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  • Contabilidade Gerencial

    Roberto de Oliveira SantAnna

    Revisada por Roberto de Oliveira SantAnna

  • com satisfao que a Unisa Digital oferece a voc, aluno(a), esta apostila de Contabilidade Geren-cial, parte integrante de um conjunto de materiais de pesquisa voltado ao aprendizado dinmico e aut-nomo que a educao a distncia exige. O principal objetivo desta apostila propiciar aos(s) alunos(as) uma apresentao do contedo bsico da disciplina.

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    Unisa Digital

    APRESENTAO

  • SUMRIO

    SIGLAS ............................................................................................................................................................... 4

    INTRODUO ............................................................................................................................................... 5

    1 INTRODUO CONTABILIDADE GERENCIAL ............................................................... 71.1 Noes Preliminares de Contabilidade ...................................................................................................................71.2 Contabilidade Financeira ou Geral ...........................................................................................................................71.3 Contabilidade Gerencial ...............................................................................................................................................71.4 Principais Diferenas entre a Contabilidade Financeira e Gerencial ............................................................81.5 Resumo do Captulo .......................................................................................................................................................91.6 Atividades Propostas ...................................................................................................................................................10

    2 A CONTABILIDADE COMO INSTRUMENTO GERENCIAL .......................................... 112.1 Deficincias Gerenciais das Demonstraes Financeiras Legais ................................................................112.2 Caractersticas da Informao Contbil Gerencial ...........................................................................................132.3 Funes da Contabilidade Gerencial ....................................................................................................................132.4 Resumo do Captulo ....................................................................................................................................................142.5 Atividades Propostas ...................................................................................................................................................14

    3 CONTABILIDADE DIVISIONAL .................................................................................................... 153.1 Contabilidade por Responsabilidade ...................................................................................................................153.2 Finalidades da Contabilidade por Responsabilidade .....................................................................................153.3 Departamentalizao .................................................................................................................................................173.4 Descentralizao ...........................................................................................................................................................193.5 Preos de Transferncia ..............................................................................................................................................203.6 Preos de Transferncia para Importao e Exportao ...............................................................................273.7 Resumo do Captulo ....................................................................................................................................................313.8 Atividades Propostas ...................................................................................................................................................31

    4 EVOLUO DA CONTABILIDADE DE CUSTOS ................................................................ 334.1 Terminologias Utilizadas na Contabilidade de Custos ...................................................................................334.2 Classificao dos Custos ............................................................................................................................................344.3 Componentes dos Custos .........................................................................................................................................354.4 Classificao das Despesas .......................................................................................................................................364.5 Resumo do Captulo ....................................................................................................................................................364.6 Atividades Propostas ...................................................................................................................................................36

    5 FORMAS E MTODO DE CUSTEAMENTO ........................................................................... 375.1 Formas de Custeamento ............................................................................................................................................375.2 Mtodo de Custeamento ..........................................................................................................................................385.3 Diferenas entre o Custeio Varivel e o Custeio por Absoro ...................................................................435.4 Resumo do Captulo ....................................................................................................................................................435.5 Atividades Propostas ...................................................................................................................................................44

  • 6 RELAO CUSTO-VOLUME-LUCRO ............................................................................................456.1 Objetivos ............................................................................................................................................................................... 456.2 Margem de Contribuio ............................................................................................................................................... 466.3 Ponto de Equilbrio ........................................................................................................................................................... 476.4 Margem de Segurana .................................................................................................................................................... 496.5 Alavancagem Operacional ............................................................................................................................................. 496.6 Resumo do Captulo ......................................................................................................................................................... 506.7 Atividades Propostas ........................................................................................................................................................ 50

    7 FORMAO DE PREO DE VENDA ..............................................................................................517.1 Conceitos de Formao de Preo de Venda ............................................................................................................ 517.2 Mtodos de Formao de Preos ................................................................................................................................ 537.3 Aplicao de Mark-Ups .................................................................................................................................................... 547.4 Mark-Up sobre o Mtodo de Custeio por Absoro ............................................................................................. 547.5 Custo Financeiro por dentro e por fora no Mtodo por Absoro ............................................................... 577.6 Mark-Up sobre o Mtodo de Custeio Varivel ........................................................................................................ 587.7 Clculos Prticos para a Formao do Preo de Venda ....................................................................................... 597.8 Exemplo Numrico para Preo de Venda Vista e a Prazo - Clculos Utilizando-se dos

    Mtodos de Custeio por Absoro e Direto/Varivel .........................................................................................597.9 Soluo do Exerccio ......................................................................................................................................................... 607.10 Resumo do Captulo ...................................................................................................................................................... 657.11 Atividades Propostas ..................................................................................................................................................... 65

    RESPOSTAS COMENTADAS DAS ATIVIDADES PROPOSTAS ..........................................67

    REFERNCIAS ..................................................................................................................................................71

    ANEXO ..................................................................................................................................................................73

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    CC Centro de Custo

    CIF Custos Indiretos de Fabricao

    CMV Custo das Mercadorias Vendidas

    CPV Custo dos Produtos Vendidos

    CSV Custo dos Servios Vendidos

    DPTO Departamento

    MOD Mo de Obra Direta

    MOI Mo de Obra Indireta

    MP Matria-Prima

    PAT Programa de Alimentao do Trabalhador

    PC ou P Pea

    PEPS Primeiro a Entrar, Primeiro a Sair

    QTDE Quantidade

    UEPS ltimo a Entrar, Primeiro a Sair

    MPM Mdia Ponderada Mvel

    SIGLAS

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    INTRODUO

    Um dos principais objetivos da contabilidade gerencial a construo de um banco de dados que permita a sua utilizao de forma flexvel, pelos diversos tipos de usurios.

    Para atender s necessidades dos gestores em suas funes de controle e deciso, a contabilidade gerencial utiliza-se de seu banco de dados para gerar relatrios com informaes gerenciais relativas aos dados econmicos e financeiros, teis no auxlio s anlises e s tomadas de decises.

    As funes de controle e de deciso necessitam de informaes precisas e realistas que permitam comparaes e anlises dos valores e de suas variaes; assim, alguns princpios geralmente aceitos na contabilidade financeira podero sofrer adaptaes na contabilidade gerencial, para o atendimento des-sas necessidades.

    fundamental, na formao do banco de dados da contabilidade gerencial, a apurao dos custos, o controle de estoques, a departamentalizao da entidade, rateios de custos indiretos, horas de produ-o, o controle efetivo dos gastos e dos investimentos, formao dos preos de vendas etc.

    Todos os exemplos demonstrados nesta apostila so meramente ilustrativos. Em situaes reais, deve-se verificar a adequao dos dados efetiva realidade e necessidade da empresa.

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    INTRODUO CONTABILIDADE GERENCIAL1

    Conceito de Contabilidade

    A Contabilidade a cincia que, atravs de seus princpios e conceitos, registra as transaes financeiras de forma que permite o controle efeti-vo do patrimnio de uma entidade. (SANTANNA).

    1.1 Noes Preliminares de Contabilidade

    Objetivos da Contabilidade

    Construo de um arquivo bsico de in-formao contbil que deve ser utilizada de forma mais flexvel por vrios tipos de usurios, cada um com nfases diferen-tes neste ou naquele tipo de informao, neste ou naquele princpio de avaliao, porm extrados todos os informes do arquivo bsico ou data base, estabelecida pela contabilidade. (IUDCIBUS, 1981, p. 17).

    Franco (1999, p. 23) afirma que a Contabili-dade Financeira, ou Geral, como chamada,

    a cincia que estuda e pratica, con-trola e interpreta os fatos ocorridos no patrimnio das entidades, mediante o

    1.2 Contabilidade Financeira ou Geral

    registro, a demonstrao expositiva e a revelao desses fatos, com o fim de ofe-recer informaes sobre a composio do patrimnio, suas variaes e o resul-tado econmico decorrente da gesto da riqueza econmica.

    Uma das finalidades bsicas da contabilida-de gerencial a construo de um banco de da-dos que permita a sua utilizao de forma flex-vel, pelos diversos tipos de usurios. O gestor, em suas funes de controle, poder utilizar-se desse

    1.3 Contabilidade Gerencial

    banco de dados para obter informaes precisas que permitam elaboraes de relatrios geren-ciais teis em anlises e tomadas de decises.

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    Horngren (2000, p. 13) afirma: A contabili-dade financeira e a contabilidade administrativa teriam melhores denominaes se fossem cha-madas, respectivamente, de contabilidade exter-na e contabilidade interna.

    O mesmo autor (2000, p. 13) faz a seguinte distino entre a contabilidade financeira (geral) e a contabilidade gerencial (administrativa):

    A contabilidade financeira enfatiza o pre-paro de relatrios de uma organizao para externos, como, por exemplo, ban-cos e o pblico investidor. A contabilida-de administrativa enfatiza o preparo de relatrios para os usurios internos, como os presidentes, os reitores e os chefes de equipes mdicas.

    A Contabilidade Financeira, ou Geral, por ser uma cincia social, universal. Obedece aos princpios e s convenes contbeis geralmen-te aceitos que, em muitos casos, so passveis de adaptaes em funo do prprio ambiente inter-

    DicionrioDicionrio

    Dados: Fatos que, isoladamente, no permitem um entendimento conclusivo e que podem ser moldados e convertidos em informaes. Exem-plo de dados: 2002/2005; CONAB; produo; gros; safra; 113,5 milhes etc. Exemplo de Informao: Segundo a CONAB, a produo de gros da safra 2004/2005 foi de 113,5 milhes de toneladas.

    1.4 Principais Diferenas entre a Contabilidade Financeira e Gerencial

    no (mercado e poltica econmica e financeira), de cada pas. A forma e a falta de padronizao de apresentao das informaes de desempenho pela Contabilidade Financeira ou Geral trazem dificuldades para os gestores (usurios internos) em suas anlises e tomadas de decises.

    A Contabilidade Gerencial, por meio de in-formaes mais precisas e atualizadas, permite a elaborao de relatrios gerenciais, tornando-os uma ferramenta til que auxiliar o gestor em suas funes de anlise e controle.

    So vrios os usurios da contabilidade fi-nanceira e da contabilidade gerencial. Como em muitos casos seus interesses so diferentes, utili-zam-se das informaes contbeis geradas para a compreenso e obteno de dados que os auxi-liem em anlises e/ou tomadas de decises.

    Os quadros a seguir apresentam as princi-pais diferenas entre a contabilidade gerencial e a financeira, seus vrios usurios e tipos de inte-resses.

    Quadro 1 Diferenas entre as Contabilidades Gerencial e Financeira.

    Contabilidade Gerencial Contabilidade Financeira

    Objetivos Tomada de deciso Informao desempenhoUsurio Interno Externo

    Bases Princpios administrativosPrincpios e convenes contbeis, legislao fiscal e rgos reguladores

    Critrios Valores atualizados Valores histricosRelatrios Tomada de deciso Registro de informaes ocorridas

    Fonte: O autor.

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    Quadro 2 Usurios e tipos de interesse.

    Usurios Tipos de Interesse

    Acionistas e Proprietrios Dividendos e Lucros

    Administradores e Executivos Tomada de Deciso

    Bancos e Fornecedores em geral Gerao Fluxo de Caixa

    Emprestadores em geral Gerao Fluxo de Caixa

    Entidades Governamentais Lucro Tributvel e Impostos

    Empregados e Pessoas Fsicas Fluxo de Caixa Futuro

    Fonte: O autor.

    Saiba maisSaiba mais

    Princpios Contbeis x Princpios Administrativos

    Os princpios contbeis geralmente aceitos so um conjunto de regras geralmente aceitas nos meios contbeis que norteiam o profissional contador.Os princpios administrativos so princpios aplica-dos contabilidade gerencial que permitem aos di-versos tipos de gestores a utilizao dos demonstra-tivos contbeis gerenciais em tomada de deciso, por meio de anlises, em funo do conhecimento dos critrios adotados na elaborao dessas de-monstraes.

    AtenoAteno

    Acionistas e Proprietrios: So acionistas os por-tadores de aes preferenciais, sem direito a voto nas assembleias.So proprietrios os portadores de aes ordin-rias com direito a voto nas assembleias.

    Neste captulo, foram abordados o conceito de contabilidade e seus objetivos. Tambm foram abordados aspectos sobre a contabilidade geral e as suas principais diferenas com a contabilidade de gerencial.

    Agora que terminamos este captulo, vamos verificar se voc fixou bem os contedos descritos anteriormente. Com muita ateno, responda os exerccios propostos a seguir, lembrando que ao final desta apostila voc encontrar as respectivas solues.

    1.5 Resumo do Captulo

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    1. Para voc, quais so as principais finalidades da Contabilidade Gerencial?

    2. Qual das afirmaes apresentadas a seguir voc considera que no est correta?

    a) A Contabilidade Financeira controla e interpreta os fatos ocorridos no patrimnio das enti-dades.

    b) finalidade da Contabilidade Gerencial a construo de um banco de dados que permita a sua utilizao de forma flexvel.

    c) A Contabilidade Gerencial gera banco de dados para utilizao de gestores em suas fun-es de controle.

    d) A Contabilidade Gerencial gera relatrios com base em dados histricos.

    3. Sob seu ponto de vista, a contabilidade financeira d nfase:

    a) Ao preparo de relatrios internos de uma organizao.

    b) Ao preparo de relatrios internos e externos de uma organizao.

    c) Ao preparo de relatrios para tomada de deciso.

    d) elaborao de relatrios externos de uma empresa.

    1.6 Atividades Propostas

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    Caro(a) aluno(a),

    Neste captulo, voc aprender que a Con-tabilidade tem papel fundamental na vida econ-mica. Uma vez que os recursos so escassos, te-mos que escolher entre as melhores alternativas, e, para identific-las e gerenci-las, so necess-rios os dados contbeis.

    A Contabilidade Gerencial o ramo da Contabilidade que tem por objetivo fornecer,

    A CONTABILIDADE COMO INSTRUMENTO GERENCIAL2

    por meio de seus bancos de dados, informaes aos administradores de empresas para auxili-los em suas funes gerenciais. A Contabilidade Ge-rencial voltada para a melhor utilizao dos re-cursos econmicos da empresa, por meio de um adequado controle dos insumos, efetuado por um sistema de informao gerencial.

    A informao contbil uma ferramenta ex-tremamente importante para o sucesso de qual-quer empresa, mas no deve apenas se restringir ao atendimento das determinaes legais, pois deve contribuir decisivamente para a tomada de deciso pelos gestores da empresa, bem como por outros usurios interessados nas informaes (como acionistas, investidores, empregados etc.). Assim, torna-se necessrio proporcionar informa-es que satisfaam efetivamente a todos esses usurios.

    Viso das Informaes Contbeis (Usurios Externo e Interno)

    preciso que se tenha conscientizao so-bre a importncia de fortalecer as divulgaes das informaes contbeis, tornando seus relatrios pblicos e transparentes com o objetivo de cres-cimento interno das empresas e de melhora do processo de comunicao com os usurios das in-formaes. Tal fato proporcionar uma maior efi-ccia na gesto das instituies e a consequente

    2.1 Deficincias Gerenciais das Demonstraes Financeiras Legais

    valorizao do profissional contbil. Por diversas razes, os demonstrativos contbeis podem apre-sentar erros ou omisses, tornando-se enganosos ou, at mesmo, tendenciosos ou dolosos por in-teresses polticos ou por presses de empresrios.

    Iudcibus (1977) destaca os motivos que tornariam os demonstrativos enganosos ou ten-denciosos, caso no fossem observados:

    1. uso de procedimentos que afetam sig-nificativamente as apresentaes do balano geral comparados com mto-dos alternativos que o leitor poderia supor na falta de evidenciao;

    DicionrioDicionrio

    Doloso: adj. Em que h dolo; que procede com dolo; que causado por dolo. Enganador.

    Sinnimos de Doloso: ardiloso; embusteiro; enga-nador; falaz; impostor; mentiroso etc.

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    2. mudana material nos procedimentos de um exerccio para outro;

    3. eventos ou relaes significativas, no derivados de atividades normais;

    4. contratos ou acordos especiais, que afetam as relaes das partes envolvi-das;

    5. mudanas significativas ou eventos que afetariam normalmente as expec-tativas;

    6. mudanas materiais nas atividades ou operaes que afetariam as decises relativas empresa.

    Ainda segundo o autor (1977), deixar de evidenciar qualquer um desses itens sujeitaria o usurio a riscos como dualidade de interpretao, falta de contedo e clareza e perda da capacidade de predio, impossibilitando-o de tomar deci-ses baseadas nas informaes. Deve ser exigido cuidado, a fim de assegurar que a informao seja plena e completa e que todos os fatos materiais no apresentados nos demonstrativos possam ser evidenciados.

    Relatrios Financeiros (Valores Histricos)

    Por no existir uma padronizao das evi-denciaes nas demonstraes financeiras mun-dialmente, a quantidade de informao de carter obrigatrio varia de pas para pas. O que consi-derado obrigatrio em determinado pas, pode ser voluntrio em outro, dificultando a compara-bilidade, que somente ser solucionada quando da uniformidade em diferentes pases.

    Em economias inflacionrias, alguns dos princpios contbeis geralmente aceitos com des-taque ao Custo Como Base de Valor fazem com que os dados contbeis tornem-se valores hist-ricos, dificultando o entendimento dos relatrios financeiros para anlises e tomadas de decises.

    Registros dos Fatos Ocorridos

    Segundo Iudcibus (1997), os relatrios con-tbeis deveriam atender s necessidades infor-mativas do maior nmero possvel de usurios e s caractersticas da previso: Os relatrios con-tbeis tradicionais deveriam ter poder preditivo e vir acompanhados de quadros informativos su-plementares, demonstrando informaes hist-ricas e preditivas sobre indicadores de interesse para vrios usurios. (IUDCIBUS, 1997, p. 23).

    Conceitos e Princpios Administrativos

    Uma das maneiras de atender s necessida-des apontadas nos tpicos anteriores a adoo de princpios que classificamos como administra-tivos, transformando os fatos contbeis ocorridos com valores histricos em informaes atualiza-das e preditivas.

    Relatrios Financeiros (Valores Atualizados)

    Eliminao dos efeitos inflacionrios. Um cuidado especial deve ser tomado com relao comparabilidade dos valores no tempo. Ao utili-zarem-se os dados contbeis para fins gerenciais, deve ser dada ateno especial aos efeitos infla-cionrios, os quais devem ser eliminados, tornan-do os relatrios financeiros atualizados ferramen-tas teis em anlises para tomada de decises.

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    As informaes Contbeis Gerenciais tm como caractersticas:

    utilizao de tcnicas e procedimentos da contabilidade financeira e de custos nas anlises financeiras e de balanos;

    serem voltadas para o modelo decisrio do administrador;

    2.2 Caractersticas da Informao Contbil Gerencial

    considerao de aes futuras com ba-ses em situaes passadas e presentes;

    utilizao de tcnicas de outras reas de conhecimentos; e

    relatrios sob medida para tomada de decises e avaliao de desempenho.

    Alm da funo de fornecer informaes para anlises e tomadas de decises, a Contabi-lidade Gerencial tambm tem como funo gerar informaes por meio de seu banco de dados, as quais serviro como base para o Planejamento e o Controle.

    Contabilidade Gerencial e o Planejamento

    O planejamento empresarial levado a efeito para ajudar a empresa a garantir sua so-brevivncia e o seu crescimento. Sua finalidade indicar as metas e os objetivos a serem alcana-dos identificando quais os esforos que podem e devem ser feitos para atingi-los, proporcionando meios para analisar e medir seus resultados.

    O planejamento formado por um conjun-to de oramentos e suboramentos com base em decises que iro refletir em resultados futuros. Conclui-se esse processo elaborando-se as de-monstraes financeiras projetadas (balano pa-trimonial, demonstrao de resultado do exerc-cio etc.) e suas anlises econmicas e financeiras.

    2.3 Funes da Contabilidade Gerencial

    Contabilidade Gerencial e o Controle

    Sem um bom planejamento e um bom con-trole, dificilmente o gestor conduzir bem a em-presa, e a Contabilidade Gerencial fundamental no sucesso desse processo.

    Para se atingirem os resultados planejados, necessrio estabelecer controles, que, durante a execuo dos planos, certificam que os mesmos vm sendo cumpridos. Os controles identificam reas problemticas da empresa e a capacidade de seus gestores de resolv-las. A conscincia da existncia de um bom sistema de controle po-der estimular os gestores a aprimorar seus de-sempenhos, especialmente se os esforos forem reconhecidos.

    Saiba maisSaiba mais

    PlanejamentoSo trs os tipos de planejamento:

    Planejamento Estratgico: so definidos as metas e os objetivos da empresa.

    Planejamento Ttico: so definidos os recursos e a capacidade a serem utilizados para atingir as me-tas e os objetivos da empresa.

    Planejamento Operacional: so definidos os ora-mentos e suboramentos operacionais necess-rios para o cumprimento da meta e dos objetivos estabelecidos pela empresa.

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    Controlar significa verificar; fiscalizar; confe-rir; inspecionar; dominar; ou seja, exercer o dom-nio sobre determinadas situaes.

    Diante dessa definio, observa-se que s h controle em uma organizao quando os ob-jetivos so bem definidos e as metas so fixadas

    Controle o processo pelo qual a administrao se assegura de que as operaes esto sendo de-senvolvidas em conformidade com os planos e as expectativas. Por meio do controle oramentrio, medem-se os valores realizados, comparando-os com os valores orados e apurando-se as varia-es, que, a partir de certas faixas de tolerncia, devero ser analisadas e corrigidas.

    CuriosidadeCuriosidadepara consecuo desses objetivos. Ademais, ha-ver a fase de comparao entre o efetivamente executado e o previamente fixado.

    A Contabilidade Gerencial essencial para exercer o controle nesses moldes e proporcionar meios administrao para corrigir os desvios verificados. Para atender s necessidades do ges-tor em suas funes de controle e deciso, o or-amento empresarial poder utilizar-se do banco de dados da Contabilidade Gerencial e obter in-formaes precisas que permitam comparaes dos valores orados e valores reais e anlises de suas variaes.

    Dessa forma, pode-se concluir que a Conta-bilidade Gerencial uma ferramenta til e impor-tante no planejamento e controle.

    Neste captulo, foi abordada a contabilidade como instrumento gerencial. Apresentamos as defici-ncias gerenciais das demonstraes financeiras legais, a viso das informaes contbeis, os relatrios financeiros a valores histricos e atualizados.

    Abordamos, tambm, as caractersticas da informao contbil gerencial e as funes da contabili-dade gerencial relacionadas ao planejamento e ao controle.

    Agora que terminamos este captulo, vamos verificar se voc fixou bem os contedos descritos anteriormente. Com muita ateno, responda os exerccios propostos a seguir, lembrando que ao final desta apostila voc encontrar as respectivas solues.

    2.4 Resumo do Captulo

    1. Por diversas razes, os demonstrativos contbeis podem apresentar erros ou omisses, tor-nando-se enganosos ou, at mesmo, tendenciosos ou dolosos por interesses polticos ou por presses de empresrios. Destaque os motivos que tornariam os demonstrativos enganosos ou tendenciosos, caso no fossem observados, conforme destaca Iudcibus.

    2. Quais so as caractersticas das informaes Contbeis Gerenciais?

    2.5 Atividades Propostas

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    Caro(a) aluno(a),

    Neste captulo, voc conhecer que a Con-tabilidade Setorial e por Diviso tem como princi-

    CONTABILIDADE DIVISIONAL3

    A contabilidade por responsabilidade um sistema que reconhece vrios cen-tros de responsabilidade em toda a orga-nizao e que reflete os planos e os atos

    3.1 Contabilidade por Responsabilidade

    Uma das principais finalidades da Contabi-lidade por Responsabilidade controlar e avaliar o desempenho dos gestores das divises e de-senvolver a motivao gerencial. A contabilidade por rea de responsabilidade exigir uma perfeita identificao dos nveis de responsabilidade e au-toridade, sendo preciso identificar os custos con-trolveis e no controlveis.

    3.2 Finalidades da Contabilidade por Responsabilidade

    No basta apenas implantar um sistema de custos que aproprie custos por departamentos ou centros de custos, responsabilizando pessoas pela ocorrncia destes. Antes, necessrio avaliar at que ponto os envolvidos nesses centros so realmente responsveis pelos custos incorridos.

    pal caracterstica ser um sistema de gerenciamen-to flexvel e que depende da viso que a empresa tem dos seus negcios.

    de cada um desses centros, associando determinadas receitas e custos ao que tenha a responsabilidade pertinente. (HORNGREN, 2000, p. 188).

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    Figura 1 Exemplo de Relatrio Mensal de Responsabilidade do Presidente.

    Saiba maisSaiba mais

    Custeio por responsabilidade a separao dos custos incorridos pelos diferentes nveis de respon-sabilidade. No uma outra maneira de se custea-rem produtos, mas uma forma de, dentro do siste-ma de custos, proceder-se a uma diviso deles no em funo de produtos, mas de departamentos e, dentro destes, com sua diviso em controlveis e no controlveis pelo chefe.

    Custos Controlveis e No Controlveis

    Custos Controlveis so aqueles que esto sob o controle e responsabilidade de uma pessoa em um determinado nvel na empresa, e os No Controlveis so aqueles que esto sob o con-trole e responsabilidade de uma pessoa em nvel superior na empresa. A classificao dos custos em controlveis e no controlveis bsica para o estabelecimento do sistema de Custos por Res-ponsabilidade. Pode-se dizer que todos os custos da empresa so controlveis em algum nvel ge-rencial.

    Objetivos da Contabilidade por Responsabilidade

    A Contabilidade Setorial por Diviso, por Produto ou por Linha de Produto um sistema de gerenciamento flexvel que pode ser, ainda, mais segmentado dependendo da viso que a empre-sa tem dos seus negcios.

    Os objetivos da contabilidade por rea de responsabilidade so subdivididos em cinco itens:

    1. definir as decises e os planos em ter-mos de pessoal necessrio para execu-t-los;

    Fonte: O autor.

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    2. comunicar as decises e os planos em termos financeiros;

    3. motivar gerentes e supervisores para o bom desempenho de suas atividades;

    4. avaliar os resultados do desempenho real em relao aos planos;

    5. recompensar as pessoas pelo desem-penho satisfatrio.

    A Contabilidade de custos utiliza-se da De-partamentalizao para apropriar, de uma manei-ra mais justa, os custos indiretos de fabricao aos produtos.

    A Departamentalizao permite, por meio de um controle mais acurado dos custos indire-tos, a determinao mais precisa dos custos de servios e produtos; alm disso, podem-se usar taxas diferentes de custos indiretos departamen-tais para se apropriarem os custos indiretos de produo.

    3.3 Departamentalizao

    DicionrioDicionrio

    Acurado: Diz-se daquilo feito com capricho; esme-ro; aprimorado.

    Conceito

    Departamento a unidade mnima admi-nistrativa para a Contabilidade de Custos, repre-sentada por homens e mquinas (na maioria dos casos), que desenvolvem atividades homogne-as. (MARTINS, 2003, p. 65).

    Caracterstica

    Na Departamentalizao existe sempre a fi-gura de um responsvel para cada departamento.

    Figura 2 Exemplo de departamentalizao.

    Fonte: O autor.

    Centros de Custos

    Conceito

    o menor segmento de atividade ou rea de responsabilidade para o qual se acumulam custos. (HORNGREN, 2000, p. 188).

    Caractersticas

    Um centro de custos pode ser simultanea-mente um departamento. Os centros de custos so responsveis apenas pela acumulao dos custos.

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    Figura 3 Exemplo de centros de custos.

    Fonte: O autor.

    Centros de Lucros

    um segmento de uma empresa, comumente chamado de diviso, responsvel tanto por receitas quanto por despesas. Os centros de lucros so responsveis, portanto, pelos resultados.

    Figura 4 Exemplo de centros de lucros.

    Fonte: O autor.

    Centros de Investimentos

    O centro de investimento um centro de lucro, cuja anlise de desempenho no medida apenas sobre o resultado obtido entre as receitas e despesas, levando-se em conta tambm o capital investido (investimento realizado).

    AtenoAteno

    Todo departamento centro de custos, porm nem todos os centros de custos so departamentos. A diferena est na condio de que, no departamento, por sua caracterstica, obrigatria a presena de uma pessoa responsvel, enquanto no centro de custos no existe essa obrigatoriedade, podendo o centro de custo ser representado por uma mquina ou um equipamento, por exemplo.

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    Figura 5 Exemplo de centros de investimentos.

    Fonte: O autor.

    3.4 Descentralizao

    Os administradores gozam de status mais elevados com a independncia, ficando, assim, mais motivados.

    Caractersticas

    Liberdade de tomar decises.

    Fonte: Horngren (2000, p. 219).

    Vantagens

    Os escales inferiores conhecem melhor as condies locais e podem tomar decises mais acerta-das que seus supervisores.

    Os administradores adquirem a capacidade de tomar decises e outras habilidades que ajudam sua ascenso na empresa.

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    Desvantagens

    Os administradores podem tomar decises disfuncionais.

    Isolamentos das unidades implicam perder o contato com os fatos que importam. Os admi-

    nistradores tendem a duplicar servios centrais (contabilidade, pessoal etc.). Os custos de proces-samento de informaes quase sempre aumen-tam.

    O preo de transferncia pode ser utilizado tanto em mbito interno, entre departamentos de uma mesma organizao, quanto externa-mente, entre partes relacionadas, situadas ou no em diferentes pases. Em ambas as situaes, os objetivos bsicos da organizao referem-se maximizao de seus resultados globais e ava-liao de desempenho das diferentes unidades.

    medida que as empresas crescem, desen-volvem-se ou passam por processos de reestru-turao, comum e, por vezes, estrategicamente necessrio que haja descentralizao interna por regies geogrficas, segmentos, mercados, canais de distribuio, entre outros.

    Conceito de Preos de Transferncia

    Preos de Transferncia so os preos que uma empresa pratica quando transfere bens (f-sicos e intangveis) ou prov servios para suas empresas associadas.

    O termo transfer pricing, ou preo de trans-ferncia, o preo que uma subunidade (seg-mento, departamento, diviso, etc.) de uma organizao cobra pelo produto ou servio forne-cido a outra da mesma organizao. (HORNGREN; FOSTER; DATAR, 2000, p. 639).

    Em razo das circunstncias peculiares exis-tentes nas operaes realizadas entre empresas vinculadas, esse preo pode ser artificialmente estipulado e, consequentemente, divergir do preo de mercado negociado por empresas inde-pendentes, em condies anlogas.

    3.5 Preos de Transferncia

    A Natureza dos Preos de Transferncia

    Para Horngren (2000, p. 220), preos de transferncia so associados a bens ou servios trocados entre as subunidades de uma organiza-o.

    Na maioria das vezes, o termo associado a materiais, peas ou produtos acabados. Em um sentido mais bsico, toda alocao de custos uma forma de preos de transferncia, embora a maneira de se alocar o custo do departamen-to de pessoal s subunidades de um hospital, por exemplo, seja chamada de um problema de alo-cao de custos, e no de um problema de preos de transferncia.

    Mtodos de Estabelecer Preos de Transferncia

    As organizaes resolvem seus problemas usando preos de mercado para algumas transfe-rncias, custos-padro para outras transferncias, preos negociados para outras e assim por diante. Portanto, no se deve esperar uma nica forma e universalmente vlida na rea de preos de trans-ferncia.

    Segundo Atkinson et al. (2000, p. 613), as empresas adotam um entre quatro mtodos dife-rentes para determinar o preo de transferncia: baseado no mercado, baseado em custos, nego-ciado e administrado.

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    Transferncias pelo custo

    O preo de transferncia baseado em cus-to s deve ser usado quando no existir mercado intermedirio ou quando for muito custoso obter os preos de mercado.

    Transferncia pelo custo efetivo

    Esse mtodo pressupe a determinao do preo em funo dos custos efetivamente supor-tados para produzir o produto ou servio. Existem defensores de que um preo de transferncia in-terno baseado no custo real no deva ser utiliza-do em nenhum caso, pois no avalia justamente os gestores, nem os motiva para a utilizao de servios ou produtos internos, o que contrrio aos princpios da gesto e aos interesses da em-presa. Esse mtodo no d subunidade compra-dora uma base para o planejamento e, o mais im-portante, no d diviso fornecedora o devido estmulo para controlar seus custos. As ineficin-cias so transferidas para a diviso compradora.

    Transferncias pelo custo-padro

    Esse mtodo de estabelecer o preo de transferncia baseado em custo- padro menos problemtico que o custo real, porm com a pos-sibilidade de conter riscos semelhantes. Se os pa-dres forem construdos buscando realmente os custos que deveriam ser em condies de com-petitividade externa, pelo menos esse mtodo poder medir a eficincia operacional da unidade fornecedora.

    A recomendao geral de usar custos or-ados ou padro em vez de efetivos se aplica a todas as formas de alocao de custos, seja ela chamada de preo de transferncia, realocao de custos ou de qualquer outra coisa. (HORNE-GREN, 2000, p. 221).

    Transferncia pelo custo-padro mais margem

    Os preos de mercado no so usados em situaes em que eles no existam ou que no possam ser aplicados ou, ainda, em que sejam impossveis de ser determinados. So exemplos os produtos especializados ou os mercados, que, por serem to limitados ou dispersos, impedem a determinao de um preo digno de confiana. Para esses casos, recomenda-se a fixao de pre-os de transferncias com margem sobre o custo--padro.

    Esse mtodo tem a vantagem de criar um esprito mais empresarial entre os centros forne-cedores e compradores. No entanto, a sua aplica-o prejudicada pela dificuldade de identificar a maneira mais adequada para estabelecer a mar-gem.

    A base percentagem sobre o custo a mais simples e mais largamente usada. No entanto, normalmente, quando essa base usada, no levado em conta o capital aplicado.

    A base percentagem sobre o investimento conceitualmente melhor. Na prtica, pode haver dificuldades para calcular o investimento ligado a determinado produto. A soluo conceitual ba-sear a margem de lucro no valor do investimento que seria necessrio para que os centros de lucro compradores fossem centros produtores. O inves-timento calculado como um valor-padro, no qual o ativo imobilizado e os estoques so avalia-dos a custo de reposio.

    Transferncias pelo preo de mercado

    Esse mtodo de preos de transferncia ideal por ter como base um preo normal de mer-cado, de um produto idntico quele que est sendo transferido, refletindo, assim, as mesmas condies do produto ao qual se aplica o preo de transferncia.

    O preo de mercado para a determina-o dos preos de transferncia recomendado e deve ser aplicado quando uma empresa tem centros de lucro. Essa prtica permitir aos com-

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    pradores e aos vendedores manter-se, sistemati-camente, a par de suas oportunidades internas e externas, e os problemas de congruncia de ob-jetivos, incentivo e autonomia sero reduzidos ao mnimo.

    Transferncias pelo preo negociado

    Por esse modelo, as unidades podem pes-quisar no mercado o preo do produto ou servio em questo e compar-lo com os preos internos, ou seja, a unidade consumidora tem a total liber-dade para decidir comprar no mercado ou com-prar da unidade fornecedora. Dessa forma, a uni-dade consumidora pode negociar e chegar, em comum acordo, sobre o preo de transferncia a ser utilizado.

    Em determinadas situaes, alguns custos de expedio ou de comercializao podem ser evitados pela diviso fornecedora, transferindo produtos/servios para outra diviso, em vez de vend-los no mercado. Essas economias so, ge-ralmente, deduzidas quando se acerta o preo de transferncia.

    Na ausncia de preos de mercado, algu-mas empresas permitem s unidades envolvidas na compra e venda dos produtos ou servios ne-gociar os preos de transferncia. Entretanto, o preo de transferncia negociado e as decises de produo podem refletir as habilidades rela-tivas da negociao de ambas as partes, em vez de consideraes econmicas. Deve existir um mecanismo que facilite o entendimento para ne-gociar entre as unidades, sem necessidade de in-terferncia da administrao central.

    A escolha do preo de transferncia dever refletir a lucratividade das unidades envolvidas e, sobretudo, a obteno de um melhor resultado para a empresa.

    Transferncias pelo preo administrado

    Em grandes empresas, geralmente as uni-dades e seus diversos ramos de negcios nego-ciam preos de transferncia entre si. As unidades

    devem saber as regras bsicas das negociaes dos preos de transferncia. Assim, os preos de transferncia no precisam ser fixados pela admi-nistrao central.

    Uma das razes para isso que a principal funo do gerenciamento de linha estabelecer preos de venda e realizar compras satisfatrias. Outra razo o fato de que elas tm as melhores informaes a respeito do mercado e dos custos, estando, assim, mais capacitadas para alcanar preos razoveis. Se forem observadas as regras e existirem fontes externas e mercados, no h necessidade de cumprimento de outros procedi-mentos administrativos.

    O preo de transferncia administrado, ine-vitavelmente, gera subsdios entre os centros de responsabilidade e pode promover um efeito motivacional negativo, se o responsvel por um dos centros acreditar que as regras aplicadas se-jam injustas.

    Frequentemente, mesmo com regras espe-cficas, h casos em que os preos arbitrados no satisfazem nem aos compradores, nem aos ven-dedores, e as unidades no conseguem chegar a um acordo para estabelecer preos de transfern-cia. Esses desacordos devem ser evitados ao m-ximo, pois, normalmente, tomam muito tempo das gerncias e dos executivos da matriz. Cabe a um alto executivo da matriz ou do grupo resolver o impasse.

    Diferena entre os Mtodos (Exemplo Numrico)

    Tomamos como exemplo uma empresa com trs divises: produtora, montadora e distri-buidora.

    a) Produtora: Diviso Alfa adquire as ma-trias-primas e componentes, processa e transfere os itens em kits A, B, C e D para a montadora, Diviso Beta.

    b) Montadora: Diviso Beta recebe os itens processados pela Diviso Alfa, monta-os e transfere os produtos aca-bados para a distribuidora, Diviso Del-ta.

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    c) Distribuidora: Diviso Delta recebe os produtos acabados transferidos pela Diviso Beta e vende-os aos clientes fi-nais.

    Em nosso exemplo numrico, adotamos o mtodo de preo de transferncia com base nos custos efetivos (real) para, no segundo momento, desenvolv-lo pelo mtodo de preo de transfe-rncia com base no preo de mercado, para em seguida compar-los e apresentar as vantagens e desvantagens dos dois mtodos. Os resultados e as diferenas apresentados pelo exemplo expos-to repetem-se para os demais mtodos, conside-rando suas particularidades de vantagens e des-vantagens.

    Mtodo de Preo de Transferncia pelo Custo Efetivo (real)

    Por esse mtodo, os produtos e servios so transferidos pelo valor dos custos reais incorridos em cada processo de produo, conforme de-monstrado nas tabelas abaixo:

    A Tabela 1 apresenta os custos incorridos na Diviso Alfa para produzir os kits A, B, C e D e os preos de transferncia destes para a Diviso Beta.

    Tabela 1 Diviso Alfa Preo de Transferncia com base no custo efetivo.

    ALFA Valor de Custo Custo real PRODUTORA de adicionado de

    Compra na produo produoITENS $ $ $ 1. Kit A 2.510,00 125,00 2.635,00 2. Kit B 2.742,00 323,00 3.065,00 3. Kit C 525,00 85,00 610,00 4. Kit D 636,00 104,00 740,00 Custo total 6.413,00 637,00 7.050,00 Preo de transferncia 7.050,00 Resultado para negcio Diviso Alfa -

    DIVISO ALFA - PREO DE TRANSFERNCIA COM BASE NO CUSTO EFETIVO

    Fonte: O autor.

    A Tabela 2 apresenta os valores dos preos de transferncia recebidos da Diviso Alfa, para cada kit, e os custos adicionados para montar os kits A, B, C e D, base para a determinao dos preos de transfe-rncia, para a Diviso Delta.

    Tabela 2 Diviso Beta Preo de transferncia com base no custo efetivo.

    Fonte: O autor.

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    A Tabela 3 apresenta os valores dos preos de transferncia recebidos da Diviso Beta para cada kit e os preos de venda sem impostos dos kits A, B, C e D, praticados no mercado pela Diviso Delta, para venda aos clientes finais.

    Tabela 3 Diviso Delta.

    Fonte: O autor.

    A Tabela 4 apresenta a demonstrao de resultados das divises tomando-se como base o preo de venda sem impostos (100%) adicionando-se os impostos sobre vendas como segue:

    ICMS 18,00%

    PIS 1,65% COFINS 7,60%

    27,25%Participao do preo de venda sem impostos = 100,00%

    - 27,25% 72,75%

    ndice sobre o Preo de venda sem impostos

    $ 16.300,00 x 1,3736 = $ 22.405,50

    100,00% = 1,3746 72,75%

    Considerando-se que as despesas comerciais e administrativas representam 12% e 6%, respectiva-mente.

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    Tabela 4 Demonstrao de Resultados das divises preo de transferncia base custos efetivos.

    Conta Diviso Alfa Diviso Beta Diviso Delta

    Distribuio

    Participao em %

    - Venda de Mercadorias - - 22.405,50 137,46%( - ) ICMS 18 % - - 4.032,99 24,74%( - ) PIS 1,65% - - 369,69 2,27%( - ) COFINS 7,60% - - 1.702,82 10,45% = Preo Lquido de Vendas - - 16.300,00 100,00%( - ) Custo dos Produtos Vendidos - - 8.500,00 52,1% = Lucro Bruto - - 7.800,00 47,85% = Preo transf. valor de mercado 7.050,00 8.500,00 - 0,00%( - ) Custo dos Produtos Vendidos 7.050,00 8.500,00 - 0,00% = Lucro Bruto Negcio Diviso Alfa - 0,00% = Lucro Bruto Negcio Diviso Beta - 0,00%( - ) Despesas Comerciais - - 1.956,00 12,00%( - ) Despesas Administrativas - - 978,00 6,00% = Lucro Lquido acumulado antes do IR/CSLL - - 4.866,00 29,85%

    DEMONSTRAO DE RESULTADO DAS DIVISES - PREO DE TRANSFERNCIA - BASE CUSTOS EFETIVOS

    Fonte: O autor.

    Por esse mtodo, o lucro lquido antes do IR e CSLL da empresa ficou todo na diviso de distribui-o Delta.

    Mtodo de preo de transferncia com base no preo de mercado

    Por esse mtodo, os produtos e servios so transferidos pelo valor no mercado para cada kit, em cada diviso, conforme demonstrado em cada uma das tabelas a seguir.

    A Tabela 5 apresenta os custos incorridos na Diviso Alfa para produzir os kits A, B, C e D e os preos de transferncia para a Diviso Beta, com base no valor de mercado.

    Tabela 5 Diviso Alfa Preo de transferncia com base no preo de mercado.

    Fonte: O autor.

    A Tabela 6 apresenta os valores dos preos de transferncia recebidos da Diviso Alfa, para cada kit, e os custos adicionados para montar os kits A, B, C e D e os preos de transferncia para a Diviso Delta, com base no valor de mercado de cada kit.

    ALFA Valor de Custo Custo real Preo de PRODUTORA de adicionado de Venda

    Compra na produo produo no mercado ITENS $ $ $ $ 1. Kit A 2.510,00 125,00 2.635,00 3.360,00 2. Kit B 2.742,00 323,00 3.065,00 3.930,00 3. Kit C 525,00 85,00 610,00 853,00 4. Kit D 636,00 104,00 740,00 907,00 Custo total 6.413,00 637,00 7.050,00 9.050,00 Preo de transferncia 7.050,00 Resultado para negcio Diviso Alfa 2.000,00

    DIVISO ALFA - PREO DE TRANSFERNCIA COM BASE NO PREO DE MERCADO

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    Tabela 6 Diviso Beta Preo de transferncia com base no preo de mercado.

    Fonte: O autor.

    A Tabela 7 apresenta os valores dos preos de transferncia recebidos da Diviso Beta, para cada kit, e os preos de venda sem impostos dos kits A, B, C e D praticados no mercado pela Diviso Delta, para venda aos clientes finais.

    Tabela 7 Diviso Delta.

    Fonte: O autor.

    A Tabela 8 apresenta a demonstrao de resultados das divises tomando-se como base o preo de venda sem impostos (100%) adicionando-se os impostos sobre vendas conforme clculos apresentados antes na Tabela 4.

    A seguir, apresentada uma tabela demonstrando os resultados de cada diviso, justificando a vantagem desse mtodo sobre o mtodo do custo efetivo (real).

    BETA Valor de Custo Custo real Preo de MONTADORA de adicionado de Venda

    Compra na produo produo no mercado ITENS $ $ $ $ 1. Produto A 3.360,00 340,00 3.700,00 4.130,00 2. Produto B 3.930,00 970,00 4.900,00 5.400,00 3. Produto C 853,00 47,00 900,00 1.246,00 4. Produto D 907,00 93,00 1.000,00 1.364,00 Custo total 9.050,00 1.450,00 10.500,00 12.140,00 Preo de transferncia 10.500,00 Resultado para negcio Diviso Beta 1.640,00

    DIVISO BETA- PREO DE TRANSFERNCIA COM BASE NO PREO DE MERCADO

    DELTA Valor de Custos Custo real Preo Final DISTRIBUIDORA de adicionado de Praticado

    Compra na produo produo Cliente ITENS $ $ $ $ 1. Produto A 4.130,00 - 4.130,00 4.600,00 2. Produto B 5.400,00 - 5.400,00 6.100,00 3. Produto C 1.246,00 - 1.246,00 2.700,00 4. Produto D 1.364,00 - 1.364,00 2.900,00 Custo total 12.140,00 - 12.140,00 16.300,00 Preo de transferncia 12.140,00 Resultado Bruto Global 4.160,00

    DIVISO DELTA

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    Tabela 8 Demonstrao de resultado das divises preo de transferncia base no preo de mercado.

    Conta Diviso Alfa Diviso Beta Diviso Beta Distribuio

    Participao em %

    - Venda de Mercadorias - - 22.405,50 137,46%( - ) ICMS 18 % - - 4.032,99 24,74%( - ) PIS 1,65% - - 369,69 2,27%( - ) COFINS 7,60% - - 1.702,82 10,45% = Preo Lquido de Vendas - - 16.300,00 100,00%( - ) Custo dos Produtos Vendidos - - 12.140,00 74,5% = Lucro Bruto - - 4.160,00 25,52% = Preo transf. valor de mercado 9.050,00 12.140,00 - 0,00%( - ) Custo dos Produtos Vendidos 7.050,00 10.500,00 - 0,00% = Lucro Bruto Negcio Diviso Alfa 2.000,00 12,27% = Lucro Bruto Negcio Diviso Beta 1.640,00 10,06%( - ) Despesas Comerciais - - 1.956,00 12,00%( - ) Despesas Administrativas - - 978,00 6,00% = Lucro Lquido acumulado antes do IR/CSLL 2.000,00 1.640,00 1.226,00 7,52%

    DEMONSTRAO DE RESULTADO DAS DIVISES - PREO DE TRANSFERNCIA - BASE NO PREO DE MERCADO

    Fonte: O autor.

    A Tabela 9 apresenta um resumo explicativo dos resultados obtidos nas tabelas anteriores, pelo mtodo de preo de transferncia com base no preo de mercado.

    Tabela 9 Distribuio do Resultado Global.

    Fonte: O autor.

    Como pode ser verificado, por esse mtodo, cada diviso tem como medida de desempenho a sua participao nos resultados, tornando-o um modelo mais justo, no qual cada responsvel motivado a exercer um controle rgido sobre seus custos.

    3.6 Preos de Transferncia para Importao e Exportao

    A partir de 1 de janeiro de 1997, entrou em vigor a Lei n 9.430/96, de 27 de dezembro de 1996, que estabeleceu as normas que regulam as operaes de Transfer Pricing no Brasil. O Brasil, a partir dessa data, passou a fazer parte do rol dos pases que controlam os preos nas operaes de importao e exportao de bens e servios, en-tre empresas do mesmo grupo econmico.

    Legislao Brasileira para Preo de Transferncia

    Em complemento Lei n 9.430/97, a Por-taria MF n 95/97 e as Instrues Normativas da Secretaria da Receita Federal SRF n 38/97, n 32/01 e n 243/02 tambm so utilizadas para a

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    normatizao do Preo de Transferncia, obrigan-do os contribuintes a adotar uma metodologia de clculo especfica e a manter documentos que comprovem a adequao dos preos praticados nas transaes entre partes relacionadas.

    Segundo a Receita Federal (2005), o termo preo de transferncia tem sido utilizado para identificar os controles a que esto sujeitas as operaes comerciais ou financeiras realizadas entre partes relacionadas, sediadas em diferentes jurisdies tributrias, ou quando uma das partes est sediada em paraso fiscal. Em razo das cir-cunstncias peculiares existentes nas operaes realizadas entre essas pessoas, o preo praticado nessas operaes pode ser artificialmente estipu-lado e, consequentemente, divergir do preo de mercado negociado por empresas independen-tes, em condies anlogas.

    Pessoas vinculadas e interpostas

    O conceito de pessoa vinculada torna-se essencial para o estudo do Preo de Transfern-cia. Isso acontece porque as operaes realizadas com pessoas domiciliadas no exterior podem ge-rar evaso de divisas, o que, pela legislao brasi-leira, deve ser tributada.

    Para definir Pessoas Vinculadas, o artigo 23 da Lei n 9430/96 e o artigo 2 da IN/SRF n 38/97 contm dez itens e diversos pargrafos, que resul-tam em cerca de 25 hipteses de caracterizao de partes relacionadas.

    Preo de transferncia nas operaes de importao

    A legislao de Preo de Transferncia esta-belece quatro mtodos para apurao dos custos e despesas com as importaes, como segue:

    a) Mtodo dos Preos Independentes Comparados (PIC).

    b) Mtodo do Preo de Revenda menos o Lucro (PRL) com margem de lucro de 20% (vinte por cento).

    c) Mtodo do Preo de Revenda menos o Lucro (PRL) com margem de lucro de 60% (sessenta por cento).

    d) Mtodo do Custo de Produo mais Lu-cro (CPL).

    Mtodo dos preos independentes comparados (PIC)

    De acordo com a IN SRF n 243/02, esse m-todo a mdia aritmtica dos preos de bens, servios e direitos, idnticos ou similares, apura-dos no mercado brasileiro ou em outros pases, em operaes de compra e venda, em condies semelhantes de pagamento.

    Os preos desses bens, servios ou direitos sero comparados com aqueles que:

    a) foram vendidos pela mesma empresa exportadora, no vinculada, residente ou no;

    b) foram adquiridos pela mesma empresa importadora, no vinculada, residente ou no;

    c) em operaes de compra e venda entre Pessoas Jurdicas, no vinculadas, resi-dentes ou no.

    So aspectos fundamentais do mtodo PIC: obter dados de fornecedores ou concorrentes e comparar os preos com empresas no vincula-das e independentes, utilizando a mdia do Brasil

    Saiba maisSaiba mais

    Segundo o comentrio de Rosseto (1998, p. 3), os preos de referncia devem ser calculados em bases anuais, exceto nas hipteses de incio e en-cerramento de atividades e de suspeita de fraudes, conforme Art. 40 da IN/SRF n 38/97. Conforme o Art. 18 da Lei n 9.430/96, na hiptese de utilizao de mais de um mtodo, ser considerado dedutvel o maior valor apurado, at o valor constante do do-cumento de importao ou aquisio. A parcela dos custos que exceder ao valor resultante do mtodo escolhido dever ser adicionada ao lucro lquido, na determinao do lucro real.

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    ou de outros pases. Alm disso, o preo e os ajus-tes podero variar de acordo com o ramo do ne-gcio e a legislao especfica. Apesar de parecer um mtodo de fcil aplicao, pode apresentar algumas dificuldades.

    Em algumas situaes especficas, esse mtodo de difcil aplicao devido inexistn-cia de produtos idnticos e similares venda no mercado. o caso de aquisies pelas empresas vinculadas localizadas no exterior, dos concentra-dos de refrigerantes, de produtos considerados agentes ativos dos laboratrios farmacuticos e outros produtos resultados, muitas vezes, de fr-mulas ou processos que seus detentores no pre-tendam divulgar.

    Mtodo do preo de revenda menos lucro (PRL) margem de 20%

    Como apurar o Preo de Transferncia pelo mtodo PRL 20%:

    Sobre o valor adquirido aps a excluso dos descontos e das devolues ser aplicada a Mar-gem de lucro de 20%; em seguida, sero deduzi-dos:

    a) os impostos e as contribuies inciden-tes sobre a venda (PIS, COFINS, ICMS, ISS);

    b) comisses e corretagens pagas;

    c) fretes e seguros embutidos na Nota Fis-cal de Venda.

    Esse mtodo tem sua aplicao facilitada, pois independe da informao passada por ter-ceiros.

    Mtodo do preo de revenda menos o lucro (PLR2) margem de 60%

    Mtodo institudo em janeiro de 2000, utili-zado por empresas na compra de matria-prima e produtos intermedirios que sero utilizados na produo de bens e produtos acabados. Alm da sua aplicabilidade, difere-se do outro mtodo PRL na base de clculo e na alquota, mas so conside-rados praticamente os mesmos critrios.

    O PRL2 60% tem a mesma facilidade do outro mtodo PRL. No entanto, esse de uso ex-clusivo para clculo de preo parmetro de mat-rias-primas ou produtos intermedirios.

    Sua base de clculo diferenciada, j que nesse mtodo todas as dedues possveis so efetuadas antes da aplicao da margem de lucro de 60%.

    Mtodo do custo de produo mais lucro (CPL)

    Mtodo utilizado para a importao de bens, direitos e obrigaes destinados a imo-bilizao e produo de outros bens. definido como custo mdio de produo dos bens, servi-os ou direitos, idnticos ou similares, nos pases originrios, acrescido dos impostos do pas inci-dentes sobre a exportao. Sobre o custo apura-do incide uma Margem de Lucro de 20%.

    De acordo com a IN n 243/02, podero ser computados como parte integrante do custo:

    a) custo de qualquer bem, servio ou di-reito aplicado ou consumido na produ-o;

    b) alm das matrias-primas, produtos intermedirios e materiais de embala-gem;

    c) o custo com salrios e encargos sociais exigidos na legislao do pas;

    Saiba maisSaiba mais

    Comentrio apresentado por Rosseto (1998, p. 4) sobre esse mtodo: Tambm aplicvel apenas na revenda de produtos importados e no podendo ser utilizado no caso de importaes de matrias--primas, este mtodo baseia-se na mdia aritm-tica ponderada dos preos de revenda dos bens, deduzindo-se: juros nas vendas a prazo, descontos incondicionais, impostos sobre vendas, comisses e corretagens, e margem de lucro de 20% calculada sobre o preo mdio de revenda, praticados pela prpria empresa com pessoas no vinculadas, ex-cluindo-se os descontos incondicionais.

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    d) custos de locao, manuteno e repa-ro;

    e) os encargos de depreciao, amortiza-o ou exausto dos bens, servios e direitos aplicados na produo;

    f ) perdas e quebras razoveis.

    Esse mtodo tem sua aplicao invivel, pois para sua realizao seria necessrio o conhe-cimento de custos.

    Preos de Transferncia na Exportao

    Nas exportaes, os critrios no so mui-tos diferentes dos utilizados nas importaes. Da mesma forma, permite aos contribuintes escolher o mtodo que melhor benefcio lhes proporcio-nar. Uma distino feita entre exportaes para clientes atacadistas e varejistas. Assim, determi-nao dos preos de referncia das exportaes so utilizados os mesmos parmetros que nas importaes. Na prtica, pode-se afirmar que tambm existem trs mtodos de determinao de preos de referncia nas exportaes, sinteti-zados a seguir.

    Preos de venda nas exportaes (PVEx)

    Na sua determinao, devem ser considera-dos, em um mesmo perodo de apurao e para compradores no vinculados, em condies ne-gociais semelhantes:

    preo mdio das prprias exportaes; preo mdio das exportaes de outros

    clientes.

    Comparando-se os critrios do PIC com os do PVEx, verifica-se a inexistncia de diferen-as substanciais entre eles, podendo-se afirmar que seriam passveis de consolidao (ROSSETO, 1998).

    Preo de Venda no Atacado no Pas de Destino, Diminudo do Lucro (PVA)

    Da mesma forma, esse mtodo est calcado nos mesmos critrios do PRL para as importa-es, com o preo de referncia sendo resumida-mente calculado como segue (ROSSETO, 1998, p. 5):

    mdia dos preos por atacado; menos tributos includos no preo; menos margem de lucro de 15% sobre o preo

    bruto de venda.

    Preo de venda a varejo no pas de destino, diminu-do do lucro (PVV)

    Essa metodologia de clculo do preo de referncia difere da anterior somente no percen-tual de margem de lucro, que passa de 15% para 30%, provavelmente devido s maiores despesas que um cliente varejista incorre na distribuio do produto ao consumidor final, o que justificaria a diferena de percentual entre varejistas e ataca-distas (Caderno de Estudos, So Paulo, FIPECAFI, v.10, n.17, p.79-85, janeiro/abril 1998).

    Mtodo do custo de aquisio produo mais tribu-tos e lucro (CAP)

    As caractersticas bsicas desse mtodo equiparam-se s do CPL usado para as importa-es, devendo ser levado em considerao:

    custo mdio de produo prpria; tributos incidentes na exportao; crdito presumido do IPI (ressarcimen-

    to do Cofins/PIS);

    margem de lucro de 15% sobre o custo mdio mais tributos.

    Uma interpretao prtica dessa metodo-logia seria a de que o governo, nessa fase inicial

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    de vigncia da atual legislao e dentro de um es-foro de incremento das exportaes, permitisse vrios graus de liberdade para os exportadores, desde que os preos de venda praticados gerem

    renda tributvel, no Brasil, sobre a margem de 15% aplicada sobre o custo mdio dos produtos (ROSSETO, 1998).

    Neste captulo, foram abordados: a contabilidade por responsabilidade, suas finalidades e objeti-vos, a departamentalizao da empresa, os conceitos de departamentos, centros de custos, centros de lucros e centros de investimentos.

    Tambm foram abordados os aspectos sobre a descentralizao e as metodologias de clculos de preos de transferncias.

    Agora que terminamos este captulo, vamos verificar se voc fixou bem os contedos descritos anteriormente. Com muita ateno, responda os exerccios propostos a seguir, lembrando que ao final desta apostila voc encontrar as respectivas solues.

    3.7 Resumo do Captulo

    1. A Contabilidade Setorial por Diviso, por Produto ou por Linha de Produto um sistema de gerenciamento flexvel que pode ser, ainda, mais segmentado dependendo da viso que a empresa tem dos seus negcios. Os objetivos da contabilidade por rea de responsabilidade so subdivididos em cinco itens. Quais so eles?

    2. O que voc entendeu como sendo Preo de Transferncia?

    3. Como podemos utilizar o Preo de Transferncia?

    3.8 Atividades Propostas

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    Caro(a) aluno(a),

    Nas ltimas dcadas, desenvolveram-se modernas tcnicas de administrao, e as infor-maes de custo passaram a apoiar a Administra-o em suas funes de planejamento, controle e tomada de decises. A Contabilidade de Custos, cada vez mais, passou a responsabilizar-se pela anlise e interpretao das informaes quanti-tativas, a fim de fornecer administrao instru-mentos para a gerncia da organizao.

    O desenvolvimento em paralelo da pesqui-sa operacional e da computao eletrnica, assim como o emprego de tcnicas estatsticas e mate-mticas mais sofisticadas, tem contribudo para que as informaes sejam prestadas mais rapida-mente e para que problemas antes considerados, de certo modo, difceis sejam mais facilmente re-solvidos.

    Em resumo, observamos que a Contabilida-de de Custos nasceu da Contabilidade Financeira

    EVOLUO DA CONTABILIDADEDE CUSTOS4

    na poca da Revoluo Industrial, e a sua principal funo era, ento, a de registrar os custos que ca-pacitavam o Contador a avaliar os inventrios (em consequncia, determinar mais corretamente as receitas e levantar os balanos), e no a de fazer dela um instrumento da administrao. Essa viso por parte dos usurios recente, e, por essa razo, ainda h muito a ser desenvolvido. Dessa forma, quando desejamos desenvolver o seu potencial de controle e de auxlio tomada de decises, ne-cessitamos imprimir-lhe certas adaptaes con-cernentes ao estudo da Contabilidade Gerencial.

    DicionrioDicionrio

    Concernente: adj. Relativo, referente.Principais sinnimos de concernente:1. atinente, relativo, tocante.Outros possveis sinnimos de concernente:2. respectivo.

    Algumas confuses no podem ser feitas com terminologias, tais como: gastos, investimen-tos, despesas, desembolso, perdas, custos etc.

    Gastos: so os sacrifcios econmicos e fi-nanceiros que a empresa faz para produzir bens ou servios, sacrifcios esses representados por promessas e/ou entregas de ativos ou servios.

    Investimentos: so gastos ativados em funo de sua vida til e/ou para posterior con-sumo e que geraro receitas futuras, classificados como custos ou despesas.

    Custos: so os gastos em bens e/ou servi-os consumidos no processo produtivo.

    4.1 Terminologias Utilizadas na Contabilidade de Custos

    Saiba maisSaiba mais

    IBRACON Definio de Custos De acordo com a NPC 2 do IBRACON, custo a soma dos gastos incorridos e necessrios para a aquisio, converso e outros procedimentos necessrios para trazer os estoques sua condio e localizao atu-ais, e compreende todos os gastos incorridos na sua aquisio ou produo, de modo a coloc-los em condies de serem vendidos, transformados, uti-lizados na elaborao de produtos ou na prestao de servios que faam parte do objeto social da en-tidade, ou realizados de qualquer outra forma.

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    Despesas: so gastos consumidos para gerar receitas.

    Desembolso: so gastos em bens ou servios representados por sadas de caixa.

    Perdas: so gastos involuntrios.

    Figura 6 Terminologias.

    Fonte: O autor.

    AtenoAteno

    Todo processo produtivo pode gerar restos de-correntes da atividade desenvolvida, de forma previsvel. Estes so considerados normais ativi-dade, portanto devem englobar o custo do pro-duto fabricado. Por isso, tais perdas so custos. Exemplo: Perdas de material por evaporao ou consumo no processo produtivo.

    4.2 Classificao dos Custos

    Quanto ao Objetivo

    Quanto ao objetivo, os custos so classificados em Diretos e Indiretos.

    Fonte: O autor.

    Custos Diretos: so aqueles que podem ser medidos (mensurados) e apropriados diretamente ao objetivo que est sendo estudado (produto/servio), sem a necessidade da utilizao de alguma base de rateio. So exemplos de custos diretos os materiais diretos e a mo de obra direta.

  • Contabilidade Gerencial

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    Custos indiretos: so aqueles que no po-dem ser medidos (mensurados) ou apropriados diretamente ao objetivo que est sendo estuda-do (produto/servio), necessitando para isso de alguma base de rateio. So custos indiretos os materiais indiretos, a mo de obra indireta, ener-gia eltrica etc.

    Custo Primrio: formado pela soma dos valores das matrias-primas e da mo de obra di-reta.

    Custo de Transformao: formado pela soma dos valores da mo de obra direta e dos custos indiretos de produo/servios.

    Custos de Produo/Servios: formado pela soma dos totais dos custos diretos e dos cus-tos indiretos de produo/servios.

    Quanto ao Volume

    Os custos so classificados em fixos e vari-veis.

    Fonte: O autor.

    Custos Variveis: so gastos cujos totais variam proporcionalmente com o volume de ati-vidade da empresa. Unitariamente so fixos.

    Custos Fixos: so gastos de natureza cons-tante que no mantm proporcionalidade com o volume de atividade da empresa. Unitariamente so variveis.

    Material Direto: so os custos dos mate-riais aplicados diretamente aos produtos e/ou servios que, de alguma forma, podem ser medi-dos (mensurados).

    Matria-Prima Direta: o material que so-fre transformao no processo produtivo.

    Mo de obra Direta: o custo referente ao pessoal envolvido diretamente no processo de produo e, como tal, pode ser computada ao produto.

    Material Indireto: o material aplicado no processo produtivo que no se consegue identifi-car no produto. Ex.: lubrificantes, ferramentas de desgastes etc.

    4.3 Componentes dos Custos

    Mo de Obra Indireta: o custo referente ao pessoal envolvido indiretamente no processo de produo e, como tal, somente pode ser com-putada ao produto por meio de rateio. Ex.: super-viso, inspeo, almoxarifado, controle de quali-dade etc.

    Outros Custos Indiretos: so gastos neces-srios no processo produtivo e, como tal, somen-te podem ser computados ao produto por rateio: fora e luz, depreciao de aluguis, seguro etc.

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    Despesas: so gastos em bens e/ou servi-os consumidos para gerar receitas, podendo, es-ses gastos, terem sido efetuados no passado e/ou que sero realizados no futuro, mas que devem ser reconhecidos no seu perodo de competncia.

    Despesas Administrativas: so gastos em bens e servios destinados administrao geral da empresa, decorrentes das funes de Plane-jamento, Organizao e Controle. Ex.: salrios e encargos sociais do pessoal administrativo, mate-riais de escritrio, aluguis, depreciaes, despe-sas gerais etc.

    Despesas Comerciais: so gastos em bens e/ou servios consumidos com objetivo de colo-car as mercadorias ao alcance dos consumidores. Ex.: salrios, comisses, prmios e despesas de

    4.4 Classificao das Despesas

    viagem de vendedores, de escritrio de vendas, de transportes, fretes sobre vendas e mercadorias devolvidas, despesas do departamento de expe-dio, despesas de propaganda e promoo de vendas, despesas de armazenagem, despesas de crdito e cobrana etc.

    Despesas Financeiras: so gastos destina-dos remunerao de capital de terceiros utiliza-dos no financiamento de servios, bens durveis e/ou no capital de giro prprio. Ex.: financiamen-to de projetos, sistemas, descontos concedidos sobre vendas, despesas com desconto de ttulos, impostos sobre operao financeira, taxas de co-branas, taxas de descontos, juros sobre emprs-timos etc.

    Neste captulo, foram abordadas as questes envolvendo as terminologias utilizadas na contabili-dade de custos e foram apresentadas as definies de gastos, investimentos, custos, despesas, perdas e desembolsos. Tambm foi abordada a forma de classificao dos custos e das despesas.

    Agora que terminamos este captulo, vamos verificar se voc fixou bem os contedos descritos anteriormente. Com muita ateno, responda os exerccios propostos a seguir, lembrando que ao final desta apostila voc encontrar as respectivas solues.

    4.5 Resumo do Captulo

    4.6 Atividades Propostas

    1. O que so Investimentos?

    2. Com relao aos custos, como podemos classific-los?

    3. Com relao s despesas, como podemos classific-las?

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    Qualquer que seja o mtodo de custeio e o sistema de custeamento adotado, pode-se, basi-camente, acumular custos sob trs formas de cus-teamento. So elas:

    a) Forma de Custeamento aos Custos His-tricos (real);

    b) Forma de Custeamento aos Custos Pre-determinados (padro ou estimado);

    c) Forma de Custeamento aos Custos Mis-tos (combinao de custos histricos e predeterminados).

    Custos Histricos

    Pela forma de custeamento aos custos His-tricos, estes so registrados e sumarizados aps sua ocorrncia. Assim, os custos dos produtos so determinados aps o trmino das operaes de manufatura ou fabricao, comumente, em uma base mensal. Algumas inconvenincias so atri-budas a essa forma. Uma delas a de que, muitas vezes, no se pode esperar encerrar o ms para se conhecerem os custos de produo, e necessita--se fazer estimativas para antecipar esse conheci-mento, durante o ms.

    FORMAS E MTODO DE CUSTEAMENTO5

    5.1 Formas de Custeamento

    Custos Predeterminados

    Podem-se superar as desvantagens apre-sentadas pela forma de custeamento aos custos histricos (reais) por meio da utilizao de custos predeterminados.

    O uso de custos predeterminados ser til Contabilidade de Custos na medida em que, ten-do-se uma taxa normalizada de custos, pode-se, a qualquer momento, atribuir custos ao produto, sem a necessidade de aguardar o encerramento do perodo contbil para se conhecerem os cus-tos a serem distribudos.

    Custos Estimados

    O mecanismo de contabilizao do cus-to estimado assemelha-se ao mecanismo do custo-padro, porm seus mtodos e utilidades distanciam-se. A forma de custeamento a custos estimados parte da hiptese de que os custos fu-turos so determinados pela mdia do passado, e sua finalidade primordial exercer certo tipo de controle ou comparao com os custos reais in-corridos.

    Custos-Padro

    A forma de custeamento ao custo-padro pode ser empregada tanto no Sistema de Cus-teamento por Ordem de Produo como no de Processo de Produo, assim como ao Mtodo

    DicionrioDicionrio

    Mtodo: Conjunto de processos racionais, para fa-zer qualquer coisa ou obter qualquer fim terico ou prtico.

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    de Custeio por Absoro ou Varivel/Direto. Pode, ainda, ser considerado ou no na contabilidade.

    Os padres de custos tm as seguintes ca-ractersticas: Os padres contbeis so custos cientificamente predeterminados que propor-cionam uma base para a medio do desempe-nho efetivo e no necessitam ser incorporados ao sistema contbil. (BACKER; JACOBSEN, 1979, p. 210).

    Forma de Custeamento Mista

    A forma mista de custeamento a combi-nao entre as formas de custeamento a custos histricos e a custos predeterminados. Por exem-plo, os custos de materiais podem ser histricos, e os custos de mo de obra e indiretos podem ser padres. Em muitas empresas, so usadas as for-mas de custeamentos mistas, ou combinaes.

    Basicamente, podem-se acumular custos sob trs formas, que sero descritas a seguir:

    Mtodo de Custeamento RKW (Reichskuratorium Fr Wirstschaftlichkeit)

    Conceito

    o mtodo de custeamento pelo qual to-dos os custos, sejam diretos ou indiretos, fixos ou variveis, integram os estoques e que, para fins de resultado, posicionam todos os gastos em nvel de produto.

    Consideraes especficas do custeamento RKW

    Para efeito de determinao de resultado, tambm as despesas do perodo so computadas em nvel de produto, e nesse ponto que o mto-do RKW diferencia-se do mtodo de custeamento por Absoro. Assim, no mtodo RKW, para efeito de determinao do resultado, so considerados os seguintes componentes:

    a) material direto;

    b) mo de obra direta;

    c) custos indiretos de fabricao (CIF);

    d) despesas administrativas;

    e) despesas comerciais;

    5.2 Mtodo de Custeamento

    f ) despesas financeiras;

    g) outras despesas operacionais.

    Objetivo do Mtodo de Custeamento RKW

    O objetivo bsico desse mtodo de cus-teamento o de atribuir aos produtos todos os custos e despesas da entidade, de maneira a evi-denciar a definio dos preos de vendas dos pro-dutos e/ou servios.

    Concluses sobre o mtodo de custeamento RKW

    Trata-se de um mtodo no muito aceito na atualidade, principalmente no Brasil, devido a im-putar aos produtos, para apurao de resultados, gastos tipicamente do perodo, no ligados ao es-foro de produzir, mas de administrar e de vender. Por outro lado, pode ser considerado como mto-do interessante para empresas com constante ne-cessidade de atribuio de preos a seus produ-tos, sem grandes barreiras fiscais ou de mercado.

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    Demonstrao de resultado pelo mtodo

    Demonstrao de resultado do exerccio (DRE) pelo RKW

    RECEITA DE VENDAS

    ( - ) Custo dos Bens ou Servios (todos os gastos)

    ( = ) LUCRO LQUIDO

    Esquema grfico do mtodo

    O Esquema grfico de custeio RKW permite a visualizao dos procedimentos adotados pelo mtodo para fins de resultado.

    Fonte: O autor.

    Mtodo de Custeio por Absoro

    Conceito

    O Mtodo de Custeio por Absoro, tam-bm denominado Convencional, Integral ou Ple-no, consiste em apropriar aos produtos todos os custos de produo, sejam diretos ou indiretos, fixos ou variveis. Consequentemente, aos esto-ques de produtos acabados e em elaborao, fica incorporada uma parte dos custos indiretos fixos, alocados segundo um critrio de rateio preesta-belecido.

    Consideraes especficas do custeamento por absoro

    Trs consideraes especficas devem ser feitas ao mtodo de custeio por absoro:

    1. A primeira delas que esse mtodo faz uma distino entre o custo do produ-to e as despesas do perodo.

    2. A segunda considerao ao mtodo por absoro que as apropriaes dos materiais e da mo de obra direta so feitas diretamente aos produtos, e os custos indiretos de fabricao so apropriados ao produto por uma taxa efetiva ou normalizada, obtida para apropriao dos custos.

    3. A terceira que, em funo dos custos fixos serem incorporados aos estoques, no mtodo de custeio por absoro, os resultados dependem no somente do volume de vendas, mas tambm do vo-lume de produo.

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    Objetivo do mtodo de custeamento por absoro

    O objetivo do mtodo de custeamento por absoro dar melhor informao Gerncia, para as finalidades de estabelecimento dos pre-os de venda, visando recuperao, em longo prazo, de todos os gastos. , alm disso, debitar produo estoques e custos dos produtos vendi-dos por todos os custos para atender s conven-es contbeis existentes e aceitas pela grande maioria dos contadores.

    Concluses sobre o mtodo de custeamento por absoro

    Os custos fixos totais no guardam nenhu-ma relao com o volume de produo. Dessa forma, quando o volume de produo diminui, o custo fixo unitrio do produto ser mais alto. Ao contrrio, quando o volume de produo aumen-ta acima do previsto ou planejado, o custo fixo unitrio por produto diminui. O custo unitrio do produto, ento, depende de quantas unidades esto sendo produzidas. Isso, por sua vez, signi-fica que os resultados do perodo so influencia-dos no s pelo volume de vendas e pelos custos de produo, mas tambm pela quantidade de unidades produzidas no perodo.

    Saiba maisSaiba mais

    O custo da produo dos bens ou servios compreender, obrigatoriamente (RIR/1999, art. 290 apud RECEITA FEDE-RAL, 2011):

    o custo de aquisio de matrias-primas e quaisquer outros bens ou servios aplicados ou consumidos na produo, inclusive os de transporte e seguro at o estabelecimento do contribuinte e os tributos no recuperveis devidos na aquisio ou importao;

    o custo do pessoal aplicado na produo, inclusive na superviso direta, manuteno e guarda das instalaes de produo;

    os custos de locao, manuteno e reparo e os encargos de depreciao dos bens aplicados na produo; os encargos de amortizao, diretamente relacionados com a produo; os encargos de exausto dos recursos naturais utilizados na produo.

    Demonstrao de resultado pelo mtodo

    Demonstrao de Resultado do Exerccio (DRE) por Absoro

    RECEITA DE VENDAS

    ( - ) Custo dos Bens ou Servios (custos diretos e indiretos)

    ( = ) LUCRO BRUTO

    ( - ) DESPESAS

    Administrao

    Comerciais

    Financeiras

    ( = ) LUCRO LQUIDO

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    Esquema grfico do mtodo

    O Esquema Grfico do Custeio por Absoro permite a visualizao dos procedimentos adotados pelo mtodo para fins de valorao dos estoques e apurao de resultados.

    Fonte: O autor.

    Exemplo Numrico:

    Suponhamos que os custos indiretos fixos de produo sejam de $ 20.000,00 mensalmen-te e que a empresa produza um nico produto A. Em um determinado ms, ela produz 20.000 unidades e, no ms seguinte, 25.000 unidades. Dessa forma, vamos ter, no ms em que ela pro-duziu 20.000 unidades, um custo unitrio atribu-do ao produto de $ 1,00/u ($ 20.000,00/20.000), e no ms seguinte, quando a produo aumen-tou para 25.000 unidades, o custo fixo unit-rio atribudo ao produto reduziu para $ 0,80/u ($20.000,00/25.000).

    Assim, o acrscimo e o decrscimo do volu-me de produo influram diretamente no custo do produto, o que afetar a avaliao dos esto-ques e o lucro na demonstrao de resultados.

    Uma das dificuldades apresentadas pelo mtodo de custeamento por absoro que ele no atende s necessidades no processo de to-mada de deciso. So vrias as causas que con-tribuem para essa dificuldade, e como principais podemos apontar:

    a) quando os custos indiretos de fabrica-o so apropriados ao custo do pro-duto por uma taxa efetiva obtida pelo rateio dos custos realmente incorridos, temos que aguardar o final do perodo para conhecer os custos indiretos e o volume de produo; certas decises da direo da empresa, porm, devem ser imediatas;

    b) a invariabilidade dos custos fixos, con-forme foi apresentado pelo exemplo numrico (anterior).

    Custeio Direto/Varivel

    Conceito

    O Custeio Direto/Varivel, tambm deno-minado Marginal ou Contribuio, trata apenas os custos variveis de produo como custos dos produtos, sendo que os fixos e as despesas so tratados como gastos de perodos para fins de re-sultados.

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    Consideraes especficas do custeamento direto/varivel

    Nas ltimas dcadas, inmeros autores vm divulgando a aplicao e as vantagens que o m-todo de custeamento direto/varivel traz em-presa, como forma de valorar seus estoques e na apurao de resultados.

    Objetivo do mtodo de custeamento direto/varivel

    O objetivo bsico do mtodo de custea-mento varivel o de custear a produo de for-ma que possa fornecer administrao informa-es que possibilitem a tomada de decises, o planejamento e o controle.

    Concluses sobre o mtodo de custeamento direto/varivel

    Embora haja muitas controvrsias entre a utilizao dos Mtodos de Custeamento por Ab-soro e Varivel, sabido que, para finalidades de tomada de decises, o Custeio Direto/Varivel proporciona melhores condies de anlise em diversas situaes de mltiplas escolhas.

    No Mtodo do Custeio Varivel, o conceito de Margem de Contribuio e o estudo das rela-

    es custo-volume-lucro podem auxiliar a admi-nistrao a escolher a alternativa mais vivel em termos de melhor rentabilidade.

    Demonstrao de resultado pelo mtodo

    Demonstrao de resultado do exerccio (DRE) pelo custeio direto/varivel

    RECEITA DE VENDAS

    ( - ) Custo dos Servios (Somente os C. Va-riveis)

    ( = ) LUCRO BRUTO

    ( - ) Despesas Variveis de Vendas

    ( = ) MARGEM DE CONTRIBUIO TOTAL

    ( - ) Custos Fixos

    ( - ) Despesas Fixas de Vendas

    ( = ) LUCRO LQUIDO

    Esquema grfico do mtodo

    O Esquema Grfico do Custeio Varivel per-mite a visualizao dos procedimentos adotados pelo mtodo para fins de valorao dos estoques e apurao de resultados.

    Varivel

    Fonte: O autor.

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    As diferenas existentes entre os dois m-todos de custeio esto basicamente na manei-ra como so tratados os custos fixos destinados produo e na forma como so apresentados nas Demonstraes de Resultados, tendo, como consequncia, reflexos na avaliao dos estoques, nos custos dos produtos vendidos e nos resulta-dos dos exerccios.

    O lucro lquido ser diferente, entre ambos, quando existir, no perodo, saldo inicial e/ou sal-do final no estoque. Essa diferena existente no lucro lquido, entre os dois mtodos, corresponde exatamente parcela do custo indireto fixo que, pelo Custeio por Absoro, estar includa nos saldos iniciais e/ou finais dos estoques.

    5.3 Diferenas entre o Custeio Varivel e o Custeio por Absoro

    Apesar das restries, principalmente com relao tomada de decises, o Custeio por Ab-soro um mtodo amplamente aceito e adota-do pelas entidades contbeis e fiscais, por apre-sentar a vantagem de ser um


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