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EMPREENDEDORISMO

CURSO

EMPREENDEDORISMO

PALMEIRA DAS MISSÕES, 2011.

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1. EMPREENDEDORISMO

A) CONCEITO

Empreendedorismo é o estudo voltado para o desenvolvimento de competências e habilidades relacionadas à criação de um projeto (técnico, científico, empresarial). Tem origem no termo empreender que significa realizar, fazer ou executar.

O empreendedor é aquele que apresenta determinadas habilidades e competência para criar, abrir e gerir um negócio, gerando resultados positivos.

O empreendedorismo é essencial para a geração de riquezas dentro de um país, promovendo o crescimento econômico e melhorando as condições de vida da população. É também um fator importantíssimo na geração de empregos e renda.

B) POR QUE EMPREENDER?

O sonho de muita gente é deixar de ser empregado e passar para o grupo dos empreendedores. Mas, o que é ser empreendedor?

Os empreendedores são pessoas capazes de executar o que se propõe com muita vontade, determinação, competência e uma boa dose de ousadia. São dotadas de várias qualidades que as credenciam para o sucesso e são conscientes de que só se chega lá à custa de muito trabalho e dedicação.

São pessoas decididas, corajosas, capazes de correr riscos calculados, focadas, persistentes, otimistas, que estão sempre identificando oportunidades.

Podemos citar como características do empreendedor:

Criatividade; Capacidade de organização e planejamento;

Responsabilidade;

Capacidade de liderança;

Habilidade para trabalhar em equipe;

Gosto pela área em que atua;

Visão de futuro e coragem para assumir riscos;

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Interesse em buscar novas informações, soluções e inovações para o seu negócio;

Persistência (não desistir nas primeiras dificuldades encontradas);

Saber ouvir as pessoas;

Facilidade de comunicação e expressão.

C) SAINDO DA INFORMALIDADE

A dura vida do trabalhador informal

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D) O MICROEMPREENDEDOR INDIVIDUAL – MEI

O Microempreendedor Individual é aquela pessoa que trabalha por conta própria (trabalhador informal) e decide legalizar sua situação com o governo, tornando-se um pequeno empresário. Esse trabalhador pode ter renda anual máxima de trinta e seis mil reais (R$ 36.000,00), não pode ser sócio de outra empresa, mas pode ter um empregado, recebendo um salário-mínimo ou o piso da categoria a que pertence.

E) QUEM PODE SER UM EMPREENDEDOR INDIVIDUAL

Trabalhadores que prestam serviços diversos (manicures, costureiras, carpinteiros, pipoqueiros, vendedores ambulantes, etc.);

Os trabalhadores que atuam, em geral, no comércio e na indústria; Os que prestam serviços de natureza não intelectual/sem regulamentação

legal; Os que trabalham em escritórios contábeis.

F) QUANTO CUSTA A LEGALIZAÇÃO COMO EMPREENDEDOR INDIVIDUAL

A inscrição como empreendedor individual é gratuita.

Para a formalização e primeira declaração anual existe um grupo de firmas de contabilidade, optantes do simples nacional, que estão à disposição para realizar estas tarefas sem cobrar nada (veja a lista das firmas de contabilidade no endereço www.portaldoempreendedor.gov.br).

Depois de se cadastrar pela internet (definir o nome da “empresa”), o CNPJ e o número de inscrição na junta comercial são emitidos imediatamente, num documento que deve ser impresso, assinado e encaminhado à Junta Comercial. O formulário deve ser encaminhado junto com cópia da identidade e do CPF do empreendedor.

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Se preferir, o empreendedor individual pode procurar uma empresa de contabilidade, optante do Simples Nacional, para que ela faça a formalização e a declaração anual, de graça.

Os encargos são muito baixos. O empreendedor não pagará nada de imposto para o governo federal. Caso exerça atividade de comércio, recolherá o ICMS mensal de R$ 1,00. Se exercer atividade de serviços, pagará o ISS mensal de R$ 5,00. O INSS, pago para a Previdência, é de 11% do salário-mínimo (R$ 51,15 – hoje).

O pagamento destes tributos será feito até o dia 20 de cada mês, na rede bancária ou casas lotéricas, com um formulário gerado pela internet no endereço www.portaldoempreendedor.gov.br.

G) COMO PRESTAR CONTAS AO GOVERNO

Não é preciso fazer uma contabilidade formal, mas alguma organização é necessária.

Deverá ser feito um registro mensal, em um formulário simples, do total das suas receitas, que fica em mãos do próprio empreendedor.

Deverá ser mantido também, com o empreendedor, um arquivo das notas fiscais de compra de produtos e serviços.

A contabilidade formal como livro diário e razão está dispensada. Não é preciso também ter livro caixa. Contudo, o MEI deve manter um mínimo de organização em relação ao que compra ao que vende e ao que fatura. Essa organização permite gerenciar melhor o negócio e a própria vida, além de ser importante para crescer e se desenvolve.

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Apesar de não precisar da contabilidade é recomendado fazer o controle de suas compras, vendas e de seu lucro. Esse tipo de organização das contas permite uma gerência melhor do negócio, melhorando o próprio negócio, permitindo seu crescimento e desenvolvimento.

Mensalmente o MEI deverá preencher um relatório muito simplificado que contenha quanto o empreendimento faturou, com emissão de notas fiscais e sem a emissão de notas fiscais, dividido por entradas fruto de atividade comercial, industrial e serviços. Pode ser de próprio punho e não precisa ser enviada a nenhum órgão, basta guardá-lo. Além disso, o empreendedor deverá manter as notas fiscais de suas compras e vendas.

H) QUAIS OS BENEFÍCIOS DE VIRAR UM EMPREENDEDOR INDIVIDUAL

A emissão do CNPJ facilitará a abertura de conta bancária, o pedido de empréstimos, com acesso a linhas de créditos especiais e a emissão de notas fiscais.

A partir da formalização o trabalhador e a sua família poderão contar com os benefícios da Previdência Social: auxílio-doença, aposentadoria, salário-maternidade, pensão e auxílio-reclusão.

O empreendedor poderá registrar até um empregado, com baixo custo – 3% (Previdência) e 8% (FGTS) do salário-mínimo por mês, valor total de R$ 51,15. O empregado contribui com 8% do seu salário para a Previdência.

Não existem taxas para a abertura da empresa e nem para a expedição de alvará de funcionamento, ou de registro na junta comercial. Todos estes documentos serão emitidos pela internet.

Não existe burocracia para o empreendedor. A única obrigação é a apresentação da declaração anual de faturamento, que pode ser feita pela Internet.

Os empreendedores individuais poderão se reunir em grupos e consórcios para fazer compras em conjunto, permitindo melhores condições de negociação de preço e pagamento, uma vez que irão comprar maior quantidade.

A carga tributária é muito inferior à das empresas normais.

Formalizado, o empreendedor individual poderá vender produtos e serviços ao mercado governamental, seja nas esferas municipal, estadual e federal. Poderá, ainda, ter acesso a políticas e incentivos à economia, como financiamentos do Banco do Brasil e da Caixa Econômica Federal.

A formalização do Microempreendedor Individual foi regulamentada pela Lei Complementar no 128/08 e só pode ser alterada por outra lei igual, o que dá segurança jurídica ao empreendedor, pois as regras são estáveis.

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2. ADMINISTRANDO OS CUSTOS E RESULTADOS

O conhecimento do mercado é fundamental para o seu sucesso como empreendedor. Mas não basta apenas analisar a disponibilidade de fornecedores, a intensidade da concorrência e a existência de consumidores potenciais para descobrir se o seu negócio é mesmo uma boa oportunidade. Também é necessário analisar a viabilidade financeira do seu novo empreendimento.

Na prática, isso significa “colocar na ponta do lápis” todos os gastos necessários para montar o negócio e fazê-lo funcionar – e, ao mesmo tempo, projetar qual é o preço ideal para seus produtos ou serviços e qual é o volume de vendas necessário para que o empreendimento consiga pagar seus custos e gerar algum lucro.

A) O QUE É O PLANEJAMENTO FINANCEIRO?

É o processo em que você irá calcular:

Os montantes de investimento, que é o quanto você precisará gastar para montar o negócio, comprando as instalações, móveis e equipamentos necessários e reservando algum dinheiro para o início da operação;

Os custos de funcionamento, que são despesas administrativas e com a atividade-fim da empresa;

As receitas que você espera obter, determinando o preço dos seus produtos e projetando as vendas em função do seu estudo de mercado.

Tudo isso para que você possa antecipar os possíveis resultados do seu negócio.

B) O QUE É A GESTÃO FINANCEIRA?

É o processo em que você irá administrar o dia-a-dia da sua empresa. O casamento das contas a pagar e a receber, a administração do seu fluxo de caixa, as reservas necessárias para os períodos de “vacas magras” e a distribuição dos resultados nos períodos de “vacas gordas” serão analisadas nesta unidade. Uma boa gestão financeira funciona como uma espécie de termômetro do seu negócio,

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mostrando mês a mês se o negócio está saudável (ou não) e indicando as ações a tomar.

C) O QUE É PROJEÇÃO DE RESULTADOS?

O conhecimento do resultado obtido pela empresa, ou seja, qual é o lucro real e quais são os custos e receitas que possibilitaram este resultado, é de fundamental importância para podermos administrar nosso negócio.

A projeção de resultados é um dos mais importantes instrumentos de planejamento, é como se fosse uma bússola. Possibilita ao empreendedor conhecer o resultado obtido, além de identificar as prováveis causas deste resultado.

Na verdade, o instrumento demonstra, de forma clara, o aumento ou diminuição da riqueza da empresa, resumindo o resultado de todos os esforços do período. A projeção de resultados gera inúmeras informações para a administração. Uma das mais importantes utilizações é a de planejar as ações, que irão melhorar o desempenho do negócio.

Em um empreendimento, o lucro obtido, ou mesmo o prejuízo, nem sempre estão refletidos no aumento ou redução do dinheiro disponível no caixa ou no banco. O lucro pode estar, por exemplo, no aumento dos estoques da empresa, no aumento de contas a receber, ou mesmo refletido no aumento dos bens que a empresa possui, como, por exemplo, na aquisição de um novo veículo para a empresa.

D) APRENDENDO COM COCOS

Para entendermos melhor os conceitos envolvidos na gestão financeira de nosso empreendimento vamos utilizar alguns exemplos práticos. Vamos analisar o exemplo de Pedro e sua Barraca Agua Doce.

Pedro possui um pequeno negócio com o qual mantém a sua mulher e dois filhos. Há períodos em que ele vende bem e pode pagar as suas contas com folga e pensar em ampliar seu negócio.

Mas há outros momentos em que tudo fica mais difícil.

Pedro, agora, está preocupado em acompanhar direito os números de seu empreendimento. Ele quer ser capaz de entender a situação da barraca e poder se preparar melhor para ampliar o seu negócio e poder enfrentar os momentos de redução de suas vendas.

Vamos elaborar uma projeção de resultados da barraca de coco Água Doce?

Eis o diagnóstico da situação hoje:

Preço de venda de cada coco: R$ 2,00

Custo de compra unitário do coco: R$ 0,50

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Custo semanal de locação da barraca: R$ 18,00

Comissão do ajudante sobre venda: 15% (R$0,30 por coco)

Podemos raciocinar da seguinte maneira: comprando um coco por R$ 0,50, vendendo por R$ 2,00, paga-se a comissão de R$ 0,30 e se ganha por coco R$ 1,20.

Qual o destino destes R$ 1,20 ganhos em cada coco?

Pagar o aluguel semanal da barraca e gerar lucro.

O Pedro tem muitas perguntas sobre o seu negócio:

Quantos cocos devem ser vendidos para não perder dinheiro?

Como calcular o lucro por coco vendido?

Caso apareça um concorrente, é possível oferecer descontos?

Como calcular o lucro total?

Afinal, este negócio é viável?

Como elaborar a projeção de resultados da barraca de cocos Água Doce?

Vamos elaborar a projeção de resultados da Água Doce, seguindo seis etapas:

1. Encontrando o faturamento

2. Encontrando os custos variáveis

3. Encontrando a margem de contribuição

4. Encontrando os custos fixos

5. Encontrando os resultados

6. Juntando tudo...

ETAPA 1 - ENCONTRANDO O FATURAMENTO

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Qual o preço de venda unitário do coco?

Preço de Venda R$ 2,00

Se vendermos apenas um coco nosso faturamento será de R$ 2,00.

ETAPA 2 - ENCONTRANDO OS CUSTOS VARIÁVEIS

O custo dos cocos vendidos e a comissão do ajudante, na barraca de coco, são tipicamente custos variáveis.

Quais os custos variáveis unitários?

Custo do Coco R$ 0,50

Comissões R$ 0,30

Custo Variável (0,50 + 0,30) = R$ 0,80 por coco vendido.

ETAPA 3 - ENCONTRANDO A MARGEM DE CONTRIBUIÇÃO

A Margem de Contribuição é um conceito muito útil para os empreendedores. Através dele, pode-se calcular realmente qual é o ganho que um produto traz para o negócio.

Para tornar o conceito mais acessível, vamos exemplificar com outro tipo de empreendimento: uma loja de roupas.

Uma loja de roupas pode oferecer dois produtos: uma camisa por R$ 15,00 e uma calça por R$ 20,00. À primeira vista pode parecer mais interessante vender a calça. Mas se soubermos que o dono da loja compra a camisa por R$ 5,00 e a calça por R$ 15,00, poderemos enxergar que a camisa deixa R$ 10,00 no caixa da empresa, depois que é vendida e paga ao fornecedor (R$ 15,00 – R$ 5,00). Já a calça deixa apenas R$ 5,00 depois que é vendida ao consumidor e paga ao fornecedor (R$ 20,00 – R$ 15,00).

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Assim, vemos que a camisa contribui mais para o resultado da loja do que a calça.

Os produtos mais importantes para o seu negócio podem não ser necessariamente os mais caros, mas serão sempre os que tiverem maior margem de contribuição.

Qual a Margem de Contribuição Unitária na barraca de cocos Água Doce?

Preço de Venda R$ 2,00

Custo Variável R$ 0,80

Margem de Contribuição (2,00 - 0,80) = R$ 1,20

ETAPA 4 - ENCONTRANDO OS CUSTOS FIXOS

Custos fixos são aqueles que não dependem das quantidades produzidas ou vendidas.

No caso da barraca de coco, a despesa com o aluguel da barraca é um custo fixo.

Qual o custo fixo semanal?

Custo fixo = R$ 18,00

ETAPA 5 - ENCONTRANDO O RESULTADO A PARTIR DE UMA QUANTIDADE VENDIDA

Quando estimamos uma quantidade vendida temos condições de prever (projetar) um resultado. O resultado (lucro ou prejuízo) pode ser calculado através de fórmulas.

Vamos relembrar: Margem de Contribuição é a diferença entre o preço de venda e a soma de todas as despesas (custos) variáveis (MC = PV-CV).

EXEMPLO

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Na fórmula a seguir, temos o fator R que representa o resultado que pode ser o lucro ou o prejuízo.

R = (quantidade vendida x margem de contribuição) – custos fixos

Para calcular, você precisará das seguintes informações: Quantos cocos foram vendidos? Qual o valor que representa a margem de contribuição? Qual o custo fixo?

Qual será o resultado se o Pedro vender 20 cocos por semana?

1. Quantidade Vendida: 20

2. Margem de Contribuição: R$ 1,20

3. Quantidade x MC = (20 x R$ 1,20) = R$ 24,00

4. Custo Fixo Total = R$ 18,00

5. Resultado = (R$ 24,00 – R$ 18,00) = R$ 6,00

JUNTANDO TUDO...

Vamos analisar atentamente a tabela abaixo para entender melhor como o resultado dos nossos negócios se altera em função das vendas.

Tabela dos Custos, Receita e Resultado:

Tab. 2.1 – Simulação de resultado para diversos volumes de venda.

1) Por que o resultado é negativo (prejuízo) quando o volume de vendas é zero?

Não há custo do coco e nem comissão de venda, já que não há venda, mas existe o custo fixo que a empresa tem que assumir, mesmo sem venda.

2) Por que o resultado é zero quando há venda de 15 cocos?

O resultado é zero quando os custos totais (custo de coco, comissão de venda e custo fixo) atingem o mesmo valor do faturamento = R$ 30,00. Neste ponto, chamado de Ponto de Equilíbrio, não há lucro nem prejuízo.

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