expressar sentimentos, emoções e transmitir mensagens, cujos significados são influenciados pelo

8 FEEDBACK: É o

retorno visual positivo

ou negativo do espec-

tador sobre o desem-

penho da pessoa que

passou a informação.

Page 92: Apostila de Libras EAD

91Língua Brasileira de Sinais - Libras

contexto. O conhecimento deste recurso é um meio de ampliar a percepção de quem realmente precisa e é mais um instrumento para melhorar a qualidade da conversação da Língua de Sinais.

IMPORTÂNCIA DA LINGUAGEM CORPORALVocê já deve estar cansado(a) de saber da importância da

expressão facio/corporal. Além disso, é importante que você também tenha conhecimento da sua influência e da maneira como empregá-la corretamente.

“É preciso valorizá-la, observá-la e utilizá-la.”

Como profissionais que estarão em constante interação com outras pessoas, vocês deverão se lembrar das diferentes crenças, valores e culturas que permeiam estas relações e estar conscientes da influência que sofremos e exercemos, mutua-mente, através da linguagem corporal.

A trajetória da expressão corporal pode transformar as interações em situações de “troca”, que venham a ser enri-quecedoras para os envolvidos no processo de comunicação.

A busca de uma solução reflexiva é que resgata e valoriza a Interpretação e a construção de seu conhecimento. Assim, a comunicação visual é o instrumento mais importante do ser surdo. Somente com este tipo de comunicação ele pode perceber as mensagens implícitas. ou explícitas.

FUNÇÃO DA LINGUAGEM CORPORALComo já disse no início do capítulo, a função da linguagem

corporal é expressar, através do corpo, emoções, sentimentos, reações de forma que os surdos consigam assimilar o sinal com a expressão, desempenhando um papel de suma importância no contexto da comunicação.

Ao observarmos o simples modo de se vestir das pessoas, de andar, de falar e promover atitudes diferenciadas saberemos se estão ou são alegres, tristes, cansadas ou oprimidas.

Page 93: Apostila de Libras EAD

92 Língua Brasileira de Sinais - Libras

Muitas vezes, a comunicação não-verbal modifica o significado da fala, ou seja, a mensagem verbal é contrária ao que é ex-presso pela comunicação corporal, mas se bem utilizada será muito mais fácil o entendimento de seu aluno, paciente, cliente, amigo.

EXPRESSÃO E MOVIMENTOAs expressões e movimentos do corpo são formas com-

plexas de comunicação, interação e de manifesta sentimentos, vontades, emoções e exterioriza conteúdos.

Leitor, as expressões no quadro a seguir são apenas indícios, e a linguagem corporal deve ser sempre interpretada dentro do contexto comunicativo.

Expressões não verbais Possíveis InterpretaçõesRoer unhas, esfregar as unhas Ansiedade, insegurançaParar com as mãos na cintura Incompreensão, agressividadeLevantar o nariz e virar o rosto Superioridade, OrgulhosoCoçar sobrancelhas, curvar o tronco Cansaço, aborrecimento

Braços cruzados no peito DefensivaDedo indicador na fronte ou coçar o queixo Avaliação, pensamento.

Andar com as mãos nos bolsos, olhando para baixo

Falta de entusiasmo, desmotivado.

Mãos fechadas, rugir os dentes Frustração, ódio.Coçar a testa, olhos fechados Avaliação negativaAndar de um lado para o outro Impaciência.Desviar o olhar Desconfi ança

“O movimento corporal se faz palavras para aqueles que estão atentos e envolvidos na comunicação.” (CORRAZE, 1982, p. 37).

Page 94: Apostila de Libras EAD

93Língua Brasileira de Sinais - Libras

A literatura em geral não conceitua especificamente a lin-guagem corporal, mas Corraze (1982, p. 37) adverte que “quan-do se mostra a existência de formas universais nas mensagens não-verbais, não se pode deixar de pensar que a cinésica9 só estuda uma parte delas.” Isto é, no processo de comunicação não-verbal, é necessário muito mais do que apenas a linguagem do corpo. Há que se considerar o tom da voz, o espaço utilizado, o toque e os fatores do ambiente inseridos em um determinado contexto. O signifi-cado atribuído vai depender de todos estes elementos interrelacionados.

COMUNICAÇÃO E SURDEZA pessoa com surdez adquire sua linguagem corporal

naturalmente. É uma característica própria dos surdos, além de adquiri-la também se ao relacionar com outras pessoas.

Para Piaget, a linguagem é um sistema para representar a realidade. É ela que torna possível a comunicação entre as pessoas, a transmissão de informação e a troca de experiência.

Situações espontâneas de relacionamento entre pais, amigos, professores podem realizar estimulação e interação através da linguagem corporal, mantendo, assim, sua atenção e ajudando-os a se expressar por atitudes corporais e, sequen-cialmente, transforma-las em auxílio para os próprios sinais.

A partir do momento em que uma pessoa com surdez percebe que suas expressões tomam um progresso e se tor-na necessidade para a comunicação diária, passa a espelhar involuntariamente todo seu estigma através de sua face, seus gestos e seu corpo, passando a explorar cada vez mais estes recursos.

9 Cinésica: falar

sem ser exclusivamente

pela palavra oral.

Page 95: Apostila de Libras EAD

94 Língua Brasileira de Sinais - Libras

PANTOMIMAMuitos confundem expressões corporais, expressões faciais,

sinais, gestos e pantomima, dizendo que tudo faz parte da Língua de Sinais.

A pantomima na verdade é um teatro gestual que utiliza o mínimo possível de palavras oralizadas e faz um maior uso de gestos. É uma artifício de narrar com o corpo em modalidade cênica, excelente para comediantes, cômicos, atores, etc. É uma representação praticamente universal entendida facilmente por todos.

Esta modalidade não está ligada à Língua de Sinais, pois, costuma ser exagerada e chama muito a atenção de quem vê, mas, pode ser um bom suporte para ajudar o surdo a se desprender da timidez e começar a fazer expressões de forma mais natural, uma vez que as expressões faciais e corporais são recursos mais difíceis na comunicação da Libras

CLASSIFICADORESCom este recurso sim podemos falar que conseguiremos

atingir a língua de forma que os surdos de qualquer lugar do mundo compreendam a língua.

O classificador é um feitio que estabelece um tipo de concordância em que suas configurações de mãos se referem à pessoa, animal e objetos e funcionam como marcadores de concordância.

Você, aluno(a), já sabe que para a Língua de Sinais a reprodução, a forma, a descrição, o movimento e sua relação espacial são essenciais, tornando mais intensos e perceptíveis os significados do emitir.

BRITO (1995, p. 103) diz que os classificadores funcionam como parte dos verbos em uma sentença, sendo chamados verbos de movimento ou de localização, indicando o objeto que se move ou é localizado.

Page 96: Apostila de Libras EAD

95Língua Brasileira de Sinais - Libras

Os classificadores são representados por configurações específicos de mãos ligadas às expressões corpo/faciais, logo, nada têm em comum com mímicas.

Os classificadores tornam mais vivo e compreensível o sig-nificado do que se quer proferir representando por uma adjeti-vação descritiva, a qual atribui quanto ao seu tamanho, forma e espessura.

Para classificadores de animal e pessoa poderá haver singular sinalizando com apenas uma mão ou um dedo fazendo o movimento (UMA PESSOA CAMINHANDO) e no plural, marcado por duas ou mais pessoas ou animais simultaneamente com as duas mãos ou com dois dedos (DOIS LEÕES ANDANDO), sequencialmente relacionando a forma de andar do animal.

Os classificadores, na maioria das vezes, representam características físicas do referente como o nosso próprio comportamento ou movimento, o que confere grande flexibi-lidade denotativa e conotativa aos sinais.

Veja algumas frases que devem ser feitas de forma diferenciada devido a sua ação:

- MARIA EDUARDA passou por PEDRO (representação de um dedo passando pelo outro dedo da outra mão).

- PEGUEI UM PEQUENO DADO (você terá que lembrar que o DADO é pequeno e que você pegaria com apenas dois dedos. Imagine você pegando um dado. Esta forma é o classificador de PEGAR DADO PEQUENO).

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96 Língua Brasileira de Sinais - Libras

Agora imagine que você irá pegar uma CAIXA GRANDE E PESADA. Como seria isso no real?

Não se deve confundir os classificadores com movimentos que representam iconicamente qualidades de objetos.

Por exemplo, na frase:

“O casaco da minha mãe ‘Lisa’ é de bolinhas ou listrado”?

Estas expressões serão desenhadas no peito do sinaliza-dor, mas esta descrição não é um classificador, e sim um adjetivo que, embora classifique, constitui apenas uma relação de quali-dade do objeto e não relação de concordância de gênero.

Para Refletir

• Cada animal tem seu jeito de andar, de chamar a atenção. Imagine o andar em uma onça e o andar de um elefante. São animais de estilos diferentes, portanto, o classificador do andar destes animais deverá ter suas características e isso você terá que passar ao surdo de forma visual.

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97Língua Brasileira de Sinais - Libras

3.2 INTERAÇÃO ARGUMENTATIVA COM ESTRUTURA DA SURDEZ E FAMÍLIA

Este tema possui duas palavras-chave: interação e famí-

lia. A família é o principal núcleo social, é nela que a primeira educação acontece.

A família desempenha a responsabilidade de cuidar, promover a saúde, o bem estar e dar proteção. Em família com membro surdo, acrescenta-se a isto a função da aprendizagem de outra língua, a Libras. É por meio da interação que o ser humano se integra, participa, convive e se socializa. Nesse processo, a família aparece como grande responsável, pois é nela que se inicia a formação social de um ser humano. Para isso acontecer, é neces-sário o estabelecimento de um canal de linguagem comum.

Por outro lado, interação é um elemento constituinte no processo de desenvolvimento cognitivo e aprendizagem, e surge interesse em torno da interação social que é a “descoberta.”

Com isso, tem-se uma renovação em torno da interação social considerando o surdo não só como mero receptor passivo, mas também como alguém com um papel mais ativo com sua língua, sendo agente construtivo independente de seus mediadores. A partir daí, começa a se expandir a visão de que o surdo é capaz.

O maior problema da interação entre a família e o surdo é a comunicação, pois é através dela que conseguimos nos adapta ao meio em que vivemos.

É necessário que os pais saibam como lidar com esse fato e compartilhem suas inquietações com outras famílias ou até mesmo que busquem uma associação de surdos, pois lá encon-trarão outras pessoas que passam pela mesma situação.

Conscienciosos ou inconscientemente, há pais que tendem a negar a existência da surdez de seu filho. Pensam que se trata de uma situação transitória, que a criança vai acabar superando. Recorrem, por isso, a novos diagnósticos e a diferentes especialistas, com a

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98 Língua Brasileira de Sinais - Libras

finalidade de conseguirem uma informação positiva ou garantias de cura para um futuro próximo. Este posicionamento evita também ter que adotar um estilo comunicativo e interativo diferente. Já que a criança não vai ser surda, não é necessário pensar que sua linguagem ou educação vão ser diferentes das de seus irmãos ou das outras de crianças de sua idade.

Quando uma criança surda nasce, seus pais ou res-ponsáveis sentem-se impossibilitados de agir nor-malmente com ela. Apresentam-se fragilizados nos primeiros tempos, encontram inúmeras dificuldades à sua frente e, quase sempre, alteram seus planos de vida em função desta nova situação. Os encar-gos e as responsabilidades normais de uma família ficam modificados e exagerados com a chegada de uma criança diferente. (STELLING, 1996, p. 34).

O INÍCIO DA ESCOLARIZAÇÃO E O PAPEL DA FAMÍLIA Após a família passar por este processo de impacto, começa

a questionar o que a escola pode oferecer ao filho. A criança e a família terão que se adaptar novanebte. Esta nova adptação se dará agora, no mundo da escolarização. Lá ela busca a segunda educação, formulada através de regras imposta para que possa ser incluída na sociedade. Nesta etapa, compete aos pais possibilitar segurança, carinho e comunicação com a criança surda.

A inclusão da criança surda na escola visa favorecer oportunidades para que ela possa se desenvolver, adquirindo meios culturais e entrosamento na sociedade construindo sua própria subjetividade, terá recursos para sua inserção no processo linguístico, trocando ideias, sentimentos, compreendendo o que se passa em seu meio e adquirindo, então, novas concepções de mundo, dando início à aquisição de uma língua.

A família deverá saber que precisará também desenvolver a língua de seu filho pelo meio corporal, gestual e até por meio das palavras. Simultaneamente, deverá agir normalmente com a criança comunicando o tempo todo como se fosse um filho ouvinte antes de aprender a falar, fazendo suas perguntas e respondendo o que for solicitado e também cantando e contando historinhas infantis.

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99Língua Brasileira de Sinais - Libras

Como início ao atendimento educacional e a integração da família, a criança certamente será incluída em todos os as-pectos tendo o direito comum de participar de todos os processos educacionais.

A continuidade da escolarização visa a oferecer à criança surda as mesmas chances que são ofereci-das às outras crianças no que diz respeito ao exer-cício efetivo de sua cidadania, para que possa se desenvolver como pessoa, adquirir meios culturais para se posicionar na comunidade e para adqui-rir habilidades para o seu entrosamento eficiente e produtivo na sociedade. (BRASIL, 1994, p. 134).

PERSPECTIVAS DA FAMÍLIAAs famílias vêm compreendendo mudanças que acarretam

na exigência de serviços de qualidade na educação para seus fi-lhos surdos, pois, por vários anos essas famílias se viram sem voz aguardando que outros determinassem sobre o futuro educacio-nal de seus filhos sem saber qual seriam a melhoria e a qualidade.

Os pais que descobrem a surdez de seu filho tardiamente não conseguem oferecer ou não sabem onde procurar auxílios benéficos. Assim, estimam “soluções” de desenvolvimento inte-lectual e social ao filho através de terapias fonológicas, psicoló-gicas, cursos de apoio, escolas e tarefas, tudo simultaneamente. Ao perceberem resultados insatisfatórios, reconhecem que tudo não passou de um ‘tiro no escuro’, seu filho não conseguiu apri-morar nenhum dos objetivos traçados e, a partir deste momento, passa a buscar apoio com profissionais capacitados e associações. Os pais devem se render e optar por apenas uma direção, a di-reção que deverá ser tomada desde o princípio escolar que é mantê-los em escola regular e na alfabetização em Libras, assim, o resultado se consegue em menos tempo.

Os pais devem dar liberdade de autoescolha, o surdo deve ter uma vida social como a dos ouvintes.

“Quanto mais confortáveis todos os membros da família estejam com a surdez, melhor” (LUALDI apud HOFFMEISTER, 1999, p. 128).

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100 Língua Brasileira de Sinais - Libras

A construção no ambiente escolar permeia perspectivas boas às famílias dos surdos de tal modo que geral as decisões estão sendo cada vez mais cedo e acabam contribuindo direta-mente em bons frutos a seus filhos.

Um dos direitos adquiridos pelas pessoas surdas é o direito a inclusão e não há mais força de lei que obrigue a família a optar pelo que não deseje é apenas isso: “um direito”. O prazer a ser incluído em todos os espaços sociais.

METODOLOGIA DE ATENDIMENTO EDUCACIONAL AO SURDO

Como já visto, a família deve participar do processo educacional do seu filho surdo, desde a fase inicial, e, para um bom desenvolvimento e atendimento, a escola deve deixar a par seus professores e todo corpo institucional para que possam ter um atendimento especializado. E este atendimento especializado não mais pode ser visto como um sistema paralelo à educação geral mas que dela faça parte como um conjunto de recursos pe-dagógicos e de serviço de apoio, que facilitem a aprendizagem de todos esses alunos.

O atendimento educacional deverá seguir alguns programas para incentivar e capacitar o aluno surdo para a obtenção melhores resultados.

ENVOLVIMENTO PRECOCEO envolvimento precoce10 deve

acontecer inicialmente em casa com os pais e, posteriormente, na escola, onde irá realizar atividades com objetivos de alcançar a ludicidade, a afetividade, a naturalidade e o cotidiano.

10 Estimulação

precoce: é um conjun-

to de atividades vol-

tadas para capacitar

crianças de 0 a 3 anos

de idade. REZENDE

(2007)

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101Língua Brasileira de Sinais - Libras

Atuar com benevolência e naturalidade por meio de brincadeiras que possam levar à interação, que é fundamental para o êxito do trabalho construindo vínculo e tomando estratégias que motivem a realizar tarefas.

ESTIMULAÇÃO ESPECÍFICAVisa ao desenvolvimento da língua, com atividades que levam

à ampliação dos campos da surdez afetando e constituindo uma prática para evitar que ela acarrete outros problemas.

Em conjectura, acarreta:Estimulação para aquisição da Língua de Sinais;Estimulação e treinamento auditivos e vocacionais;Estimulação da leitura orofacial.

DISPOSIÇÃO PSICOMOTORAEste acondicionamento proporciona a capacidade motriz,

expressiva e criativa de um surdo a partir do movimento corpo-ral, obtendo percepções motoras e capacidades de atuar e agir consigo mesmo toda informação que explora o ambiente físico e humano e passa assim a conhecer e explorar o caminho que visa equilíbrio e controle motor.

ENVOLTURA LINGUÍSTICAConsiste em aplicar métodos e técnicas para a aquisição e

o uso da Língua de Sinais como elemento principal para a comu-nicação, fazendo com que o surdo participe do social com uma linguagem formal e oficial pressupondo atitudes de reciprocidade e evolução no processo de inclusão dando-lhes condições de uma vida diária com argumentos, decisões e respeito.

Page 103: Apostila de Libras EAD

102 Língua Brasileira de Sinais - Libras

Não podendo “consertar” a surdez, desligam-se, acomodam-se e transferem suas responsabilidades para terceiros, principalmente par aos profissionais, pois se consideram incapazes para o grande desa-fio de educar um filho diferente, de uma maneira diferente, numa língua também diferente. É comum constatarmos pais que fingem ver a surdez do filho, até porque a surdez não é visível fisicamente. Des-te modo, não cumprem o seu papel, não definem sua função, e depositam suas expectativas de sucesso na escola e/ou na clínica, delegando po-deres a outras pessoas. (STELLING, 1996, p. 67).

Na aquisição da leitura e da escrita, as crianças surdas passam por diferentes níveis de aprendizado, escrevendo e arquitetando hipóteses de significação que parecem ser reais. Entretanto, os surdos estabelecem primeiramente noções visuais, que dão sentido à escrita.

A Língua de Sinais diferencia-se das outras línguas por utilizar a modalidade visual-espacial, que propicia a descoberta da textualidade em produções com os sinais e não com a escrita.

Reconhecemos que a participação da família ouvinte/surda na educação dos sujeitos surdos é fundamental para o cresci-mento cognitivo e psicossocial da criança surda.

Em uma família que recebe uma pessoa surda, a comunicação não pode ser diferente. Deve haver discussões e diálogos para que os envolvidos possam crescer e compreender o mundo.

Desta forma, a comunicação entre a família ouvinte e o surdo deve se processar levando-se em consideração a Libras e, além de mergulhar nessa linguagem, também devem fazer das suas casas um ponto de encontro e aprendizagem da Libras.

Atualmente, existem diversas possibilidades de crescimento e informações para as famílias tratarem a situação da surdez com mais naturalidade e um dos ganhos é a regulamentação da lei 10436. Com essa lei, os profissionais que estão entrando nas universidades terão maiores capacidades no atendimento e educação dos surdos.

Page 104: Apostila de Libras EAD

103Língua Brasileira de Sinais - Libras

Para Refletir

• Que estratégicas devem ser usadas para estimular um surdo precocemente nas atividades sociais?

• Você está preparado(a) para receber um aluno, cliente, paciente e até mesmo um(a) filho(a) surdo(a)?

3.3 INTERAÇÃO ATRAVÉS DA LÍNGUA DE SINAIS

As Línguas de Sinais têm sido pesquisadas e abrigadas na maioria dos países. O seu uso está espalhado pela nossa nação, seja na educação, serviços ou interação social.

Todos tem a oportunidade para o desenvolvi-mento lingüístico natural, educação de boa quali-dade e educação contínua durante a vida toda. Os países que antes ignoravam a língua de sinais estão avançando rapidamente na sua pesquisa e docu-mentação e na criação de legislação que garante o uso desta língua nativa. (MOURA, 2008, p. 115).

Interagir ou comunicar é importante e indispensável para qualquer ser humano. Tanto os homens quanto, os animais usam a comunicação para interagirem.

O surdo adquire sua linguagem ao ligar a experiência que está vivendo com a verbalização e ou sinais que ela observa em outra pessoa (pai, mãe, colega, professores, etc.), bem como ao relacionar o que está sendo falado pelo outro com suas próprias experiências e também ao comunicar seus pensamentos de forma oral, escrita ou com sinais.

A difusão de informações e a troca de experiências tornam possível a comunicação entre duas ou mais pessoas.

Page 105: Apostila de Libras EAD

104 Língua Brasileira de Sinais - Libras

Quando alguém como você tem alguma experiência de vida e até mesmo as crianças, há sempre excelentes ocasiões para conversar das coisas que estão acontecendo, do que estão vendo, ouvindo e de outros momentos que nos leva ao prazer de conversar, bater papo, fofocar, brincar e contar piadas, mas, não é pela falta de uma língua oralizada, do som da voz que deve-mos excluir, omitir ou deixar de repassar ou receber estes tipos de informações. Com a Língua de Sinais, podemos realizar essas comunicações com os mesmo detalhes de uma língua oralizada.

A interação junto à Língua de Sinais se faz indispensável à criança ou a qualquer outra pessoa surda e devemos de alguma forma motivar sempre a aprendizagem e a interação com essa língua.

Em diversas circunstâncias, pessoa que convivem com sur-dos têm algumas atitudes impróprias em relação a como interagir com eles. Isso acontece naturalmente sem ao menos percebermos, mas, devemos tratar estes desconfortos para desenvolvermos uma satisfatória interação. E para que isso não aconteça, deve-se tomar os seguintes cuidados:

- acredite e nunca desconfie das condições de plena com-

preensão da mensagem;

- deposite sua própria confiança que irá conseguir interagir

com o surdo;

- aja com naturalidade em todos os aspectos de interação

e informação;

Lembre-se, na hora

que estiver interagindo

com um surdo, não

mencione surdo-mudo.

DICA:

Page 106: Apostila de Libras EAD

105Língua Brasileira de Sinais - Libras

- ao interagir com os surdos, não vire o rosto, eles também se comunicam olhando para os olhos ou utilizam a leitura labial;

- não deixe passar ‘batido’ frases que você não entendeu, muita gente acaba fazendo a expressão de sim com a cabeça como se estivesse entendendo e, na verdade, não com-preendeu nada. Se houve dúvida ou não entendeu diga para repetir até entender o contexto;

- não superproteja os surdos. Elas são pessoas capazes e sabem “se virar” para interagir;

- não se utilize de frases “Pergunta pra ele se...”, dirigindo-se ao Intérprete. Sempre que estiver interagindo com o surdo fale diretamente para ele, mesmo que ele tenha intérprete;

- quando estiver conversando com um surdo oralizado, pronuncie bem as palavras sem exageros.

Neste exemplo, podemos verifi-car que é possível ler sem problemas o texto, pois estamos associando a ima-gem da palavra (imagem mnemônica11) e não a associação da fonética. Esta é

SEUGNDO AS PESQIUASS, NÃO IPMOTRA A ODREM DAS LERTAS DE UMA PALARVA DSEDE QUE A PIRMIERA E A ÚTLIMA LERTA ESTAJEM NO LGUAR COERRTO.

ITSO SE DVEE AO FTAO DE QUE A MNETE HUAMNA NÃO LÊ CDAA LERTA SEPRADAMEANTE E SIM A PAVALRA CMOO UM TDOO.

11 Imagem Mne-

mônica: é uma imagem

contida na memória

por uma recordação.

Page 107: Apostila de Libras EAD

106 Língua Brasileira de Sinais - Libras

uma pequena demonstração de que a interação às vezes não depende sempre de processos cheios de regras. Você poderá interagir na hora e no momento que desejar com qualquer surdo. Seu nervosismo de achar que não irá conseguir deverá ser deixado de lado e partir ‘pro abraço’.

Moura (2008) apresenta uma visão cujo desejo é que seja alcançada até 2020, quais sejam:

- direitos humanos completos [...];

- acesso pleno à comunicação, língua e informação;

- educação de qualidade, com educadores surdos fluentes

na língua de sinais, acesso ao ensino superior e programas

de educação para adultos ao longo da vida;

- respeito total e amplo uso da língua de sinais por pessoas

não-surdas;

- diversidade nos atendimentos públicos [...];

- interação livre graças à disponibilidade de intérpretes e

tecnologias da informática;

- “Nada sobre nós sem nós” será a norma;

- reconhecimento da língua de sinais e dos direitos linguís-

ticos em pleno vigor;

- os surdos em países em desenvolvimento, as mulheres

e os jovens, bem como outros grupos vulneráveis terão

avançado significativamente, atingido a igualdade e a

qualidade de vida.

Até que a visão de Moura seja alcançada, temos que inte-ragir com qualquer pessoa independente da forma de comuni-cação. Comunicar e interagir faz parte da natureza humana e é sucessível ao passar dos anos.

Page 108: Apostila de Libras EAD

107Língua Brasileira de Sinais - Libras

Para uma criança obter uma interação, (LENNEBERG apud HONORA, s/d, p. 37-38) descreve um gradual desenvolvimento onde as crianças alcançam funções sociais importantes tendo uma sequência fixa e em idades cronológicas relativamente constantes.

Veja a evolução da interação de uma criança quanto às

funções básicas da linguagem.

Idadeaproximada Funções sociais e linguísticas básicas

NascimentoConforto pelo som da voz humana; as expressões comuns representam choro por desconforto e fome.

6 semanas Resposta à voz humana, emissão de sons de prazer e choro para conseguir ajuda.

2 meses Começa a distinguir diferentes sons de fala.

3 meses

Direciona o olhar para o local de onde desponta o som, emite respostas vocais à fala de outros e começa a balbuciar ou controlar sons silábicos com ritmo.

4 meses Começa a variar o tom das vocalizações e imita sons.

6 meses Começa a imitar sons feitos por outras pessoas.

9 mesesComeça a transmitir signifi cado pela entonação, usando padrões que se assemelham às entonações dos adultos.

12 mesesComeça a desenvolver um vocabulário. Um bebê com 12 meses de idade possui vocabulário de 5 a 10 palavras que irá dobrar nos próximos 6 meses.

36 meses O vocabulário pode chegar entre 900 e 1000 palavras; faz sentenças simples.

4 anosPossui um vocabulário de mais de 1500 palavras, faz muitas perguntas e suas sentenças fi cam complexas.

6 anos Compreende de 20 mil a 24 mil palavras.

Page 109: Apostila de Libras EAD

108 Língua Brasileira de Sinais - Libras

As situações vistas no quadro se referem a uma criança ouvinte num ambiente familiar. Mas, com a falta de audição, é con-veniente impor precocemente situações lúdicas que produzam ruídos e vibrações com cores e movimentos. Deve-se lembrar sempre que a utilização de métodos visuais como fotos, figuras de jornais, palavras com sinais e o incentivo são essenciais ao surdo para assegurar sua atenção.

Envolver a interação da pessoa surda no mundo da comu-nicação e da tecnologia não é impossível, há diversos instru-mentos de entretenimento no mundo visual, perceptível e vibra-

tório, conheçam:

Telefone CelularMuita gente pensa: O que um surdo vai fazer com um celular? Hoje, os celulares são de baterias com vibra call, ou seja, o celular vibra e com isso o portador sabe o momento que o telefone está em chamada. Os surdos utilizam o celular para enviar e receber mensagens, usam como desper-tador, agenda, entre outros.

InternetA internet tem sido um dos meios mais

utilizados não só pelos ouvintes. Os surdos têm se especializado cada vez mais para buscar seu aprimoramento e assim se utilizam todas as ferramentas nela existentes para a comunicação como: e-mail, msn, chats, sites de relacionamento, pesquisa e estudos.

TDD (telecommunications device for the deaf)Telefone para surdos, denominado como TTS (Terminal Telefônico para Surdos), é um equipamento de comunicação telefônica

Page 110: Apostila de Libras EAD

109Língua Brasileira de Sinais - Libras

através do qual os surdos se comunicam com outras pessoas escrevendo suas mensagens em um teclado e visualizando em um display as mensagens que lhes são enviadas. O produto usa tecnologia brasileira com o objetivo de quebrar as barreiras de comunicação. Quando um surdo quer falar com algum ouvinte que não possui o TTD, ele liga para a central da operadora e a atendente faz a intermediação entre o surdo e o ouvinte e vice- versa. É um método simples e funcional.

Na vídeo-aula, você verá como funciona o TDD e onde encontrá-los.

Closed Caption ou legenda ocultaÉ um sistema de transmissão de le-

gendas via sinal de televisão. Essas legen-das podem ser reproduzidas por um te-levisor que possua função para tal, e tem como objetivo permitir que os surdos possam acompanhar os programas transmitidos. As legendas ficam ocultas até que o usuário do aparelho acione a função na televisão através de um menu ou de uma tecla específica.

A legenda oculta descreve além das falas dos atores ou apresentadores qualquer outro som presente na cena: palmas, passos, trovões, música, risos, etc.

Janela de IntérpreteA janela não acontece em to-dos os programas e nem em todas as emissoras. A janela de Intérprete é uma janela que fica ao canto inferior do televi-sor em que um profissional faz toda a interpretação do progra-ma ou parte dele.

Page 111: Apostila de Libras EAD

110 Língua Brasileira de Sinais - Libras

EscritaA escrita é considerada um eficiente

recurso, utilizada na interação entre um sur-do e um ouvinte tendo aproveitamento ma-nuscrito e visual. Podemos dizer que a escrita envolve também o desenho. Muitos surdos que não são alfabetizados e não são sinalizadores, utilizam-se de desenhos e formas para se comuni-

car e entender a pessoa com quem gostaria de manter o acesso

e a informação.

Dispositivo luminoso

É um dispositivo utilizado em residências de pessoas surdas.

São usados nos telefones e campainha. Sua instalação depende

de um profissional qualificado e experiente, pois, os fios da cam-

painha e do telefone são ligados diretos nas lâmpadas de todos

os cômodos da casa, inclusive no banheiro. Quando o dispositivo

da campainha é acionado, ele faz com que as luzes pisquem e

apaguem; já as luzes do telefone ficam piscando até que ele seja

atendido. Outro método se dá pelo uso das cores das luzes. Geral-

mente a campainha pisca uma luz branca e o telefone pisca uma

luz amarela por um determinado tempo.

Sinal PróprioQuando conhecemos alguém, logo falamos seu nome ou

se não conhecemos, perguntamos como se chama. O sinal pró-prio serve para que, todas as vezes que quisermos nos referir àquela pessoa, tenhamos um signo, um batismo que nos repre-senta. O nome que estamos falando é o que na Língua Brasileira de Sinais denominamos de sinal pessoal. Assim, após obter o sinal próprio, dá-se início à participação na comunidade surda. O sinal do “nome” se trata de uma marca, um traço ou persona-

lidade da pessoa.

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111Língua Brasileira de Sinais - Libras

Dia do SurdoEm 26 de setembro é comemorado o Dia Nacional do Surdo,

data em que são relembradas as lutas históricas por melhores condições de vida, trabalho, educação, saúde, dignidade e cidadania e também pela inauguração da primeira escola para Surdos no país em 1857. Enquanto isso, a Federação Mundial dos Surdos celebra o “Dia do Surdo” no dia 30 de setembro.

Para Refletir

• São diversas as formas de comunicação e interação com o surdo. Com a inclusão estampada por todos os lugares e obrigatória em todas as empresas de atendimento ao público, será que estamos preparados para receber e interagir com os surdos?

3.4 SURDEZ, SOCIEDADE EM SEU PROCESSO DE INCLUSÃO

Os processos psicossociais enfatizando a inclusão de surdos é um assunto muito complexo, sua situação depende da reali-dade de cada centro, estado ou região. Para analisar cada fato é preciso conhecer o surdo e sua vida cotidiana dentro das práticas de uma questão sociocultural.

A inclusão social tem oferecido aos surdos oportunidades de participarem de todos os sistemas governamentais, e estas oportunidades possibilitam a descoberta de situações fascinantes e geram também a desconfiança e incertezas de normas constantes.

Há uma distinção de fatores e conhecimentos quando se fala de inclusão de surdos, além de sua diversidade (língua, cul-tura, tradições etc.). Na inclusão, alguns fatores primordiais favo-recem o surdo e um deles é a valorização de sua cultura e comu-nicação espaço/visual que os elevam no sentido de compreender o universo em seu entorno, construindo uma experiência visual.

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A Língua de Sinais não deve ser encarada como instrumento de inclusão, mas sim de valorização da cultura surda, aceitando sua língua oficial.

Favorecer o aprendizado do indivíduo surdo utilizando a Língua de Sinais é ter certeza de que ele adquirirá o conhecimento. Com isso pode-se citar o livro “O vôo da gaivota” da autora surda Emmanuelle Laborit (1996, p. 61):

Utilizo a língua dos ouvintes, minha segunda língua, para expressar minha certeza absoluta de que a Língua de Sinais é nossa primeira Língua, aquela que nos permite ser seres humanos comuni-cadores. Para dizer, também, que nada deve ser recusado aos Surdos, que todas as linguagens podem ser utilizadas, a fim de se ter acesso à vida.

A sociedade não é composta somente de pessoas que ou-vem e, assim, a inclusão é um tremendo benefício para inverter papéis e trocar experiências aprendendo e cultivando novas lín-guas. Essa troca pode levar a uma maior integração e inclusão social. O surdo, ao se ver valorizado e respeitado em sua ca-racterística, pode ampliar o interesse pelo aprendizado da língua oral portuguesa, a qual, hoje, não é uma obrigação legal para pessoas surdas. ”As frases nas mãos” não apenas substituem a forma gráfica da língua portuguesa, elas também repassam sentimentos.

Há tempos, os surdos eram obrigados a aprender a oralização para se incluirem na sociedade. Talvez fosse mesmo o melhor meio para enriquecer as relações entre os pais e família.

INCLUSÃO DOS SURDOS NA ESCOLAAtualmente, no Brasil, a inclusão dos surdos nas escolas,

está sendo um desafio. Temos vistos, em diversas escolas regulares surdos que chegam até a escola e até mesmo às séries finais sem saber ao menos sua língua materna enquadrando-se aos verda-deiros excluídos, pois, não entendem a oralização dos professores

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e pouco também entendem sua própria língua. Daí surge muitas aflições e questionamentos. Em cursos de capacitação em Libras oferecidos pelos governos, fala-se em interpretação e expressão dentro da sala de aula independente de os surdos saberem ou não Língua de Sinais. Tudo bem, realidade de grandes centros referenciais em Libras estão adaptados e acostumados em a receberem alunos de níveis elevados de entendimento inter-pretativo. Mas, o que fazer com os alunos de interior, indepen-dente do estado, e que não têm apoio desde a infância?

Inclusão escolar dos surdos requer uma boa elaboração tanto para o aluno quanto para a escola. Assim, ambos se sentirão aptos a participarem deste processo.

As Diretrizes Nacionais para Educação Especial na Educa-ção Básica (BRASIL, 2001 apud GLAT, 2007, p. 31):

Todos alunos, em determinado momento de sua vida escolar, podem apresentar necessidades edu-cacionais, e seus professores, em geral, conhecem diferentes estratégias para dar respostas a elas. No entanto, existem necessidades educacionais que requerem da escola uma série de cursos e apoios de caráter mais especializado, que proporcionem ao aluno meio para acesso ao currículo. Essas são as chamadas necessidades educacionais especiais. [...], trata-se de um conceito amplo: em vez de fo-calizar a deficiência da pessoa, enfatiza o ensino e a escola, bem como as formas e as condições de aprendizagem; em vez de procurar, no aluno, a ori-gem de um problema, definiu-se pelo tipo de res-posta educativa e de recursos e apoios que a escola deve proporcionar-lhe para que obtenha sucesso escolar; por fim, em vez de pressupor que o alu-no deva ajustar-se a padrões de ‘normalidade’ para aprender, aponta para a escola o desafio de ajus-tar-se para atender à diversidade de seus alunos.

Muitos acham que incluir é apenas colocar o aluno surdo na sala de aula. O trabalho é longo, constante e necessita da participação de todos do ambiente para garantir a inclusão.

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Ouve-se muito: “Nem eu e nem a escola estamos preparados para receber os surdos aqui.” “Não tenho obrigação de traba-lhar com os surdos porque o governo não dispõe de meios para atendimento”. Estes comentários não são isolados, acontecem e acontecerão em vários lugares e com diversos profissionais e, quem fala, esquece que a escola tem o Intérprete e que a ela dis-ponibilizou sim de “um meio” para intermediar os professores.

É preciso apaziguar esta amargura, este desconforto e esta insegurança, pois, a inclusão depende dos professores e, que-rendo ou não, vem também testar o potencial dos profissionais, aonde eles podem chegar, atropelando algumas etapas. É preciso que os professores se incluam no ensino aprendizado da Libras e incluam os surdos em suas salas de aula.

O primeiro passo está dado, e agora?Qual a capacidade de aprendizado dos surdos?Estas crianças têm entrado na escola achando que sabem

Libras porque já conhecem o alfabeto e pensam que sabem ora-lização porque sabem se comunicar em casa. A realidade é essa e não sei falar se está havendo a inclusão ou se estão querendo fazer a inclusão.

Ensinar a alfabetização de Libras e Português ao mesmo tempo é uma prática confusa e desastrosa, assim como, tentar ensinar para diversos surdos com níveis diferentes. O apoio que deveria ser inclusivo e eficiente passa a ser uma tentativa de aquisição lenta.

Alunos surdos com idades mais avançadas têm um aprendizado inferior tanto na Libras quanto no português, mas têm maior interesse em aprender. Os mais novos aprendem, mostram interesse em adquirir conhecimento e preferem a sua língua natural como referencial. Já os que intercalam as idades estão na fase mais confusa, pois, já adquiriram anteriormente o ensino através da oralização sem conhecer o português ou a Língua de sinais e acabam utilizando o bimodalismo.

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Laborrit (2006, p. 23) deixa claro o que é uma inclusão de surdo. A frase dele foi muito feliz:

Quando eu aceito a língua de outra pessoa eu aceitei a pessoa [...] Quando eu rejeito a língua, eu rejeitei a pessoa porque a língua é parte de nós mesmos [...] Quando eu aceito a Língua de Sinais, eu aceito o Surdo, e é importante ter sempre em mente que o Surdo tem o direito de ser Surdo.

Diversas são as dificuldades e problemas encontrados por todos no processo de inclusão, mas, tentar facilitar a inclusão dos surdos no social é dever de todos nós.

Grande parcela da população de pessoas surdas vive ainda no contexto limitado. As barreiras sociais lhes impõem restrições ao exercício da cidadania plena, de uma vida digna, participativa. A realidade social necessita dos esforços da família, dos governos, da sociedade em geral, no sentido de promover a melhoria de vida de toda a coletividade de forma igualitária e democrática.

A garantia do conhecimento da Libras na formação de profissionais aprova a construção de uma sociedade para todos, ajustada no princípio da inclusão, sugerindo preparação e apren-dizagem, atentas às diversidades linguísticas que encontraremos.

As discussões hoje existentes sobre pessoas com necessi-dades educacionais especiais pautam-se no desenvolvimento de ações educativas assentadas nos pressupostos de uma educação inclusiva, sugerindo a formação de um profissional cujo perfil de atuação seja compatível com a necessidade apontada.

A inclusão representa, portanto, um grande desafio para as escolas adotando um modelo com ênfase na aprendizagem e não apenas no ensino. O princípio fundamental da escola inclusiva é o de que os alunos, sempre que possível, devem aprender juntos independentemente de suas dificuldades ou diferenças. A ideia é que as escolas devem adequar-se ao social, ao emocional e ao linguística.

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As dificuldades se darão em função do despreparo dos educadores atuantes no ensino inicial. Por isso, hoje, você está se capacitando para que no futuro não tenhamos mais surdos com dificuldade de aprendizado e comunicação. Você irá incluí-lo e estará se incluindo ao mundo do silêncio.

Inclusão e o Papel do ProfissionalEste termo “inclusão”, tanto lido aqui como escutado no

dia-a-dia, irá permutar por, vários autores e até mesmo por várias outras vezes neste livro. Mas esta palavra e sua ação estarão ligadas diretamente a você, compartilhando com diversos segui-mentos da sociedade nos inúmeros serviços na área da saúde e educação.

Apesar de toda discriminação, o surdo está incluído em uma sociedade cheio de pesares, mas, está em meio a uma nação alegre, que dará auxílio para sobrevivência e desenvol-vimento dos surdos. Muitas das vezes os próprios surdos são preconceituosos, e o papel do profissional é também fazer com que o surdo se inclua, ou seja, passe a aceitar seus familiares, seus professores, seus amigos, alguém que lhe oriente como lidar com um ser tão “excludente”.

Os profissionais comprometidos com a proposta da inclu-são devem acreditar no potencial, no desempenho e no que os surdos são capazes de fazer.

Uma pessoa quando abarcada no programa de inclusão não deve ser classificado como “coitado”, deve ser tratado com a visão de garantir acesso e a participação ativa, cobrando normalmente suas tarefas e deveres em cima das possibilidades de empenho e produtividade.

Os colaboradores surdos deverão ser percebidos como sujeitos que têm diferença e não deficiência. O fato de não ouvir não significa que não pode ou não consegue. É preciso considerar sua cultura, suas possibilidades e suas capacidades.

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Para este processo seguir conforme esperamos, você deve refletir acerca da importância do papel do profissional como agente intercessor na inclusão do surdo no mercado de trabalho, aprendendo e proporcionando diversidade, experiência e motivação.

De acordo com as concepções do “Projeto Incluir”, busco sugerir possibilidades de acesso e permanência dos surdos em ambientes distintos, sem que sejam exclusas adotando como fator importante o papel do profissional.

Conheça o que pode inserir os surdos na sociedade com a colaboração de um profissional:

- planejar os passos do surdo através de reforços negati-

vos ou positivos, desenvolvendo do mais simples para o

mais difícil com métodos repetitivos criando experiência e

baseando-se em resultados apresentados;

- facilitar o aprendizado fundamentando na imaturidade;

- possibilitar diálogos nas duas línguas (português e Libras),

envolvendo a compreensão e aceitação, assim, inovando

diálogos e tolerando erros;

- compartilhar conhecimentos específicos para desenvolver

processos distintos e interdependentes. O processo de

inclusão consiste em crescer envolvendo quem inclui e

quem é incluído.

Diante destas concepções, permita o avanço na perspectiva do acolhimento e da diferença, propiciando o alargamento nas trocas de conhecimentos e na formação humana.

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Para Refletir

• Na prática cotidiana, todas as características da inclusão aqui expostas são levadas em consideração?

• É possível desenvolver potencialidades das pessoas com surdez no contexto social?

Resumo

A surdez em seus aspectos comunicativos e interação, prepara artifícios para comunicação corporal. Esta comunicação é uma das mais importantes dentro da Libras, pois, facilita a compreen-são e assessora os sinais em um contexto, assim como os classi-ficadores, que são marcadores de concordância, nos trás o real. A estrutura e apoio familiares são essenciais à vida de qualquer pessoa, principalmente no lar que acaba de receber um surdo. A barreira existente na comunicação pode atrasar todo o processo de escolarização e desenvolvimento linguístico neste novo mem-bro e, nesse sentido, novas perspectivas vêm sendo criadas para combater o paradigma da exclusão até atingir a aceitação e inte-ração perfeitas. A inclusão é um fato muito comentado nos dias de hoje e vem favorecer os surdos dentro da sociedade, pois, possibilita facilidades para entrar no mundo do aprendizado de forma total e incondicional.

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Língua de Sinais: Saberes e

Fazeres 4Neste tema você verá de forma prática como se comunicar

e trabalhar com um surdo. Portanto, prepare sua criatividade e faça parte destes saberes e fazeres.

4.1 ASPECTOS PEDAGÓGICOS EM SUAS POSSIBILIDADES NO CONTEXTO DE ENSINO-APRENDIZAGEM

O surdo se utiliza principalmente da visão em sua interação com o meio comunicativo e de aprendizagem. Para o surdo, a Língua de Sinais é primordial, por isso encontrará em algumas bibliografias a referência de L1 (primeira língua) que é a LS (Lín-gua de Sinais) que é totalmente visual-espacial e L2 que é a Lín-gua oral-auditiva.

Para o aprendiz surdo o processo é o mesmo da alfabeti-zação em português, o que se alteram são as ênfases dadas aos modelos e figuras.

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120 Língua Brasileira de Sinais - Libras

O indivíduo surdo possui algumas características que podem afetar ou dificultar a aprendizagem, mas, na falta da audição, a vibração e a visão acabam suprindo as informações recebidas.

Uma rica imagem permanece mais tempo viva na memória do que uma extensa explicação. A comunicação visual específica mantém por mais tempo a atenção do surdo.

Imagens ilustradas ou reais são de grande importância para o aprendizado e no desenvolvimento de práticas tendo a função de instrumentar o crescimento dos alunos surdos. O visual, tanto na representação abstrata quanto na figurativa tem o potencial de ser aplicado como recurso na transmissão de conhecimento e no desenvolvimento do raciocínio.

Para o aprendizado de uma criança surda, além da parte visual, é de grande importância que eles participem de associa-ções, grupos ou espaços onde se permite a socialização entre pessoas de diferentes níveis educacionais e idades. Assim, po-derá ter um ambiente diversificado que de tal modo irá desen-volver suas diversas práticas de aprendizado, frisando que a Libras é a primeira língua dos surdos e a L1 deverá fazer parte da vida do surdo antes mesmo da L2 (português).

O surdo possui determinadas características que podem comprometer ou inibir o aprendizado, fazendo que a visão e a percepção vibratória supram e organizem as informações recebidas na falta da audição. Um “prejuízo” dos surdos, devido a seu déficit auditivo, envolve a perda de informações existentes no meio ambiente em que vivemos, pois, há elementos sonoros que nos permitem sonhar, conhecer e proteger.

Conforme o site da 3ª Policlínica do CBMERJ (www.3apoliclinica.cbmerj.rj.gov.br), a função auditiva está sempre em desenvolvi-mento. As habilidades auditivas vão se aprimorando conforme o desenvolvimento da criança, conforme os estímulos que esta criança recebe.

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121Língua Brasileira de Sinais - Libras

Você poderá conhecer algumas das habilidades auditivas abaixo:

- atenção auditiva: capacidade da criança de apresentar uma resposta voluntária a um estímulo sonoro;

- consciência auditiva: capacidade da criança de perceber a presença e a ausência do som;

- localização sonora: capacidade da criança em reconhe-cer de onde a fonte sonora partiu;

- discriminação de sons: capacidade de detectar diferen-ças e semelhanças dos sons;

- seleção figura/fundo: habilidade de selecionar um estímulo sonoro significativo dentro de outros sons apresentados simultaneamente;

- detecção sonora: capacidade de perceber se existiu ou não o som;

- sensação sonora: habilidade de saber como era o som;

- reconhecimento auditivo: capacidade de saber qual foi o evento que causou o som;

- compreensão auditiva: compreender por que razão o evento sonoro ocorreu;

- memória auditiva: capacidade de perceber o que ficou retido e que pode ser evocado do som apresentado.

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122 Língua Brasileira de Sinais - Libras

As habilidades auditivas fazem parte do processamento au-

ditivo e envolvem uma análise complexa do sinal acústico, inte-

grando a informação em modelos auditivos. E isso é um proces-

so adaptável e influenciado pelas experiências e aprendizagem

de cada criança.

Portanto, conhecer a função auditiva pode levar ao sucesso

da informação, ensino e aprendizado.

Não se inclua totalmente no mundo das figuras e das ima-

gens. Se você insistir exclusivamente neste contexto poderá

causar defasagem no aprendizado de um surdo, seja criança ou

adulto, pois as ilustrações trazem também distrações, ocasionando

dificuldades em absorver a atenção de forma mais ininterrupta.

O início de um trabalho de ensino-aprendizado da escrita

e da leitura é de grande importância. A escrita, sendo uma das pri-

meiras atividades, iniciará um meio de identificação e os fazem

sentir atração por livros e, sequencialmente, pela leitura. Recorte,

colagem, montagem de frases através de figuras correspon-

derão à memorização dos objetos relacionando às palavras com

a realidade. Somente assim eles (os surdos) saberão o que estão

lendo e o que estão sinalizando.

Para você, aluno(a), entender melhor como funciona o contex-

to de aprendizado dos surdos, dividirei em sub-tópicos explican-

do passo a passo.

A utilização de figuras com o manuseio do lápis chegando

à escrita é uma ótima estratégia de aprendizagem, pois, busca o

caminho necessário, que é o visual e somente com o recurso do

visual possibilita a compreensão e ansiedade de aprender mais.

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123Língua Brasileira de Sinais - Libras

Veja a seguir algumas dicas e aproveite essa ideia.

Com um lápis, faça o caminho que o pato deverá fazer até chegar a lagoa.

Desenvolve a coordenação Motora fina

Matemática: Pinte os cachos que tem 8 uvas.

Faça conforme o modelo. (Golfinhos pulando no mar)

Coordenação Motora

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124 Língua Brasileira de Sinais - Libras

Pinte os cactos que tem 4 folhas.

Desenvolve a matemática

Faça um X onde estão as figuras separadas e depois pinte.

Desenvolve a noção de espaço

Pinte somente os patinhos que estão em direção a sua mãe:

(Desenvolve discriminação visual e lateralidade)

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125Língua Brasileira de Sinais - Libras

Separe as borboletas de 5 em 5. (Desenvolve a noção de números através da contagem e quantidade).

Ligue os pontos em ordem alfabética (Trabalha a alfabetização em Libras).

Caça-palavras em Libras (Trabalha a atenção e concentração)

P C 0 s A p a t o j C

A O L s K r t u Ç F A

T N O V E l A E s F I

o V P Q E s T U d A R

2 I U Ta K G H o C S W

H T 7 4 X i Y P B B 8

Y E R J O v e M V O Ç

w z ç 5 a 6 8 9 u i 2

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126 Língua Brasileira de Sinais - Libras

Circule as mãos que correspondem a números. (trabalha a descoberta dos números, atenção e concentração).

n a e f g 7 c l y m

F 5 9 l l h 1 m h 5

V S 8 h 2 Q 2 z c y

8 F x l 3 Z t l 6 m

A T n 6 h J 1 m y 5

4 6 Ç j l K h y 9 h

s G P 1 S b 0 z c c

i 7 L m w m h 9 l 3

Faça um X nas mãos que representam números pares.

n a e f g 7 c l y m

F 5 9 l l h 1 m h 5

V S 8 h 2 Q 2 z c y

8 F x l 3 Z t l 6 m

A T n 6 h J 1 m y 5

4 6 Ç j l K h y 9 h

s G P 1 S b 0 z c c

i 7 L m w m h 9 l 3

Você, universitário e futuro profissional, ao receber ou atender uma pessoa com surdez, seja homem ou mulher, deverá estar atento, pois assumirá a responsabilidade de desvelar meios que assegurem a construção do conhecimento, favorecendo a

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127Língua Brasileira de Sinais - Libras

comunicação, o entendimento e o atendimento aos surdos. Será necessário que você procure adaptações e estratégias a fim de facilitar a participação, o desenvolvimento e a aprendizagem do seu cliente, seja ele aluno, paciente ou freguês.

Glat (2007) propõe didáticas importantes a profissionais que trabalham no processo de ensino para surdos:

- utilizar sempre a Língua de Sinais, independente se o surdo sabe ou não LIBRAS.

- utilizar sempre a escrita no quadro de giz, slides, desenhos para os surdos escreverem a palavra chave.

- empregar palavras que não estão incluídas no vocabulário diário e anexá-los em um mural.

- proferir frases completas não exagerando nas articulações e nem na velocidade.

- organizar espaços que permitem ao surdo desenvolver e estimular a criatividade, autonomia, ludicidade, memori-zação, raciocínio lógico e sociabilização.

Fazendo um breve apanhado do que foi apresentado, é sempre necessário que a Libras seja oferecida como meio de comunicação e expressão no desenvolvimento do processo de aprendizado. É preciso, por parte dos profissionais, da escola, dos pais, uma mudança de posição, pois sabemos que o pre-conceito e a falta de informação contribuem para o fracasso dos surdos nos seus processos de socialização e aprendizagem.

A comunicação visual é fundamental, tanto para o aprendizado da língua portuguesa oral quanto para a aquisição da língua de sinais.

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128 Língua Brasileira de Sinais - Libras

Espero que você, discente, reflita e se auto-avalie sobre as questões apresentadas, o seu propósito e sua estimulação de despertar será o ensejo de aprendizagem e construção de auto-estima de uma criança ou de um adulto surdo.

SURDEZ E AS DIFICULDADES NO CONTEXTO DE ENSINO APRENDIZADO

A dificuldade escolar traz índices de evasão e reprovação não só em ouvintes, embora a natureza das disfunções na apren-dizagem leva a uma relação direta entre dificuldade de aprendi-zagem e fracasso escolar. De fato, dificuldades, transtornos, dis-túrbios e problemas, todos estão sujeitos a obter. Qualquer aluno que não aprende, não realiza nenhuma das funções sociais da Educação e ficam visíveis as dificuldades no ensino e aprendizado.

[...]é necessário enfatizar que as condições de aprendizagem no processo de escolarização do aluno surdo dependem, por via de regra, do modo pelo qual são encaradas suas dificuldades e as diferenças ocorridas no processo educacio-nal [...]. (SILVA, 2001 apud GLAT, 2007, p.107).

Problemas como falta de atenção, dificuldade de memori-zação, compreensão e desinteresse pode manifestar como pri-meiro obstáculo, mas tenho certeza de que você, caro aluno passará por cima destas dificuldades.

De acordo com vários autores, existe um numeroso grupo de crianças brasileiras de diferentes camadas sociais que aban-donam precocemente a escola por ser surdo, mas eles não citam se é por falta da verdadeira inclusão, a qual o aluno se desmotiva a ir à escola, ou se é por abandono sugerido ou apoiado pelos pais.

Para compensar esta falha na carência cultural, foram organizados, no Brasil, projetos de educação compensatória com surdos e ouvintes na mesma sala de aula e este tipo de educação tem servido para avançar e somar com a inclusão.

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É preciso, inicialmente, reconhecer que a grande dificuldade enfrentada pelos surdos e professores de alunos surdos é a cicatriz quase que alheia à comunicação: a dúvida entre falar oralmente ou usar Língua de Sinais.

Aí está uma dica para você que se interessou por Língua de Sinais. Quem sabe não é o tema-chave para seu estudo de conclusão de curso.

Independente do que vier a nós, devemos sempre permitir ao surdo o direito de acesso à sua Língua Natural, que é a língua de sinais.

Esta língua ostenta outro conjunto de estruturação gramatical altamente complexa que permite ao seu usuário um tipo diferente de pensamento, baseado nas possibilidades inteiramente visuais.

Você faz a diferença e o futuro do ensino e aprendizado do surdo dependerá exclusivamente de você.

ATIVIDADES PEDAGÓGICASPara alcançar a aquisição da linguagem, os educadores

deverão seguir alguns objetivos considerados específicos e importantes na organização da Libras.

QUADROS (2004) propõe sugestões de algumas atividades:- atividades de rotina em sinais;- brincadeiras e jogos em sinais;- realização de experiências em sinais;- hora do conto em sinais;- passeios;- atividades diversas com surdos locais;- mini cursos ou aulas ministradas por outras pessoas surdas.

Junto às aparências formais da Libras, devem ser exploradas funções da língua que auxilie a forma prática e educativa nos seguintes aspectos:

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130 Língua Brasileira de Sinais - Libras

- configuração das mãos;

- alfabeto manual;

- uso de uma mão;

- uso de ambas as mãos com configurações iguais e diferentes;

- exploração dos pontos de articulação dentro do espaço

de sinalização;

- intensidade, modo, tempo, forma e tamanho;

- incorporação de negação;

- emprego das relações de significado lexical;

- sentenças;

- figuras de linguagem.

As funções diversas e o uso da linguagem:

- conversação com diferentes pessoas da comunidade com

níveis diferenciados de formação;

- exploração de jogos dramáticos;

- acesso a aulas em vídeo e jornais televisivos;

- exploração de relato de estórias;

- poesias;

- momentos de conversa sobre fatos históricos da comuni-

dade surda e da sociedade brasileira.

Explorando a arte da língua de sinais:

- produzir estórias usando o alfabeto manual;

- produzir estórias usando os números;

- produzir estórias usando configurações de mãos específicas;

- produzir estórias sobre pessoas surdas;

- produzir estórias sobre pessoas ouvintes;

- produzir estórias com pessoas surdas no mundo dos

ouvintes;

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131Língua Brasileira de Sinais - Libras

- relatar estórias, contos e fábulas explorando os jogos

de posições do corpo e direção dos olhos para estabe-lecimento de personagens.

As sugestões de atividades propostas por Ronice tende a desenvolver interação com a escrita e a língua de sinais.

Pensar em diferentes formas de ensinar e aprender, con-siderando diferentes formas de pensar, de expressar, de ver o outro, nos redimensiona e nos provoca no sentido de busca e de encontro. Os efeitos da modalidade provocam novos olhares sobre a pedagogia. As línguas de sinais, nos contextos em que são usadas pelas pessoas surdas, apresentam diferentes faces de uma possível pedagogia, a pedagogia visual. Podemos brincar, ler, sentir, perceber o mundo, aprender, ensinar através do visual que organiza todos os olhares de forma não auditiva. (QUADROS, 2004, p. 63).

Para Refletir

• Por que muitos surdos atrasam ou não concluem o ensi-no regular?

• Será que é por falta de estímulos auditivos?• Por que não dominam uma língua oral?• Por não conseguirem desenvolver uma língua?• Por apresentarem atrasos na comunicação?• Desestímulo para iniciar a estudar?• Por falta de auxílio no desenvolvimento do pensamento?• Por que têm dificuldades na escrita e má compreensão do

que está lendo?• Pelo isolamento social da comunidade ouvinte?• Por acharem que seu atraso escolar irá atrapalhá-los?• Ou será é pelas dificuldades de aprendizagem?

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132 Língua Brasileira de Sinais - Libras

4.2 POSSIBILIDADES DE TRABALHO

Todos nós sabemos que a dificuldade em conseguir emprego é realidade no Brasil e até mesmo no mundo. Os países têm enfrentado, hoje, uma grande crise social e econômica em que, infelizmente, uma parte considerável da população se destaca pela falta de oportunidades. Normalmente, esta parte da população não tem acesso, sequer, aos meios de informação, para que estejam preparadas a disputar dentro do mercado de trabalho. Paralelamente, encontramos pessoas que não dispõem de meios para conseguir uma boa colocação em termos de emprego.

Em algumas atividades, que englobam percepção, concen-tração e avaliação visual, os surdos se destacam dos ouvintes, tal fato deve-se, principalmente, à falta de conhecimento da popu-lação, de uma forma geral, de que o surdo, tanto quanto qualquer outra pessoa tem capacidade de estar exercendo atividades profissionais variadas, desde que não envolvam a necessidade de ouvir.

Como vimos, existe um número bem significativo de pessoas surdas no Brasil. É importante lembrar que surdez não é sinônimo de inaptidão, pois existem pessoas que apesar de sua limitação sensorial têm capacidade para ingressar no concorrido mercado de trabalho.

A própria Constituição Federal de 1988, em seu artigo 7º, inciso XXXI, explicita a proibição de qualquer discriminação no tocante a salário e critérios de admissão do trabalhador portador de deficiência, deixando bem claro que as pessoas portadoras de deficiência não podem ser vítimas de preconceitos e discriminações nas oportunidades de trabalho.

Este tema é de suma importância, pois o trabalho forne-ce auto-estima e confiança, além de proporcionar aos surdos aprendizagem, aprimoramento e principalmente recebimento de salário decorrente da prestação dos serviços que, para muitos, constitui melhoria das condições de vida.

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133Língua Brasileira de Sinais - Libras

IMPORTÂNCIA DO TRABALHO AOS SURDOSO trabalho na vida do surdo é tão importante quanto na vida

dos ouvintes, assim, a diferença entre pessoas com surdez implica, basicamente, num caráter de sentido “diferente”. A impostura dos que não enxergam e titulam a surdez como incapacidade se dá por que eles não conhecem as potencialidades dos surdos. Isto é claro: são pessoas com potencial produtivo dentro das limitações que são intrínsecas à sua condição.

Um componente que poucos assimilam é que não apenas a falha ou a falta sensorial marca como deficiência. Será que a falta de produtividade é uma deficiência?

A importância do trabalho não pode ou, pelo menos, não deve ser encarada exclusivamente como a satisfação de uma necessidade de sobrevivência. O trabalho, muitas das vezes na condição particular do surdo, não tem unicamente como meta riquezas ou bens. Embora, inegavelmente, seja o meio mais comum de conseguir tranquilidade, serve também como meio de construção de amizades e relações interpessoais.

No recinto de trabalho desenvolvem-se os anseios profis-sionais do indivíduo surdo e é o campo perfeito para a aplicação daquilo que foi aprendido na vida e na instituição de ensino pela qual passou. O trabalho, ainda que intelectual, implica criação, produção e ocupação.

A lei federal que institui cotas para contratação de pessoas com deficiência tem levado empresas brasileiras a buscarem profissionais qualificados para suprir as vagas oferecidas. O Instituto Brasileiro dos Direitos da Pessoa com Deficiência (IBDD), referência nacional em qualificação e encaminha-mento ao emprego nesta área, montou um banco de cur-rículos para promover a articulação entre a demanda das empresas e a oferta de mão-de-obra.

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134 Língua Brasileira de Sinais - Libras

POSSIBILIDADES DE TRABALHO DOS SURDOSA capacitação profissional de uma pessoa surda deve ser

refletida a partir de uma contextualização do mundo do traba-lho, da realidade político-econômico-social em que o país vive. Atualmente, o brasileiro está cercado de empresas que valori-zam a excelência, a produtividade e a qualidade total dos serviços prestados. Tanto ouvintes quanto os surdos necessitam correr atrás disso ou melhorar sua qualidade profissional a fim de se inserirem no mercado de trabalho.

O surdo adulto ainda encontra dificuldades em ser aceito no mercado de trabalho, uma vez que suas reais potencialidades ainda não são reconhecidas pela classe empresarial por falta de informações e pelo preconceito relativo aos portadores de neces-sidades especiais em geral. Lutar pela extinção das listas de profis-são para surdos que acabam atribuindo incapacidade para certos cargos e limitando oportunidades de emprego.

Nos concursos públicos os surdos tem a garantia da Lei de Reserva de Mercado (10%) em todas as instâncias, procurando respeitar proporcionalidade entre as deficiências.

É de extrema importância que os pais participam efetiva-mente no processo de inclusão de seu filho surdo no mercado de trabalho desde criança.

Temos enxergado grandes capacitações dos surdos desempenhado funções relacionadas a serviços gráficos, à digitação (na informática), a serviços bancários e administrativos, às funções docentes (Instrutores), entre outras.

Na função de Instrutores, atuam em:

- cursos de Língua Brasileira de Sinais;

- atividades de Estimulação Precoce (para possibilitar a

aquisição de LIBRAS pelas crianças surdas);

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135Língua Brasileira de Sinais - Libras

- auxílios da Pré-Escola, do Ensino Fundamental, do Médio e até do Superior (para viabilizar a aquisição/aprendizado de Libras pelos alunos surdos, para inclusão de conteú-dos curriculares, em classes ou escolas especiais e em salas de recursos).

A maioria dos surdos que conseguem atingir os níveis mais elevados de ensino, hoje, são professores. Assim, atuam em Programas de Estimulação Precoce, em Escolas Especiais, em Salas de Recursos para apoiarem as atividades curriculares dos alunos surdos que se encontram em processo de integração em classe comum do Ensino Regular, ministrando aulas de Língua Brasileira de Sinais.

CURIOSIDADE

- 90% dos funcionários de uma empresa de cosméticos de Fortaleza-CE são surdos.

- O Nordeste é o campeão de empregadores de deficientes no Brasil, fazendo a colocação de 1.543 trabalhadores, o que ajudou o Brasil a ter recorde mundial. Fonte: idt (2007).

QUALIFICAÇÃOA inclusão dos surdos no mercado de trabalho está relacionada

à lei federal 8.213/90, que garante vaga de emprego para porta-dores de necessidades especiais em empresas com mais de cem funcionários. Porém, analistas de recursos humanos de diversas empresas brasileiras, dizem que enfrentam grandes dificuldades para encontrar portadores de necessidades especiais com quali-ficação para certos tipos de trabalho e mesmo assim considera alto o número de contratações.

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136 Língua Brasileira de Sinais - Libras

Uma coordenadora de recrutamento e seleção de uma grande empresa brasileira diz que tem a cumprir uma cota estipulada por lei, o equivalente a 60 funcionários de sua empresa, e ela fala que já fizeram diversas campanhas, inclusive ofereceram cursos de qualificação, mas que ninguém apareceu.

Na mesma oportunidade, a coordenadora aponta duas barreiras difíceis de superar a inserção dos deficientes no mercado de trabalho. A primeira delas é a ignorância e o pre-conceito, pois muitos empresários ainda não sabem lidar com a deficiência e acreditam que o convívio social destas pessoas é difícil, mas o que acontece, na prática, é exatamente o contrá-rio. O segundo problema é a falta de interesse profissional dos próprios surdos.

SURDOS: EXEMPLOS DE SUPERAÇÃO

- Thomaz Alva Edson, grande inventor da lâmpada elétrica;

- Marlee Martlin, primeira atriz surda que ganhou Oscar de

melhor atriz;

- Helen Keller, professora surda e cega que revolucionou o

ensino dos surdos e cegos;

- Vanessa Vidal, Miss Ceará e 2ª colocada do Miss Brasil

2008;

- Ludwig Van Beethoven, grande músico, elemento da

transição entre o Classismo Romantismo com formas

clássicas herdadas de Mozart.

POSSIBILIDADES DE TRABALHO DOS INTÉRPRETESA profissão de Intérprete de Libras é reconhecida por lei,

mas ainda não é regulamentada. Independente disso, o mercado vem crescendo e dando sinal de que a sociedade desperta para a inclusão.

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137Língua Brasileira de Sinais - Libras

A Língua Brasileira de Sinais está se expandindo, fazendo seu mercado como campo promissor.

Para atuar como intérprete não basta ter o domínio da Língua de Sinais, é de extrema importância que a cultura surda faça parte de sua vida.

É a área educacional que vem necessitando de mais profis-sionais para atuar como Intérprete de Libras.

Há Leis que asseguram a acessibilidade e direitos de comunicação dos surdos na sociedade em relação à educação inclusiva, prevendo que cada vez mais, pessoas com surdez frequentam o ambiente escolar. Fazendo que cada vez mais aumente os números de vagas para Intérpretes, pois, onde estiver um aluno surdo dentro de uma sala de aula, deverá ter um Intérprete acompanhando o aluno.

Além de Intérpretes educacionais, todos ambientes públicos ou privados com grande circulação de pessoas, deverá haver um Intérprete como em rodoviárias, aeroportos, shoppings entre outros.

As possibilidades de trabalho estão abertas, embora não existam vagas do ponto de vista formal. Mas elas serão criadas. Tornar-se um intérprete de Libras já pode ser garantia de um futuro promissor.

PRECONCEITO O preconceito é um dos grandes obstáculos que dificultam

a inclusão social e profissional dos surdos no Brasil.A inclusão de surdos no mercado de trabalho passa por

algumas dificuldades que ultrapassam os próprios limites impostos pela condição física.

O preconceito para com os surdos é um problema grave, pois, traz fortes reflexos para sua vida, dificultando não só o acesso ao mercado de trabalho, mas também a sua vida social.

É necessário haver adequação. Uma pessoa surda é tão capaz ou mais que uma pessoa ouvinte em determinados afazeres, desde que possua condições ideais de trabalho.

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138 Língua Brasileira de Sinais - Libras

Não tenha preconceito, aceite-o e serás surpreendido.

Para Refletir

• Se você tivesse ou administrasse uma empresa, você empregaria um surdo ou um Intérprete?

• O que você acha da admissão de profissionais surdos pelas empresas ter sido imposta por lei?

• Em sua opinião, existe preconceito no mercado de trabalho com relação aos profissionais surdos?

4.3 CONDUTA E LEGISLAÇÃO

Toda profissão necessita haver uma conduta acercada de responsabilidades e deveres, exercida de forma honrosa. Em seu dia-a-dia, deverá ser consciente do trabalho prestado e agir adequadamente sob princípios e valores.

A conduta, quando diz respeito à Língua de Sinais, tem como objetivo proteger vocês profissionais ou futuros profissionais que utilizam ou utilizarão essa língua, alunos surdos, clientes surdos, pacientes surdos e a quem mais utilizar esta língua a fim de pa-dronizar seu comportamento e sua comunicação de forma dig-na e correta.

Você, aluno (a), independente da sua área e profissão, deverá ter com a Língua de Sinais uma qualidade constante para que o surdo tenha condições de lhe entender, criando atitudes comuns como dedicação, humildade, honestidade, respeito, responsa-bilidade e cooperação.

O profissional que utiliza a Língua de Sinais tem como função primordial estabelecer a intermediação comunicativa entre os

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139Língua Brasileira de Sinais - Libras

usuários da Língua de Sinais e os de Língua Oral, estimulando a relação direta entre o surdo e o ouvinte ou entre você e o surdo.

Quando você for intermediar uma conversa, um estudo ou um negócio entre o surdo e o ouvinte, você não poderá assumir nenhuma responsabilidade de interferir, de ensinar, de negociar ou outra atividade que não seja de sua delegação, tendo consciên-cia que estará levando apenas a acessibilidade à informação.

Deverá ser fiel à interpretação, não omitindo e nem acres-centando nenhuma informação do diálogo estabelecido entre o usuário da Língua de Sinais e o de Língua Oral. Ser confidencial, não podendo em nenhuma hipótese, nem mesmo sobre pressão ou ameaça, revelar os diálogos particulares envolvidos.

Você, como comunicador ou Intérprete de Libras, não interferirá com conselhos, considera-ções ou opiniões pessoais, zelando por imparcialidade e neutralidade, não pergun-tando e nem respondendo em lugar do intermediado.

Antes de você interpretar, deverá ouvir e compreender a mensagem, deve manter um lag-time12 para evitar erros e, posteriormente é só transmitir os dados recebidos.

É fundamental que se considere, também, que o

profissional intermediador ou Intérprete de Libras

é apenas um elemento para que se garanta a aces-

sibilidade. Sempre deverão lembrar que os sur-

dos precisam de tempo para olhar no ouvinte e

Intérprete, para as anotações e materiais, caso

houver. Outro aspecto importante é a garantia da

participação do surdo através de perguntas e res-

postas que exigem tempo para pensar, para que a

interação se dê efetivamente. (CAS, 2007, p. 03).

12 LAG TIME: tem-

po aguardado entre

a captação da língua

fonte e a transmissão

para a língua fonte. É

utilizado para não co-

meter erros e leva de 4

a 30 segundos.

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140 Língua Brasileira de Sinais - Libras

LEGISLAÇÃOA legislação garante uma sociedade segura e pacífica, na

qual os direitos coletivos e individuais são respeitados. Sem ela, não haveria o respeito às particularidades, cada pessoa agiria de forma preconceituosa e com seus próprios conceitos e idéias. Mesmo em uma sociedade organizada há desentendimentos e conflitos, e as leis devem proporcionar uma maneira de resolver, propor e punir. Com isso, levando-se em conta a Língua de Sinais aos surdos, as leis nos propõem:

- oficialização e a regulamentação da Língua Brasileira de

Sinais – Libras, nos municípios, estados e federação;

- reconhecimento da língua de sinais como língua da educação

do Surdo, ou seja, a “língua do povo surdo”, em todas as

escolas e classes especiais de surdos;

- assegurar a toda criança surda o direito de aprender prio-

ritariamente línguas de sinais e após, também, português e

outras línguas;

- assegurar às crianças, adolescentes, adultos e idosos sur-

dos, educação em todos os níveis, como pressuposto a

uma capacitação profissional;

- levar ao conhecimento das escolas os direitos dos surdos;

- promover a conscientização sobre questões referentes

aos surdos;

- recomendar que programas da mídia (TV, rádio, jornal)

não veiculem posturas que gerem atitudes discriminatórias

contra o uso da língua de sinais e direitos dos surdos

defendendo posturas ouvicêntricas;

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141Língua Brasileira de Sinais - Libras

- levar em conta o conhecimento da língua de sinais para

a escolha dos professores de surdos. Entende-se como

prova de conhecimento em língua de sinais: certificado

específico de curso reconhecido pelas Associações e

Federações de Surdos, com aprovação posterior em

banca constituída pela comunidade surda e intérpretes;

- iniciativas legais visando impedir preconceitos contra surdos;

- regularizar ou implementar o ensino para os surdos

onde quer que eles ex.: escolas, associações, cursos,

universidades

- formular políticas públicas para levantamento e atendimento

educacional de crianças de rua surdas, conselho tutelar,

FEBEM, respeitando sua cultura.

Em concursos públicos, nos quais o surdo concorre com

outros deficientes, sua prova de português também precisa ser

analisada com critérios específicos e inclusive na presença de

intérpretes.

Além das propostas já constituídas em leis, a comunidade

surda luta por outros direitos como:

- direcionar os patrimônios dos surdos, assim como o

patrimônio das escolas de surdos quando deixar de

existir e que o patrimônio da cultura surda, adquirida

ao longo dos anos, seja entregue à comunidade surda;

- liberação do trabalho para os pais que têm filhos surdos

para fazerem cursos de língua de sinais;

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142 Língua Brasileira de Sinais - Libras

- criar programas de apoio aos surdos idosos, meninos

surdos de rua, internos em instituições e/ou casas de

detenção, mulheres surdas, portadores de HIV, drogados,

como também aos vendedores de panfletos, excluídos

do mercado formal de trabalho.

Os surdos têm direito a:- Intérprete de Libras no ambiente de júri, sem ônus;- Intérprete em momentos do interrogatório e prisões. Para que você possa se basear de forma mais extensa, no

fim deste capítulo verá algumas indicações de sites que possam lhe apoiar nas pesquisas.

Em 2002, sob a lei nº 10.436, de 24 de Abril, foi homologada a lei federal que reconhece a Língua Brasileira de Sinais como meio de comunicação objetiva e de utilização das comunidades surdas no Brasil. Este foi o primeiro e largo passo da comunidade surda.

O decreto federal 5296, de dezembro de 2004, que regula-mentou as leis de acessibilidade (10.098) e de atendimento prioritá-rio (10.048), forneceu elementos técnicos que estipulou prazos para que vias públicas, estacionamentos, construções, prédios públicos e edifícios de uso coletivo mantidos pela iniciativa privada. Apesar disso, muitas agências bancárias ainda não estão acessíveis.

Reforçando a necessidade de fazer valer os diretos da pessoa com deficiência, o Ministério Público Federal e a Federação Brasileira dos Bancos (FEBRABAN) assinaram um Termo de Ajus-tamento de Conduta (TAC), que prevê a acessibilidade nas insti-tuições financeiras de todo país.

De acordo com o TAC, todas as agências bancárias terão que seguir os padrões do Desenho Universal. Oferecer condições de acessibilidade e de atendimento prioritário às pessoas com deficiência física, visual, auditiva e mental.

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143Língua Brasileira de Sinais - Libras

Entre as mudanças previstas pelo acordo, as agências bancárias de todo o país terão que disponibilizar pessoal e equipa-mentos capazes de manter comunicação com pessoas com surdez.

De acordo com o TAC as instituições financeiras - distri-buídas em agências bancárias, caixas eletrônicos e postos de atendimentos terão prazos específicos para se adequarem ao Desenho Universal. O termo também prevê aplicação de multas para os bancos que não cumprirem a legislação.

Em 2005 foi promulgado o decreto 5.626, de 22 de dezembro, que tornou obrigatória a inserção da inclusão da Língua Brasileira de Sinais como disciplina curricular nos cursos de formação de professores para o exercício do magistério em nível médio e superior.

Também através deste decreto (5626), os surdos irão ter melhor atendimento dentro de empresas públicas de todo país. A partir de agora, todas as empresas públicas federais, estaduais e municipais são obrigadas a capacitar, pelo menos, 5% dos empregados para o uso e interpretação da Língua Brasileira de Sinais (Libras).

O decreto já está valendo e os órgãos da administração pública deverão incluir em seus orçamentos anuais e plurianuais os recursos para formação, capacitação e quali-ficação de professores, servidores e empregados para o uso e interpretação de Libras.

Nos aeroportos, rodoviárias, em delegacias de polícia, ou seja, todos os órgãos precisam ter uma pessoa de plantão que utilize Libras para atender o surdo e quem irá avaliar se as insti-tuições se adequaram corretamente ao decreto e aplicar possíveis penalidades que devem ser decididas de acordo com cada reclamação é o Ministério Público.

A inclusão e o aprendizado também estão assegurados por lei pelos documentos legais: Lei federal 7.853/89; Decreto Federal 3.298/99; Parecer CEE 424/03; Resolução CEE 451/03; Orientação

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144 Língua Brasileira de Sinais - Libras

SEE/SD 01/2005. Além destes destaques, há outras leis que facilitam o acesso e a comunicação dos surdos dando também apoios aos Intérpretes de Libras.

Em seguida, você terá uma lei e um decreto através da qual você deverá adquirir conhecimento.

LEI Nº 10.436, DE 24 DE ABRIL DE 2002.

Dispõe sobre a Língua Brasileira de Sinais - Libras e dá outras providências.

[...]

Art. 1o É reconhecida como meio legal de comunicação e expressão a Língua Brasileira de Sinais - Libras e outros recursos de expressão a ela associados.

Parágrafo único. Entende-se como Língua Brasileira de Si-nais - Libras a forma de comuni cação e expressão, em que [...], constituem um sistema linguístico de transmissão de ideias e fa-tos, oriundos de comunidades de pessoas surdas do Brasil.

Art. 2o Deve ser garantido, por parte do poder público em geral e empresas concessionárias de serviços públicos, [...] meio de comunicação objetivo e de utilização corrente das comunida-des surdas do Brasil.

Art. 3o [...], garantir atendimento e tratamento ad equado aos portadores de deficiência auditiva, de acordo com as normas legais em vigor.

É importante você

estar por dentro das

Leis, elas sempre

caem em concursos e

sempre há alguém

que irá lhe perguntar

sobre leis afins.

DICA:

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145Língua Brasileira de Sinais - Libras

Art. 4o O sistema educacional federal e os sistemas educa-cionais estaduais, municipais e do Distrito Federal devem garantir a i nclusão nos cursos de formação de Educação Especial, de Fonoaudiologia e de Magistério, em seus níveis médio e superior, do ensino da Língua Brasileira de Sinais - Libras, como parte inte-grante dos Parâmetros Curriculares Nacionais - PCNs, conforme legislação vigente.

Parágrafo único. A Língua Brasileira de Sinais - Libras não poderá substituir a modalidade escrita da Língua Portuguesa.

[...]Brasília, 24 de abril de 2002; FERNANDO HENRIQUE CARDOSO

DECRETO Nº 5.626, DE 22 DE DEZEMBRO DE 2005.Regulamenta a Lei 10.436/02, que dispõe sobre a Língua

Brasileira de Sinais - Libras, e o art. 18 da Lei nº 10.098/00.

DECRETA:

CAPÍTULO I

DAS DISPOSIÇÕES PRELIMINARES

Art. 1o Este Decreto regulamenta a Lei nº 10.436, de 24 de abril

de 2002, e o art. 18 da Lei nº 10.098, de 19 de dezembro de 2000.

Art. 2o Para os fins deste Decreto, considera-se pessoa

surda aquela que, por ter perda auditiva, compreende e interage

com o mundo por meio de experiências visu ais, manifestando

sua cultura principalmente pelo uso da Língua Brasileira de Si-

nais - Libras.

[...]

Page 147: Apostila de Libras EAD

146 Língua Brasileira de Sinais - Libras

CAPÍTULO IIDA INCLUSÃO DA LIBRAS COMO DISCIPLINA CURRICULARArt. 3o A Libras deve ser inserida como disciplina curri-

cular obrigatória nos cursos de formação de professores para o exercício do magistério, em nível médio e superior, e nos cursos de Fonoaudiologia, de instituições de ensino, públicas e privadas, do sistema federal de ensino e dos sistemas de ensino dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios.

§ 1o Todos os cursos de licenciatura, nas diferentes áreas do conhecimento, o curso normal de nível médio, o curso normal superior, o curso de Pedagogia e o curso de Educação Especial são considerados cursos de formação de professores e profissionais da educação para o exercício do magistério.

§ 2o A Libras constituir-se-á em disciplina curricular optativa nos demais cursos de educação superior e na educação profissional, a partir de um ano da publicação deste Decreto.

CAPÍTULO III[...]Art. 5º § 2o As pessoas surdas terão prioridade nos cursos

de formação previstos no caput.[...]

Art. 9o A partir da publicação deste Decreto, as instituições de ensino médio que oferecem cursos de formação para o magis-tério na modalidade normal e as instituições de educação superior que oferecem cursos de Fonoaudiologia ou de formação de profes-sores devem incluir Libras como disciplina curricular[...]

Parágrafo único. O processo de inclusão da Libras como disciplina curricular deve iniciar-se nos cursos de Educação Especial, Fonoaudiologia, Pedagogia e Letras, ampliando-se progressivamente para as demais licenciaturas.

Page 148: Apostila de Libras EAD

147Língua Brasileira de Sinais - Libras

Art. 10. As instituições de educação superior devem incluir a Libras como objeto de ensino, pesquisa e extensão nos cursos de formação de professores para a educação básica, nos cursos de Fonoaudiologia e nos cursos de Tradução e Interpretação de Libras - Língua Portuguesa.

[...]

Art. 24. A programação visual dos cursos de nível médio e superior, preferencialmente os de formação de professores, na modalidade de educação a distância, deve dispor de sistemas de acesso à informação como janela com tradutor e intérprete de Libras - Língua Portuguesa e subtitulação por meio do sistema de legenda oculta, de modo a reproduzir as mensagens veiculadas às pessoas surdas, conforme prevê o Decreto no 5.296, de 2 de dezembro de 2004.

[...]

CAPÍTULO IXDAS DISPOSIÇÕES FINAIS[...]Art. 31. Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação.Brasília, 22 de dezembro de 2005; LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA

O QUE DIZ A LEIA empresa com cem ou mais empregados está obrigada

a preencher de 2% a 5% dos seus cargos com beneficiários reabilitados ou pessoas portadoras de deficiências, habilitadas, na seguinte proporção:

• de 100 a 200 empregados: 2%• de 201 a 500 empregados: 3%• de 501 a 1.000 empregados: 4%• de 1.001 em diante: 5%

Page 149: Apostila de Libras EAD

148 Língua Brasileira de Sinais - Libras

Apesar de ter espaço no mercado de trabalho, eles precisam se expressar. Mostrar que têm direito de levar uma vida “normal”.

É preciso oportunizar aos surdos o seu verdadeiro “poder”. Incentivar pessoas com surdez é algo muito rico no processo de inclusão.

DICA:

Existem diversos outros materiais e informações nos sites: www.educacao.mg.gov.br e www.mec.gov.br

Hoje, não basta só contratar, é preciso sensibilizar toda sociedade e conhecer as capacidades e habilidades de cada uma dessas pessoas dando oportunidade de crescimento e convo-cando-os para vagas em aberto.

Para Refletir

• Os Surdos, quando se propõem a buscar seus objetivos, conseguem. Mas quanto a nós, que ficamos ao seu re-dor, estamos dispostos a ajudá-los nessa busca?

• Crie um projeto que beneficia as pessoas com surdez e o proponha no fórum do AVA.

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149Língua Brasileira de Sinais - Libras

4.4 FRASES EM EXPRESSÕES DA LIBRAS

Em Libras, muitos acharão que nas frases as palavras estarão fora do lugar, mas isso já é uma natureza e uma estrutura que deixa de lado o português. Os surdos aprendem palavra por palavra, e raramente um texto completo recheado de palavras.

Sua escrita em português não há artigos A, O, AS, OS e verbos são escritos no infinitivo.Para leigos, os surdos são falhos na escrita, mas, para eles

passa a ser natural. Com isso, a Língua de Sinais não pode ser es-tudada tendo como base a Língua Portuguesa, pois ela tem gra-mática diferenciada, independente da língua oral. A ordem dos sinais na construção de um enunciado corresponde a normas próprias que refletem a forma de o surdo processar suas ideias, na percepção visual-espacial.

Veja alguns exemplos que demonstram exatamente essa independência sintática do português:

EU IR IGREJA! (verbo direcional). Em Português “Eu irei à igreja!”

EU VER CAMELO BLUSA BARATO.“Eu vi no camelô uma blusa barata.”

AMIG@ FAZENDA PRECISAR MÉDICO CACHORRO CUIDAR ANIMAIS.

“Um amigo da fazenda precisa de um veterinário para cuidar dos animais.”

ADVOGAD@ LEI CONHECER TUDO.“O advogado conhece todas as leis.”

Page 151: Apostila de Libras EAD

150 Língua Brasileira de Sinais - Libras

- Sempre que encontrar uma frase com “@” significa que pode estar no masculino ou feminino.

DICA:

Na estruturação em Libras observa-se que há regras próprias; não são usados artigos, preposições, conjunções,

porque esses conectivos estão incorporados ao sinal.

Expressões Interrogativas e Exclamativas

Para as frases exclamativas e interrogativas, em Libras, é preciso ficar muito atento às expressões faciais e corporais, pois nessas situações se utilizam sinais e expressões simultaneamente.

• Interrogativa, esta expressão necessita que você levante as sobrancelhas e faça uma ligeira inclinação com o queixo [?].

• Exclamativa, sobrancelhas levantadas e um movimento da cabeça inclinando-a para cima e para baixo.

NOME? (direcional com expressão interrogativa).“Qual é o seu nome?”

NOME! (direcional com expressão exclamativa).“Meu nome é João Victor!”

IDADE? (direcional com expressão interrogativa).“Quantos anos você tem?”IDADE 28! (direcional com expressão exclamativa).“Tenho 28 anos!”

Page 152: Apostila de Libras EAD

151Língua Brasileira de Sinais - Libras

TRISTE PORQUE? (é uma pergunta)“Por que você está triste hoje?

VOCÊ TRISTE!“Hoje você está triste!” (afirmação que você está triste)

LIBRAS APRENDER FÁCIL? (quer saber se aprender Libras é fácil?)“Aprender Língua Brasileira de Sinais é fácil?”

LIBRAS APRENDER FÁCIL! (afirmou que é fácil)“Aprender Língua Brasileira de Sinais é fácil!

MACEIÓ LONGE^MUITO? (dúvida se Maceió é longe, pergunta)Maceió é muito longe?MACEIÓ LONGE^MUITO! (expressão afirmando que é longe)

BOM^MUITO VIAJAR ARACAJU?É muito bom viajar para Aracaju? (Pergunta-se se viajar para Aracaju é bom)

VOCÊ GOSTAR IR FESTA?Você gosta de ir a festas?

Expressões positivas e negativas

Nas frases positivas e negativas nem sempre terá que fazer o sinal e a expressão simultaneamente, pois há sinais próprios que já implicarão no contexto.

Page 153: Apostila de Libras EAD

152 Língua Brasileira de Sinais - Libras

Afirmativa: Expressão facial é indiferente.

CORAJOSO BONDOSO

Negativa: Pode ser feita através de três artifícios:a) Sinal de negação diferente do afirmativo:

OUVIR NÃO OUVIR

Devemos relacionar o sinal negativo em seu contexto e ver se o correto para o momento é o antônimo da palavra mais o sinal de negação ou o sinal próprio em negação.

b) Movimento negativo com a cabeça, simultaneamente à ação que está sendo negada.

NÃO PERDOO /

NÃO DESCULPO

Page 154: Apostila de Libras EAD

153Língua Brasileira de Sinais - Libras

Neste caso acima, são feitas duas expressões ao mesmo tempo, “cara fechada + expressão de NÃO” além do sinal de “DESCULPAR”.

c) Sinal NÃO (com o dedo indicador) à frase afirmativa.

Após o sinal de “QUEBRAR”, utiliza-se o sinal de “NÃO” com o dedo indicador, aquele sinal popularmente conhecido em nossa sociedade.

Expressões ImperativasNestas frases, você já implicará a tonalidade da palavra na

expressão, se o tom for mais agressivo, o sinal com a expressão deverá ter a mesma intensidade da palavra como, por exemplo: Cale a boca!

Ou então:

SEU IDIOTA VOCÊ É UM GROSSO / BRUTO

Vamos ver se você entendeu este capítulo:Passe a frase para o Português e descreva qual o tipo de

frase das orações em Libras conforme sua expressão.

FAZENDA DONO ESTÚPIDO E IGNORANTE

BARATA MEDO

QUEBRAR

Page 155: Apostila de Libras EAD

154 Língua Brasileira de Sinais - Libras

QUEM ALI ESTÁ

CARRO 15 MIL DINHEIRO

AMIGO TRABALHAR FACULDADE

Expressões temporaisNas noções temporais, adicionamos sinais que informam o

tempo presente, passado ou futuro.

Presente (já / hoje / agora)JÁ PESQUISAR ACABAR “Você já acabou a pesquisa?”

HOJE ESCOLA EU^IR PRIMO.“Hoje vou à escola com meu primo”

AGORA EMBORA“Estou indo embora agora.”

Passado (Ontem / Há muito tempo / Passou)ONTEM EU^IR ESCOLA JUNTO PRIMO“Ontem, eu fui à escola com meu primo.”SEMANA PASSADO EU VIAJAR“Semana passada eu viajei.”

ANOS^PASSADO EU BICICLETA^CAIR“Anos atrás cai de bicicleta.”

Futuro (amanhã / futuro / depois / próximo)EU BRINCAR AMANHÃ REPETIR“Amanhã irei brincar de novo”

Page 156: Apostila de Libras EAD

155Língua Brasileira de Sinais - Libras

FUTURO EU COMPRAR APARTAMENTO AQUELEBONITO^MUITO“Um dia comprarei aquele apartamento lindo”

DEPOIS EU^IR PESCAR“Depois irei pescar”

PRÓXIMO SÁBADO EU FUTEBOL“Jogarei futebol no sábado.”

Procure estar sempre buscando estas palavras no dicionário digital do site já indicado e tente fazer todas as frases para você entender melhor sua estrutura. É importante que você

tenha um contato com surdos para obter um melhor aproveitamento. Caso isso não seja possível, tire suas

dúvidas conosco, pois elas poderão ser úteis para você e demais colegas e por que não também para nós?

Para Refletir

• Com a interação direta com um surdo, você conseguirá assimilar melhor estas informações com mais facilidade.

• Você já parou para pensar como um surdo e não como ouvinte?

DICA:

Page 157: Apostila de Libras EAD

156 Língua Brasileira de Sinais - Libras

Resumo

Conhecer a melhor forma de ensino aprendizado é um as-pecto importante na alfabetização de uma criança surda, assim, faremos que estas crianças iniciam-se suas atividades educacio-nais precocemente sem comprometer seu desenvolvimento pedagógico. Em possibilidades de trabalho, a importância, a qualificação e a vontade devem superar o medo e o preconceito tanto para o surdo quanto para os intérpretes, tornando real a inserção no mercado de trabalho. As condutas ligadas aos sur-dos e aos Intérpretes garantem uma sociedade mais inclusiva e os textos abordam todas estas particularidades. Em 2002, atra-vés da lei 10436, foi reconhecida da língua materna dos surdos. Apesar de tardia, é a principal lei voltada aos surdos e a partir desta lei foram criados outros decretos regulamentares. Além de aprofundar e assimilar a independência do Português com a Libras, todo este conjunto se fecha nas expressões (frases), determinantes para a comunicação entre o surdo e o ouvinte.

Indicação de filmes e sites

FILMES

A cor do paraíso Adorável professorAlém do silêncio Depois do silêncioFilhos do silêncio Gestos de amorLágrimas do silêncio Minha amada imortalNell No silêncio do amorO milagre de Anne Sullivan O pianoSeu nome é Jonas Som e fúriaTestemunha muda Tiro na escuridão

Tortura perigosa Tudo em família

Page 158: Apostila de Libras EAD

157Língua Brasileira de Sinais - Libras

SITES

www.acessobrasil.org.br/libras

www.atividadeseducativas.com.br

www.dicionariolibras.com.br

www.feneis.com.br

www.ines.gov.br

www.libras.net.com

www.libras.org.br

www.libraselegal.com.br

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