Transcript
Page 1: Apontamentos Materiais de Construção

Apontamentos teóricos de

Materiais de

construção I

Elaborado por:

Ana Sofia Cruz, nº 13156

Docentes:

Teórica - Fernando Henriques

Prática - Fernando Pinho

2002/2003

1

2

t

m

m2

m1

32

10cm

1

Page 2: Apontamentos Materiais de Construção

1

CCCaaappp 111 --- CCCaaarrraaacccttteeerrríííssstttiiicccaaasss gggeeerrraaaiiisss dddooosss mmmaaattteeerrriiiaaaiiisss

TTTeeerrrmmmiiinnnooolllooogggiiiaaa

Pilar – Elemento vertical, esbelto e resistente.

Viga – Elemento horizontal, esbelto que apoia em cima dos pilares.

Laje – Elemento horizontal de grande dimensão e fina espessura.

Sapata – Alargamento da base do pilar, trata-se de um elemento de

fundação que serve para distribuir as cargas da base do pilar

horizontalmente.

Estacas – Usam-se quando o terreno tem má qualidade, tratando-se

de um elemento que serve para distribuir as cargas verticalmente.

Ensoleiramento geral – Usa-se quando

também quando o terreno não é de boa

qualidade, servindo para distribuir as

cargas sobre toda a base do edifício.

Betão – Ligante constituído por cimento e vários inertes (areia –

inerte fino -, brita – inerte grosso). Há vários tipos de betão:

simples – não tem armadura

- armado – com armaduras de aço

pré-esforçado – também com armaduras de aço, as quais

+ estão constantemente a exercer esforço sobre a peça.

Normalmente usa-se betão armado, mas grosso modo, quando o

vão é maior do que 10m usa-se betão pré-esforçado.

pré-esforço que aumenta a resistência da

viga

Vão – Distância entre apoios.

Cofragem – Molde para fazer vigas (muito caras)

susc

epti

bilid

ade à

s

acçõ

es

clim

átic

as

Page 3: Apontamentos Materiais de Construção

2

Fase dos toscos – Trata-se da fase em que se faz a estrutura e se

abrem os rossos para as canalizações. É nesta fase que se vê a

construção crescer (normalmente 1 piso por cada semana ou 15 dias),

consumindo-se 10 a 15% do custo da obra.

Fase dos limpos – É nesta fase que se fazem os acabamentos, sendo

pois mais extensa e mais cara do que a fase dos toscos.

Inertes – Elementos que não reagem (agregados), servem para fazer

betão e argamassas.

Argamassa – Serve para fazer rebocos, sendo constituídas por 2ou

mais ligantes (cimento e cais) e inerte fino.

Alvenaria – Trata-se da parede, pode ser constituída por tijolos ou

painéis pré-fabricados.

CCCaaarrraaacccttteeerrríííssstttiiicccaaasss fffííísssiiicccaaasss

Num corpo existem vários tipos de volume:

volume de matéria, v1

volume de vazios entre partículas, v2

volume de vazios interiores, v3

Assim, volume exterior, V, será v1+v3 e volume de vazios, v, refere-se

apenas a v3.

Baridade – Massa por unidade de volume total ocupado

2vV

mBaridade

Massa volúmica (aparente) – Massa por unidade de volume exterior

V

m volumicaMassa .

Ensaio para determinação da massa volúmica e de massa

específica (método da pesagem hidrostática):

Page 4: Apontamentos Materiais de Construção

3

imsat mm

m volúmicamassa

massa saturada massa em imersão

msat = m + V água que penetrou nos poros m im = m - I

= m + m vazios I = V – v (impulsão)

immm

m específica massa

imsat

sat

mm

mm p

Massa especifica (ou massa volúmica real) – massa por unidade de

volume real . v-V

mespecífica Massa

dadas as definições tem-se a relação:

Porosidade, P – Relação entre volume de vazios de um corpo e o seu

volume total. V

vp

quando maior é o volume de vazios de um corpo maior é a sua

porosidade

porosidade sensibilidade à degradação, pois o material

absorve + água, absorvendo também tudo aquilo que nela se

encontra dissolvido

Densidade absoluta, D – Relação entre massa de um corpo e a massa

de um volume de água a 4ºC, igual ao volume do corpo sem vazios.

v-V

mD

Densidade aparente, d – relação entre a massa de um corpo e a

massa de igual volume de água a 4ºC. V

md

Compacidade, C – Relação entre densidade aparente e densidade

absoluta. P1V

v1

V

vVC

quanto menor é o volume de vazios de um corpo maior é a sua

compacidade

baridade < massa volúmica < massa específica

Page 5: Apontamentos Materiais de Construção

4

Ar

a densidade aparente é proporcional à compacidade a

resistência mecânica é função crescente da densidade aparente

compacidade e porosidade têm valores complementares

um exemplo de um material de porosidade fechada

é o poloestireno expandido, cujo nome comercial é

esferovite.

N. B.:

Quanto mais poroso um material é menor a sua resistência

mecânica e vice-versa.

Quanto maior a compacidade maior a resistência mecânica e

vice-versa.

O betão é um pécimo isolante térmico pois tem muita água.

O esferovite é um óptimo isolante térmico, pois tem muitos

poros.

Capilaridade – ascensão de água contrariando a acção da gravidade

(ver propriedade físicas das pedras).

quanto mais finos são os poros maior é a capilaridade.

Porometria – dimensão dos poros.

N. B.:

O ligante das juntas tem que ter uma grande porometria, de

modo a absorver o mínimo de água possível.

As paredes têm que ser permeáveis ao vapor de água, pois só

assim conseguem secar após uma chuvada.

Anisotropia – é a propriedade contrária à isotropia, significa pois que

o material tem propriedades diferentes consoante a direcção que

estamos a analisar.

Calor específico – quantidade de calor que é necessário fornecer a um

corpo para elevar 1ºC a temperatura de uma sua unidade de massa.

ih

Page 6: Apontamentos Materiais de Construção

5

Condutibilidade térmica – característica específica dos

materiais homogéneos. Traduz a capacidade do material

se deixar atravessar por calor.

CCCaaarrraaacccttteeerrríííssstttiiicccaaasss mmmeeecccââânnniiicccaaasss

N. B.:

O betão aguenta muita compressão e pouco tracção, pelo que se

colocam varões de aço na zona que o betão está à tracção, de

modo a complementar a acção do betão.

Deformação – é uma transformação que se traduz numa variação da

distância entre pontos. Quando ocorre na fase plástica corresponde a

um pequeno acréscimo da força que se traduz numa grande

deformação remanescente.

Material frágil – tem uma fase plástica muito reduzida, quebrando

sem pré aviso (ex: aço de alta resistência, vidro). Tem a vantagem de

aguentar mais carga do que um material dúctil.

Material dúctil – tem uma fase plástica muito extensa, ou seja,

deforma muito e só depois é que quebra.

N. B.:

quando estamos em regime elástico há proporcionalidade entre

tensões e deformações, ou seja, verifica-se a Lei de Hooke:

εEσ , E- módulo de elasticidade dinâmica do material, é

característico de cada material. Corresponde à tensão capaz de

provocar uma deformação unitária

o aço corrente rompe após uma longa fase plástica, ou seja, o

material deforma-se muito antes de romper

em termos de segurança seria preferível usar apenas materiais

dúcteis, pois eles avisam-nos antes de romper, em contra

partida, ao usá-los perdemos capacidade de resistência a

cargas elevadas.

a compressão actua no sentido da tracção atómica, daí que não

se rompa o material por compressão, pois se assim acontecesse

Page 7: Apontamentos Materiais de Construção

6

era necessário quebrar as ligações atómicas. A compressão

provoca uma diminuição de volume numa determinada direcção e

aumento nas outras, este aumento de volume induz esforços de

tracção nas faces correspondentes, acabando o material por

romper por tracção induzida e não por compressão pura ⇒

Efeito de Poisson .

se o corpo tiver dimensões tais que o plano de corte possa

acontecer a 45º, ele vai romper preferencialmente por esse

plano, pois é ao longo dele que o esforço traccional é maior

quando 1 viga está simplesmente apoiada, não estando ligada à

laje nem aos pilares, ala está apenas sujeita a tracção e

compressão. No entanto, se a viga estiver bem agarrada à laje,

se esta descer de um dos lados a viga roda com a laja, mas se

esta também estiver ligada aos pilares a viga irá torcer

quando estamos a pregar 1prego a força transmite-se por

tensão e se esta ultrapassar a capacidade resistente do

material o prego penetre no material.

Abrasão – desgaste verificado nos materiais por acção do atrito

existente entre os materiais (ex.: sapatos vs pavimento)

Fadiga – diminuição da resistência de um corpo por acção de uma

solicitação periódica (ex.: após vincar um arame, se o dobrarmos

alternada e repetidamente ele acaba por partir)

Fluência – acréscimo da deformação sob tensão

constante

é a fluência que faz com que as pontes

não sejam planas, têm sempre

1contraflexa. Há outra razão para que isto aconteça, é que se a

ponte for plana, visualmente ala parece-nos estar em forma de

U.

a fluência pode ocorrer pontualmente ou ao longo de toda a peça

Relaxação – diminuição, no tempo, da tensão sob

deformação constante

P=cte

t=0t=t1

Page 8: Apontamentos Materiais de Construção

7

Estabilidade mecânica – (deformações) quando estamos a trabalhar

com 2 ou + materiais diferentes, eles têm que ter fluências

semelhantes, pois se isto não acontecer a peça entra em rotura

Variações térmicas – dilatam com o calor e contraem com o frio) há

que ter este efeito em conta aquando da construção de estruturas

metálicas – juntas de dilatação. Este efeito é também importante uma

vez que há uma constante necessidade de usar materiais diferentes

em conjunto, os quais não podem perder a aderência, assim terão que

ter coeficientes de dilatação térmica semelhantes.

é possível determinar o coeficiente de dilatação térmica de um

provete medindo o seu comprimento a 0ºC e depois a 40ºC. O

coeficiente será dado pelo quociente entre a diferença de

comprimentos e o comprimento inicial.

Retracção – diminuição do volume – quando fazemos betão (inertes +

cimento + água), ao secar aparecem poros vazios onde a água estava e

posteriormente evaporou. Verifica-se assim uma diminuição de volume.

Ao mesmo tempo ocorre também fissuração, pois, por exemplo, as

lajes não diminuem o seu volume livremente uma vez que estão ligadas

às vigas.

água, velocidade de evaporação retracção ( assim há

que colocar tão pouca água quanto possível e que criar

condições para que o betão seque lentamente.

Elasticidade – propriedade que se traduz pela recuperação da forma

inicial após cessar-se uma determinada solicitação. se a recuperação

da forma primitiva não ocorre imediatamente após se cessar a

solicitação diz-se que o corpo possui elasticidade retardada. Se a

elasticidade se verifica segundo o eixo da peça, diz-se longitudinal,

diz-se transversal quando se verifica segundo o plano de uma secção

transversal.

Plasticidade – propriedade de não recuperar a forma quando de deixa

de efectuar uma solicitação.

Page 9: Apontamentos Materiais de Construção

8

Viscosidade – propriedade de um corpo sofrer deformações

permanentes sob a acção de uma solicitação sendo as tensões funções

lineares das velocidades de deformação.

Resistência à compressão – característica relevante nas pedras e

betões. É a resistência que o material oferece à tensão normal

dirigida para o interior do corpo. Determina-se através de um ensaio

numa prensa que comprime um provete de material (cubo, prisma ou

cilindro de dimensão normalizadas) até à rotura. A tensão de

compressão exprime-se em kgf/cm2.

Resistência à tracção – característica relevante nos aços e outros

metais. É a resistência que o material oferece à tensão normal

dirigida para o exterior do corpo. Determina-se em ensaios sobre

provetes de forma determinada ou fios e mede-se em kgf/cm2 ou

kgf/m2, principalmente no caso de fios ou de aço de alta resistência.

Resistência à flexão – depende do material e da geometria da secção

de material a analisar. Aparece, na maior parte das vezes, ligada à

resistência à tracção, dependendo por vezes da resistência à

compressão.

Resistência ao punçoamento – caracteriza-se pala resistência do

material a compressões pontuais. Traduz a dureza do material. A

dureza é função da relação resistência à tracção/ resistência à

compressão. Quanto mais baixa é esta relação mais elevada é relação

resistência ao punçoamento/ resistência à compressão. A graduação

da dureza é feita pela escala de Mohs (- talco, salgema, calcite,

flourite, apatite, feldspato, quartzo, topázio, corindo, diamante +).

Resistência à abrasão – caracteriza-se pelo desgaste do material sob

acção do escorregamento duma superfície de rugosidade conhecida e

sob pressão constante.

Resistência à fadiga – a tensão de rotura diminui quando o material é

sujeito a esforços repetidos e alternados ( relevante para os aços)

Page 10: Apontamentos Materiais de Construção

9

CCCaaarrraaacccttteeerrríííssstttiiicccaaasss qqquuuííímmmiiicccaaasss

Solubilidade (água e outros solventes) – é uma causa frequente de

casos de patologia da construção. Assim os materiais de construção

não devem ser solúveis a solventes com os quais entram em contacto

no dia a dia, por ex.:

o gesso só é utilizado em construções interiores

o pavimento de uma gasolineira tem que ser resistente à

gasolina, gasóleo,...

o esferovite é solúvel em determinados tipos de cola

Afinidade química – é muitas vezes causa de acidentes nas

construções. Exemplos de misturas que reagem mal:

- zinco + cobre

- zinco + ferro

- cobre + ferro ou alumínio

- chumbo + cal

- cimento + alguns tipos de madeiras

se for necessário misturar algum destes conjuntos de materiais

na mesmo construção, há que isolá-los, por ex, uma parede com

reboco de cal que tenha canalizações de chumbo revestir as

canalizações com cimento.

Page 11: Apontamentos Materiais de Construção

10

CCCaaappp 222 --- PPPeeedddrrraaasss NNNaaatttuuurrraaaiiisss

As pedras têm grande resistência à compressão e baixa

resistência à tracção (e também à flexão). O betão tem exactamente

as mesmo características, pelo que também é considerado uma pedra,

mas pedra artificial.

Neste capitulo vamos falar de pedras naturais e do seu uso

ornamental, não nos debruçaremos sobre as suas resistências

mecânicas.

Uma vez que Portugal é um grande exportadores de pedras, as

que têm valor superior no estrangeiro dificilmente são vendidas cá.

CCClllaaassssssiiifffiiicccaaaçççãããooo mmmiiinnneeerrraaalllóóógggiiicccaaa

Pedras de origem ígnea ou eruptiva – (vulcânicas) são compactas,

duras, podendo considerar-se, dentro de certa escala, homogéneas e

isótropas. Ex.: granitos, sienitos, pórfitos, basaltos (gabros), etc.

Pedras de origem sedimentar – resultam, de uma forma geral, da

precipitação do material em água. Apresentam-se estratificadas, isto

é, dispostas em camadas mais ou menos regulares segundo os bancos

da pedreira. Têm por isso direcções privilegiadas, sendo anisótropas.

Ex.: sílex, grês, gesso, argila, marga, calcário, etc.

Pedras de origem metamorfica – são originadas por transformações

operadas nos 2tipos anteriores sob acção de elevadas temperaturas

(atingido o ponto de fusão), grandes pressões, circulações

hidrotermais e pelo contacto com o magma. A composição química é

geralmente mantida, mas as composições mineralógica e estrutural são

profundamente modificadas. Ex.: xistos, ardóseas, gneisses,

mármores e quartzitos.

Bastantes destes tipos de pedras são transformadas em inertes

através de britadoras. No sul geralmente usam-se os calcários,

enquanto no norte se usam granitos.

No palácio de Sintra, em vez de se pintar as paredes (sofre

desgaste muito facilmente) aplicou-se 1 argamassa de cal e pó

Page 12: Apontamentos Materiais de Construção

11

de mármore que tem uma tonalidade branca. Esta argamassa é

aplicada em grossas camadas, as quais se desgastam +

lentamente que as de tinta.

CCCaaarrraaacccttteeerrríííssstttiiicccaaasss fffííísssiiicccaaasss

Textura – diz respeito às dimensões, forma e arranjo dos minerais

constituintes e à existência ou não de matéria vítrea (textura

halocristalina ou vítrea).

Os materiais que apresentem textura vítrea não podem ser

usados como inertes

Estrutura – refere-se ao sistema mais ou menos organizado formado

pelas diacláses e juntas do maciço rochoso. É dada pela forma como o

material surge na natureza. Tipos de estrutura : laminar, em bancos,

colunar, estratificada, etc.

a estrutura e a textura são propriedades muito interessantes,

pois permitem uma avaliação preliminar das restantes

características.

Fractura – refere-se ao aspecto que apresentam as superfícies de

rotura (normalmente obtidas por percussão). O exame destas

superfícies permite reconhecer os constituintes da pedra e a sua

forma de agregação, bem como a dificuldade da sua lavra.

Homogeneidade – as pedras devem ser homogéneas, não tendo:

- veios (fissuras delgadas preenchidas por matéria mole)

- nodos brandos (zonas de matéria branda a nível pontual)

- crostas (matéria branda que separa normalmente os leitos

de pedreiras)

- geodes (cavidades preenchidas com matéria cristalizada)

Um teste muito simples para avaliar a homogeneidade é bater

com um martelo no material. O som indica se estamos perante

um material homogéneo ou não.

Page 13: Apontamentos Materiais de Construção

12

Dureza – mede a resistência do material a compressões pontuais. Tem

a vantagem de permitir seleccionar o modo mais económico de cortar

a pedra, assim, quanto à dureza, as pedras classificam-se em:

*1 a rocha não vai ser cortada pelo aço, mas sim pelo atrito que é

criado pela areia

*2 diamante industrial

Aderência aos ligantes – não é uma característica intrínseca do

material, pois depende também das características do ligante. A

rugosidade da superfície é um dado importante, mas não é o único

condicionante, pois surgem situações em que a aderência de uma pedra

é bastante diferente consoante se trata de ligantes hidrófilos ou

hidrófobos. esta propriedade apresenta especial interesse na

utilização das pedras em fragmentos ou para a formação de materiais

compósitos.

Porosidade – como anteriormente referido é a relação enter volume

de vazios e volume total, no entanto não é esta a relação que importa

para o estudo das pedras, mas sim a relação entre o volume máximo

possível de água absorvida e volume total. Note-se que a 1ª definição

é o limite para o qual tende este valor, assim a 1ª definição refere-se

à porosidade absoluta (pa) e a 2ª à porosidade relativa ou aparente

(pr). V

vpa

V

kvpr kv- volume de vazios acessível à água (0<K<1)

Para a determinação da porosidade de um corpo há que

determinar a sua massa saturada, a sua massa em hidrostática e a sua

massa seca (ver ensaio de determinação da massa específica).

classificação processo de corte na pedreira

brandas lâmina de aço

medianamente duras lâmina de aço actuando com jacto de areia a

água actuando na zona de contacto entre o

material e a pedra*1

duras lâmina de aço actuando com jacto de areia a

água e esmeril (pedra para afiar facas)

duríssimas carborundum*2 ou serras diamantadas

Page 14: Apontamentos Materiais de Construção

13

Há 5 métodos para a determinar a massa saturada de um

material, o que faz com que existam 5 métodos de determinação da

porosidade ou da massa específica.

- imersão progressiva

- imersão instantânea

- imersão em ebulição (em água a ferver o corpo dilata, pelo

que os seus poros ficarão maiores facilitando-se assim a

saída do ar de dentro deles)

- imersão com depressão de ar (usa-se um escicador, o qual

vai causar uma depressão no seu interior obrigando o ar a

sair dos poros, o que faz com que quando se coloca o corpo

em imersão a água penetre nos poros muito + facilmente

método + eficaz)

- imersão em água sobre pressão (aumenta-se a pressão de

forma a obrigar a água a entrar nos poros)

Permeabilidade – propriedade que os materiais têm de se deixar

atravessar pela água ou outros fluidos segundo certas condições.

Depende fundamentalmente da porosidade, da comunicação entre os

poros e do diâmetro destes.

Higroscopicidade – faculdade que os materiais têm de absorver a

reter água por sucção capilar. É a manifestação para a água de um

fenómeno geral para os líquidos – capilaridade.

Há 2 processos para medir a capilaridade:

- variações de massa

- medir quanto tempo a água leva a chegar ao cimo do corpo

(depende das dimensões do provete)

Condicionalismos do ensaio:

1. altura de água

2. quantidade de água evaporada nas superfícies laterais

Dado 2. há várias maneiras de fazer o ensaio:

- envolver as pares do provete em algo impermeável

- colocar o provete imerso numa dada altura de água dentro

de uma caixa hermeticamente fechada com ambiente

saturado (a criação deste ambiente é simples, basta,

antes do ensaio começar, colocar lá água quente durante

algum tempo)

Page 15: Apontamentos Materiais de Construção

14

normalmente usa-se um pouco de papel absorvente entre o

provete e o fundo do tabuleiro, para que ele absorva

preferencialmente pela base.

após o ensaio faz-se um gráfico

m - massa de água absorvida

tg - coeficiente de absorção – dá-nos a

quantidade de água que o provete absorve por

unidade de tempo

m1 e m2 – valores assimptoticos de absorção –

valor máximo de água que o material absorve

a escolhas do material é função da aplicação pretendida. 1

absorve mais inicialmente, mas o seu valor assimptótico é menor

do que o de 2.

Gelividade – é a propriedade de uma pedra segundo a qual ela se

fragmenta após, um abaixamento da temperatura, a água contida nos

seus poros ter solidificado, aumentando de volume. Conclui-se assim

que a pedra nestas condições será porosa, higroscópica e de fraca

resistência, pois absorve água e n resiste ao acréscimo de volume

devido à congelação.

Em Itália o ensaio de resistência é feito submetendo os

provetes a 20 ciclos de 3horas de gelo degelo (imerso em água

destilada a 35ºC seguida de refrigeração a – 15ºC).

Interessa então definir coeficiente de embebição, E, o qual nos

dá ideia da resistência da pedra ao gelo. Assim após medição da massa

seca, ms, o provete é emergido progressivamente em água e em

seguida mede-se a sua massa húmida, mh, calcula-se então o

coeficiente de embebição pela expressão: s

sh

m

mmE

E > 0.8 pedra geladiça (pouco resistente ao gelo)

E < 0.75 pedra não geladiça

0.75 < E < 0.8 pedra duvidosa

(E = 0.8 pedra absorve 80% do seu peso em água)

1

2

t

m

m2

m1

Page 16: Apontamentos Materiais de Construção

15

Também são características físicas de uma pedra a massa volúmica, a

massa específica, a densidade e a compacidade, que não tendo sido

referidas neste capítulo já o foram no anterior

CCCaaarrraaacccttteeerrríííssstttiiicccaaasss mmmeeecccââânnniiicccaaasss

Resistência à compressão – já referida anteriormente (ver cap. 1).

nos ensaios usam-se cubos cujas dimensões obedecem à regra

dos cubos, ou seja, cada cubo terá uma área de secção de 25

cm2 ( 5 cm de lado) ou um seu múltiplo.

Resistência à flexão – esta é uma característica bastante diminuta

nas pedras, daí que apenas muito raramente elas sejam usadas em

elementos trabalhando exclusivamente em esforços axiais de tracção.

quando se ensaia esta característica usam-se prismas de secção

quadrada em que o comprimento deve ser 4.5 vezes superior à

aresta da secção quadrada.

os provetes são apoiados em 2 rolos distanciados entre si, pelo

menos, 3 vezes a altura do provete e carregados por um 3º

paralelo e equidistante àqueles

o ensaio é sempre feito em 3 prismas ao mesmo tempo, pois se

apenas ensaiássemos 1 esse poderia ser a excepção

o resultado do ensaio deve ser apresentado com o seu desvio

padrão

Resistência ao desgaste – tem especial importância para as pedras

aplicadas em locais de circulação intensa, como por exemplo os

pavimentos. Há vários tipos de ensaios, refira-se, por exemplo, o

ensaio de Amsler (usa a máquina de Amsler):

- usa provetes com 7.1 x 7.1 x 2.5 cm (2.5 – espessura)

- são ensaiados 2 provetes de cada vez

- por cima dos provetes é colocado um peso de 15 kg

- os provetes são fixos e por baixo deles roda um disco de

metal duro a uma velocidade de 30 voltas por minuto e a

uma pressão de 0.3 kgf/cm2, em cima do qual é depositada

areia calibrada (com uma determinada dimensão)

Page 17: Apontamentos Materiais de Construção

16

- depois do disco ter percorrido 1000m mede-se a

espessura final com um comparador ou um defletómetro.

o defletómetro só mede variações pontuais de

espessura, pelo que se repete o processo para

vários pontos, calculando-se depois a média e o

desvio padrão

Resistência ao choque – usa-se em pedras ornamentais que são usadas

no pavimento. Existem vários ensaios possíveis, refira-se um a título

ilustrativo:

1 – esfera de aço de 1kg

3 – leito de areia com 10 cm de espessura

2 – provete (20x3x3) que vai ser comprimido

para haver um bom ajustamento entre ele e a

areia

Inicialmente a esfera é deixada cair de uma

altura de 10cm, depois aumenta-se essa altura de 1 em 1cm até o

provete partir.

usualmente contabiliza-se o número de pancadas necessárias

para que o provete parta, assim se o provete partiu quando a

esfera caiu dos 15cm contaram-se 6 pancadas.

a areia faz com que o tardoz (base) do provete esteja

completamente apoiado, o que não aconteceria se o provete

estivesse sobre uma base metálica (só assentava pontualmente,

pois não é perfeitamente lisa)

CCCaaarrraaacccttteeerrríííssstttiiicccaaasss qqquuuííímmmiiicccaaasss

As pedras são constantemente sujeitas a processo químicos de

destruição, os quais assumem particular importância nas pedras

calcárias, devido à sua susceptibilidade aos ácidos, e nas pedras com

feldspatos, pelas suas possibilidades de caulinização. (caulite ≡ argila)

32

10cm

1

32

10cm

1

Page 18: Apontamentos Materiais de Construção

17

Alteração das pedras calcárias

Por agentes químicos da atmosfera

CO2 (é absorvido pela água da chuva, adquirindo esta

propriedades ácidas)

Ao fim de alguns ciclos forma-se uma camada superficial de

pedra constituía por uma crosta exterior endurecida sob a qual se

encontra uma camada de material desagregado e pulverulento

SO2 – combina-se com a água das chuvas originando ácido

sulfuroso. Quando chove o ácido sulfuroso (H2S) combina-se

com o carbonato de cálcio dos calcários formando sulfito de

cálcio, o qual, por oxigenação, origina sulfato de cálcio que ao

ser hidratado constitui o gesso, este cristaliza com acentuado

aumento de volume, formando crostas escuras (absorção de

poluição). Quando chove novamente dá-se a desintegração

mecânica desta crosta.

Por agentes químicos dos materiais ou do solo

Outras origens de agentes químicos capazes de deteriorar as

pedras estão na sua própria composição (sulfatos), no solo (nitratos –

seres vivos)em casos particulares de exposição em atmosfera salina

(cloretos – perto do mar), ou na composição dos produtos usados na

Rocha absorve água

dissolve o carbonato de cálcio

dos calcários formando-se

bicarbonato de sódio (instável)

água evapora o

bicarbonato deposita-

se novamente sob a

forma de carbonato,

formando manchas à

superfície rocha fica +

porosa

perde

compacidade

Chove

Page 19: Apontamentos Materiais de Construção

18

limpeza ou conservação. São normalmente sais solúveis e

higroscópicos, ou seja, em ambientes húmidos absorvem muita água e

em ambientes secos libertam muita água. Quando estes sais

cristalizam aumentam de volume. Ao serem arrastados pela água

cristalizam quando ela se evapora constituindo eflorescências, se a

evaporação é lenta, ocorrendo na superfície exterior, ou

criptoflorescências, se a evaporação é rápida, ocorrendo no interior

da pedra.

A eflorescência não tem problema,

pois limpa-se facilmente. No entanto a

criptoflorescência empurra a superfície

para fora formando barrigas ou

destacamento do revestimento.

A água só dissolve os sais, os quais não

pertencem directamente à pedra, pelo que

com criptoflorescência e eflorescência a

pedra não perde compacidade.

Por agentes químico-biológocos

São caso das acções do próprio homem e de animais traduzidos

essencialmente pela corrosão química provocada pela deposição de

dejectos – a acção de microorganismos tais como “bactérias

nitrifinantes e sulfurosas” e “vegetações parasitárias” que se

desenvolvem na superfície das pedras ou sob elas nutrindo-se por

vezes dos sais e matéria orgânica que retiram do material a que se

faixam.

Alteração dos feldspatos

argilas) a origem darácaulinite( Granitofeldspatos aos chuva da ataque

CCCooonnndddiiiçççõõõeeesss dddeee uuutttiiillliiizzzaaaçççãããooo dddaaasss pppeeedddrrraaasss

os factores mais usados na selecção dos materiais a utilizar em

obra são:

eflorescência

criptoflorescência

Page 20: Apontamentos Materiais de Construção

19

- gelividade

- resistência ao choque

- resistência ao desgaste

- possibilidade de acabamento

- resistência aos agentes destruidores

contudo não existem valores mínimos de utilização

A capacidade de polimento (desgastar a pedra até ela ter o

aspecto desejado) é directamente proporcional à resistência

mecânica e à dureza

nível de polimento método usado

brunido (aspecto tosco) lixa grossa

amaciado lixa + fina

polido lixa finíssima (fazem riscos muito finos

que reflectem a luz

no desmonte de pedras, nas pedreiras são várias as técnicas

usadas, uma delas é a serra de fio elecoidal ou fio elecoidal. O

fio está sempre a passar em torno do bloco e está a ser puxado

contra ele, funciona como um garrote em movimento.

Normalmente o fio percorre sempre grandes distâncias para

arrefecer antes de voltar a entrar em contacto com os blocos.

Page 21: Apontamentos Materiais de Construção

20

CCCaaappp 333 --- IIInnneeerrrttteeesss

também denominados de agregados

usados para fazer betões e argamassas, dado serem + baratos

do que as cimentos, diminuindo o custo da obra

diminuem as retracções, dado que os inertes não diminuem de

volume

CCClllaaassssssiiifffiiicccaaaçççãããooo dddeee iiinnneeerrrttteeesss

Quanto à origem petrográfica:

- Calcaria (Sul)

- Granítica (Norte)

não se usam basaltos, pois têm textura vítrea o que provoca

problemas na aderência

Quanto à dimensão (granulometria):

- fino (areias britadas)

- grossos

Quanto à massa volúmica

classificação mv (tn/m3 )

exemplos uso

leves < 2 leca (argila

expandida), cortiça,

poliestireno

expandido

estruturas com baixo

peso próprio ou bom

isolamento térmico

normais 2 a 3 areias, britas betão

pesadas >3 barita, desperdícios

metálicos

isolam radiações (é

das poucas formas

eficientes para ),

muros de suporte

grossos

finos

4.76 mm (peneiro nº 4 ASTM)

Page 22: Apontamentos Materiais de Construção

21

Quanto ao modo de obtenção

- naturais (areias) – são usados tal como ocorrem na

natureza

- britados

os inertes surgem na natureza em grandes blocos, as

britadeiras diminuem as suas dimensões, surgindo desperdícios

que podem ser usados como areias (areias britadas)

inerte grosso britado = brita

seixo rolado = godo (natural – pedras dos rios)

CCCaaarrraaacccttteeerrríííssstttiiicccaaasss iiimmmpppooossstttaaasss pppeeelllaaa nnnooorrrmmmaaa eeemmm vvviiigggooorrr

Resistência mecânica à compressão

só pode fazer quando se conhece a rocha mãe e se tem acesso a

ela. Usam-se cubos de 5 cm de aresta o valor mínimo é de 50

MPa

quando não é possível estudar a rocha mãe recorre-se a ensaios

sobre amostras do inerte. Usa-se, por exemplo, o ensaio de

esmagamento:

- realiza-se sobre as partículas que passam através do

peneiro de malha 12.7 mm

e ficam retidas no de 9.52

mm

- coloca-se a amostra num

molde cilíndrico, onde é

compactada com um varão.

Tapa-se o molde com um

êmbolo de dimensões

complementares

- coloca-se o conjunto numa prensa, a qual vai exercer uma

força progressivamente crescente (650 N/s) até aos 400

KN

- mede-se a massa do material que agora passa através do

peneiro de malha 2.38 mm

- 100m

m(%) oesmagament ao aResistênci

inicial

2.38 passa

Page 23: Apontamentos Materiais de Construção

22

o inerte é aceitável se a sua resistência ao esmagamento

for ≤ 45 %

também se usa o ensaio de desgaste, o qual usa a máquina de Los

Angeles.

- o inerte com uma dimensão específica é colocado num

tambor cilíndrico juntamente com uma carga de esferas

de aço normalizadas (a quantidade e dimensão das esferas

é definida com base nas características do inerte a

ensaiar)

- o tambor gira 500 (inerte fino) ou 1000 (inerte grosso)

vezes, durante o que as esferas desgastam o inerte

- mede-se a quantidade de material que passa ao peneiro de

malha 1.68mm

- 100m

m(%) desgaste ao aResistênci

inicial

1.68 passa

o inerte é aceitável se a sua resistência ao desgaste for ≤

50 %

quando não é possível realizar qualquer um dos ensaios

anteriores, uma maneira objectiva e segura de avaliar a

qualidade de um inerte consiste em determinar a tensão de

rotura de um betão com ele fabricado e a tensão de rotura de

um betão padrão amassado nas mesmas condições, constituído

por um bom inerte de propriedades bem conhecidas. Trata-se

do ensaio comparativo de 2 betões. o inerte é aceitável se a

resistência à tensão do betão por ele constituído for ≥ 90 % da

resistência do betão conhecido

Módulo de elasticidade – também só pode ser determinado se se

conhece a rocha mãe. O ensaio é feito da forma usual, isto é, durante

o ensaio de compressão ou de tracção medem-se instantaneamente as

tensões (F/ ) e as extensões (com extensómetros). Elabora-se

então um gráfico , sendo o valor da tangente do troço inicial

recto correspondente ao módulo de elasticidade.

quanto + esférica for a partícula melhor ela se auto-arruma

compacidade e resistência mecânica

Page 24: Apontamentos Materiais de Construção

23

Trabalhabilidade – facilidade com que o material é trabalhado

quanto + esféricas são as partículas melhor a trabalhabilidade

da quantidade de água trabalhabilidade e resistência

mecânica

Análise granulométrica – consiste em avaliar as dimensões das

partículas.

o resultado deste ensaio depende da forma dos inerte (esferas

passam + facilmente)

Coeficiente volumétrico – serve para avaliar a forma do inerte

particula a ntecomplatame envolve que esfera menor

inete de particula

V

Vcv , 0 < cv < 1.

cv = 1 partícula esférica

cv melhor a forma

como não se pode calcular o cv de uma pilha de inerte usa-se a

técnica da amostragem

Amostragem – usam-se separadores ou o método do esquartelamento

- esquartelamento – retira-se uma quantidade significativa

de material, depois espalha-se sobre uma superfície lisa.

Divide-se em 4 partes +/- iguais e retiram-se 2 das partes

opostas. Mistura-se o material restante e repete-se o

processo até obter uma quantidade

representativa da amostra e susceptível de

avaliar.

- separadores – caixa contendo um número

par de baias separadoras, as quais estão

ligadas ao exterior, indo metade do

material para cada lado

Ligação inerte – ligante

uma má ligação inerte-cimento diminui a resistência mecânica do

betão

irregularidade das partículas aderência inerte-ligante,

pois atrito entre eles o inerte britado tem melhor

aderência do que o inerte rolado

separador visto

de cima

Page 25: Apontamentos Materiais de Construção

24

características que influenciam a ligação inerte-ligante:

- irregularidade

- porosidade ( porosidade a tendência para puxar a

água para o seu interior e com ela vem também o cimento

quando a pasta seca, dentro do inerte também há

cimento)

Tipos de ligações inerte-ligante:

- ligação epitáxica: os cristais dos componentes do cimento

hidratado prolongam os do inerte, os quais têm em comum

as suas redes cristalinas. O ligante como que imita a

textura do inerte, trazendo-a para a superfície, o que

melhora a ligação

- ligações químicas: os inertes não são completamente

inertes quimicamente, gerando-se ligações químicas entre

o ligante e o inerte

- ligação mecânica: deve-se à rugosidade do inerte

Resistência ao congelamento – é determinada através da

determinação do coeficiente de embebição

Resistência aos sulfatos – avalia-se a perda de massa sofrida após 5

ciclos, nos quais o inerte é colocado numa solução de sulfatos e em

seguida numa estufa, sofrendo evaporação.

Coeficiente de dilatação térmica – só se faz se tivermos acesso à

rocha mãe

para o calculo da composição do betão há que conhecer

determinadas propriedades do inerte:

- massa volúmica

- absorção

- húmidade

- granulometria

Impurezas dos inertes – podem interferir química ou fisicamente com

o ligante. As que interferem quimicamente são:

Page 26: Apontamentos Materiais de Construção

25

- partículas que dão origem a reacções expansivas com o

cimento

- impurezas de origem orgânica

- impurezas de origem mineral (sais)

As que interferem fisicamente são:

- partículas de dimensões iguais ou inferiores à das

partículas de cimento que interferem na estrutura do

mineral hidratado, enfraquecendo-a

- partículas com resistência baixa

- partículas com contracções e expansões excessivas

devidas às alternativas de embebição e secagem

se houver pó de brita ou pó de argila a cobrir o inerte a sua

ligação ao cimento vai ser pior

se o inerte estiver coberto por matéria orgânica pior será a

compacidade do futuro betão, pois essas impurezas

desaparecem

quanto + matéria orgânica houver + tempo o betão demora a

secar

as impurezas provenientes de partículas finas diminuem a

resistência mecânica e aumentam a quantidade de água

necessária para fabricar o betão, pois essas partículas

requerem muita água para serem hidratadas. Este aumento da

quantidade de água usada, por si só, diminui a resistência

mecânica e aumenta a retracção do betão

na tecnologia do betão, partículas finas são todas aquelas que

passam no peneiro de 75 m de abertura

A avaliação da quantidade de partículas finas existente no

inerte é feito através de um ensaio muito simples:

- determina-se a massa da amostra

- seca-se o inerte

- lava-se o inerte

- decanta-se a mistura obtida e peneira-se o resíduo

através do peneiro de abertura de 75 m

- seca-se novamente

- determina-se a massa final

Page 27: Apontamentos Materiais de Construção

26

- 100

inicial

finalinicial

m

mmfinas partículas de %

A avaliação da quantidade de matéria orgânica é feita através

do ensaio colorimétrico:

- mistura-se o inerte com uma solução de NaOH a 3%

(emulsionaste que neutraliza total ou parcialmente o ácido

orgânico)

- espeta-se 24h

- avalia-se o teor de matéria orgânica pela cor da solução

(quanto + intensa é a cor maior é a quantidade de matéria

orgânica)

Quando não há hipótese de realizar um dos ensaios anteriores

faz-se um muito simples:

- mistura-se uma amostra de inerte, dentro de um frasco,

com uma solução de NaCl a 1% e agita-se

- a camada de pó que envolvia o inerte deposita-se por cima

dele

Análise granulométrica – processo através do qual se distribui as

percentagens das partículas de determinadas dimensões que

constituem o inerte

Série principal - pertencem os peneiros numero: 100, 50, 30, 16, 8, 4,

3/8’’, 3/4", 1’’1/2. Esta série é caracterizada pela dimensão da malha,

para as britas, ou pelo número de aberturas por polegada linear, para

as areias. A dimensão da malha cresce segundo uma progressão

geométrica de razão 2 (un = 75 + 2n).

Série secundária – tem por objectivo completar a curva

granulométrica com a adição de mais pontos. Usa-se 1 peneiro desta

série entre 2 da principal.

Técnica

- secar a amostra

- selecção de uma quantidade menor (esquartelamento ou

separadores)

Page 28: Apontamentos Materiais de Construção

27

- registro da massa inicial e que ficou retida em cada peneiro

Critério ASTM – a designação do inerte tem 2 valores, sendo o 1º

correspondente à máxima dimensão do inerte (menor peneiro em que

passa pelo menos 90% do material) e o 2º correspondente à mínima

dimensão (maior peneiro em que passa no máximo 5% do material)

pode acontecer que 2 inertes tenham a mesmo designação sem

que tenham curvas coincidentes. Isto acontece porque estamos

apenas a retirar informação dos extremos das curvas. Para

caracterizar o que acontece no meio existe o módulo de finura

Módulo de finura – número que indica a dimensão média do inerte. Uma

boa estimativa consiste em alinhar os vários montes de inerte retido

em cada peneiro da série principal, depois excluem-se da contagem os

montes referentes à porção de finos (material que passou o peneiro nº

200 - refugo) e o material que ficou retido no peneiro nº 200. Agora

contamos os montes a partir do material mais pequeno até

encontramos o maior monte. O valor exacto é dado pala soma das

percentagens retidas em cada 1 dor peneiros da série principal, com

excepção do número 200 a dividir por 100.

o módulo de finura é proporcional à área do gráfico definida

pela curva, pelo eixo das dimensões e pela linha dos 100%

área módulo

quanto + para a esquerda está deslocada a curva + fino é o

inerte

se a curva tem 1 declive bastante acentuado o material é

poligranular (muitas partículas grossas e muitas finas)

se a curva é praticamente vertical o material é monogranular

(muitas partículas da mesmo dimensão)

Page 29: Apontamentos Materiais de Construção

28

CCCaaappp 444 --- AAAçççooosss pppaaarrraaa cccooonnnssstttrrruuuçççãããooo

MMMaaatttééérrriiiaaasss ppprrriiimmmaaasss eee ppprrroooccceeessssssooosss dddeee fffaaabbbrrriiicccooo dddooo aaaçççooo

Extracção do ferro no alto forno – o ferro é extraído dos seus

minérios por meio de reacções de redução, obtidas através da acção

do carbono, sob a forma de carvão. No alto-forno o minério é reduzido

a ferro metálico, a ganga (impurezas em relação ao minério) e as

cinzas são transformadas em escória e além disso o ferro absorve

metais, metalóides e não-metais que alteram as suas propriedades. O

ferro que sai do alto forno chama-se gusa e é ainda inaplicável como

material de construção. A partir da gusa de alto-forno, obtém-se 3

tipos de materiais, na percentagem de carbono que contém:

tipo de gusa % de Carbono

ferro macio < 0.025

aço 0.1 < % C < 1.7

ferro fundido 1.7 < % C < 5

Purificação da gusa – consiste no aproveitamento da fácil oxidação

dos elementos que a gusa contém. No convertidor, a gusa em fusão é

atravessada por uma corrente de oxigénio e os elementos oxidados

escapam-se para a atmosfera em óxidos no estados gasoso ou

permanecem no banho sob a forma de escórias separando-se do aço

por diferença de densidade. Dos convertidores, o aço em fusão é

moldado em bilites (barra com alguns metros de comprimento e

pequena secção) ou lingotes.

Moldagem

- extrusão – o lingote é refundido e obrigado a passar, sob

pressão, por orifícios com a forma desejada, e esfriado

- laminagem – o material é levado ao rubro e obrigado a

passar entre cilindros com espaçamentos e diâmetros

cada vez menores (fieira).

- trefilamento ou estiramento – o metal é ligeiramente

aquecido e forçado a passar por orifícios de moldagem

Page 30: Apontamentos Materiais de Construção

29

Tratamentos mecânicos – também chamados de “tratamento a frio”,

são processos que alteram as características mecânicas do aço,

nomeadamente a tenção limite de cedência e a extensão de rotura.

tratamento esforços impostos

descrição

laminagem a

frio

compressão

transversal

deformação longitudinal permanente por

compressão transversal

estiragem

(de estrias)

torção

tracção

simples

aplicação de tracção às barras ou fios

(obtenção de peças heterogéneas nas

dimensões e diâmetros)

trefilagem tracção

compressão

estiragem através de fieiras

torção torção tem as vantagens da estiragem, mas só

melhora a aderência quando a base é

nervurada ou não é de secção circular

N.B.: estes tratamentos só surtem efeito se os varões obtidos,

quando usados, forem sujeitos aos mesmos esforços que os impostos

no tratamento a frio.

NNNaaatttuuurrreeezzzaaa eee cccaaarrraaacccttteeerrríííssstttiiicccaaasss mmmeeecccââânnniiicccaaasss dddooosss aaaçççooosss

Aptidão para a dobragem – uma vez que o aço endurecido a frio (diz-

se que o aço foi endurecido a frio, se após a moldagem, o aço for

trabalhado a frio e antes da sua utilização ocorrer envelhecimento) é

frágil, tem tendência a fendilhar quando dobrado

Ensaio de dobragem - a REBAP exige este ensaio para varões de

qualquer diâmetro de superfície lisa e para varões de diâmetro

inferior a 12mm de superfície nervurada

­ o espaçamento entre os apoios deve ser de 2 x diâmetro

do mandaril + 3 x diâmetro do varão

­ o mandaril é colocado sobre o varão a

meio vão

­ exerce-se força até se verificar um

ângulo de dobragem de 180º

o aço é aceitável se não fendilhar na zona de dobragem

Page 31: Apontamentos Materiais de Construção

30

Ensaio de dobragem – desdobragem – a REBAP exigem este

ensaio para varões nervurados de diâmetro superfície a 12mm

- o varão é dobrado a 90º segundo a técnica do ensaio

anterior

- envelhecimento artificial (30 min a

100ºC e arrefecimento à

temperatura ambiente)

- desdobragem de 20º

o aço é aceitável se não fendilhar

na zona de dobragem

CCCaaarrraaacccttteeerrríííssstttiiicccaaasss gggeeeooommmééétttrrriiicccaaasss dddooosss vvvaaarrrõõõeeesss

Configuração superficial

- lisos (sem rugosidades ou saliências)

- nervurados (com saliências) – existem nervuras

(inicialmente paralelas ao eixo do varão, mas se ele for

endurecido a frio por torção formam um certo ângulo com

o eixo) contínuas e descontínuas

- indentados (têm uma série de cavidades tipo pneu)

o aço nervurado é o que tem melhor aderência ao betão

AAAdddeeerrrêêênnnccciiiaaa aaaooo bbbeeetttãããooo

Alta aderência – os varões que não fendilham, mesmo quando sujeitos

a tensões elevadas – varões rugosos

Aderência normal – os que não contém o requisito anterior – varões

lisos e rugosos

a avaliação é feita com base nas dimensões e configurações das

nervuras ou nos ensaios de viga e arrancamento

Ensaio de viga – é o ensaio + preferível, pois usa condições + reais

90º

20º

10 10

Page 32: Apontamentos Materiais de Construção

31

- o varão só está aderente ao betão no comprimento dos

10, o resto do varão encontra-se numa bainha, onde não

há contacto com o betão, dentro da qual pode deslizar

livremente

- o objectivo é medir (nas extremidades) a força a partir

da qual à deslizamento do varão

Ensaio de arrancamento (pull–out–test) – consiste em submeter o

varão a uma força de tracção aplicada numa das extremidades,

ficando a outra livre. A relação entre a força aplicada e o

deslocamento medido na extremidade oposta à solicitação, constitui o

resultado do ensaio.

NNNooommmeeennnccclllaaatttuuurrraaa

Segundo a REBAB as designações inseridas na caracterização de

um aço são:

- L – liso

- R – rugoso

- N – laminado a quente

- E – endurecido a frio

Assim um tipo de aço pode ser: A235NR, o qual é um aço (A), de

tensão de cedência de 235 MPa, laminado a quente (N), de superfície

rugosa (R).

CCCaaarrraaacccttteeerrríííssstttiiicccaaasss mmmeeecccââânnniiicccaaasss dddooosss aaaçççooosss

(((aaapppooonnntttaaammmeeennntttooosss eeexxxtttrrraaa)))

Page 33: Apontamentos Materiais de Construção

32

CCCaaappp 555 --- LLLiiigggaaannnttteeesss

TTTiiipppooosss dddeee llliiigggaaannnttteeesss

A designação de ligante advém da propriedade que têm de poder

aglomerar uma porção elevada de inertes conferindo-lhe coesão

e resistência.

Hidrófobos – não precisão de água para formar presa (de origem

natural)

- Hidrocarbonetos – exemplo: alcatrão - por acréscimo de

temperatura ficam pastosos, ao arrefecer endurecem

- Resinas sintéticas – muito recentes, actualmente

empregam-se também em mistura com o cimento e

impregnados no betão ( acrílicas, silicone, colas de

sianoacrilato – super cola 3)

Hidrófilos – precisão de água para formar presa

- Aéreos – só fazem presa ao ar

- cais aéreas gordas

- cais aéreas magras

- Hidráulicos – fazem presa em qualquer circunstância, até

mesmo debaixo de água

- cais hidráulicas

- cimentos

- cimentos naturais

- cimentos artificiais

- cimento Porland

- cimento Portland com aditivos

%%% dddeee cccaaalllcccááárrriiiooo eee aaarrrgggiiilllaaa nnnooo llliiigggaaannnttteeesss

CaCO3 ≡ carbonato de cálcio (calcário)

as várias famílias distinguem-se pela quantidade de impurezas

(argila) associada ao CaCO3

Page 34: Apontamentos Materiais de Construção

33

todos os ligantes das famílias anteriores são formados por

CaCO3 + argila

Cais aéreas - CaCO3 ≥ 95 %

- cal aérea gorda : CaCO3 ≥ 99 %

- cal aérea magra : 95 % ≤ CaCO3 ≤ 99 % (está menos

dependente do contacto com o CO2 que a cal gorda)

- teor de magnésio (MgO) – subdivide as cais aéreas gordas

e magras em:

- cais normais: MgO ≤ 20%

- cais magnesianas: MgO > 20%

o magnésio serve essencialmente para tornar a cal + amarela, a

qual não pode ser usada para caiar

Ciclo da cal aérea – processo que serve para podermos aplicar a cal

com a forma desejada

*1 – as pedras são cozidas em fornos a lenha, obtendo-se

aparentemente as mesmo pedras. Esta cal só serve para os cemitérios,

não se utiliza em construção porque é muito instável dando origem a

reacções fortemente exotérmicas quando em contacto com a água,

ocorrendo ocasionalmente explosões.

se misturarmos a cal viva com areia e água para constituir

ligante e o aplicamos na parede, ao dar-se a reacções de

extinção da cal o reboco cai.

*2 – coloca-se a cal dentro de água, coso contrário dá-se

imediatamente uma grande explosão

cozedura a 900ºC – cal viva*1

(CaO)

2atemperatur alta

3 COCaOCaCO

extinção da cal viva (reacção

exotérmica) - cal apagada*2

22 Ca(OH)OHCaO

carbonatação – endurecimento OHCaCOCOCa(OH) 2322

Page 35: Apontamentos Materiais de Construção

34

Cais hidráulicas

- CaCO3: 80 a 95%

- argila: 5 a 20%

o aumento do teor de argila torna o ligante menos dependente

do contacto com o CO2

Cimentos naturais

- CaCO3: 60 a 80%

- argila: 20 a 40%

­ presa lenta ou normal - argila < 27%

­ presa rápida – argila: 27 a 40%

Cimentos artificiais

não necessitam de CO2 para solidificar, pois dão-se outra

reacções

o que distingue o cimento Portland dos outros ligantes

hidráulicos é a presença do silicato tricálcico, obtido por

cozedura a temperaturas superiores a 1300ºC.

PPPrrroooccceeessssssooo dddeee fffaaabbbrrriiicccooo dddaaa cccaaalll hhhiiidddrrráááuuullliiicccaaa

calcinação – em fornos verticais a 1200 1500ºC; combinação da

sílica e alumina com a cal, formando silicatos a aluminatos

extinção – destinada a eliminar a cal viva e a pulverizar a cal

(usa-se apenas a quantidade de água exactamente necessária)

peneiração - para separar os grãos maiores não cozidos ou mal

cozidos

aplicação – alvenarias correntes, betão em massa sujeito a

tensões moderadas, rebocos(tecto)

Page 36: Apontamentos Materiais de Construção

35

PPPrrroooccceeessssssooo dddeee fffaaabbbrrriiicccooo dddooo ccciiimmmeeennntttooo

Matéria prima – mistura devidamente proporcional de calcário, argila

(ou marga) e substâncias ricas em sílica, alumina ou ferro.

Basicamente, o cimento é produzido a partir de uma mistura de

calcário com marga ou argila, reduzida a pó muito fino. Após este

processo a matéria prima é levada a silos ou tanques de

homogeneização.

A homogeneização pode acontecer por:

- via húmida – mistura-se com água e agita-se (depois à que

levar ao forno para retirar a água, o que se torna

dispendioso)

- - via seca – criam-se correntes de ar que originam nuvens

de pó, as quais são extraídas para a fase seguinte.

A mistura das matérias primas é feita de modo a que depois de

perder a água e o CO2, devido à elevada temperatura atingida no

forno, tenha uma composição química dentro de certos limites:

- CaO: 60 a 68%

- SiO2: 17 a 25%

- Al2O3: 3 a 8%

- Fe2O3: 0.5 a 6%

se após a cozedura se obteve esta composição, diz-se que se obteve

clínquer

A avaliação destas quantidades é feita através de:

- Módulo hidráulico: 332 FeOAlOSiO

CaO

de 1.7 a 2.3

- Módulo silícioso : 33

2

FeOAlO

SiO

de 2 a 3

- Módulo aluminio-férrico ou de fundentes:3

3

FeO

AlOde 1.5 a 2.5

- Grau de saturação do cálcio: 332 0.65FeO1.18AlO2.8SiO

CaO

* - relaciona a percentagem CaO com as dos outros óxidos. Chama-se

hidráulico porque é a relação entre um componente que dá origem a

Page 37: Apontamentos Materiais de Construção

36

material hidrofóbico a componentes que dão origem a material

hidráulico.

se o módulo alumino-férrico for inferior a 0.64% obtém-se um

cimento com resistência química melhorada e baixo calor de

hidratação

Nos silos é feita uma análise química, de modo a saber se a mistura

está nas proporções correctas. Caso isto não se verifique são feitas

correcções à mistura. Após este processo o cru é transferido para os

silos alimentadores do forno.

O cru é então cozido (temperatura superior a 1450ºC), em grandes

fornos rotativos, de modo a obter-se nódulos de clínquer. Àquela

temperatura as matérias primas reagem entre si dando origem a novos

compostos – cliquerização.

A fim de promover uma economia de combustível, o carvão seco e

reduzido a pó é injectado na parte inferior do forno juntamente com

uma parte de ar (ar primário); o restante ar comburente (ar

secundário) é introduzido no forno depois de ter sido aquecido no

arrefecedor do clínquer.

À saída do forno o clínquer deve ser arrefecido rapidamente, pois:

- o silicato tricálcico é instável a temperaturas inferiores a

1250ºC, há portanto que conservar a sua estrutura

- evita-se que o silicato bicálcico adquira outra forma na

qual é praticamente inerte

- evita-se que a fase líquida do clínquer cristalize,

diminuindo a reactividade do aluminato de cálcio e não

permitindo que se formem grandes cristais de óxido de

magnésio, o que provocaria instabilidade e expansibilidade

do volume da pasta de cimento endurecida

quando o arrefecimento é rápido o óxido de magnésio (magnésia)

cristaliza em grandes cristais – periclase. Se o arrefecimento

for lento, a magnésia fica dissolvida na fase vítrea ou cristaliza

em cristais de dimensões muito reduzidas, que são facilmente

hidratados aquando da amassadura.

Para o arrefecimento usa-se o planetário.

Após a saída do arrefecedor, a cerca de 125-180ºC o clínquer é

armazenado, terminando o seu arrefecimento e entrando depois nos

Page 38: Apontamentos Materiais de Construção

37

moinhos de bolas, onde é moído, juntamente com aditivos – gesso –

para lhe regular a presa, e outros – pozolanas, escória de alto-forno,

etc – para lhe modificar as propriedades.

Componentes principais

silicato tricálcico 3CaO.SiO2 (20 a 65%)

silicato bicálcico 2CaO.SiO2 (10 a 55%)

aluminato tricálcico 2CaO.Al2O3 (0 a 15%)

aluminoferrato tetracálcico 4CaO.Al2O3.Fe2O3 (5 a 15%)

estas reacções vão acontecendo à medida que a temperatura vai

aumentando

o silicato tricálcico é constituído a partir da reacção silicato

bicálcico com o óxido de cálcio livre. No entanto, parte do

silicato bicálcico subsiste, pois o óxido de cálcio livre não é

suficiente.

o óxido de cálcio pode ser nocivo, pois a sua hidratação ocorre

com expansão

RRReeeaaacccçççõõõeeesss dddooosss cccooommmpppooonnneeennnttteeesss ppprrriiinnnccciiipppaaaiiisss dddooo ccciiimmmeeennntttooo

PPPooorrrtttlllaaannnddd cccooommm aaa ááággguuuaaa

2(3CaO.SiO2) + 6H2O = 3CaO.2SiO2.3H2O + 3Ca(OH)2

2(2CaO.SiO2) + 4H2O = 3.3CaO.2SiO2.3.3H2O + 0.7Ca(OH)2

3CaO.Al2O3 + Ca(OH)2 + 12H2O = 4CaO.Al2O3.13H2O

4CaO.Al2O3.Fe2O3 + 7H2O = 3CaO.Al2O3.6H2O + CaO.Fe2O3.H2O

CaO.Fe2O3.H2O + 2Ca(OH)2 + nH2O = 3CaO.Fe2O3.mH2O (forma

soluções sólidas, isto é, presa rápida, com 3CaO.Al2O3.6H2O )

3CaO.Al2O3+3(CaSO4.2H2O)+26H2O=3CaO.Al2O3.3CaSO4.32H2O

CaSO4.2H2O ≡ gesso

3CaO.Al2O3.3CaSO4.32H2O ≡ sulfoaluminato tricálcico

Page 39: Apontamentos Materiais de Construção

38

PPPrrriiinnnccciiipppaaaiiisss ppprrroooppprrriiieeedddaaadddeeesss fffííísssiiicccaaasss eee qqquuuííímmmiiicccaaasss cccooonnnfffeeerrriiidddaaasss

aaaooo ccciiimmmeeennntttooo PPPooorrrtttlllaaannnddd pppeeelllooosss ssseeeuuusss cccooommmpppooonnneeennnttteeesss

componente calor de hidratação

(cal/g)

Tensão de rotura (MPa) Resistência química 7 dias 28 dias 1 ano

silicato

tricálcico

120 42.5 50.0 72.5 baixa,

necessita de

contacto com

Ca(OH)2

silicato

bicálcico

62 2.0 6.7 70.0 média,

necessita pH <

12

aluminato

tricálcico

207* 2.0 3.4 6.7 fraca, origina

sulfoaluminato

tricálcico

aluminoferrato

tetracálcico

100 2.0 3.6 3.8 boa

Analisando o quadro verifica-se que o componente que +

contribui para a tensão de rotura é o silicato tricálcico, é também ele

que mais concorre para o calor de hidratação (se atendermos a que a

sua proporção é sempre superior 2, 3 ou 4 vezes a do aluminato

tricálcico) e possui menor resistência química, pois necessita estar em

contacto com soluções saturadas de hidróxido de cálcio, criando assim

condições propicias à formação do sulfoaluminato tricálcico expansivo.

O silicato bicálcico confere também alguma resistência

mecânica ao cimento, conferindo-lhe também durabilidade.

Verifica-se também que a presença do aluminato tricálcico é

indesejável no cimento, pois:

- contribui pouco ou nada para a tensão de rotura

- tem um desenvolvimento grande de calor ao reagir com a

água

- quando o cimento é atacado pelo ião sulfato, a expansão

devida à formação de sulfoaluminato de cálcio a partir do

aluminato pode levar à desintegração completa do betão

Page 40: Apontamentos Materiais de Construção

39

Mas a sua presença é necessária para se obter uma fase líquida

durante a cozedura de clínquer, o que permite a combinação de cal

com a sílica. Se não se formasse esta fase líquida no forno a reacção

levaria muito mais tempo, e provavelmente nunca seria completa.

a tensão de rotura à compressão é diminuída pela perda ao

rubro, óxido de potássio, aluminoferrato tetracálcico e

aluminato tricálcico e aumenta com a percentagem de alite,

trióxido de enxofre e finura

calor de hidratação – quantidade de calor libertada durante a

hidratação completa dos componentes do cimento

* - a disparidade deste valor relativamente aos outros calores de

hidratação deve-se à complexidade das reacções de hidratação dos

outros componentes

EEEssspppeeeccciiifffiiicccaaaçççõõõeeesss dddooo ccciiimmmeeennntttooo PPPooorrrtttlllaaannnddd

Resíduo insolúvel – parte do cimento que não é solúvel, a quente, e em

determinadas condições no ácido clorídrico.

Este ensaio permite determinar o grau de combinação entre as

diferentes matérias primas. Dos componentes do cimento apenas o

calcário é dissolvido pelo ácido clorídrico, no entanto, depois da

obtenção do cimento, a sílica, a alumina e óxido de ferro combinados

entre si e com o óxido de cálcio produzem compostos que são solúveis

no ácido clorídrico. Se a combinação fosse prefeita todo o cimento

seria solúvel e o resultado seria 0 (zero).

o cimento é aceitável se o resíduo insolúvel for < 5%

Perda ao rubro – trata-se da perda de massa a 1000ºC.

Se o cimento ainda tiver água (a água também pode provir da

húmidade do ar) vai perder massa, mas a perda de massa pode também

ocorrer devida à transformação do calcário em cal viva + CO2, o qual

se liberta para a atmosfera. Se no ensaio anterior se verificar que já

não existe calcário, a perda de massa deve-se apenas à água.

o cimento é aceitável se a perda ao rubro for < 5%

Óxido de magnésio – se o óxido de magnésio estiver sob a sua forma

cristalina (periclase), a sua hidratação não é imediata, podendo

Page 41: Apontamentos Materiais de Construção

40

demorar semanas, meses ou mesmo anos e como o óxido está no

estado sólido dá-se a passagem a hidróxido sem dissolução prévia, o

que torna a reacção expansiva. A expansão provoca a diminuição ou

desaparecimento da coesão.

A expansibilidade devida à hidratação da magnésia é função:

i) dimensão dos cristais de MgO e sue distribuição

ii) não presença de pozolanas, que bloqueiam a hidratação da

periclase devido à formação de tobermorites (contém no seu

interior os cristais de periclase, inibindo-a de reagir com a

água)

iii) insuficiente rapidez de arrefecimento do clínquer

A primeira causa pode resolver-se.

- aumentando o grau de finura do cru

- diminuindo o módulo de fundentes e então a periclase

dissolve-se no aluminoferrato tetracálcico e na fase

vítrea

- empregando no cru adjuvantes com base no flúor

a presença da periclase e de óxido de cálcio livre pode ser

detectada pelo ensaio de expansibilidade

Expansibilidade – para a formação do silicato tricálcico é necessária a

presença de óxido de cal livre (“cal livre”), estará em excesso se:

- a dosagem do cru for mal calculada

- a finura ou a mistura das matérias primas foi insuficiente

- a cozedura foi mal conduzida

Descrição do ensaio:

coloca-se a pasta de cimento de consistência normal

dentro de cilindros (molde de Le Chantlier)de 3cm de

altura por 3 de diâmetro, feitos de chapa de latão de

espessura de 0.5mm. O cilindro é fendilhado de alto a

baixo ao longo de uma geratriz,

estando-lhe soldadas duas aste de

15cm, uma de cada lado da fenda.

o molde é coberto com 2 placas de

vidro (uma em cima e outra em baixo)

e comprimido com 1 pequena peso de 150g (para que a

expansão só se dê para os lados)

Page 42: Apontamentos Materiais de Construção

41

o conjunto é colocado dentro de água durante 24h a 20 +

1ºC (para acelerar a presa)

mede-se o afastamento inicial das astes

eleva-se a temperatura até 100ºC durante uma hora

(1.25ºC por minuto), mantendo-se esta temperatura

durante 3h

deixa-se arrefecer e mede-se o afastamento final das

astes

a diferença entre as duas medições representa a

expansão do cimento

o cimento é aceitável se a expansibilidade < 1cm

Trióxido de enxofre – a reacção do aluminato tricálcico com a água é

instantânea e violenta, provocando uma presa rápida de baixa

resistência. Para anular tal efeito adiciona-se ao clínquer gesso. As

razões para juntar este sal são 2:

- o aumento da sua quantidade para lá de certos limites não

põe em perigo a tempo de presa (mas quando se aumenta

a sua quantidade para lá de certos limites aumenta a

solubilidade da alumina, acelerando a presa

- baixo custo

Destes ensaios concluiu-se que a quantidade de trióxido de enxofre

(componente em que é expresso o gesso) que conduzia ao máximo de

resistência a 24h era também a que, geralmente, os mínimos de

expansão na água e de contracção no ar.

o cimento é aceitável se tiver um teor de gesso expresso

em trióxido de enxofre < 3%

Pasta de cimento de consistência normal – é a que tendo sido

amassada em determinadas condições contém uma quantidade de água

tal que a sonda (diâmetro = 10mm) de consistência do aparelho de

Vicat, quando deixa de se afundar sob acção do peso próprio, após ter

sido largada da superfície da pasta, fica a 6 + 0.5 mm do fundo da

taça que contém a pasta.

um resultado negativo para uma dada quantidade de água implica

iniciar o ensaio sem aproveitamento da pasta obtida

Page 43: Apontamentos Materiais de Construção

42

Presa – passagem do estado líquido ao estado sólido, ou melhor,

rigidificação da pasta de cimento

Início de presa – é o tempo decorrido entre a amassadura e a perda

parcial de plasticidade. É atingido quando a agulha de Vicat de início

de presa (1mm2 de secção) já não atravessa a pasta até ao fundo,

ficando a 5mm do fundo.

Fim de presa – é o tempo necessário para que a pasta adquira firmeza

suficiente para resistir a uma determinada pressão. É determinado

com a agulha de fim de presa, a qual é provida de um anel com 5mm de

diâmetro modo a que a extremidade da agulha se projecta 0.5mm além

da aresta deste acessório ( a agulha tem secção quadrada de 1mm2 de

área). Atinge-se o fim de presa quando a agulha, poisada na superfície

da pasta, deixa a sua marca, sem que o acessório circular imprima

qualquer marca.

Ensaio de início e fim de presa – mede-se a resistência de uma pasta

normal de cimento à penetração de uma agulha com 1mm2 de secção,

sob a acção de um peso de 300g.

enche-se o recipiente do aparelho de Vicat com uma pasta

normal de cimento

dependendo do ensaio usa-se a agulha apropriada

a agulha é largada da superfície da pasta e de locais diferentes,

até se obter o resultado pretendido

regista-se o tempo decorrido desde a amassadura até então

Superfície específica – área total das partículas por unidade de

massa do cimento.

Para uma partícula ser hidratada todas as suas “faces” têm que

estar imersas em água.

Imagine-se um cubo com 10u de aresta, a sua área total será

600u2. Imagine-se agora um cubo com 1u de aresta, a sua área total

será 6 u2. Um cubo de 10u de atesta é equivalente a 1000 cubos dos

de 1u de aresta, conjunto que tem uma superfície especifica de 6000

u2.

quanto menor é a partícula mais água é necessária para a

hidratar

Page 44: Apontamentos Materiais de Construção

43

Há vários métodos para determinar a dimensão média das

partículas, vamos usar um (método de Blaine) que se baseia na

permeabilidade de uma camada de partículas. Este método baseia-se

no facto de a existência ao escoamento de um gás através de uma

camada de pó compactado até um certo volume, com porosidade

conhecida, depender da superfície específica das partículas a o

compõe o pó. A granulometria do cimento é então calculada

indirectamente. A superfície específica dá-nos uma ideia da dimensão

média das partículas

dimensão superfície dos grãos atrito

dificuldade de passagem

Ensaio de Blaine – obriga-se um volume de ar a atravessar uma dada

camada de pó, sob uma pressão variável, cuja variação é constante

para todos os cimentos em estudo. Determina-se o tempo que tal

volume de ar demora a percorrer a camada, o que permite o

conhecimento do coeficiente de permeabilidade.

Este ensaio dá-nos valores relativos, ou seja, dá-nos valores de,

por exemplo, 2cimentos, bastando-nos então tirar conclusões.

Tensão de rotura – o valor de um cimento é medido pelas suas

tensões de rotura: esta é a característica mais importante que um

cimento deve possuir.

Ensaio:

com uma areia calibrada fabrica-se uma argamassa de cimento

com traço ponderal 1 : 3 e A/C=0.5

a argamassa é assada num misturador mecânico

é colocada em moldes de 3 prismas com 4x4x16 cm onde é

compactada um aparelho

nas primeiras 24h os provestes são conservados nos moldes em

ambiente saturado a 20 + 1ºC. Depois da desmoldagem são

colocados dentro de água à mesmo temperatura até à data do

ensaio

é realizado um ensaio de flexão ( ensaio em 3 pontos com vão de

10cm) nos provetes

após a rotura por flexão, cada uma das metades dos provetes

são ensaiadas à compressão

Page 45: Apontamentos Materiais de Construção

44

o ensaio de elasticidade é efectuado antes ou em simultâneo

com o ensaio de compressão

TTTiiipppooosss eee cccooommmpppooosssiiiçççãããooo dddeee ccciiimmmeeennntttooosss

Cimentos Percentagem em massa constituintes principais

designação tipo clínquer portland K

escória alto-forno

S.

pozolana natural Z

cinzas volantes C.

filer F

cimento

portland

I 95 a 100 - - - -

cimento

portland

composto

II 65 a 94 0 a 27 0 a 23 0 a 23 0 a 16

cimento

portland

de escória

II-S. 65 a 94 6 a 35 - - -

cimento

portland

de

pozolana

II-Z 72 a 94 - 6 a 28 - -

cimento

portland

de cinzas

volantes

II-C. 72 a 94 - - 6 a 28 -

cimento

portland

de filer

II-F 80 a 94 - - - 6 a 20

cimento

de alto-

forno

III 20 a 64 36 a 80 - - -

cimento

pozolânico

IV > 60 - <40 -

Escória de alto forno – subproduto do aço que misturado com outros

constituintes do cimento, sendo tratado com ele tem propriedades

ligantes

Page 46: Apontamentos Materiais de Construção

45

Pozolanas – produtos naturais que ocorrem nas erupções vulcânicas,

muito leves (tipo pedra polmes moída), era, na antiguidade, o único

composto que permitia fazer compostos hidráulicos

Cinzas-volantes – subproduto da combustão de combustíveis fósseis.

Partículas muito pequena que “voam” facilmente. Se não forem

retiradas das chaminés poluem muito a atmosfera. Têm

características muito semelhantes às pozolanas

Filer – material calcário muito fino. è o material de pior qualidade que

se adiciona ao cimento, pois é o que requer maior quantidade de

clínquer.

Cimento Portland composto – clínquer + o que seja mais barato na

altura (lixo de outras industrias)

tipo de cimento características

I - pouca resistência aos agentes químicos

- alto calor de hidratação

II - pouca resistência aos agentes químicos

- demora + tempo a formar presa

IV - endurecimento inicial muito lento

- não deve ser usado em betonagens com tempo

frio – demora + tempo ainda a criar presa

- protege menos a corrosão do aço

PPPooozzzooolllaaannnaaasss

As pozolanas são constituídas essencialmente por sílica e

alumina, contém constituintes que às temperaturas ordinárias se

combinam com os componentes do cimento, originando compostos de

grande estabilidade na água e com propriedades aglomerantes. São

substâncias dotadas de grande reactividade para o hidróxido de cálcio

mas insolúveis e inertes na água.

Page 47: Apontamentos Materiais de Construção

46

Pozolanas naturais – rochas lávicas alteradas por meteorização

Pozolanas artificiais – argilas de qualquer tipo depois de sujeitas a

temperaturas suficientes para a desidratação, mas inferiores ao início

da fusão (500 a 600ºC). Outra pozolanas artificiais são os

subprodutos de industrias, como as cinzas volantes

a pozolana é tanto melhor quanto mais reactiva (grande

capacidade de reagir com o CaOH

a estrutura amorfa confere reactividade à pozolana

GGGeeessssssooo

Matéria prima – pedra de gesso ou gesso bruto, a qual é uma rocha

branda

Fabrico – para o fabrico do gesso são apenas usadas as rochas mais

puras. As rochas são trituradas e colocadas no forno, geralmente

rotativo onde são submetidas a uma elevação da tem que provoca a

desidratação parcial do gesso, dando origem ao sulfato de cálcio hemi-

hidratado (semi hidratado meia molécula de água), o qual é instável

CaSO4.2H2O = Ca SO4.1/2 H2O + 3/2 H2O

Quando em presença de água o gesso (sulfato de cálcio hemi-

hidratado) regenera a sua forma inicial

Ca SO4. 1/2H2O + 3/2H2O = CaSO4.2H2O

Porque razão instabilizamos o gesso (tal como a cal) e depois o

hidratamos e não o usamos na sua forma natural? porque na sua

forma natural, o gesso não é moldável.

Tipos de gesso

gesso para estuque – gesso branco resultante do

tratamento térmico do gesso bruto branco ou amarelo

utilizado em mistura com cal ou outro retardador

Page 48: Apontamentos Materiais de Construção

47

gesso para esboço – gesso escuro ou pardo resultante de

tratamento térmico do gesso normal proveniente do gesso

bruto escuro, com granulometria mais elevada do que o

gesso de estuque, para ser utilizado sobre esboço de

paredes executado com argamassa de cal e areia

antigamente usava-se o gesso como ligante para quase tudo,

actualmente usa-se o gesso apenas para acabamentos de

paredes e tectos

antigamente faziam-se sancas (juntas de paredes e tecto) de

gesso, actualmente usa-se o poloestireno expandido para fazer

estes moldes

para fazer estuques adiciona-se ao gesso areia de estucador, a

qual é muito fina e branca

trabalha-se o estuque em duas camadas

­ interior – gesso mais escuro (pode levar algum inerte para

ficar mais barata e diminuir a retracção) – esboço

­ superficial – feita com gesso de estuque – estuque,

propriamente dito

Presa do gesso – ocorre em 3 etapas sucessivas:

­ fenómeno químico de hidratação

Ca SO4. 1/2H2O + 3/2H2O = CaSO4.2H2O

­ fenómeno físico de cristalização – explica-se considerando

que o gesso é menos solúvel que o hemi-hidratado, assim

sendo, o gesso precipita o que permite à solução dissolver

nova quantidade de hemi-hidratado

­ fenómeno mecânico de endurecimento –formam-se cristais

que se vão interligar. O atrito que se desenvolve entre

estes cristais é que lhe dá a resistência mecânica (ao

adicionar água ao gesso ela vai penetrar entre estes

cristais, eliminando o atrito e consequentemente

dissolvendo o gesso)

se adicionarmos um acelerador de presa ao gesso, os cristais

desenvolvem-se mais rapidamente

a adição de um retardador de presa conduz à formação de

complexos que protegem os cristais e impedem o seu

crescimento, diminuindo a resistência mecânica

Page 49: Apontamentos Materiais de Construção

48

a adição de água diminui a resistência mecânica.

Propriedades do gesso

tem considerável resistência mecânica

a sua característica mais importante é a protecção contra

incêndio

Protecção contra incêndio

­ o gesso é incombustível

­ o gesso é mau condutor de calor

­ quando aplicado contém cerca de 20% de água de

cristalização

­ caso a temperatura aumente drasticamente

CaSO4.2H2O = Ca SO4.1/2 H2O + 3/2 H2O

­ se a temperatura precistir

Ca SO4. 1/2H2O = CaSO4 + 1/2 H2O

­ assim o gesso não arde, além do que liberta moléculas de

água que vão consumir energia, roubando energia

calorífica ao incêndio

normalmente um incêndio propaga-se por deficiente isolamento

térmico, ou seja, se houver um incêndio numa divisão e se as

paredes estiverem mal isoladas termicamente, o outro lado da

parede também aumenta muito de temperatura, bastando haver

um material combustível em contacto com ela para se gerar um

outro incêndio.

o gesso conduz melhor o calor quando está na forma

bihidratada, à medida que vai perdendo água conduz pior o calor

­ não liberta gases tóxicos

Isolamento térmico

o isolamento térmico é tanto maior quanto menor a

condutibilidade térmica do material

- o gesso é mau condutor de calor

o isolamento térmico não é só função do material, também

depende das espessura: espessura isolamento, como

usamos apenas uma fina camada de gesso, a sua contribuição é

modesta

Page 50: Apontamentos Materiais de Construção

49

Isolamento acústico

- contribuição baixa devido ao seu baixo peso

Aderência

- é em geral boa, mas diminui com o tempo

- a sua aderência ao ferro é muito boa, mas quando se dá

início a esta ligação ocorre de imediato a corrosão do

ferro, pelo que nestas circunstâncias se deve aplicar um

tratamento protector ao ferro

- a aderência à madeira é má

Resistência à húmidade

- é má, provocando ocasionalmente queda do estuque

se devidamente tratado, o gesso pode ser utilizado no exterior,

aplica-se-lhe uma camada que dificulte a chegada da água ao

gesso, por exemplo tinta (tinta de óleo, de preferência)

Aplicações do gesso

- estuques

- placas para tecto falsos – estafe (placas armadas com

fibras de cizal (planta))

- o estafe está a ser substituído por gesso cartonado (em

placas com 1 a 1.25cm de espessura)

as fibras de cizal no estuque aumentam a sua resistência à

flexão

o facto de o gesso ter má resistência à tracção faz com que se

prefira o gesso cartonado, pois o cartão tem uma elevadíssima

resistência à tracção

pladur – marca de gesso cartonado, frequentemente associada

ao produto (tal como a marca esferovite para o poliestireno

expandido)

o cartão do pladur não propaga incêndio, pois está colada à outra

superfície, funciona como alcatifa esticada

- placas de protecção de placas metálicas

Page 51: Apontamentos Materiais de Construção

50

CCCaaappp 666 --- PPPrrroooddduuutttooosss ccceeerrrâââmmmiiicccooosss

MMMaaatttééérrriiiaaa ppprrriiimmmaaa

- a matéria prima base de todos os produtos cerâmicos é a

argila (silicato de alumínio hidratado – SiO2.Al2O.2H2O),

que é usada, preferencialmente, na sua forma mais pura

- existem argilas gordas (ricas em alumina) e magras (ricas

em sílica)

- quanto ao teor de impurezas, as argilas dividem-se em:

­ puras: caulinite, caulino >80%

­ impuras

PPPrrroooppprrriiieeedddaaadddeeesss

- fluidez e plasticidade: absorvem cerca de 50 a 70% do

seu peso em água, tornando-se plásticas. Podemos então

der-lhes as formas desejados sem que ocorra fissuração

- contracção: retracção de 5 a 20% do seu volume durante

a secagem

quanto à plasticidade dividem-se em:

­ muito plásticas (adiciona-se quartzo ou material

cerâmico em pó (sílica))

­ pouco plásticas (adiciona-se caulino)

­ normais

IIImmmpppuuurrreeezzzaaasss

dividem-se em:

- vitrificáveis (maior teor de sílica): formam uma

camada vítrea quando aquecidos

- fusíveis (com óxido de ferro e sílica): adquirem uma

cor alaranjada devido ao óxido de ferro

- calcários (1 a 5%): funcionam como fundentes e

solidificantes

Page 52: Apontamentos Materiais de Construção

51

- óxido de ferro: a água dissolve-os e transporta-os para

onde possa evaporar, provocando eflorescência e

criptoflorescência

- matéria orgânica: a qual se degrada provocando a perda de

compacidade

- pedras grossas: a ida ao forno provoca dilatações na

matéria cerâmica, a qual é menor nas pedras, ficando

estas soltas lá dentro

PPPrrreeepppaaarrraaaçççãããooo dddaaasss pppaaassstttaaasss

- extracção a céu aberto

- apodrecimento, a fim de se retirar a matéria orgânica,

pode ser:

­ natural: espalha-se as pastas e depois molha-mo-las

(aceleramos assim o apodrecimento saindo a matéria

orgânica livremente)

­ artificial: junta-se aditivos que aceleram a

degradação da matéria orgânica

- mistura e homogeneização: adiciona-se água + correctivos

(fundentes, por exemplo)

- moldagem: nas prensas e fieiras, mesmo que a

homogeneização tenha sido por via húmida há que juntar

água

- secagem: a perda de água deve ser lenta, para que não

aconteça uma retracção brusca e consequente fissuração

- cozedura: para aumentar a resistência

- arrefecimento: lento para não estalar o material

Page 53: Apontamentos Materiais de Construção

52

CCCooozzzeeeddduuurrraaa

Fases da cozedura

- 100 a 120ºC: evaporação da água e aparecimento de

porosidade

- 250º a 600ºC: dissociação das moléculas de SiO2 e Al2O3

- 600 a 1200ºC: combinação da SiO2 e da Al2O3 com o CaO,

ocorrendo grande retracção (são as reacções mais

importantes, pois conferem resistência mecânica ao

composto)

- 1200 a 166ºC: fusão das argilas calcárias

TTTiiipppooosss dddeee fffooorrrnnnooosss

fornos tradicionais: a lenha, temperatura não muito alta

fornos tipo Hoffman: 12 a 14 dias de cozedura. Estes fornos

são umas casas ovais ou elípticas, com tantos compartimentos

quantos dias de cozedura. Cada compartimento tem uma porta

para o exterior e poderá ter comunicação com os

compartimentos do lado. Num dia qualquer (n) há apenas 2

portas abertas: uma em que há entrada de material (n-1) e outra

em que há saída (n). Dá-se entrada de ar do compartimento de

descarga para o de carga através de um sistema de abertura de

portas (abertura em cima ou em baixo). Os queimadores cozem

circular ao longo da sala, sendo colocados na sala n + d/2 (d = nº

de dias do ciclo). O ar que entra circula livremente por todos os

outros compartimentos.

fornos contínuos: 80 a 100m de comprimento. A zona de maior

calor é a zona central. Nestes fornos ocorre:

- fase de secagem: ocorre na parte inicial, zona ainda não

muito quente em que a temperatura aumenta

- fase de cozedura: é a cozedura propriamente dita,

ocorrendo na zona central, a qual é a mais quente

- fase de arrefecimento: ocorre na zona final, a qual já não

está tão quente, estando a temperatura a diminuir

Page 54: Apontamentos Materiais de Construção

53

TTTiiipppooosss dddeee ppprrroooddduuutttooosss ccceeerrrâââmmmiiicccooosss

Produtos porosos: tijolos, telhas, refractários e azulejos

Produtos não porosos: tubos de grês cerâmico, ladrilhos de grês

cerâmico

o grês absorve menos água que o tijolo, usa-se para fazer

canalizações (levam a argila vitrificada, pelo que depois de

cozido tem aspecto vítreo)

TTTiiijjjooolllooosss

Matéria prima: argilas fusíveis com óxido de ferro

Moldagem por fieira ou prensagem:

- fieira: molde, no qual se obriga o material a passar, saindo

depois com a configuração desejada (usada para fazer

tijolos)

- prensagem: consiste num sistema de molde e contra molde

que vai à prensa. Este sistema é usado preferencialmente

para as telhas.

Tipos de tijolos

- tijolos maciços: furação < 15% - usam-se essencialmente

com funções resistentes

- tijolos perfurados: furação de 15 a 50% (furos

perpendiculares ao leito) – a sua função é ainda

entrada de ar ↗

frio (oxigénio)

↗ saída de ar

quente (gases)

Page 55: Apontamentos Materiais de Construção

54

resistente, já que embora os vazios

diminuam a sua área resistente,

facilitam a cozedura e portanto a

resistência unitária

- tijolos furados: furação de 30 a 75%

(furos paralelos ao leito) – as suas

funções são essencialmente de

preenchimento

a diferença principal entre os tijolos perfurados e os furados é

a direcção da furação

Formatos base – independentemente de serem maciços, furados ou

perfurados, os tipos base são (as características de forma - tipo de

furação, perfuração, existência de saliências ou rebaixos para

facilitar a utilização – variam com o fabricante):

- 22 x 11 x 7 tijolos maciços e perfurados (o leito pode

ser qualquer uma das faces – ver paredes simples)

- 30 x 20 x 7

- 30 x 20 x 11 tipo 30 x 20 x X

- 30 x 20 x 15

- 30 x 22 x20

30 ≡ comprimento, 20 ≡ altura, X ≡ espessura

Aplicações

- Paredes simples – ¼ vez, ½ vez, 1vez – designações que

indicam a espessura da parede. Se usarmos tijolos furados

estas designações não estão relacionadas com a posição,

mas sim com a dimensão.

vista em planta (exemplo para tijolos 22 x 11 x 7):

- ¼ de vez (tijolos são colocados ao alto ou ao

cutelo)

- ½ vez

- 1 vez

7

11

22

Page 56: Apontamentos Materiais de Construção

55

- paredes duplas: são formadas por dois panos de alvenaria

sem contacto físico. Na base têm uma caldeira que drena

a água para o exterior e permite a entrada de ar

FALTAM OS ENSAIOS DE TIJOLOS E TELHAS


Top Related