PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO
REJANE GOMES DE SOUSA
APLICAÇÃO IFRS PARA PEQUENAS E MÉDIAS EMPRESAS
MESTRADO EM CIÊNCIAS CONTÁBEIS E ATUARIAIS
PUC – SP São Paulo
2012
REJANE GOMES DE SOUSA
APLICAÇÃO IFRS PARA PEQUENAS E MÉDIAS EMPRESAS
MESTRADO EM CIÊNCIAS CONTÁBEIS E ATUARIAIS
Dissertação apresentada à Banca Examinadora
da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo,
como exigência parcial para obtenção do titulo de
Mestre em Ciências Contábeis, sob a orientação
do Livre Docente Prof. Dr. José Carlos Marion.
PUC-SP
SÃO PAULO 2012
BANCA EXAMINADORA
____________________________________________________________________________________
Livre Docente Prof. Dr. José Carlos Marion Orientador
Pontifícia Universidade Católica de São Paulo - PUC-SP
____________________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________________
AGRADECIMENTOS
À Deus, por me dar forças para desenvolver este trabalho.
Ao meu filho Matheus Ernani Sousa, pelo apoio e compreensão, quando não pude
estar com ele.
Ao meu amigo Natan Cabral, que acreditou em mim, patrocinando e me apoiando
neste curso de mestrado.
Ao meu mestre e orientador Livre Docente Prof. Dr. Jose Carlos Marion, pela
orientação e preciosa contribuição para esta dissertação.
Aos professores que tive, durante esta fase tão especial para minha carreira, pelos
ensinamentos. São eles os Professores Doutores: Roberto Fernandes dos Santos;
Neusa Maria Bastos F. Santos; Napoleão Verardi Galegale; Sérgio de Iudícibus;
Antonio Benedito Silva Oliveira; José Roberto Securato e Haydee Roveratti.
Tudo posso Naquele que me fortalece.
Filipenses 4:13
RESUMO
O impacto da globalização da economia gerou a necessidade de implantar modelos contábeis que padronizassem as demonstrações para que elas fossem compreendidas e utilizadas por diferentes usuários em diversos lugares do mundo. A falta de simetria nas informações, onde uma mesma transação poderia gerar informações diferentes, dependendo do seu país de origem, prejudicava as decisões de investidores e credores, visto que não havia padrões para tomada de decisão. Visando harmonizar as práticas contábeis internacionais, a International Organization of Securities Comission (IOSCO), no ano de 2000, recomendou que os órgãos reguladores de mercado de capitais, em cada pais, autorizassem as sociedades multinacionais a apresentar as suas demonstrações financeiras de acordo com as normas internacionais de contabilidade. O Internacional Accounting Standard Board (IASB) ficou responsável pela elaboração de normas internacionais, ou seja o padrão único de contabilidade aceito mundialmente, que já esta em processo de convergência em mais de 100 países. No Brasil, a alteração da Lei nº. 6.404/76 deu origem à Lei nº. 11.638/07, que trouxe implicações significativas para as empresas, obrigadas a seguir a Lei da S/A, entre elas, que a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) deveria expedir suas normas de acordo com os padrões internacionais de contabilidade, e gradativamente as normas contábeis brasileiras convergiram para as normas internacionais, por meio de um processo coordenado pelo Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC). Em 2009, foi aprovado pelo CPC o Pronunciamento Técnico PME – Contabilidade para Pequenas e Medias Empresas. Este trabalho busca contribuir para que as empresas de pequeno e médio porte se preparem para as exigências do mercado, tornando-as mais competitivas. O objetivo é verificar as principais mudanças trazidas nas informações contábeis alinhadas às normas internacionais. O estudo se dá por meio de revisão bibliográfica aplicável a norma internacional de contabilidade para Pequenas e Médias Empresas. Nas considerações finais é possível verificar que o processo de convergência traz desafios e, ao adotar as normas, o padrão de informações contábeis tem-se maior qualidade, aumentando a confiabilidade. Palavras-chave: IFRS, PME, Normas Internacionais de Contabilidade.
ABSTRACT
The economic globalization impact has created the need to introduce accounting models that could standardize financial statements to be understood and used by different users in several parts of the world. The information symmetry lack -- where the same transaction could generate different information, depending on the country of origin -- undermined investors‟ and creditors‟ decisions, as there was nothing standards for decision making. In order to harmonize the International Accounting Practices, in 2000 the International Organization of Securities Commission (IOSCO) recommended that the capital market regulators in each country authorized multinational companies to submit their financial statements according to the International Accounting Standards. The International Accounting Standard Board (IASB) was responsible for the working up of international standards, that is, for the worldwide accepted Accounting Standard that is already in convergence process in more than 100 countries. In Brazil, the Law Amendment nº 6.404/76 led to the Law nº 11.638/07, bringing significant implications to companies required to follow the Law S/A. Among them, the Brazilian Securities Commission (CVM) should issue its norms according to the International Accounting Standards. Consequently, the Brazilian Accounting Standards undergone a gradual process of converging its accounting standards to the International Accounting Standards by means of a process coordinated by the Committee of Accounting Pronouncements (CPC). In 2009, the Technical Pronouncement PME - Accounting for Small and Medium-sized Enterprises - was approved by the CPC. This study aims at contributing to the preparation of small and medium-sized enterprises for meeting the market demands, thus making them more competitive. The objective is to identify the main changes of accounting information aligned with international standards. The study was carried out through a literature review applicable to the International Accounting Standard for Small and Medium-sized Enterprises. The final remarks show that the convergence process brings challenges, as well as that one can have a higher quality and reliability by applying the standard accounting information. Keywords: International Financial Reporting Standards (IFRS), Small and Medium-sized Enterprises (PME), International Accounting Standards.
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 Impactos da Lei nº.11.638/07, quanto às Exigências da Adoção de IFRS..................................................................................................
20
Quadro 2 Enquadramento das Sociedades no CPC........................................ 24
Quadro 3 CPC/IFRS x CPC PME/IFRS PME…………………………………... 24
Quadro 4 Relação das Seções do CPC PME, seus Conteúdos e CPCs Relacionados.....................................................................................
26
Quadro 5 Princípios e Características Qualitativas de Informação em Demonstrações Contábeis...............................................................
29
Quadro 6 Conjunto Completo de Demonstrações Contábeis........................... 31
Quadro 7 Composição do Balanço................................................................... 33
Quadro 8 Ativo, Passivo e seus Subgrupos de acordo com a Lei nº. 6.404/76 35
Quadro 9 Ativo, Passivo e seus Subgrupos de acordo com a Lei n.º 11.638//07..........................................................................................
35
Quadro 10 Ativo, Passivo e seus Subgrupos de acordo com a MP nº. 449/08 36
Quadro 11 Modelo Demonstração do Resultado do Exercício (DRE)................ 40
Quadro 12 Classificação utilizando a Despesa por Natureza............................. 42
Quadro 13 Classificação utilizando a Despesa por Função............................... 42
Quadro 14 Comparação na Apresentação de Uma ou Duas Demonstrações.. 45
Quadro 15 Modelo de Demonstração do Resultado Abrangente (DRA)........... 45
Quadro 16 Modelo de Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido (DMPL)..............................................................................................
48
Quadro 17 Modelo de Demonstração de Lucros ou Prejuízos Acumulados (DLPA)...............................................................................................
50
Quadro 18 Demonstrações Contábeis Obrigatórias........................................... 57
Quadro 19 Cia Exemplo A................................................................................... 69
Quadro 20 Fluxo de Caixa de 2010 da Cia Exemplo A....................................... 70
Quadro 21 Cia Exemplo B................................................................................... 72
Quadro 22 Fluxo de Caixa de 2010 da Cia Exemplo B....................................... 73
Quadro 23 Fluxo de Caixa de 2010 da Cia Exemplo B – Estoques Reclassificados..................................................................................
75
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 Aplicação do IFRS no Mundo........................................................ 22
Figura 2 Integração entre BP, DRE, DLPA.................................................. 50
Figura 3 Exemplo de Nota Explicativa (1)................................................... 58
Figura 4 Exemplo de Nota Explicativa (2)................................................... 59
Figura 5 Relacionamento no Fluxo Financeiro............................................ 63
Figura 6 Classificação dos Fluxos de Caixa................................................ 65
Figura 7 Ciclo Operacional.......................................................................... 66
LISTA DE SIGLAS
ABRASCA Associação Brasileira das Companhias Abertas
AC Ativo Circulante
APIMEC Associação dos Analistas e Profissionais de Investimento do Mercado de Capitais
BACEN Banco Central
BOVESPA Bolsa de Valores de São Paulo
BP Balanço Patrimonial
CPC Comitê de Pronunciamentos Contábeis
CRC Conselho Regional de Contabilidade
CVM Comissão de Valores Mobiliários
DFC Demonstração dos Fluxos de Caixa
DLPA Demonstração de Lucros ou Prejuízos Acumulados
DMPL Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido
DOAR Demonstração das Origens e Aplicações de Recursos
DRA Demonstração do Resultado Abrangente
DRE Demonstração do Resultado do Exercício
FASB Financial Accounting Standards Board (Conselho de Normas Contábeis e Financeiras (EUA)
FIPECAPI Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuarias e Financeiras
GAAP Generally Accepted Accounting Principles (Práticas Contábeis Geralmente Aceitas)
IAS International Accounting Standards (Norma Internacional de Contabilidade)
IASB International Accounting Standards Board (Conselho de Normas Internacionais de Contabilidade)
IASC International Accounting Standards Committee (Comitê de Normas Internacionais de Contabilidade, antecessor do IASB)
IASCF Fundação IASC (entidade-mãe do IASB, atual IFRS Foundation)
IBRACON Instituto dos Auditores Independentes do Brasil
IFRIC IFRS Interpretations Committee (anteriormente denominado International Financial Reporting Interpretations Committee – Comitê de Interpretações de Relatório Financeiro Internacional) e Interpretações emitidas por esse Comitê
IFRS International Financial Reporting Standards (Normas Internacionais de Relatório Financeiro)
IFRSF IFRS Foundation (Fundação IFRS)
IOSCO International Organization of Securities Commissions (Organização Internacional de Comissões de Valores Mobiliários)
MP Medida Provisória
NBC Normas Brasileiras de Contabilidade
ORA Outros Resultados Abrangentes
PC Passivo Circulante
PL Patrimônio Líquido
PMEs Pequenas e Médias Empresas
SAC IFRS Advisory Council (Conselho Consultivo de Normas, órgão consultivo do IASB)
SIC Standing Interpretations Committee (Comitê Permanente de Interpretações do IASC) e Interpretações emitidas por esse Comitê
SMEIG SME Implementation Group (Grupo de Implementação da IFRS para PMEs)
SUSEP Superintendência de Seguros Privados
UGC Unidade Geradora de Caixa
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO................................................................................................... 13
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA……………………………………………………... 19
CAPÍTULO I – IFRS PARA PEQUENAS E MÉDIAS EMPRESAS..................... 19
1.1. Principais Mudanças da Lei nº. 6.404/76...................................................... 19
1.2. Evolução Histórica......................................................................................... 20
1.3. O que É e para Quem É aplicado o IFRS PME............................................ 22
1.4. CPC Completo e CPC PME ......................................................................... 23
1.5. Estrutura do CPC PME................................................................................. 25
1.6. Princípios Gerais........................................................................................... 26
CAPÍTULO II – DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS............................................ 30
2.1. Objetivo das Demonstrações Contábeis....................................................... 31
2.2. Conteúdo e Conceito das Demonstrações Contábeis.................................. 31
2.3. Balanço Patrimonial...................................................................................... 33
2.4. Demonstração do Resultado do Exercício.................................................... 39
2.5. Demonstração do Resultado Abrangente..................................................... 43
2.6. Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido.................................... 46
2.7. Demonstração de Lucros ou Prejuízo Acumulado........................................ 49
2.8. Demonstração do Fluxo de Caixa................................................................. 51
2.9. Notas Explicativas......................................................................................... 54
CAPÍTULO III – ELABORAÇÃO DE FLUXO DE CAIXA PARA PEQUENAS E MEDIAS EMPRESAS..........................................................................................
60
3.1. Importância da Utilização do Fluxo de Caixa na Gestão.............................. 60
3.2. A Distinção entre Lucro e Caixa.................................................................... 61
3.3. Utilização da DFC na Gestão Financeira...................................................... 62
3.4. Classificação dos Fluxos de Caixa................................................................ 64
3.5. Tipos de Fluxos de Caixa.............................................................................. 67
3.6. Exemplo Prático............................................................................................ 68
CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................................................ 79
SUGESTÕES PARA NOVOS ESTUDOS RELACIONADOS…………………… 80
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS................................................................... 81
ANEXOS.............................................................................................................. 84
Anexo I – Termo de Aprovação - Pronunciamento Técnico PME……………… 84
Anexo II – CPC - Pronunciamento Técnico PME…………………………………. 85
13
INTRODUÇÃO
Na contextualização deste tema, enfatiza-se o mercado financeiro que foi
impactado pela globalização dos mercados e das economias. Por sua vez, esse
impacto gerou a necessidade de implantar modelos e princípios contábeis que
fossem compreendidos e utilizados por diferentes usuários em todo o mundo. A
informação contábil se tornou ainda mais importante para decisões de investidores e
para gestão dos administradores.
A globalização tornou irreversível a uniformização da contabilidade em todo
o mundo. Os investidores são atraídos por mercados que conhecem e que confiam.
Segundo Iudícibus (2010, p.36):
O objetivo das demonstrações contábeis é fornecer informações sobre a posição patrimonial e financeira, o desempenho e as mudanças na posição financeira da entidade, que sejam úteis a um grande número de usuários em suas avaliações e tomadas de decisão econômicas.
As Normas Internacionais de Contabilidade (IFRS) buscam a
comparabilidade e a consistência das informações financeiras, pois são baseadas
em princípios, e não em regras. Dessa maneira, para cada caso deve-se ter uma
interpretação aceitável e fundamentada, e não simplesmente uma aplicação de
regras e interpretação idêntica para todos os casos.
Segundo Madeira (2004), a harmonização contábil é um processo pelo qual
vários países de comum acordo, realizam mudanças em seus sistemas e normas
contábeis, tornando-os compatíveis, respeitando as peculiaridades e características
de cada região.
Já para Carvalho, Lemos e Costa (2006, p.15):
A contabilidade internacional surgiu para minorar as agruras de quem quer investir fora de seu país e ate hoje manusear balanços de dezenas de normas contábeis, distintas, tentando compatibilizá-las para comparar.
Visando harmonizar as práticas contábeis internacionais, a International
Organization of Securities Commissions − IOSCO, em 2000, recomendou que os
órgãos reguladores de mercados de capitais em cada país, autorizassem as
14
sociedades multinacionais a apresentarem as suas demonstrações financeiras,
segundo as normas internacionais de contabilidade.
Com base em informações disponibilizadas no “Manual de Técnicas e
Práticas de Aplicação da Lei nº. 11.638/07 nas Pequenas e Médias Empresas”, do
Conselho Regional de Contabilidade do Estado de São Paulo (CRCSP, 2010/2011)
e nas publicações “IFRS para PMEs ao seu alcance” (2011) e “Normas
Internacionais de Contabilidade IFRS” (2009), da Deloitte Touche Tohmatsu, foi
realizada uma breve cronologia sobre as normas internacionais.
Em 2002, a União Europeia determinou que as sociedades europeias, com
ações negociadas em bolsas de valores deveriam apresentar as suas
demonstrações financeiras, de acordo com as normas internacionais de
contabilidade a partir de 2005.
Nos EUA, as normas contábeis aceitas por parte das comissões de valores
mobiliários são as US GAAP, emitidas pelo Financial Accounting Standards Board −
FASB.
No Brasil, paralelamente, a sociedade − representada pelas entidades
contábeis e entre outros usuários das demonstrações financeiras − discutia a
necessidade de modernização da Lei das Sociedades por Ações.
No ano de 2000, foi apresentado à Câmara dos Deputados o projeto de Lei
nº. 3.741, propondo a modernização da Lei nº. 6.404/76, de maneira a acabar com
as barreiras regulatórias existentes e alinhar as normas e práticas contábeis às
internacionais, ou seja, as IFRS. No ano de 2007, o projeto de lei foi aprovado dando
lugar a Lei nº. 11.638/07.
Durantes estes sete anos, de 2000 a 2007, é possível destacar algumas
mudanças significativas no cenário contábil brasileiro:
- Em 2005, foi criado o Comitê de Pronunciamentos Contábeis – CPC, órgão
responsável pela emissão de normas no Brasil, reconhecidas pela comunidade
contábil.
- Entre 2005 e 2006 a Comissão de Valores Mobiliários – CVM editou os
seguintes pronunciamentos contábeis alinhados às normas internacionais: -
apresentação às demonstrações contábeis; - provisões, passivos, contingências
15
passivas e ativas; - eventos subsequentes à data do balanço e práticas contábeis; -
mudanças nas estimativas e correções de erros.
- Em 2006, o Banco Central − BACEN, estabeleceu às instituições
financeiras preparar e divulgar as demonstrações financeiras em IFRS.
- Em 2007, a CVM passou a emitir os pronunciamentos em conjunto com o
CPC.
- Em 2007, a CVM determinou que a partir de 2010, as empresas abertas
deveriam publicar suas demonstrações financeiras conforme as IFRS.
- Em 2007, a Superintendência de Seguros Privados − SUSEP, também
determinou que as entidades reguladas por ela deveriam divulgar suas
demonstrações de acordo com as normas do IASB.
Em dezembro de 2009 foi aprovado pelo CPC o Pronunciamento Técnico
PME – Contabilidade para Pequenas e Médias Empresas. Esse pronunciamento foi
elaborado a partir do The Internacional Financial Reporting Standard for Small and
Médium Sized Entities (IFRS for SMEs) do IASB.
A partir de 2010, no Brasil, a aplicação do CPC PMEs, nas demonstrações
contábeis, passou a ser obrigatória para todas as empresas de médio e pequeno
porte.
Após esta contextualização foram elaboradas algumas questões que
representam o problema de pesquisa.
Para tanto, cabe ressaltar que, segundo Santos, citado por Figueiredo e
Souza (2005), a escolha do problema pode ser, portanto, influenciada por dois
fatores: internos, como dúvida, curiosidade, imaginação, experiência; e fatores
externos, como política institucional ou pressões de realidade que circundam o
pesquisador.
De acordo com a Resolução CFC 1255/09, as pequenas e médias empresas
deverão elaborar suas demonstrações contábeis de acordo com as IFRS PMEs.
16
Neste trabalho tem-se o foco nos CPCs, destinados às PMEs, e, por meio
deles, são apresentadas as questões problematizantes:
a) Por que a implantação das regras para empresas de pequeno e médio
porte trará benefícios para as mesmas?
b) Quais são as vantagens e desvantagens na adoção das IFRS para
PMEs?
c) Quais comparações podem ser feitas, referentes às demonstrações
contábeis anteriores e as novas, aplicadas nas PMEs.
Visando responder a estas questões são delineados os objetivos:
Como objetivo geral esta dissertação visa identificar as principais mudanças
trazidas nas informações contábeis, com a adesão das regras IFRS PMEs, nas
empresas de pequeno e médio porte.
Como objetivos específicos se intenciona:
- Comparar as demonstrações, aplicáveis às PMEs, antes e depois da
alteração da legislação.
- Concluir sobre os benefícios da adoção das IFRS PMEs, para as empresas
de pequeno e médio porte e seus usuários.
Segundo Iudícibus e Marion (2002, p.55):
A informação contábil é utilizada por uma vasta gama de pessoas e entidades com as mais variadas finalidades. Assim, os eventuais compradores de ações ou debêntures da entidade (se for de capital aberto) procuram extrair informações para sua decisão sobre se vale a pena ou não investir na empresa; bancos e emprestadores de dinheiro estão interessados em avaliar se a entidade oferece boas perspectivas de retorno para seus empréstimos e financiamentos; governo, em seus vários níveis, esta interessado na informação contábil como base de imposição fiscal e para estudos macroeconômicos; os empregados da entidade procuram extrair informações sobre a capacidade da entidade de pagar maiores salários e benefícios; macroeconomistas e analistas financeiros estão interessados nas agregações contábeis para extrair agregados
17
financeiros (venda por setor, liquidez etc.), mas ninguém estará tão vitalmente interessado quanto o tomador de decisão interno da entidade.
Com essa consideração este estudo tem como justificativa, buscar as
contribuições que levem as empresas de pequeno e médio porte se preparem para
as exigências do mercado, tornando-se mais competitivas.
A adoção do IFRS permitirá aos empresários, donos de empresas de
pequeno e médio porte, terem a contabilidade como uma ferramenta de gestão e,
além disso, terão suas demonstrações financeiras mais acessíveis e transparentes
para os investidores estrangeiros.
A metodologia deste estudo tem abordagem qualitativa, do tipo de pesquisa
descritiva, que se dá por meio de levantamentos bibliográficos aplicáveis à Norma
Internacional de Contabilidade para Pequenas e Medias Empresas.
A pesquisa com abordagem qualitativa, segundo Godoy (1995, p. 62) “tem o
ambiente natural como uma fonte direta de dados e o pesquisador como um
instrumento fundamental”.
O tipo de pesquisa descritiva, segundo Beuren (2009, p. 81) é um estudo
intermediário entre a pesquisa exploratória e a explicativa, ou seja, não é tão
preliminar, nem muito profundo; significa identificar, elucidar e comparar.
Já a pesquisa bibliográfica, para Cervo e Bervian (2002 p. 65), faz uso de
documentos já publicados para, a partir daí, explicar um problema.
Na concepção de Beuren (2009 p. 87) o material consultado na pesquisa
bibliográfica pode ser feito por meio de qualquer referencial que já é de
conhecimento público em relação àquilo que se pretende estudar, desde
publicações avulsas, boletins, jornais, livros, pesquisas, monografias, dissertações,
teses, entre outros.
Neste trabalho, de forma descritiva, são mostradas as mudanças na adoção
das novas regras, comparando o cenário anterior ao atual.
Na delimitação da pesquisa tem-se que este estudo limita-se a analisar a
aplicação das novas regras para pequenas e medias empresas, de diversos ramos
de atividade.
18
Quanto à estruturação da dissertação, esta está assim organizada.
Na introdução estão caracterizados a contextualização, a identificação do
problema, os objetivos, a justificativa, a metodologia, a delimitação da pesquisa e a
estruturação do trabalho.
No primeiro capitulo, consta a fundamentação teórica, descrevendo o
histórico internacional, brasileiro, suas exigências de reconhecimento, divulgação e
abrangência, além dos conceitos e princípios gerais.
No segundo capítulo, estudam-se as demonstrações contábeis, obrigatórias
para pequenas e medias empresas.
No terceiro capítulo, faz-se a análise na elaboração nos fluxos de caixa para
Pequenas e Médias Empresas.
E, por fim, as considerações finais extraídas do estudo, bem como a
sugestão sobre o tema a serem futuramente estudados, seguidas pelas referências
bibliográficas.
19
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
CAPITULO I – IFRS PARA PEQUENAS E MÉDIAS EMPRESAS
1.1. Principais Mudanças da Lei nº. 6.404/76
A alteração da Lei nº. 6.404/76, dando origem à Lei nº. 11.638/07 trouxe
diversas mudanças, não só para as sociedades anônimas como também para as
entidades limitadas, tributadas pelo lucro real.
Algumas das principais mudanças são:
- As sociedades de grande porte − assim definidas, aquelas que possuem no
exercício anterior, um ativo total igual ou superior a R$ 240 milhões ou receita bruta
anual superior a R$ 300 milhões, ainda que não constituídas sobre a forma de
Sociedades Anônimas de capital aberto − deverão seguir as exigências da Lei
6.404/76 em relação à escrituração e elaboração de demonstrações contábeis e a
obrigatoriedade de auditoria independente.
- As normas expedidas pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM),
deverão ser elaboradas de acordo com os padrões internacionais de contabilidade,
adotadas nos principais mercados de valores imobiliários.
- Alterações nas práticas contábeis de instrumentos financeiros, derivativos,
contratos de arrendamento mercantil, equivalência patrimonial, transformações,
incorporações, fusão e cisão, reavaliação de ativos.
- Substituição da Demonstração das Origens e Aplicações de Recursos
(DOAR), pela obrigatoriedade de apresentação da demonstração do fluxo de caixa.
E, se for sociedade anônima de capital aberto, além da demonstração do fluxo de
caixa deverá apresentar a demonstração do valor adicionado. A demonstração do
valor adicionado destina-se a evidenciar de que forma foi distribuída a riqueza
gerada.
20
- Criação de dois novos grupos de contas. No ativo permanente, a conta de
intangíveis, que são bens que não possuem existência física, porém, representam
uma aplicação de capital indispensável aos objetivos da empresa. Após as
alterações o permanente ficou dividido em investimento, imobilizado, intangível e
ativo diferido. E no patrimônio líquido a conta de reserva de reavaliação deu lugar a
ajustes de avaliação patrimonial.
Adoção do IFRS¹
Adoção das Normas da
CVM
Publicação de DF’s
Auditoria
SA aberta Sim² Sim Sim Sim
SA fechada- Grande Porte Não Opcional Sim Sim
SA fechadas – Outras Não Opcional Sim ³ Não
Ltda – Grande Porte Não Não Não Sim
Ltda – Outras Não Não Não Não
(1) A Lei determina que a CVM a partir de agora deve observar as normas internacionais de contabilidade quando da emissão de instruções ou qualquer orientações.
(2) Demonstrações financeiras consolidadas a partir de 2010 (3) Exceto para as companhias com menos de 20 acionistas e PL inferior a R$ 1 milhão.
Quadro 1 − Impactos da Lei nº.11.638/07, quanto às Exigências da Adoção de IFRS. Fonte: KPMG (2008,p.11)
1.2. Evolução Histórica
O Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC) é responsável por
coordenar o processo de convergência das normas contábeis brasileiras para as
normas internacionais (IASB).
Em 2005, foi criado o CPC, que é composto pelas seguintes entidades:
- ABRASCA – Associação Brasileira das Companhias Abertas.
- APIMEC – Associação dos Analistas e Profissionais de Investimento do
Mercado de Capitais.
21
- FIPECAFI – Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e
Financeiras.
- CFC – Conselho Federal de Contabilidade.
- IBRACON – Instituto dos Auditores Independentes do Brasil e
- BMF&BOVESPA S.A – Bolsa de Valores, Mercadorias e Futuros.
As empresas obrigadas a prestarem contas públicas, devem seguir as
interpretações e orientações do CPC Pleno, que definem as exigências de
reconhecimento, mensuração, apresentação e divulgação para fins de elaboração e
apresentação de demonstrações contábeis.
- Em 2000, o IASC declarou haver carência de uma versão das normas
internacionais de contabilidade especifica para pequenas e medias empresas.
- No ano seguinte, em 2001, o IASB deu inicio a um projeto para
desenvolver padrões contábeis adequados para PMEs.
- Em 2002, o IASB recebeu o apoio dos conselheiros do IFRSF, para
examinar questões ligadas às PMEs.
- Entre os anos de 2003 a 2004, o IASB, desenvolveu, discutiu, estudou e
publicou uma minuta para expor os comentários sobre enfoque do IASB.
- De 2005 a 2008, foram estudas e propostas mudanças a respeito da
minuta em exposição.
- Em 2009, a versão final da IFRS para PMEs foi publicada e entra em vigor
sempre que adotada por um país.
- No ano de 2010 e 2011 – foi aprovado o Termo de Referência e
Procedimentos de Operação do SMEIG (SME Implementation Group (Grupo de
Implementação da IFRS para PMEs)).
22
1.3. O Que É e Para Quem é Aplicado o IFRS PME.
Ao redor do mundo, estima-se que 99% das empresas sejam de pequeno e
médio porte. Na União Europeia existem cerca de 28 milhões de pequenas e médias
empresas; nos Estados Unidos são 20 milhões e no Brasil são 6 milhões.
Figura 1 – Aplicação do IFRS no Mundo Fonte: PWC do Brasil (2010, p.7)
Em virtude desse cenário, foi editado e aprovado em 2009, pelo CPC, o
Pronunciamento Técnico (PME), que foi elaborado a partir do The Internacional
Financial Reporting Standard for Small and Médium Sized Entities (IFRS for SMEs)
do IASB.
Sua aplicação tornou-se obrigatória, a partir de 2010 no Brasil, para todas as
empresas de pequeno e médio porte.
O CPC PME (2009) trata do conjunto completo de princípios e normas
contábeis; é composta por 35 seções e a aplicação dessas normas é muito mais
simples se comparadas ao CPC Pleno.
23
De acordo com o CPC PME (2009), item 1.2, seção 1, p.11:
Pequenas e Medias Empresas são empresas que: (a) não têm obrigação pública de prestação de contas; e (b) elaboram demonstrações contábeis para fins gerais para usuários externos. Exemplo de usuários externos inclui proprietários que não estão envolvidos na administração do negócio, credores existentes e potenciais, e agências de avaliação de crédito.
Segundo o CPC PME (2009), item 1.3, seção 1, p.12:
Uma empresa tem obrigação pública de prestação de contas se: (a) seus instrumentos de dívida ou patrimoniais são negociadas em mercado de ações ou estiverem no processo de emissão de tais instrumentos para negociação em mercado aberto (em bolsa de valores nacional ou estrangeira ou em mercado de balcão, incluindo mercados locais ou regionais); ou (b) possuir ativos em condição fiduciária perante um grupo amplo de terceiros como um de seus principais negócios. Esse é o caso típico de bancos, cooperativas de crédito, companhias de seguro, corretoras de seguro, fundos mútuos e bancos de investimentos.
Esclarece, ainda o CPC PME (2009):
Portanto, no Brasil as sociedades por ações fechadas (sem negociação de suas ações ou outros instrumentos patrimoniais ou de divida no mercado e que não possuam ativos em condição fiduciária perante um amplo grupo de terceiros), mesmo que obrigadas à publicação de suas demonstrações contábeis, são tidas, para fins deste Pronunciamento, como pequenas e medias empresas, desde que não enquadradas pela Lei n. 11.638/07 como sociedades de grande porte, também são tidas, para fins desta Norma, como pequenas e medias empresas.
1.4. CPC Completo e CPC PME
Os quadros que seguem mostram tanto o enquadramento dos CPCs, como
a diferença entre os CPCs Completo e PME.
24
CPCs CPC – PME
Empresas com obrigação de prestação pública de contas
Empresas sem obrigação de prestação pública de contas e apresentam demonstrações contábeis para fins gerais para usuários externos
Exemplos:
- sociedades por ações abertas – listadas em bolsa
- limitadas e demais sociedades enquadradas como “grande porte” pela Lei nº.11.638/07
-instituições financeiras*
-seguradoras*
*sujeitos a atos de homologação/aprovação do regulador
Exemplos:
- limitadas e demais sociedades não enquadradas como sociedades de grande porte pela Lei nº.11.638/07*
- estimamos que mais de 6 milhões de empresas no Brasil serão elegíveis para CPC-PME.
*inclusive sociedades por ações fechadas sem negociação no mercado, mesmo que obrigadas à publicação de suas demonstrações contábeis.
Quadro 2 − Enquadramento das Sociedades nos CPCs Fonte: Deloitte Touche Tomatsu (2011, p.5)
CPC IFRS CPC PME/IFRS PME
Base Ambos baseados nos mesmos conceitos de IFRS
Número de Normas 50+ 1
Paginas 3.000+ 230
Itens de Divulgação 3.000+ 300
Atualização Anual 3 em 3 anos
Tópicos Eliminados (aplicáveis especialmente a empresas de grande porte)
N/A
- lucro por ação
-demonstração contábil intermediaria
-informação por segmento
-seguro
-contabilização especifica para ativos mantidos para venda
Simplificações N/A -opções simplificadas
-princípios de reconhecimento e mensuração simplificadas
Quadro 3 − CPC/IFRS x CPC PME/IFRS PME Fonte: Deloitte Touche Tomatsu (2011, p.24)
25
1.5. Estrutura do CPC PME
O CPC PME está estruturado em 35 seções e o quadro 4 demonstra a
relação com o CPC específico.
Seção Assunto CPC ¹ Diverge ²
1 Pequenas e médias empresas - -
2 Conceitos e princípios gerais CPC 00 Não
3 Apresentação das demonstrações contábeis
CPC 26 Não
4 Balanço patrimonial CPC 26 Não
5 Dem. do resultado e do resultado abrangente
CPC 26 Sim
6 DMPL e Dem. de lucros ou prejuízos acumulados
CPC 26 Sim
7 Demonstração dos fluxos de caixa CPC 03 (R1) Não
8 Notas explicativas às demonstrações contábeis
CPC 26 Não
9 Demonstrações consolidadas e separadas
CPC 36 e 35 Sim
10 Políticas contábeis, mudança de estimativa e retificação de erro
CPC 23 Não
11 Instrumentos financeiros básicos CPC 38 a 40 Sim
12 Outros tópicos sobre instrumentos financeiros
CPC 38 a 40 Sim
13 Estoques CPC 16 (R1) Não
14 Investimentos em controlada e em coligada
CPC 18 Sim
15 Investimentos em empreendimento controlado em conjunto
CPC 19 Sim
16 Propriedade para investimento CPC 28 Não
17 Ativo imobilizado CPC 27 Não
18 Ativo intangível exceto goodwill CPC 4 Sim
19 Combinação de negócios e goodwill CPC 15 Sim
20 Operações de arrendamento mercantil CPC 6 Não
21 Provisões, passivos e ativos contingentes CPC 25 Não
22 Passivo e patrimônio líquido CPC 39 Não
23 Receitas (e contratos de construção) CPC 30 e 17 Não
24 Subvenção governamental CPC 7 Não
25 Custos de empréstimos CPC 20 Sim
26 Pagamento baseado em ações CPC 10 Não
26
Seção Assunto CPC ¹ Diverge ²
27 Redução ao valor recuperável de ativos CPC 01 e 31 Não
28 Benefícios a empregados CPC 33 Sim
29 Tributos sobre lucros CPC 32 Não
30 Efeitos das mudanças nas taxas de cambio e conversão de demonstrações
contábeis
CPC 02 (R1) Sim
31 Hiperinflação - -
32 Evento subsequente CPC 24 Não
33 Divulgação sobre partes relacionadas CPC 5 Não
34 Atividades especializadas (Ativos biológicos, atividade de extração e
concessão)
CPC 29 e 34 Não
35 Adoção inicial deste pronunciamento - -
(1) Indicação do Pronunciamento do CPC que trata do assunto indicado. (2) Indicação da existência de divergências significativas em relação ao CPC que trata do assunto
em razão das simplificações permitidas pela seção do CPC PME.
Quadro 4 − Relação das Seções do CPC PME, seus Conteúdos e CPCs Relacionados
Fonte: Manual de Técnicas e Praticas de Aplicação da Lei n.º 11.638/07 nas Pequenas e Medias Empresas (CRCSP, 2010/2011).
No quadro 4, nos casos em que aparece a expressão “Não”, significa que o
CPC correspondente não diverge do CPC PME, mas vale lembrar que neste a
redação é mais resumida.
Para os casos em aparece a expressão “Sim”, significa que o CPC
correspondente diverge do CPC PME, ou seja, os procedimentos contábeis se
apresentam de forma simplificada.
1.6. Princípios Gerais
As normas internacionais de contabilidade emitidas pelo IASB estão sendo
implementadas no Brasil pelo CPC e pelos órgãos reguladores brasileiros,
principalmente pela CVM e pelo CFC.
Segundo Iudicibus (2010, p. 21) as características básicas são:
27
a) „são baseadas muito mas em princípios do que em regras‟. A utilização de princípios, ao invés da aplicação das regras prontas, fará com que o contador desenvolva o julgamento e analise as situações.
b) „são baseadas na prevalência da essência sobre a forma‟. A questão aqui é conhecer o que será contabilizado, de maneira que o registro demonstre a essência econômica dos fatos em questão.
c) „são muito mais importantes os conceitos de controle, de obtenção de benefícios e de incorrência em riscos do que a propriedade jurídica para registro de ativos, passivos, receitas e despesas‟. Conforme alteração da lei 11.638/07, onde prevalece a figura da transferência de controle, dos riscos e dos benefícios, e não da titularidade jurídica.
d) „a contabilidade passa a ser de toda a empresa, não só do contador‟. A influência de outros membros da entidade, no processo, torna-se necessária para gestão do negócio.
De acordo com a seção 2 do CPC PME (2009), p.13:
O objetivo das demonstrações contábeis de pequenas e medias empresas é oferecer informação sobre a posição financeira (balanço patrimonial), o desempenho (resultado e resultado abrangente) e fluxos de caixa da entidade, que é útil para tomada de decisão por vasta gama de usuários que não está em posição de exigir relatórios feitos sob medida para atender suas necessidades particulares de informação.
As características qualitativas, das informações em demonstrações
contábeis, estão elencadas na seção 2, do CPC PME (2009).
Regime de Competência – apropriação das receitas e das despesas, com suas
mutações nos ativos e passivos e, consequentemente, no patrimônio líquido, com
fundamento nos momentos em que seus fatos gerados contábeis ocorrem, e não
apenas quando de seus reflexos no caixa. A entidade deve elaborar suas DCs,
exceto informações do DFC, usando o regime de competência.
Principio da Continuidade – ao elaborar as demonstrações, a administração deve
fazer uma avaliação da capacidade da entidade continuar em operação em futuro
previsível. Na incerteza essa informação deve ser divulgada.
28
Compreensibilidade – informações compreensíveis por usuários que tenham
conhecimento razoável do negócio e de atividades econômicas e contabilidade. A
necessidade por compreensibilidade não permite que informações relevantes sejam
omitidas com a justificativa que possam ser de entendimento difícil para alguns usuários.
Relevância – a informação fornecida em DCs deve ser relevante para as necessidades de
decisão dos usuários.
Materialidade – a informação é material e, portanto tem relevância, se sua omissão ou erro
puder influenciar nas decisões econômicas de usuários, tomadas com base nas DCs. É
inapropriado fazer, ou deixar sem corrigir, desvios insignificantes das práticas contábeis,
para se atingir determinada apresentação da posição patrimonial e financeira (BP) da
entidade, seu desempenho (DRE) ou fluxo de caixa.
Confiabilidade – as DCs devem ser confiáveis. É confiável quando está livre de desvio
substancial e viés, e representa adequadamente aquilo que tem a pretensão de representar
ou seria razoável de se esperar que representasse.
Primazia da essência sobre a forma – transações e outros eventos e condições devem
ser contabilizados e apresentados de acordo com sua essência e não meramente sob sua
forma legal. Isso aumenta a confiabilidade das DCs.
Prudência – as incertezas que inevitavelmente cercam eventos e circunstâncias são
reconhecidas pela divulgação de sua natureza e extensão e pelo exercício da prudência na
elaboração das DCs. Prudência é a inclusão de certo grau de precaução no exercício dos
julgamentos necessários às estimativas exigidas de acordo com as condições de incerteza,
no sentido de que ativos ou receitas não sejam superestimadas e que passivos ou despesas
não sejam subestimados. Entretanto, o exercício da prudência não permite subvalorizar
deliberadamente ativos ou receitas, ou superavaliação deliberada de passivos ou despesas,
ou seja, a prudência não permite viés.
Integridade – para ser confiável, a informação constante das DCs deve ser completa dentro
dos limites da materialidade e custo. Uma omissão pode tornar a informação falsa ou torná-
la enganosa e, portanto, não confiável e deficiente em termos de sua relevância.
Comparabilidade - os usuários devem ser capazes de comparar as DCs ao longo do
tempo, a fim de identificar tendências em sua posição patrimonial e financeira e no seu
desempenho.
29
Quadro 5 − Princípios e Características Qualitativas de Informação em Demonstrações
Contábeis Fonte: Adaptado do Manual de Técnicas e Praticas de Aplicação da Lei n.º 11.638/07 nas Pequenas
e Medias Empresas (CRCSP, 2010/2011, p.20).
Limitações
Tempestividade – envolve oferecer a informação dentro do tempo de execução
da decisão. Se houver atraso injustificado na divulgação da informação, ela pode
perder sua relevância. Os relatórios devem ser elaborados em época oportuna,
com a necessidade de oferecer informações confiáveis.
Equilíbrio entre custo e beneficio – os benefícios derivados da informação
devem oferecer o custo de produzi-la. A avaliação dos custos e benefícios é, em
essência, um processo de julgamento.
30
CAPITULO II − DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS
As demonstrações contábeis devem ser preparadas e apresentadas de
acordo com as normas regulamentares dos órgãos normativos, pois elas atingem
diversos usuários, com finalidades diferentes. Os usuários podem tanto internos,
como os sócios e administradores, quanto externos, como os governos, órgãos
reguladores ou autoridades fiscais, por exemplo, ambos utilizam-se das informações
para atender seus próprios fins.
As demonstrações contábeis geradas de acordo com as NBC‟s têm como
objetivo fornecer informações que podem ser utilizadas para tomada de decisões por
seus usuários em geral, e não tem o propósito de atender uma finalidade especifica
de determinado grupo, em especial o fisco. Elas são preparadas e apresentadas, no
mínimo, anualmente e objetivam atender o maior número de usuários.
De acordo com Iudicibus, (2010, p. 02):
Dessa forma, a contabilização efetiva e oficial ficaria inteiramente desvinculada da legislação do Imposto de Renda e outras, o que representa, sem dúvida, um avanço considerável. Isto não significa que a Contabilidade oficial deva ser inteiramente diferente dos critérios fiscais, já que quanto mais próximos os critérios fiscais dos contábeis tanto melhor. Todavia, essa disposição foi incluída na Lei das Sociedades por Ações com o objetivo de permitir a elaboração das demonstrações contábeis corretas, sem prejuízo da elaboração de declaração do Imposto de Renda, usufruindo-se de todos os seus benefícios e incentivos e, ao mesmo tempo, respeitando-se todos os seus limites.
Na concepção do Instituto dos Auditores Independentes do Brasil −
IBRACON (NPC 27, 2005):
As demonstrações contábeis são uma representação monetária estruturada da posição patrimonial e financeira em determinada data e das transações realizadas por uma entidade no período findo nessa data. O objetivo das demonstrações contábeis de uso geral é fornecer informações sobre a posição patrimonial e financeira, o resultado e o fluxo financeiro de uma entidade, que são úteis para uma ampla variedade de usuários na tomada de decisões. As demonstrações contábeis também mostram os resultados do gerenciamento, pela Administração, dos recursos que lhe são confiados.
31
Tais informações, juntamente com outras constantes das notas explicativas
às demonstrações contábeis, auxiliam os usuários a estimar os resultados futuros e
os fluxos financeiros futuros da entidade.
2.1. Objetivo das Demonstrações Contábeis
As demonstrações contábeis têm como objetivo fornecer informações sobre
a posição patrimonial e financeira, o desempenho e as mudanças na posição
financeira da entidade, de modo a serem úteis a um grande número de usuários em
suas tomadas de decisões.
Os resultados da atuação da administração na entidade e sua capacitação
na prestação de contas são objetivos apresentados nas demonstrações contábeis.
Com essas informações o usuário tem condições de tomar decisões econômicas;
comprar, manter ou vender ações; avaliar o desempenho da administração;
substituir ou reeleger a administração; avaliar a capacidade de pagar suas contas;
avaliar a segurança quanto à recuperação de recursos financeiros; determinar
políticas tributárias; determinar a distribuição de lucros e dividendos, por exemplo.
2.2. Conteúdo e Conceito das Demonstrações Contábeis
Quadro 6 − Conjunto Completo de Demonstrações Contábeis
Fonte: Grecco (2012)
Balanço Patrimonial
DRE / DRA
DFC / DMPL / DLPA
Informações sobre Posição
Financeira
Informações sobre
Desempenho
Informações sobre mudanças
na Posição Financeira
Notas Explicativas: compreendendo o resumo das políticas contábeis significativas e outras informações explanatórias
32
De acordo com o CPC PME (2009), seção 3, 3.17, p.26:
O conjunto completo de demonstrações contábeis da entidade deve incluir todas as seguintes demonstrações:
(a) balanço patrimonial no final do período;
(b) demonstrações do resultado do período de divulgação;
(c) demonstrações do resultado abrangente do período de divulgação. A demonstração do resultado abrangente pode ser apresentada em quadro demonstrativo próprio ou dentro das mutações do patrimônio líquido. A demonstração do resultado abrangente, quando apresentada separadamente, começa com o resultado abrangente do período e se completa com os itens dos outros resultados abrangentes;
(d) demonstração das mutações do patrimônio líquido para o período de divulgação;
(e) demonstração dos fluxos de caixa para o período de divulgação;
(f) notas explicativas, compreendendo o resumo das políticas contábeis significativas e outras informações explanatórias.
As demonstrações contábeis devem representar, apropriadamente, a
posição patrimonial e financeira (balanço patrimonial), o desempenho (demonstração
do resultado abrangente) e os fluxos de caixa da entidade, bem como a
apresentação adequada e condições de acordo com as definições legais e critérios
de reconhecimento para ativos, passivos, receitas e despesas.
Como já exposto anteriormente, a administração deve fazer a avaliação da
capacidade da entidade continuar em operação em futuro previsível.
De acordo com o CPC PME (2009), seção 3, 3.8, p.24:
A entidade esta em continuidade a menos que a administração tenha intenção de liquidá-la ou cessar seus negócios, ou ainda não possua alternativa realista senão a descontinuação de suas atividades. Ao avaliar se o pressuposto de continuidade é apropriado, a administração deve levar em consideração toda a informação disponível sobre o futuro, que é o período mínimo, mas não limitada, de doze meses a partir da data de divulgação das demonstrações contábeis.
O conjunto de demonstrações contábeis, inclusive com informação
comparativa, deve ser apresentado, pelo menos, anualmente. As informações que
forem relevantes para compreensão das demonstrações contábeis devem ser
apresentadas de forma comparativa, descritiva e detalhadas.
33
2.3. Balanço Patrimonial (BP)
O balanço patrimonial apresenta a posição financeira e patrimonial da
empresa em determinado momento.
Conforme o art.178, da Lei nº 6.404/76:
No balanço, as contas são classificadas segundo os elementos do patrimônio que registrem e agrupadas de modo a facilitar o conhecimento e a análise da situação financeira da companhia.
Balanço Patrimonial
Ativo Passivo
Patrimônio Líquido
Quadro 7 − Composição do Balanço Fonte: FIPECAFI (2010, p.2)
De acordo com o quadro 7 é possível afirmar que:
Ativo – compreende os recursos controlados por uma entidade, e dos quais
se esperam benefícios econômicos futuros.
Passivo – compreende as exigibilidades e as obrigações.
Patrimônio Líquido – representa a diferença entre ativo e passivo, ou seja, o
valor líquido da empresa.
Segundo Iudícibus (2010, p.2):
É importante, que as contas sejam classificadas no balanço de forma ordenada e uniforme, para permitir aos usuários uma adequada análise e interpretação da situação patrimonial e financeira. Visando atender a esse objetivo, a Lei nº. 6404/76, por meio dos arts. 178 e 182 definiu como deve ser a disposição de tais contas, seguindo, para Ativo, a classificação em ordem decrescente de grau de liquidez e, para o Passivo, em ordem decrescente de prioridade de pagamento das exigibilidades.
34
Conforme CPC PME (2009), seção 4, 4.2, p.28:
O balanço patrimonial deve incluir, no mínimo, as seguintes contas que apresentam valores: a) caixa e equivalentes de caixa;
b) contas a receber e outros recebíveis;
c) ativos financeiros (exceto os mencionados nos itens (a), (b), (j) e (k));
d) estoques;
e) ativo imobilizado;
f) propriedade para investimento, mensurada pelo valor justo por meio do resultado;
g) ativos intangíveis;
h) ativos biológicos, mensurados pelo custo menos depreciação acumulada e perdas por desvalorização;
i) ativos biológicos, mensurados pelo valor justo por meio do resultado;
j) investimentos em coligadas. No caso do balanço individual ou separado, também os investimentos em controladas;
k) investimentos em empreendimentos controlados em conjunto;
l) fornecedores e outras contas a pagar;
m) passivos financeiros (exceto os mencionados nos itens (l) e (p));
n) passivos e ativos relativos a tributos correntes;
o) tributos diferidos ativos e passivos (devem sempre ser classificados como não circulantes);
p) provisões;
q) participação de não controladores, apresentada no grupo do patrimônio líquido, mas separadamente do patrimônio líquido atribuído aos proprietários da entidade controladora;
r) patrimônio líquido pertencente aos proprietários da entidade controladora.
A entidade deve apresentar contas adicionais, cabeçalhos e subtotais no
balanço patrimonial, sempre que forem relevantes para o entendimento da posição
patrimonial e financeira.
A estrutura do balanço patrimonial, antes de sofrer as alterações com fins
específicos de ajustar a contabilidade das empresas às normas internacionais de
contabilidade, era como mostra o quadro 8.
35
Ativo Passivo
Circulante (normalmente até 365 dias) Realizável a Longo Prazo (normalmente após 365 dias) Permanente Investimentos Imobilizado Diferido
Circulante (normalmente até 365 dias) Exigível a Longo Prazo (normalmente após 365 dias) Resultado de Exercícios Futuros
Patrimônio Líquido Capital Lucros Acumulados
Quadro 8 − Ativo, Passivo e seus Subgrupos de acordo com a Lei nº. 6.404/76 Fonte: Adaptado de Marion (2005, p.68).
Com as alterações trazidas pela Lei n.º 11.638/07 e para atender as normas
internacionais, a estrutura do balanço patrimonial ficou como mostra o quadro 9.
Ativo Passivo
Ativo Circulante Ativo Realizável a Longo Prazo Ativo Permanente Investimentos Imobilizado Intangível Diferido
Circulante Exigível a Longo Prazo Resultado de Exercícios Futuros
Patrimônio Líquido Capital Social Reservas de Capital Ajustes de Avaliação Patrimonial Reservas de Lucros Ações em Tesouraria Prejuízos Acumulados
Quadro 9 − Ativo, Passivo e seus Subgrupos de acordo com a Lei nº. 11.638/07. Balanço Patrimonial
Fonte: Elaborado pela Autora
36
Devido ao tempo decorrido e à adesão da União Europeia, a lei contemplou
novas alterações às normas internacionais, por meio da MP n.º 449/08 e com as
novas normas emitidas pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM), pelo Conselho
Federal de Contabilidade (CFC), Superintendência de Seguros Privados (SUSEP) e
Banco Central (BACEN) e ficou como mostra o quadro 10.
Ativo Passivo
Ativo Circulante
- Disponibilidade.
- Direitos realizáveis no curso.
- Estoques (venda, produção, consumo,
etc.).
- Aplicações em despesas antecipadas.
Ativo Não Circulante
Realizável a Longo Prazo
- Direitos realizáveis após o exercício
seguinte.
- Créditos com pessoas ligadas.
Investimentos
- Participações permanentes em outras
sociedades.
- Direitos de qualquer natureza não
classificáveis no Ativo Circulante (AC) e
que também não se destinam à
manutenção da atividade da empresa
Imobilizado
Intangível
Passivo Circulante
- Obrigações.
- Financiamento.
- Outras obrigações.
Passivo Não Circulante
Exigível a Longo Prazo.
- Obrigações.
- Financiamentos.
Patrimônio Líquido
Capital Social.
Reservas de Capital.
Ajustes de Avaliação Patrimonial.
Reservas de Lucros.
Ações em Tesouraria.
Prejuízos Acumulados.
Quadro 10 − Ativo, Passivo e seus Subgrupos de acordo com a Medida Provisória nº. 449/08. Balanço Patrimonial
Fonte: Adaptado da Palestra “Contabilidade para PMEs, com base no IFRS”. SESCON (2010) Elaborada pela Autora
37
De acordo com o CPC PME (2009), seção 4, 4,5, p.29, a classificação
do Ativo e Passivo em Circulante e Não Circulante acontece da seguinte maneira:
A entidade deve classificar um ativo como circulante quando: a) espera realizar o ativo, ou pretende vendê-lo ou consumi-lo durante o ciclo operacional normal;
b) o ativo for mantido essencialmente com a finalidade de negociação;
c) espera realizar o ativo no período de até doze meses após a data das demonstrações contábeis; ou
d) o ativo for caixa ou equivalente de caixa, a menos que sua troca ou uso para liquidação de passivo seja restrita durante pelo menos doze meses após a data das demonstrações contábeis.
Todos os outros ativos deverão ser classificados como não circulantes.
Quando o ciclo operacional normal da entidade não for claramente identificável,
presume-se que sua duração seja de doze meses.
Ainda de acordo com o CPC PME (2009), seção 4, 4,7 p29:
A entidade deve classificar um passivo como circulante quando: a) espera liquidar o passivo durante o ciclo operacional normal; b) o passivo for mantido essencialmente para a finalidade de negociação;
c) o passivo for exigível no período de até doze meses após a data das demonstrações contábeis; ou
d) a entidade não tiver direito incondicional de diferir a liquidação do passivo durante pelo menos doze meses após a data de divulgação.
Todos os outros passivos deverão ser classificados como não circulantes.
A entidade deve apresentar ativos circulantes e não circulantes, bem como
passivos circulantes e não circulantes, como grupos de contas separados no
balanço patrimonial, de acordo com a previsão supracitada, exceto quando uma
apresentação baseada na liquidez proporcionar informação confiável e relevante.
Quando essa exceção se aplicar, todos os ativos e passivos devem ser
apresentados por ordem de liquidez (ascendente ou descendente), obedecida a
legislação vigente.
38
Informação esta a ser apresentada no Balanço Patrimonial ou em Notas
Explicativas
De acordo com o CPC PME (2009), seção 4, 4.11, p.30:
A entidade deve divulgar no balanço patrimonial ou nas notas explicativas, obedecida a legislação vigente, as seguintes subclassificações de contas:
a) ativo imobilizado, nas classificações apropriadas para a entidade;
b) contas a receber e outros recebíveis, demonstrando separadamente os valores relativos a partes relacionadas, valores devidos por outras partes, e recebíveis gerados por receitas contabilizadas pela competência, mas ainda não faturadas;
c) estoques, demonstrando separadamente os valores de estoques:
I) mantidos para venda no curso normal dos negócios;
II) que se encontram no processo produtivo para posterior venda;
III) na forma de materiais ou bens de consumo que serão consumidos no processo produtivo ou na prestação de serviços;
d) fornecedores e outras contas a pagar, demonstrando separadamente os valores a pagar para fornecedores, valores a pagar a partes relacionadas, receita diferida, e encargos incorridos;
e) provisões para benefícios a empregados e outras provisões;
f) grupos do patrimônio líquido, como por exemplo, prêmio na emissão de ações, reservas, lucros ou prejuízos acumulados e outros itens que, conforme exigido por esta norma, são reconhecidos como resultado abrangente e apresentados separadamente no patrimônio líquido.
A entidade que tenha seu capital representado por ações deve divulgá-lo, no
balanço patrimonial ou nas notas explicativas.
A entidade que não tenha o capital representado por ações, tal como uma
sociedade de responsabilidade limitada ou um “truste”, deve divulgar informação
equivalente à exigida, evidenciando as alterações durante o período, em cada
categoria do patrimônio líquido, e os direitos, preferências e restrições associadas
com cada uma dessas categorias.
Isto se, na data de divulgação, a entidade tiver contrato de venda firme para
alienação de ativos, ou grupo de ativos e passivos relevantes.
39
2.4. Demonstrações do Resultado do Exercício (DRE)
O objetivo das Demonstrações do Resultado do Exercício (DRE) é
apresentar, de forma resumida, o resultado apurado, decorrente do conjunto de
operações realizadas num determinado período.
A obrigação da apresentação do demonstrativo do resultado do exercício e a
do resultado abrangente se deu através do Pronunciamento Técnico CPC 26.
Dessa maneira, a entidade deve apresentar todos os resultados que
envolveram as despesas e receitas realizadas no período. Para as demais variações
do patrimônio líquido, tais como reservas de avaliação, ajustes nos instrumentos
financeiros, variações cambiais, por exemplo, que poderão transitar no futuro no
resultado do período, estas serão apresentadas como outros resultados
abrangentes, dentro da demonstração do valor abrangente.
São aqui elencadas as informações que deverão ser apresentadas na DRE:
- Receitas.
- Custo dos produtos, das mercadorias ou dos serviços vendidos.
- Lucro bruto.
- Despesas com vendas, gerais, administrativas e outras despesas
operacionais.
- Parcela do resultado de investimentos em coligadas.
- Resultado antes das receitas e despesas financeiras.
- Despesas e receitas financeiras.
- Resultado antes dos tributos sobre o lucro.
- Despesas com tributos sobre o lucro.
- Resultado líquido das operações continuadas.
- Resultado líquido após tributos das operações descontinuadas.
- Resultado decorrente da mensuração ao valor justo.
- Resultado líquido do período.
40
RECEITA OPERACIONAL BRUTA Vendas de Produtos Vendas de Mercadorias Prestação de Serviços (-) DEDUÇÕES DA RECEITA BRUTA Devoluções de Vendas Abatimentos Impostos e Contribuições Incidentes sobre Vendas = RECEITA OPERACIONAL LÍQUIDA (-) CUSTOS DAS VENDAS Custo dos Produtos Vendidos Custo das Mercadorias Custo dos Serviços Prestados = RESULTADO OPERACIONAL BRUTO (-) DESPESAS OPERACIONAIS Despesas Com Vendas Despesas Administrativas (-) DESPESAS FINANCEIRAS LÍQUIDAS Despesas Financeiras (-) Receitas Financeiras Variações Monetárias e Cambiais Passivas (-) Variações Monetárias e Cambiais Ativas OUTRAS RECEITAS E DESPESAS
Resultado da Equivalência Patrimonial Venda de Bens e Direitos do Ativo Não Circulante (-) Custo da Venda de Bens e Direitos do Ativo Não Circulante
= RESULTADO OPERACIONAL ANTES DO IMPOSTO DE RENDA E DA CONTRIBUIÇÃO SOCIAL E SOBRE O LUCRO (-) Provisão para Imposto de Renda e Contribuição Social Sobre o Lucro = LUCRO LÍQUIDO ANTES DAS PARTICIPAÇÕES (-) Debêntures, Empregados, Participações de Administradores, Partes Beneficiárias, Fundos de Assistência e Previdência para Empregados (=) RESULTADO LÍQUIDO DO EXERCÍCIO
Quadro 11 – Modelo de Demonstração do Resultado do Exercício (DRE)
Fonte: Portal da Contabilidade (2012)
41
De acordo com Iudicibus, (2010, p. 4), além da forma de apresentação das
demonstrações do resultado do período e resultado abrangente, devemos atentar
para a clara definição de lucro:
A lei define com clareza, por meio da demonstração do Resultado do Exercício, o conceito de lucro líquido, estabelecendo os critérios de classificação de certas despesas... o lucro ou prejuízo apurado nessa demonstração é o que se pode chamar de lucro dos acionistas, pois, além dos itens normais, já se deduzem como despesas o Imposto de renda e as participações sobre os lucros a outros que não os acionistas, de forma que o lucro líquido demonstrado é o valor final a ser adicionado ao patrimônio líquido da empresa que, em última análise, pertence aos acionistas, ou é distribuído como dividendo.
Outro detalhe importante, a ser observado na apresentação da DRE, é o
regime de competência, no qual as receitas e despesas são apropriadas em função
de sua incorrência e vinculação da despesa à receita.
O CPC PME (2009), seção 5, 5.11, p.34, aponta duas possibilidades para
análise da despesa:
(a) análise de despesa por natureza: de acordo com esse método de classificação, as despesas são agregadas na demonstração do resultado de acordo com sua natureza (por exemplo, depreciações, compras de materiais, despesa com transporte, beneficio a empregados e despesa com publicidade), e não são realocadas entre as várias funções dentro da entidade. (b) análise de despesas por função: de acordo com esse método de classificação, as despesas são agregadas de acordo com sua função, com parte do custo dos produtos e serviços vendidos, por exemplo, das despesas de distribuição ou das atividades administrativas. No mínimo, a entidade divulga seu custo dos produtos ou serviços vendidos, de acordo com esse método, separadamente de outras despesas.
42
Receitas X
Outras receitas X
Variação do estoque de produtos acabados
e em elaboração
X
Consumo de matérias-primas e materiais X
Despesa com benefícios a empregados X
Depreciação e amortizações X
Outras despesas X
Total da despesa (X)
Resultado antes dos tributos X
Quadro 12 − Classificação utilizando a Despesa por Natureza
Fonte: Adaptado da NBC TG 26 item 102.
Receitas X
Custo dos produtos e serviços vendidos (X)
Lucro bruto X
Outras Receitas X
Despesas de vendas (X)
Despesas administrativas (X)
Outras despesas (X)
Resultado antes dos tributos X
Quadro 13 − Classificação utilizando a Despesa por Função Fonte: Adaptado da NBC TG 26 item 102.
43
A entidade deve escolher um dos dois tipos de análise para DRE, de
maneira que o escolhido traga informações confiáveis e relevantes. A lei brasileira
exige a classificação pela função.
2.5. Demonstrações do Resultado Abrangente (DRA)
A Demonstração do Resultado Abrangente deve, no mínimo, incluir as
seguintes rubricas:
a) Resultado líquido do período.
b) Cada item dos outros resultados abrangentes classificados conforme sua
natureza (exceto montantes relativos ao item c.).
c) Parcela dos outros resultados abrangentes de empresas investidas
reconhecida por meio do método de equivalência patrimonial.
d) Resultado abrangente do período.
Outros resultados abrangentes compreendem itens de receita e despesa
(incluindo ajustes de reclassificação), que não são reconhecidos na demonstração
do resultado como requerido ou permitido pelas normas, interpretações e
comunicados técnicos emitidos pelo CFC.
Os componentes dos outros resultados abrangentes incluem:
a) Variações na reserva de reavaliação quando permitidas legalmente (ver a
NBC TG 27 – Ativo Imobilizado e a NBC TG 04 – Ativo Intangível).
b) Ganhos e perdas atuariais em planos de pensão com benefício definido e
reconhecido conforme item 93A da NBC TG 33 – Benefícios a Empregados.
c) Ganhos e perdas derivados de conversão de demonstrações contábeis de
operações no exterior (ver a NBC TG 02 – Efeitos das Mudanças nas Taxas de
Câmbio e Conversão de Demonstrações Contábeis).
44
d) Ajuste de avaliação patrimonial relativo aos ganhos e perdas na
remensuração de ativos financeiros disponíveis para venda (ver a NBC TG 38 –
Instrumentos Financeiros: Reconhecimento e Mensuração).
e) Ajuste de avaliação patrimonial relativo à efetiva parcela de ganhos ou
perdas de instrumentos de hedge em hedge de fluxo de caixa (ver também a NBC
TG 38 – Instrumentos Financeiros: Reconhecimento e Mensuração).
f) Efeitos de correção de erros e mudanças de políticas contábeis.
g) Resultado abrangente total do período, atribuível à participação de
acionistas ou sócios não controladores e aos proprietários de entidade controladora.
Segundo Iudicibus (2010, p. 4):
Resultado abrangente é a mutação que ocorre no patrimônio líquido durante um período que resulta de transações e outros eventos que não derivados de transações com os sócios na sua qualidade de proprietários, ou seja, é o resultado do exercício acrescido de ganhos ou perdas que eram reconhecidos direta e temporariamente na Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido.
De acordo com a seção 3, CPC PME (2009), pode ser apresentada apenas
uma demonstração de resultados (sem demonstração do resultado abrangente) se
não houver itens de Outros Resultados Abrangentes (ORA).
Os únicos itens de ORA no IFRS para PMEs são:
- Alguns ganhos e perdas de variação cambial.
- Algumas alterações no valor justo de hedging.
- Alguns ganhos e perdas atuariais.
45
Quadro 14 − Comparação na Apresentação de Uma ou Duas Demonstrações Fonte: Adaptado de Resende (2012)
Resultado Líquido do Período
(+/-) Outros Resultados Abrangentes
Variação de Reserva de Reavaliação (Quando existir)
Ganhos/Perdas em Planos de Previdência Complementar ou Conversão das
Demonstrações Contábeis p/ Exterior
Ajuste de Avaliação Patrimonial
(+/-) Resultados Abrangentes de Empresas Investidas (quando reconhecidas pela
Equivalência Patrimonial)
(=) Resultado Abrangente do Período
Quadro 15 – Modelo de Demonstração do Resultado Abrangente (DRA) Fonte: Adaptado da NBC TG 26
Demonstração do Resultado Abrangente – Única
Receitas
Despesas: Custos financeiros Resultado de coligadas/ Controladas em conjunto Imposto de Renda Operações descontinuadas
Resultado do Período
Itens de Outros Resultados Abrangentes (ORA)
Resultado Abrangente Total
Duas Demonstrações Demonstração do Resultado
A última linha é Resultado do Período (como à esquerda)
Demonstração do Resultado Abrangente
Começa com Resultado do Período
Itens do ORA
A última linha é Resultado Abrangente Total
46
2.6. Demonstrações das Mutações do Patrimônio Líquido (DMPL)
Trata-se da demonstração que apresenta lucro ou prejuízo do período; itens
de receita e despesa reconhecidos diretamente no patrimônio líquido do período; os
efeitos das alterações na política contábil e correção de erros reconhecidos no
período, bem como as quantias das transações com sócios em sua condição de
sócios durante o período.
De acordo com o CPC PME (2009) Seção 6, 6,3, p.35:
A entidade deve apresentar a Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido contendo:
a) o resultado e os outros resultados abrangentes do período, demonstrando separadamente o montante total atribuível aos proprietários da entidade controladora e a participação dos não controladores;
b) para cada componente do patrimônio líquido, os efeitos da aplicação retrospectiva ou correção retrospectiva reconhecida de acordo com as Políticas Contábeis, Mudança de Estimativa e Retificação de Erro;
c) para cada componente do patrimônio líquido, a conciliação entre o saldo no início e no final do período, evidenciando separadamente as alterações decorrentes:
I) do resultado do período;
II) de cada item dos outros resultados abrangentes;
III) dos valores de investimentos realizados pelos proprietários, e dividendos e outras distribuições para eles, demonstrando separadamente ações ou quotas emitidas, de transações com ações ou quotas em tesouraria, de dividendos e outras distribuições aos proprietários, e de alterações nas participações em controladas que não resultem em perda de controle.
O Patrimônio Líquido (PL) pode sofrer alterações. Assim, são algumas das
situações que afetam o PL:
a) Acréscimo pelo lucro ou redução pelo prejuízo líquido do exercício.
b) Redução de dividendos.
c) Acréscimo por reavaliação de ativos (quando o resultado for credor).
d) Acréscimo por doações e subvenções para investimentos recebidos.
47
e) Acréscimo por subscrição e integralização de capital.
f) Acréscimo pelo recebimento de valor que exceda o valor nominal das
ações integralizadas ou o preço de emissão das ações sem valor nominal.
g) Acréscimo pelo valor da alienação de partes beneficiárias e bônus de
subscrição.
h) Acréscimo por prêmio recebido na emissão de debêntures.
i) Redução por ações próprias adquiridas ou acréscimo por sua venda.
j) Acréscimo ou redução por ajuste de exercícios anteriores.
Temos também algumas situações que não alteram o PL:
a) Aumento de capital com a utilização de lucros e reservas.
b) Apropriação do lucro líquido do exercício reduzindo a conta de lucros
acumulados para formação de reservas, com reserva legal, reserva de lucros a
realizar, reserva para contingência e outros.
c) Reversões de reservas patrimoniais para a conta de lucros ou prejuízos
acumulados.
d) Compensação de prejuízos com reservas.
Segundo Iudicibus, (2010, p.5):
A DMPL evidencia a mutação do patrimônio líquido em termos globais (novas integralizações de capital, resultado do exercício, ajustes de exercícios anteriores, dividendos, ajustes de avaliação patrimonial etc.) em e termos de mutações internas (incorporações de reservas ao capital, transferências de lucros acumulados para reservas e vice-versa etc.).
48
Quadro 16 – Modelo de Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido (DMPL) Fonte: Adaptado da NBC TG 26
Capital
Social
Integralizado
Reserva de
Capital
Reservas de
Lucro
Lucros ou
prejuízos
Acumulados
Outros
Resultados
Abrangentes
Patrimônio
Líquido
Consolidado
Saldos Iniciais X0
Ações em
Tesouraria
Adquiridas
Ações em
tesouraria
vendidas
Dividendos
Transações de
Capital com os
sócios
Ajustes de
Instrumentos
Financeiros
Equiv. Patrim. s/
Ganhos Abrang. de
Coligadas
Ajustes de
Conversão do
Período
Outros Resultados
Abrangentes
Ajustes de
Instrum. Financ.
Reclassificado p/
Resultado
Realização de
Reserva
Reavaliação
Tributos sobre a
Realização de
Reserva de
Reavaliação
Reclassificações
de Resultados
Abrangentes
Lucro Líquido do
Período
Constituição de
Reservas
Saldos Finais X1
Demonstrações das Mutações do Patrimônio Líquido
49
2.7. Demonstração de Lucros ou Prejuízos Acumulados (DLPA)
A demonstração dos lucros ou prejuízos acumulados apresenta o resultado
da entidade e as alterações nos lucros ou prejuízos acumulados para o período de
divulgação.
As PME's optantes pela Resolução CFC 1.255/09 podem, a seu critério,
adotar a demonstração dos lucros ou prejuízos acumulados no lugar da
demonstração do resultado abrangente e da demonstração das mutações do
patrimônio líquido, se as únicas alterações no seu patrimônio líquido, durante os
períodos para os quais as demonstrações contábeis são apresentadas, derivarem
do resultado, de pagamento de dividendos, ou de outra forma de distribuição de
lucro, correção de erros de períodos anteriores e de mudanças de políticas
contábeis.
Segundo CPC PME (2009), seção 6, 6,5, p.35:
A entidade deve apresentar, na Demonstração de Lucros ou Prejuízos Acumulados, os seguintes itens:
a) lucros ou prejuízos acumulados no início do período contábil;
b) dividendos ou outras formas de lucros declarados e pagos ou a pagar durante o período;
c) ajustes nos lucros ou prejuízos acumulados em razão de correção de erros de períodos anteriores;
d) ajustes nos lucros ou prejuízos acumulados em razão de mudanças de práticas contábeis;
e) lucros ou prejuízos acumulados no fim do período contábil.
De acordo com Iudicibus e Marion (2002, p.183), a DLPA é um “instrumento
de integração entre o Balanço Patrimonial e a Demonstração do Resultado do
Exercício”.
50
Figura 2 − Integração entre BP, DRE e DLPA Fonte: Elaborada pela Autora
Demonstração de Lucros ou Prejuízos Acumulados – Exercício X1
Saldo Inicial de Lucros/Prejuízos Acumulados
(+/-) Ajustes de Exercícios Anteriores
(+/-) Lucro (Prejuízo) Líquido do Exercício
(-) Destinações do Lucro
(-) Reservas
(-) Dividendos ou Lucros Distribuídos
(=) Saldo Final de Lucros ou Prejuízos Acumulados
Quadro 17 − Modelo de Demonstração de Lucros ou Prejuízos Acumulados (DLPA) Fonte: Adaptado da NBC TG 26
Balanço Patrimonial
Passivo / PL
Demonstração do Resultado Ano X1
Ano
X
Capital
Lucro Acumulado $200
Ano
X1
$500
Receita $1.000 (-) CMV -$ 100 Lucro Bruto $ 900 (-) Despesas -$ 200 Lucro Líquido $ 700
Demonstração Lucro Prejuízo
Acumulado
Saldo Ano X $200
(+) Lucro Líquido $700
Lucro Disponível $900
(-) Dividendos -$400
Saldo Ano X1 $500
51
2.8. Demonstração dos Fluxos de Caixa (DFC)
A alteração da Lei nº. 6.404/76, pela Lei nº.11.638, tornou obrigatória a
elaboração da Demonstração dos Fluxos de Caixa (DFC) em substituição à
Demonstração das Origens e Aplicações de Recursos (DOAR).
Com intuito de estabelecer regras para elaboração e divulgação da
demonstração, o CPC emitiu o Pronunciamento Técnico 03, que foi elaborado com
base na norma internacional de contabilidade IAS 7 – Statements of Cash Flows.
De acordo com Iudicibus (2010, p.567):
O objetivo primário da Demonstração dos Fluxos de Caixa (DFC) é prover informações relevantes sobre os pagamentos e recebimentos, em dinheiro, de uma empresa, ocorridos durante um determinado período, e com isso ajudar os usuários das demonstrações contábeis na análise da capacidade de entidade de gerar caixa e equivalente de caixa, bem como suas necessidades para utilizar esses fluxos de caixa.
A Demonstração dos Fluxos de Caixa fornece informações acerca das
alterações no caixa e equivalentes de caixa da entidade para um período contábil,
evidenciando, separadamente, as mudanças nas atividades operacionais, nas
atividades de investimento e nas atividades de financiamento.
Analisando as informações da DFC, em conjunto com as demais
demonstrações financeiras, é possível avaliar:
a) Possibilidade de geração de futuros fluxos líquidos positivos de caixa.
b) Possibilidade de honrar seus compromissos, pagar dividendos e amortizar
empréstimos obtidos.
c) Liquidez, solvência e flexibilidade financeira da entidade.
d) Taxa de conversão de lucro em caixa.
e) Desempenho operacional de diferentes entidades, por eliminar os efeitos
de diferentes tratamentos contábeis para as mesmas transações e eventos.
f) Grau de precisão das estimativas passadas de fluxos futuros de caixa.
g) Efeitos sobre a posição financeira da entidade, das movimentações de
investimentos e financiamentos.
52
Para efeitos de elaboração da DFC, o Pronunciamento Técnico CPC 03, os
conceitos de Caixa e Equivalente Caixa são:
- Caixa compreende numerário em espécie e depósitos bancários
disponíveis.
- Equivalentes de Caixa são aplicações financeiras de curto prazo, de alta
liquidez, que são prontamente conversíveis em montante conhecido de caixa e que
estão sujeitas a um insignificante risco de mudança de valor.
A Demonstração dos Fluxos de Caixa (DFC) deve ser dividida em três
grupos: Atividades Operacionais, Atividades de Investimento e Atividades de
Financiamento.
1) Atividades Operacionais: são as principais atividades geradoras de receita
da entidade e outras atividades que não são de investimento e, tampouco, de
financiamento.
2) Atividades de Investimentos: são as referentes à aquisição e alienação de
ativos de longo prazo e de outros investimentos não incluídos nos equivalentes de
caixa.
3) Atividades de Financiamento são aquelas que resultam em mudanças no
tamanho e na composição do capital próprio e no capital de terceiros da entidade.
Devem compor a Demonstração dos Fluxos de Caixa, os seguintes itens, de
acordo com o CPC PME (2009), seção 7, 7,4, p.36:
Atividades operacionais são as principais atividades geradoras de receita da entidade. Portanto, os fluxos de caixa decorrentes das atividades operacionais geralmente derivam de transações e de outros eventos e condições que entram na apuração do resultado. Exemplos de fluxos de caixa que decorrem das atividades operacionais são:
a) recebimentos de caixa pela venda de mercadorias e pela prestação de serviços;
b) recebimentos de caixa decorrentes de royalties, honorários, comissões e outras receitas;
53
c) pagamentos de caixa a fornecedores de mercadorias e serviços;
d) pagamentos de caixa a empregados e em conexão com a relação empregatícia;
e) pagamentos ou restituição de tributos sobre o lucro, a menos que possam ser especificamente identificados com as atividades de financiamento ou de investimento;
f) recebimentos e pagamentos de investimento, empréstimos e outros contratos mantidos com a finalidade de negociação, similares aos estoques adquiridos especificamente para revenda.
Para as operações, como a venda de item do ativo imobilizado, feito por
empresas industriais, que podem gerar ganho ou perda, que fazem parte da
apuração do resultado, estas não são incluídas no fluxo de caixa, por não fazerem
De acordo com o CPC PME (2009), seção 7, 7,5, p.37:
Atividades de investimentos são a aquisição ou alienação de ativos de longo prazo e outros investimentos não incluídos em equivalentes de caixa. Exemplos de fluxos de caixa que decorrem das atividades de investimento são:
a) pagamentos de caixa para aquisição de ativo imobilizado (incluindo os ativos imobilizados construídos internamente), ativos intangíveis e outros ativos de longo prazo;
b) recebimentos de caixa resultantes da venda de ativo imobilizado, intangível e outros ativos de longo prazo;
c) pagamentos para aquisição de instrumentos de dívida ou patrimoniais de outras entidades e participações societárias em empreendimentos controlados em conjunto (exceto desembolsos referentes a títulos considerados como equivalentes de caixa ou mantidos para negociação ou venda);
d) recebimentos de caixa resultantes da venda de instrumentos de dívida ou patrimoniais de outras entidades e participações societárias em empreendimentos controlados em conjunto (exceto recebimentos referentes a títulos considerados como equivalentes de caixa ou mantidos para negociação ou venda);
e) adiantamentos de caixa e empréstimos concedidos a terceiros;
f) recebimentos de caixa por liquidação de adiantamentos e amortização de empréstimos concedidos a terceiros;
g) pagamentos de caixa por contratos futuros, contratos a termo, contratos de opção e contratos de swap, exceto quando tais contratos forem mantidos para negociação ou venda, ou os pagamentos forem classificados como atividades de financiamento;
h) recebimentos de caixa derivados de contratos futuros, contratos a termo, contratos de opção e contratos de swap, exceto quando tais contratos forem mantidos para negociação ou venda, ou os recebimentos forem classificados como atividades de financiamento.
54
Atividades de financiamento são aquelas que alteram o tamanho e a
composição do patrimônio líquido e dos empréstimos da entidade.
De acordo com o CPC PME (2009), seção 7, 7,6, p.38:
Exemplos de fluxos de caixa que decorrem das atividades de financiamento são:
a) caixa recebido pela emissão de ações ou quotas ou outros instrumentos patrimoniais;
b) pagamentos de caixa a investidores para adquirir ou resgatar ações ou quotas da entidade;
c) caixa recebido pela emissão de debêntures, empréstimos, títulos de dívida, hipotecas e outros empréstimos de curto e longo prazos;
d) pagamentos para amortização de empréstimo;
e) pagamentos de caixa por um arrendatário para redução do passivo relativo a arrendamento mercantil (leasing) financeiro.
A apresentação dos Fluxos de Caixa poderá ser dada mediante a utilização
de dois modelos, método direto e indireto:
O método indireto consiste na apresentação do resultado ajustado pelos
efeitos das transações que não envolvem caixa, quaisquer deferimentos, ou outros
ajustes por competência sobre recebimentos ou pagamentos operacionais passados
ou futuros, e itens de receita ou despesa associados com fluxos de caixa das
atividades de investimento ou de financiamento;
O método direto demonstra as principais classes de recebimentos brutos
de caixa e pagamentos brutos de caixa.
Os Modelos propostos de apresentação da Demonstração dos Fluxos de
Caixa são apresentados no terceiro capítulo.
2.9. Notas Explicativas (NE)
As notas explicativas apresentam informações complementares às
apresentadas no balanço patrimonial, na demonstração do resultado, na
demonstração do resultado abrangente, na demonstração dos lucros ou prejuízos
acumulados, na demonstração das mutações do patrimônio líquido e na
demonstração dos fluxos de caixa.
55
As notas explicativas fornecem descrições narrativas e detalhes de itens
apresentados nessas demonstrações, bem como informações acerca de itens que
não se qualificam para reconhecimento nessas demonstrações.
De acordo com o CPC PME (2009), seção 8, 8,2, p.42:
As notas explicativas devem:
a) apresentar informações acerca das bases de elaboração das demonstrações contábeis e das práticas contábeis específicas utilizadas;
b) divulgar as informações relevantes que não tenham sido apresentadas em outras partes das demonstrações contábeis;
c) prover informações que não tenham sido apresentadas em outras partes das demonstrações contábeis, mas que sejam relevantes para compreendê-las.
Em cada item das demonstrações contábeis deve ser feita a referência com
a respectiva informação nas notas explicativas.
A seguir seguem elencados os principais itens a serem apresentados nas
notas explicativas:
a) Declaração de que as demonstrações contábeis foram elaboradas em
conformidade com as Normas de Contabilidade. Obs.: A entidade (PME) cujas
demonstrações contábeis estiverem em conformidade com a NBC TG 1000
(Resolução CFC 1.255/09) deve fazer uma declaração explícita e sem reservas
dessa conformidade nas notas explicativas. As demonstrações contábeis não devem
ser descritas como em conformidade com a NBC TG 1000, a não ser que estejam
em conformidade com todos os requerimentos desta norma.
b) Resumo das principais práticas contábeis utilizadas.
c) Informações de auxílio aos itens apresentados nas demonstrações
contábeis, na ordem em que cada demonstração é apresentada e na ordem em que
cada conta é apresentada na demonstração.
d) A base de mensuração utilizada na elaboração das demonstrações
contábeis.
56
e) As outras práticas contábeis utilizadas que sejam relevantes para a
compreensão das demonstrações contábeis.
f) A entidade deve divulgar, no resumo das principais práticas contábeis ou
em outras notas explicativas, os julgamentos, separadamente daqueles envolvendo
estimativas, que a administração utilizou no processo de aplicação das práticas
contábeis da entidade e que possuem efeito mais significativo nos valores
reconhecidos nas demonstrações contábeis.
g) A entidade deve divulgar, nas notas explicativas, informações sobre os
principais pressupostos relativos ao futuro, e outras fontes importantes de incerteza
das estimativas na data de divulgação, que tenham risco significativo de provocar
modificação material nos valores contabilizados de ativos e passivos durante o
próximo exercício financeiro. Com respeito a esses ativos e passivos, as notas
explicativas devem incluir detalhes sobre: sua natureza e seus valores
contabilizados ao final do período de divulgação.
h) Composição do saldo dos estoques (segregação das matérias-primas,
produtos em elaboração; produtos acabados, mercadorias para revenda e outros);
critérios de avaliação dos estoques;
i) Eventuais perdas em decorrência da aplicação do Teste de
Recuperabilidade.
j) Composição do saldo do Imobilizado, critérios de avaliação, aplicação do
teste de recuperabilidade; taxas de depreciação aplicadas e cálculo da vida útil
econômica dos bens.
k) Relação dos investimentos; empréstimos e financiamentos (prazos, taxas
de juros).
l) Investimentos em outras empresas.
m) Quaisquer outras divulgações e informações úteis para melhor
entendimento das demonstrações contábeis.
57
Demonstração Contábil PMEs Empresas em Geral
SA de Capital Aberto
Balanço Patrimonial Obrigatório Obrigatório Obrigatório
Demonstração do Resultado do Exercício
Obrigatório Obrigatório Obrigatório
Demonstração do Resultado Abrangente Pode ser
substituída pela DLPA
Obrigatório Obrigatório
Demonstração de Lucros / Prejuízos Acumulados
Facultativo Pode ser
substituída pela DMPL
Pode ser substituída pela DMPL
Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido
Pode ser substituída pela DLPA
Obrigatório Obrigatório
Demonstração dos Fluxos de Caixa Obrigatório Obrigatório Obrigatório
Demonstração do Valor Adicionado Facultativo Facultativo Obrigatório
Quadro 18 – Demonstrações Contábeis Obrigatórias
Fonte: Demonstrações Contábeis - Aspectos Práticos, Elaboração e Apresentacao Conceitual de acordo com IFRS (CRC/PR, 2011, p.48)
As figuras 3 e 4 que seguem mostram dois exemplos de Notas Explicativas.
58
Figura 3 − Exemplo de Nota Explicativa (1) Fonte: Perez Júnior (2010)
59
Figura 4 − Exemplo de Nota Explicativa (2) Fonte: Perez Júnior (2010)
60
CAPITULO III − ELABORAÇÃO DE FLUXO DE CAIXA PARA PEQUENAS E MÉDIAS EMPRESAS
3.1. Importância da Utilização do Fluxo de Caixa na Gestão
A diferença da demonstração dos fluxos de caixa (DFC), em relação às
demais demonstrações contábeis é que ela é elaborada pelo regime de caixa.
Portanto, a comparação com as demais demonstrações, que por sua vez são
elaboradas pelo regime de competência, torna-se prejudicada, principalmente com a
Demonstração do Resultado do Exercício (DRE). Dessa forma, é necessário
compartilhar o resultado líquido do exercício, presente na DRE e o fluxo de caixa
operacional, presente na DFC, interagindo os regimes de competência DRE e
regime de caixa DFC.
A intenção aqui é demonstrar que a utilização das informações contidas no
fluxo de caixa é fundamental para o auxilio na tomada de decisão pelos gestores,
uma vez que, decisões tomadas sem o conhecimento dos fluxos de caixa podem
levar a entidade a situações que representem custo, ou tenham que recorrer em
busca de recursos emergenciais. A análise das informações do fluxo de caixa dá
possibilidade dos seus usuários tomarem decisões presentes, não comprometendo o
futuro, consequentemente, gastos desnecessários.
A questão é que a análise e a gestão do fluxo de caixa são importantes para
qualquer entidade econômica, seja ela uma pessoa física, uma pessoa jurídica de
pequeno ou grande porte. Afinal de contas, todo reflexo das operações afetam o
caixa.
Para uma boa saúde financeira, é necessário um bom controle, isso significa
que a administração nas operações que afetam o caixa, serve para verificar se a
“saúde” da entidade vai bem e se é suficiente para atender demandas financeiras
futuras.
A gestão do fluxo de caixa para atender demandas futuras vai depender da
relação dos itens que afetam o caixa com os agentes econômicos, ou seja, o que
acontece diariamente.
61
Para uma boa gestão do fluxo de caixa é preciso evitar dois problemas
fundamentais:
a) Falta de caixa quando é necessário: esta situação causará a busca de
recursos emergenciais junto a terceiros ou venda de ativos para atender essas
necessidades.
b) Excedente de caixa desnecessário: causa o custo de oportunidade do
capital investido em caixa, no qual o excedente poderia estar investido em negócios
mais rentáveis do que as habituais aplicações.
Para ambos os problemas citados, incorrem em gravames, algumas vezes
não percebidas pelo gestor, que está focado naquilo que lhe gera riqueza, ou seja,
sua atividade econômica. Esses gravames tomam forma quando:
- Falta planejamento na captação de recursos emergenciais junto a terceiros,
pois, muitas das vezes, as despesas financeiras são maiores que o retorno gerado
pelo mesmo recurso aplicado na atividade, onerando a capacidade de geração de
riqueza do negócio.
- Contribuição de recursos por parte do proprietário, eliminando a
possibilidade desse mesmo recurso render em uma alternativa diferente (custo de
oportunidade).
- Devido ao caráter emergencial, pode ocorrer a perda do valor de liquidação
de um ativo, por exemplo.
- Falta de percepção do gestor, não enxergando o quando se deixa de
ganhar em recursos que estão bem distribuídos em aplicações mais rentáveis.
3.2. A Distinção entre Lucro e Caixa
A confusão existe, e alguns gestores ainda não sabem diferenciar lucro de
caixa, no próprio negócio. Há situações em que se diga que o dinheiro que compõe
o saldo bancário é o lucro e é comum o gestor perguntar ao contador onde está o
62
dinheiro que aparece na demonstração do resultado. Essa confusão que difere lucro
e caixa leva os gestores a erros na gestão financeira.
Segundo Rocha Júnior (2010, p.1), “Lucro é a margem que indica a
eficiência econômica da operação; informa a rentabilidade. Saldo de caixa tem a ver
com liquidez e disponibilidade financeira: significa dinheiro. Lucro não.”
Já para Martins (2000, p.24), “todo lucro é ou implica a figura do caixa; todas
as formas de avaliação, ao final, chegam ao mesmo lucro e ao mesmo caixa, com o
problema apenas da inflação e do custo de oportunidade”.
O lucro é um indicador estimado do sucesso do negócio, no momento que
as atividades ocorrem, e é demonstrado na DRE.
O caixa demonstra o fôlego financeiro do negócio, no mesmo momento que
pode ser decorrente do sucesso passado ou futuro, e está demonstrado no DFC.
Podemos afirmar, também, que a diferença entre lucro e caixa é o tempo; o
lucro (fluxo econômico) pode ocorrer em um determinado período não
acompanhando o fluxo de caixa (fluxo financeiro).
3.3. Utilização do DFC na Gestão Financeira
Visando auxiliar os gestores na tomada de decisão, o fluxo de caixa pode
ajudar na gestão operacional da empresa. Para isto, as relações entre o caixa e as
movimentações do fluxo financeiro, devem constar nas demonstrações.
A figura 5 mostra o relacionamento no fluxo financeiro.
63
Figura 5 – Relacionamento no Fluxo Financeiro Fonte: Manual de Técnicas e Práticas de Elaboração de Fluxo de Caixa para PMEs e sua
Interpretação (CRCSP, 2011, p.12)
O monitoramento desses fluxos possibilita ao gestor enxergar os efeitos
financeiros (em caixa) de cada ação tomada e acompanhar toda a operação.
A demonstração dos fluxos de caixa pode demonstrar ao gestor, quais as
consequências financeiras de suas ações operacionais como, por exemplo, a
escolha por uma determinada política de compras, aliada à política de vendas, em
que os prazos de pagamentos e recebimentos alteram diretamente o fluxo de caixa.
As contas a receber, estoques, fornecedores e contas a pagar são as
principais contas que envolvem o capital de giro da empresa.
64
Com o suporte de um profissional de contabilidade, o gestor pode, após
análise, compreender o que acontece com seu capital de giro, onde este está sendo
empregado, quais as possibilidades de retorno, mais ou menos rápidos, o
direcionamento para novas ações e as políticas a serem adotadas em relação a
clientes e fornecedores.
Ficam evidentes as respostas a alguns questionamentos feitos pelo gestor,
após análise do fluxo de caixa:
- Quanto do caixa gerado por minha atividade eu tenho comprometido?
- Quanto ainda posso comprometer?
- Qual o efeito da decisão de investimento no meu fôlego financeiro?
- Preciso buscar aporte de terceiros?
- A relação dos meus prazos de pagamentos está acompanhando os prazos
dos recebimentos?
3.4. Classificação dos Fluxos de Caixa
Podemos ter varias formas de apresentação dos fluxos de caixa; a melhor é
aquela que expressa a dinâmica dos efeitos das principais decisões tomadas na
organização.
Podem ser: fluxo das operações, fluxo dos investimentos e fluxo de
financiamentos.
65
Figura 6 – Classificação dos Fluxos de Caixa
Fonte: Manual de Técnicas e Práticas de Elaboração de Fluxo de Caixa para PMEs e sua Interpretação (CRCSP, 2011, p.15)
Os três tipos de fluxos apresentados afetam diretamente o caixa e para eles
são destacados os três tipos de decisões: operacionais, de investimento e de
financiamento.
Decisões Operacionais: afetam as contas de clientes, estoques,
fornecedores, ou seja, aquelas que afetam o capital de giro. Estas decisões são as
que o gestor toma diariamente, com seus clientes e fornecedores, negociando
prazos, adotando posturas e estratégias operacionais.
66
Para o fluxo de caixa das operações, o longo prazo deve ser suficiente para
financiar os investimentos, saldar os financiamentos com capital de terceiros e
remunerar o capital próprio.
Na figura 7 é possível visualizar o relacionamento das contas de capital de
giro com o ciclo financeiro e a necessidade de caixa.
Figura 7 – Ciclo Operacional Fonte: Manual de Técnicas e Práticas de Elaboração de Fluxo de Caixa para PMEs e sua
Interpretação (CRCSP, 2011, p.17)
A análise do ciclo operacional juntamente com o fluxo de caixa permite ao
gestor identificar o ponto no fluxo de caixa onde cada ação está sendo feita,
portanto, o monitoramento contínuo dessas informações permite a visualização em
mecanismo que envolve a empresa.
67
Decisões de Investimento: estão relacionadas às contas de ativos fixos, que
são as instalações, os equipamentos, os veículos entre outros e, por consequência,
trata das estratégias relacionadas à capacidade desses ativos serem mantidos, ou
trocados no longo prazo.
O fluxo de caixa de investimento, juntamente com o controle do imobilizado,
possibilita ao gestor conhecer os efeitos financeiros, e suas estratégias em relação à
empresa no longo prazo.
A espera por parte do gestor, de retorno no fluxo de caixa através de uma
decisão de investimentos se dará quando, no momento da aquisição de novos
equipamentos que, por sua vez, tendem a melhorar a performance de produção. Os
investimentos têm características de não serem gerados diretos de caixa, pois o
imobilizado por si só não gera caixa, mas ajuda na administração da produção.
Decisões de financiamento: estão relacionadas às fontes de recursos, que
podem ser capitais de terceiros ou capital próprio. Neste caso, os passivos de
financiamento são aqueles assumidos junto a bancos, factorings, etc.
O monitoramento do fluxo de caixa de financiamento, juntamente com o
volume de dividas e de capital próprio, permite visualizar as origens de capital e
avaliar as estratégias de financiamento do negócio em relação a volume, prazos e
riscos.
A fonte de recursos escolhida neste caso tem que levar em consideração as
taxas de juros que pode comprometer o fluxo de caixa por um longo período,
podendo levar a entidade a uma situação de dificuldade financeira.
A distribuição de lucros aos sócios, também, se mal planejada, pode
ocasionar comprometimento ao fluxo de caixa.
3.5. Tipos de Fluxos de Caixa
Existem duas formas de elaborar a demonstração do fluxo de caixa: o
método direto e o método indireto.
68
O método direto consiste em classificar todas as entradas e saídas de caixa
e equivalente de caixas ocorridas em um determinado período, nos grupos
operacionais, investimentos e financeiros.
É importante que para o método direto desenvolvam-se critérios para a
classificação dos fluxos de caixa, de maneira a adaptar as necessidades do usuário,
visto que a classificação de algumas entradas e saídas vai depender do ponto de
vista da administração.
O método indireto é considerado mais complexo que o direto, visto que parte
do lucro é medido por competência e a ele são feitos alguns ajustes para chegar ao
caixa.
3.6. Exemplo Prático
Este tópico foi extraído do Manual de Técnicas e Práticas de Elaboração de
Fluxo de Caixa para Pequenas e Médias Empresas e sua Interpretação (CRCSP,
2011).
Visando manter um fluxo financeiro equilibrado na empresa e garantir
recursos para investimentos futuros, com foco no aproveitamento de oportunidades
de negócios, uma boa análise do fluxo de caixa pode auxiliar no sentido de dar mais
luz ao caminho a ser seguido.
Para melhor elucidar como isso ocorre, a seguir é apresentado um exemplo
inicial. Com base nesse exemplo básico inicial, vamos adicionar complexidades para
melhorar o entendimento dos fluxos de caixa da empresa.
Sejam as seguintes demonstrações contábeis básicas:
69
Quadro 19 – Cia Exemplo A Fonte: Manual de Técnicas e Práticas de Elaboração de Fluxo de Caixa para PMEs e sua
Interpretação (CRCSP, 2011, p.27).
Antes de mais nada, seguem as premissas estabelecidas pela
administração, para elaboração dos fluxos de caixa:
i) Os juros pagos são classificados no grupo dos financiamentos.
ii) Os dividendos pagos são classificados no grupo dos financiamentos.
Ativo 31/12/2009 31/12/2010 Passivo 31/12/2009 31/12/2010
Equivalente de caixa 500,00 3.500,00 Fornecedores 5.400,00 5.400,00
Contas a receber 3.000,00 3.000,00 Emprestimos (não corrente) 5.000,00 5.000,00
Estoques 6.000,00 6.000,00 Capital (PL) 12.000,00 12.000,00
Imobilizado liquido 20.500,00 20.500,00 Reservas de Lucros (PL) 7.600,00 10.600,00
Ativo Total 30.000,00 33.000,00 Passivo Total 30.000,00 33.000,00
DRE 2010
Receita de Venda 60.000,00
(-) Custo de venda (42.000,00)
Lucro Bruto 18.000,00
Despesa Administrativa (6.000,00)
Despesa com depreciação (2.000,00)
Despesas financeiras (1.000,00)
Lucro Antes dos Impostos 9.000,00
IR e CSSLL (5.000,00)
Resultado Liquido 4.000,00
CIA EXEMPLO A
70
Ao se olhar no balanço, nota-se que, com exceção do saldo de equivalentes
de caixa e reservas de lucros, tudo mais permaneceu igual, propositadamente. Os
fluxos de caixa pelos métodos direto e indireto são apresentados no quadro 20.
Quadro 20 – Fluxo de Caixa de 2010 da Cia Exemplo A Fonte: Manual de Técnicas e Práticas de Elaboração de Fluxo de Caixa para PMEs e sua
Interpretação (CRCSP, 2011, p.28).
Início das análises:
1) Nota-se que o fluxo de caixa operacional de R$7.000 foi suficiente para
bancar os investimentos no imobilizado (simplesmente para repor a depreciação),
Fluxos de Caixa de 2010 da Cia Exemplo A
DFC Método Direto 2010 DFC Metodo Indireto 2010
Recebimento de Clientes 60.000,00 Lucro Líquido 4.000,00
Pagamento de Fornecedores (42.000,00) (+) Despeas financeiras 1.000,00
Pagamento de Despesas (6.000,00) (+) Despesa depreciação 2.000,00
Pagamento de IR e CSLL (5.000,00) (=) FLUXO DE CAIXA OPERACIONAL GERADO 7.000,00
FLUXO DE CAIXA OPERACIOANAL (a) 7.000,00 variação de contas a receber -
Novos Imobilizados (2.000,00) variação de estoques -
FLUXO DE CAIXA INVESTIMENTOS (b) (2.000,00) variação de fornecedores -
Pagamento de Juros (1.000,00) soma das variações -
Novas Dívidas - FLUXO DE CAIXA OPERACIONAL (a) 7.000,00
Pagamento de Dividendos (1.000,00) novos imobilzados (2.000,00)
FLUXO DE CAIXA DOS FINANCIAMENTOS© (2.000,00) FLUXO DE CAIXA DOS INVESTIMENTOS (b) (2.000,00)
Varição de equivalentes de caixa (a+b+c) 3.000,00 Pagamentos de Juros (1.000,00)
Saldo Inicial de equivalente de caixa 500,00 Novas dívidas -
Saldo Final de equivalente de caixa 3.500,00 Pagamento de Dividendos (1.000,00)
Varição de equivalentes de caixa 3.000,00 FLUXO DE CAIXA DOS FINANCIAMENTOS © (2.000,00)
Variação de equipamentos de caixa (a+b+c) 3.000,00
Saldo Inicial de equivalencia de caixa 500,00
Saldo final de equivalencia de caixa 3.500,00
Variação de equivalentes de caixa 3.000,00
71
para pagar os juros e para pagar dividendos. E o saldo não utilizado ficou aplicado
no caixa.
2) Pelo fluxo de caixa indireto, nota-se que não houve nenhuma alteração
nos níveis de atividade da empresa. Os saldos dos ativos e passivos operacionais
não se alteraram.
3) Pelo fluxo de caixa direto, será que dá para qualificar os recebimentos e
pagamentos como bons ou maus? Não temos informações de períodos anteriores.
4) Reparem que os saldos líquidos dos grupos operacional, de investimento
e de financiamento são idênticos pelos dois métodos de fluxo de caixa.
Adicionado Complexidade:
Suponha que:
i) A entidade conceda mais dez dias de prazo para os seus clientes.
ii) Os fornecedores diminuam em 15 dias o prazo para pagamento.
iii) A entidade esteja abrindo mais uma unidade produtiva e, por isso,
demandou novos investimentos nos estoques e imobilizado.
iv) Eventuais necessidades de financiamento são feitas com novos
empréstimos (não há restrição de crédito, mas com aumento de 3% nas taxas de
juros).
v) Caso haja lucro, dividendos de 25% serão pagos.
As demonstrações contábeis são as seguintes:
72
Quadro 21 – Cia Exemplo B
Fonte: Manual de Técnicas e Práticas de Elaboração de Fluxo de Caixa para PMEs e sua Interpretação (CRCSP, 2011, p.29).
As demonstrações dos fluxos de caixa pelos dois métodos são:
73
Quadro 22 – Fluxo de Caixa de 2010 da Cia Exemplo B
Fonte: Manual de Técnicas e Práticas de Elaboração de Fluxo de Caixa para PMEs e sua Interpretação (CRCSP, 2011, p.30).
Início das análises:
1) Pelo fluxo de caixa direto, o fluxo operacional negativo de R$2.600 é
explicado pelo volume maior de pagamentos do que de recebimentos.
2) Mas, pelo fluxo de caixa indireto, nota-se que o fluxo de caixa operacional
gerado foi de R$7.000 (igual ao exemplo A), mas que as variações de contas a
Fluxos de Caixa de 2010 da Cia Exemplo B
DFC Método Direto 2010 DFC Metodo Indireto 2010
Recebimento de Clientes 56.800,00 Lucro Líquido 2.500,00
Pagamento de Fornecedores (48.400,00) (+) Despeas financeiras 2.500,00
Pagamento de Despesas (6.000,00) (+) Despesa depreciação 2.000,00
Pagamento de IR e CSLL (5.000,00) (=) FLUXO DE CAIXA OPERACIONaL GERADO 7.000,00
FLUXO DE CAIXA OPERACIOANAL (a) (2.600,00) variação de contas a receber (3.200,00)
Novos Imobilizados (7.000,00) variação de estoques (4.000,00)
FLUXO DE CAIXA INVESTIMENTOS (b) (7.000,00) variação de fornecedores (2.400,00)
Pagamento de Juros (2.500,00) soma das variações (9.600,00)
Novos Dívidas 12.300,00 FLUXO DE CAIXA OPERACIONAL (a) (2.600,00)
Pagamento de Dividendos (625,00) novos imobilzados (7.000,00)
FLUXO DE CAIXA DOS FINANCIAMENTOS© 9.175,00 FLUXO DE CAIXA DOS INVESTIMENTOS (b) (7.000,00)
Varição de equivalentes de caixa (a+b+c) (425,00) Pagamentos de Juros (2.500,00)
Saldo Inicial de equivalente de caixa 500,00 Novas dívidas 12.300,00
Saldo Final de equivalente de caixa 75,00 Pagamento de Dividendos (625,00)
Variação de equivalentes de caixa (425,00) FLUXO DE CAIXA DOS FINANCIAMENTOS © 9.175,00
Variação de equipamentos de caixa (a+b+c) (425,00)
Saldo Inicial de equivalencia de caixa 500,00
Saldo final de equivalencia de caixa 75,00
Variação de equivalentes de caixa (425,00)
74
receber, estoques e fornecedores, consumiram caixa operacional de R$9.600. Daí o
resultado final do fluxo de caixa operacional negativo de R$2.600.
3) Mas, porque as variações de clientes e fornecedores consumiram caixa?
Nesse exemplo, bem simples, foi somente por causa das variações dos prazos de
pagamento e recebimento, mas, na prática, a administração precisa ter mais
informações para ter certeza quanto às explicações.
4) No fluxo de caixa dos investimentos aparecem somente os recursos
aplicados o imobilizado, já que toda a variação dos estoques está (indevidamente)
classificada com operacional.
5) Os fluxos de caixa operacionais e dos investimentos consumiram
conjuntamente caixa (inexistentes) de R$9.600, que somados aos juros pagos mais
os dividendos pagos (!!!!), demandaram novas dívidas de R$12.300, que passaram a
custar mais!
6) Dividendos?? Note que mesmo a empresa tendo apresentado
rentabilidade positiva (lucro de R$2.500, inferior ao do exemplo A, por causa do
aumento dos juros; os impostos são consequências naturais), não havia fluxo de
caixa para pagamento dos dividendos, e esses tiveram que ser financiados por
novas dívidas! Note que falta de desequilíbrio!
7) E os estoques? Ah, uma nova loja está sendo aberta, portanto, os
investimentos em novos estoques precisam ser classificados como investimentos!
Daí os fluxos de caixa seriam os seguintes:
75
Quadro 23 – Fluxo de Caixa de 2010 da Cia Exemplo B – Estoques Reclassificados Fonte: Manual de Técnicas e Práticas de Elaboração de Fluxo de Caixa para PMEs e sua
Interpretação (CRCSP, 2011, p.31).
8) Repare que o fluxo de caixa operacional da entidade é positivo em
R$1.400, mas que os investimentos de R$11.000 (estoques e imobilizado da nova
loja) foram financiados pelas novas dívidas de R$12.300. As variações de estoques
foram reclassificadas para investimentos nos dois métodos. E isso a administração
precisa julgar quanto, e se faz sentido.
9) Agora pode-se argumentar que a empresa poderia ter pago dividendos já
que o fluxo de caixa operacional foi positivo em R$1.400 e os dividendos pagos
Fluxos de Caixa de 2010 da Cia Exemplo B - Estoques Reclassificados
DFC Método Direto 2010 DFC Metodo Indireto 2010
Recebimento de Clientes 56.800,00 Lucro Líquido 2.500,00
Pagamento de Fornecedores (44.400,00) (+) Despeas financeiras 2.500,00
Pagamento de Despesas (6.000,00) (+) Despesa depreciação 2.000,00
Pagamento de IR e CSLL (5.000,00) (=) FLUXO DE CAIXA OPERACIONaL GERADO 7.000,00
FLUXO DE CAIXA OPERACIOANAL (a) 1.400,00 variação de contas a receber (3.200,00)
Novos Imobilizados (7.000,00) variação de estoques -
Investimentos em Estoque (4.000,00) variação de fornecedores (2.400,00)
FLUXO DE CAIXA INVESTIMENTOS (b) (11.000,00) soma das variações (5.600,00)
Pagamento de Juros (2.500,00) FLUXO DE CAIXA OPERACIONAL (a) 1.400,00
Novos Dívidas 12.300,00 novos imobilzados (7.000,00)
Pagamento de Dividendos (625,00) Investimentos em estoques (4.000,00)
FLUXO DE CAIXA DOS FINANCIAMENTOS© 9.175,00 FLUXO DE CAIXA DOS INVESTIMENTOS (b) (11.000,00)
Varição de equivalentes de caixa (a+b+c) (425,00) Pagamentos de Juros (2.500,00)
Saldo Inicial de equivalente de caixa 500,00 Novas dívidas 12.300,00
Saldo Final de equivalente de caixa 75,00 Pagamento de Dividendos (625,00)
Variação de equivalentes de caixa (425,00) FLUXO DE CAIXA DOS FINANCIAMENTOS © 9.175,00
Variação de equipamentos de caixa (a+b+c) (425,00)
Saldo Inicial de equivalencia de caixa 500,00
Saldo final de equivalencia de caixa 75,00
Variação de equivalentes de caixa (425,00)
76
foram de R$625. Pode ser, mas caso os dividendos não tivessem sido pagos, as
novas dívidas teriam sido menores, os juros (e provavelmente a taxa dos juros)
teriam sido menores e a rentabilidade superior (deve-se pelo menos comparar a
decisão de pagar ou não dividendos com o aumento do custo do capital de terceiros
e da variação da rentabilidade do capital próprio; não faz sentido econômico pagar
dividendos com dívida que tenha custo superior ao custo do capital próprio; ao fazê-
lo, a entidade estará destruindo a riqueza do acionista).
Com base nesse pequeno exemplo buscamos, mesmo que superficialmente,
despertar o leitor para análises e cuidados que podem (e devem) ser tomados ao se
elaborar e divulgar as demonstrações do fluxo de caixa. Um assunto que parece ser
tão simples, trivial, caso não tratado com inteligência, pode ser fonte enviesada de
informações.
Entendemos que esse tipo de análise crítica possa agregar valor aos
clientes de prestadores de serviços contábeis.
Em suma, a análise recorrente das principais demonstrações financeiras
(balanços patrimoniais e demonstrações de resultados dos exercícios) permite ao
gestor conhecer o nível de sucesso do seu negócio, quando comparado com
alternativas de investimento na medida em que foca o retorno que da empresa gera
para o sócio; e permite, ainda, a obtenção de evidências das causas desse nível de
sucesso, quando observa mais atentamente os elementos componentes desse
resultado.
Questões que exemplificam:
- O que motivou esse investimento em capital de giro?
- Está ocorrendo um aumento no nível de atividade da empresa, o que está
demandando mais investimento em capital de giro?
- Será que a empresa está mantendo volumes de estoques e de créditos a
clientes adicionais por outros motivos?
- Esses investimentos são realmente necessários?
- Será que o aumento em contas a pagar está adequado às políticas de
compras da empresa?
77
Tais questões são fundamentais (mas não as únicas) para agregação de
valor na prestação de serviços contábeis relacionadas com os fluxos de caixa. Note-
se que o levantamento desse tipo de questionamento pode levar o gestor a observar
os aspectos da sua gestão operacional que realmente estejam causando esses
efeitos no seu fluxo financeiro.
Nesse caso, a agregação de informações adicionais, obtidas pelos principais
responsáveis pela condução da operação do negócio, podem ajudar a elucidar a
situação.
O foco no fluxo de caixa de financiamentos permite ao gestor observar
quanto ele precisou captar de recursos de terceiros para fazer frente aos
investimentos realizados e, também, quanto ele teve que despender de recursos
para distribuir lucros aos sócios.
Em suma, o potencial de explicação da demonstração do fluxo de caixa faz
com que o gestor, quando bem assessorado pelo profissional de contabilidade,
conheça os efeitos financeiros de suas ações em três grupos distintos de decisões:
operacionais, de investimentos e de financiamentos.
Mais do que isso, a prática recorrente dessa análise e a interação do
profissional contábil com o gestor, pode levá-lo a refletir sobre os efeitos financeiros
causados pelas suas ações no momento em que as tiver executando. Ou seja, na
medida em que está fazendo escolhas, sejam elas operacionais, de investimento ou
de financiamento, ele pode lembrar-se que essas escolhas têm efeito financeiro e
pode perguntar-se:
- Qual é o efeito financeiro dessa escolha?
- E da alternativa?
Com a prática adquirida, ele mesmo pode identificar o efeito (positivo ou
negativo) e, ainda, mensurar o tamanho desse efeito (o seu valor).
Vantagens do Uso do Fluxo de Caixa:
Fundamentalmente, o fluxo de caixa fornece a perspectiva financeira do
negócio e essa perspectiva é muito importante para os gestores, pois em cada ação
eles necessitam da informação e não só da disponibilidade de recursos, mas sobre
qual é o efeito dessa ação no nível de disponibilidades mantidas pela empresa.
78
O acompanhamento frequente dos fluxos de caixa ocorridos no período
permite ao gestor conhecer melhor os efeitos financeiros das escolhas realizadas
durante o período e, mais do que isso, permite que ele familiarize-se com os
mecanismos de relacionamento entre as estratégias adotadas, as ações tomadas e
as escolhas realizadas com o seu caixa. Isso pode levar ao ponto em que, na
maioria das decisões, ele consegue inferir sobre o efeito que elas terão em seu
caixa, permitindo-lhe uma perspectiva mais ampla do que está acontecendo.
Estas vantagens podem ser observadas na análise e acompanhamento do
fluxo de caixa realizado, ocorrido. Além disso, o profissional de contabilidade pode ir
mais longe elaborando a mesma demonstração, só que projetada, de tal maneira
que o gestor possa verificar sua situação financeira no futuro e tomar decisões
presentes no sentido da manutenção de um fluxo financeiro adequado às suas
necessidades.
79
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A convergência das normas contábeis brasileiras ganhou força e se
consolidou através da Lei nº. 11.638/07, trazendo diversos benefícios para as
entidades, para o mercado e para os profissionais contábeis.
É possível concluir que com uma melhor qualidade na informação contábil,
pode-se ter aumento de confiabilidade, gerando impactos favoráveis na captação de
recursos.
Ter a contabilidade em padrão conhecido e universal vai facilitar a análise
das demonstrações das empresas, gerando potencial para investimentos. Além de
visibilidade, maior acesso ao crédito e custos reduzidos de financiamento, a adoção
do IFRS PMEs também é vista como algo benéfico para a própria gestão da
empresa.
Não é possível acreditar que o processo de convergência será fácil,
principalmente para a classe contábil que estava acostumada a seguir regras
prontas. Acredito que teremos a valorização da classe contábil, visto que os
profissionais terão que se atualizar para acompanhar a tendência.
Na análise dos fluxos financeiros é imprescindível que haja
acompanhamento e planejamento das ações da empresa de maneira que os fluxos
não levem a empresa à insolvência.
80
SUGESTÕES PARA NOVOS ESTUDOS RELACIONADOS
Uma grande parte das pequenas e médias empresas se depara com a
deficiência informativa para fins de gestão, tornando-as vulneráveis no mercado.
Um campo a ser explorado seria o estudo para contribuir com a formação de
informação confiáveis e que auxiliassem os gestores.
Apesar do CPC PME ter sido criado de maneira mais enxuta, ainda torna-se
complexo para uma gama de profissionais de contabilidade, limitados a seguirem
regras.
Assim, acredito que outro tema bastante interessante seria um estudo de
campo, para medir o nível de preparação do profissional de contabilidade frente a
este tema do IFRS.
81
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82
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ANEXOS
ANEXO I − Termo de Aprovação Pronunciamento Técnico PME Contabilidade para Pequenas e Médias Empresas
CPC_PME
TERMO DE APROVAÇÃO PRONUNCIAMENTO TÉCNICO PME
Contabilidade para Pequenas e Médias Empresas A Coordenadoria Técnica do Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC) torna pública a aprovação pelos membros do CPC, de acordo com as disposições da Resolução CFC n.º 1.055/05 e alterações posteriores, do PRONUNCIAMENTO TÉCNICO PME – CONTABILIDADE PARA PEQUENAS E MÉDIAS EMPRESAS. O Pronunciamento foi elaborado a partir do The International Financial Reporting Standard for Small and Medium-sized Entities (IFRS for SMEs) (IASB) e sua aplicação, no julgamento do Comitê, produz reflexos contábeis que estão em conformidade com o documento editado pelo IASB. A aprovação do PRONUNCIAMENTO TÉCNICO PME – CONTABILIDADE PARA PEQUENAS E MÉDIAS EMPRESAS pelo Comitê de Pronunciamentos Contábeis está registrada na Ata da 42ª Reunião Ordinária do Comitê de Pronunciamentos Contábeis, realizada no dia 4 de dezembro de 2009. O Comitê recomenda que o Pronunciamento seja referendado pelas entidades reguladoras brasileiras, visando a sua adoção.
Brasília, 4 de dezembro de 2009.
COMITÊ DE PRONUNCIAMENTOS CONTÁBEIS
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ANEXO II – CPC - Pronunciamento Técnico PME Contabilidade para Pequenas e Médias Empresas – Seção 1 a 8. ‘
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