UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ
WEDSON BRUNO CORDEIRO DE SÁ
APL NO SETOR DE TURISMO: UMA ANÁLISE DO CIRCUITO TURÍSTICO DAS PEDRAS PRECIOSAS - MINAS GERAIS
ILHÉUS-BAHIA 2011
WEDSON BRUNO CORDEIRO DE SÁ
APL NO SETOR DE TURISMO: UMA ANÁLISE DO CIRCUITO TURÍSTICO DAS PEDRAS PRECIOSAS - MINAS GERAIS
ILHÉUS-BAHIA 2011
Dissertação apresentada ao programa de Pós-Graduação em Cultura e Turismo da Universidade Estadual de Santa Cruz - UESC, como requisito a obtenção do título de Mestre. Área de concentração: Ciências Sociais Aplicadas. Orientador: Prof. Dr. Sócrates Jacobo Moquete Guzman.
S111 Sá, Wedson Bruno Cordeiro de. APL no setor de turismo: uma análise do circuito turístico das pedras preciosas – Minas Gerais / Wed- son Bruno Cordeiro de Sá. – Ilhéus, BA: UESC, 2011. 143f. : il.; anexos Orientador: Sócrates Moquete Guzman. Dissertação (Mestrado) – Universidade Estadual de Santa Cruz, Programa de Pós - Graduação em Cultura e Turismo. Inclui bibliografia e apêndice.
1. Turismo. 2. Política pública. 3. Pedras preciosas – Minas Gerais. I. Título. CDD 338.4791
WEDSON BRUNO CORDEIRO DE SÁ
APL NO SETOR DE TURISMO: UMA ANÁLISE DO CIRCUITO TURÍSTICO DAS PEDRAS PRECIOSAS - MINAS GERAIS
ILHÉUS-BA, _____/______/ 2011
____________________________________________________________ Prof. Dr. Socrates Jacobo Moquete Guzman
Universidade Estadual de Santa Cruz-UESC-BA (Orientador)
_____________________________________________________________ Prof. Dr. Gustavo da Cruz
Universidade Estadual de Santa Cruz-UESC-BA
_____________________________________________________________ Prof. Dr. Marco Aurélio Ávila
Universidade Estadual de Santa Cruz-UESC-BA
DEDICATÓRIA
Dedico esta dissertação aos meus pais, em especial a minha mãe, que me fez acreditar que seria possível encarar e vencer mais este desafio. A estes grandes
incentivadores da minha carreira ofereço mais esta vitória.
AGRADECIMENTOS
Em primeiro lugar a Deus, pela saúde e força concedida para chegar até aqui.
Aos meus pais, pelo apoio moral e financeiro que por muitas vezes foi indispensável
nesta jornada.
À Associação dos Municípios do Circuito Turístico das Pedras Preciosas, minha
segunda família, por ter acreditado neste projeto, compreendido meus anseios e
pelo amadurecimento profissional adquirido.
Aos Vales do Mucuri e Jequitinhonha que me mostraram verdadeiras preciosidades
e me fizeram acreditar que “santo de casa” pode e deve sim fazer milagres.
A todas as secretarias municipais que respondem pela pasta do turismo nos
municípios associados ao Circuito e aos conselhos municipais de turismo, pela
disponibilização de dados que serviram de base para este trabalho.
À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) por ter
proporcionado apoio financeiro, através de bolsa, para a realização desta pesquisa.
Ao meu Orientador Sócrates Moquete Guzman pelas sempre pertinentes
considerações e, principalmente pelo relacionamento cordial, amistoso e de parceria
construído ao longo deste tempo.
“Há os que se queixam do vento. Os que esperam que ele mude. E os que procuram ajustar as velas.” (Willian G. Ward)
APL NO SETOR DE TURISMO: UMA ANÁLISE DO CIRCUITO TURÍSTICO DAS PEDRAS PRECIOSAS - MINAS GERAIS
RESUMO
As políticas públicas de turismo no Brasil apresentaram diferentes abordagens ao longo dos anos. O Programa Nacional de Municipalização do Turismo e o conseguinte Plano Nacional do Turismo, implementados a partir do ano de 1994, tiveram, dentre as suas intenções, o propósito de constituir a interação de arranjos produtivos locais para fins de inovação e diversificação dos produtos turísticos ofertados no território nacional. Em Minas Gerais, as atuais regiões turísticas receberam a nomenclatura de Circuitos Turísticos. Este trabalho teve como finalidade analisar a região mineira conhecida como Circuito Turístico das Pedras Preciosas, identificando o seu atual estágio de desenvolvimento, a partir da percepção de seu arranjo produtivo local de turismo. A análise, feita de forma descritiva, partiu de um estudo exploratório realizado anteriormente, que contou com a leitura e interpretação de dados secundários e da aplicação do modelo de Tipologia de Arranjo Produtivo Local de Turismo, disponibilizado pelo Ministério do Turismo. Foram pesquisados dados sócio-demográficos gerados por órgãos oficiais do governo; inventários da oferta turística dos municípios do Circuito, bem como o Plano de Desenvolvimento Estratégico do Turismo 2011-2014 deste destino. Foram feitas também consultas diretas aos secretários e diretores que respondem pela pastas de turismo e conselheiros municipais de turismo das localidades pesquisadas, além de algumas observações in loco. O resultado alcançado permitiu identificar que a região do Circuito encontra-se no terceiro grau de desenvolvimento das atividades produtivas e de qualidade das instituições e dos relacionamentos. Ainda neste ponto, a falta de articulação e envolvimento entre os agentes do território foram apontados como principais fatores limitantes para a evolução da atividade turística local. Por fim, nas considerações finais são explanadas algumas constatações e sugeridas algumas orientações que visam melhorar o turismo deste Circuito.
Palavras-chave: Políticas públicas. Regiões turísticas. Circuito turístico. Arranjo produtivo local.
LPS IN THE TOURISM SECTOR: A REVIEW OF THE CIRCUITO TURÍSTICO DAS PEDRAS PRECIOSAS - MINAS GERAIS
ABSTRACT
The tourism public politics in Brazil have been showing different approaches along the years. The National Program of Tourism Municipalization and therefore Tourism National Plan implemented from the year 1994, which had among other intentions, the clear purpose of being an interaction of local productive settlings for innovation and diversification tourism products offered in the country. In Minas Gerais State, these regions adopted the terminology of Circuito Turístico. This study was designed to review the Minas Gerais region known as the Circuito Turístico das Pedras Preciosas identifying your current development stage, from the perception of its tourism local productive settlings. The analysis was done descriptively and start from an exploratory study earlier conducted, which included the reading and interpretation secondary data and the application of the Model Local Tourism Productive Settlings, also available in the public Tourism Ministry state department. It has also been searched socio-demographic data generated by official government agencies; inventories of tourist trade and the Strategic Development Plan for Tourism 2011-2014 of the Circuito. There have also been direct interviews witch municipal secretaries and directors of tourism and municipal tourism counselors of the localities investigated, and some in situ observations. The result achieved identified that the Circuito region is in the third degree of development of productive activities and quality of institutions and relationships. Even at this point, the lack of cooperation and engagement between local actors are cited as the main limiting factors for the development of local tourism. Finally, in closing remarks some observations are made and guidelines suggested in order to improve tourism in this region. Keywords: Public politics. Touristic regions. Local productive settlings.
LISTA DE FIGURAS
1 Pesquisador (à direita) entrevistando a Secretária Municipal de Cultura e Turismo de Capelinha: Elizângela Alcântara .............................................................................
99
2 Pesquisador (à esquerda) entrevistando o Prefeito do município de Padre Paraíso: Fabrício Gomes..............................................................................................................
99
3 Pesquisador (ao fundo) entrevistando a Secretária Municipal de Cultura, Turismo, Esporte e Lazer de Itambacuri: Maria das Graças Bastos Lopes ................................
100
4 Pesquisador (o segundo da esquerda para a direita) reunido com o Conselho Municipal de Turismo de Itambacuri .............................................................................
100
5 Turistas nos Garimpos de pedras preciosas da região de Caraí ............................... 101
6 Entrada da cidade de Padre Paraíso......................................................................... 101 7 Praça Germânica em Teófilo Otoni ........................................................................... 102 8 Lote de pedras preciosas comercializado em Teófilo Otoni....................................... 102 9 Feira permanente de artesanato mineral em Teófilo Otoni........................................ 103 10 Vôo Livre da Pedra da Baleia em Carlos Chagas................................................... 103 11 Formações rochosas na região de Carlos Chagas................................................... 104
12 Degustação de Café - Turismo Rural em Capelinha.............................................. 104 13 Manifestações culturais em comunidade rural de Capelinha ................................. 105 14 Canoagem no Rio Mucuri em Nanuque................................................................... 105
15 Montanhismo na Pedra do Fritz em Nanuque ....................................................... 106 16 Paraquedismo de montanha em Nanuque .............................................................. 107 17 Prédio Sobradão em Minas Novas ......................................................................... 107 18 Residência e ateliê de artesã na Comunidade de Coqueiro em Minas Novas.............................................................................................................................
108
19 Artesanato em cerâmica produzido na Comunidade de Coqueiro Campo em Minas Novas .................................................................................................................
108
20 Santuário de Nossa Senhora dos Anjos em Itambacuri .......................................... 109
21 Casa da Cultura em Itambacuri ............................................................................... 109
22 Mapa dos municípios pertencentes ao Circuito Turístico das Pedras Preciosas em 2011 ..............................................................................................................................
110
LISTA DE QUADROS E TABELAS
Quadro 1 - Matriz de Evolução dos Circuitos Turísticos ................................... 27 Quadro 2 - Sistema Mineiro de Gestão do Turismo ..................................................... 29
Tabela 1 - Informações Sócio-demográficas da Região do Circuito Turístico das Pedras Preciosas .......................................................................................
64
Tabela 2 - Empresas Ligadas aos Subsetores de Turismo nos Municípios do Circuito Turístico das Pedras Preciosas ...........................................................
68
Tabela 3 - Presença de Órgãos de Turismo; Serviços Públicos de Turismo e Infra-Estrutura de Acesso nos Municípios do Circuito em 31 de março de 2010 ..................................................................................................................
71
Tabela 4 - Infra-Estutura Geral nos Municípios do Circuito Turístico das Pedras Preciosas ..............................................................................................
76
Quadro 3 - Existência de entidades de ensino e qualificação; associações empresariais e de trabalhadores e associações de moradores ...................................
79
Quadro 4 - Presença de instituições de proteção ambiental; de promoção e preservação do patrimônio artístico-cultural e de promoção social...................
81
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS
ACIAMN - Associação Comercial, Industrial e Agropecuária de Minas Novas
ACCOMPEDRAS - Associação dos Corretores do Comércio de Pedras Preciosas de
Teófilo Otoni
APACA - Associação dos Produtores de Arte e Cultura de Padre Paraíso
CCFFEB - Compagnie des Chemins de Fer Fédéraux de lÉst Brésilien
APL - Arranjo Produtivo Local
CDL - Câmara de Dirigentes Lojistas
CET - Conselho Estadual de Turismo
CEPAL - Comissão Econômica para a América Latina e Caribe
CET - Centro de Referência em Turismo.
CNTUR - Conselho Nacional de Turismo
CODEVALE - Comissão do Desenvolvimento do Vale do Jequitinhonha
COOPERCANTUR - Cooperativa de Turismo e Artesanato da Prainha do Canto
Verde
CTPP - Associação dos Municípios do Circuito Turístico das Pedras Preciosas
DNEF - Departamento Nacional de Estrada de Ferro
EFFLB - Estrada de Ferro Federal Leste Brasileiro
EMBRATUR - Empresa Brasileira de Turismo
FECITUR - Federação dos Circuitos Turísticos Mineiros
FGV - Fundação Getúlio Vargas
FIPP - Feira Internacional de Pedras Preciosas
GEA - Associação dos Exportadores de Gemas
IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
IDENE - Instituto de Desenvolvimento do Norte e Nordeste de Minas Gerais
IPEA - Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada
MTur - Ministério do Turismo
OCDE - Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico
OMT - Organização Mundial do Turismo
PIB - Produto Interno Bruno
PNMT - Plano Nacional de Municipalização do Turismo
PNT - Plano Nacional de Turismo
PRODETUR - Programa de Desenvolvimento Turístico Brasileiro
PRT - Programa de Regionalização do Turismo
RINTUR - Relatório de Inventariação Turística
SEBRAE - Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas
SENAC - Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial
SETUR/MG - Secretaria de Estado de Turismo de Minas Gerais
SISTUR - Teorias de Sistemas Turísticos
TURISOL - Rede Brasileira de Turismo Solidário
UFVJM - Universidade Federal dos Vales do Mucuri e Jequitinhonha
UNB – Universidade de Brasília
UNIMONTES - Universidade Estadual de Montes Claros
UNIPAC - Universidade Presidente Antonio Carlos
VFCO - Viação Férrea Centro Oeste
WCF - World Economic Fórum (Fórum Econômico Mundial)
ZPE - Zona de Processamento e Exportação
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO .............................................................................................................. 14 1 POLÍTICAS PÚBLICAS E PLANEJAMENTO DO TURISMO: UM PANORAMA GERAL DO BRASIL E DO ESTADO DE MINAS GERAIS ..........................................
19
2 AS APLS E OS CLUSTERS NA TEORIA DE ECONOMIAS DE LOCALIZAÇÃO.... 36 3 ANÁLISE DO DESENVOLVIMENTO DO CIRCUITO TURÍSTICO DAS PEDRAS PRECIOSAS, COM BASE DA PERCEPÇÃO DE SEU ARRANJO PRODUTIVO LOCAL DE TURISMO ...................................................................................................
48 3.1 Processo de análise .............................................................................................. 48 3.2 Caracterização da região do Circuito Turístico das Pedras Preciosas ........... 55 3.3 Resultados apurados na análise do desenvolvimento do Circuito Turístico das Pedras Preciosas, com base na percepção de seu arranjo produtivo local de turismo....................................................................................................................
64
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS E SUGESTÕES ............................................................ 87 5 REFERÊNCIAS ………………………………..………………………………………..... 92 ANEXOS ....................................................................................................................... 98
14
INTRODUÇÃO
O crescimento do turismo mundial nos últimos anos e o aumento do fluxo
turístico em países que não faziam parte dos tradicionais receptores sugerem que
atividade turística seja melhor pensada e articulada entre os setores da sociedade,
que de uma forma ou de outra possam ser beneficiados com este processo.
Segundo a Organização Mundial do Turismo (OMT) (2006)1, em 1950, somente 3%
das chegadas internacionais se dirigiram para fora dos 15 principais países
receptores (Estados Unidos, Canadá, México e países da Europa). Já em 2004, 43%
do total de chegadas internacionais se realizaram fora destes 15 países receptores
principais
Torna-se meticulosamente importante que governo, sociedade civil
organizada e iniciativa privada aprendam a empreender ações em parceria, no
intuito de planejar e otimizar os ganhos com um setor tão importante, como é o caso
do setor turístico, que é responsável pela geração de 6 a 8% do total de empregos
no mundo, o que representa quase duzentos milhões de pessoas trabalhando direta
ou indiretamente no segmento, produzindo cerca de quatro trilhões de dólares em
receitas brutas (OMT, 2006).
No Brasil, o Governo Federal tem implementado ao longo dos anos diferentes
abordagens de políticas públicas para o setor de turismo. Nas últimas décadas, o
país apresentou dois planos que tiveram como propósitos ordenar, orientar e
melhorar a atividade turística em todo o território nacional. Tanto o Plano Nacional
de Municipalização do Turismo (PNMT) que vigorou de 1994 até 2002, quanto o
Plano Nacional do Turismo (PNT), que se estendeu de 2003 até 2010, sendo
readaptado para o período compreendido entre 2011 e 2014, tiverem como
diferencial em relação as abordagens dadas pelos governos anteriores, a
1 Fonte: Disponível em: < http://www.unwto.org/estadisticas/index.htm >. Acesso em: 19 jul. 2011.
15
conscientização e mobilização das comunidades brasileiras em busca de suas
vocações e soluções turísticas. Além disso, ambos os planos (PNMT e PNT)
também visaram organizar e melhorar a oferta dos produtos turísticos brasileiros.
Com o Programa de Regionalização do Turismo (2003-2010), os municípios foram
convidados a se articularem em regiões turísticas.
O Programa assume a noção de território como espaço e lugar de integração do homem com o ambiente, dando origem a diversas formas de se organizar e se relacionar com a natureza, com a cultura e com os recursos disponíveis (MTUR, 2010, p. 11).
A formação destas regiões turísticas vai de encontro a estudos e tendências
contemporâneas que indicam que a formação de arranjos produtivos locais e
clusters, neste caso, arranjos produtivos locais de turismo e clusters turísticos,
possibilitam maior capacidade de competição, uma vez que toda a cadeia começa a
agir com mais cooperação, apresentando também inovação nos produtos ofertados
ao mercado. Beni, defende cluster turístico como:
o conjunto de atrativos com destacado diferencial turístico, concentrado num espaço geográfico delimitado, dotado de equipamentos e serviços de qualidade, eficiência coletiva, coesão social e política, articulação da cadeia produtiva e cultura associativa, com excelência gerencial em redes de empresas que geram vantagens estratégicas comparativas e competitivas (BENI, 2003, p. 156).
Já o conceito de Arranjo Produtivo Local (APL) é constantemente usado para
os aglomerados produtivos do setor industrial. Por isso, é usual definir uma
aglomeração setorial produtiva local (ou clusters) como aquela localidade (região ou
município) que tenha como uma de suas principais características a presença
marcante de um setor industrial específico (ou setores de uma cadeia industrial
específica). No entanto, este conceito não é padronizado, podendo ser utilizado
também quando uma localidade conta com um conjunto significativo de empresas
que operam no mesmo setor e quando a participação dessas empresas (seja no
emprego total, ou no número de empresas total, ou no valor adicionado total da
localidade) é significativamente maior que a participação dos demais setores,
individualmente, na localidade.
Falar em Apls de turismo e cluster turístico no Brasil é algo relativamente
novo. De acordo com os dados pesquisados para esta dissertação, somente a partir
16
de meados dos anos de 1990 é que as políticas públicas e o fomento à formação
dos arranjos produtivos locais passaram a fazer parte do cotidiano das localidades
turísticas ou com potencial para o turismo. Sendo assim, o próprio entendimento dos
que lidam com a atividade sobre estes conceitos ainda é muito incipiente, o que leva
muitas vezes a inércia ou a pouca mobilidade dos atores para transformar
positivamente uma localidade turística.
Sendo assim, e baseados nos modelos atuais de implementação de políticas
públicas para o setor de turismo e na organização dos territórios brasileiros para
melhoramento de seus produtos e serviços turísticos, este trabalho teve como
objetivo principal analisar a região turística mineira conhecida como Circuito Turístico
das Pedras Preciosas, identificando o seu atual estágio de desenvolvimento, a partir
da percepção de seu arranjo produtivo local de turismo. A região do Circuito Pedras
Preciosas está localizada no Nordeste do estado de Minas Gerais, a qual sempre foi
reconhecida como uma das regiões sócio-economicamente menos desenvolvida do
estado. A análise foi feita de forma descritiva e antecedida por um estudo
exploratório, que permitiu obter maiores conhecimentos da área, valendo-se,
principalmente, da utilização de dados secundários como dados sócio-demográficos
gerados por órgãos oficiais do governo; inventários da oferta turística dos municípios
do Circuito, bem como o Plano de Desenvolvimento Estratégico do Turismo 2011-
2014 deste destino. Também foram feitas consultas diretas aos secretários e
diretores que respondem pela pastas de turismo e conselheiros municipais de
turismo das localidades pesquisadas, além de algumas observações in loco. O
trabalho contou ainda com a aplicação do modelo de Tipologia de Arranjo Produtivo
Local de Turismo, disponibilizado em documento oficial do Ministério do Turismo
(2008)2, o que possibilitou uma interpretação mais apurada das relações entre os
agentes envolvidos com o turismo da região e estabelecer o conseqüente grau de
evolução desta destinação. Como objetivos específicos, este trabalho também
procurou:
a) Compreender a evolução do turismo na atualidade e o planejamento
das políticas públicas dos governos Federal e de Minas Gerais para
o setor turístico;
2 Turismo Como Instrumento de Desenvolvimento Regional: estudo de arranjos produtivos locais
(APLs) no setor de turismo. Disponível em: < http://www.turismo.gov.br/publicacoes/>. Acesso em: 25 out. 2010. Brasília: Ministério do Turismo, 2006.
17
b) Verificar se o modelo de organização e gestão das regiões turísticas
brasileiras vêem de encontro aos estudos e exemplos de arranjos
produtivos locais de turismo;
c) Conhecer e analisar a capacidade de envolvimento, articulação e
cooperação dos atores da região do Circuito Turístico das Pedras
Preciosas, baseado na literatura pesquisada, nos dados apurados e
na aplicação da Tipologia de Arranjo Produtivo Local de Turismo;
d) Verificar possíveis fatores limitantes para o amadurecimento da
atividade turística local.
A organização desta dissertação esteve estruturada em introdução, três
capítulos e as considerações finais e sugestões. O primeiro capítulo, “Políticas
públicas e planejamento do turismo: um panorama geral do Brasil e do estado de
Minas Gerais” apresenta-se como uma contextualização geral do crescimento e
aprimoramento da atividade turística no mundo e do papel desempenhado pelo
governo brasileiro para o setor à partir do Século XX. Também é feita uma
abordagem da política pública implementada por Minas Gerais na criação dos seus
Circuitos Turísticos já no início da década de 2000. Por fim, ressalta-se a
importância da constituição das regiões turísticas brasileiras como forma de
melhoramento da articulação entre atores, formação dos arranjos produtivos locais
de turismo (APLs) e consolidação de novos produtos e roteiros turísticos com vistas
ao enfrentamento de mercado.
O segundo capítulo “As Apls e os Clusters na Teoria de Economias de
Localização” mostra como a formação de APLs e de clusters podem vir a trazer
benefícios para as destinações, elevando também a sua capacidade de
desenvolvimento turístico. O capítulo se baseia em teorias que demonstram como a
justaposição e cooperação de empresas, pessoas e instituições em determinados
ambientes são capazes de elevar, diversificar e inovar a oferta de seus produtos e
serviços.
No terceiro capítulo é feita então a análise do Circuito Turístico das Pedras
Preciosas, enquanto arranjo produtivo local de turismo, baseada nos dados
apurados na pesquisa exploratória descritiva e na aplicação do modelo de Tipologia
de Arranjo Produtivo Local de Turismo. A caracterização da região e os resultados
apurados na análise encontram-se em subseções do capítulo. São demonstrados
18
paralelamente a análise destinos turísticos que são tidos como referências de APLs
e clusters turísticos em seus segmentos.
Já nas “Considerações finais e sugestões” é feito um apanhado de todos os
resultados obtidos em analogia a literatura pesquisada e dialogada no trabalho. O
cruzamento e a comparação dos dados permitiram avaliar o estado atual de
desenvolvimento do Circuito Turístico das Pedras Preciosas, a partir da percepção
de seu arranjo produtivo local de turismo. Contudo, são apontadas constatações
positivas e negativas no turismo da região e também feitas algumas sugestões para
a melhoria da atividade turística deste destino.
1 POLÍTICAS PÚBLICAS E PLANEJAMENTO DO TURISMO: UM PANORAMA
GERAL DO BRASIL E DO ESTADO DE MINAS GERAIS
O Turismo feito de forma organizada e comercial tal como é conhecido hoje
em dia é um fato relativamente novo. Data de meados do Século XIX, período da
Revolução Industrial, o surgimento das primeiras viagens planejadas em forma de
pacotes turísticos e promovidas através da utilização de técnicas de marketing como
cartazes e folhetos. O advento das ferrovias propiciou deslocamentos a distâncias
maiores em períodos de tempos menores. Com isso o turismo ganhou grande
impulso (IGNARRA, 2003).
Atualmente, segundo dados da Organização Mundial do Turismo (OMT;
2006)3, o turismo é responsável pela geração de 6 a 8% do total de empregos no
mundo, um total de quase duzentos milhões de pessoas trabalhando direta ou
indiretamente no setor, produzindo cerca de quatro trilhões de dólares em receitas
brutas, o que equivale a quase 10,2% do PIB mundial. Além disso, ainda segundo a
OMT (2006) dentre as atividades econômicas, o turismo é considerado uma das
atividades que necessitam de menos investimentos para a geração de trabalho.
Os dados econômicos internacionais indicam uma marcante relação entre o
ambiente econômico e o crescimento do turismo, em todo o mundo. O crescimento
do Produto Interno Bruno (PIB) potencializa o crescimento do turismo, assim como
seus impactos positivos e negativos. A OMT (2006) aponta ainda, que no período de
1975 a 2000 o turismo cresceu a um ritmo médio de 4,4 % anual, enquanto o
crescimento econômico mundial médio, medido pelo PIB, foi de 3,5% ao ano. É
vertiginosamente notório que o turismo se destaca como um dos segmentos
socioeconômicos mais expressivos do mundo, incluindo aí todas as suas
modalidades praticadas como as viagens de negócios, visitas a amigos e familiares,
3 Fonte: Disponível em: < http://www.unwto.org/estadisticas/index.htm >. Acesso em: 19 jul. 2011.
20
viagens por motivações de estudos, religião, saúde, eventos esportivos,
conferências e exposições, além das já conhecidas viagens que tem como
motivação principal o lazer. Essa realidade é significantemente positiva para a
criação de postos de trabalho e geração de renda, em função da dinâmica
capacidade de ocupação percebida pela atividade.
Uma tendência observada ao longo dos últimos anos no turismo mundial é a
desconcentração dos fluxos internacionais de turistas, com a inclusão de novos
destinos nestas rotas. Ainda segundo a Organização Mundial do Turismo (2006), em
1950, somente 3% das chegadas internacionais se dirigiram para fora dos 15
principais países receptores (Estados Unidos, Canadá, México e países da Europa).
Já em 2004, 43% do total de chegadas internacionais se realizaram fora destes 15
países receptores principais. Sendo assim, com a constatação do crescimento do
turismo mundial e a possibilidade de redimensionamento dos fluxos internacionais
de turistas, o Brasil deverá estar bem preparado para o enfrentamento do grande
mercado global.
O aprimoramento da atividade turística é proporcional à capacidade de
melhoramento e envolvimento de todos os atores que compõe esta grande cadeia,
que por definição já nasceu com um caráter multisetorial. O papel de prover o
desenvolvimento turístico em uma localidade é compartilhado tanto com os agentes
públicos, quanto pela iniciativa privada, bem como pelas organizações da sociedade
civil e a população em geral, que invariavelmente percebe de alguma forma os
impactos do turismo.
Apesar de ser operacionalizado na esfera empresarial, o setor turístico
depende em muitos aspectos da intervenção pública, principalmente no que diz
respeito a regulações, fomento e infra-estrutura. No Brasil, o planejamento público
do turismo apresentou diferentes abordagens desde o início do Século XX até os
dias atuais. De acordo com Cruz (2001), do ponto de vista das políticas públicas, a
história do turismo no Brasil pode ser dividida em três fases. A primeira constitui-se
na ação do governo visando regulamentar a atividade em 1938, com o Decreto-Lei
406. Este Decreto determinava que a venda de passagens só pudesse ser feita por
empresas autorizadas pelo Ministério de Trabalho, Indústria e Comércio.
Na segunda fase tem-se a criação do Conselho Nacional de Turismo
(CNTUR) e da Empresa Brasileira de Turismo (EMBRATUR) através do Decreto nº
55 de 1966, que foi regulamentado em 1967 formando o que se conheceria mais
21
tarde como Sistema Nacional de Turismo, que além destes dois órgãos também
contemplava o Ministério das Relações Exteriores.
A terceira fase se destaca pelo poder político mais incisivo da EMBRATUR
com a criação do Plano Nacional de Municipalização do Turismo (PNMT), em 1994
pelo Governo Federal, que de acordo com Pereira (1999) foi o instrumento legal e
referencial para todos os segmentos que atuam com o turismo no país e que teve
como unidade-alvo o município; e pelas responsabilidades delegadas aos diversos
níveis de governo (federal estadual e municipal) em relação ao turismo determinadas
pela Constituição Federal de 1988.
O PNMT, que vigorou até o final do mês dezembro de 2002, tornou-se, ao
longo dos seus anos de exercício, um marco estratégico a luz da conscientização
das comunidades brasileiras em busca de suas vocações turísticas. Sua pretensão
ia além de ditar regras gerais para a aplicação local, de buscar o progresso
implantado de cima para baixo, do poder teoricamente instituído sobre o poder
verdadeiramente exercido. A proposta do Plano era manter-se fiel ao conceito de
participação comunitária local, fundada no compromisso expresso e observável.
Sendo assim, o mesmo procurou obter a adesão das comunidades em regiões e
culturas do sul ao norte; desenvolveu técnicas próprias; adaptou metodologias
estrangeiras e criou uma equipe capacitada para a multiplicação das técnicas com
oficinas realizadas para outros agentes e monitores em todo o país no intuito de
mudar a cara do conceito do turismo administrado pelo estado no Brasil.
A formação desses multiplicadores foi embasada de uma conclusão bastante
esclarecedora: o desenvolvimento da atividade turística depende de fatores e
condicionantes, recursos e capacidades que são específicas de cada localidade e de
sua comunidade. Portanto, são os agentes locais que melhor conhecem as
particularidades da região onde vivem e que podem, quando devidamente
capacitados, encontrar soluções viáveis e que atendam aos interesses de suas
comunidades (EMBRATUR, 2002). Não se tratava então de promover o isolamento
dos centros de decisão, o que inviabilizaria o esforço de desenvolvimento, mas,
propiciar ao município a condição de colocar-se como um interlocutor ativo junto às
instâncias superiores.
Para Rodrigues,
22
A participação sempre crescente da iniciativa privada no desenvolvimento turístico diminui o papel do governo no sentido operacional, mas não no controle de gestão. O governo ainda detém a responsabilidade pela aceitação completa do turismo que desenvolve, assim como a responsabilidade total, coletiva, de assegurar que os benefícios auferidos do turismo, até mesmo financeiros, sejam obtidos mediante a satisfação, em primeiro lugar, das necessidades sociais, culturais e ambientais (2003, p. 83).
Durante o PNMT, os municípios precisavam preencher anualmente o
Relatório de Inventariação Turística (RINTUR), que identificava inúmeros aspectos a
respeito de uma localidade e de sua região. O preenchimento das páginas levantava
dados sobre os atrativos naturais e artificiais, pessoas, aspectos geográficos, bens
históricos e culturais, equipamentos e serviços ligados ao turismo, as festas e os
eventos locais que poderiam ser aproveitados turisticamente, dentre outras
informações. Esta periodicidade permitia avaliações contínuas sobre os resultados
do processo de municipalização de cada localidade.
Segundo a EMBRATUR (2002), o processo de identificação de municípios
desenvolvido por este órgão, através do RINTUR tinha o intuito de contribuir na
implementação das ações iniciais do PNMT, principalmente no que diz respeito a
criar parâmetros que permitissem estabelecer uma ordem de prioridade entre os
municípios, para o direcionamento de investimentos do governo no setor turístico,
além de criar indicadores que norteassem as ações de planejamento do Programa.
Um dos investimentos mais determinantes oriundos na época do PNMT e que
vigora até hoje no Governo Federal é o Programa de Desenvolvimento Turístico
Brasileiro (PRODETUR). Este programa possibilita o investimento em infra-estrutura
e serviços em diversos municípios identificados como prioritários para a atividade
turística. Para Beni (2003) na avaliação e condicionamento dos investimentos, não
se pode ignorar a ação favorável que desempenha o capital fixo social, promovido
basicamente pelo Estado, que cria necessárias infra-estruturas de saneamento,
transporte, comunicação, energia e abastecimento de água, estimulando e
possibilitando a participação da iniciativa privada.
Na conclusão de Gomes (2008), como aspecto positivo do PNMT fica a
sensibilização dos poderes públicos (estadual e municipal), bem como da população
em geral, sobre o turismo; a disseminação acerca do planejamento participativo e da
importância dos municípios se organizarem para trabalhar a atividade turística e, por
consequência, auferirem os benefícios das políticas do setor.
23
A partir de 2003 o PNMT é substituído pelo Plano Nacional de Turismo (PNT),
que teve sua primeira edição entre os anos de 2003 e 2007, sendo reestruturado e
adaptado para o posterior período compreendido entre 2007 e 2010. Com isto, a
EMBRATUR passa a ter a função de um órgão de promoção e marketing do turismo
brasileiro e é criado então o Ministério do Turismo (MTUR), que fica responsável
pelas políticas e direcionamentos dos esforços governamentais para o setor. O
Plano foi elaborado visando:
Parceria e gestão descentralizada, desconcentração da renda por meio da regionalização, interiorização e segmentação da atividade turística; diversificação dos mercados, produtos e destinos; inovação na forma e conteúdo das relações e interações dos arranjos produtivos (MTUR, [2004] 2010, p. 7).
Ainda segundo o MTur ([2004] 2010), o novo Plano foi concebido de forma
coletiva, com uma ampla consulta às mais diversas regiões brasileiras e a todos os
setores representativos do turismo, constituindo-se em um processo dinâmico e de
construção permanente. O Plano ainda teve como metas criar condições para gerar
1.200.000 novos empregos e ocupações; aumentar para nove milhões o número de
turistas estrangeiros no Brasil; gerar 8 bilhões de dólares em divisas; aumentar para
65 milhões a chegada de passageiros nos vôos domésticos. Para que tais metas
fossem alcançadas, decidiu-se então pelo desdobramento deste Plano em sete
macroprogramas estratégicos que ficaram assim intitulados:
1. Gestão de Relações Institucionais;
2. Fomento;
3. Infraestrutura;
4. Estruturação e Diversificação da Oferta Turística;
5. Qualidade do Produto Turístico;
6. Promoção e Apoio a comercialização e;
7. Informações Turísticas.
Com o findar do prazo previsto da primeira edição do PNT, o Ministério do
Turismo ([2007] 2010) divulga então os resultados obtidos com a implementação
deste Plano, onde se constata que durante o ano de 2006 desembarcaram no país 5
milhões de turistas estrangeiros, o que significa 4 milhões a menos do que o previsto
quando o Plano fora lançado. Os desembarques nacionais somaram de 43,1
milhões de turistas, ou seja, 21,9 milhões de turistas a menos do que era esperado.
24
Em relação ao número de postos de trabalhos gerados, entre 2003 e final de 2006
foram criados 891.000 empregos formais e informais no setor de turismo,
considerando estudos do setor que indicam uma relação de três empregos totais
para um emprego formal4. Somente a receita cambial turística, que no final de 2006
somava um total de US$ 13,88 bilhões conseguiu transpor a meta inicial que era de
US$ 8 bilhões. Pode-se atribuir este desempenho positivo a uma série de fatores
como a estabilidade econômica que o país manteve aliado ao período de expansão
econômica mundial que foi observado no período em questão.
Com a continuidade do Plano Nacional de Turismo foram feitas algumas
adaptações e refeitas também algumas metas para o turismo no país, o que pode
ser constatado no documento oficial lançado pelo MTur ([2007] 2010) que previa que
a execução do PNT até o final de 2010 possibilitaria o fortalecimento do mercado
permitindo a geração de 1,7 milhão de empregos no setor, além de aumentar para
217 milhões o número de viagens no mercado interno. Já os investimentos em infra-
estrutura e qualificação profissional por sua vez iriam permitir a organização de 65
destinos turísticos, distribuídos em todo o território nacional, dentro de um padrão
internacional de mercado. E por fim, tudo isto levaria a entrada de US$ 7,7 bilhões
em divisas para o Brasil.
Dentre as novas propostas para a organização e gestão do turismo nacional
contidas nas duas edições do PNT está o Programa de Regionalização do Turismo-
Roteiros do Brasil (PRT), que está inserido no macroprograma de Estruturação e
Diversificação da Oferta Turística. De acordo com MTur: “a regionalização deve ser
entendida como a organização de um espaço geográfico em regiões para fins de
planejamento, gestão, promoção e comercialização integrada e compartilhada da
atividade turística” (MTUR, [2004] 2010, p. 7).
Este modelo adotado tem como referência o planejamento a nível nacional,
porém, assim como no PNMT, são ações locais de mobilização e organização dos
recursos disponíveis no entorno, que irão estruturar os arranjos produtivos no
turismo, através de parcerias com instituições variadas.
4 De acordo com estudo realizado pelo CET/UNB, segundo Pastore (2005), em 1985 havia um
emprego formal para cada 2,7 trabalhadores totais (formais + informais). Em 2002 essa proporção subiu de um emprego formal para três trabalhadores totais. Utilizando-se essa relação, pode-se fazer uma estimativa sobre a quantidade total de trabalhadores no turismo. Vale ressaltar que se chega a esses valores por uma aproximação, não sendo possível afirmar que esses números refletem integralmente a situação do mercado de trabalho para o turismo. Assim, estudos específicos sobre o mercado de trabalho para o turismo mostram-se de fundamental importância para diagnosticar a influência do setor em relação à geração de novos empregos (MTur).
25
O Programa de Regionalização do Turismo (PRT) tinha a proposta de
transformar as ações, antes centradas nos municípios, em uma política pública
mobilizadora, capaz de promover mudanças por meio de um planejamento
sistematizado e participativo, a fim de que fosse possível coordenar o processo de
desenvolvimento turístico de forma regionalizada no Brasil. No entanto, a sua
implementação dependia da cooperação e da parceria de todos os agentes
envolvidos, fossem eles públicos ou privados.
Para o Programa ser colocado em prática foram realizadas oficinas de
planejamento e de definição de estratégias nas Unidades da Federação, onde
chegou-se na identificação de 219 regiões turísticas no País e das potencialidades
e necessidades de cada uma delas. O resultado destas oficinas forneceu os
subsídios necessários para a elaboração das Diretrizes Operacionais do Programa
que ficaram constituídas em nove módulos: Sensibilização; Mobilização;
Institucionalização da Instância de Governança Regional; Elaboração do Plano
Estratégico de Desenvolvimento do Turismo Regional; Implementação do Plano
Estratégico de Desenvolvimento do Turismo Regional; Sistema de Informações
Turísticas; Roteirização Turística; Promoção e Apoio à Comercialização; Sistema de
Monitoria e Avaliação.
Os Módulos do Programa são distintos e não, necessariamente, seqüenciais.
Desse modo, cada região turística pode implementar o Programa de acordo com seu
estágio de desenvolvimento, inserindo-se por meio de um ou mais Módulos. As
regiões ainda têm a possibilidade de resgatar ou aprimorar as ações já realizadas
em seus municípios por outros planos, programas, projetos e instituições
relacionados com a atividade turística, incluindo ações necessárias e/ou ausentes.
Neste contexto, Vignati (2008) ressalta que o planejamento de destinos turísticos
não obedece a uma metodologia única. Sendo assim, o território, a população e o
nível de desenvolvimento de cada destino são alguns dos fatores que influem na
escolha da metodologia e nos objetivos do planejamento.
A regionalização do turismo, portanto, representa uma nova concepção de
relacionamento entre as diversas esferas do poder público e da sociedade civil, pois
exige um esforço no sentido de construir coletivamente um modelo de gestão que
seja adequado a cada região. O trabalho envolve negociações permanentes entre as
instâncias envolvidas, articulação de acordos diversos e planejamento das ações de
forma participativa, visando à integração entre municípios. Para o MTur:
26
O Programa assume a noção de território como espaço e lugar de integração do homem com o ambiente, dando origem a diversas formas de se organizar e se relacionar com a natureza, com a cultura e com os recursos disponíveis ([2004] 2010 p. 11).
No estado de Minas Gerais, a política de regionalização turística foi adotada
antes mesmo do Programa ser lançado em nível nacional pelo Ministério do
Turismo. Em 2001, propondo a regionalização da atividade, a Secretaria de Estado
de Turismo (SETUR/MG) lançou uma política para estimular a criação dos circuitos
turísticos (GOMES, 2008). O Governo estadual havia percebido naquela época que
esta seria a forma mais eficaz de desenvolver e gerir o turismo num território tão
grande como é o caso do território mineiro. Resultado da gestão descentralizada do
turismo de Minas, foram formadas então as Associações de Circuitos Turísticos que
são entendidas como instâncias de governança regionais integradas por um
conjunto de municípios de uma mesma região, com similaridades culturais, sociais e
econômicas unidas para organizar e desenvolver a atividade turística regional de
forma sustentável, através da integração contínua de seus municípios (GOVERNO
DO ESTADO DE MINAS GERAIS, 2003).
Para estimular a formação destes circuitos, a SETUR/MG organizou oficinas
participativas em diversos municípios no intuito de discutir a atividade turística e a
importância da regionalização como ferramenta de desenvolvimento integrado entre
o poder público e a comunidade local. Ao final dos trabalhos, foram realizadas 54
oficinas, atingindo mais de 400 municípios, nas quais os participantes já
combinavam as próximas ações necessárias para que o circuito turístico fosse
criado (BOLSON, 2003).
A recomendação dada pela SETUR/MG para a formação de um circuito era
que além das afinidades elencadas no Decreto 43321/20035, os municípios também
estivessem localizados a um raio de 100 Km; que fosse definido um nome de acordo
com a identidade da região e que este nome fosse precedido pela nomenclatura
Circuito Turístico; que houvesse pelo menos uma reunião com os técnicos da
5 Este Decreto reconhece os Circuitos Turísticos institucionalizados e com personalidade jurídica
como parte integrante da política estadual mineira de turismo e estabelece que a SETUR/MG expedirá resolução contendo os critérios necessários para a liberação do Certificado de Reconhecimento.
27
Secretaria e que fosse registrado um estatuto social em forma de pessoa jurídica de
direito privado.
A administração do Circuito seria feita então por uma entidade sem fins
lucrativos, mantida por mensalidades pagas pelos associados. Era necessário que a
instância mantivesse em seu quadro de funcionários pelo menos um profissional
técnico da área (turismólogo).
Após um ano de existência legal e comprovada as exigências previstas na
resolução 007/20036 a SETUR/MG emitia então um Certificado de reconhecimento
destas instituições como responsáveis pelo desenvolvimento do turismo na região de
abrangência de seu circuito. Os Circuitos certificados passam então a fazer parte
das ações prioritárias do turismo em Minas como as ações de promoção, divulgação,
descentralização de recursos, capacitação da mão-de-obra local, infra-estrutura,
dentre outras ações. O certificado é valido por dois anos e para mantê-lo é
necessário que o Circuito apresente um Plano Estratégico de Desenvolvimento do
Turismo Regional; apresentem também um plano anual das ações a serem
desempenhadas em consonância com o Plano Estratégico; apresente atualizados os
inventários da oferta turística dos municípios associados e o calendário anual de
eventos da região; além de ter os documentos fiscais e jurídicos da instituição sem
nenhuma pendência nos órgãos competentes.
Esse processo de gestão profissionalizada das instâncias de governança em
Minas Gerais é baseado em diretrizes e critérios que permitem a evolução das
Associações de Circuitos, propostas numa Matriz de Evolução da Gestão dos
Circuitos, conforme Quadro 1:
Quadro 2 - Matriz de Evolução dos Circuitos Turísticos
Listagem de Critérios
MÓDULOS OPERACIONAIS DA REGIONALIZAÇÃO - MTUR
9
Sistema de Monitoria e Avaliação
MERCADO
Relatório de ações realizadas ligadas ao Planejamento Estratégico
8 Promoção e Apoio a
Comercialização
Possuir receptivos locais
6 Esta Resolução estabelecia os critérios necessários para a Certificação e manutenção da
Certificação dos Circuitos pelo Governo do Estado.
28
participantes do Minas Recebe
Web site
Material Promocional
Participação em eventos promocionais
Roteiro comercializado
7 Roteirização Turística
Sinalização Rural e Urbana
Em fase de roteirização
Possuir condutores e guias formados
Possuir número mínimo de UH´s
6 Sistema de
Informações Turísticas
GESTÃO
Percentual de empresas cadastradas no CADASTUR
Realizar pesquisa de demanda
5
Implementação do Plano Estratégico de Desenvolvimento do
Turismo Regional
Planejamento Estratégico em execução
Desenvolver de ações com outros parceiros
Municípios que possuem COMTUR em funcionamento
Municípios que possuem FUMTUR
Município que possuem órgão oficial de turismo
Municípios que possuem Plano Municipal de Turismo
Municípios que pontuaram no ICMS Turístico
Municípios que possuem servidor graduado em turismo, atuando no órgão oficial de turismo
4 Elaboração do Plano
Estratégico de Desenvolvimento Local
Planejamento Estratégico elaborado
3 Instância de Governança
Circuito Turístico Certificado
29
Cumprir prazos de entrega de documentação
Municípios Adimplentes
1 e 2 Sensibilização e
Mobilização
Possuir mínimo de Associados privados
Participar em encontros demandados pela SETUR e FECITUR
Fonte: SETUR/MG (2010).
As Diretrizes da Política de Turismo de Minas Gerais é um documento
elaborado por meio de diretrizes e macroporogramas com o objetivo de orientar o
desenvolvimento turístico do estado, contribuindo para integrar a política
socioeconômica de Minas Gerais de forma planejada, organizada e sustentada
(SETUR/MG, 2010). Por sua vez, a Política de Turismo do Estado está em
conformidade com a Lei Delegada 129 de 25/01/20077, que dispõe das atribuições
da Secretaria Estadual de Turismo e preconiza que essa organização tem por
finalidade e competência planejar, coordenar e fomentar as ações do negócio de
turismo, objetivando a sua expansão, a melhoria da qualidade de vida das
comunidades, a geração de emprego e renda e a divulgação do potencial turístico
do estado.
Para montar o Sistema de Gestão do Turismo Mineiro (Quadro 2), a
SETUR/MG levou em conta as peculiaridades do estado e a de parcerias com outros
setores do Poder Público, da iniciativa privada e da sociedade civil organizada, no
intuito de que todas as ações planejadas fossem realmente executadas. A intensão
destas alianças estratégicas era de construir uma política mais competitiva e
integrada entre o setor público e privado, com ações voltadas para o fortalecimento
das instâncias de governança, em especial as Associações de Circuitos Turísticos, o
Conselho Estadual de Turismo (CET) e a Federação dos Circuitos Turísticos
Mineiros (SETUR/MG, 2010).
Quadro 2 - Sistema Mineiro de Gestão do Turismo
7 As atribuições e competências da Secretaria de Estado de Turismo foram substituídas pela Lei
Delegada 179 de 02/01/2011 e todas as especificações da SETUR/MG estão no inciso XIX do art. 5º desta mesma Lei.
30
Fonte: SETUR/MG (2010).
Segundo a SETUR/MG (2010), a implementação das ações contidas nas
Diretrizes da Política Pública de Turismo de Minas Gerais gerou entre 2007 e 2010
um aumento significativo dos números do turismo no estado, sendo que as metas
que norteiam os macroprogramas da Secretaria de Estado de Turismo foram
alcançadas, quase em sua totalidade. Dentre os resultados apresentados pelo
estado no setor turístico estão:
Realização de Estudo de Competitividade Turística em 20 municípios
mineiros realizado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV);
Aumento de 167 % no número de ações promocionais;
Descentralização de recursos para implantação de projetos em 100%
das Associações de Circuitos Turísticos certificadas pelo Estado e para
a Federação dos Circuitos Turísticos de Minas Gerais (FECITUR);
Elaboração de 90 novos roteiros juntamente com os receptivos
turísticos de Minas Gerais;
Capacitação de 96 receptivos feita pela Secretaria de Estado de
Turismo através do Programa Minas Recebe;
Geração de R$ 12 milhões em mídia espontânea;
Aumento de 37%no número de desembarques nos aeroportos da
Pampulha e Internacional Tancredo Neves em Confins;
Crescimento de 46% do fluxo de turistas ao longo da Estrada Real;
31
Crescimento de 35,5% do número de empregos no setor de turismo do
Estado;
Investimento de R$ 53 milhões de reais feitos pelo Programa de
Desenvolvimento do Turismo (PRODETUR) em municípios do Pólo
Turístico Vale do Jequitinhonha;
Instalação de 850 placas de sinalização turística nas rodovias federais
e estaduais que cortam o Estado;
Qualificação de mais de 6 mil pessoas, entre lideranças locais,
empreendedores e empresários do trade, prestadores de serviços
turísticos e policiais civis e militares.
A leitura dos números resultantes da aplicação da política de turismo
implementada pelo Governo de Minas ressalta a importância do planejamento
articulado e executado como forma de prover o desenvolvimento da atividade
turística em todas as regiões do país. É importante que se tenha consciência de que,
embora a falta de continuidade das políticas seja um empecilho comum na gestão
pública tradicional, esta questão pode ser minimizada, com uma mudança de relação
entre a sociedade civil e o governo (VIGNATI, 2008).
Beni (2003) lembra que é o Estado quem tem o controle do Turismo sendo
este setor também uma de suas atribuições, ao qual deve dirigir sua atenção
setorial, traduzida na política planejada para atender as exigências de seu
crescimento. A ação do Estado neste caso é exercida em primeiro lugar, pela política
e, numa posterior etapa, concomitante, pelos programas constantes no
planejamento.
Já Dias (2008) fala que a política de turismo não deve só estar voltada para o
desenvolvimento do setor, mas ser compreendida dentro de um contexto mais geral
de política de desenvolvimento.
Uma definição mais abrangente de política de turismo é a interpretada por
Goeldner, Ritchie e McIntosh (2002), que entendem que se trata de
Um conjunto de regulamentações, regras, diretrizes, diretivas, objetivos e estratégias de desenvolvimento e promoção que fornece uma estrutura na qual são tomadas as decisões coletivas e individuais que afetam diretamente o desenvolvimento turístico e as atividades diárias dentro de uma destinação (p. 294).
32
Com a análise feita nos documentos e ações apresentados pela SETUR/MG
até o ano de 2010, entende-se que o Estado de Minas Gerais, buscando
empreender as orientações especificadas no Plano Nacional de Turismo e no
Programa de Regionalização do Turismo procurou estruturar seus mecanismos de
gestão e execução da política para o setor turístico baseada nos critérios de
concepção e participação coletiva, o que desde a época do PNMT já era almejado
para o turismo brasileiro. Neste sentido, Dias afirma que “Atualmente, há uma
reinterpretação do significado de público implicando a participação de outros atores,
além do governo, na elaboração, implementação e avaliação das políticas públicas”
(DIAS, 2008, p. 123).
Melhor explicação deste processo faz Vignati (2008) quando reflete que o
governo precisa dos atores locais para formular as políticas públicas enquanto esses
precisam do governo para que reconheça suas dificuldades e estimule a
organização dos sistemas de produção para o desenvolvimento sustentável do
território.
Fica evidente com todos estes posicionamentos que o turismo não é uma
atividade que pode ser planejada dentro de gabinete. Relações mais aproximadas
entre o governo e a sociedade obtém melhores informações, o que possibilita a
formulação de melhores diretrizes e leva a uma maior eficácia no direcionamento de
ações, de recursos, investimentos e incentivos. Neste aspecto, a participação da
sociedade deve se dar de forma organizada, assim como é feita com as instâncias
de governança de Minas Gerais que são regidas por estatutos, obedecem a
exigências legais e tributárias e são reconhecidas pelo estado. Desta forma,
empresários, cidadãos e gestores podem discutir problemas comuns, apontar
soluções e compartilhar responsabilidades visando o desenvolvimento do turismo
nos destinos.
Favoráveis ao modelo de “agência de desenvolvimento regional”, Pinho,
Cortes e Fernandes (2005) defendem que quando as políticas públicas dizem
respeito ao desenvolvimento de uma atividade devem se pautar na articulação dos
agentes. No entanto, para que a cooperação entre estes possa avançar, devem ser
superados os entraves gerados pela rivalidade. Os autores ainda realçam que estas
“agências” têm condições de conceber e operacionalizar estratégias direcionadas a
potencialização das sinergias no desenvolvimento dos arranjos produtivos, levando
em conta as especificidades presentes em cada região.
33
É brando salientar que a sustentabilidade político-institucional dos destinos
turísticos irá requerer uma acentuada capacidade de participação e
comprometimento dos atores locais. Não se transforma um território em um destino
turístico da noite para o dia. Não basta que o governo defina regiões, crie produtos
ou roteiros turísticos para entrar no mercado. É preciso que a sociedade se aproprie
e se sinta pertencente deles. Levantar informações, sobretudo de mercado, definir
públicos, criar infra-estruturas, testar produtos e roteiros é um papel que deverá ser
feito com engajamento de todos para que os sistemas turísticos articulados sejam
ofertados, neste caso, como produtos turísticos (MTUR, [2004] 2010).
Em tempos de Regionalização Turística, a ação pública nas regiões, seja ela
nos três níveis de governo, precisa ser bem conceituada e entendida. Não se
admitindo, por antagonismo, a ação paternalista nos destinos, já que estes só
encontrarão seu desenvolvimento através de iniciativas genuínas locais e
essencialmente originárias da cadeia produtiva. Para a Secretaria de Estado de
Turismo de Minas Gerais, “As iniciativas para a evolução transformadora devem ter
origem endógena, com a mobilização e integração das forças locais em sinérgica
convergência de atitudes e condutas” (SETUR/MG, 2006, p. 34-35). Neste sentido, a
presença parceira do setor público é importante coadjuvante, estimulante ou
incrementadora, mas sempre em apoio a iniciativas que surgirem de demandas
locais. A sociedade civil assume, nos tempos atuais, na sociedade democrática, seu
papel de indicadora da sua própria evolução. Esta autonomia na definição e corre-
ção de rumos é essencial ao funcionamento da cadeia de negócios das regiões
turísticas, o que incentiva de forma sadia e necessária competição entre destinos
turísticos.
Por se tratar de um tipo de planejamento ainda em implementação no país, a
formação destes arranjos produtivos locais ainda enfrenta muitos desafios em
algumas regiões, principalmente no tocante a transposição da inércia mobilizadora e
articuladora, que até hoje infelizmente persiste em muitos atores públicos e privados
do trade turístico. Superar esta grande “barreira”, que pode ser vencida com vetores
como sinergia, boa definição da dimensão territorial, identificação das características
de afinidade/complementariedade, capacidade de parceria e de aprendizado
interativo, gestão eficaz inclusive na governança corporativa, investimentos claros e
permanentes tanto do setor público e privado e busca solidária de aperfeiçoamentos,
será o grande passo para que todos os destinos possam se consolidar no mercado.
34
Percebe-se então, que a questão emblemática deste novo formato de
condução do turismo brasileiro não está na solidificação das relações entre governo
e sociedade, mas sim, em como estabelecer estas relações. A estrutura funcional
elaborada e implementada para aplicação da política de turismo em Minas Gerais,
amparada nos resultados apresentados pelo estado no setor, podem suscitar que
obteve-se um modelo preliminar de planejamento e gestão do turismo no país, uma
vez que Minas também seguiu veemente o Plano Nacional de Turismo. Entretanto,
ao analisar a ponta deste processo, também pode-se chegar a conclusão que assim
como todo modelo pioneiro, este também está factível de ser melhorado.
Em seu estudo sobre políticas públicas e as transações em alguns circuitos
turísticos de Minas, Gomes (2008) revela que os principais entraves para a
consolidação das instâncias de governança e, conseqüentemente para o
desenvolvimento turístico das regiões está em fatores críticos como: baixa
freqüência dos associados às reuniões, comportamento oportunista dos agentes dos
circuitos, sentimento de concorrência entre os empresários, comportamento
centralizador da diretoria, assimetria de informação entre os agentes e destes com a
administração pública estadual e federal, racionalidade limitada dos agentes locais e
dos agentes do ambiente institucional, baixo retorno dos ativos investidos e, em
alguns casos, baixo fluxo de turistas nos circuitos. Porém, o autor considera que,
num balanço final, a política de turismo implementada por Minas criou uma estrutura
de governança que vem articulando os agentes locais em rede, despertando nos
mesmos a necessidade de se pensar o turismo coletivamente como melhor forma de
trabalhar. Isto possibilitou um aumento na freqüência das relações entre os atores
locais, o que permitiu uma maior troca de informações, desenvolvimento do espírito
de cooperação e melhor entendimento dos benefícios em longo prazo.
Contudo, a maneira de como o Brasil está organizando e orientando a
atividade turística em todo o seu território representa uma nova responsabilidade
civil que deve ser incorporada no cotidiano desta sociedade, que adotou para si um
modelo democrático de viver. No caso do setor de turismo, assim como em outros
setores, esta nova cultura participativa e de comprometimento ainda está longe de
ser consolidada. Porém, o desenvolvimento de novos destinos turísticos no país está
claramente estimulando à adesão a essa cultura, ao mesmo tempo em que depende
também dela (VIGNATI, 2008).
35
O intuito de estimular estas parcerias, construídas por diferentes esferas da
sociedade, é de fortalecer a oferta de produtos e serviços, diversificando e
qualificando os destinos para concorrência no mercado interno e externo. Esta nova
forma de conceber o turismo reflete a intenção de consolidar uma proposta atual de
organização e gestão de destinações turísticas formadas por arranjos produtivos
locais ou clusters, que serão detalhados melhor no capítulo seguinte.
2 AS APLS E OS CLUSTERS NA TEORIA DE ECONOMIAS DE LOCALIZAÇÃO
Como ficou evidenciado no capítulo anterior, o Brasil passou por várias fases
de planejamento e gestão do turismo nacional até chegar ao atual modelo de
concepção e orientação desta atividade em seu território. A formação das regiões
turísticas brasileiras induz os municípios juntamente com seus atores locais a
buscarem a cooperação e a inovação como forma de melhorarem e diversificarem a
oferta de seus produtos e serviços turísticos e, com isso, terem maior capacidade de
concorrência turística.
Por isso, a formação dos arranjos produtivos locais, que é uma tendência
observada nos últimos anos, tem se transformado numa questão chave para as
políticas de desenvolvimento regional e local. Segundo Thomazi (2006), procurando-
se atender às instâncias desse momento, em que há um sentimento comum em
torno da importância do estudo e adoção de modelos de gestão do turismo e dos
processos de desenvolvimento, respostas e experiências no modelo dos arranjos
produtivos locais são apontadas com base na aplicação da Teoria dos Aglomerados.
Porter (1999) indica que essa teoria focaliza a maneira como a justaposição de
empresas e instituições economicamente interligadas numa localidade geográfica
específica afeta a competitividade.
As economias de localização ou de justaposição representam ganhos de
produtividade específicos de uma indústria ou de um conjunto de empresas
relacionadas que se originam de sua localização. Em sentido geral, o termo indústria
designa um conjunto de estabelecimentos ou empresas do mesmo setor de atividade
econômica.
As economias de localização ou de justaposição são internalizadas ao nível da indústria, embora sejam externalidades para as empresas que delas [se]
beneficiam. Os ganhos de produtividade são imputáveis à dimensão da indústria numa dada localização. Para designar os conjuntos geográficos de estabelecimentos conexos deste tipo usa-se por vezes, a expressão complexos industriais (onde freqüentemente os outputs de uma empresa são os inputs de uma outra). As economias de localização a realizar neste caso não assentam apenas na partilha dos custos fixos mas também na redução dos custos de interação espacial e na multiplicação das possibilidades de troca. Por outras palavras, a aglomeração geográfica torna possível a maximização dos ganhos da especialização resultantes da valorização das vantagens comparativas (POLÈSE, 1998, p. 87 apud SILVA, 2004, p. 31).
Porter, assim como outros estudiosos, foi um dos difusores dessa teoria, que,
segundo Acerenza.
É uma das teorias mais antigas, enquanto se refere aos problemas regionais, na qual se considera as aglomerações como instrumento de desenvolvimento econômico, em virtude de uma série de vantagens que apresenta a concentração industrial (1995, p. 145).
Para Izepão (2003), os estudos sistemáticos dessas teorias datam do século
XIX e têm como principal objetivo apresentar os fatores que determinam a
distribuição das atividades econômicas contribuindo, portanto, para a compreensão
da organização espacial da economia. Entretanto, Thomazi (2006) acrescenta que
há séculos as concentrações geográficas de atividades e empresas em
determinados setores integram a paisagem econômica da terra, embora cumprissem
um papel mais limitado no passado do que o observado nos dias de hoje.
Azzoni (1982) revela que o primeiro teórico a tratar da questão da localização
das atividades econômicas foi J.H. Von Thunen, em 1826, quando estudou as
atividades agrícolas em torno de uma cidade. Este autor desenvolveu uma teoria
sobre os “anéis de Thunen”, que são as circunferências em torno da cidade, cada
uma delas delimitando a área de cultivo de um produto. Com isso, os preços dos
produtos sofreriam influencia de acordo com as suas distâncias em relação ao
centro da cidade. Como parte deste cenário surge o “custo de transporte”.
Ainda segundo Azzoni (1982), August Losch é um dos principais teóricos da
localização. Este estudioso concluiu que nem a minimização de custos, nem a
maximização de receitas leva à localização ótima, o que é possível pela
maximização dos lucros. Losch concentrou-se nos estudos de sistemas e demanda.
O autor criou a teoria sobre sistemas de cidades, onde, por exemplo, pode se
imaginar que inicialmente uma planície homogênea na qual a população distribui-se
igualmente por todo o território e ocupa-se do cultivo de um produto agrícola
38
qualquer, para autoconsumo. Vários outros territórios começam a produzir sob uma
concorrência perfeita, passando os centros produtores a competir entre si pelo
suprimento da maior área possível (equilíbrio geral). No final do processo, cada
centro deverá atender a uma região circular de igual área (subcentros).
Com esta explicação Losh afirma que a conformação circular das regiões não
leva à exaustão total do território, razão pela qual não é uma solução estável, a
estabilidade é conseguida por uma conformação hexagonal, à semelhança de uma
colmeia. Sendo assim, continua, diferentes produtos apresentam diferentes
economias de escala e diferentes custos de transporte. O resultado final é uma rede
de centros (cada qual com sua importância, de acordo com a sua produção). Alfred
Weber (1977) também destaca em seus estudos o custo de transporte, no qual
associa à localização a forma de um triângulo, inserindo a localização da matéria-
prima, posição do centro de consumo e mão de obra. Este estudioso diz que a
localização ótima surge quando há um equilíbrio entre as três localizações,
minimizando o custo do transporte. Os estudos da localização industrial, com análise
dos custos de transportes e das despesas com mão-de-obra, foram denominados
como forças aglomerativas. O fator aglomerativo indica que o ganho para a
empresa, em termos de redução de custos, é dado pela sua localização próximo a
outras empresas do mesmo ramo. O fator desaglomerativo é baseado na redução
das despesas obtida por uma determinada empresa em função da distância de
outras empresas do mesmo ramo industrial já estabelecido.
Já Cristaller, procurou uma teoria de localização para os serviços e
instituições que pudesse corresponder à teoria de localização da produção agrícola,
de J.H. Von Thünen, e à teoria de localização das indústrias, de Alfredo Weber.
Cristaller parte da hipótese de que a centralização como princípio de ordem, isto é,
como uma forma de organização observada no mundo orgânico e inorgânico, é
também encontrada na esfera humana, principalmente quando se observa a
distribuição do povoamento, onde as cidades se destacariam como centro de uma
região. Isto passou a ser então objeto da investigação de Cristaller, no sentido da
busca da investigação de leis que determinam o número, tamanhos e distribuição
das cidades. Segundo este pesquisador, nem todos os centros populacionais são
cidades. Sendo que as cidades podem ser definidas como centros cuja função
principal é a distribuição de bens e serviços a uma região em torno. Então, nem
todos os centros populacionais exercem esta função como, por exemplo, os centros
39
cuja população vive somente de suas atividades agrícolas, os centros somente
ligados à mineração, os centros unicamente industriais etc. Logo, os bens e serviços
centrais são, então, “produzidos e oferecidos em um pequeno número de pontos
necessariamente centrais de forma a ser consumidos em muitos pontos dispersos”
(CRISTALLER, 1966, p. 19). Para a compreensão disto, Cristaller afirma que é
preciso tomar em consideração os conceitos de limiar e alcance de um bem e de um
serviço central, daqui por diante designados somente como bem central.
Ainda segundo Cristaller (1966), um fato mais decisivo no desenvolvimento
dos lugares centrais não é o consumo dos bens centrais, mas a receita da venda
dos bens centrais, ou seja, a renda liquida. Em síntese é preciso ressaltar os três
fatores fundamentais apontados por ele, na constituição do sistema de localidades
centrais:
1. O princípio básico é o mercado, isto é, aquele que diz respeito à distribuição
espacial de bens e serviços por um número mínimo de localidades;
2. O princípio do tráfego ou da circulação, que é o de satisfazer o máximo de
demanda para transporte com o mínimo de custo, o que vale tanto no
estabelecimento do tráfego, quanto para a operação do sistema de transporte
e, por último;
3. O princípio da administração, que tem como objetivo principal o da criação de
uma estrutura de administração, que tem como objetivo principal o da criação
de uma estrutura administrativa hierarquizada em grande parte atendido de
acordo com o princípio do mercado.
Entretanto, a afirmação de que “não existe uma teoria adequada do
desenvolvimento regional” (HILHORST, 1973) possibilita entender parte das
dificuldades de se elaborar uma teoria de localização abrangente. Hilhorst adota o
conceito de subsistema aberto, fazendo parte de um sistema maior de busca nas
inter-relações mantidas, as proporções de sua teoria. Assim com base na Teoria
Geral dos Sistemas, com interação entre dois subsistemas (centro e periferia)
haverá um fluxo de energia proveniente do subsistema menos organizado ao mais
organizado. Contudo, Hilhorst demonstra que “o modelo de dominação centro-
periferia se constitui num caso especial do modelo de dominação" (HILHORST,
1973, p. 40). O primeiro, o modelo centro-periferia consideraria, apenas, o
desempenho das chamadas forças extrativas do sistema, de forma ampla, como se
desenvolvem as forças distributivas, complementando o componente da extração.
40
Logo, é possível destacar os fatores internos e externos de crescimento
regional. Os internos estão ligados às vantagens que a periferia poderia tirar da
especialização interna da produção, decorrente do uso eficiente dos recursos e das
inovações por parte de empresários, administradores e intelectuais. Já os fatores
externos reportam-se à teoria da base de exportações regionais, pois explica o
desenvolvimento de uma região através da demanda externa para seus recursos
naturais e/ou humanos. Os efeitos multiplicadores desta região serão idênticos aos
das exportações de um país (HILHORST, 1973).
Nota-se, portanto, que os modelos e as teorias de localização de
desenvolvimento regional são, quase sempre, voltados aos setores primário e
secundário da Economia, sendo que um exemplo para o setor terciário é justamente
a Teoria das Localidades Centrais de Walter Cristaller. Porém, é importante ressaltar
que existe uma aparente sobreposição entre as Teorias de localização e as Teorias
de Sistemas. As primeiras reportam-se ao longo prazo o qual é o parâmetro para
decisão de investir. Já as Teorias de Sistemas reportam-se ao curto prazo, pois têm,
no bojo de seus modelos, subsistemas. Um dos grandes defensores brasileiros da
Teoria dos Sistemas para o Turismo foi Mario Beni. O sistema proposto por Beni,
SISTUR, consiste de “três grandes conjuntos em interação no sistema total: o das
Relações Ambientais, o da Organização Estrutural e o das Ações Operacionais”
(BENI, 2003, p. 44). Embora todos os componentes do sistema sejam importantes,
cabe destacar o Conjunto da Organização Estrutural, composto do subsistema de
superestrutura e do subsistema de infra-estrutura.
O subsistema de superestrutura é composto por entidades públicas, pelas definições do sistema nacional de turismo, pela ordenação jurídico administrativa e pelas ações normativas e executivas, que somadas às políticas básicas, resultam na política nacional de turismo. Tal política influencia o plano nacional de turismo em cuja implementação o feedback do mercado é previsto. Já o subsistema de infra-estrutura do SISTUR tem a seguinte constituição: serviços de apoio à comunidade (saneamento, água, energia e outros); sistema de acesso e transporte, sistema de comunicação, sistema de segurança; equipamentos sociais (PETROCCHI, 2001, p. 20).
Pode-se afirmar que na configuração de redes urbanas, as cidades tornam-se
elementos dinâmicos de estruturação dos espaços. As vantagens de escala e de
aglomeração possibilitam que elas se tornem centros de inovação, transformando-se
em pólos dinamizadores de crescimento e desenvolvimento. As características
físicas do território, o entorno cultural, social e econômico, irão determinar uma maior
41
centralização ou descentralização da forma de organização e estruturação das redes
urbanas. As sociedades com maior capacidade de iniciativa e de inovação,
juntamente com as redes urbanas tendem a ser mais descentralizadas, mais
densas, mais qualificadas e mais próximas da população. Desse modo, a hierarquia
tradicional dos centros urbanos começa a ser substituída por uma hierarquia de
rede, com vários níveis, caracterizada e definida pela capacidade de estabelecer
relações e não mais pela dimensão ou pela funcionalidade. Sobre este assunto
Alves entende que:
No primeiro [nível] podem situar-se as “cidades mundiais” exercendo funções de âmbito mundial (financeiras, diplomáticas, de informação e de controle); no segundo nível surgem as “cidades mundiais especializadas” que procuram captar, a nível mundial, partes de mercado altamente especializadas e mantêm, entre si, relações de complementaridade; no último encontram-se as “cidades regionais especializadas”, que estabelecem entre si, também, relações de complementaridade, aspirando a ocupar partes de mercados supra-regionais, mas não necessariamente mundiais (ALVES, 2002, p. 145 apud SILVA, 2004, p. 48).
Thomazi (2006) reflete que todo o conhecimento acumulado até hoje sobre os
aglomerados está intimamente ligado à capacidade de flexibilização e interação
entre os vários elos da cadeia produtiva, que vai desde o produto finalizado,
máquinas, até os materiais e serviços industriais.
Todos esses estudos vão especificar a importância do fenômeno voltado à
abordagem local e refutam a importância de economias não especializadas. De certo
modo, ou em parte, elevam o tratamento do tema das concentrações geográficas
das aglomerações e dão lugar a evidência teórica no campo do turismo. Ainda,
Thomazi (2006) conclui que em uma primeira análise, o que chama a atenção em
compreender e aplicar a Teoria dos Aglomerados no campo do turismo é o fato de
que este fenômeno também apresenta uma forma de se organizar especial e
evidencia três condições básicas observadas nos estudos dos Aglomerados: a forma
multiorganizacional; a influência central e a característica preeminente de economia
de mercado.
Thomazi (2006) também dá ênfase ao entendimento do que vem a ser um
aglomerado em suas aproximações e sua aplicação no turismo, no intuito de que isto
ajude a demonstrar melhor a organização do fenômeno turístico e sua eficiência na
sociedade enquanto setor produtivo. Nesse sentido, afirma que,
42
enquanto sistema, os aglomerados são flexíveis e tendem a assumir diversas formas dependendo de sua profundidade, sofisticação e temporalidade,podendo variar sua organização entre um cluster ou vários microclusters (THOMAZI, 2006, p. 34).
Em se tratando de formação e organização de clusters, um dos autores que
mais se dedicou a este assunto foi Michael Porter, que observou que o fenômeno do
agrupamento é tão comum que parece fazer parte central do cotidiano das
economias das nações mais avançadas. Em sua teoria sobre a competitividade
nacional, Porter (1999), atribui um papel de destaque aos agrupamentos, e aos
clusters, que em sua interpretação são:
[...] concentrações geográficas de empresas inter-relacionadas, fornecedores especializados, prestadores de serviços, empresas em setores correlatos e outras instituições específicas (universidades, órgãos de normatização e associações comerciais), que competem mas também cooperam entre si. [...] Um aglomerado é um agrupamento geograficamente concentrado de empresas inter-relacionadas e instituições correlatas numa determinada área , vinculadas por elementos comuns e complementares. O escopo geográfico varia de uma única cidade ou estado para todo um país ou mesmo uma rede de países vizinhos (PORTER, 1999, p. 209-211).
Já Vignati afirma que “os clusters se caracterizam pelo agrupamento de um
número significativo de empresas em torno de uma atividade produtiva central
(VIGNATI, 2008, p. 147). O autor explica que é possível reconhecer processos de
desenvolvimento de clusters em diversos setores como, por exemplo, o setor de
tecnologia, produção industrial, cultura, gastronomia, turismo e negócios.
No Brasil, um dos primeiros estudiosos a relacionar a importância dos clusters
para o setor de Turismo foi Beni, que já abordava este assunto em seu clássico
“Análise Estrutural do Turismo”, onde defende a Teoria do SISTUR. Para este autor:
Cluster é o conjunto de atrativos com destacado diferencial turístico, concentrado num espaço geográfico delimitado, dotado de equipamentos e serviços de qualidade, eficiência coletiva, coesão social e política, articulação da cadeia produtiva e cultura associativa, com excelência gerencial em redes de empresas que geram vantagens estratégicas comparativas e competitivas (BENI, 2003, p. 156),
Ao abordar este tema, Beni já visualizava que os destinos turísticos deveriam
cada vez mais estar organizados profissionalmente e numa rede de integração a fim
de satisfazer as necessidades de um turista mais exigente e sofisticado e de uma
demanda mais fragmentada e globalizada. O estudioso revela então a tendência de
43
atuação dos destinos em aglomerados ou como estratégia de mercado para dar uma
resposta à altura a esta nova economia.
Posteriormente, e quando já estava em vigor no Brasil o PNT, Beni (2006)
completa seus estudos sobre clusters turísticos dizendo que a “clusterização
turística” ou a “clusterização da destinação” trata justamente da estruturação das
relações entre os indivíduos com a gestão dos processos de produção,
comunicação, distribuição e consumo das experiências turísticas proporcionadas aos
visitantes nos espaços trabalhados, por meio da regionalização.
Porter também traz a discursão de cluster para o setor de turismo quando
afirma que:
No turismo, por exemplo, a qualidade da experiência do visitante depende não só do apelo da principal atração (como praias ou localidades históricas), mas também do conforto e do serviço dos hotéis, restaurantes, lojas de souvenir, aeroporto, outros meios de transporte, e assim por diante. [...] as partes do aglomerado em geral, efetivamente dependem entre si. O mau desempenho de uma delas compromete o êxito das demais (PORTER, 1999, p. 230).
Vignati (2008) que em sua obra trata exclusivamente do tema também
enumera alguns benefícios mais elementares na constituição dos clusters turísticos,
sendo eles:
A melhoria da eficácia do setor público na identificação das
necessidades de investimentos em infra-estruturas e na formulação de
políticas públicas de apoio ao setor;
O fomento à geração de emprego, a melhoria do entorno urbano, o
posicionamento e reposicionamento do mercado imobiliário e,
conseqüentemente a ampliação da atividade econômica e sociocultural
no entorno dos clusters;
A sinalização do caminho para novos empreendimentos turísticos e
novos arranjos produtivos vinculados direta e indiretamente ao setor;
A melhoria no diálogo entre os setores público, privado e sociedade
civil, ampliando assim o número as parcerias entre estes agentes;
O estímulo à qualificação turística, ampliando assim a inovação e a
diversificação da oferta local.
Já Thomazi (2006) afirma que é pouco provável que um cluster terá sucesso
e consolidação se ele não estiver instalado num ambiente com empresas de
44
competição cooperativa e com ausência de clima de desconfianças e atitudes de
defesa em resultados adversos.
Nesta discussão, Beni argumenta que
A competição e a cooperação podem ser citadas como os principais tipos de relacionamento mantido entre tais organizações, como a geração de externalidades positivas (como a diferenciação do produto como um todo oferecido pela região turística na qual se encontra, através de um processo de contínua inovação estimulado pela competição e potencializado pela cooperação) (2006, p. 127).
O produto final que é apresentado por um cluster turístico no mercado se faz
através de um produto final acabado, com tarifas específicas na forma de pacotes
turísticos. A concorrência de um cluster, no entanto, não depende apenas de fatores
positivos na sua oferta atual. Mas também na possibilidade de sustentabilidade em
longo prazo do destino (BENI, 2003).
Ressalta-se, portanto, que os destinos turísticos da atualidade que desejem
melhorar a oferta de produtos e serviços turísticos, bem como a capacidade destes
e dos recursos da destinação se manterem continuadamente devem apresentar
ampla estrutura de cooperação e articulação entre os agentes envolvidos,
independente se estes agentes fazem parte da estrutura pública, privada, social ou
territorial. O que importa é que todos eles devem estar orientados para a melhoria da
rentabilidade, da atratividade e da sustentabilidade da localidade turística. Pode-se
dizer, que este propósito de unificação e ordenamento dos atores para um fim em
comum é o que se conhece como o arranjo produtivo local, que de acordo com
Farah:
Objetiva-se (a) reduzir custos operacionais e de transações, diluir riscos, utilizar de forma conjunta os recursos de ativo fixo existente, aproveitar sinergias possíveis nas áreas de vendas e distribuição, compartilhar informações técnicas, produtivas e mercadológicas (apud THOMAZI, 2006, p. 38).
O conceito de Arranjo Produtivo Local (APL) é constantemente usado para os
aglomerados produtivos do setor industrial. Por isso, é usual definir uma
aglomeração setorial produtiva local (ou clusters) como aquela localidade (região ou
município) que tenha como uma de suas principais características a presença
marcante de um setor industrial específico (ou setores de uma cadeia industrial
específica). No entanto, este conceito não é padronizado, podendo ser utilizado
45
também quando uma localidade conta com um conjunto significativo de empresas
que operam no mesmo setor e quando a participação dessas empresas (seja no
emprego total, ou no número de empresas total, ou no valor adicionado total da
localidade) é significativamente maior que a participação dos demais setores,
individualmente, na localidade (THOMAZI, 2006).
Há de se enfatizar, porém, que apenas uma aglomeração de empresas
operando no mesmo setor não constitui um Arranjo Produtivo Local, haja vista que
na própria definição de “Arranjo” estão incutidas as relações coordenadas entre as
empresas e demais organizações situadas na localidade. Outra prerrogativa para
utilizar o conceito de Arranjo Produtivo Local seria o estabelecimento de ações
integradas/coordenadas e de caráter cooperativo entre as empresas do mesmo
setor, as empresas de setores afins, as instituições de apoio público e privadas e a
mão-de-obra especializada. Entretanto, o principal âmbito de cooperação e
integração entre as empresas deve ser o que compreende as empresas atuantes no
setor principal da aglomeração. As demais empresas e instituições dependem da
dinâmica e das demandas desse grupo central (THOMAZI, 2006).
Analisando o caso do setor turístico pode-se entender melhor o porquê do
sucesso de alguns aglomerados ou clusters que são destaque. Em todos eles
observa-se um alto grau de cooperação. Vale lembrar, que a existência de confiança
entre as empresas é ingrediente fundamental, sobretudo quando se trata de
empresas de porte semelhante.
Pensando na assertiva descrita acima, pode-se dizer que, quando se trata de
produtos articulados com constante capacidade para inovação e grande poder de
atratividade, um dos maiores destaques de clusters turísticos mundiais é Orlando
nos Estados Unidos. Essa região geográfica americana detém um dos mais
desenvolvidos e visitados complexos de entretenimento e lazer do planeta com uma
diversidade de meios de hospedagem, equipamentos de alimentação, lojas, centros
de diversão, infra-estrutura, serviços de transporte, serviços de segurança, além dos
serviços especializados, dentre outros, que atendem turistas com variadas
motivações o ano inteiro, o que facilita a venda deste cluster por inúmeros canais, o
que é obvio, também ajuda a garantir a sobrevida deste aglomerado. Entretanto, a
contínua visibilidade de Orlando no cenário turístico mundial também se deve a sua
capacidade de inovar e diversificar o seu catálogo de produtos e serviços turísticos
ao longo dos anos. No ano de 2010, por exemplo, o “reino da magia” apresentou
46
inúmeras novidades em seus parques como a estréia do The Wizarding World of
Harry Porter, o parque temático do Harry Porter; a radicalíssima montanha-russa
Hollywood Rip, Ride Rockit; o American Idol Experience, brinquedo que foi inspirado
no popular programa Ídolos da tv americana, dentre outras novidades, além de
outras atrações do complexo que também foram modernizadas.8 Estas inovações e
revitalizações influem, sem dúvida, no poder de atração deste cluster.
Segundo Athayde, “todos os especialistas concordam que os clusters bem-
sucedidos organizam-se por geração espontânea, fruto da consciência da
comunidade em relação aos interesses coletivos” (apud THOMAZI 2006, p. 56).
Com esta colocação fica evidente que os atores locais tem grande poder de
transformação em uma destinação turística, influenciando por muitas vezes as várias
instâncias do poder público a tomarem medidas e ações que não seriam tomadas ou
estavam previstas para períodos posteriores. Logo, a formação de uma APL ou de
um cluster não depende exclusivamente do componente geográfico para facilitar o
relacionamento dos agentes envolvidos, mas sim, da própria iniciativa destes
agentes em se relacionarem e proporem soluções para o desenvolvimento local.
A concentração espacial, no caso dos clusters, facilita a aprendizagem
coletiva através da existência de interdependência entre os agentes públicos e
privados. Porém, a aprendizagem de ambos leva a obtenção de sinergia e apoio de
serviços técnicos e financeiros, o que possibilita a concentração de empresas e o
desenvolvimento de ações fortalecedoras para a sustentabilidade do próprio cluster
(THOMAZI, 2006).
Toda esta eficiência coletiva leva a resultados como a redução dos custos de
produção, de distribuição e de negociação entre os agentes do cluster. Também é
possível que os agentes desenvolvam produtos diferenciados, o que a longo prazo
reforça a competitividade final do cluster. Porter (1999) assinala que a presença da
dinâmica da informação absorve parte da vantagem competitiva dos clusters que
esteja fora da empresa ou do ambiente doméstico. Esta dinâmica por sua vez, gera
novas práticas de gestão para empresas e para as diversas instituições que
participam da rede.
No setor de turismo, observa-se que os destinos que alcançaram um alto grau
de reconhecimento são aqueles que apresentam empresas e instituições conexas
8 Fonte: Revista Viagem e Turismo, jun. 2010.
47
agindo estrategicamente unificadas em prol dos ganhos de produtividade e
sustentabilidade local. Entretanto, há de se considerar que, mesmo aqueles destinos
que não venham a ser destaques no cenário turístico nacional e/ou internacional
também podem se valer da cooperação e articulação em rede para obter resultados
positivos a serem percebidos como benefícios para toda a comunidade.
É imprescindível reter que os variados elos e sinergias que as conexões dos
agentes geram, combinando empresas em linhas verticais, horizontais e
institucionais possibilitam transações complementares com especialidades de
tecnologia, informação, qualificação técnica e científica, marketing, dentre outras,
que ultrapassam os limites das próprias empresas, da própria APL ou do próprio
cluster. Estas conexões produzem um efeito direcionado para a melhoria da
produtividade e acabam por se refletir na transformação dos agentes envolvidos, o
que contribuiu de certa forma para se atingir uma procura mais sofisticada dos
compradores e, estabelecer um feedback da informação de possíveis falhas no
sistema de produção (PORTER, 1999).
No próximo capítulo serão analisados o envolvimento e o desenvolvimento do
Circuito Turístico das Pedras Preciosas, enquanto arranjo produtivo local de turismo,
baseados nas teorias e estudos até aqui descritos, principalmente no que diz
respeito à configuração de clusters e APLs.
3 ANÁLISE DO DESENVOLVIMENTO DO CIRCUITO TURÍSTICO DAS PEDRAS
PRECIOSAS E A PERCEPÇÃO DE SEU ARRANJO PRODUTIVO LOCAL DE
TURISMO
3.1 Processo de análise
Falar em APL e cluster de turismo no Brasil é algo relativamente novo. Como
pode ser percebido ate agora neste trabalho, somente a partir de meados dos anos
de 1990 é que as políticas públicas e o fomento à formação dos arranjos produtivos
locais passaram a fazer parte do cotidiano das localidades turísticas ou com
potencial para o turismo. Sendo assim, o próprio entendimento dos que lidam com a
atividade sobre estes conceitos ainda é muito incipiente.
Alguns estudos foram realizados em localidades brasileiras tidas como
referência em APL ou cluster de turismo. É o caso dos trabalhos de Barbosa e
Zamboni (2000) que publicaram um documento que viria a ser norteador para o
tema: Formação de um Cluster em Torno do Turismo de Natureza Sustentável que
teve como foco o município de Bonito, no Mato Grosso do Sul. Numa descrição de
fácil linguagem, os autores revelaram a ascendência prodigiosa deste destino, que
até a década de setenta tinha seus recursos hídricos da região utilizados quase que
exclusivamente para o lazer dos habitantes e, eventualmente pelos amantes da
pesca. Os picos do turismo local ocorriam em períodos de férias, quando parentes e
amigos dos habitantes de Bonito provenientes de outros estados, principalmente de
São Paulo visitavam o município e posteriormente passaram a difundir
informalmente a riqueza dos atrativos naturais do mesmo (BARBOSA, 2000).
Por volta de 1980, o discreto aumento de visitantes para a região deu início a
uma exploração não profissionalizada do turismo. Começa então a serem mais
visitados os atrativos que já tinham alguma regularidade como a Gruta do Lago Azul
e da Ilha do Padre, o Aquário Natural, o Rio do Peixe e Rio Sucuri. Outros passeios
49
também começam a ser explorados como o passeio de bote e os passeios em
fazendas com cachoeiras.
Foi então que por volta do ano de 1986, os proprietários das fazendas onde
se localizavam os rios mais procurados se atentaram para a viabilidade econômica
da atividade turística e passaram a cobrar uma taxa de ingresso por visitante. Estes
proprietários promoveram a abertura de trilhas e a construção de escadas e decks
de acesso aos rios, disciplinando a visitação e protegendo o meio ambiente.
Já entre 1987 e 1988, a prefeitura desapropriou o Balneário Municipal e
implementou sua infra-estrutura, visando, na época, o lazer da população local.
Ainda nesse período, mediante iniciativa compartilhada entre empresários e
prefeitura, foram abertas vias cercadas – corredores - que possibilitaram a
eliminação de colchetes, isolando os animais dos caminhos e melhorando as
condições de acesso aos atrativos.
O ponta-pé que faltava veio em 1993 com a transmissão pela televisão em
âmbito nacional de um documentário sobre a Gruta do Lago Azul e de outros
documentários sobre a região. Bonito então que nesta época já apresentava um
fluxo turístico ascendente experimentou um aumento expressivo em sua demanda.
Foi aí que as primeiras iniciativas no sentido de disciplinar os passeios aos rios e às
grutas foram tomadas.
Uma das primeiras medidas adotadas foi à fixação de limites para o número
de visitantes em alguns passeios. A realização do primeiro Curso de Formação de
Guias também se constituiu como um marco pioneiro para a profissionalização do
turismo em Bonito. Teve início também um processo de conscientização ambiental
do município no intuito de alertar sobre os impactos do turismo nos ambientes
naturais local.
Em 1995, a prefeitura de Bonito, através de uma Lei Municipal9 tornou
obrigatório o acompanhamento de guias nos passeios turísticos locais. Neste
mesmo ano, fora aprovada também a Lei que instituiu o Conselho Municipal de
Turismo10, que viria a ser mais tarde um modelo de organização para todo o país.
Também fora instituído neste mesmo período o Fundo municipal de Turismo que
também serviu de referência para muitos outros municípios brasileiros.
9 Lei Municipal 689/95.
10 Lei Municipal 695/95.
50
Uma das inovações trazidas pelo modelo de organização e gestão turística de
Bonito foi o “voucher único”11, que foi instituído no intuito de viabilizar o ordenamento
da atividade turística local. O voucher é liberado pela prefeitura que controla o
número de pessoas por passeio, mediante um sistema informatizado. Em seguida,
ele é comercializado pelas agências de turismo do município que, semanalmente,
repassam parcelas de arrecadação da venda dos ingressos aos proprietários, aos
guias e à Prefeitura para o recolhimento do ISS devido.12
Vê-se com a experiência de Bonito que um conjunto de fatores fizeram deste
destino um cluster reconhecido nacionalmente e até internacionalmente. Os
aspectos cooperativos e inovadores que tiveram origem endógena foram, sem
dúvida, determinantes para o sucesso desta localidade. Este trabalho integrou um
conjunto de pesquisas patrocinadas pela Comissão Econômica para a América
Latina e Caribe (CEPAL) e pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) e
visou estudar a formação de clusters baseados na exploração recursos naturais, a
fim de descobrir como este arranjo seria capaz de contribuir para o desenvolvimento
sustentável daquela região. Para alcançar os resultados obtidos no estudo, os
autores valeram-se de consultas bibliográficas; entrevistas com dirigentes de
instituições federais, estaduais e municipais, consultor privado; dados censitários e
outras estatísticas elaboradas no âmbito estadual e municipal; consultas a
instituições governamentais federais de turismo, ONGs e operadoras de turismo
locais; questionários aplicados; entrevistas com órgãos de apoio com atuação no
âmbito federal, estadual e municipal que puderam subsidiar a identificação de ações
que interferem positiva ou negativamente sobre o ecoturismo na região; dentre
outros.
O produto final apresentado revelou em detalhes como se deu o processo de
desenvolvimento do turismo em Bonito; como é operacionalizada a atividade turística
neste lugar nos dias de hoje, as formas de relação e cooperação entre os atores; os
impactos econômicos e sociais de visitação nos atrativos turísticos e a
representatividade de cada setor do turismo dentro da cadeia produtiva local.
11
Implantado através da Instrução Normativa nº 1/95 do Conselho Municipal de Turismo de Bonito. 12
Fonte: BARBOSA, Maria Alice Cunha; ZAMBONI, Roberto Aricó. Formação de um‘Cluster’ em
Torno do Turismo de Natureza Sustentável em Bonito – MS. Texto para discussão nº 772, IPEA, Brasília: 2000.
51
Em outro estudo publicado pelo Ministério do Turismo13 é construída uma
tipologia que exibe os variados graus de desenvolvimento de uma localidade a partir
das percepções dos arranjos produtivos locais. Nesta tipologia, encontram-se quatro
etapas de desenvolvimento das atividades produtivas e da qualidade das instituições
locais (incluindo a qualidade dos relacionamentos).
De acordo com este estudo, as tipologias de arranjos produtivos locais de
turismo se dividem em:
Tipo 1: Aglomeração Produtiva Local de Turismo
Requisito: Especialização setorial e diversidade das atividades turísticas
Presença de todos ou a maioria dos subsetores ligados ao turismo.
Número de pequenas
empresas de Turismo
sobre o total do setor Turismo.
Participação do número
de empresas de turismo
sobre o total da
localidade
Participação
do emprego das empresas de turismo sobre
o total da
localidade.
Há
reconhecimento local, regional e nacional de que essa localidade
possui uma especialização
no setor Turismo?
Tipo 2: Arranjo Produtivo Local Incipiente
Requisito: Presença de organizações de apoio e de representação
Presença de instituições
de apoio especializadas
Presença de
órgão público local
especializado em turismo
Entidades
de ensino e qualificação
Associação
empresarial e dos
Trabalhadores
Associação de moradores ou representando
uma comunidade específica
13
MINISTÉRIO DO TURISMO. Turismo Como Instrumento de Desenvolvimento Regional: estudo de arranjos produtivos locais (APL`s) no setor de turismo. Brasília: Ministério do Turismo, 2006. Disponível em: < http://www.turismo.gov.br/publicacoes/>. Acesso em: 25 out. 2010.
52
Tipo 3: Arranjo Produtivo Local de Turismo em Desenvolvimento
Requisito: Presença de ações conjuntas de caráter cooperativo
Cooperação
intra-subsetor (no mesmo subsetor)
Cooperação intersubsetor
(entre subsetores diferentes)
Cooperação entre setor privado e público
Participação
do número de participantes dos agentes
que cooperam
sobre o total
Tipo 4: Arranjo Produtivo Local de Turismo em Consolidação
Requisito: Existência de um Projeto Coletivo de Desenvolvimento Local Sustentável
Presença de instituições de proteção ambiental
Presença de instituições
de promoção e
preservação artístico-culturais
Presença de instituições
de promoção
social
Projeto Coletivo
local de desenvolvimento sustentável do
turismo que envolva todos os
agentes locais
Autonomia para
definição de estratégias de
desenvolvimento local a partir do
turismo
Segundo esta tipologia, o primeiro estágio de desenvolvimento corresponde a
uma Aglomeração Produtiva Local de Turismo (denominado Tipo 1). Esse estágio é
caracterizado por:
presença de todos ou quase todos os subsetores das atividades de Turismo;
relevância das atividades de Turismo na economia local: marcada
especialização produtiva no Turismo;
relevância das empresas de pequeno porte no total dos estabelecimentos
ligados ao Turismo;
definição de uma clara vocação ao turismo, com reconhecimento local,
regional, nacional ou internacional.
Para este estudo, as localidades que cumpram os requisitos do Tipo 1 não
podem ser chamadas de “Arranjo Produtivo Local”, pois nelas, há apenas um
aglomerado de empresas de Turismo dispersas e que atuam de forma
individualizada.
53
Por sua vez, as localidades que se encontram no Tipo 2 (denominadas de
Arranjo Produtivo Local de Turismo Incipiente) são diferentes da do Tipo 1 pois
contam com a presença de organizações e instituições formais de apoio e promoção
ao turismo, tais como secretarias municipais especializadas, entidades de ensino
técnico, de qualificação da mão-de-obra e empresarial e também com organizações
formais de representação de classes, como as associações patronais e o sindicato
dos trabalhadores ou de representação de comunidades, como a população
indígena local, população ribeirinha, associação dos moradores, etc. Mesmo estando
em situação competitiva melhor que as localidades do Tipo 1, já que contemplam
instituições formais de apoio e de organizações que podem liderar a execução de
ações cooperativas, essas localidades ainda não cristalizaram o desenvolvimento
das chamadas instituições de caráter informal, como são conhecidos os
relacionamentos entre os agentes (sobretudo entre as empresas) que ocorrem de
forma natural sem nenhum compromisso formal. Para o estudo este tipo de
interação que acontece informalmente seria o elo propagador das relações de
confiança entre instituições, o que é indispensáveis para a realização das ações
conjuntas e de caráter cooperativo.”
Sendo assim, o Arranjo Produtivo Local de Turismo Incipiente é caracterizado
pela presença de uma aglomeração de empresas em torno do Turismo (localidades
do Tipo 1) e de organizações formais de apoio (como instituições de ensino,
secretaria municipal do Turismo, organizações técnicas especializadas, infra-
estrutura especializada) e de representação política dos agentes voltados ao turismo
(associações e sindicatos).
Já uma localidade Tipo 3 (Arranjo Produtivo Local de Turismo em
Desenvolvimento) apresenta um conjunto de agentes locais voltados à atividade de
Turismo (públicos e privados), sejam eles individualmente ou por meio das
instituições que os representem, além de realizarem atividades conjuntas de caráter
cooperativo, mesmo que de forma embrionária e localizada.
No Tipo 4, quando já se tem então um Arranjo Produtivo Local de Turismo, as
empresas e todos os agentes produtivos estão voltados ao Turismo e alcançam
verdadeiramente os requisitos para manter as suas atividades de forma duradoura.
A diferença destas localidades para o tipo 3 é a existência e execução de um Projeto
de Desenvolvimento Local, baseado na exploração da atividade Turística
envolvendo toda a coletividade e com benefícios para todos . Uma localidade nesta
54
condição também detém elevado grau de autonomia com os rumos desejados para
a sua população a partir da exploração dos recursos que lhes pertencem.
Outra diferença das localidades do Tipo 3 para o Tipo 4 é que, no primeiro
tipo, em geral, as diversas ações são realizadas pelas empresas para elevar os seus
resultados financeiros no curto e médio prazos. O pode público local também se
envolve nessas ações, mas, como promotoras e coordenadoras, porém, também
possuem como foco nos bons resultados financeiros às empresas. Enquanto as
localidades situadas no Tipo 4, apesar de estarem voltadas para o fortalecimento
das empresas também possuem o foco na exploração da atividade turística, sem
que esta deteriore os aspectos sócio-cultural ou ambientais do destino.
Logo, diante dos estudos e modelos pesquisados descritos neste trabalho, foi
possível chegar a um entendimento sobre o grau de desenvolvimento das atividades
produtivas e da qualidade das instituições e dos relacionamentos da região do
Circuito Turístico das Pedras Preciosas, com base na percepção de seu arranjo
produtivo local de turismo. Este entendimento se deu através de uma análise
descritiva, que, para Sâmara e Barros (1997), é feito para obter maiores
conhecimentos, valendo-se, principalmente, da utilização de dados secundários;
observação in loco e conversas com pessoas especializadas e atores chaves.
No caso da análise desta região, foram interpretados documentos como o
Plano Estratégico de Desenvolvimento Turístico Regional, elaborado pela
Associação dos Municípios do Circuito Turístico das Pedras Preciosas; inventários
da oferta turística dos municípios; planos municipais de turismo; dados censitários e
demográficos; além de terem sido feitas visitas às secretarias municipais que
respondem pelas pastas de turismo nos municípios associados ao Circuito e aos
seus respectivos conselhos municipais de turismo (quando instituídos), além de
visitas a outras instituições e empresas associadas ou com ligação com o turismo da
região. Em todas as visitas foram efetuadas entrevistas com atores chaves destas
empresas/instituições. Por fim, de posse dos dados pesquisados é aplicada então a
Tipologia de Arranjo Produtivo Local de Turismo, o que permite ter uma noção mais
apurada das relações entre os agentes envolvidos com o turismo da região e o
conseqüente grau de desenvolvimento do destino a partir da percepção de seu
arranjo produtivo local de turismo.
O ponto de corte para análise foi o dia 31 de março de 2010. Isto quer dizer
que o estudo foi feito de acordo com os municípios que estavam filiados à
55
Associação dos Municípios do Circuito Turístico das Pedras Preciosas até esta data,
sendo estes: Capelinha, Caraí, Carlos Chagas, Itambacuri, Minas Novas, Nanuque,
Padre Paraíso e Teófilo Otoni. Portanto, todos os dados obtidos, bem como os
resultados apurados correspondem a realidade desta época.
Na seqüência, segue a contextualização detalhada deste trabalho realizado,
onde será possível conhecer os fatores sócio-culturais que contribuíram e ainda
interferem na dinâmica da formação dos arranjos produtivos locais; os pontos fortes
e os desafios da atividade turística na região; bem como a percepção final sobre o
desenvolvimento do Circuito Turístico das Pedras Preciosas.
3.2 Caracterização da região do Circuito Turístico das Pedras Preciosas
Falar em desenvolvimento de uma APL de turismo de uma determinada
área, requer, antes de tudo, uma leitura dos aspectos sócio-culturais que
influenciaram e ainda determinam o desenvolvimento da região estudada. Isto
porque a maneira como uma sociedade atua em seus meios de produção reflete
diretamente a capacidade que esta sociedade tem de se organizar para atuar nos
diversos setores, dentre eles o setor turístico. As observações feitas até o momento
mostram que um destino que se tornou referência em APL ou em cluster turístico é
aquele que conseguiu alcançar um nível elevado de organização, profissionalismo e
inovação. Boa parte destes fatores sofre influência direta dos aspectos culturais da
comunidade receptora. Aí se inclui o modo de vida, o grau de abertura desta
comunidade para assimilar e adaptar novos conceitos, novas formas de produção e
inovação, sem que isto, no entanto, atrapalhe a preservação de seus valores e
patrimônios. Ou seja, a cultura local torna-se um fator preponderante para o
desenvolvimento turístico.
Neste sentido, considera-se cultura como:
um processo de transmissão de significados, valores, conhecimentos, crenças e atitudes, usada em diferentes sociedades para a manutenção e a transmissão de poder dentro de determinados grupos e categorias sociais, assim como para segregar tais grupos do resto da sociedade, de modo a reter o conhecimento nas mãos de uns poucos (AMARAL; VILA NOVA, 1993, p. 187).
56
Os mesmos autores destes conceitos ainda concluem a análise enfocando a
questão da mutabilidade da cultura e, por conseguinte, do modo de vida das
pessoas: maneiras de conviver, de pensar e de organizar a sociedade.
Este dinamismo conceitual também é entendido por Mara Lago, através do
conceito retirado do pensamento de Gilberto Velho que diz que
A cultura não é, em nenhum momento, uma entidade acabada, mas sim uma linguagem permanentemente acionada e modificada por pessoas que não só desempenham „papéis‟ específicos, mas que têm experiências existenciais particulares (apud LAGO, 1996, p. 17).
Gastal (2001), afirma por sua vez que é preciso que a cultura deixe de ser
apresentada, exclusivamente, do ponto de vista do lugar, do sedentário, como algo
acabado, como produto a ser assimilado / consumido.
Recorrendo à sociologia, percebe-se que uma das primeiras aproximações do
tema cultura com os conceitos de modo de vida foram os trabalho do antropólogo
Lewis Morgan (1877) retomados posteriormente pelos teóricos criadores da
economia política: Marx e Engels. No pensamento destes estudiosos, o modo pelo
qual os homens produzem seus meios de subsistência depende, antes de tudo, da
natureza dos meios que eles encontram e têm de reproduzir. Este modo de
produção não pode ser considerado, simplesmente, como a reprodução da
existência física dos indivíduos. Trata-se, contudo, de uma forma definida de
atividade destes indivíduos, uma forma de expressarem suas vidas, um modo de
vida deles.
Ao verificar melhor o conceito de cultura, constata-se que o mesmo, sofreu,
ao longo do século XX, uma diversidade de significados que na maior parte das
vezes o aproxima à das noções de estilo e modo de vida. Geertz (1989) citando
Kluckhom enumera algumas propriedades desta trama conceitual que envolve
desde o comportamento aprendido e transmitido através de gerações, aos sistemas
simbólicos, produtos, artefatos elaborados até as formas de adaptação ao meio
ambiente ou organização social dos grupos humanos. No que se refere à cultura,
Geertz (1989) afirma ainda que o homem é um animal amarrado a teias de
significados por ele mesmo. Neste aspecto, a cultura seria então um emaranhado de
teias e as conseqüentes análises que são construídas ao longo do tempo por seus
57
componentes, compreendendo-a através de seu aspecto semiótico, que se constitui
como uma ação simbólica e repleta de significados.
Warnier (2000), na produção “A mundialização da cultura”, refere-se à cultura
enquanto totalidade complexa que compreende as capacidades e hábitos adquiridos
pelo homem enquanto membro da sociedade, possuindo assim certas
características. O estudioso ainda entende que a cultura é transmitida quando
também é socializada e que as culturas são singulares, extraordinariamente diversas
e localizadas podendo, em alguns casos, ser mais social que espacial. Entretanto,
toda cultura só é transmitida pelas tradições reformuladas, isso em função do
contexto histórico; da língua, já que a cultura está no coração dos fenômenos de
identidade.
Por sua vez, o turismo enquanto fenômeno social e econômico é capaz de
gerar impactos de diferentes magnitudes em diferentes sociedades. A amplitude
desses impactos costuma ser mensurada em áreas nas quais o turismo tem
influência, como na economia, no meio ambiente, e claro, nos próprios aspectos
socioculturais de uma comunidade. Entender a influência da atividade turística numa
determinada região é compreender também como os atores desta localidade
percebem–se enquanto sujeitos de todo o processo. Ao se buscar este
entendimento, é possível perceber que a passividade ou a pró-atividade destes
atores nas ações, decisões e no planejamento do turismo local é determinante, em
algum momento, no grau de desenvolvimento e organização do destino turístico.
Neste ponto, uma avaliação dos fatores sociais e culturais da localidade pode
contribuir para uma melhor compreensão do status de organização turística do
destino.
A região onde está localizado o Circuito Turístico das Pedras Preciosas faz
parte do Nordeste do Estado de Minas Gerais, sendo que seus municípios estão
dispostos em três regiões geográficas de Minas: o Vale do Jequitinhonha; o Vale do
Mucuri e o Vale do São Mateus. Historicamente, estas regiões sempre estiveram
associados à pobreza e aos baixos índices de desenvolvimento humano, sendo
díspares o grau de desenvolvimento econômico destas áreas com as demais áreas
do estado.
O Vale do Mucuri é formado pela união de 23 municípios, sendo eles: Teófilo
Otoni, Nanuque, Carlos Chagas, Águas Formosas, Ataleia, Bertópolis, Catuji,
Crisólita, Franciscópolis, Frei Gaspar, Fronteira dos Vales, Itaipé, Ladainha,
58
Machacalis, Malacacheta, Novo Oriente de Minas, Ouro Verde de Minas, Pavão,
Poté, Santa Helena de Minas, Serra dos Aimorés, Setubinha e Umburatiba14. Seu
nome é dado ao fato de o vale ser percorrido pelo Rio Mucuri. Até a data de 31 de
março de 2010, faziam parte do Circuito Turístico das Pedras Preciosas os seguintes
municípios do Vale do Mucuri: Teófilo Otoni, Nanuque e Carlos Chagas.
O Vale do São Mateus abriga municípios dos estados da Bahia, Espírito
Santo e Minas Gerais que pertencem a bacia hidrográfica do Rio São Mateus. Deste
Vale, somente o município de Itambacuri fazia parte do Circuito Turístico das Pedras
Preciosas em 31 de março de 2010.
Já o Vale do Jequitinhonha é composto por 80 municípios. Devido a sua
extensão territorial, esta região e subdividida em quatro sub-regiões, sendo elas: o
Alto Jequitinhonha, o Médio Jequitinhonha; o Baixo Jequitinhonha e o Jequitinhonha
Semi-Árido15. Até a data de 31 de março de 2010, faziam parte do Circuito Turístico
das Pedras Preciosas os seguintes municípios do Vale do Jequitinhonha: Capelinha,
Minas Novas, Caraí e Padre Paraíso, sendo os dois primeiros municípios localizados
na sub-região do Alto Jequitinhonha e os dois últimos localizados na sub-região do
Médio- Jequitinhonha.
Longe de querer fazer qualquer análise mais detalhada que levasse a uma
interpretação densa dos fatores que influenciaram a formação desta mesoregião,
este trabalho foca de forma abrangente e objetiva os principais agudos que tiveram
e ainda tem influência na construção desta sociedade que está inserida neste
território mineiro.
O primeiro fator que sem dúvida influenciou o povoamento local e que até
hoje também influencia as relações econômicas e sociais de alguns municípios
desta região é a questão da mineração. Assim como em todo os estado de Minas
Gerais, a região nordeste de Minas também teve suas origens advindas da época do
Ciclo do ouro no Século XVII, consolidando-se no Século XVIII, durante o Ciclo do
Diamante. A extração do ouro e do diamante acelerou o processo de povoamento e
urbanização, acarretando dificuldades no abastecimento de gêneros alimentícios para a
região. Surgiu-se e ampliou-se nessa época, uma débil agricultura de subsistência,
associada, quase sempre, à pecuária de corte (CODEVALE, 1986).
14
Fonte: Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Mesorregi%C3%A3o_do_Vale_do_Mucuri/>.
Acesso em: 03 mar. 2011. 15
Fonte: Instituto de Geociências Aplicadas (2011).
59
Com o declínio dos ciclos mineralógicos, “processou-se amplo movimento
inverso de migração”, e outras atividades passaram a se desenvolver mais
intensamente, sobretudo as atividades agropecuárias (CODEVALE, 1986)16.
Contudo, de uma maneira geral, prevaleceu a agricultura de subsistência, em razão
do estado de abandono em que se encontravam as atividades agro-pastoris, os
métodos rudimentares empregados e a contração da renda.
Aprofundando ainda mais no surgimento “da rede de cidades” do Vales, ou
seja, a formação dos primeiros núcleos populacionais urbanos significativos da
região, Velloso e Mattos (1998) apontam a abordagem da historiografia recente
postulante de que apesar da fundamental importância das riquezas minerais para a
estruturação do Vale do Jequitinhonha, não seria possível compreendê-lo sem levar
em consideração a agricultura e a pecuária, inicialmente voltadas para a
subsistência, mas posteriormente engajadas num circuito comercial que visava o
mercado interno e mesmo o externo ao Vale.
Mesmo assim, é significante o peso que o ouro e o diamante tiveram na
configuração de Minas Gerais de um modo geral, manifestando-se ainda hoje com
grande destaque, principalmente nos Vales do Mucuri e Jequitinhonha. Além de ter
trazido no seu seio mudanças de ordem social, econômica e demográfica e mesmo
tendo entrado em estado de declínio, a mineração foi também responsável por
introjetar ao Estado, sobretudo a esta região, características marcantes que se
fazem presentes até os dias atuais. Uma vez que ligado ao dinamismo das
inovações, encontra-se, sem dúvida, o fator da descoberta ou aproveitamento dos
recursos naturais, como elemento propulsor das transformações econômico-sociais
(DIAS, 1971).
Teófilo Otoni, talvez, seja a maior expressão de todo este legado mineralógico
que caracteriza o território mineiro. A cidade é destino obrigatório de todas as pedras
preciosas e semi- preciosas que são extraídas dos municípios da região, dentre eles
os municípios de Caraí e Padre Paraíso, que pertencem a este Circuito. Nascida do
sonho e da obstinação de um estadista de nome homônimo17, Teófilo Otoni também
16
A Comissão do Desenvolvimento do Vale do Jequitinhonha (CODEVALE) foi uma entidade
autárquica de Minas Gerais, criada em 1974, com o objetivo de promover o desenvolvimento da
região. Ela foi extinta, sendo substituída pelo Instituto de Desenvolvimento do Norte e Nordeste de
Minas Gerais (IDENE), criado em 2002. 17
Nascido a 27 de novembro de 1807, na Vila Príncipe, mais tarde município do Serro (MG), Theóphilo Benedicto Ottoni foi um dos líderes da Revolução Liberal de 1842 em Minas Gerais. Derrotado, foi preso pelas forças imperiais, sendo obrigado a marchar sete dias a pé de Santa Luzia
60
pode ser considerado o município elo entre os demais municípios do nordeste de
Minas, pois, sua história, em muitas épocas, se cruza com as histórias de outros
municípios da região.
O primeiro entrelace regional se deu com o próprio surgimento de Teófilo
Otoni. Segundo o pesquisador Dr. Reynaldo Ottoni Porto, a região que compreende
o município começou a despertar a atenção dos portugueses logo após a
colonização do Brasil por Pedro Álvares Cabral, em 1500. Nesta época, a
preocupação maior era constatarem a existência do ouro e do diamante na terra
desconhecida, pois os haviam tido notícias, por intermédio dos silvícolas, de uma
"Serra das Esmeraldas", situada no nordeste das Gerais.
Mas, foi em 1847 que foram efetivados os primeiros desbravamentos desta
área, por intermédio de Teóphilo Benedicto Ottoni, que organizou, neste ano, a
Companhia de Comércio e Navegação do Mucuri. Entre as suas aspirações, estava
incluída a fundação de uma cidade que se tornaria o centro propulsor e distribuidor
do progresso no norte de Minas. Para que seus planos pudessem lograr êxito,
Teóphilo organizou duas grandes expedições, sendo uma delas partindo de Santa
Cruz do Rio Preto e a outra, avançando Mucuri acima até se encontrarem em Santa
Clara (atual município de Nanuque). Após esta primeira etapa, Teóphilo B. Ottoni
então funda no Rio de Janeiro a "Companhia Mucuri", a qual haveria de organizar o
transporte fluvial e terrestre, bem como explorar a região. Assim como em 1847, ele
combina o encontro de duas outras expedições: uma saindo do Alto dos Bois (atual
município de Angelândia), levando a incumbência de localizar o rio Todos os Santos
e segui-lo até sua desembocadura no Rio Mucuri; e outra partindo de Santa Clara,
que também deveria ir para o mesmo local. A primeira era liderada por seu primo, o
Dr. Manuel Esteves Otoni e a segunda e por ele mesmo e por seu cunhado, o
Sr.Joaquim José de Araújo Maia.
(MG) até a capital Ouro Preto, conduzido pelo serviçal do Imperador, o Duque de Caxias. Foi Anistiado por D. Pedro II e eleito algumas vezes para o Senado, mas seu nome era sempre vetado pelo Imperador. Somente conseguiu empossar-se senador depois de 1864, quando os liberais já contavam com a simpatia de D. Pedro II. Agitou a política no segundo governo Imperial. Por seus ideais revolucionários foi deputado provincial por Minas Gerais (1835-1838) e por três vezes deputado geral (1838/1841; 1845/1848 e 1861/1863). No Senado, Theóphilo Benedicto Ottoni esteve de 1864 a 1869. O estadista também foi o criador do costume de acenar com um lenço branco para o povo, gesto que se tornou o símbolo do liberalismo brasileiro. Rejeitou a política de extermínio indígena com base na “guerra justa” dos bandeirantes paulistas, incentivou a vinda de imigrantes europeus e combateu a escravidão.
61
Então, numa madrugada de 1852, a expedição de Teóphilo Ottoni chega as
selvas virgens do Mucuri onde constata a presença de índios (botocudos). Sendo um
defensor da liberdade, seus homens tinham ordem de não atirar nos “selvagens”,
nem mesmo para responder à agressão. Esta preocupação custou ao grupo
conseqüências desastrosas. Após um repentino ataque dos silvícolas, o saldo para
caravana de Ottoni é de dois homens agonizantes, quatro feridos e todos os animais
de carga mortos. Mesmo assim, sem o transporte para a carga e posteriormente
sem alimentos os pioneiros prosseguem, até que em um dia, num ponto há cerca de
200k de Santa Clara, os desbravadores avistam uma bela planície, com bom clima e
terra fértil, que causou admiração a todos. Neste instante, Teóphilo B. Ottoni,
designando aos companheiros as margens férteis do rio, com uma exclamação que
se perpetuaria no tempo, retrata: Aqui farei a minha Filadélfia! (em homenagem a
Philadélphia norte-americana que alcançava na época grande e rápida
prosperidade).
Já em 7 de setembro de 1853, dia da Independência, Teóphilo Ottoni faz a
inauguração oficial de sua Filadélfia como centro das colônias do Mucuri. Os
primeiros habitantes das novas terras foram indígenas descendentes dos Tapuias. A
partir daí o estadista alavancou a idéia de estabelecer núcleos coloniais, que seriam
confiados a imigrantes europeus, principalmente os germânicos. O apoio do
Governo Imperial para esta iniciativa foi crucial para o empreendimento. Sendo
assim, em 1854, observa-se a abertura de grandes armazéns em Filadélfia e Santa
Clara, e por fim, a construção de uma estrada, que quatro anos mais tarde acabaria
de ligar esses dois povoados. Em 1856, chegavam os primeiros colonos Suíços e
Alemães, motivados principalmente pelo anúncio publicado nos jornais da Alemanha
pela firma Scholobach e Morgenster, feito por ordem de Teóphilo B. Ottoni, que
convidava os colonizadores, argumentando que os mesmos teriam no nordeste
mineiro amparo em todos os sentidos por parte da "Companhia Mucuri". Foram os
alemães também os percussores na época das técnicas avançadas de lapidação de
pedras preciosas.
Mesmo recém instalados, os primeiros imigrantes já eram chamados a
trabalhar na estrada que ligaria Filadélfia a Santa Clara. Como recompensa por este
trabalho, os colonos ganhariam a posse de uma terra com extensão de 220m, de
frente por 3.000m de fundo, ou seja, exatamente 15 alqueires. A estrada de Santa
Clara-Filadélfia, primeira rodovia do interior do Brasil, foi inaugurada em agosto de
62
1857 e ficou conhecida como a via ápia do Mucuri. Segundo registros históricos, por
esta via trafegava em 1859, mais de 40 carros particulares, puxados por bestas, 200
carros de boi, 400 lotes de burros. A estrada tinha uma extensão de cerca de 170km.
Também em 1857, a lei provincial número 808, de 3 de julho elevou Filadélfia a
distrito e freguesia da comarca de Minas Novas. O decreto número 6.368, de 8 de
novembro de 1876 a emancipava pela lei mineira numero 2.486, de 9 de novembro
de 1878, o que, conseqüentemente mais tarde a alçou de freguesia à categoria de
cidade, mudando, inclusive, seu o nome para Teófilo Otoni, em homenagem ao seu
fundador. Em 1858, Teófilo Otoni já contava com uma população de 600 habitantes,
129 casas residenciais e 12 estabelecimentos comerciais.18
A pretensão de ligar o nordeste mineiro ao mar apenas se iniciava com os
projetos de Teóphilo Benedicto Ottoni. Em 1881, tinha início a construção de outro
marco na história e na cultura desta região. Trata-se da Ferrovia Bahia-Minas, que ia
de Ponta de Areia (município de Caravelas-BA) até Araçuaí-MG, alcançando uma
extensão aproximada de 600km. Esta linha contribui significativamente não apenas
para o desenvolvimento de Teófilo Otoni como também para o crescimento
demográfico de todo o Vale do Mucuri e Jequitinhonha.
Primeiramente , este ramal ferroviário foi implantado pela Estrada de Ferro da
Bahia em parceria com o Governo de Minas Gerais tendo como principal objetivo a
exploração e o transporte de madeira para as demais ferrovias, tendo como cliente
primordial justamente a própria Estrada de Ferro da Bahia, e como estratégia um
porto de exportação a ser instalado em Caravelas.
Mais tarde, a concessão foi transferida para a Compagnie des Chemins de
Fer Fédéraux de lÉst Brésilien (CCFFEB). Entretanto, como o comércio de madeira
não teve continuidade, tão pouco o porto de Caravelas foi efetivamente implantado,
surgiram então outras propostas de atividades econômicas para a viabilização desta
ferrovia, com destaque para o comércio de café, que, devido às seguidas crises
econômicas também nâo seguiu adiante. Com tanta inconstância, a ferrovia logo foi
incorporada pela Estrada de Ferro Federal Leste Brasileiro (EFFLB), e, em seguida,
18
Fonte: Baseado nos dados disponíveis em: < http://www. webcidade.com.br >. Acesso em: 25 out. 2010.
63
transferida ao Departamento Nacional de Estrada de Ferro (DNEF) e à Viação
Férrea Centro Oeste (VFCO), e por fim, pela Rede Ferroviária Federal S.A.19
Sua extinsão foi em 1966 e deixou um rastro até hoje perceptível de nostalgia
e indignação em alguns moradores que vivenciaram este período áureo de
integração e desenvolvimento regional. Muitas estações e demais construções desta
ferrovia, como túneis, pontes, oficinas, caixas d‟água, ainda podem ser vistas em
distritos e cidades do nordeste mineiro e do extremo-sul da Bahia. Existem projetos
e propostas do Circuito e de operadores de receptivo para tranformar este ícone da
memória local num roteiro turístico.
Atualmente, a exploração mineral continua a ter grande representatividade na
ligação cultural e econômica desta região. Ainda são muitos os garimpos em
atividade nos municípios do nordeste mineiro. Junte-se a isto, a existência de
inúmeras casas de lapidação (principalmente em Teófilo Otoni), que se dedicam a
transformar as gemas brutas em pedras prontas para serem vendidas ou
beneficiadas em jóias; a rede de corretores de pedras existente e aos artesãos e
comércios do gênero também presentes em algumas cidades. Toda esta cadeia
produtiva é responsável por gerar trabalho e renda em muitas localidades deste
território, o que invariavelmente acaba por impactar em outros setores da economia
local.
Entretanto, outras atividades também já vem ganhando espaço em municípios
da região como por exemplo a silvicultura, que já é percebida com vigor em
Capelinha, Carlos Chagas e Nanuque, municípios que tradicionalmente sempre
tiveram na agropecuária seus pilares econômicos. Capelinha sempre foi reconhecida
como um grande produtor nacional de café. Já Carlos Chagas e Nanuque ainda
concentram rebanhos expressivos de gado de corte e de leite no estado. Teófilo
Otoni, por sua vez, consolida-se como um pólo universitário crescente. A cidade
conta com uma instituição pública federal de ensino superior e outras instituições
privadas também do mesmo nível de ensino, além de instituições de nível técnico e
de capacitação profissional.
Conforme pode ser apurado neste trabalho, o desenvolvimento da atividade
turística é algo relativamente novo na região e acompanha, principalmente, o
crescimento dos negócios ligados ao setor como os meios de hospedagem, os
19
Fonte: Baseado nos dados disponíveis em:<http://www.estacoesferroviarias.com.br/baiminas/bahia-minas.htm >. Acesso em: 25 out. 2010.
64
equipamentos de alimentação, os transportes, etc. Estes equipamentos e serviços
turísticos atendem principalmente os turistas de negócios, que permanecem nos
municípios apenas em dias úteis, retornando para as suas residências nos finais de
semana, e os turistas em trânsito, que transitam pelas rodovias federais e estaduais
que cortam a região.
A seguir serão apresentados os resultados do estudo, baseados nos dados
pesquisados obtidos e na aplicação da Tipologia de Arranjos Produtivos Locais de
Turismo, o que possibilitará entender melhor o estágio de desenvolvimento deste
destino com base na percepção de seu arranjo produtivo local de turismo, assim
como os pontos positivos e negativos que interferem na atividade turística local.
3.3 Resultados apurados na análise do desenvolvimento do Circuito Turístico
das Pedras Preciosas com base na percepção de seu arranjo produtivo local
de turismo
Numa primeira leitura sobre a realidade atual desta região é importante
verificar os aspectos sócio-demográficos que permitirão fazer comparações
posteriores necessárias a aplicação da tipologia utilizada para este trabalho. Sendo
assim, segue a Tabela de Informações Sócio-demográficas da Região do Circuito
Turístico das Pedras Preciosas (Tabela 1):
Tabela 1 - Informações Sócio-demográficas da Região do Circuito Turístico das Pedras Preciosas
MUNICÍPIO
POPULAÇÃO RESIDENTE
TOTAL
POPULAÇÃO RESIDENTE
URBANA
POPULAÇÃO RESIDENTE
RURAL
Nº UNIDADES
DE EMPRESAS
PESSOAL OCUPADO
TOTAL
Capelinha 34.803 24.753 10.050 678 5.155 Caraí 22.343 7.191 15.152 148 670
Carlos Chagas 20.069 12.964 7.105 339 2.059 Itambacuri 17.720 13.799 3.921 478 2.324
Minas Novas 30.794 12.584 18.210 384 1.746 Nanuque 40.834 36.789 4.045 891 7.476
Padre Paraíso 18.849 11.520 7.329 253 929 Teófilo Otoni 134. 745 110.076 24.669 3.097 23.339
TOTAL 320.157 229.676 90.481 6.268 43.698
Fonte: Elaborada com base nos dados do IBGE (2010).
65
Analisando os dados da tabela vê-se que cerca de 71% da população dos
municípios do Circuito vivem na zona urbana e 29% na área rural. Os municípios de
Caraí e Minas Novas chamam bastante atenção por ter a sua população rural bem
maior do que a população urbana. Dentre as comunidade rurais presentes nestes
municípios, duas se destacam por apresentar potencial para o turismo. São elas:
Coqueiro Campo, no município de Minas Novas e Ponto de Marambaia, no
município de Caraí.
Em Coqueiro Campo, há alguns anos a atividade turística já faz parte do dia a
dia dos moradores. A estruturação do turismo na localidade nasceu do Programa
Turismo Solidário, fomentado pelo governo do Estado de Minas Gerais, que consiste
em uma modalidade onde o turista conhece a potencialidade que o Vale do
Jequitinhonha e o Norte de Minas têm escondidos em sua pobreza e sofrimento
causados pelas mazelas sociais e econômicas. Através de ações de capacitação e
estruturação do turismo nestas regiões, as famílias ali residentes puderam
desenvolver e aprimorar técnicas de hospitalidade, produção associada ao turismo,
além de formatação e comercialização de produtos turísticos. Em Coqueiro Campo,
o principal produto turístico trabalhado é o artesanato local, onde o turista tem a
possibilidade de contar com os receptivos familiares oferecidos nas residências de
artesãos locais e a realização de oficinas específicas de artesanato em cerâmica.20
Atualmente, esta comunidade conta com uma loja específica da Associação
de Artesãos que comercializa todos os produtos confeccionados por seus
associados. Esta entidade também é a gestora do turismo local, intermediando entre
os visitantes a promoção dos atrativos turísticos, como as já referidas oficinas, que
incluem, inclusive, a oficina de farinha de mandioca e passeios nas trilhas ecológicas
da região. Recentemente Coqueiro Campo também foi incluída num Projeto
Nacional de Turismo de Base Comunitária organizado pela Rede Brasileira de
Turismo Solidário (Turisol).21
Já em Ponto do Marambaia a quantidade de garimpos existentes é que tem
chamando a atenção do turismo. Ao contrário de Coqueiro Campo, onde a atividade
turística é operada de forma mais organizada, em Ponto de Marambaia, o que se
observa é um turismo incipiente, sem articulação e com visitas esporádicas de
20
Fonte: Baseado nos dados disponíveis em: < http://www.turismosolidario.com.br/>. Acesso em: 25 out. 2010 e visitas in loco. 21
Fonte: Disponível em: < http://www.turisol.org.br/destinos/sudeste/artesas-coqueiro-do-campo-mg/>. Acesso em: 11 jul. 2011.
66
pessoas, principalmente compradores de pedras-preciosas que estão na região para
conhecer as inúmeras lavras identificadas nesta localidade. Muitas destas visitas
acontecem sem agendamento prévio e na maior parte das vezes sem a consciência
dos proprietários dos garimpos. Ou seja, quase todas as visitas são feitas sem que
os donos dos garimpos saibam o que está ocorrendo. A exceção é quando o
proprietário mesmo acompanha o seu cliente até as suas lavras, no intuito de que
este veja in loco a origem do produto que está adquirindo. Entretanto, esta prática
não é constante, uma vez que os empresários deste ramo se ocupam mais com as
transações comerciais dos minerais extraídos.
Outro ponto deficitário desenvolvido nas visitas a Ponto de Marambaia é a
questão da segurança. Os visitantes que se dirigem aos garimpos não utilizam
nenhum equipamento que possam minimizar eventuais acidentes nestes locais. Nem
mesmo quando adentram os chamados “túneis”, como são conhecidos os garimpos
abertos por dentro das encostas. Neste tipo de técnica garimpeira é comum os
desmoronamentos de terra ocasionados pelas escavações indevidas.
A visitação nos garimpos é apenas uma etapa da seqüência de um roteiro
que é operado eventualmente por uma agência de receptivo local. As demais etapas
consistem na visitação em uma casa de lapidação em Teófilo Otoni e, em seguida,
compras no comércio de pedras preciosas desta cidade. Contudo, assim como no
caso dos garimpos, os proprietários das lapidações também não se integraram
completamente ao turismo de lazer, atendendo, principalmente, os turistas de
negócios que estão interessados em comprar seus produtos.
É importante ressaltar como que o principal fator de diferenciação do destino,
ou seja, a questão das pedras preciosas, ainda não conta com um direcionamento
mais específico para o turismo de lazer. Os produtos oferecidos aleatoriamente a
este tipo de turista ainda não foram completamente formatados e ora são vendidos
sem o acompanhamento de um condutor local. Práticas como esta podem prejudicar
a imagem turística da região antes mesmo que ela queira se projetar mais em nível
estadual ou nacional.
Se o turismo de lazer não está articulado, já não se pode dizer o mesmo do
turismo de negócios. Há muitos anos que esta região é reconhecida mundialmente
como um pólo de comercialização de gemas. Teófilo Otoni, por exemplo, é tida
como a “Capital Mundial das Pedras Preciosas”. A cidade está no centro desta que é
identificada como a maior província gemológica do planeta, sendo que esta
67
província é considerada também uma anomalia geológica pela comunidade
científica. Teófilo Otoni realiza anualmente a maior feira do gênero do Cone Sul,
atraindo milhares de turistas de todas as partes do mundo. A Feira Internacional de
Pedras Preciosas (FIPP) acontece no mês de agosto e serve para mostrar toda a
pujança que este setor representa para o Brasil.
Somente na região que compreende os municípios de Caraí, Catuji, Padre
Paraíso e Teófilo Otoni existem cerca de 360 garimpos, que empregam cerca de
1.500 pessoas22. Também nesta área estão dispostas 359 lapidações que
empregam cerca de 3.000 pessoas23. Segundo o presidente da Associação dos
Corretores do Comércio de Pedras Preciosas de Teófilo Otoni (ACCOMPEDRAS),
senhor Eduardo Cardoso de Almeida, este número já foi maior chegando a 10 mil
lapidários apenas em Teófilo Otoni. Ainda segundo o presidente, um dos motivos
para a crise do setor está numa conjuntura entre a crise mundial, a valorização do
real frente ao dólar e a existência de uma legislação ambiental opressiva que
diminuiu em cerca de 90% a produção dos garimpos. A ACCOMPEDRAS reúne
cerca de mil associados diretos e cerca de 20 mil pessoas indiretas.
Não resta dúvida que o setor gemas representa não apenas um diferencial,
mas, também, um grande fator e competitividade para esta região, sendo
reconhecido, inclusive, como um ponto de cluster potencial, conforme relatou o
Projeto Cresce Minas24. Entretanto, apesar desta aglomeração regional de empresas
de gemas e lapidação ter grande representatividade no Brasil e no mundo, o setor
ainda não conseguiu avançar em termos de cooperação e integração com outros
subsetores, dentre eles o turismo. Não é observada nenhuma prática de ações
conjuntas com os setores de hotelaria, alimentação, lazer e entretenimento,
locadoras de veículos, etc. Somente com a reativação do Circuito é que o diálogo
começou a ser trilhado, especialmente com uma agência de receptivo que surgiu,
principalmente, em função da consolidação desta instância de governança regional.
Recentemente, especificamente em abril de 2011, o setor de pedras preciosas
também foi convidado a fazer parte do Conselho Municipal de Turismo de Teófilo
22
Fonte: Associação dos Exportadores de Gemas (GEA) (2007). 23
Fonte: Associação dos Corretores do Comércio de Pedras Preciosas de Teófilo Otoni (ACCOMPEDRAS), (2004). 24
O PROJETO Cresce Minas foi desenvolvido em 2001 pela Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais-FIEMG e pelo Instituto Metas e visou incentivar o desenvolvimento regional do estado de Minas e do país por meio da metodologia de clusters de crescimento. Neste projeto, os municípios de Governador Valadares e Teófilo Otoni /MG, são identificados como clusters com concentração potenciais de gemas e lapidação.
68
Otoni, através da aprovação da lei que criou a política municipal de turismo do
município.25
Analisando a participação dos empreendimentos ligados aos subsetores do
turismo, percebe-se que em todos os municípios do Circuito há a presença de micro
e pequenas empresas, o que segundo a tipologia de arranjos produtivos locais de
turismo é benéfico a atividade, já que as pequenas empresas tendem a ter um
vínculo maior com o local, diferente das localidades onde há uma presença de
grandes empresas, ou empresas de capital estrangeiro, que estão interessadas, na
maior parte das vezes, apenas na rentabilidade econômica de deus negócios, não
tendo maiores relações afetivas com o destino, o que ao contrário é comummente
observado com os proprietários de empreendimentos de pequeno e médio porte,
que tem raízes familiares, culturais e tradicionais com o local, o que facilita a
formação dos arranjos (MTUR, 2006). Segue a Tabela 2, das empresas ligadas aos
subsetores de turismo nos municípios do Circuito:
Tabela 2 - Empresas Ligadas aos Subsetores de Turismo nos Municípios do Circuito Turístico das Pedras Preciosas
MUNICÍPIO
Nº
MEIOS DE HOSPEDA
-GEM
Nº
EQUIPAMEN-TOS DE
ALIMENTA-ÇÃO
Nº
AGÊNCIAS DE
RECEPTIVO E
EMISSIVO
Nº
SERVIÇOS DE
ENTRETE-NIMENTO
Nº
TRANS-PORTES TURÍSTI-
COS E/OU LOCADO-RAS DE
VEÍCULOS
Nº DE
COMÉR-CIOS
TURÍSTI-COS
Nº
TOTAL DE PESSOAS EMPRE-GADAS
NOS SUBSETO-RES DE
TURISMO
Capelinha 4 5 2 3 1 2 133 Caraí 2 5 0 0 0 0 7 Carlos
Chagas 4 3 1 2 0 1 50
Itambacuri 2 3 0 2 0 0 33 Minas Novas
8 11 2 3 0 2 103
Nanuque 9 10 2 3 2 2 195 Padre
Paraíso 2 2 0 1 3 1 22
Teófilo Otoni
20 25 7 10 3 4 700
TOTAL 51 64 14 24 9 12 1.243
Fonte: Elaborada com base nos dados dos Inventários da Oferta Turística dos Municípios do Circuito Turístico das Pedras Preciosas (2009).
25
Fonte: Secretaria Municipal de Indústria, Comércio e Turismo de Teófilo Otoni (2011).
69
Interpretando estes dados constata-se que as empresas ligadas aos
subsetores de turismo representam cerca de 2,78% do número total de empresas
presentes na região e que cerca de 2,85% dos habitantes desta região trabalham
em subsetores ligados diretamente a atividade turística. Este percentual está abaixo
da estimativa da Organização Mundial de Turismo (OMT), que calcula que entre 6%
e 8% da população mundial atua no turismo. Entretanto, os números do Circuito são
passíveis de alterações visto que a fonte dos dados foram os inventários turísticos
dos municípios do Circuito feitos em 2009, e que deverão ser atualizados somente
em 2012.
Fica evidente que os equipamentos de alimentação respondem pela maior
parte dos empreendimentos turísticos da região. Uma explicação para esta
ocorrência está no fato de que estes equipamentos são montados para atender não
apenas os turistas, mas, também, a população residente. Os meios de hospedagem
aparecem em segundo lugar no número de empresas turísticas, seguidos dos
serviços e equipamentos de entretenimento, agências de viagens e comércios
turísticos.
Também observa-se que os municípios com maior população são os que
apresentam respectivamente o maior número de empregos do setor. Isto fica bem
claro quando se verifica que mesmo Minas Novas possuindo um número maior de
empreendimentos turísticos do que Capelinha, esta segunda cidade emprega mais
pessoas na área do que a primeira.
A quase totalidade das empresas de turismo dos municípios do Circuito são
de pequeno e médio porte, principalmente nas cidades com o maior número de
habitantes (Capelinha, Nanuque e Teófilo Otoni). Nas cidades menores predominam
as microempresas de administração familiar. A média de empregos gerados por
empresa é de aproximadamente 16,8 postos de trabalho. Não há a presença de
grandes redes do setor turístico nos municípios do Circuito.
Analisando de forma geral, o Circuito conta com todos os subsetores ligados
a atividade turística. Quando esta análise é estratificada por município, observa-se
que apenas os municípios de Capelinha, Nanuque e Teófilo Otoni contam com
empreendimentos ligados a todos os subsetores do turismo.
A região apresenta uma vocação clara para o turismo, tanto é que foi
reconhecida em 2007 pelo Governo do Estado de Minas Gerais como mais uma
região turística mineira apta a fazer parte das políticas públicas do Programa de
70
Regionalização do Turismo. Em Teófilo Otoni, o motivo principal para a vinda de
turistas são os negócios, sejam eles no comércio de pedras preciosas ou em outros
estabelecimentos em geral. A cidade também serve de dormitório para as pessoas
que estão indo ou vindo da região Nordeste, principalmente nos períodos de alta
temporada. Também servem como ponto de parada e pernoite de turistas as cidades
de Itambacuri e Padre Paraíso, localizadas as margens da BR 116 e as cidades de
Carlos Chagas e Nanuque, ambas ao lado da BR 418, que liga o nordeste mineiro
ao sul da Bahia. Em todos os municípios do Circuito a predominância maior é de
turistas de negócios, principalmente representantes comerciais, que estão na região
no intuito de realizarem suas transações comerciais durante os dias úteis,
retornando para seus locais de origem nos finais de semana. A exceção é para
Minas Novas, que apesar de ter o turista de negócios como maior público, recebe
também visitantes que vem em busca dos atrativos históricos e culturais do
município.26
A constatação da vocação da região para o turismo foi um dos motivos para a
criação da Associação dos Municípios do Circuito Turístico das Pedras Preciosas em
2002. Desde então, esta instância de governança regional passou a representar o
Vale do Mucuri e parte do Alto e Médio Jequitinhonha na política estadual de
turismo.27 Entre os anos de 2005 e 2007 a Associação esteve desarticulada e não
operacionalizou ações na região. Com a eleição das novas diretorias em 2007,2009
e 2011 as iniciativas em prol do desenvolvimento turístico local recomeçaram. Para
que as propostas para o setor fossem validadas e tivessem um delineamento mais
evidente, a Associação elaborou um Plano Estratégico para os anos de 2007-2010.
Este planejamento foi revisto no ano 2010 de acordo com a nova realidade do
Circuito e servirá como norteamento da gestão do turismo na região para os anos de
2011-2014. O novo Plano deixa bem claro a missão e as atribuições da
Associação.28
Para conseguir realizar as suas ações no turismo da região, a Associação do
Circuito conta com uma rede de interlocutores nos municípios que vão desde os
representantes do poder público municipal até os representantes dos conselhos
26
Fonte: Plano Estratégico de Desenvolvimento do Turismo Regional -Circuito Turístico das Pedras Preciosas 2011-2014. 27
Existem outras duas associações certificadas pelo Governo de Minas na região do Jequitinhonha: o Circuito Turístico do Ouro e o Circuito Turístico Lago de Irapé. 28
Ver Anexo B.
71
municipais de turismo, quando instituídos; empresas; outras entidades não
governamentais; parceiros e outros apoiadores. Contudo, verifica-se que os
representantes do poder público municipal (em geral, secretários e/ou diretores que
respondem pela pasta do turismo) são os que têm maior ligação com a entidade,
sendo estes, na maior parte das vezes, os responsáveis pela aplicação das ações
do Circuito nos municípios. A Tabela 3 mostra os órgãos de turismo existentes na
região, bem como a presença de serviços e infra-estrutura turística:
Tabela 3 - Presença de órgãos de turismo; serviços públicos de turismo e infra-estrutura de acesso nos municípios do circuito em 31 de março de 2010
MUNICÍPIO
SECRETARIA
QUE RESPONDE
PELA PASTA DE TURISMO
EXISTÊNCIA DE AERORPORTO
EXISTÊNCIA DE
TERMINAL RODOVIÁRIO
Nº
DE POSTOS DE INFORMAÇÕES
TURÍSTI-CAS
EXISTÊNCIA DE
CONSELHO MUNICI-PAL DE TURISMO
Capelinha
Secretaria Municipal de
Cultura e Turismo
Sim
sim
0
sim
Caraí
Secretaria Municipal de Educação e
Cultura
não
não
0
não
Carlos Chagas
Secretaria
Municipal de Desenvolvimento
Sustentável
Não
sim
0
não
Itambacuri
Secretaria Municipal de
Cultura, Esporte e Lazer
não
sim
1
sim
Minas Novas
Secretaria Municipal de
Cultura, Turismo, Esporte, lazer e Comunicação
sim
sim
1
não
Nanuque
Secretaria Municipal de Educação e
Cultura
sim
sim
0
Não
Padre
Paraíso
Secretaria Municipal de Agricultura e
Turismo
não
sim
0
não
Teófilo Otoni
Secretaria Municipal de
Indústria, Comércio e
Turismo
sim
sim
0
não
Fonte: Elaborada com base nos dados da Associação dos Municípios do Circuito Turístico das Preciosas (2010).
É importante perceber, nesta Tabela, que nenhum município possui uma
secretaria específica de turismo, estando esta pasta disposta juntamente com outras
72
pastas municipais, o que denota a importância ainda secundária da atividade
turística para a região. Em Teófilo Otoni, maior município do Circuito, por exemplo, a
pasta do turismo está acoplada às pastas de indústria e comércio. Já em Padre
Paraíso a pasta de turismo está junta com a pasta de agricultura. Em Carlos Chagas
o turismo está incluído na pasta de Desenvolvimento Sustentável. Nos demais
municípios, a pasta está aliada a pasta da cultura.
Outro aspecto que merece destaque é que em 31 de março de 2010 existiam
apenas dois conselhos municipais de turismo implantados e em funcionamento no
Circuito. Ou seja, apenas 25% dos municípios associados nesta época contavam
com este tipo de instância de governança, o que sem dúvida transfere para a
Associação e para o poder público municipal maiores responsabilidades em relação
ao desenvolvimento turístico local. De acordo com os preceitos atuais de
organização e gestão turística, este tipo de situação é completamente desfavorável
para uma região, uma vez que as ações não são compartilhadas com todos os
representantes de uma sociedade. Para que as iniciativas empreendidas tenham
mais validade e sejam consentidas por todos, o ideal seria que todos os municípios
do Circuito contassem com conselhos municipais de turismo atuantes e presentes na
Associação. Nota-se que nem mesmo os municípios onde a atividade turística é
percebida mais fortemente (Minas Novas e Teófilo Otoni) a ativação destes
conselhos não foi uma preocupação da comunidade até o ponto de corte desta
pesquisa. Atualmente (2011), o Circuito conta com conselhos, fundos, planos e
políticas municipais de turismo instituídos em mais de 80% de seus municípios.29
Sobre a participação da população no planejamento de setores de uma
localidade, dentre eles, o setor turístico, Dias afirma que:
De modo geral, numa visão tecnocrática justifica-se que a complexidade técnica é tal que impede que a população participe, pois não teria condições de entender os mecanismos que levaram à tomada de decisão” (DIAS, 2008, p. 113).
O autor relata ainda que o grau de participação deve ser visto em função da
experiência adquirida do participante, do conhecimento do mesmo dos mecanismos
participativos e do aumento da interação dos agentes sociais envolvidos que
provocam, naturalmente, maior envolvimento das pessoas nas tomadas de decisões
que norteiam o destino de uma comunidade (DIAS, 2008).
29
Fonte: Associação dos Municípios do Circuito Turístico das Pedras Preciosas (2011).
73
Sobre este ponto, que é crucial para o tema deste trabalho, vale exemplificar
o caso da Prainha do Canto Verde, vilarejo localizado no litoral cearense, que é
considerado um modelo de organização e envolvimento de atores na configuração
de um arranjo produtivo local de turismo.
Com uma população de cerca de 180 famílias esse pequeno vilarejo tem
como principais atividades econômicas a pesca artesanal de peixes e lagostas e o
artesanato. O turismo por sua vez vem sendo introduzido como uma nova alternativa
econômica para a região. Segundo estudos publicados sobre Arranjos Produtivos
Locais no Setor de Turismo, divulgados pelo Ministério do Turismo (2006), os
moradores desta localidade já percebiam desde 1993 o crescimento do fluxo de
turistas nas proximidades e, por isso, já se sentiam preocupados sobre os possíveis
impactos em sua comunidade. O principal temor era degradação local, a perda dos
valores morais e culturais e até mesmo a construção de hotéis, restaurantes e
empreendimentos turísticos que não partissem da iniciativa dos próprios habitantes,
tão pouco absorvesse a mão-de-obra local.
Soma-se a isto tudo as experiências negativas do turismo de massa nas
praias vizinhas de Jericoacara e Canoa Quebrada que desfigurou a paisagem e
possibilitou invasão descontrolada de forasteiros causando especulação imobiliária.
No intuito de impedir a repetição desses “cases de insucesso” criou-se então em
1997 o Conselho de Turismo da Prainha do Canto Verde, que já em 1998 promoveu
o “Seminário de Turismo Comunitário”, o que deu início então ao projeto turístico da
Prainha.
No seminário, moradores, prefeitura, ONGs, profissionais do turismo e
lideranças de outras comunidades elaboraram um projeto de turismo para a Prainha.
Os moradores então se organizaram em uma associação chamada de “Fundação
dos Amigos da Prainha”. Já o turismo na comunidade decidiu-se que este seria
operacionalizado pela Cooperativa de Turismo e Artesanato da Prainha do Canto
Verde (COOPERCANTUR), que tinha como o principal atributo dividir da melhor
forma possível a renda advinda do turismo na Prainha do Canto Verde, sem deter,
no entanto, a propriedade coletiva dos bens de produção, mas sim, conciliar a
propriedade privada com a gestão turística coletiva.
Fora acertado também que a entrada de novos membros na cooperativa é
livre, desde que não haja concentração de renda. Sendo assim, foi vedado a um
cooperado participar de mais de um setor turístico na cooperativa, o que incentivaria
74
de certa forma a fruição dos benefícios do turismo para toda a comunidade
incentivando também com isto a consolidação das pequenas empresas.
Com esta rede organizacional, notou-se que a especulação imobiliária não
conseguiu se propagar por agentes externos e todos os serviços turísticos e
comércios continuaram sendo de propriedade e administrados pelos nativos, o que
possibilitou a geração de renda complementar para muitos habitantes locais,
mantendo os rendimentos no interior da comunidade.
O tipo de turismo praticado na Prainha do Canto Verde foi o ecológico e
cultural, trabalhado de forma comunitária no intuito de melhorar a renda e o bem-
estar dos moradores, incentivando assim a preservação e conservação dos valores
culturais e os recursos naturais da região. Já os meios de hospedagem tiveram um
investimento considerável, principalmente no que diz respeito a treinamento dos
trabalhadores. Outros cursos também foram oferecidos para a comunidade em geral
como cursos de educação sexual, drogas, entre outros, com o objetivo de preparar e
conscientizar a população sobre possíveis contatos com outras culturas.
Já para solucionar a questão da oferta de crédito necessária para o
empreendimento turístico da Prainha, a comunidade inovou com um fundo rotativo
de crédito para pequenos investidores em estabelecimentos voltados para o turismo.
De acordo com o regulamento desse fundo, para que um empreendedor obtivesse o
crédito seria necessário que este apresentasse um projeto turístico viável e com
indicações de retornos necessários à quitação da dívida. Outra exigência foi que o
crédito desse fundo só seria aprovado para os cooperados sócios do fundo (em dia
com suas cotas), que possuíssem boas relações com a Associação de Moradores e
que tivessem crédito na praça. Quanto ao destino dos investimentos, a cooperativa
procurou melhorar a qualidade não só dos relacionados à esfera turística, mas sim
de toda a comunidade da Prainha do Canto Verde.
A demanda turística da Prainha é relativamente pequena, explicada
principalmente devido a fatores como: recente instalação de infra-estrutura básica
(estrada, hospedagens, restaurantes, energia elétrica); proximidade com outros
destinos turísticos já consolidados no mercado nacional e internacional (Canoa
Quebrada, Praia das Fontes e Jericoaquara); exclusão do local nos guias turísticos
tradicionais; falta de transporte regular para chegar à localidade; não realização,
pelos moradores de expressiva divulgação ou convênio com agências de turismo
tradicionais (isso devido à falta de recursos disponíveis para tal investimento por
75
parte de cooperativa e pela idéia de que, em tal projeto, o número de turistas deve
crescer vagarosamente para que possam ser atendidos com a qualidade
pretendida). Mesmo assim, a Prainha conseguiu o que quase nenhuma localidade
turística conseguiu até hoje: a participação do conjunto da comunidade na
elaboração e execução de um plano voltado para o turismo, como instrumento de
desenvolvimento socioeconômico local, associado à preservação ambiental e
histórico-cultural.
A história de participação e organização dessa comunidade tem sido
referência para a construção de um modelo que viabiliza a inclusão das
comunidades do litoral no desenvolvimento do turismo com fins de melhoria nos
padrões sócio-econômicos, a partir das tradições e cultura destes povos. Mesmo
com o baixo nível de vida da população, que em nenhuma hipótese é sinônimo de
miséria e com uma população pequena (cerca de 1.100 habitantes), a Prainha
conseguiu fazer que os poucos recursos oriundos da atividade turística contribuam
significativamente para alterar a economia local e melhorar a qualidade de vida de
seus habitantes.30
Nos dois casos descritos neste trabalho: Bonito e Prainha do Canto Verde
observa-se que o desejo e a prática de cooperação e a capacidade de inovação na
criação de produtos e métodos de gerenciamento foram capazes de proporcionar a
estes destinos diferentes tipos de reconhecimento no setor turístico. Enquanto
Bonito é tido modelo de cluster em turismo de natureza, a Prainha também é tida
como referência em APL de turismo de base comunitária.
Já analisando a infra-estrutura, é oportuno salientar que esta é essencial para
destinos turísticos e, aparece principalmente sob a forma de transportes ou acessos
(estradas, ferrovias, aeroportos etc.), serviços de utilidade pública (saneamento
básico, eletricidade, comunicações) e outros serviços (saúde, segurança), podendo
ser compartilhada harmonicamente entre residentes e visitantes. Toda via, a
capacidade de uma região para atrair pessoas e negócios está relacionada, dentre
outros fatores, com a capacidade percebida de sua infra-estrutura local. Ou seja, a
oferta das condições estruturais necessárias pra que as pessoas possam usufruir de
um conforto mínimo e para que os negócios tenham condições de prosperar com a
30 Fonte: Baseado em: MINISTÉRIO DO TURISMO. Turismo Como Instrumento de
Desenvolvimento Regional: estudo de arranjos produtivos locais (APLs) no setor de turismo. Brasília: Ministério do Turismo, 2006. Disponível em: < http://www.turismo.gov.br/publicacoes/>.
Acesso em: 25 out. 2010.
76
demanda por seus produtos e/ou serviços e, também, para atração de novas
empresas e/ou novas pessoas (MTUR, 2007). Com isto, conclui-se que quanto maior
e mais variada for a infra-estrutura local, maior será a capacidade de uma localidade
para atrair pessoas com propósitos diversos. Esta atração acaba por gerar
condições necessárias para a criação de novos negócios que servirão de motor para
a expansão da economia local (DIAS, 2008).
Olhando para a infra-estrutura geral dos municípios do Circuito Turístico das
Pedras Preciosas, percebe-se que esta apresenta certa discrepância entre as
localidades. Esta afirmativa fica bem clara quando se observa a Tabela 4, que
mostra aspectos da infra-estrutura existente nestes municípios:
Tabela 4 - Infra-estutura geral nos municípios do Circuito Turístico das Pedras Preciosas
MUNICÍPIO Nº DE
INSTITUI-ÇÕES FINAN-CEIRAS
Nº DE
SERVIÇOS DE SAÚDE
ABASTECI-MENTO DE
ÁGUA ÁREA
URBANA
REDE DE ESGOTO
ÁREA URBANA
ABASTECIMENTO DE
ENERGIA ÁREA URBANA E RURAL
Capelinha 4 26 100% 50% 80% Caraí 1 7 95% 60% 90%
Carlos Chagas 3 21 95% 95% 95% Itambacuri 1 10 90% 80% 95%
Minas Novas 1 15 98,94% 75% 90% Nanuque 6 23 90% 60% 90%
Padre Paraíso 1 24 85% 70% 90% Teófilo Otoni 10 74 99% 90% 95%
Fonte: Elaborada com base nos dados do IBGE (2011) e nos Inventários da Oferta Turística dos Municípios do Circuito Turístico das Pedras Preciosas (2009).
Verificando os dados da Tabela, chega-se à definição que os municípios do
Vale do Mucuri e São Mateus apresentam maior percentual de residências da área
urbana atendidas com rede de esgoto. Enquanto nas localidades do Jequitinhonha
acima descritas este serviço chega a apenas 63, 75% das casas, nos municípios dos
demais Vales este número sobre para 81,25%. Já o número de instituições
financeiras e serviços de saúde é proporcional ao número de habitantes dos
municípios. Ou seja, quanto mais populoso é o município, maior a existências destes
serviços. A exceção fica para Padre Paraíso, que apresenta quantidade de serviços
de saúde superior ao município de Nanuque, que por sua vez apresenta uma
população maior do que Padre Paraíso.
Nesta Tabela, também é possível concluir que o abastecimento de água e de
energia elétrica nos municípios apresenta uma média superior a 90%, o que de certa
77
forma contribui para o atendimento cotidiano das necessidades básicas dos
cidadãos e dos visitantes. O município de Teófilo Otoni é o que apresenta maior
percentual de oferta dos serviços analisados, constatação que o torna pólo de
diversas áreas, dentre elas, a área de saúde na região do Nordeste Mineiro.
Em 31 de março de 2010 todos os municípios associados ao Circuito Turístico
das Pedras Preciosas contavam com rede de telefonia fixa, móvel e acesso a
internet. Também haviam em todos os municípios postos dos Correios e emissoras
de rádios. Foram registradas também duas emissoras locais de televisão, afiliadas a
TV Cultura-Rede Minas, sendo uma no município de Nanuque (TV Três Fronteiras) e
outra no município de Teófilo Otoni (TV Imigrantes).
No aspecto segurança observou-se a existência de delegacias de polícia em
todos os municípios do Circuito. Os conselhos de Segurança Pública ainda estão
sendo implantados em algumas localidades da região. Entre os outros
equipamentos de apoio ao turismo destacam-se os serviços de mecânica e
abastecimento de combustível que também foram encontrados em todos os
municípios.
De acordo com esta realidade verificada, chega-se ao entendimento que, a
infra-estrutura geral, os serviços e a infra-estrutura turística dos municípios do
Circuito Turístico das Pedras Preciosas apresentam pontos equiparados de aspectos
positivos e negativos, que influenciam de certa forma o turismo na região.
Na infra-estrutura geral, a ausência de mais instituições financeiras e
estabelecimentos de saúde, principalmente hospitais que prestem atendimento de
maior complexidade, em alguns municípios, compromete significativamente o bem-
estar da população e, conseqüentemente o bem-estar do turista. Durante o estudo
de campo foi observado que pessoas de algumas localidades precisam se deslocar
para outros municípios, caso desejem fazer suas transações comerciais ou serem
atendidas por determinados serviços médicos. Novamente neste ponto, a cidade de
Teófilo Otoni é a que supri a maior parte de demanda por estes serviços. As cidades
de Capelinha e Nanuque aparecem em segundo plano atendendo principalmente os
municípios do seu entorno.
Na infra-estrutura turística o grande impasse está nos aeroportos que
carecem de operação de linhas aéreas regulares, sendo que alguns precisam ser
reformados e/ou ampliados. Existe um projeto para reforma do aeroporto de Teófilo
Otoni, a ser executado pelo Governo do Estado de Minas Gerais, onde este terminal
78
ficaria apto a receber aeronaves maiores em relação às aeronaves que recebe
atualmente.31 Também está em discursão a implantação de um aeroporto regional
para o Vale do Mucuri, que seria construído no município de Itambacuri.32 Este
aeroporto seria de responsabilidade do Governo Federal e serviria também como
apoio para a Zona de Processamento e Exportação (ZPE)33, que é outro projeto
também em andamento para Teófilo Otoni.
Já os acessos terrestres encontram-se em bom estado de conservação. Em
2010, a BR 116, que passa por quatro municípios deste Circuito sofreu uma reforma
que ampliou o número de pistas duplas em muitos trechos, além de ter seu asfalto
recapeado. Já a BR 418 não ganhou nenhuma melhoria nos últimos anos. Porém,
esta rodovia conta com um fluxo de veículos menor do que a BR 116, exceto em
períodos de alta temporada. Também não houve benfeitorias, tão pouco foram
edificadas novas obras nos terminais rodoviários dos municípios deste Circuito, que
em geral apresentam um aspecto antiquado, ao contrário de muitos terminais de
arquitetura moderna encontrados atualmente. Apenas o terminal rodoviário de
Teófilo Otoni conta com serviço de restaurante apto a atendimento do grande
público.
A ausência de centros de informações turísticas devidamente adaptados e
com pessoas tecnicamente preparadas para prestar com destreza e atenção
maiores esclarecimentos da região para os turistas, é algo que, sem dúvida,
influencia no arranjo final dos atrativos e produtos oferecidos pelos agentes locais.
Este ponto precisa ser mais trabalhado, caso o Circuito queira elevar a sua
capacidade de competitividade no mercado.
De acordo com a tipologia de arranjo produtivo local de turismo, outro aspecto
que pode ajudar fortemente na consolidação dos elos entre os agentes é a
existência de entidades de ensino e qualificação; associações empresariais e de
trabalhadores e associações de moradores. O Quadro 3 mostra onde há a presença
destas instituições:
31
Fonte: Secretaria Municipal de Indústria, Comércio e Turismo de Teófilo Otoni (2011). 32
Fonte: Prefeitura Municipal de Itambacuri (2011). 33
Criada pelo decreto-lei 2.452, de 1998, a Zona e Processamento e Exportação (ZPE) é um mecanismo desenvolvido pelo governo federal para oferecer estímulos ao empreendedor que destinar 80% da sua produção pro mercado internacional, como a suspensão e isenção tributária, desoneração do investimento na área do empreendimento e agilidade aduaneira.
79
Quadro 3 - Existência de entidades de ensino e qualificação; associações empresariais e de trabalhadores e associações de moradores
MUNICÍPIO
PRESENÇA DE ENTIDADES DE ENSINO E DE
QUALIFICAÇÃO
PRESENÇA DE ASSOCIAÇÃO
EMPRESARIAL E DOS
TRABALHADORES
PRESENÇA DE ASSOCIAÇÃO DOS
MORADORES OU REPRESENTANDO UMA
COMUNIDADE ESPECÍFICA
Capelinha Sim Sim sim
Caraí Não Sim Sim
Carlos Chagas Não Sim Sim
Itambacuri Sim Sim Sim
Minas Novas Sim Sim Sim
Nanuque Sim Sim Sim
Padre Paraíso Não Sim Sim
Teófilo Otoni Sim Sim Sim
Fonte: Elaborada com base nos dados fornecidos pelos municípios do Circuito Turístico das Pedras Preciosas, 2011.
Fazendo uma leitura da tabela acima é possível afirmar que o associativismo
está presente em todos os municípios do Circuito. Em todos existe também uma
associação comercial, sendo que nos municípios menores este tipo de associação
congrega às vezes atividades industriais e agropecuárias, transformando-se, assim,
numa associação comercial, industrial e agropecuária, como é o caso de Minas
Novas, que tem a Associação Comercial, Industrial e Agropecuária de Minas Novas
(ACIAMN). É comum também a presença dos sindicatos nos municípios,
principalmente os sindicatos dos trabalhadores rurais. Teófilo Otoni é o único
município do Circuito que conta com um sindicato dos trabalhadores do comércio e
um sindicato dos comerciantes. Por sua vez, as cooperativas representam para
alguns municípios grande fonte de renda e geração de postos de trabalhos. É o
caso, por exemplo, da Cooperativa de Laticínios de Carlos Chagas e a Cooperativa
de Laticínios de Teófilo Otoni, que empregam dezenas de pessoas e tem seus
produtos exportados para toda a região e para diversos estados do Brasil.
É importante destacar que a região conta com três entidades associativas
relacionadas ao setor mineral, são elas: a Associação dos Exportadores de Gemas
(GEA); a Associação dos Corretores do Comércio de Pedras Preciosas de Teófilo
Otoni e a Cooperativa dos Lapidários. Este diferencial comprova novamente a força
que este segmento representa para a economia local e que ainda é sub-explorado
turisticamente.
80
Já as associações de bairros e de localidades da zona rural também estão
presentes em todos os municípios. Neste ponto, vale ressaltar a Associação de
Artesãos de Coqueiro Campo, que vem desenvolvendo o turismo de base
comunitária na comunidade de mesmo nome, localizada na área rural de Minas
Novas.
As entidades de ensino e qualificação são verificadas em mais da metade dos
municípios do Circuito. Neste aspecto, Teófilo Otoni é novamente a grande
referência. A cidade vem se consolidando como pólo universitário de todo o nordeste
de Minas, atraindo, não só estudantes da região, como também de outras regiões do
estado e do Brasil, graças a existência de um campus da Universidade Federal dos
Vales do Mucuri e Jequitinhonha (UFVJM) e campus de outras universidades
particulares. Também existem outras faculdades nos municípios de Capelinha,
Itambacuri, Minas Novas e Nanuque. Contudo, a oferta de cursos de nível superior
para área de turismo na região é zero . O único curso de turismo oferecido pela
Universidade Presidente Antonio Carlos (UNIPAC) - Campus Teófilo Otoni foi
encerrado em 2007 com a formatura de sua única turma. Entretanto, o fechamento
dos cursos particulares de turismo não é uma exclusividade regional. Este fato vem
sendo observado em todo o país.
A região dispõe de cursos técnicos e de qualificação profissional que são
ofertados por empresas particulares; pelo sistema S, (SESI, SENAI, SESC, SEBRAE
e SENAC) e por programas do Governo Estadual e Federal. Em geral, os cursos
relacionados aos subsetores do turismo são realizados pelo Serviço Nacional de
Aprendizagem Comercial (SENAC). Entretanto, a Associação do Circuito também
vêem realizando cursos de formação de condutores de turismo em todos os
municípios do Circuito. Estes cursos são demandados de acordo com o tipo de
turismo desenvolvido em cada localidade. O propósito desta iniciativa é solucionar
um problema antigo que está na ponta da operacionalidade turística da região: a
falta de mão-de-obra capacitada para os passeios oferecidos nas agências de
receptivo locais, fato que vem dificultando o avanço do turismo no Circuito.
O Quadro 4 a seguir constata a presença de instituições de proteção
ambiental; de promoção e preservação do patrimônio artístico-cultural e de
promoção social, que influenciam diretamente na sustentabilidade dos elementos
que formam a matéria prima do turismo, ou seja, os recursos naturais, culturais e
humanos.
81
Quadro 4 - Presença de instituições de proteção ambiental; de promoção e preservação do patrimônio artístico-cultural e de promoção social
MUNICÍPIO
Presença de Instituições de Proteção Ambiental
Presença de Instituições
de Promoção do
Preservação dos Patrimônios
Artísticos-Culturais
Presença de Instituições
de Promoção
Social
Capelinha
sim
sim
sim
Caraí
não
sim
não
Carlos Chagas
não
sim
sim
Itambacuri
não
sim
sim
Minas Novas
não
sim
sim
Nanuque
sim
sim
sim
Padre Paraíso
não
sim
sim
Teófilo Otoni
sim
sim
sim
Fonte: Elaborada com base nos dados fornecidos pela Associação dos Municípios do Circuito Turístico das Pedras Preciosas, 2011.
O Quadro acima mostra que menos possuem instituições ligadas as questões
ambientais. Neste aspecto, vale ressaltar o trabalho da ONG Movimento Pró-Rio
Todos os Santos e Mucuri, que tem sede em Teófilo Otoni e vem desenvolvendo um
trabalho na região no intuito de estancar e reverter os mais de 150 anos de
destruição implacável da natureza nos vales dos rios Todos os santos e Mucuri. Em
2004, esta entidade organizou uma expedição que percorreu toda a bacia
hidrográfica do Rio Todos os Santos, chegando ao seu encontro com o Rio Mucuri,
já no município de Carlos Chagas. Esta Expedição buscou aliar mobilização social a
informações técnicas para chamar a atenção dos cidadãos quanto à situação
precária em que se encontram os recursos hídricos regionais.34
34
Fonte: ANTONIO, Fernandez Marco. Coord. Expedição Rio Todos Os Santos - Rio de Todos Que Te Queremos Santo. Teófilo Otoni: Artes Gráficas Modelo, 2006.
82
Dentre as instituições de promoção e preservação dos patrimônios artísticos-
culturais da região destaca-se a existência de conselhos municipais de patrimônio
em todos os municípios do Circuito. Todavia, percebe-se que na maior parte das
localidades, não só desta região, como de outras regiões do estado, estes conselhos
vem sendo implantados e ativados para garantir uma maior pontuação no ICMS
Cultural, disponibilizado pelo governo de Minas aos municípios que investem em
cultura e preservação de seu patrimônio. Mesmo sendo formados por influência
deste incentivo, os conselhos, em muitos municípios do Circuito, vem desenvolvendo
ações positivas, principalmente em relação à mobilização da comunidade e do poder
público para maior investimento nesta área.
Dentre as instituições não governamentais que apóiam o setor cultural
merecem ser citadas a Associação Mucury Cultural, com sede em Teófilo Otoni e a
Associação dos Produtores de Arte e Cultura de Padre Paraíso (APACA). Estas
entidades desenvolvem trabalhos expressivos que resgatam e promovem os valores
históricos, artísticos e culturais nas regiões do Jequitinhonha e Mucuri.
Já as instituições de promoção social foram encontradas em diversas áreas
da sociedade como direitos da mulher, da criança, do adolescente e do idoso; apoio
a portadores de necessidades especiais; apoio e assistência aos condenados;
recuperação de dependentes químicos, dentre outras áreas.
Mesmo com toda esta rede de serviços, equipamentos, infra-estrutura,
associações, sindicatos, cooperativas e órgãos públicos, não foi detectado nenhum
projeto coletivo de desenvolvimento turístico local ou regional. A única proposta
coletiva para o avanço econômico-social do nordeste mineiro observada é a
implantação da Zona de Processamento e Exportação (ZPE), a ser implantada em
Teófilo Otoni, e que atingiria direta e indiretamente diversos municípios da região,
além de diversos setores, dentre eles, o setor de turismo, que poderia ser agraciado
com a implantação do aeroporto regional em Itambacuri; o aumento da oferta do
número de leitos, restaurantes, bares, espaços para eventos; dentre outros impactos
positivos que poderiam surgir em função da efetivação desta proposta. Entretanto, a
ZPE não pode ser considerada como um projeto exclusivamente turístico. Trata-se
de uma iniciativa que vem sendo viabilizada como alternativa para desfazer o atraso
social desta região, em relação a outras regiões do estado e do país.
Em se tratando do nível de cooperação entre os subsetores de turismo
presentes no Circuito, percebe-se que ainda não há uma regularidade de ações
83
organizadas pelos atores locais envolvidos com a atividade turística, que justifique
dizer que a região apresenta um grau considerável de cooperação. Sabe-se que a
cooperação entre empresas é uma variável-chave para determinar o sucesso de um
destino como um todo quanto o sucesso das instituições individualmente. Estas
relações, segundo o Estudo de Arranjos Produtivos Locais no Setor de Turismo
(MTUR, 2006), devem ser separadas em dois âmbitos de análise. No primeiro
âmbito estão as relações intra-subsetores, que dizem respeito às interações entre
empresas que concorrem diretamente, pois oferecem a mesma categoria de
serviços. No subsetor de hospedagem, por exemplo, podem ser viabilizadas
diversas ações de cooperação como:
Treinamento conjunto de mão-de-obra (camareiras, cozinheiras,
recepcionistas, monitores etc.);
Publicidade conjunta da localidade de alcance regional, nacional ou
internacional;
Compras (negociações de compra) conjuntas de utensílios padronizados de
hotéis e pousadas (móveis, uniformes, eletroeletrônicos, equipamentos de
informática, telecomunicações etc.);
Manutenção de uma Central de Informações sobre vagas disponíveis nos
hotéis da localidade;
Investimentos conjuntos em melhorias para a localidade;
Organização conjunta de eventos artístico-culturais;
Avaliação dos impactos locais sobre o conjunto de hotéis da realização de
parcerias com operadoras externas que elaboram “pacotes” aos clientes;
Negociações conjuntas a órgãos públicos municipais, estaduais e federais
para melhorias na infra-estrutura local;
Realização conjunta de um plano de marketing para realizar a especialização
dos hotéis (temas específicos, características, padrões, perfil diferenciado dos
clientes etc.);
Criação conjunta de um selo de qualidade local das instalações.
O segundo âmbito de análise diz respeito às relações inter-subsetores, ou
seja, a cooperação entre subsetores diferentes. São exemplos de ações que
podem ser praticadas entre os subsetores de turismo de uma localidade:
84
Os hotéis como meios eficientes de distribuição de informações sobre opções
de entretenimento e de alimentação da localidade;
Compartilhamento entre agências locais e hotéis de um banco de dados
sobre vagas disponíveis;
Apoio e promoção dos restaurantes e agricultores locais para cultivo familiar e
orgânico;
As operadoras (sobretudo por meio dos guias) são fontes de informações
importantes sobre a satisfação do turista e sobre sugestões de melhorias;
Busca conjunta por financiamento (acesso e condições tanto em agentes
financeiros privados e públicos em organismos internacionais (como o BID);
Investimentos conjuntos de informatização dos estabelecimentos da
localidade, para troca de informações on line sobre número de hóspedes,
reclamações, acidentes, eventos, entre outras informações úteis para
assegurar a qualidade dos serviços em todas as atividades de contato com o
turista;
Criação de novos produtos turísticos, respeitando os atrativos já existentes e
as particularidades e cultura locais. Busca nas esferas de governo municipal,
estadual ou federal por melhorias na infra-estrutura local (que também atende
ao turista, como hospitais, rodovias, passeio público, paisagismo);
Promoção integrada de programas de educação ambiental e conscientização
turística à população (recolhimento de resíduos, adoção de lixeiras, limpeza
pública) ou sua recuperação (recuperar paisagens e ajardinamento);
Publicidade conjunta da localidade de alcance local, regional, nacional e
internacional.
Analisando as ações de cooperação entre os subsetores de turismo do
Circuito, constata-se que no setor alimentação, por exemplo, foram identificadas
iniciativas isoladas que trabalham a gastronomia regional em forma de eventos.35 No
setor de entretenimento, a prática mais comum encontrada foi a realização de
shows, feiras e outros eventos feitos em parceria tanto entre as empresas, quanto
destas em parceria com o poder público local e entidades. No setor de transportes e
no setor de hotelaria não foram encontradas ações de cooperação intra-subsetor.
35
Trata-se dos eventos: Festival gastronômico Jequisabor, realizado em bares e restaurantes dos municípios do Vale do Jequitinhonha e o festival Sabor de Buteco que era realizado em bares e restaurantes de Teófilo Otoni.
85
Porém, foram encontradas ações pontuais inter-subsetores, como no caso de meios
de hospedagem que oferecem materiais promocionais de equipamentos de
alimentação e táxis das localidades. Já os artesãos de Minas Novas mantêm
parceria com a agência de receptivo turístico local e a Secretaria Municipal de
Cultura e Turismo na elaboração de projetos, divulgação e venda de seus produtos
turísticos.
A idéia de cooperação entre subsetores de turismo, bem como de cooperação
da iniciativa privada que atua na atividade turística com o setor público começou a
ser mais disseminada após a reativação da Associação dos Municípios Circuito
Turístico das Pedras Preciosas. Inicialmente, a entidade tem buscado a integração
dos agentes locais por meio da participação nos conselhos municipais de turismo
implantados, que tem o papel de propor ações que visem o desenvolvimento
turístico nos municípios. Estes conselhos, juntamente com as secretarias municipais
que respondem pelo turismo é quem deverão elencar as prioridades para o turismo
de cada município. No ano de 2010, a Associação realizou em cinco municípios do
Circuito, a saber: Capelinha, Carlos Chagas, Itambacuri, Minas Novas e Teófilo
Otoni, um workshop que discutiu a elaboração dos planos municipais de turismo.
Este evento foi realizado com os conselhos e demais membros da sociedade de
cada município e, teve a intensão de mobilizar os atores e formá-los a consciência
em relação ao nível de compartilhamento de responsabilidades para com o
desenvolvimento turístico de suas localidades.
Este despertar é sem dúvida alguma muito importante, principalmente porque
como ficou entendido neste trabalho, a participação da população brasileira em
ações de decisão de interesse público ainda é algo recente. Neste aspecto, as
organizações públicas ou não-privadas possuem o poder de mobilização e
coordenação das diversas atividades e dos diversos agentes dispersos. A interação
entre estas instituições, as empresas e o poder público é crucial para a aglutinação
dos diversos atores em torno de um projeto comum de desenvolvimento local
baseado no turismo (MTUR, 2006). Contudo, as interações observadas na região do
Circuito são bastante embrionárias e visam prioritariamente o desenvolvimento
econômico dos municípios e de suas empresas e, não necessariamente a partir do
turismo.
Logo, de acordo com os dados apurados nos municípios do Circuito Turístico
das Pedras Preciosas e baseado na aplicação da Tipologia de Arranjos Produtivos
86
Locais de Turismo, pode-se dizer que este Circuito possui um Arranjo Produtivo
Local de Turismo em Desenvolvimento, o que o enquadra no Grau 3 da tipologia de
desenvolvimento de suas atividades produtivas de turismo. Contudo, e também em
consonância com o que foi apurado nas localidades, as atividades conjuntas de
caráter cooperativo são poucas e bem localizadas, o que permite dizer, que o
Circuito ainda tem um longo caminho a ser percorrido até ser enquadrado
completamente no Grau 4 da Tipologia de Arranjos Produtivos Locais de Turismo,
quando enfim poderá ser reconhecido como um Arranjo Produtivo Local de Turismo
em Consolidação.
As literaturas sobre clusters e arranjos produtivos locais mostram que a
justaposição de empresas e instituições economicamente interligadas numa
localidade geográfica específica interferem diretamente no seu desenvolvimento.
Esta aglomeração e interligação, além de proporcionar ganhos de produtividade,
também geram um ambiente propício para as inovações. Ficou entendido, que na
região do Circuito Turístico das Pedras Preciosas, o nível de cooperação entre os
atores locais está em seu processo inicial. Esta realidade verificada impede a
configuração de um estágio mais avançado da atividade turística. A seguir serão
feitas as considerações finais sobre este estudo e apontadas algumas sugestões
para a possibilidade de crescimento do turismo local
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS E SUGESTÕES
O estudo do Circuito Turístico das Pedras Preciosas através do entendimento
das políticas públicas atuais de organização e gestão de destinos turísticos; da
literatura dos clusters turísticos e dos arranjos produtivos locais possibilitou um
melhor entendimento do grau de envolvimento e desenvolvimento turístico desta
região, bem como dos fatores que são limitantes para o crescimento do turismo. A
leitura sócio-cultural e demográfica desse território também foi determinante para
entender as raízes que levaram a formação do “povo” do Jequitinhonha e Mucuri, o
caráter de suas relações humanas e comerciais que influenciaram e ainda interferem
na inércia e na pró-atividade deste povo diante de alguns setores, dentre eles, o
setor turístico.
As diretrizes e os macroprogramas traçados no Plano Nacional de
Municipalização do Turismo (1994-2002) e no Plano Nacional do Turismo (2003-
2010) também foram bastante relevantes para um olhar mais aguçado em itens
considerados importantes para a excelência operacional turística de uma localidade,
como por exemplo: infra-estrutura, acesso geral; serviços e equipamentos turísticos;
atrativos turísticos; marketing; políticas públicas; cooperação regional;
monitoramento; economia local; capacidade empresarial; aspectos sociais; aspectos
ambientais e aspectos culturais. Por sua vez, a aplicação da Tipologia de Arranjos
Produtivos Locais de Turismo na região do Circuito das Pedras Preciosas, permitiu
que estes itens considerados primordiais para o setor turístico fossem retratados de
maneira contundentes e prognósticas. Isto porquê através da constatação da
situação atual do turismo no Circuito, foi possível entender melhor onde estão os
pontos que impedem o avanço turístico desta área.
A construção das alternativas econômicas para a região, dentre elas o turismo
é um processo novo e presente em boa parte dos municípios analisados. Contudo, a
88
falta de mobilização da comunidade para buscar soluções para as questões que
emperram o avanço sócio-econômico também é uma realidade encontrada.
No caso da atividade turística, percebe-se que a política pública de
Regionalização do Turismo vem sendo exercida categoricamente pelo Governo do
Estado de Minas Gerais, servindo, inclusive, de modelo para outros estados da
federação. Já a sua aplicação no território do nordeste mineiro, especificamente no
Circuito Turístico das Pedras Preciosas, começou a ser mais empreendida com a
certificação deste Circuito no ano de 2007.
A participação e a discursão da comunidade nos assuntos relacionados ao
turismo local vem sendo construídas gradativamente. Este ponto merece especial
atenção, pois sem um envolvimento real da população, não haverá maior
desenvolvimento da atividade turística local. Vale refletir que, a maneira de como o
Brasil está organizando e orientando a atividade turística em todo o seu território
representa uma nova responsabilidade civil que deve ser incorporada no cotidiano
desta sociedade, que adotou para si um modelo democrático de viver. No caso do
setor de turismo, assim como em outros setores, esta nova cultura participativa e de
comprometimento ainda está longe de ser consolidada. Porém, o desenvolvimento
de novos destinos turísticos no país está claramente estimulando à adesão a essa
cultura, ao mesmo tempo em que depende também dela (VIGNATI, 2008).
Em se tratando de infra-estrutura turística, o grande “gargalo” está mesmo na
falta de ampliação e reforma de alguns aeroportos, dentre eles, o aeroporto de
Teófilo Otoni e na ausência de linha aérea regular para a região. Os postos de
informações turísticas, caso efetivados, poderiam fortalecer o poder de promoção,
comercialização e irradiação turística deste destino. A atualização e a ampliação da
sinalização turística rodoviária, bem como a instalação da sinalização turística dentro
dos municípios também é algo imprescindível para uma melhor caracterização
turística da região.
Já na infra-estrutura geral o problema está na falta de asfaltamento de
algumas estradas que interligam alguns municípios e no pouco paisagismo dos
mesmos. Alguns serviços públicos como bancos, operadoras de telefonia,
saneamento básico, coleta de lixo e o abastecimento de água também podem ser
ampliados.
Os atrativos e os produtos turísticos por sua vez ainda não estão estruturados
para o mercado turístico. Apesar de ter um grande apelo diferencial, o Circuito
89
Turístico das Pedras Preciosas ainda não conseguiu desenvolver e colocar a venda
o principal produto que o destacaria diante de outros destinos do país e até do
mundo. Ou seja, não existe formatado um roteiro que evidencie a cultura das pedras
preciosas presente neste território. Apenas em Minas Novas é que se percebe um
reconhecimento e uma mobilização maior da comunidade em relação ao
desenvolvimento da atividade turística. Neste município o grande impasse está no
patrimônio arquitetônico religioso que não fica aberto constantemente, necessitando
de agendamento prévio da agência de receptivo local para atender os turistas.
No contexto de comercialização e promoção a Associação do Circuito
elaborou dois folders promocionais desde o ano de 2007, um sítio eletrônico, um
blog e participou de cinco eventos de turismo na capital do estado de Minas Gerais e
dois no restante do país. Não houve outras ações como campanhas publicitárias em
jornais, rádios, tvs, web, outdoors, dentre outras, o que dificulta o maior
conhecimento da região pelo público final, que deveria ser o grande foco já que
neste destino não atuam as grandes operadoras nacionais.
Em relação aos mecanismos de controle e monitoramento da atividade
turística na região, observou-se que apenas o Plano Estratégico de
Desenvolvimento do Turismo Regional 2011-2014, elaborado pela Associação do
Circuito, propôs algumas metas e a forma de mensurá-las. Entretanto, não foram
constatadas medidas de impacto turístico e, tão pouco os postos de informações
turísticas locais vêm respondendo os questionários elaborados pela Secretaria de
Estado de Turismo (SETUR/MG), que visam formar um sistema de estatísticas do
turismo em todo o estado.
Pode-se dizer que ainda é longo o caminho a ser percorrido para que o
Circuito Turístico das Pedras Preciosas venha a se tornar um destino com um
arranjo produtivo local de turismo em consolidação. Os itens elencados demonstram
de forma generalizada o que precisa ser revisto para elevar o nível da APL local.
Ficou compreendido que a articulação dos agentes para o desenvolvimento do
turismo na região é algo relativamente novo. Assim sendo, vale ressaltar que o
turismo é um setor que apresenta resultados a médio e longo prazo, logo, todos os
esforços empreendidos neste momento podem não ser recompensados num curto
espaço de tempo.
Salientando que apesar de ter se encaixado no grau 3 da Tipologia de Arranjo
Produtivo Local de Turismo, percebe-se que é confuso o entendimento de cada
90
agente no processo de desenvolvimento turístico local. Alguns representantes do
poder público ainda acreditam que o principal responsável neste processo é a
Associação do Circuito. Já muitos representantes da iniciativa privada acreditam que
esta missão é do poder público. A Associação do Circuito entende que cabe a todos
o papel de fomento do turismo regional. Com isso, verifica-se que as atividades
cooperativas ainda precisam ser melhoradas e intensificadas, já que se apresentam
de forma embrionária. Mesmo tendo um Plano de Desenvolvimento Turístico
Estratégico previsto para até 2014, que envolve inclusive vários setores da
sociedade regional, o foco principal do Circuito é realmente o crescimento da
economia turística e a sua conseqüente rentabilidade financeira para as empresas,
pessoas e municípios da região. Sendo assim, não se pode afirmar que este destino
se encaixe no grau 4 da Tipologia de Arranjo Produtivo Local de Turismo,
principalmente porquê o setor ainda não alcançou um estágio de autonomia elevado
neste território.
À medida que o turismo for se cristalizando nos municípios do Circuito, outras
entidades da sociedade civil organizada, além do próprio poder público e dos
conselhos municipais, devem compartilhar ainda mais este propósito de catalisação,
orientação, desenvolvimento e promoção da atividade turística. Sem esta
responsabilidade compartilhada, o avanço do turismo será lento e sem grandes
chances de ser arraigado. A literatura apresentada neste trabalho mostra que os
destinos que conseguiram desenvolver um elo de participação, cooperação e
autogestão, obtiveram o sucesso esperado no turismo de suas localidades. Sendo
assim, é primordial que seja incentivado também a interligação e a inovação de
todos os sub-setores presentes no trade deste Circuito, além de um
“empossamento” maior dos atores em relação ao desenvolvimento turístico regional.
Por fim, é nobre dizer que a região do Circuito Turístico das Pedras Preciosas
apresenta um potencial grandioso para a expansão da atividade turística. Suas
características histórico-culturais aliadas as suas belezas naturais e a oferta turística
existente, mesmo que em alguns lugares esta oferta seja satisfatória e em outros
lugares razoável, já permitem que o turismo seja melhor explorado. Apesar de ainda
não ter sinalizado grande mobilização em prol do desenvolvimento turístico, a
população local igualmente não demonstrou nenhuma atitude de rejeição em relação
a possibilidade de crescimento desta atividade, o que sem dúvida conta como ponto
favorável, principalmente para quem deseje conhecer esta área.
91
É pertinente ressaltar que este Circuito também se encaixa em boa parte das
tendências para o turismo listadas nos estudos da atualidade, especificamente no
que diz respeito ao turismo de experiência.
De posse de todas essas constatações positivas e dos resultados
encontrados na análise de desenvolvimento do turismo local, a partir da percepção
de sua APL, espera-se que os agentes envolvidos com o setor turístico na região
possam encontrar por si mesmos a melhor maneira de se desenvolver
sustentavelmente a atividade turística neste território. Portanto, a intenção deste
trabalho não foi de ditar orientações técnicas de como estruturar e gerir uma região
turística, mas sim, de incentivar a reflexão de todos sobre como transpor as “pedras”
que podem levar aos “caminhos preciosos.”
REFERÊNCIAS
ACERENZA, Miguel Angel. Administracion del Turismo: conceptualización y organización. 2. ed. v. 1. Máxico: Trilhas, 1995. ADLER, E. Ideological ‘guerrillas’ and the quest for technological autonomy: Brazil‟s domestic computer industry. International Organization, v. 40, n. 3, p. 673-705, 1986. ALVES, Manuel Brandão. A formação dos sistemas urbanos. In: COSTA, José Silva (Coord.). Compêndio de economia regional. Coimbra: APDR, 2002. p. 123-157. AMARAL, Guanaira; VILA NOVA, Sebastião. Economia política do conhecimento – sua importância para o conceito de cultura. Ciência & Trópico, v. 21, n. 2, jul./dez., Recife, Fundação Joaquim Nabuco, 1993. ANDRADE, José Vicente. Turismo: fundamentos e dimensões. São Paulo: Ática, 1992. ATHAYDE, Eduardo. Cluster: plano de negócio. 2001. Disponível em <http://www. geranegocio.com.br>. Acesso em: 25 abr. 2011. AZZONI, Carlos Roberto. Desenvolvimento do turismo ou desenvolvimento turístico. Reflexões com base em duas regiões atrasadas em São Paulo. Turismo em Análise. São Paulo, v. 4, n. 2, p. 37-53, novembro 1993. BARBOSA, Luiz Gustavo Medeiros (Organizador). Estudo de Competitividade dos 65 Destinos Indutores do Desenvolvimento Turístico Regional - Relatório Brasil. Brasília: Ministério do Turismo, 2008. Disponível em: < http://www.turismo.gov.br/publicacoes/>. Acesso em: 25 abr. 2011. BARBOSA, Maria Alice Cunha; ZAMBONI, Roberto Aricó. Formação de um ‘Cluster’ em Torno do Turismo de Natureza Sustentável em Bonito – MS. Texto para discussão nº 772, IPEA, Brasília: 2000. BARRETO, Margarita. Manual de iniciação ao estudo do turismo. 13. ed. rev. e atual. Campinas: Papirus, 2003. BENI, Mário Carlos. Análise estrutural do turismo. São Paulo: SENAC, 2003. ______. Política e Planejamento de Turismo no Brasil. São Paulo: Aleph, 2006.
93
BÊRNI, Duilio de Ávila. Técnicas de Pesquisa em Economia. São Paulo: Saraiva, 2002. BOLSON, J. H. G. Circuitos Turísticos de Minas Gerais. Disponível em: <http:// www.estudosturisticos.com.br/>. Acesso em: 17 mar. 2011. CARVALHO, J. J. Metamorfoses das tradições performáticas afro-brasileiras: de patrimônio cultural a indústria do entretenimento. In: LONDRES, C. et al. Celebrações e saberes da cultura popular: pesquisa, inventário, crítica, perspectiva. Rio de Janeiro: Funarte/ IPHAN/CNFCP, 2004. CASSIOLATO, J.; BAPTISTA, M. The effects of the brazilian liberalisation of the IT industry on technological capabilities of local firms. Information Technology for Development, v. 7, n. 2, Amsterdam, p. 53-74, 1996. CHRISTALLER, W. Central places in southern germany. Englewood Cliffs: Prentice-Hall, 1966. 230 p. CODEVALE. Vale do Jequitinhonha: informações básicas. Belo Horizonte: CODEVALE, 1986, 168 p. CROUCH, G. I. Destination Competitiveness: Theory and Managerial Framework». SEMINÁRIO COMPETITIVENESS AND MANAGEMENT OF TOURISM DESTINATIONS. Anais... February 10. Agência do Arade, Portimão, Carvoeiro, Lagoa, Algarve, 2006. CRUZ, R. C. Política de Turismo e Território. São Paulo: Contexto, 2001. DENCKER, Ada Freitas Maneti. Métodos e Técnicas de Pesquisa em Turismo. São Paulo: Futura, 1998. DIAS, Fernando Correia. A imagem de Minas: ensaios de sociologia regional. Belo Horizonte: Imprensa Oficial, 1971. 179 p. DIAS, R. Planejamento do turismo: política e desenvolvimento do turismo no Brasil. São Paulo: Atlas, 2008. EMBRATUR. Retratos de uma caminhada: PNMT 8 anos. Brasília: Gerência de Programas Regionais, 2002. ENRIGHT, J. M.; NEWTON, J. Tourism destination competitiveness: a quantitative approach. Tourism Management, v. 25, p. 777–88, 2004. FARAH, Moisés. Arranjos produtivos locais e competitividade. Gazeta Mercantil, Opinião e Agenda. São Paulo, 11 out. 2001. p. 2. FIRMINO, M. B. Gestão das Organizações, Conceitos e Tendências Actuais. 2. Ed. Lisboa: Escolar Editora, 2006.
94
GARELLI, S. IMD, World Competitiveness Yearbook 2006. Disponível em: < http://www.imd.ch/research/publications/>. Acesso em: 25 abr. 2011. GASTAL, Suzana (Org.) Turismo: 9 propostas para um saber-fazer. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2001. GOELDNER, Charles R.; RITCHIE, J. R. Brent; MC INTOSH, Robert W. Turismo: princípios, práticas e filosofias. Tradução de Roberto Cataldo Costa. Porto Alegre: Bookman, 2002. GOMES, Bruno Martins Augusto. Políticas Públicas e as transações em regiões turísticas. São Paulo: All Print, 2008. GOVERNO DO ESTADO DE MINAS GERAIS. Diretrizes da política pública de turismo de Minas Gerais. Belo Horizonte: Secretaria de Estado de Turismo de Minas Gerais, 2010. ______. Plano setorial de turismo de Minas Gerais: diretrizes, programas e ações 2007/2010. Belo Horizonte: Secretaria de Estado de Turismo de Minas Gerais, 2006. GEERTZ, Clifford. A interpretação das culturas. Rio de Janeiro, LTC, 1989. GUTIERREZ, E. C.; BORDAS, E. La Competitividad de los Destinos Turísticos y Mercados Lejanos. St. Gallen/Suíça: AIEST, 1993. HAGUENAUER, L. Competitividade: conceitos e medidas. Uma resenha da bibliografia recente com ênfase no caso brasileiro. Texto para discussão 211, IEI/UFRJ. Rio de Janeiro, 1989. HILHORST, J. G. M. Planejamento Regional: um Enfoque sobre Sistemas. Rio de Janeiro: Zahar, 1971. HILHORST, J. G. M. O Problema da Regionalização. In: Planejamento Regional: enfoque sobre sistemas. Rio de Janeiro: Zahar, 1973. ICOMOS. Carta do Turismo Cultural. Seminário Internacional do Turismo Contemporâneo e Humanismo. Bruxelas, 8-9 nov., 1976. IGNARRA, L. R. Fundamentos do turismo. 2. ed. São Paulo: Pioneira, 2003. IZEPÃO, Rosalina Lima. Planejamento, política e economia: uma análise da prática governamental paranaense (1947 – 2003). Tese (Doutorado em História), Universidade de São Paulo. São Paulo, 2008. JOHNSTON, R.; GREGORY, D.; SMITH, D. (Eds.). The dictionary of human geography. [S.l.]: Blackwell, 1994. KIM, C.; CHOI, K.; DWYER, L.; FAULKNER, B.; MELLOR, R.; LIVAIC, Z. Destination Competitiveness: Development of a Model with Application to Australia and the Republic of Korea. Department of Industry Science and Resources, The
95
Ministry of Culture and Tourism of the Republic of Korea, the Korea Tourism Research Institute, the CRC for Sustainable Tourism, The National Center for Tourism and the Australia-Korea Foundation, October, 2001. KOTLER, P. Administração de marketing: análise, planejamento, implementação e controle. São Paulo: Atlas, 1998. ______. et al. Marketing de Lugares: Como conquistar crescimento de longo Prazo na América Latina e Caribe. São Paulo: Prentice Hall, 2006. LOPES, José da Paz. Minas, o século XIX, Teófilo Otoni e progresso econômico. In: SEMINÁRIO SOBRE A CULTURA MINEIRA NO SÉCULO XIX. Anais... III Belo Horizonte: Conselho Estadual de Cultura, 1982. LAGO, Mara Coelho de Souza. Modos de vida e identidade. Sujeitos no processo de urbanização da Ilha de Santa Catarina. Florianópolis: Ed. da UFSC, 1996. LUCCI; LAZARO. Homem e Espaço: as relações internacionais e a organização do espaço mundial. São Paulo: Saraiva, 2005. MATHIS J.; MAZIER J.; RIVAUD-DANSET, D.; IRES, D. La compétitivité industrielle. Paris, 1988. MCKENNA, Regis. Estratégias de Marketing em Tempos de Crise. São Paulo: Campus, 1989. MENDONÇA, Junior Érico Pina. Marketing e Competitividade no Turismo da Bahia. Salvador: Secretaria de Cultura e Turismo, 2004. MICHALET C. A. Competitiveness and internationalization. Organisation for Economic Co-operation and Development - OECD: Paris, 1981 (mimeo). MINISTÉRIO DO TURISMO. Diretrizes Operacionais do Programa de Regionalização do Turismo. Brasília: Ministério do Turismo, 2004. Disponível em: < http://www.turismo.gov.br/regionalizacao/>. Acesso em: 25 out. 2010. ______. Diretrizes Políticas do Programa de Regionalização do Turismo. Brasília: Ministério do Turismo, 2004. Disponível em: < http:// www.turismo.gov.br/regionalizacao/>. Acesso em: 25 out. 2010. ______. Estudo de Competitividade dos 65 Destinos Indutores do Desenvolvimento Regional. Ministério do Turismo- Relatório Brasil 2008. Brasília: Ministério do Turismo, 2008. Disponível em: < http://www.turismo.gov.br/publicacoes/>. Acesso em: 27 out. 2010. ______. Plano Nacional de Turismo 2003-2007. Brasília: Ministério do Turismo, 2003. Disponível em: < http://www.turismo.gov.br/regionalizacao/>. Acesso em: 27 out. 2010.
96
______. Plano Nacional de Turismo 2007-2010. Brasília: Ministério do Turismo, 2003. Disponível em: < http://www.turismo.gov.br/regionalizacao/>. Acesso em: 27 out. 2010. ______.Turismo Como Instrumento de Desenvolvimento Regional: estudo de arranjos produtivos locais (APL`s) no setor de turismo. Brasília: Ministério do Turismo, 2006. Disponível em: < http://www.turismo.gov.br/publicacoes/>. Acesso em: 25 out. 2010. OTTONI, Teófilo Benedito. A Colonização do Mucuri. Rio de Janeiro: Tipografia Brasiliense de Maximiano Gomes Ribeiro, 1859. In: ARAUJO, Valdei Lopes de (org.). Teófilo Benedito Ottoni e a Companhia do Mucuri: a modernidade possível. Belo Horizonte: Secretaria de Estado da Cultura; Arquivo Público Mineiro, 2007. PEREIRA, Leopoldo. O município de Araçuaí. Belo Horizonte: Imprensa Oficial, 1969. PEREIRA, C. A. S. A Trajetória da política de turismo em Minas Gerais e o papel do poder legislativo em sua transformação. 1999. Dissertação (Mestrado em Ciência Política) - Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte. PETROCCHI, Mario, Turismo, Planejamento e Gestão. São Paulo: Futura, 2001. POLÈSE, Mário. Economia Urbana e Regional: lógica espacial das transformações econômicas. Coimbra: APDR, 1998. PINHO, M. S.; CÔRTES, M. R.; FERNANDES, A.C. Redes de firmas, inovação e o desenvolvimento regional. In: O Futuro da Indústria: cadeias produtivas. Brasília, 2005. p. 147-164. PORTER, Michael. Vantagem competitiva: criando e sustentando um desempenho superior. Rio de Janeiro: Elsevier, 1989. ______. Competition, on Competition: estratégias competitivas essenciais. Rio de Janeiro: Campus, 1999. RODRIGUES, Adyr Balastreri. Turismo e Desenvolvimento Local. São Paulo: Hucitec, 2003. SÂMARA; BARROS. Pesquisa de Marketing: Conceitos e metodologia. São Paulo: Makron Books, 1997. SCHMITZ, Hubert. Colloctive efficiency and increasing returns. IDS Working Paper n. 50. Brighton: Institute of Development Studies. March, 1997. SILVA, Jorge A. S. Turismo, crescimento e desenvolvimento: uma análise urbano-regional baseada em cluster. 2004. 480f. Tese (Doutorado em Ciências da Comunicação; Área de Concentração: Turismo) – Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo. São Paulo.
97
THOMAZI, Silvia Maria. Cluster de Turismo: introdução ao estudo do arranjo produtivo local. São Paulo: Aleph, 2006. UNESCO. Convención para La Salvaguardia del Patrimonio Cultural Inmaterial. Actas de la 32ª. Conferencia General. Paris, 29 set.-29 out., 2003. VASCONCELOS; CYRINO, A. Vantagem competitiva: os modelos teóricos atuais e a convergência entre estratégia e teoria organizacional. Revista de Administração de Empresas, out./dez., 2000. VAZ, Gil Nuno. Marketing turístico: receptivo e emissivo: um roteiro para projetos mercadológicos públicos e privados. São Paulo: Pioneira, 1999. VELLOSO, André; MATTOS, Ralfo. A rede de cidades do Vale do Jequitinhonha nos séculos XVIII e XIX. Geonomos, Belo Horizonte, v. 5, p. 49-60, 1998. VIGNATI, Frederico. Destinos Turísticos: como atrair pessoas para pólos, cidades e países. Rio de Janeiro: SENAC; 2008. WARNIER, Jean-Pierre. A mundialização da cultura. Tradução de Luís Filipe Sarmento. Revisão de M. Manuela Vieira Constantino Editorial Notícias. Lisboa, 2000. WEBER, A. Theory of the location of industries. Chicago: University of Chicago, 1929/1969. 256 p. WEBER, M. Sobre a Teoria das Ciências Sociais. 2. ed. Lisboa, Presença, 1977. WORLD ECONOMIC FORUM. The travel and tourism competitiveness report v2007. Furthering the process of economic development. Genebra, Suíça, 2007.
98
ANEXOS
ANEXO A – Registro fotográfico das entrevistas e dos atrativos do Circuito
Turístico das Pedras Preciosas
Figura 1 – Pesquisador (à direita) entrevistando a Secretária Municipal de Cultura e Turismo de Capelinha: Elizângela Alcântara.
Figura 2 – Pesquisador (à esquerda) entrevistando o Prefeito do município de Padre Paraíso: Fabrício Gomes.
100
Figura 3 - Pesquisador (ao fundo) entrevistando a Secretária Municipal de Cultura, Turismo, Esporte e Lazer de Itambacuri: Maria das Graças Bastos Lopes.
Figura 4 - Pesquisador (o segundo da esquerda para a direita) reunido com o Conselho Municipal de Turismo de Itambacuri.
101
Figura 5 – Turistas nos Garimpos de pedras preciosas da região de Caraí. Fonte: Associação dos Municípios do Circuito Turístico das Pedras Preciosas.
Figura 6 – Entrada da cidade de Padre Paraíso. Fonte: Associação dos Municípios do Circuito Turístico das Pedras Preciosas
102
Figura 7 - Praça Germânica em Teófilo Otoni. Fonte: Associação dos Municípios do Circuito Turístico das Pedras Preciosas.
Figura 8 - Lote de pedras preciosas comercializado em Teófilo Otoni. Fonte: Associação dos Municípios do Circuito Turístico das Pedras Preciosas.
103
Figura 9 – Feira permanente de artesanato mineral em Teófilo Otoni. Fonte: Associação dos Municípios do Circuito Turístico das Pedras Preciosas.
Figura 10 - Vôo livre da Pedra da Baleia em Carlos Chagas. Fonte: Associação dos Municípios do Circuito Turístico das Pedras Preciosas.
104
Figura 11 – Formações rochosas na região de Carlos Chagas. Fonte: Associação dos Municípios do Circuito Turístico das Pedras Preciosas.
Figura 12 - Degustação de Café - Turismo Rural em Capelinha. Fonte: Associação dos Municípios do Circuito Turístico das Pedras Preciosas.
105
Figura 13 – Manifestações culturais em comunidade rural de Capelinha. Fonte: Associação dos Municípios do Circuito Turístico das Pedras Preciosas.
Figura 14 – Canoagem no Rio Mucuri em Nanuque. Fonte: Associação dos Municípios do Circuito Turístico das Pedras Preciosas.
106
Figura 15 - Montanhismo na Pedra do Fritz - Nanuque. Fonte: Associação dos Municípios do Circuito Turístico das Pedras Preciosas.
107
Figura 16 – Paraquedismo de montanha em Nanuque. Fonte: Associação dos Municípios do Circuito Turístico das Pedras Preciosas.
Figura 17 - Prédio Sobradão em Minas Novas. Fonte: Associação dos Municípios do Circuito Turístico das Pedras Preciosas.
108
Figura 18 – Residência e ateliê de artesã na Comunidade de Coqueiro em Minas Novas. Fonte: Associação dos Municípios do Circuito Turístico das Pedras Preciosas.
Figura 19 - Artesanato em cerâmica produzido na Comunidade de Coqueiro Campo em Minas Novas. Fonte: Associação dos Municípios do Circuito Turístico das Pedras Preciosas.
109
Figura 20 - Santuário de Nossa Senhora dos Anjos em Itambacuri. Fonte: Associação dos Municípios do Circuito Turístico das Pedras Preciosas.
Figura 21 – Casa da Cultura em Itambacuri. Fonte: Associação dos Municípios do Circuito Turístico das Pedras Preciosas.
110
Figura 22 - Mapa dos municípios pertencentes ao Circuito Turístico das Pedras Preciosas em 2011. Fonte: SETUR / MG (2011).
111
ANEXO B - Evolução do Processo de Formação de Um Arranjo Produtivo
Concordam todos os especialistas que os arranjos produtivos bem sucedidos
organizam-se por geração espontânea, fruto do nível de consciência da comunidade
em relação aos interesses coletivos. Assim sendo, faz pouco sentido, por exemplo,
pensar-se em planejar a construção de um arranjo produtivo, para efeito de uma
ação governamental com tal objetivo. As ações dos agentes de políticas públicas
são importantes para a consolidação de um arranjo produtivo, mas seu papel será
sempre limitado.
Na verdade, é a iniciativa privada que normalmente dá início ao processo de
ação coletiva para a solução de problemas comuns (processo colaborativo, essência
dos arranjos produtivos), cabendo ao poder público atuar no sentido de apoiar e
estimular o arranjo produtivo nascente, ensejando-lhe oportunidades e estímulo à
necessária socialização e desempenhando o papel que lhe é próprio no processo,
como melhorar os níveis de educação e de capacitação da população, desenvolver
tecnologias, promover o acesso aos mercados de capital e aperfeiçoar as
instituições.
Quadro 1 - Evolução de Formação de um Arranjo Produtivo
Evolução do Processo de Formação de um Arranjo Produtivo
Pré-Arranjo
Empresas Independentes
Arranjo Produtivo Emergente
Agrupamento e
concentração inter-empresas
Arranjo Produtivo em expansão
Intensificam-se as interligações inter-
empresas
Arranjo Produtivo Independente
Alto nível de
interligações inter-empresas Massa
crítica
Fonte: Geranegocio. Disponível em < http://www. geranegocio.com.br>. Acesso em: 10 jun. 2011.
112
São três as condições básicas para o trabalho de promoção de um arranjo
produtivo:
1. Que a comunidade tenha um mínimo de afinidade ou de história comum
(tradição, valores, cultura, religião), o que facilita a instalação dos processos
colaborativos e as ações coletivas inerentes aos arranjos produtivos;
2. Que o esforço promocional volte-se para apoiar setores de atividades
econômicas já existentes e para as quais a comunidade seja naturalmente
vocacionada, em vez de pretender implantar atividade nova, estranha ao
ambiente de negócios da região; e
3. Que uma instituição pública ou, preferencialmente, de caráter privado, se
disponha a atuar como patrocinadora do arranjo produtivo, assumindo o papel
de catalisadora do processo.
À medida que o arranjo produtivo vai se fortalecendo, outros arranjos
produtivos a ele relacionados vão surgindo, ensejando a formação de outros
arranjos produtivos, num ciclo de auto-reforço que tende a ser ainda mais dinâmico
se as instituições locais, públicas e privadas, apoiarem o processo. Um arranjo
produtivo em expansão, costuma despertar a atenção de todos para os seus
sucessos, com o que se inicia um processo de atração de talentos e recursos
(iniciativa empresarial, recursos humanos capacitados, institutos de capacitação,
infra-estrutura, institutos de pesquisa, redes de informações, fornecedores
especializados), aumentando a visibilidade do arranjo produtivo, que se amplia para
incluir outros setores de atividades.
113
ANEXO C - Plano Estratégico de Desenvolvimento do Turismo Regional do Circuito Turístico das Pedras Preciosas
Plano Estratégico de Desenvolvimento do Turismo Regional
CIRCUITO TURÍSTICO DAS PEDRAS PRECIOSAS
2011 | 2014
114
PLANO DE DESENVOLVIMENTO ESTRATÉGICO DO
2011-2014
115
Teófilo Otoni, 25 de junho de 2010. Atores envolvidos no Planejamento Estratégico do Circuito das Pedras Preciosas: Associação dos Municípios do Circuito Turístico das Pedras Preciosas Câmara de Vereadores de Nanuque Prefeitura Municipal de Capelinha Prefeitura Municipal de Caraí Prefeitura Municipal de Carlos Chagas Prefeitura Municipal de Itambacuri Prefeitura Municipal de Minas Novas Prefeitura Municipal de Nanuque Prefeitura Municipal de Padre Paraíso Prefeitura Municipal de Teófilo Otoni Sindicato do Comércio de Teófilo Otoni Instância de Governança: Associação dos Municípios do Circuito Turístico das Pedras Preciosas Municípios Integrantes: Capelinha Caraí Carlos Chagas Itambacuri Minas Novas Nanuque Padre Paraíso Teófilo Otoni
116
ÍNDICE
1. Apresentação
117
2. Planejamento - visão para o futuro
117
3. Missão do Circuito das Pedras Preciosas
124
4.Principais atribuições da associação do Circuito 124
5. Principais atividades para o fortalecimento da organização da gestão
126
6. Análise da situação atual
126
7. visão estratégica
131
8. Direcionamento estratégico
134
9. Projetos- ações em parceria com a Setur
140
10. Projetos- ações em parceria com outros grupos/ instituições
141
11. Conclusão 142
12. Ficha técnica
143
117
1. APRESENTAÇÃO Este Plano tem como objetivo oferecer subsídios ao desenvolvimento sustentável da atividade turística na região do Circuito Turístico das Pedras Preciosas. Sua elaboração faz parte do processo estruturador do turismo nacional e estadual, compreendido através do Programa de Regionalização do Turismo, que prevê a confecção de planos estratégicos para o desenvolvimento do turismo nas regiões turísticas reconhecidas pelas esferas governamentais. Por sua vez, o Programa de Regionalização do Turismo, Roteiros do Brasil, faz parte do Plano Nacional de Turismo, e, visa estruturar cada região turística através de um modelo de gestão pública descentralizada, coordenada e integrada, estimulando a mobilização e integração de todos os envolvidos na cadeia produtiva. A Elaboração do Plano Estratégico é um dos nove módulos do Programa de Regionalização e, sem dúvida, um dos mais importantes para o desenvolvimento do turismo regional. Durante a construção do mesmo, foram considerados vários aspectos da região em questão, situada no nordeste do estado de Minas Gerais, bem como suas demandas, o nível de desenvolvimento atual e potencial do turismo, as expectativas do mercado e as diretrizes federais e estaduais do setor. Portanto, este documento é uma análise da situação atual do Circuito das Pedras Preciosas, que permite um bom conhecimento sobre a região, aí incluso suas potencialidades, fragilidades e seus principais parceiros e competidores, o que, por fim, leva a uma prospecção sobre as necessidades e ações a serem desempenhadas para a otimização do desenvolvimento turístico regional. Através das metas apontadas no Plano Estratégico, a instância de governança local, no caso, a Associação dos Municípios do Circuito Turístico das Pedras Preciosas, poderá articular com seus parceiros institucionais e toda a sociedade a execução das ações propostas, fazendo com que a região esteja mais bem estruturada turisticamente se tornado competitiva e sustentável, para conquistar maior participação no mercado e melhor reconhecimento estadual, nacional e internacional. 2. PLANEJAMENTO - VISÃO PARA O FUTURO Planejamento Estratégico, segundo a definição do Ministério do Turismo, é o instrumento que fixa a visão de futuro para o turismo e norteia as ações necessárias, os responsáveis e os prazos para se atingir essa perspectiva. É a principal ferramenta de orientação, diálogo e negociação entre todos os atores envolvidos com o desenvolvimento do turismo.
118
O objetivo principal de um planejamento estratégico é o desenvolvimento regional, com crescimento ordenado e eficiente da atividade turística, na medida em que promove a colaboração entre os setores públicos e privado, e estimula a interação dos municípios de uma mesma região turística. Para planejar é preciso conhecer as tendências do mercado turístico, o comportamento do turista, e principalmente buscar o desenvolvimento e bem-estar da comunidade da região em que o turismo pretende crescer. Entre os benefícios da elaboração e implementação de um planejamento estratégico estão tornar o destino turístico mais estruturado através da execução dos projetos propostos, fazendo com que a região seja competitiva e sustentável, e com isso possa obter maior participação no mercado. Perspectivas do turismo no Brasil e no mundo O turismo é uma das atividades econômicas que mais crescem no mundo, com previsão de crescimento contínuo para os próximos anos em todos os continentes. Segundo pesquisa realizada pela Organização Mundial do Turismo, em 2020 a previsão é o aumento de quase 100% no fluxo turístico comparado ao ano de 2005. Estima-se que este mercado irá movimentar cerca de 1,5 bilhão de turistas.
O turismo movimenta hoje U$ 3,5 trilhões 10% PIB mundial
Fonte: Organização Mundial do Turismo
Chegadas de turistas por região receptora 1950-2020
0
200
400
600
800
1.000
1.200
1.400
1.600
1.800
1950 1960 1970 1980 1990 2000 2010 2020
milh
ões
Atual Previsões
697 mi
1.006 mi
1.561 miÁsia MeridionalOriente MédioÁfricaÁsia Oriental/PacíficoAméricasEuropa
Ásia MeridionalOriente MédioÁfricaÁsia Oriental/PacíficoAméricasEuropa
2005
808 mi
O turismo no Brasil No Brasil o setor de turismo também está em expansão, com aumento significativo da demanda turística. Podemos observar que número de desembarques de passageiros em vôos nacionais vem crescendo desde 2004 a taxas superiores a 15% ao ano.
119
Desembarques de passageiros de vôos nacionais
(milhões)
Fonte: Infraero
16.819.5
21.3
26.528.5
32.6 33.030.7
36.6
43.1
46.3
26,7
1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006
O crescimento da atividade turística também é um indicador que comprova a força deste setor na economia do país. Pesquisas realizadas pela EBAPE/FGV e FIPE/USP demonstram que em 2006, o faturamento das principais empresas do setor cresceu 29,3% e a ampliação no quadro de pessoal foi da ordem de 21,6%. São números bastante expressivos que mostram um crescimento acima da média nacional. Segundo especialistas, o turismo é um dos setores da economia que necessitam de menos investimento para geração de um emprego. Para cada 16 mil reais investidos é gerado um emprego, enquanto na construção civil são necessários 32 mil reais para obter o mesmo resultado. Além disso, dados apontam que para cada emprego direto são gerados dois empregos indiretos, transformando a atividade turística em um dos principais instrumentos de geração de emprego e renda no país. Plano Nacional de Turismo O Plano Nacional de Turismo (PNT), 2007/2010 Uma viagem de Inclusão é um instrumento de planejamento e gestão que coloca o turismo como indutor do desenvolvimento e da geração de emprego e renda no País. Uma inclusão que pode ser alcançada por duas vias: a da produção, por meio da criação de novos postos de trabalho, ocupação e renda, e a do consumo, com a absorção de novos turistas no mercado interno. Ou seja, fortalecer o turismo interno e promover o turismo como fator de desenvolvimento regional. O mercado nacional Várias medidas estão sendo tomadas pelo governo para alcançar as metas do Plano Nacional de Turismo. Em 2006 foi lançado o Programa Vai Brasil, para estimular as viagens na época de baixa ocupação a preços reduzidos. Em maio de 2007 foi lançado o Crédito Consignado para o turismo. Está dirigido em primeiro momento aos aposentados do INSS. O programa pretende estimular os aposentados a viajar
120
em qualquer época do ano. Esta medida tem como principais objetivos aumentar o fluxo turístico e diminuir a estacionalidade turística. No Brasil, 70% do fluxo está concentrado nos meses de janeiro, fevereiro e julho. O acontecimento de grandes eventos, como a visita do Papa a São Paulo e a realização do Pan Americano no Rio de Janeiro, por exemplo, também contribuem para aumentar o fluxo turístico no país. Em São Paulo foi registrado um aumento de 20% na ocupação hoteleira da capital no período da visita do Papa. Estes turistas gastaram em média R$ 110 por pessoa por dia, valor significativo, visto que o turista de negócios deixa na cidade R$190,00 por dia. Também não se pode esquecer dos grandes eventos que o Brasil sediará: A copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016, que invariavelmente poderão contribuir com o turismo de outras tantas regiões turísticas do Brasil , inclusive a região do Circuito das Pedras Preciosas As estratégias de como incentivar o turismo nacional tem como base pesquisas que identificam melhor o perfil deste turista. Pesquisa encomendada pelo Ministério do Turismo à FIPE/USP mostra o que leva o brasileiro a viajar, quantas pessoas viajam, para onde viajam e onde gastam.
Fonte: FIPE-2006
O que leva o brasileiro a viajar
Visitar amigos e parentes
Sol e praia
Turismo cultural
Negócios
Ecoturismo
Resorts/hotéis fazenda
Visitar amigos e parentes
Sol e praia
Turismo cultural
Negócios
Ecoturismo
Resorts/hotéis fazenda
52,7%
41,2%
13,8%
8,3%
6,3% 2,3%
* Apenas alguns exemplos dos motivos mais freqüentes de viagens; uma viagem pode
ter mais de uma motivação, por isso a soma dos percentuais é superior a 100%.
121
É importante observar que 23 milhões de pessoas viajam com freqüência, mais de seis vezes por ano. Isto reflete uma mudança de comportamento, em que as saídas de final de semana, feriado, férias “picadas” mostram uma tendência de deslocamento a lazer mais freqüente por conta do estilo de vida estressado e procura por experiências e lugares diferentes.
Outro dado interessante que podemos identificar é o grande número de viagens, mais de 70% delas são realizadas a nível regional e estadual, demonstrando a força do turismo de proximidade - raio de 300 km em média da residência do turista. Isto demonstra que o turismo regional aquece a economia.
122
Fonte: FIPE-2006 Nota-se nestes gráficos que a região sudeste concentra o maior fluxo turístico e o maior gasto médio por turista do país. Informação relevante já que os principais mercados emissores para Minas Gerais são o próprio Estado, São Paulo e Rio de Janeiro. A participação no mercado turístico Podemos dizer que o grande desafio de um destino turístico é conquistar uma fatia deste mercado e promover o desenvolvimento regional através da atividade turística, já que a demanda cresce e a oferta segue o mesmo ritmo. Houve um aumento significativo da oferta turística em quantidade, variedade e localização geográfica. A facilidade de comunicação, através de canais de tv ou pela internet multiplicou a oferta. Já o barateamento das viagens aéreas tornou os destinos turísticos mais próximos, aliado ao incremento de renda dos cidadãos, principalmente da classe C e D. Com isso, a concorrência direta está em qualquer parte do país ou do mundo. É preciso então se diferenciar da concorrência para conquistar o cliente. Entender o mercado, implementar melhorias na qualidade dos serviços e inovar passaram a ser requisitos fundamentais para conquistar uma fatia do mercado turístico. Além disso, são fundamentais a valorização e estruturação dos recursos turísticos existentes, pois vários destinos turísticos estão se estruturando para receber bem o turista. Hoje o nível de exigência dos turistas é cada vez maior, reflexo do elevado
123
nível cultural e de instrução. Basta analisarmos o número de faculdades e universidades do país. Segundo censo do IBGE divulgado no mês de maio, nos últimos 60 anos, o índice de analfabetos caiu de 62% para 12%. Uma verdadeira revolução que interfere diretamente no comportamento, expectativas e nível de exigência da maior parte da população. Não fosse somente a informação, mas a tecnologia tem causado grandes impactos no hábito de consumo destes turistas. Mais de 30 milhões de pessoas acessam a internet no Brasil, um dos índices mais altos do mundo. Em 2006, só no mês de março, 3,1 milhões de pessoas acessaram a categoria viagens e turismo36. Outra característica marcante do chamado turista do século XXI é a preocupação com a preservação do meio ambiente. Importante até então para uma pequena parcela dos turistas, a partir de Abril de 2007 com a divulgação do Relatório da ONU sobre Mudanças Climáticas, a preservação do meio ambiente passa a ser uma inquietação crescente de muitos à medida que os meios de comunicação de massa lançam avisos pessimistas sobre aquecimento global e o futuro da vida no planeta. Antes já havia turistas preocupados com a utilização racional da água, reciclagem de lixo, sustentabilidade social e econômica da população tradicional, principalmente ligada à atividade de artesanato e contratação de mão-de-obra local. Agora a tendência é aumentar a exigência em relação à preservação do meio ambiente e valorizar aspectos sustentabilidade, conceito cada dia mais difundido. Por esses motivos as expectativas do turista são cada vez mais altas. E quando se fala em atividade turística é importante pensar de maneira abrangente. A satisfação do turista está relacionada ao turismo total, expressão que se refere à associação do produto ao destino turístico. O museu ou a cachoeira, por exemplo, estão inseridos em um território, fazem parte do “pacote” de experiência que o turista tem ao visitar uma região. Não se pode pensar em turismo se não houver a integração do poder público e privado, visto que cada um tem sua competência, como, cuidar das calçadas, da segurança pública ou da qualidade dos serviços e da estruturação do atrativo. Portanto, o bom funcionamento destes serviços é essencial para transformar a visita do turista em uma ocasião em que ele possa se divertir e guardar apenas boas recordações. Os turistas têm apreço por participar da atividade visitada. A contemplação há tempos cedeu lugar ao fazer e conhecer, outro aspecto que reflete a mudança de estilo de vida das pessoas. Pesquisas sobre o turismo interno Identificar as deficiências do mercado turístico permite tomar decisões e indicar medidas para potencializar o turismo interno. Segundo a Pesquisa do Plano Cores do Brasil realizada junto as agências de viagem, o desconhecimento pelo cliente foi apontado como o principal fator limitante do turismo interno com 61,1%, seguido por destinos com deficiências 41,7%. As recomendações feitas para a melhoria do turismo interno são a divulgação e a educação para o turismo.
36
Fonte: Ibope, Net ratings em março de 2006.
124
A realidade dos destinos turísticos Podemos perceber que o mercado turístico é muito grande e está em expansão. Mas as regiões turísticas tem que se preparar para atender as demandas dos turistas e exigências do mercado cada dia mais competitivo. Podemos dizer que, atualmente, os principais desafios enfrentados pelas regiões turísticas são: - Aumentar o número de turistas e visitantes; - Aumentar a permanência média dos turistas; - Elevar o gasto médio dos visitantes; - Crescer de forma sustentável. Para reverter esta situação é necessário repensar o destino turístico, planejar o futuro e eleger projetos que, sendo implementados, possam modificar a realidade da região. Somente a diversidade e riqueza de atrativos não são suficientes para atrair o turista. A melhoria na infra-estrutura turística, na infra-estrutura de apoio ao turismo, na qualificação dos serviços turísticos e na promoção e apoio a comercialização dos produtos turísticos, passam a ser requisitos básicos para aceitação do destino pelo turista. O Plano Estratégico do Circuito das Pedras Preciosas é o instrumento que irá orientar o desenvolvimento da região através da atividade turística, buscando solucionar estas dificuldades, ao mesmo tempo em que irá fortalecer nossas qualidades e oportunidades, e, no decorrer de sua implementação, poderá também minimizar os impactos negativos do turismo, potencializando contudo, os impactos positivos deste setor. 3. MISSÃO DO CIRCUITO DAS PEDRAS PRECIOSAS Fomentar o desenvolvimento sustentável do turismo na região nordeste do estado de Minas Gerais, através da preservação, estruturação e promoção dos bens turísticos, do aumento da participação da comunidade na atividade turística e da diversificação da economia local. 4. PRINCIPAIS ATRIBUIÇÕES DA ASSOCIAÇÃO DO CIRCUITO:
a) Promover a elaboração e coordenação de um plano integrado para o desenvolvimento turístico sustentável na região abrangida pelos Municípios Associados;
b) Elaborar e/ou promover programas que realizem a geração de emprego e renda nos municípios a que se refere o inciso anterior;
125
c) Assessorar as Prefeituras, Entidades Públicas e Privadas que venham implantar projetos e programas especificados no plano integrado ao Desenvolvimento Sustentável que beneficiem as comunidades envolvidas;
d) Estabelecer convênios e ou parcerias com órgãos governamentais e não governamentais, empresas particulares, governos internacionais, ONG´s, para desenvolver projetos e interesse dos municípios participantes da Associação;
e) Contratar, formar e capacitar técnicos da ASSOCIAÇÃO DOS MUNICÍPIOS DO CIRCUITO TURÍSTICO DAS PEDRAS PRECIOSAS, bem como acompanhar, orientar e avaliar suas atividades;
f) Incrementar as indústrias turísticas dos municípios que integram e todas as atividades relacionadas ao turismo, estimulando o elo de cooperação entre todos os associados e promovendo a explosão sustentável dos recursos turísticos;
g) Apoiar as empresas existentes e a criação de novas empresas nos municípios;
h) Exercer a representação dos associados perante as organizações estaduais e/ou federais relacionadas ou não com o setor turístico, procurando defender os interesses gerais dos seus associados, sem servir a causas individuais ou particulares;
i) Estabelecer e promover serviços de capacitação e treinamento de recursos humanos locais, atuando como formador de mão-de-obra qualificada;
j) Desenvolver e realizar levantamentos estatísticos para determinar periodicamente os dados socioeconômicos informando sobre novos investimentos, emprego direto e indireto gerando aportes fiscais municipais e estaduais, fluxo turístico; bem como promover os conhecimentos e elaboração de um banco de dados sobre o Circuito, à disposição dos interessados;
k) Desenvolver periodicamente campanhas de publicidade para dar à indústria turística a imagem adequada perante as comunidades locais, estaduais e internacionais e uma folheteria para o CIRCUITO TURÍSTICO DAS PEDRAS PRECIOSAS, incluindo todos os municípios associados, além de asessora-la na elaboração de material promocional.
l) Diligenciar para que a atividade turística tenha adequada representação nas diversas entidades oficiais e privadas, que tenham como principal objetivo a promoção e o fomento da atividade turística;
m) Diligenciar para que a integração de potenciais parceiros que tenham como principal objetivo a promoção e o fomento das atividades turísticas;
n) Desenvolver ações que visem nos municípios associados:
A preservação do patrimônio artístico, histórico, cultural e natural;
Criar e montar um sistema integrado de informações turísticas;
Melhoria do transporte público;
O controle de qualidade do receptivo turístico;
Captar e gerar eventos de natureza nacional e internacional para a região;
Desenvolver e incrementar eventos já existentes que se insiram nos objetivos da associação;
Manter intercâmbio técnico, cultural e social com entidades congêneres, em âmbito estadual, nacional e internacional, a elas se associando no interesse da associação;
126
Contribuir para o melhor aproveitamento dos equipamentos, procedimentos técnicos, operacionais e administrativos;
Promover e valorizar a imagem da região como destino turístico cultural, histórico e ecológico;
Sugerir a implementação do Plano Diretor de uso e ocupação do solo. o) Buscar permanente integração com as comunidades com as quais interage,
através de soluções para o turismo sustentável e da situação socioeconômica dos residentes em sua base territorial, tendo por premissas a equidade, a justiça e preservação dos bens artísticos, culturais, históricos e naturais.
5. PRINCIPAIS ATIVIDADES PARA O FORTALECIMENTO DA ORGANIZAÇÃO DA GESTÃO Para fortalecer a organização da gestão do Circuito das Pedras Preciosas, a Associação responsável pelo destino irá realizar as seguintes atividades: -Aumentar a participação dos associados nas reuniões e na efetivação das ações do Circuito; -Realizar eventos de turismo na região, como capacitação para gestores públicos, membros de conselhos municipais de turismo, eventos focados no segmento turístico de cada município, workshops, seminários, palestras e outros eventos; - Aumentar a adimplência dos associados através de metas e punições os municípios inadimplentes; -Captar novos associados para fortalecer as receitas e intensificar as ações; - Formar convênios com Universidades da região para captação de estagiários e elaboração de planos, projetos e oferecimento de cursos para o Circuito. 6. ANÁLISE DA SITUAÇÃO ATUAL Criada em 2002, a Associação dos Municípios do Circuito Turístico das Pedras Preciosas nasce com a missão de fomentar o desenvolvimento do turismo na região nordeste de Minas Gerais. Inicialmente apenas com municípios do eixo rodoviário das BR‟s 116 e 418, o Circuito passa a englobar em 2007 mais localidades importantes dos Vales do Mucuri e Jequitinhonha, que estendem consideravelmente a geografia turística regional deste destino. As distâncias entre algumas cidades é tanta, que o critério inicial da Secretaria de Estado de Turismo de Minas Gerais, que prevê um deslocamento máximo de 100 km entre municípios de um mesmo circuito turístico, passa então a ser desconsiderado nesta região, em que todo e qualquer processo para fomentar o desenvolvimento é válido e necessário. Para se ter uma idéia da extensão territorial deste Circuito basta analisar a distância entre os municípios de Minas Novas e Nanuque que é de 410 km. Com tanta disparidade assim é natural que as características de cada lugar sejam bem diferentes entre si, o que faz com que os atrativos também sejam bem diversificados, transformando, por sua vez, o fator distância, que de início é prejudicial em grande diferencial no que diz respeito a oferta turística.
127
Mas, falar em turismo no nordeste de Minas é algo novo e, claro, complexo. Isso por que somente graças aos investimentos dos últimos anos é que esta região tem conseguido recuperar, em partes, os atrasos sócio-econômicos em relação às outras regiões do estado. Trata-se de um desafio de convencimento de uma população, que só agora está conseguindo sanar problemas básicos de infra-estrutura e bem estar, ha muito já superados em outras localidades. Portanto, há de se considerar, que nem sempre os resultados esperados virão de acordo com os prazos previstos, uma vez que as próprias carências regionais e a falta de conhecimento sobre a atividade turísticas são fatores limitantes, mas, não impeditivos para a operacionalização do turismo. Mas, como numa alusão divina, àquilo que é limitado por um lado, também é abençoado por outro. Sendo assim , o Circuito das Pedras Preciosas também apresenta um dos conjuntos de atratividade turísticas mais importantes de Minas Gerais e do Brasil. Localizada na maior província Gemológica do Planeta, a região tem o seu grande diferencial na cultura das Pedras Preciosas, que vai desde a extração dos minerais, até a lapidação e comercialização dos mesmos, passando pelo artesanato e design de gemas e jóias, que encantam turistas e compradores do mundo inteiro. Os principais destinos deste segmento são os municípios de Caraí e Padre Paraíso, com seus garimpos ainda em atividade e Teófilo Otoni, conhecida internacionalmente como a Capital das Pedras Preciosas, tamanha pujança que este setor representou e ainda representa no cotidiano local . Mas, nem só de pedras preciosas vive este Circuito, as formações rochosas de outras localidades como Carlos Chagas e Nanuque, também são grandes atrativos para os amantes da natureza e dos esportes de aventura. Além dos paredões naturais, os rios e lagos destes municípios também são fatores potenciais ainda pouco explorados pelo turista, mas, já velhos conhecidos e aproveitados pelos habitantes. A religiosidade também é um fator preponderante para a atividade turística regional. Além da existência de santuários históricos e/ ou de representatividade nacional, há também os eventos deste gênero que geram considerável fluxo turístico nas datas em que ocorrem. Os municípios que melhor potencializam esta modalidade são Itambacuri e Minas Novas. A ruralidade e as experiências do campo estão sendo melhores desenvolvidas no município de Capelinha, devido a própria vocação local para as atividades agroindustriais. São vivências que exploram desde as características econômicas até os fazeres, os saberes e sabores da terra. Por fim , a cultura, que é pressuposto básico em qualquer destino turístico também é realçada em todos os segmentos trabalhados pelo Circuito: gemas e jóias, natureza e aventura, religiosidade e vivência rurais. Em todas estas modalidades estão envolvidas ações que valorizam a arte, a história, as manifestações folclóricas, musicas e de devoção, bem como qualquer outro ponto que evidencie a identidade de uma localidade. Entretanto , em Minas Novas, a questão cultural é tratada como principal atrativo turístico, devido a proporção concentrada que este município oferece destes bens para serem aproveitados pelo turismo. São monumentos
128
históricos do Século XVIII ainda preservados, artesanato reconhecido nacionalmente, além de outros bens artísticos-culturais, que fazem parte do dia-dia desta comunidade, e que podem se transformar em grandes produtos turísticos, sem perder de vista a questão da sustentabilidade. Perfil dos turistas do Circuito das Pedras Preciosas De acordo com o que fora apurado em pesquisa realizada pelos municípios do Circuito Turístico das Pedras Preciosas até o mês de Maio de 2009, em geral, o perfil dos turistas que visitam a região é o seguinte: Devido a grande extensão territorial do Circuito, como já fora descrito anteriormente, o fluxo de visitação varia de acordo com as regiões em que os municípios estão inseridos. Nota-se porém, que em todas as regiões há uma visitação constante de pessoas oriundas de Belo Horizonte e sua região metropolitana e do estado de São Paulo. Em relação as particularidades de cada área, nota-se que na região oeste do Circuito (Capelinha e Minas Novas) há a presença de turistas de Diamantina e Montes Claros, enquanto na região leste ( Carlos Chagas e Nanuque) acentua-se a visitação de turistas de Governador Valadares e Vitória/ES. Em relação a motivação das viagens, a maior parte dos turistas visitam os municípios do Circuito para realizarem negócios. Em geral são pessoas da própria região que trabalham em empresas locais ou vão às cidades para compras do dia a dia ou tratamento de saúde. Em segundo lugar de motivação para o turismo na região estão as visitas a parentes e amigos dos municípios. O perfil deste público varia entre turistas da região e de regiões mais distantes como Belo Horizonte e São Paulo. Os eventos de destaque dos municípios é o terceiro maior motivo para atração de fluxo turístico no Circuito, seja ele regional ou de outras regiões mais distantes. O calendário é bem diversificado indo desde o Carnaval, passando pelos festejos religiosos, até as micaretas e festas da cidade, e até um evento ambiental e uma feira internacional. Os turistas em trânsito são uma particularidade dos municípios que estão nas rodovias federais do Circuito. Eles representam uma importante demanda na região principalmente durante os períodos de alta temporada e feriados prolongados. E, em último lugar de motivação para o turismo no Circuito estão os atrativos naturais e culturais. Apenas uma pequena parcela dos turistas que visitam a região vem especificamente com intensão de conhecer especificamente os seus atrativos. Situação esta que precisa ser revertida, daí a importância da existência do Circuito e deste planejamento estratégico. Segundo os dados das Secretaria Municipais do Circuito que respondem pela pasta do turismo , a principal queixa das pessoas que visitam seus municípios é a deficiência dos meios de hospedagem , que estão aquém dos padrões das boas
129
práticas da hotelaria. Em segundo lugar está a infra-estrutura dos municípios para comportar maior número de visitantes e oferecer uma diversidade de equipamentos para atendimento a demanda. A questão da qualificação profissional também foi apontada como uma deficiência da maioria das cidades. Por fim, a falta de informação dos visitantes em relação aos atrativos locais também foi apontado como um fator dificultador para o desenvolvimento turístico do Circuito. Percepção dos atores do Circuito sobre os problemas do turismo na região Para os prestadores de serviços turísticos do Circuito, o maior problema enfrentado para o melhor desenvolvimento turístico na região é a falta de apoio e incentivo por parte do poder público, em seguida estão a infra-estrutura deficiente, a falta de divulgação dos produtos turísticos e a mão-de-obra pouco qualificada. Já para os representantes do poder público municipal, o principal entrave para o desenvolvimento do turismo na região é a falta de recursos. Em segundo lugar está a baixa qualidade dos serviços prestados ao turista e a falta de estruturação e promoção dos bens turísticos. Análise de SWOT Análise interna Forças:
1. Boa diversidade de recursos naturais e culturais para o aproveitamento turístico.
2. Bens históricos e culturais em bom estado de preservação na maior parte dos municípios.
3. Calendário de eventos diversificado e com datas de grandes fluxos geradores de turistas.
4. Apelo de diferencial turístico considerável: a questão das pedras preciosas. 5. Grande fluxo de turistas em trânsito, principalmente durante a alta temporada
nas rodovias BR 116 e 418, que cortam municípios do Circuito. 6. Cinco agências de receptivo turístico e quatro agências emissivas na região. 7. Malha rodoviária em bom estado de conservação. 8. Sinalização turística nas rodovias do Circuito. 9. Quatro aeroportos para aviões de pequeno porte. 10. Uma cidade pólo regional com ótima infra-estrutura de bens e serviços
(Teófilo Otoni) e duas cidades pólo micro-regional com boa infra-estrutura de bens e serviços (Capelinha e Nanuque). Uma Universidade Federal e Oito faculdades particulares na região.
11. Uma universidade federal e oito faculdades particulares na região. 12. Existência de unidades do sistema S na região: Sebrae, Sest/Senat, Senai,
Sesc, Senac e Sesi. 13. Existência Grandes empresas na região: Ex: Frigoríficos, Ramos transportes,
Acelor Mital.
130
Debilidades:
1. Pouco conhecimento sobre turismo entre os municípios da região. 2. Falta de envolvimento e articulação dos atores da cadeia produtiva local com
o turismo e com o Circuito: prefeituras, secretarias municipais, meios de hospedagem, equipamentos de alimentação, agências, outros setores do comércio e serviços, instituições não governamentais, etc.
3. Regular participação e envolvimento dos associados. 4. Falta de linha aérea regular para o principal pólo regional: Teófilo Otoni. 5. Distância dos três principais centros emissores de turistas: Rio de Janeiro,
São Paulo e Belo Horizonte, questão que agrava pela falta de linha aérea regular.
6. Trecho da estrada entre Malacacheta e Água Boa em péssimo estado de conservação, inviabilizando a total ligação asfáltica do Circuito.
7. Baixa qualidade dos prestadores de serviços turísticos, sendo também muito variável nos municípios pertencentes ao Circuito.
8. Falta de condutores de turismo nos municípios do Circuito. 9. Inexistência de roteiros oficiais nos municípios estruturados e articulados com
o trade. 10. Inexistência de sinalização turística dentro dos municípios do Circuito. 11. Falta de comprometimento dos associados no pagamento das mensalidades
do Circuito. 12. Excesso de atribuições ao gestor do Circuito devido a falta total de outros
funcionários para o Circuito. 13. Ações de promoção e comercialização limitadas devida a falta de recursos
financeiros e humanos. Análise Externa Oportunidades:
1. Copa do Mundo de 2014 e Olimpíadas de 2016. 2. Três cidades num raio de 300 km com mais 100 mil habitantes e menos de
200 mil habitantes: Teixeira de Freitas/BA; Linhares/ES; São Mateus/ES. 3. Quatro cidades num raio de 300 km com mais de 200 mil habitantes: Vitória
da Conquista /BA; Montes Claros/MG; Governador Valadares/MG; Caratinga/MG e Vale do Aço (Ipatinga, Coronel Fabriciano e Timóteo).
4. Um destino indutor (Diamantina/MG) num raio de 250 km de dois municípios do Circuito: Capelinha e Minas Novas, com estradas em ótimo estado de conservação.
5. Considerável número de investimentos sendo feitos e ainda previstos para infra-estrutura, obras, bens e serviços na região.
6. Implantação do Centro de Convenções em Teófilo Otoni 7. Implantação do museu Histórico e Geográfico do Mucuri e Museu Gemológico
em Teófilo Otoni e Museu do Jequitinhonha em Minas Novas. 8. Ampliação do aeroporto de Teófilo Otoni. 9. Pavimentação asfáltica do trecho entre Malacacheta e Água Boa ligando todo
o Circuito por asfalto. 10. Possível implantação da ZPE em Teófilo Otoni. 11. Duplicação da BR 116.
131
12. Efetivação dos convênios do Circuito previstos pela Fecitur e novos convênios com a Setur e outras instituições governamentais e não governamentais.
Ameaças:
1. Imagem negativa da região, historicamente associada a pobreza e ao baixo IDH.
2. Falta de informações e conhecimento do grande público sobre a região. 3. Interrupção de investimentos de infra-estrutura, bens e serviços na região. 4. Crise financeira. 5. Falta de interesse do mercado turístico pela região. 6. Não aceitação dos produtos turísticos do Circuito pelo mercado. 7. Desinteresse dos agentes políticos estaduais e federais da região pelo
desenvolvimento turístico local. 8. Mudança de governos. 9. Mudança na estruturação e organização do turismo nacional e estadual. 10. Alterações climáticas mais acentuadas na região.
7. VISÃO ESTRATÉGICA Diante da análise situacional descrita acima, fica bem caracterizado, que o Circuito das Pedras Preciosas conta atualmente com dois tipos de públicos: Turistas em trânsito, especialmente no eixo que se desloca da região Sudeste em direção a Bahia e, turistas de negócios, principalmente representantes comerciais de municípios do próprio Circuito, que retornam para suas residências nos finais de semana. É constatado também, que apesar das riquezas culturais, naturais, do diversificado calendário de eventos da região e das cinco agências de receptivo, o turismo regional ainda não é estimulado, mesmo sabendo que é grande o número de moradores da região que viajam entre os municípios do Circuito por variados motivos e que, há sete cidades de porte médio com mais de cem mil habitantes próximas à maioria das cidades do Circuito, além de um destino turístico indutor em nível nacional próximo, o que conseqüentemente também tem um bom público a ser considerado. Logo, de acordo com todas estas observações, chega-se a conclusão que os principais turistas a serem trabalhados inicialmente pelo Circuito são:
1. Moradores das cidades da região e de cidades de porte médio num raio de até 300 km do destino receptor.
2. Turistas em trânsito, principalmente aqueles que trafegam pelas Br‟s 116 e 418, e que fazem estada em municípios do Circuito.
3. Turistas de negócios dos municípios da região. 4. Turistas que visitam o destino indutor Diamantina.
132
Segue abaixo o quadro com os principais consumos dos turistas a serem trabalhados pelo Circuito das Pedras Preciosas
TIPO DE TURISTA PRINCIPAL CONSUMO
Moradores das cidades da região e de cidades de porte médio num raio de até 300 km do destino receptor
Sol e praia
Eventos Natureza e Aventura
Ecoturismo
Turistas em trânsito, principalmente aqueles que trafegam pelas Br‟s 116
e 418, e que fazem estada em municípios do Circuito
Sol e praia
Turistas de negócios dos municípios
da região
Apenas os equipamentos e serviços turísticos dos municípios do Circuito
como suporte para suas atividades de negócios
Turistas que visitam o destino indutor
Diamantina
Cultura
Natureza e Ecoturismo
Quadro1-Consumo turístico do público a ser trabalhado pelo Circuito das Pedras Preciosas
A próxima questão a ser diagnosticada é o grau de interesse deste público identificado pelos atrativos turísticos da região, além de um detalhado perfil sócio-psicográfico do mesmo, para então ser efetivado de forma eficaz um plano de promoção e comercialização condizente com a realidade apurada. Tal identificação só irá ocorrer através da pesquisa mais ampla contida no plano de Marketing a ser desenvolvido ainda em 2011 pelo Circuito das Pedras Preciosas. Sabe-se, entretanto, que algumas estratégias de promoção e comercialização continuarão a fazer parte das ações da Associação. São estas: a participação em feiras, salões, seminários, fóruns, palestras, projetos e outros eventos de turismo na região no estado e no Brasil. Para que tais participações sejam otimizadas da melhor forma possível, a Associação manterá sempre em estoque o folder institucional do Circuito, bem como os materiais promocionais dos seus municípios associados. A Reestruturação do site oficial do Circuito, também dará uma nova roupagem no lay-out e nas informações atualizadas sobre a região, estimulando o consumo e fortalecendo a imagem dos produtos turísticos locais.
133
A promoção e comercialização se fará através destas e de outras ferramentas detalhadas posteriormente no Plano de Marketing do Circuito, porém, sempre trabalhando com todos os produtos desenvolvidos e estruturados nos municípios, destacando o diferencial competitivo regional que é a possibilidade de o turista conhecer in loco, a maior região produtora de pedras preciosas do planeta. É claro que com esta visão estratégica de trabalho, há de se esperar que possíveis impactos negativos sejam gerados pelo desenvolvimento do turismo na região. Dentre eles:
1. pressão sobre as infra-estruturas e perda das comodidades dos habitantes. 2. a sazonalidade turística gera alterações no ritmo de vida social local. 3. cópia dos padrões de consumo e comportamentos de turistas. 4. alterações de valores, normas, costumes e forma de viver a identidade. 5. commoditização de manifestações culturais, alterando seu significado. 6. crescente individualismo. 7. perda crescente de controle dos nativos sobre seus recursos e autonomia. 8. diversificação de interesses e estruturas de poder gera novos conflitos. 9. maior uso de drogas, crimes, permissividade, prostituição, stress,conflitos. 10. degradação ambiental por construção de equipamentos e infra-estruturas. 11. poluição (águas, solos) por dejetos e esgotos. 12. erosões devidas a desmatamentos, abertura e usos indevidos de trilhas. 13. o aumento da poluição do ar, sonora e visual. 14. os custos de importação de produtos para turistas. 15. risco do aumento da dependência local em relação ao turismo. 16. tendências de inflação em nível local, sobretudo para a terra e habitação.
Entretanto, sabe-se que os impactos positivos e negativos percebidos tendem a ser distribuídos de forma desigual na sociedade e, podem coexistir e mudar com o tempo. Os impactos no destino e sua magnitude dependem (Vieira Filho, 2005):
do perfil e comportamentos dos fluxos turísticos;
do meio-ambiente e da população do destino turístico;
da posição e forma que as pessoas vivenciam e percebem o turismo e;
das formas de intervenção do Estado, da indústria turística e outros agentes no processo.
Contudo, sabe-se também, que os destinos turísticos mais competitivos são resultado de ampla cooperação e articulação de estruturas privadas, sociais, públicas e territoriais, orientadas a melhorar a sua rentabilidade, atratividade e sustentabilidade. Sendo assim, para retardar e minimizar os efeitos negativos do turismo na região, a Associação procurará sempre estimular o desenvolvimento via mobilização, sensibilização e capacitação de formas de cooperação, estratégias, redes, conselhos, associações, observatórios, fóruns entre os atores relevantes do setor público, privado e não-governamental, através do planejamento participativo do destino turístico, a fim de que tais atores tenham controle e gerência da situação turística de seus municípios.
134
Não se trata de transferências de funções, mas sim de uma divisão das responsabilidades, de acordo com o papel que cabe a cada um dos agentes dentro do processo de desenvolvimento turístico, uma vez que a interveniência da Associação dentre dos limites administrativos territoriais municipais também tem suas restrições. 8. DIRECIONAMENTO ESTRATÉGICO Como já percebido anteriormente , o principal direcionamento da Associação é transformar o Circuito das Pedras Preciosas num destino turístico reconhecido, aumentando e diversificando o fluxo de turistas nos seus municípios, estimulando a participação e o incremento das pessoas e dos negócios ligados diretos e indiretamente com a atividade turística da região. Para que este direcionamento seja alcançado com sucesso descreve-se abaixo o quadro de indicadores e metas dos objetivos do Circuito das Pedras Preciosas:
OBJETIVO ESPECÍFICO META INDICADOR
Fortalecer a instância de governança
100%
-Participação dos associados nas reuniões
-Efetivação das ações do Circuito nos municípios
-Adimplência dos associados existentes
-Captação de novos associados -Formação de um quadro de
funcionários fixos para o Circuito
Aumentar e diversificar o fluxo
turístico nos municípios do Circuito
15%
Aumento do número de ocupações nos meios de hospedagem
Pesquisa regional
Sensibilizar as comunidades sobre a importância do turismo para os
municípios
100%
Número de reuniões, palestras, workshops e outros eventos de
turismo realizados
Fortalecer e resgatar a identidade e
a cultura local
20%
Número de reuniões, oficinas e
demais eventos artísticos culturais realizados com a comunidade e agentes culturais dos municípios
Promover a inclusão social através da geração de trabalho e renda
10%
-Pessoas qualificadas pelos Cursos oferecidos pelo Circuito.
-Número de pessoas empregadas nos equipamentos turísticos e
novos estabelecimentos turísticos
Aumentar o turismo de negócios e eventos em alguns municípios da
região
10%
Aumento do número de eventos realizados em Teófilo Otoni,
Nanuque e Capelinha juntamente com a ocupação hoteleira nestes
períodos
Quadro 2- Metas-indicadores dos objetivos específicos do Circuito.
135
Com estes objetivos propostos, é esperado então que o turismo também tenha impactos positivos nos municípios do Circuito das Pedras Preciosas, dentre eles:
1. geração de emprego e renda 2. inclusão social e distribuição de renda 3. renda e desenvolvimento da infra-estrutura turística atrai novos investimentos 4. redução da emigração; 5. aumento das oportunidades econômico-sociais e de lazer. 6. A renda e pressão política do turismo podem levar a melhora das condições
de infra-estrutura, serviços e qualidade de vida também para os residentes; 7. valorização do lugar e sua cultura por turistas podem levar à : 8. aumento da consciência da população local sobre o meio-ambiente; 9. conservação e revitalização do patrimônio, 10. aumento da auto-estima e reafirmação da identidade da população 11. melhoria da qualidade ambiental do destino turístico; 12. valorização e conservação de áreas naturais e criação de áreas protegidas.
Para alcançarmos os objetivos específicos propostos acima, faz-se necessário que tenhamos um cronograma organizado e ordenado de acordo com as ações e atribuições de cada agente da cadeia. Sendo assim, para cada resultado esperado temos as ações a serem implementadas para se chegar a tal fim, bem como os parceiros que irão colaborar para o sucesso de nosso destino. Segue abaixo o quadro de Ações para os resultados esperados, que detalha as especificações para alcançar cada objetivo.
RESULTADO Nº ESPECIFICAÇÃO DO RESULTADO PRINCIPAIS AÇÕES
PARA ALCANÇAR O RESULTADO
1
Instância de governança fortalecida
-Aumentar a participação dos associados nas reuniões e na
efetivação das ações do Circuito. - Aumentar a adimplência dos
associados -Captar novos associados. - Formar convênios com
Universidades da região para captação de estagiários.
-Contratar mais um Turismólogo para o Circuito
2
Fluxo Turístico do Circuito aumentado e diversificado
- Estruturar roteiros nos municípios
-Qualificar a mão de obra dos prestadores de serviços turísticos
-articular com os agentes da cadeia - Criar e efetivar o Plano de Marketing
do destino
3
Comunidades sensibilizadas sobre a importância do turismo para nos seus
municípios
Realizar palestras, workshops,
reuniões e demais eventos de turismo nos municípios do Circuito.
136
4
Identidade e cultura local resgatadas e fortalecidas
Apoiar a realização de reuniões,
oficinas e eventos artísticos culturais com as comunidades e agentes
culturais dos municípios
5
Pessoas com vulnerabilidade social trabalhando no setor turístico
-Realizar cursos de capacitação e qualificação profissional
-Criar a rede de empregados nota 10 do turismo regional.
6
Turismo de negócios e eventos aumentado
em Teófilo Otoni, Nanuque e Capelinha
Apoiar e articular junto com entidades
a realização de ações e eventos nestes municípios
Quadro 3- Quadro de ações para os resultados esperados
Entretanto, para alcançar as ações propostas nos resultados esperados, é necessário que haja maior clareza do direcionamento tático que cada ação requer , sendo assim , segue abaixo os quadros de direcionamentos táticos das ações do Plano Estratégico do Circuito das Pedras Preciosas:
Resultado esperado 1: Instância de governança fortalecida
AÇÕES COMO FAZER PARA ALCANÇAR A AÇÃO
ENVOLVIDOS
-Aumentar a participação dos associados nas reuniões e na
efetivação das ações do Circuito.
-Melhorar a comunicação institucional
-Cobrar metas dos associados -Trabalhar com sanções e punições
com aqueles que não participam -Trabalhar com recompensas para
aqueles que tem participação -Realizar reuniões itinerantes
-Circuito -Prefeituras Locais
- Aumentar a adimplência dos associados
Aumentar a comunicação institucional -Trabalhar com sanções e punições
com aqueles que não estão adimplentes -Trabalhar com recompensas para
aqueles que estão adimplentes
-Circuito -Municípios -Prefeituras -Comtur´s
-Captar novos associados.
-Realizar eventos de turismo na região
-Envolver as lideranças municipais -aumentar o número de visitas
institucionais
-Circuito - Municípios -Prefeituras -Parceiros
-Instituições formadoras -Comtur´s
- Formar convênios com Universidades da região para captação de estagiários.
-Aumentar a adimplência dos
associados -Captar novos associados
-Fazer visitas as instituições e formalizar os convênios
-Circuito -Instituições formadoras
Contratar mais um Turismólogo para o
Circuito
-Aumentar a adimplência dos
associados -Captar novos associados
-Criar parceria com prefeitura interessada e/ou empresas do setor
- Circuito -Prefeitura interessada -Agências de receptivo
Quadro 4: Quadro de direcionamento tático do resultado 1
137
Resultado esperado 2: Fluxo Turístico do Circuito aumentado e diversificado
AÇÕES COMO FAZER PARA ALCANÇAR A AÇÃO
ENVOLVIDOS
Estruturar roteiros nos municípios
-Realizar reuniões e workshops de sensibilização e articulação com os
atores locais. - Promover cursos de capacitação e
qualificação profissional. -Implantar a sinalização turística nas rodovias dos municípios do Circuito
que ainda não a tem e implementar a sinalização turística dentro de todos
os municípios do Circuito. -Criar e efetivar o Plano Captação de
Turistas juntamente com as operadoras locais
-Criar e efetivar o Plano de Marketing do Circuito
-Circuito -Setur
-Fecitur - Agências de receptivo
-Trade local -Comunidade -Prefeituras -Comtur´s
-Instituições formadoras
Qualificar a mão de obra dos
prestadores de serviços turísticos
-Formar novos convênios com a
Fecitur, Setur, Ministério e instituições formadoras da região
-Circuito -Fecitur -Setur
-Secretarias -Comtur´s
-Instituições formadoras
Articular com os agentes da cadeia
-Realizar reuniões e workshops de sensibilização e articulação com a
comunidade e os atores locais. -Criar e efetivar o Plano Captação de
Turistas juntamente com as operadoras locais
-Circuito -Setur
-Fecitur -Atores do trade
-Operadoras locais
Criar e efetivar o Plano de Marketing do Circuito
- Contratar empresa especializada
para realizar diagnóstico, prognóstico e o planejamento da campanha de
marketing e comunicação do Circuito. - Reestruturar o sítio eletrônico do
Circuito. - Aumentar e confeccionar mais
materiais promocionais do Circuito e dos municípios associados.
-Aumentar a participação do Circuito nos eventos do turismo regional,
estadual e nacional.
-Comtur´s -Circuito
-Municípios -Associados
-Agências de receptivo -Setur
-Fecitur
Quadro 5: Quadro de direcionamento tático do resultado 2
138
Resultado esperado 3: Comunidades sensibilizadas sobre a importância do turismo
para nos seus municípios
AÇÕES
COMO FAZER PARA ALCANÇAR A AÇÃO
ENVOLVIDOS
Realizar palestras,
workshops, reuniões e demais eventos de turismo nos municípios do Circuito
- Organizar, convidar, mobilizar e realizar
workshops, reuniões e demais eventos de turismo nos municípios do Circuito para a sensibilização das
comunidades sobre a importância do turismo para
as mesmas.
-Circuito
-Trade local -Comunidade -Prefeituras -Comtur´s
-Instituições formadoras
Quadro 6: Quadro de direcionamento tático do resultado 3
Resultado esperado 4: Identidade e cultura local resgatadas e fortalecidas
AÇÕES
COMO FAZER PARA ALCANÇAR A AÇÃO
ENVOLVIDOS
Apoiar a realização de
reuniões, oficinas e eventos artísticos culturais com as comunidades e agentes culturais dos municípios
-Criar cota de patrocínio para
estes eventos. -Sugerir pauta de debates e indicar os moderadores dos
temas sugeridos. -Mobilizar os interlocutores locais do Circuito para a atuação nestes eventos.
-Circuito
- Municípios -Comtur´s
-Trade local
Quadro 7: Quadro de direcionamento tático do resultado 4
139
Resultado esperado 5 : Pessoas com vulnerabilidade social trabalhando no setor
turístico
AÇÕES
COMO FAZER PARA ALCANÇAR A AÇÃO
ENVOLVIDOS
Realizar cursos de capacitação e qualificação
profissional
-Formar novos convênios
com a Fecitur, Setur, Ministério e instituições formadoras da região
-Circuito -Setur
-Fecitur -Comtur´s
-Instituições Formadoras -Trade Local -Comunidade
Criar a rede de empregados nota 10 do turismo regional
Programa Qualitur Circuito das Pedras
Preciosas
-Criar banco de dados das pessoas qualificadas pelos cursos intermediados pelo
Circuito. -Encaminhar as pessoas do
Banco de dados para agências de empregos
locais e parceiros do trade.
-Circuito
-Trade Local -Agências de emprego
locais.
Quadro 8: Quadro de direcionamento tático do resultado 5
Resultado esperado 6: Turismo de negócios e eventos aumentado em Teófilo Otoni, Nanuque e
Capelinha
AÇÕES
COMO FAZER PARA ALCANÇAR A AÇÃO
ENVOLVIDOS
Apoiar e articular junto com entidades a realização de ações e eventos nos municípios de Teófilo
Otoni, Capleinha e Nanuque
-Criar cota de patrocínio para estes eventos.
-Participar de entidades ligadas a promoção de eventos e negócios
que gerem fluxo turístico nos municípios
-Encaminhar para os atores dos municípios projetos para o fomento
e a estruturação do turismo de negócios e eventos .
-Mobilizar os interlocutores locais do Circuito para a atuação nestes
eventos.
-Circuito -Comtur´s
-Prefeituras -Atores Locais
Quadro 9: Quadro de direcionamento tático do resultado 6
140
Para que as ações propostas nos objetivos tenham sua concretização real, é necessário que se estabeleça as parcerias que serão determinantes para o cumprimento das mesmas. Sendo assim, segue abaixo o quadro de envolvidos e a previsão de prazos e recursos para alcançar os resultados esperados: 9. PROJETOS- AÇÕES EM PARCERIA COM A SETUR
PROJETO-AÇÃO MUNICÍPIOS
ENVOLVIDOS RESPON-SÁVEIS PARCEIROS PRAZO RECURSOS
INVESTIDOS
Promover cursos de capacitação e
qualificação profissional
Todos os municípios do Circuito
Circuito
Setur Fecitur
Instituições Formadoras
Início: janeiro /2011
Término dez/ 2014
R$ 40.000,00
Implantar a sinalização turística nas rodovias dos municípios do
Circuito que ainda não a tem.
-Jenipapo de Minas -Novo Cruzeiro
-Capelinha -Itamarandiba
-Ladainha -Angelândia
Setur
Setur DER
Início: janeiro /2011
Término: Dezembro/2
011
R$: ?
Implementar a
sinalização turística dentro de
todos os municípios do
Circuito
Todos os municípios do Circuito
Circuito Setur
Setur Prefeituras
Início: janeiro/2011
Término: Dezembro/2
011
R$ ?
Criar e efetivar o
Programa de Captação- de
Turistas Estratégicos-CAPTURE
juntamente com as operadoras
locais
Todos os municípios do Circuito
Circuito
-Setur -Comtur´s
-Prefeituras Agências de
receptivo locais
Início: Janeiro/201
1 Término:
Dezembro/2011
R$ 80.000,00
Criar e efetivar o
Plano de Marketing do
Circuito
Todos os municípios do
Circuito
Circuito
-Setur -Comtur´s
-Prefeituras
Início: Janeiro/201
1 Término:
Dezembro/2011
R$ 130.000,00
Aumentar e confeccionar mais
materiais promocionais do
Circuito e dos municípios associados.
Todos os municípios do
Circuito
Circuito
-Setur -Comtur´s
-Prefeituras
Início:
janeiro 2011 Término dezem
bro/ 2012
R$ 100.000,00
Reestrutura-ção
do sítio Eletrônico do Circuito
Todos os municípios do
Circuito
Circuito
Setur
Fecomércio MG
Início: janeiro 2011
Término junho/ 2011
R$ 20.000,00
141
10. PROJETOS- AÇÕES EM PARCERIA COM OUTROS GRUPOS/ INSTITUIÇÕES
PROJETO-AÇÃO
MUNICÍPIOS ENVOLVIDOS
RESPON-SÁVEIS PARCEIROS PRAZO RECURSOS INVESTIDOS
Realização de
eventos de turismo na
região juntamente com a comunidade e
o trade
Todos os municípios do Circuito
Circuito Secretaria Municipais Comtur´s
comtur´s secreta-
rias municipais trade turístico
institui- ções formadoras comunidade em
geral
Início: janeiro /2011
Término dez/ 2014
R$ 30.000,00
Criar a rede de empregados nota 10 do
turismo regional Programa Qualitur
Circuito das Pedras
Preciosas
Todos os municípios do Circuito
Circuito Comtur´s
Secretarias Muncipais
Comtur´s Secretarias Muncipais
Trade Agências de
empregos locais comunidade
Início: maio /2011
Término dez/ 2014
R$ 5.000,00
Apoiar e
articular junto com entidades a realização de
ações e eventos nos
municípios de Teófilo Otoni, Capelinha e
Nanuque
Teófilo Otoni Nanuque Capelinha
Circuito Empresas de eventos locais
Instituições afins Trade local Comtur´s
Empresas de eventos locais
Instituições afins Trade local Comtur´s
Início: maio /2011
Término dez/ 2014
R$ 20.000,00
Apoiar a realização de
reuniões, oficinas e eventos artísticos
culturais com as comunida-des e agentes culturais dos municípios
Todos os municípios do Circuito
Circuito
Conselhos de patrimônios locais
Entidades culturais afins
Empresas promotoras de
eventos
Conselhos de patrimônios locais
Entidades culturais afins
Empresas promotoras de
eventos Trade local
Outras empresas privadas locais
R$ 20.000,00
Formação de convênios com Universida-des da região para captação de estagiários.
Teófilo Otoni
Circuito
Instituições formadoras
Início: janeiro /2011
Término dez/ 2014
R$ 15.000,00
Contratar mais um Turismólogo para o Circuito
Todos os municípios
do Circuito
Circuito
Prefeituras Municipais e
demais associados
Empresas de receptivo
Início: janeiro /2011
Término dez/ 2014
R$ 144.000,00 Com encargos
142
11. CONCLUSÃO Sem dúvida foi cumprida uma etapa importante para o ordenamento da atividade turística no Estado com a realização do Planejamento Estratégico para o Desenvolvimento do Turismo Regional do Circuito Turístico das Pedras Preciosas. Os eventos realizados durante a formatação, permitiram a aproximação dos municípios e o levantamento das dificuldades enfrentadas para o desenvolvimento do turismo na região. Foi uma oportunidade de troca de experiências, de conhecimento dos projetos realizados pelos municípios vizinhos e o início de um diálogo mais freqüente entre as partes. Através de entrevistas, e pesquisas realizadas em fontes primárias e secundárias foram levantadas informações que contribuíram na elaboração de um conjunto de estratégias para estimular o desenvolvimento do turismo regional. Este documento, chamado de Plano Estratégico, irá orientar a execução de ações coordenadas e direcionar esforços para alcançar os resultados previstos. Com o Plano Estratégico elaborado é necessária sua implementação. Atingir as metas estabelecidas dependerá em grande parte do comprometimento da equipe envolvida no Plano, da iniciativa dos parceiros nos municípios do Circuito e do apoio financeiro e técnico dos parceiros institucionais. Aliás, é importante que as fontes financiadoras do Plano sejam diversificadas. Empresas privadas da região, por exemplo, podem se transformar em mantenedoras do Circuito Turístico ou patrocinar projetos específicos em troca da visibilidade de sua marca. Neste contexto, uma nova postura do Circuito Turístico e a participação dos municípios na realização dos projetos se tornam imprescindíveis para o sucesso do Plano Estratégico. É fundamental a estruturação do Circuito turístico como um consórcio público-privado, com a participação efetiva dos representantes dos municípios que compõem a região turística e a adesão da iniciativa privada ao processo. É importante que o Circuito seja auto-suficiente economicamente para que através da descentralização das políticas públicas estaduais, seja uma entidade ativa no fomento e promoção da atividade turística na região. É preciso dizer também que a gestão desta instituição deve se tornar mais profissional e eficaz para coordenar as ações e projetos que serão realizados nos próximos meses. Os municípios também têm um papel estratégico a desempenhar no processo de desenvolvimento regional. A gestão municipal no ordenamento da atividade turística em âmbito local se torna fundamental para estruturar o destino e fortalecer a região, visto que o planejamento municipal pode tratar das demandas específicas do município e o planejamento regional se concentra nos aspectos macro da atividade turística na região turística, sendo então complementares. Através destas medidas e da efetiva implementação de seus projetos o Plano Estratégico do Circuito das Pedras Preciosas poderá contribuir para crescimento ordenado da atividade turística na região.
143
12. FICHA TÉCNICA Associação dos Municípios do Circuito Turístico das Pedras Preciosas Iesser Lauar: Presidente
Sharles Fernandes: Vice-presidente
Câmara de Vereadores de Nanuque.
Secretaria Municipal de Cultura e Turismo de Capelinha.
Secretaria Municipal de Educação de Caraí.
Secretaria Municipal de Cultura de Carlos Chagas.
Secretaria Municipal de Cultura e Turismo de Itambacuri.
Secretaria Municipal de Cultura e Turismo de Minas Novas.
Secretaria Municipal de Educação de Nanuque.
Secretaria Municipal de Agropecuária de Padre Paraíso.
Secretaria Municipal de Indústria, Comércio e Turismo de Teófilo Otoni.
Sindicato do Comércio de Teófilo Otoni.
OBS: Na data de fechamento deste Plano ainda não faziam parte do Circuito os municípios de Angelândia, Itamarandiba, Jenipapo de Minas, Ladainha e Novo Cruzeiro, que atualmente estão inseridos nesta instância de governança regional.