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Anotaes de Processo PenalCurso Damsio
1. PRINCPIOS GERAIS INFORMADORESDO PROCESSO
1.1. Princpio da Imparcialidade do JuizO Juiz situa-se entre as partes e acima delas
(carter substitutivo).
Para assegurar sua imparcialidade, a CF estipula
garantias (art. 95) e vedaes (art. 95, par. n.) e probe
tribunais de exceo (art. 5., XXXVII).
1.2. Princpio da Igualdade ProcessualAs partes devem ter, em juzo, as mesmas
oportunidades de fazerem valer suas razes.
No processo penal, esse princpio sofre alguma
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No processo penal, esse princpio sofre alguma
atenuao, devido ao princpio constitucional do "favor rei",
segundo o qual o acusado goza de alguma prevalncia e
contraste com a pretenso punitiva.
1.3. Princpio do ContraditrioE identificado na doutrina pelo binmio "cincia e
participao".
O Juiz coloca-se eqidistante das partes, s
podendo dizer que o direito preexistente foi devidamente
aplicado ao caso concreto se, ouvida uma parte, for dado
outra o direito de manifestar-se em seguida.
1.4. Princpio da Ampla DefesaImplica o dever do Estado de proporcionar a todo
acusado a mais completa defesa, seja pessoal, seja
tcnica (art. 5., LV, da CF/88), seja o de prestar
assistncia jurdica integral e gratuita aos necessitados (art.
5., LXXIV, CF).
Decorre a obrigatoriedade de se observar a ordem
natural do processo, de modo que a defesa se manifeste
sempre em ltimo lugar.
1.5. Princpio da Disponibilidade e daIndisponibilidade
Disponibilidade a liberdade que as pessoas tm
de exercer ou no seus direitos.
No processo penal, prevalece o princpio da
indisponibilidade, pelo fato do crime ser considerado uma
leso irreparvel ao interesse coletivo.
Decorre algumas regras, tais como:
impossibilidade de a autoridade policial arquivar o
inqurito policial (art. 17 do CPP);
o Ministrio Pblico no pode desistir da ao (art.
42 do CPP), nem do recurso interposto (art. 576 do CPP).
A CF abranda essa regra, ao permitir a transao
em infraes de menor potencial ofensivo. E tambm nos
casos de ao penal privada e ao penal condicionada
representao ou requisio do Ministro da Justia.
1.6. Princpio da Verdade Material ou da
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Manifestao das Provas caracterstico do processo penal.
Consiste no dever de o Magistrado esgotar todas as
possibilidades para alcanar a verdade real dos fatos, para
servir de fundamento na sentena.
Regra: o que no est nos autos, no est no
mundo.
1.7. Princpio da Publicidade uma garantia de independncia, imparcialidade,
autoridade e responsabilidade do Juiz.
Exceo: casos em que o decoro ou o interesse
social aconselham que eles no sejam divulgados.
1.8. Princpio do Duplo Grau de JurisdioConsiste na possibilidade de reviso, por via de
recurso, das causas j julgadas pelo Juiz de primeiro grau.
No tratado de forma expressa em nenhum texto
legal, nem na Constituio. Decorre da prpria estrutura
atribuda ao Poder Judicirio pela CF.
1.9. Princpio do Juiz NaturalPrevisto no art. 5., LIII, da CF/88, que dispe que
"ningum ser sentenciado seno pelo Juiz competente".
Juiz natural , portanto, aquele previamente
conhecido, segundo regras objetivas de competncia
estabelecidas anteriormente infrao penal, investido de
garantias que lhe assegurem absoluta independncia e
imparcialidade.
Decorre tambm a proibio de criao de tribunais
de exceo, art. 5., XXXVII, CF.
1.10. Princpio do Estado de InocnciaNingum ser considerado culpado at o trnsito
em julgado da sentena penal condenatria (art. 5., LVII, da
CF/88).
Desdobra-se em trs aspectos:
prova: deve ser valorada em favor do acusado quando houver dvida;
instruo processual: inverte-se o nus da prova, i. e., o ru no precisa provar
que inocente, mas sim a acusao precisa fazer prova de que ele culpado;
no curso do processo: trata-se de entendimento expresso na Smula n. 9/STJ: "A
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exigncia da priso provisria, para apelar, no ofende a garantia constitucional da
presuno de inocncia".
1.11. Princpio do "favor rei"A dvida sempre beneficia o acusado.
Alguns recursos so exclusivos da defesa (protesto por novo jri e embargos
infringentes).
S cabe ao rescisria penal em favor do ru (reviso criminal).
Outros princpios importantes:
1.12. Princpio da Ao ou Demanda
1.13. Princpio da Oficialidade
1.14. Princpio da Oficiosidade
1.15. Princpio da Verdade Formal ou Dispositivo
1.16. Princpio do Impulso Oficial
1.17. Princpio da Persuaso Racional do Juiz
1.18. Princpio da Motivao das Decises Judiciais
1.19. Princpio Lealdade Processual
1.20. Princpio da Economia Processual
1.21. Princpio do Promotor natural
2. PRINCPIOS INFORMADORES DO PROCESSO PENAL2.1. Princpio da Verdade Real
2.2. Princpio da Legalidade
2.3. Princpio da Autoritariedade
2.4. Princpio da Indisponibilidade
2.5. Princpio da Iniciativa das Partes
2.6. Princpio "ne eatjudex ultra petita partium"
2.7. Princpio da Identidade Fsica do Juiz
2.8. Princpio do Devido Processo Legal
2.9. Princpio da Inadmissibilidade das Provas Obtidas por Meios Ilcitos
2.10.Princpio da Brevidade Processual
3. EFICCIA DA LEI PROCESSUAL NO TEMPOA lei processual aplicar-se- desde logo, sem prejuzo dos atos realizados sob a
vigncia da lei anterior (art. 2. do CPP).
Vige, no processo penal, o princpio da aplicao imediata, com a ressalva de que
os atos anteriores sero preservados.
4. EFICCIA DA LEI PROCESSUAL NO ESPAO
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A lei processual penal aplica-se a todas as infraes penais cometidas em territrio
brasileiro, sem prejuzo das convenes, tratados e regras de Direito Internacional.
Algumas excees territorialidade do CPP:
------ Cdigo Processual Militar;
------ Cdigo Eleitoral;
------ Lei de Txicos;
------ Lei de Imprensa;
------ Lei dos Juizados Especiais Criminais.
5. IMUNIDADES5.1. Imunidades DiplomticasQuem comete crime no Brasil responde por ele no Brasil. Como exceo a essa
regra, temos: Chefe de Governo Estrangeiro, Embaixadores e seus familiares, funcionrios
estrangeiros de embaixadas etc.
Admite-se a renncia garantia da imunidade diplomtica.
5.2. Imunidades ParlamentaresSo de duas espcies:
material (absoluta): alcana os Deputados Federais e Senadores, garantindo-lhes
a inviolabilidade por suas palavras, opinies e votos. Para alguns, trata-se de causa de
excluso de ilicitude, para outros, causa funcional de iseno de pena. irrenuncivel.
Estende-se tambm aos Vereadores se o crime foi praticado no exerccio do mandato e
na circunscrio do Municpio;
processual, formal ou relativa: consiste na garantia de no ser preso, salvo por
flagrantes de crime inafianvel. Alcana os Deputados Estaduais, mas no alcana os
Vereadores.
6. INTERPRETAO DA LEI PROCESSUAL PENAL6.1. Espcies
6.1.1. Quanto ao sujeito que elabora
Autntica ou legislativa: feita pelo prprio rgo encarregado da elaborao da
lei. Pode ser:
- contextual: feita pelo prprio texto legal;
- posterior: feita aps a entrada em vigor da lei.
Doutrinria ou cientfica: feita pelos estudiosos e doutores do Direito. Obs.: as
exposies de motivo constituem forma de interpretao doutrinria, uma vez que no so
leis.
Judicial: feita pelos rgos jurisdicionais.
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4.1.2. Quanto aos meios empregados
Gramatical, literal ou sinttica: leva-se em conta o sentido literal das palavras.
Lgica ou teleolgica: busca-se a vontade da lei, atendendo-se aos seus fins e
sua posio dentro do ordenamento jurdico.
4.1.3. Quanto ao resultado
Declarativa: h perfeita correspondncia entre a palavra da lei e sua vontade.
Restritiva: a interpretao vai restringir o seu significado, pois a lei disse mais do
que queria.
Extensiva: A interpretao vai ampliar o seu significado, pois a lei disse menos do
que queria.
4.2. Interpretao da Norma Processual PenalA lei processual admite interpretao extensiva, pois no contm dispositivo
versando sobre direito de punir.
Excees: tratando-se de dispositivos restritivos da liberdade pessoal (priso em
flagrante), o texto dever ser rigorosamente interpretado. O mesmo quando se tratar de
regras de natureza mista.
5. ANALOGIAConsiste em aplicar, a uma hiptese no regulada por lei, disposio relativa a um
caso semelhante.
5.1. FundamentoUbi eadem ratio, ibi eadem jus (onde h a mesma razo, aplica-se o mesmo
Direito).
5.2. Natureza JurdicaForma de auto-integrao da lei, ou seja, forma de supresso de lacunas.
5.3. DistinoAnalogia: inexiste norma reguladora para o caso concreto, devendo ser aplicada
norma que trata de hiptese semelhante.
Interpretao extensiva: existe norma reguladora do caso concreto, mas esta no
menciona expressamente sua eficcia.
Interpretao analgica: a norma, aps uma enumerao casustica, traz uma
formulao genrica. A norma regula o caso de modo expresso, embora genericamente.
5.4. Espcies de AnalogiaIn bonam partem - em benefcio do agente.
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In malam partem em prejuzo do agente.
6. FONTES DO DIREITO PROCESSUAL PENAL de onde provm o Direito.
6.1. EspciesMaterial ou de produo: aquela que cria o Direito.
Formal ou de cognio: aquela que revela o Direito. Pode ser:
------ imediata: lei;
------ mediata: costumes e princpios gerais do Direito.
7. INQURITO POLICIAL
7.1. ConceitoE o conjunto de diligncias investigatrias realizadas pela polcia judiciria visando
a apurao do crime e sua respectiva autoria.
7.2. Natureza JurdicaO inqurito policial procedimento persecutrio de carter administrativo e
natureza inquisitiva instaurado pela autoridade policial.
um procedimento, pois uma seqncia de atos voltados a uma
finalidade.
Persecutrio porque persegue a satisfao do jus puniendi.
Persecuo a atividade estatal por meio da qual se busca a punio e comea
oficialmente com a instaurao do inqurito policial. Tambm conhecido como informatio
delicti.
7.3. FinalidadeSegundo leitura dos arts. 4. e 12 do CPP, conclui-se que o inqurito visa a
apurao da existncia de infrao penal e a respectiva autoria para fornecer ao titular da
ao penal elementos mnimos para que este possa ingressar em juzo.
A apurao da infrao penal consiste em colher informaes a respeito do fato
criminoso. Apurar a autoria consiste em a autoridade policial desenvolver a necessria
atividade visando descobrir, conhecer o verdadeiro autor da infrao penal.
7.4. Jurisdio e CompetnciaO art. 4., caput, do CPP usava inadequadamente o termo "jurisdio".
A Lei n. 9.043, de 9.5.1995, trocou o termo "jurisdio" por "circunscrio" (limites
territoriais dentro dos quais a polcia realiza suas funes).
O pargrafo nico do citado artigo dispe que: "a competncia definida neste artigo
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no excluir a de autoridades administrativas, a quem por lei seja cometida a mesma
funo". Porm, a autoridade policial no tem competncia, mas sim atribuies.
O termo jurisdio designa a atividade por meio da qual o Estado, em substituio
s partes, declara a preexistente vontade da lei ao caso concreto.
O termo competncia deve ser entendido como poder conferido a algum para
conhecer determinados assuntos, no se confundindo com competncia jurisdicional, que
a medida concreta do Poder Jurisdicional.
A atribuio para presidir o inqurito policial conferida aos Delegados de Polcia,
com rarssimas excees (art. 144, 1. e 4., da CF/88), conforme as normas de
organizao policial dos Estados. A atribuio pode ser fixada, quer pelo lugar da
consumao da infrao (ratione loci), quer pela natureza da mesma (ratione materiae).
A autoridade policial, em regra, no poder praticar qualquer ato fora dos limites de
sua circunscrio, sendo necessrio:
------ se for em outro pas: carta rogatria;
------ se for em outra comarca: carta precatria;
------ se for no DF ou em circunscrio diferente, mas dentro da mesma comarca,
no precisa de nenhuma carta (art. 22 do CPP).
7.5. Autoridade Competente para Lavratura do Auto de FlagranteO flagrante deve ser lavrado no local em que se efetivou a priso. No havendo
Delegado de Polcia, na circunscrio mais prxima (arts. 290 e 308, ambos do CPP).
Concludo, o flagrante ser enviado ao juzo competente, ou seja, devem os atos
subseqentes ao da priso serem praticados pela autoridade do local em que o crime se
consumou.
Obs.: tem-se entendido que a falta de atribuio de competncia da autoridade
policial no invalida os seus atos, ainda que se tratem de priso em flagrante, pois a
Polcia, ao exercer a atividade jurisdicional, no se submete competncia jurisdicional
ratione loci. O inqurito policial " pea meramente informativa, cujos vcios no
contaminam a ao penal" (jurisprudncia STF e STJ).
O art. 5., LIII, da CF/88 no se aplica s autoridades policiais, visto que estas no
processam nem sentenciam. No foi adotado pelo referido artigo constitucional o princpio
do Delegado de Polcia Natural.
7.6. Inquritos Extrapoliciais (art. 4., par. n., do CPP)Em regra, os inquritos policiais so presididos por Delegado de Polcia de
Carreira (art. 144, 4., da CF/88), mas o art. 4., par. n., do CPP deixa claro que o
inqurito realizado pela polcia judiciria no a nica forma de investigao criminal.
Excepcionalmente, portanto, h casos em que so presididos por outros que no o
Delegado de Polcia de Carreira.
Ex.:. Inqurito judicial por crime falimentar (presidido pelo Juiz); . Comisses
Parlamentares de Inqurito (art. 58, 3., da CF/88);
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------ Crime cometido nas dependncias da Cmara dos Deputados ou do Senado
Federal (Smula n. 397 do STF -"O poder de polcia da Cmara dos Deputados e do
Senado Federal, em caso de crime cometido nas suas dependncias, compreende,
consoante o regimento, a priso em flagrante do acusado e a realizao do inqurito");
------ Inqurito civil pblico (presidido pelo representante do MP; tem a finalidade de
promover a ao civil pblica, art. 129, III, da CF/88);
------ Inqurito policial militar.
7.7. Valor Probatrio do Inqurito PolicialO inqurito policial tem contedo informativo, visa apenas fornecer elementos
necessrios para a propositura da ao penal.
Tem valor probatrio relativo, pois os elementos de informao no so colhidos
sob a gide do contraditrio e da ampla defesa, tampouco na presena do Juiz de Direito.
7.8. Dispensabilidade do Inqurito PolicialO inqurito policial uma pea til, porm no imprescindvel. No fase
obrigatria da persecuo penal. Poder ser dispensado sempre que o MP ou ofendido
tiver elementos suficientes para promover a ao penal.
No art. 12 do CPP a expresso "sempre que" uma condio.
O art. 27 do CPP refere-se delatio criminis postulatria, onde qualquer um do
povo poder fornecer, por escrito, informaes sobre o fato e a autoria, indicando o tempo,
o lugar e os elementos de convico, demonstrando que quando as informaes forem
suficientes no necessrio o inqurito policial.
Segundo o art. 39, 5., do CPP, o rgo do MP dispensar o inqurito se forem
apresentados elementos suficientes para a propositura da ao.
O art. 46, 1., do CPP nos alerta para mais uma hiptese de dispensabilidade do
inqurito policial.
7.9. Caractersticas do Inqurito Policial------ procedimento escrito: conforme demonstra o art. 9. do CPP;
------ procedimento sigiloso (art. 20 do CPP): uma garantia para o indiciado,
resguardando-se, assim, seu estado de inocncia (art. 5., LVII, da CF/88). O sigilo no
alcana o advogado (Lei n. 8.906/94, art. 7., XIII a XV, e 1., do Estatuto da OAB);
------ procedimento inquisitivo: no h acusao, no h contraditrio; no pode
ser argida suspeio da autoridade policial (art. 107 do CPP). O art. 14 do CPP diz que a
autoridade policial poder indeferir qualquer pedido de diligncia. O art. 184 do CPP trata
de uma diligncia que no pode ser indeferida, o exame de corpo de delito;
------ oficiosidade: esse princpio se funda no princpio da obrigatoriedade ou
legalidade. Sendo um crime de ao penal pblica incondicionada, a autoridade tem o
dever de promover o inqurito policial ex officio, independente de qualquer espcie de
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provocao;
------ oficialidade: o inqurito policial dirigido por rgos pblicos oficiais, no
caso, a autoridade policial. uma atividade investigatria feita por rgos oficiais;
------ indisponibilidade: uma vez instaurado, no pode ser arquivado pela
autoridade policial (art. 17 do CPP), indisponvel;
------ autoritariedade: presidido por uma autoridade pblica. Trata-se de
exigncia constitucional (art. 144, 4., da CF/88).
7.10. IncomunicabilidadeDestinada a impedir que a comunicao do preso com terceiros venha a prejudicar
o desenvolvimento da investigao.
Mediante despacho fundamentado pelo Juiz a partir da representao da
autoridade policial ou de requerimento do MP, poder ser decretada a incomunicabilidade
do indiciado pelo prazo de at 3 dias, por convenincia da investigao ou interesse da
sociedade (art. 21 do CPP).
Somente o Juiz pode decretar a incomunicabilidade. O despacho ser
fundamentado. A incomunicabilidade no poder ultrapassar 3 dias. decretada por
representao da autoridade ou requerimento do MP. No alcana o advogado.
O Prof. Fernando Capez entende que a incomunicabilidade no foi recepcionada
pela nova ordem constitucional. O art. 21 do CPP foi revogado pela CF de 1988, pois em
seu art. 136, 3., IV, probe a incomunicabilidade durante o estado de defesa. Logo, se a
CF probe o mais, tambm probe o menos. Em sentido contrrio: o Prof. entende que a
proibio est relacionada com crimes polticos ocorridos durante o estado de defesa.
Predomina o entendimento de que o art. 21 do CPP inconstitucional. Porm, nos
concursos, devemos consider-lo constitucional.
8. Notitia Criminis
8.1. ConceitoE o conhecimento, espontneo ou provocado, de um fato aparentemente delituoso
pela autoridade policial.
8.2. Espcies------ Notitia Criminis de cognio direta, imediata, espontnea: ocorre quando
a autoridade policial toma conhecimento direto da infrao penal por meio de suas
atividades rotineiras. Ex.: policiamento, imprensa, pelo encontro do corpo de delito ou at
pela delao annima. A delao annima (apcrifa) chamada de notitia criminis
inqualificada;
------ Notitia Criminis de cognio indireta, mediata: quando a autoridade policial
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toma conhecimento por meio de alguma comunicao oficial. Tambm chamada de
notitia criminis de cognio provocada ou qualificada, quando a autoridade policial toma
conhecimento do fato por requisio do MP ou autoridade policial.
Sendo a comunicao feita por meio de algum ato jurdico de comunicao formal
do delito, temos como exemplo a delactio crimini que o requerimento feito pela vtima ou
por qualquer um do povo, contendo a narrao do fato com todas as circunstncias, a
individualizao do suspeito e a indicao das provas. subscrita pelo requerente (notitia
criminis qualificada).
A delactio criminis se divide em:
- simples: s comunica o fato;
- postulatria: alm de comunicar o fato, postula providncias.
------ Notitia Criminis de cognio coercitiva: ocorre com a priso em flagrante,
em que a notcia ocorre com a apresentao do autor.
9. Incio do Inqurito Policial
9.1. Nos crimes de ao pblica incondicionada------ de ofcio, mediante portaria ou por despacho do Delegado de Polcia, que
dever conter o esclarecimento das circunstncias conhecidas e a capitulao legal da
infrao.
Necessrio sempre para a instaurao do inqurito policial, a existncia de justa
causa.
------ por requisio do Juiz (art. 40 do CPP) ou Promotor de Justia (art. 129, VIII,
da CF/88 e art. 5., II, do CPP).
A autoridade policial no pode se recusar a instaurar o inqurito, pois a requisio
tem natureza de determinao, de ordem, muito embora inexista subordinao hierrquica.
------ pela delactio criminis, quando a comunicao de um crime feita pela vtima
ou qualquer um do povo. Caso a autoridade policial indefira a instaurao de inqurito,
caber recurso ao Secretrio de Estado dos Negcios da Segurana Pblica ou ao
Delegado Geral de Polcia (art. 5., 2., do CPP).
A delactio criminis mera faculdade conferida ao cidado de colaborar com a
atividade repressiva do Estado. Contudo, h algumas pessoas que, em razo do seu
cargo ou da sua funo, esto obrigadas a notificar o crime que presenciaram ou tiveram
cincia (art. 66, I e II, da LCP; art. 45 da Lei n. 6.538/78; arts. 104 e 105 da Lei de
Falncias).
9.2. Nos crimes de ao pblica condicionada------ por representao do ofendido ou de seu representante legal. A
representao simples manifestao de vontade da vtima ou de seu representante legal,
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no h exigncia formal para a sua elaborao.
------ requisio do Ministro da Justia, que deve ser encaminhada ao chefe do
MP, o qual poder, desde logo, oferecer a denncia ou requisitar diligncias polcia.
9.3. Nos crimes de ao privada------ Requerimento do ofendido, de seu representante legal ou sucessores,
conforme disposto no art. 5., 5., do CPP c.c. os arts. 30 e 31 tambm do CPP.
Para o Prof. Fernando Capez, o art. 35 do CPP no foi recepcionado pela CF/88,
tendo em vista o art. 226, 5., da CF/88, podendo a mulher casada requerer a
instaurao do inqurito policial independentemente de outorga marital.
O art. 19 do CPP dispe que, nos crime em que no couber ao pblica, os autos
do inqurito sero remetidos ao juzo competente.
9.4 ObservaesObs. 1: O inqurito policial tambm pode comear mediante auto de priso em
flagrante nos trs casos citados. Nos crimes de ao pblica condicionada e de ao
privada, o ofendido dever ratificar o flagrante at a entrega da nota de culpa (24h).
Obs. 2: A autoridade policial no poder instaurar o inqurito policial se no houver
justa causa. Porm, o desconhecimento da autoria ou a possibilidade do sujeito ter agido
sob a proteo de alguma excludente da ilicitude no impede a instaurao do inqurito.
10. INSTAURAO DO INQURITO - PROVIDNCIASO inqurito policial no tem um procedimento rgido, ou seja, uma seqncia
imutvel de atos. O art. 6. do CPP traz a seqncia (roteiro) pela qual normalmente se
procede.
10.1. Primeira ProvidnciaDirigir-se ao local do crime e preservar o estado de coisas at a chegada da
percia. Qualquer alterao no estado de coisas pode comprometer as provas a serem
produzidas.
O art. 169 do CPP cuida da chamada percia de local (esta a regra).
Exceo: acidente automobilstico em que os veculos devem ser deslocados com a
finalidade de desobstruir a via pblica (Lei n. 5.970/73).
10.2. Segunda ProvidnciaApreender os objetos e instrumentos do crime aps liberao pela percia (art. 11
do CPP - instrumentos e objetos do crime apreendidos sero anexados ao inqurito
policial).
Para essa apreenso, necessria uma diligncia denominada busca e
apreenso, que pode consistir em busca e apreenso domiciliar. Pode ser realizada em
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qualquer dia, porm devem ser respeitadas as garantias de inviolabilidade domiciliar (art.
5., XI, da CF/88).
A noite, s se pode entrar no domiclio alheio em quatro situaes:
------ a convite do morador;
------ flagrante delito;
------ para prestar socorro;
------ em caso de desastre.
E durante o dia:
------ as quatro situaes acima citadas;
------ mediante prvia autorizao judicial, corporificada em instrumento
denominado mandado de busca e apreenso.
Antes, a autoridade policial no precisava de autorizao judicial, porm, mesmo
com esta, no podia entrar noite. Aplicava-se o art. 172 do CPC por analogia, contudo,
em dezembro de 1994, esse artigo teve sua redao alterada. No mais possvel sua
aplicao.
Critrio fsico: dia o perodo que medeia entre o romper da aurora e o crepsculo
solar; entre o nascer e o pr-do-sol; das 6 s 18h.
Domiclio (art. 150, 4., do CP) qualquer compartimento habitado; aposento
ocupado por habitao coletiva; compartimento no aberto ao pblico, onde algum
exerce profisso ou atividade. Ex.: quarto de hotel, motel.
Escritrio de advogado, na parte aberta ao pblico, no domiclio, mas sua sala .
Balco de bar domiclio, portanto, na anlise da Lei n. 9.437/97, basta o registro
de arma, e no o porte.
Automvel no domiclio.
A busca pessoal aquela feita na prpria pessoa. Independe de mandado,
bastando a fundada suspeita. Pode ser realizada a qualquer dia e a qualquer hora, salvo
se a pessoa estiver em seu domiclio.
10.3. Terceira ProvidnciaOuvir o ofendido e as testemunhas.
Podem ser conduzidos coercitivamente se o ofendido ou a testemunha
desatenderem ao mandado (princpio da autoritariedade - art. 201, par. n., do CPP). O
ofendido e testemunha podem cometer crime de desobedincia (art. 219 do CPP e art.
330 do CP).
A testemunha tem o dever de falar a verdade, sob pena de crime de falso
testemunho (art. 342 do CP). O ofendido, mesmo mentindo, no comete crime de falso
testemunho. No caso do representante do MP e do Magistrado como testemunhas, estes
podem marcar antecipadamente dia e hora para sua oitiva.
10.4. Quarta Providncia
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------ Indiciamento: consiste na suspeita oficial acerca de algum, ou seja, na
imputao a algum, em inqurito, da prtica de ilcito penal, sempre que houver razoveis
indcios de sua autoria. " o rascunho da denncia" (Pitombo). um ato abstrato, um juzo
de valor da autoridade policial que vai reconhecer algum como principal suspeito. O ato
seguinte a identificao criminal.
------ Entendimento do STF: "Aps a edio do texto constitucional promulgado em
5.10.1988, o identificado civilmente no ser submetido identificao criminal, salvo
excees que a lei ainda no fixou".
10.5. Quinta ProvidnciaReproduo simulada dos fatos (reconstituio). H duas limitaes:
------ no pode atentar contra a moral e os bons costumes;
------ no pode atentar contra o direito de defesa.
Se o indiciado, portanto, nega a autoria de um crime, ele no ser obrigado a
realizar a reconstituio ou realiz-la de forma diferente do que afirmou.
10.6. Sexta ProvidnciaEncerramento do inqurito policial com o relatrio, que a narrao objetiva das
diligncias feitas pela autoridade. A autoridade somente pode fornecer a classificao
jurdica do fato e essa classificao no vincula o MP.
11. INTERROGATRIO
11.1. Primeira ObservaoO interrogatrio extrajudicial ser assinado pelo Delegado de Polcia, pelo escrivo,
pelo indiciado e por duas testemunhas (testemunhas instrumentrias: so aquelas que, em
vez de deporem sobre os fatos, depem sobre a regularidade do procedimento. Espcies:
testemunhas de leitura).
11.2. Segunda ObservaoO interrogatrio extrajudicial tem valor probatrio relativo e s valer se confirmado
por outros elementos de prova.
11.3. Terceira ObservaoA CF consagrou o direito de silncio ao indiciado. A autoridade policial, portanto,
deve inform-lo desse direito (art. 5., LXIII, da CF), no podendo mais adverti-lo de que
seu silncio poder prejudicar sua prpria defesa, conforme art. 186 do CPP, j que este
no foi recepcionado pela CF.
11.4. Quarta ObservaoA autoridade policial no precisa intimar o defensor do indiciado para acompanhar
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o ato, muito menos nomear um defensor.
11.5. Quinta ObservaoEmbora tenha o direito de permanecer calado, o indiciado dever atender intimao e
comparecer ao ato. Cabe conduo coercitiva do indiciado que no queira comparecer.
11.6. Sexta ObservaoInterrogatrio do indiciado menor (dos 18 aos 21 anos), relativamente incapaz no
CPP: a autoridade dever nomear um curador. Se no nomear curador no inqurito
policial, nada acontecer, pois esta mera pea informativa, cujos vcios no afetam a
ao penal.
Como sano haver a perda da credibilidade do contraditrio.
No caso de priso em flagrante, poder haver relaxamento por vcio formal. Se o
interrogatrio for judicial, haver nulidade (art. 564, III, "c", do CPP).
A idade considerada a do dia do interrogatrio (tempus regit actum).
O interrogatrio extrajudicial tem valor probatrio relativo e depende de confirmao
por prova produzida sob o crivo do contraditrio.
Qualquer pessoa pode ser nomeada curador, que no necessita ser um advogado,
bastando para tanto ser maior e capaz.
A jurisprudncia faz, no entanto, uma restrio em relao aos policiais, pois estes
tm interesse na investigao.
12. PRAZO PARA ENCERRAMENTO DO INQURITO POLICIALDeve ser encerrado no prazo de 30 dias a partir da instaurao (recebimento da
notitia criminis), se o indiciado estiver solto. No terminado o inqurito no prazo de 30 dias,
bastar que a autoridade policial requeira a prorrogao por mais 30 dias.
Se o indiciado estiver preso, o prazo ser de 10 dias, contados da data da
efetivao da priso, e no se admitir qualquer prorrogao.
O prazo de Direito Processual (conta-se a partir do primeiro dia til seguinte). O
decurso no acarretar a perda do direito de punir, apenas o relaxamento da priso.
A jurisprudncia tem entendido, no entanto, que, embora se trate de prazo
processual, como se cuida da restrio da liberdade, deve ser contado conforme o
Direito Penal (conta-se o dia do comeo e exclui-se o do final). um prazo
processual que se conta como penal.
Obs.: Se o inqurito estiver tramitando perante a Justia Federal, o prazo ser de
15 dias, prorrogvel por mais 15 se o indiciado estiver preso. Se o indiciado estiver solto,
o prazo de 30 dias, com a possibilidade de prorrogao por mais 30 dias.
No caso de crime previsto na Lei de Txicos, o prazo para concluso do inqurito
com o indiciado preso ser de 5 dias se o crime estiver previsto nos arts. 15, 16 e 17, e de
10 dias se previsto nos arts. 12, 13 e 14.
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No caso de crimes contra a economia popular, o prazo de 10 dias, estando o
indiciado preso ou no.
13. ARQUIVAMENTOS pode ser determinado pelo Juiz se houver pedido do MP. Se o Juiz
discordar do pedido de arquivamento, ele aplicar o disposto no art. 28 do CPP, ou
seja, remeter os autos ao Procurador-Geral de Justia, que pode:
------ designar outro Promotor de Justia para oferecer a denncia (princpio da
independncia funcional). O Promotor de Justia designado no pode recusar-se, pois
quem est denunciando o Procurador-Geral; e aquele estar apenas executando (trata-
se de delegao);
------ devolver os autos para diligncias complementares;
------ insistir no arquivamento. Nesse caso, o Poder Judicirio no poder discordar
do arquivamento.
Arquivado o inqurito policial, no poder ser promovida a ao privada
subsidiria da pblica, nem recurso contra deciso que determinou o
arquivamento. Isso porque, arquivado o inqurito, s poder ser reaberto com
novas provas (Smula n. 524 do STF). O ofendido no pode iniciar a ao por meio
de ao privada.
Excees (recurso contra deciso de arquivamento):
------ em casos de crime contra a economia popular, caber recurso de ofcio;
------ em casos de jogo do bicho e mendicncia, caber recurso em sentido estrito.
Se o tribunal der provimento a esses recursos, o inqurito policial ser remetido ao
Procurador-Geral de Justia.
Se o Promotor de Justia requerer a devoluo dos autos polcia para diligncias
complementares, o Juiz dever, caso discorde, aplicar, por analogia, o art. 28 do CPP, e
no determinar a volta dos autos ao Promotor de Justia para promover a denncia. Se
assim fizer, caber correio parcial.
No existe arquivamento em ao privada, pois o pedido de arquivamento feito
pela vtima significa renncia (extino da punibilidade).
14. DA AO PENAL
14.1. ConceitoAo penal o instrumento pelo qual o Estado busca, por intermdio de seu
representante, a imposio de uma sano para o acusado de ato praticado e tipificado
como crime ou contraveno na legislao penal ptria.
14.2. ClassificaoSegundo o art. 100 do CP, que traa diretrizes bsicas sobre a classificao da
ao penal, esta pode ser ao penal pblica ou ao penal de iniciativa privada.
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ao penal, esta pode ser ao penal pblica ou ao penal de iniciativa privada.
14.3. Ao penal pblicaA ao penal pblica tem como titular exclusivo (legitimidade ativa) o MP (art.
129, I, da CF/88).
Para identificao da matria includa no rol de legitimidade exclusiva do MP,
deve-se observar a lei penal. Se o artigo ou as disposies finais do captulo nada
mencionar ou mencionar as expresses "somente se procede mediante representao"
ou "somente se procede mediante requisio do Ministro da Justia", somente o rgo
Ministerial poder propor a denncia (pea inicial de toda a ao penal pblica).
Vale lembrar que, apesar de a matria constar no rol de legitimidade exclusiva do
MP, ante a sua inrcia (MP no oferece a denncia no prazo legal), pode o ofendido ou seu
representante legal ingressar com ao penal de iniciativa privada subsidiria da pblica
(art. 5., LIX, da CF/88).
A ao penal pblica subdivide-se em ao penal pblica incondicionada e ao
penal pblica condicionada.
a) Ao penal pblica incondicionada
O MP independe de qualquer condio para agir. Quando o artigo de lei nada
mencionar, trata-se de ao penal pblica incondicionada. regra no Direito Penal
brasileiro.
b) Ao penal pblica condicionada
Apesar de o MP ser o titular de tal ao (somente ele pode oferecer a denncia),
depende de certas condies de procedibilidade para ingressar em juzo. Sem estas
condies, o MP no pode oferecer a denncia.
A condio exigida por lei pode ser a representao do ofendido ou a requisio
do Ministro da Justia.
------ Representao do ofendido: Representao a manifestao do ofendido
ou de seu representante legal, autorizando o MP a ingressar com a ao penal respectiva.
Se o artigo ou as disposies finais do captulo mencionar a expresso "somente
se procede mediante representao", deve o ofendido ou seu representante legal
representar ao MP para que este possa ingressar em juzo. A representao no exige
formalidades, deve apenas expressar, de maneira inequvoca, a vontade da vtima de ver
seu ofensor processado. Pode ser dirigida ao MP, ao Juiz de Direito ou autoridade
policial (art. 39 do CPP). Pode ser escrita (regra) ou oral, sendo que, neste caso, deve ser
reduzida a termo.
A representao tem natureza jurdica de condio de procedibilidade.
A vtima (ou seu representante legal) tem o prazo de seis meses da data do
conhecimento da autoria (e no do crime) para ofertar sua representao (art. 38 do CPP).
Tal prazo contado da oferta da representao e no do ingresso do MP com a ao
penal, podendo o MP oferecer a denncia aps os seis meses. Tal prazo no corre contra
o menor de 18 anos, ou seja, aps completar 18 anos, a vtima ter seis meses para
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representar ao MP. Em qualquer caso, tal prazo de direito material (segue as regras do
art. 10 do CP - computa-se o dia do comeo e no se prorroga no ltimo dia).
Se a vtima for menor de 18 anos, somente seu representante legal pode oferecer a
representao. Se maior de 18 e menor de 21 anos, tanto ela como seu representante
legal, com prazos independentes (Smula n. 594 do STF), podem oferecer a
representao e, caso haja conflito entre os interesses de ambos, prevalece a vontade de
quem quer representar.
Se houver conflito entre o interesse do ofendido e o do seu representante legal, ser
nomeado um curador especial, que verificar a possibilidade ou no da representao.
Segundo o art. 25 do CPP, pode o ofendido retratar-se (ou seja, desistir da
representao) at o oferecimento da denncia.
Pode haver a retratao da retratao (a pessoa retira a representao e depois a oferece
de novo - sempre dentro dos seis meses da data do conhecimento da autoria).
A representao no vincula (obriga) o MP a ingressar com a ao; o MP s
oferecer a denncia se vislumbrar a materialidade do crime e os indcios de autoria
(poder pedir o arquivamento do feito).
A requisio autorizao para a persecuo penal de um fato e no de pessoas
(eficcia objetiva).
Requisio do Ministro da Justia: Requisio o ato poltico e discricionrio pelo
qual o Ministro da Justia autoriza o MP a propor a ao penal pblica nas hipteses
legais.
Se o artigo ou as disposies finais do captulo mencionar a expresso "somente
se procede mediante requisio do Ministro da Justia", para que o MP possa oferecer a
denncia, necessria a requisio do Ministro. Tem natureza jurdica de condio de
procedibilidade e, como a representao, no vincula o MP a oferecer a denncia (pode
requerer o arquivamento).
A requisio autorizao para a persecuo penal de um fato e no de pessoas
(eficcia objetiva).
O Ministro da Justia no tem prazo para oferecer a requisio, quer seja, pode
oferec-la a qualquer tempo (no se sujeita aos seis meses de prazo como na
representao).
A lei silencia sobre a possibilidade de representao. Sobre o assunto, a doutrina
apresenta duas orientaes:
- segundo o Prof. entre outros, deve-se aplicar a analogia representao (art. 25
do CPP), sendo, portanto, possvel a retratao;
- segundo outra parte da doutrina, a requisio irretratvel, pois oart. 25 do CPP
no prev tal possibilidade.
2. PRINCPIOS DA AO PENAL PBLICA
2.1. Princpio da Oficialidade
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2.1. Princpio da OficialidadeSomente o MP pode oferecer a denncia (art. 129, I, da CF/88). Esse princpio
extinguiu o chamado procedimento judicial/formal, tambm chamado de "jurisdio sem
ao" (nas contravenes penais - art. 26 do CPP; nas leses corporais culposas e no
homicdio culposo). Nesses casos, o Juiz, por meio de portaria, iniciava a ao penal (no
havia denncia por parte do MP).
2.2. Princpio da ObrigatoriedadeO MP tem o dever, e no a faculdade, de ingressar com a ao penal pblica, quando
identificar a hiptese de atuao, ou seja, se o MP concluir que houve um fato tpico e
ilcito. Como o rgo Ministerial tem o dever de ingressar com a ao penal pblica, o
pedido de arquivamento deve ser motivado (art. 28 do CPP). Esse princpio foi mitigado
(restrito) com a entrada em vigor da Lei n. 9.099/95 (arts. 74 e 76). Antes de oferecer a
denncia, o MP pode oferecer a transao (um acordo) com o autor do fato (princpio da
discricionariedade regrada).
2.3. Princpio da Indisponibilidade da Ao Penal PblicaDepois de proposta a ao, o MP no pode dela desistir (art. 42 do CPP). O art.
564, III, "d", do CPP prev que o MP deve manifestar-se sobre todos os termos da ao
penal pblica. Tambm foi mitigado pela Lei n. 9.099/95 (somente em crimes de menor
potencial ofensivos e nas contravenes penais -art. 89). O MP pode celebrar a transao
com o ru.
2.4. Princpio da IndivisibilidadeO MP no pode escolher, dentre os indiciados, qual vai processar. Decorre do
princpio da obrigatoriedade.
2.5. Princpio da IntranscendnciaA ao penal no pode passar da pessoa do autor e do partcipe. Somente estes
podem ser processados (no pode ser contra os pais ou representante legal do autor ou
partcipe).
Tanto a ao penal pblica incondicionada como a condicionada se norteiam por
tais princpios. Quando se tratar, porm, de ao penal pblica condicionada, deve ser
observada a representao do ofendido ou a requisio do Ministro da Justia (condies
de procedibilidade).
1. AO PENAL PRIVADA1.1. ConceitoE a ao proposta pelo ofendido ou seu representante legal.
1.2. Substituio processual
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O Estado o titular exclusivo do direito de punir. Nas hipteses de ao penal
privada, ele transfere ao particular a iniciativa da ao penal, mas no o direito de punir. O
ofendido, portanto, em nome prprio, defende interesse alheio (legitimao extraordinria).
Na ao penal pblica, ocorre legitimao ordinria porque o Estado soberano, por meio
do MP, que movimenta essa ao.
1.3. Espcies de Ao Penal Privada Ao penal exclusivamente privada: aquela proposta pelo ofendido ou seu
representante legal e, no caso de morte do ofendido, o direito de oferecer queixa ou
prosseguir na ao passar ao cnjuge, ao ascendente, ao descendente ou ao irmo (art.
31 do CPP).
Ao penal privada personalssima: aquela que s pode ser promovida nica e
exclusivamente pelo ofendido. Ex.: adultrio (art. 240 do CP), induzimento a erro essencial
(art. 236 do CP).
Ao penal privada subsidiria da pblica: aquela proposta pelo ofendido ou por
seu representante legal na hiptese de inrcia do MP em oferecer a denncia.
1.4. PrazoEm regra, o prazo para o oferecimento da queixa de 6 meses a partir do
conhecimento da autoria. Esse um prazo decadencial, pois seu decurso leva extino
do direito de queixa. A decadncia no extingue o direito de punir (o que leva tal direito
extino a prescrio e no a decadncia). A decadncia extingue o direito de ao
(queixa) e o direito de representao.
A decadncia um prazo de direito material contado de acordo com o CP. O prazo
decadencial para o oferecimento da queixa interrompe-se com o seu oferecimento, e no
com o seu recebimento. O recebimento interrompe a prescrio. O prazo decadencial no
se prorroga caso termine num domingo ou feriado. Inclui-se o dia do comeo e exclui-se o
do fim. No caso da ao privada subsidiria da pblica, o prazo decadencial de 6 meses
tambm, contudo, conta-se a partir do encerramento do prazo para oferecimento da
denncia.
A decadncia do direito de queixa subsidiria no extingue a punibilidade, s
extingue o direito de ao, portanto, o MP pode oferecer a denncia a qualquer tempo. A
ao privada subsidiria da pblica conserva sua parte pblica.
1.5. Princpios da Ao Penal Privada
1.5.1. Princpio da convenincia ou oportunidade
O ofendido tem a faculdade, no o dever de propor a ao penal.
1.5.2. Princpio da disponibilidade
O ofendido pode desistir ou abandonar a ao penal privada. O perdo do ofendido
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depende da aceitao da outra parte. A desistncia com a aceitao do ofendido equivale
ao perdo.
1.5.3. Princpio da indivisibilidade
O ofendido obrigado a incluir na queixa todos os ofensores. O ofendido no
obrigado a entrar com queixa, mas, se o fizer, obrigado a interpor contra todos (art. 48 do
CPP). Ainda, segundo o princpio da indivisibilidade, a extino da punibilidade alcana
todos os querelados.
1.6. Denncia e Queixa1.6.1. Requisitos da denncia
Endereamento da denncia: o endereamento equivocado caracteriza mera
irregularidade. O que causa nulidade no o endereamento errado, mas sim o Juiz
incompetente remeter ao Juiz competente antes de receb-la.
Descrio completa dos fatos: todas as circunstncias. Mais importante, pois, no
processo penal, o ru se defender dos fatos, sendo irrelevante a classificao jurdica
destes. O que limita a sentena so os fatos. A narrao incompleta dos mesmos pode ou
no acarretar a nulidade da denncia.
S haver nulidade se a deficincia inviabilizar o exerccio do direito de defesa. Na
hiptese de concurso de agentes (co-autoria e participao), necessria a descrio da
conduta de cada um. Excees:
- crimes de autoria coletiva (praticados por multido);
- delitos societrios (diretores se escondem atrs da pessoa jurdica).
Classificao jurdica dos fatos: no essencial, pois o ru se defende dos fatos e
no da acusao jurdica (juria novit curia o Juiz conhece o direito). Art. 383 do CPP
emendatio libeli: corrigir a acusao. O Juiz no pode receber a denncia e, nesse
momento, dar uma classificao jurdica diversa, porque a fase correta para isso a
sentena; o recebimento uma deciso de mera prelibao, sem o exame aprofundado
da prova; no h prova produzida pelo crivo do contraditrio. O recebimento com
classificao diversa recebimento parcial e, portanto, dele cabe recurso.
Qualificao do denunciado: individualizar quem est sendo acusado. No
havendo dados para a qualificao do acusado, a denncia dever oferecer seus dados
fsicos (traos caractersticos), desde que possvel sua caracterizao.
Rol de testemunhas: a denncia o momento oportuno para se arrolarem
testemunhas, sob pena de precluso. Perdida essa oportunidade, depender de
consentimento do Juiz.
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Pedido de condenao: no se exige formula sacramental ("peo a condenao"),
basta que fique implcita essa vontade. A falta acarreta mera irregularidade.
Nome, cargo e posio funcional: s haver nulidade quando essa falta inviabilizar
por completo a identificao da autoria da denncia.
Assinatura.
Denncia alternativa a descrio alternativa de fatos, de maneira que, no
comprovado o primeiro fato, pede-se a condenao do segundo subsidiariamente
(princpio da eventualidade).
A denncia alternativa inepta, pois inviabiliza o direito de defesa. Segundo a
Smula n. 1 das mesas de Processo Penal da USP, a denncia alternativa no deve ser
aceita.
1.6.2. Requisitos da queixa
So os mesmos requisitos da denncia, acrescidos do art. 44 do CPP. Na
procurao, devem constar o fato criminoso e o autor, caso contrrio o advogado estar
cometendo um crime.
1.7. Causas de Rejeio da Denncia ou Queixa1.7.1. Quando o fato narrado evidentemente no constituir crime
O Juiz s rejeitar a denncia quando da leitura do fato concluir que este atpico ou que
est acobertado com causa de excluso de ilicitude. Nesse caso, falta uma condio da
ao. H uma verdadeira impossibilidade jurdica do pedido. O art. 43, I, do CPP faz coisa
julgada material (no pode ser oferecida a denncia de novo).
1.7.2. Quando j estiver extinta a punibilidade do agente
Falta uma condio da ao, que o interesse de agir. Faz coisa julgada material (art. 43,
II, do CPP).
1.7.3. Ilegitimidade de parte
Implica rejeio in limine (art. 43, III, do CPP).
1.7.4. Quando faltar condio de procedibilidade
Ex.: entra com denncia sem representao (art. 43, III, 2.a parte, do CPP).
1.7.5. Quando faltar justa causa para a denncia
E preciso um mnimo de lastro probatrio (art. 648,I, do CPP).
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1.8. Renncia
E a abdicao do direito de oferecer queixa ou representao. S ser possvel
renunciar a uma ao penal privada ou a uma ao penal pblica condicionada, tendo em
vista que o MP jamais poder renunciar qualquer ao pblica.
A renncia unilateral, ou seja, no depende da aceitao do ru, sendo causa
extintiva da punibilidade. A renncia, no entanto, extraprocessual, ou seja, s poder
existir renncia antes da propositura da ao.
Existem duas formas de renncia:
expressa: quando houver uma declarao assinada pela vtima;
tcita: quando a vtima praticar ato incompatvel com a vontade de processar (ex.:
o casamento da vtima com o agressor).
A renncia concedida a um ru estende-se a todos, ou seja, quando houver vrios
rus, caso haja renncia a um deles, haver, obrigatoriamente, renuncia a todos.
No caso de dupla titularidade, a renncia de um no significa a renncia do outro.
No se deve confundir renncia com desistncia, tendo em vista que aquela ocorre
antes da propositura da ao e esta depois da propositura da ao. A nica situao de
desistncia da ao est prevista no art. 522 do CPP.
1.9. Perdo do Ofendido
S ser possvel na ao penal privada, tendo em vista que o MP jamais poder
perdoar o ofendido. O perdo obsta o prosseguimento da ao, causando a extino da
punibilidade. S haver o perdo aps o incio da ao, pois, tecnicamente, o perdo
antes da ao seria a renncia. O limite para ser dado o perdo o trnsito em julgado
final.
Existem duas formas de perdo:
expresso: quando houver uma declarao assinada pelo querelante;
tcito: quando o querelante praticar ato incompatvel com a vontade de processar.
O perdo bilateral, ou seja, depender sempre da aceitao do querelado. Caso
no haja aceitao, o processo prosseguir. A aceitao do ru poder ser:
expressa: quando houver uma declarao assinada pelo querelado;
tcita: se o querelado no se manifestar em trs dias.
O perdo concedido a um co-ru estende-se a todos, entretanto, se algum dos co-
rus no o aceitar, o processo seguir para ele. possvel o perdo parcial (p. ex.:
perdoar por um crime e no perdoar por outro), sendo uma posio doutrinria sem
previso legal.
No caso de dupla titularidade, o perdo concedido por um, havendo oposio do
outro, no produzir efeitos.
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1.10. Perempo
Significa a "morte" da ao penal privada em razo da negligncia do querelante.
So hipteses de perempo:
quando o querelante deixa de promover o andamento do processo por 30 dias
seguidos, a perempo automtica;
quando morre o querelante e nenhum sucessor aparece para dar prosseguimento
ao. O sucessor ter 60 dias para dar seguimento ao processo;
quando o querelante deixa de comparecer a ato em que deveria pessoalmente
estar presente;
quando o querelante deixa de pedir a condenao do querelado nas alegaes
finais;
quando o querelante pessoa jurdica que se extingue sem deixar sucessor;
quando morre o querelante na ao penal privada personalssima.
1. AO CIVIL EXDELICTO
Ao Civil ex delicto a ao cvel que pode ser proposta pelo ofendido, seu
representante legal ou seus herdeiros em razo da ocorrncia de um delito. Sua finalidade
a obteno da reparao do dano. Est disposta nos arts. 63 a 67 do CPP. proposta
no juzo cvel contra o autor do crime ou seu responsvel civil.
Dispe o par. n. do art. 64 do CPP, in verbis: "Intentada a ao penal, o Juiz da
ao civil poder suspender o curso desta, at o julgamento definitivo daquela".
Se a ao penal, portanto, ainda estiver em curso, a vtima poder entrar com a
ao civil no juzo cvel para requerer a indenizao. Como poder ocorrer, no entanto, o
conflito de decises, o Juiz da ao civil poder suspender o curso dessa ao at
julgamento final da ao penal.
Em regra, a absolvio do ru no juzo criminal no impede a ao civil de
indenizao, que poder ser proposta quando no tiver sido categoricamente reconhecida
a inexistncia material do fato. Tambm no impediro a propositura da ao civil:
o despacho de arquivamento do inqurito ou das peas de informao;
a deciso que julgar extinta a punibilidade;
a sentena absolutria que decidir que o fato imputado no constitui crime.
No cabe ao civil:
quando o Juiz criminal reconhecer a inexistncia do fato;
quando o Juiz criminal reconhecer que o sujeito no participou do fato;
quando o Juiz criminal reconhecer uma causa excludente da antijuricidade
(legtima defesa, estado de necessidade, exerccio
regular de direito ou estrito cumprimento do dever legal). Nesta hiptese, entretanto, pode
haver exceo em que caiba ao civil nos casos previstos nos arts. 1.519 e 1.520 do CC
(estado de necessidade agressivo quando h ofensa a um inocente) e no art. 1.540 do CC
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(legtima defesa real com aberratio ictus, ou seja, erro de alvo cometido pelo agente do
crime).
1.2. Execuo Civil
A sentena penal condenatria, com trnsito em julgado, poder ser executada no
juzo cvel, mas como o Juiz criminal no fixa o quantum, necessrio que se faa a
liquidao da sentena. Quando o titular do direito reparao do dano for pobre (art. 32,
1. e 2., do CPP), a execuo da sentena condenatria (art. 63 do CPP) ou a ao
civil (art. 64 do CPP) ser promovida, a seu requerimento, pelo MP.
Jurisdio e Competncia
1. PRINCPIOS GERAIS DA JURISDIOJurisdio a funo por meio da qual o Estado-Juiz aplica o Direito ao caso
concreto.
Caractersticas:
Inrcia: a jurisdio no age de ofcio, depende de provocao das partes, pois,
caso contrrio, sua imparcialidade ficaria abalada, ne procedat iudex ex oficio.
Indelegabilidade: a jurisdio no pode ser delegada a nenhum outro rgo. O
Judicirio um Poder Constitudo, que recebeu sua funo do Poder Constituinte, previsto
na CF/88. "No se pode delegar o que se recebeu por delegao", dellegatur dellegare
nonpotest.
Investidura: apenas aquele legalmente investido no exerccio da funo
jurisdicional que pode exerc-la.
Inevitabilidade: consiste em sujeio do ru ao processo e sujeio de ambas as
partes deciso.
Inafastabilidade ou indeclinabilidade: a lei no pode excluir a apreciao de leso
ao Direito. O legislador no pode produzir leis restringindo o acesso ao Judicirio e o
prprio Judicirio no pode deixar de julgar, no pode declinar de sua funo. Est
expresso na CF/88 no art. 5., inc. XXXV.
Aderncia ao territrio: a jurisdio reflexo do poder soberano do Estado, atua
dentro do territrio nacional. Para a jurisdio atuar em outro pas, preciso que o outro
pas a aceite. Ex.: carta rogatria.
1.1. Competncia
Competncia a medida da jurisdio, a quantidade de jurisdio cujo exerccio
atribudo por lei a um rgo ou grupo de rgos. Os arts. 69 e ss. do CPP estabelecem
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os critrios de competncia. So eles:
I- o lugar da infrao;
II- o domiclio ou residncia do ru;
III - a natureza da infrao;
IV - a distribuio;
V- a conexo ou continncia;
VI- a preveno;
VII- a prerrogativa de funo.
Obs.: a conexo e a continncia no so critrios de fixao de competncia, so
critrios de modificao de competncia.
1.2. Determinao da Competncia - Foro Competente
Foro o territrio dentro do qual determinado rgo judicial exerce sua parcela de
jurisdio.
mbito Estadual - 1 .a instncia - comarca e 2.a instncia - TJ/TACrim.
mbito Federal - l.a instncia - seo ou subseo judiciria e 2.a instncia - TRF.
1.2.1. Competncia pelo lugar da infrao (art. 69,I, do CPP)
Usa-se como regra, para fixar a competncia, o lugar da infrao. O CPP, no art.
70, utilizou o local onde ocorreu a consumao ou, no caso de tentativa, o lugar em que foi
praticado o ltimo ato de execuo. O domiclio do ru um critrio subsidirio que s
ser utilizado se for impossvel determinar o lugar da infrao.
Ateno! No confundir:Art. 4. do CP - Tempo do crime, teoria da atividade - considera-se praticado o
crime no momento da ao ou omisso, ainda que outro seja o momento do resultado.
Importante para identificar a lei penal aplicvel ao caso, a idade do agente ao tempo da
infrao etc.
Art. 6. do CP - Lugar do crime, teoria da ubiqidade - considera-se praticado o
crime no lugar em que ocorreu a ao ou omisso, bem como onde se produziu ou deveria
produzir-se o resultado. Importante para identificar se a lei penal brasileira ser aplicada
ao fato criminoso. Se a ao ou o resultado ocorreram aqui no Brasil, a lei penal ptria
ser aplicada.
Art. 70 do CPP - Lugar do crime para a fixao da competncia, teoria do
resultado, o local da consumao ser o foro competente para iniciar a ao penal.
1.2.2. Casos especiais
a) Estelionato mediante a emisso de cheque sem fundo (art. 171, 2., VI, do CP).
O crime se consuma quando o banco sacado recusa o pagamento. O foro
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competente ser o do banco sacado que recusou o pagamento do cheque.
E esse o entendimento das Smulas n. 521 do STF e n. 244 do STJ (1.2.2001).
b) Estelionato (art. 171, caput, CP)
Foro competente: local do prejuzo. Ex.: Adonilza encontra uma folha de cheque na
rua, vai at uma loja e faz uma compra, fazendo-se passar por titular do cheque, o lojista
enganado entrega a mercadoria. O foro competente para a ao penal ser o do local do
prejuzo - Smula n. 48 do STJ.
c) Crimes qualificados pelo resultado (Ex.: art. 129, 2., V, leso corporal
qualificada pelo resultado aborto)
O local da consumao do resultado agravador ser o foro competente para a
propositura da ao penal.
d) Falso testemunho praticado mediante precatria
O foro competente ser o Juzo deprecado. O local onde ocorreu a oitiva da
testemunha ser o competente.
e) Homicdio doloso consumado
A jurisprudncia entende que o foro competente ser o do local da ao e no do
resultado, pois, dessa forma, o ru ser julgado pelos seus pares, alm de facilitar a
produo de provas, j que as testemunhas que no residem na mesma comarca onde se
processa a ao no tm obrigao de comparecer.
f) Crime de extorso mediante seqestro
Crime permanente, sua fase consumativa se prolonga no tempo. Est consumado o
crime com a privao da liberdade por tempo juridicamente relevante. Ex.: um empresrio
seqestrado em So Paulo levado para cativeiro em Campinas, depois o cativeiro
mudado para Americana. A consumao desse crime ocorreu em todos esse lugares. A
competncia, nesse caso, fixa-se pela preveno .
g) Crime que se consuma na divisa entre duas cidades
O foro competente ser qualquer uma das cidades; fixa-se pela preveno.
h) Tentativa
O foro competente ser o do ltimo lugar da execuo, onde ocorreu o ltimo ato.
i) Crimes a distncia, iter criminis ocorre entre dois pases
Ex.: execuo no Brasil e consumao em outro pas, ou execuo em outro pas e
consumao no Brasil. Foro competente ser o lugar do ltimo ato de execuo ou o lugar
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onde o crime se consumou ou deveria ocorrer a consumao.
Ex. 1: terrorista envia carta-bomba da Argentina para explodir em So Paulo, sendo
que a exploso no vem a acontecer. O foro competente para propor a ao ser So
Paulo.
Ex. 2: brasileiro mata empresrio em Nova York. A execuo e a consumao do
crime ocorreram no exterior, entretanto ser julgado pelas leis brasileiras em razo da
extraterritorialidade da lei penal. O foro competente para processar a ao ser a Capital
do Estado do ltimo domiclio do ru. Se o ru nunca teve domiclio no Brasil, ser
processada a ao no DF.
j) Crime praticado a bordo de embarcao
Embarcao nacional pblica: em qualquer lugar que esteja e ocorrer o crime, este
ser julgado perante as leis ptrias. Se a embarcao for nacional privada, quando se
encontrar no mar territorial ou em alto mar, os crimes a bordo ocorridos sero julgados pela
lei nacional. O foro competente para propor a ao ser o local do porto nacional onde
ocorreu o primeiro atracamento aps o crime ou o porto de onde a embarcao saiu do
Brasil para o exterior. Para os crimes cometidos a bordo de aeronave, utiliza-se a mesma
regra da embarcao, sendo que o foro competente para propor a ao ser o local do
aeroporto onde ocorreu o primeiro pouso aps o crime ou o aeroporto de onde saiu a
aeronave antes do crime.
l) Crimes de competncia da Lei n. 9.099/95
A doutrina diverge quanto ao foro competente para processar a ao.
1.a corrente: ProP. Ada Pellegrini Grinover - foro competente ser o local da ao,
teoria da atividade.
2.a corrente: Prof. Mirabete - foro competente ser o local da ao ou do resultado,
teoria da ubiqidade.
3.a corrente: Prof. Tourinho - foro competente ser o local do resultado, teoria do
resultado.
Como a competncia relativa, pode-se usar qualquer uma delas.
1.2.3. Domiclio ou residncia - critrio subsidirio
Conforme o art. 72 do CPP, no sendo conhecido o lugar da infrao, a
competncia regular-se- pelo domiclio ou residncia do ru. Ex.: uma passageira de um
nibus que fazia o percurso So Paulo/Bahia, ao desembarcar, percebe que teve sua
carteira furtada. O nibus esteve o tempo todo em trnsito, no h como precisar o local da
infrao. A ao ser proposta no local do domiclio ou residncia do ru. Se o ru tiver
mais de um domiclio, conforme o art. 72, 1., do CPP, a competncia firmar-se- pela
preveno, e caso o ru no tenha domiclio certo, ou seja ignorado seu paradeiro, ser
competente o Juiz que primeiro tomou conhecimento do fato.
Na ao penal privada, o ofendido poder preferir o foro do domiclio ou residncia do ru,
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mesmo quando conhecido o lugar da infrao. O critrio optativo, de acordo com o art.
73 do CPP.
1.3. Natureza da InfraoConforme a natureza do delito, a ao ser julgada por uma determinada justia
competente.
Organizao da Justia Penal: . Especial - Eleitoral (art. 121 da CF/88) e Militar (art.
124 da CF/88).
Comum - Federal e Estadual (a Justia Estadual tambm conhecida como
residual; para ela resta o que no for da competncia das Justias Eleitoral, Militar e
Federal).
1.3.1. Justia Eleitoral
. STF (Braslia)
Tribunal Superior Eleitoral (Braslia)
Tribunal Regional Eleitoral (capital do Estado)
Juiz Eleitoral (Juzes de Direito da Justia Estadual)
Tem competncia para julgar:
crimes eleitorais definidos no Cdigo Eleitoral;
crimes eleitorais previstos nas leis extravagantes.
1.3.2. Justia Militar
Superior Tribunal Militar (Braslia - 2.a instncia) e Auditorias Militares (l.a
instncia).
Estadual: Tribunal de Justia Militar ou Tribunal de Justia (para os Estados que
no possuem TJM - 2.a instncia) e Auditorias Militares (l.a instncia).
Sero Julgados pela Justia Militar Federal:
civis que pratiquem crime definido como militar;
integrantes das foras armadas (Exrcito, Marinha e Aeronutica) que pratiquem
crime definido como militar.
Sero julgados pela Justia Militar Estadual (art. 125, 4., da CF/88): os policiais
militares e os bombeiros militares, nos crimes definidos em lei como militares.
Smula n. 53 do STJ: "Compete Justia Comum Estadual processar e julgar civil
acusado de prtica de crime contra instituies militares estaduais".
Crimes Militares:
Propriamente militar ou prprio - aqueles definidos no Cdigo Penal Militar (Dec.-lei n.
1.001/69), sem equivalente na justia penal comum. Ex.: motim, dormir em servio,
insubordinao.
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Impropriamente militar ou imprprio - aqueles crimes definidos na legislao
militar com equivalente na lei penal comum. Ex.: estupro, roubo, furto. Se o crime for
praticado pelo militar em servio, ser utilizado o CPM, se o militar no estiver em servio,
ser utilizado o CP.
A Lei n. 9.299/96 alterou a competncia da Justia Militar. Alguns crimes que eram
da Justia Militar passaram para a competncia da Justia Comum. Antes dessa lei, os
crimes praticados por militar fora do servio, mas com arma da corporao, eram
definidos como crimes militares; agora, se o militar estiver fora do servio, com ou sem a
arma da corporao, ser julgado pela Justia Comum Estadual. Os crimes dolosos contra
a vida praticados por militar contra civil durante o servio tambm passaram a ser da
competncia da Justia Comum, julgados pelo Tribunal do Jri. Se o militar em servio
pratica crime definido apenas no CP, ser julgado pela Justia Comum. Ex.: abuso de
autoridade - Lei n. 4.898/65.
Smula n. 6 do STJ: "Compete Justia Comum Estadual processar e julgar delito
decorrente de acidentes de trnsito envolvendo viatura militar, salvo se autor e vtima forem
policiais militares em situao de atividade".
Smula n. 75 do STJ: "Compete Justia Comum Estadual processar e julgar o
policial militar acusado de facilitao de fuga de preso em estabelecimento penitencirio".
Smula n. 78 do STJ: "O policial militar ser julgado pela Justia Militar Estadual de
seu Estado, ainda que o crime seja praticado em outro Estado".
1.3.3. Justia Federal
Compete Justia Federal processar e julgar os casos previstos no art. 109 da
CF/88. O art. 109, IV, da CF/88 trata das infraes penais praticadas em detrimento de
bens ou interesses da Unio. Conforme a Smula n. 38 do STJ, as contravenes
praticadas em detrimento de bens ou interesses da Unio sero julgadas pela Justia
Comum Estadual.
Crimes praticados contra funcionrio pblico federal, quando relacionados com o
exerccio da funo, so julgados pela Justia Federal, conforme a Smula n. 147 do STJ.
Os crimes de trfico de entorpecentes e de crianas, se internacionais, sero da
competncia da Justia Federal; se internos, a competncia da Justia Comum.
Tambm compete Justia Federal processar e julgar os crimes a distncia previstos em
tratado ou conveno internacional e os crimes praticados a bordo de navio ou aeronave
(Ateno! No o foro competente, mas a Justia competente). As embarcaes de
pequeno porte so de competncia da Justia Comum.
1.3.4. Observaes finais
A natureza da infrao, portanto, serve para fixar a competncia.
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Existindo mais de um Juzo igualmente competente, a competncia ser
determinada pela preveno ou pela distribuio. Ocorre a preveno quando um Juzo,
antecipando-se aos demais, pratica algum ato processual ou medida relativa ao processo.
Ex.: decretao de priso preventiva, determinao de busca e apreenso. No havendo a
preveno, usa-se a distribuio, que o sorteio da ao perante os Juzes competentes,
determinando qual atuar no processo.
1. JURISDIO E COMPETNCIA
1.1. Conexo e Continncia
A conexo e a continncia (art. 69, inc. V, do CPP) so critrios de modificao da
competncia e no de fixao.
O art. 76 do CPP estabelece quando a competncia ser determinada pela
conexo. Haver conexo quando existir um liame subjetivo (entre as pessoas) ou objetivo
(entre os delitos) unindo duas ou mais infraes penais. Nesse caso, as aes sero
reunidas e julgadas em conjunto, simultaneus processus.
A conexo pode ser:
. Art. 76, inc. I, do CPP - intersubjetiva - quando as infraes houverem sido
praticadas:
- ao mesmo tempo, por vrias pessoas reunidas;
- por vrias pessoas em concurso, embora diverso o tempo e o lugar;
- por vrias pessoas, umas contra as outras (reciprocidade).
Art. 76, inc. II, do CPP - objetiva - quando as infraes houverem sido praticadas:
- para facilitar ou ocultar outras;
- para conseguir impunidade ou vantagem em relao a qualquer delas.
A conexo objetiva conseqencial compreende os casos acima descritos, e a
conexo objetiva teleolgica aquela que ocorre quando um crime praticado para
facilitar ou assegurar a execuo de outro crime.
Art. 76, inc. III, do CPP - instrumental ou probatria:
- quando a prova de uma infrao ou qualquer de suas circunstncias elementares
influir na prova de outra infrao; tem fins probatrios.
O art. 77 do CPP estabelece quando a competncia ser determinada pela
continncia.
A continncia pode ser:
. Art. 77, inc. I, do CPP - subjetiva - quando duas ou mais pessoas forem acusadas
pela mesma infrao, configurando-se concurso de agentes. Ateno! - na conexo
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intersubjetiva so duas infraes, na continncia subjetiva h apenas uma infrao.
. Art. 77, inc. II, do CPP - objetiva - nos casos dos artigos:
- art. 70, 1 .a parte, do CP - concurso formal;
- art. 73, parte final, do CP - aberratio ictus (erro na execuo);
- art. 74, parte final, do CP - aberratio criminis (resultado diverso do pretendido).
O art. 78 do CPP determina qual o foro prevalente em caso de conexo e
continncia:
I - Competncia do Jri e de outro rgo da jurisdio comum: prevalecer a
competncia do Jri. Obs.: se o crime for eleitoral e doloso contra a vida, os processos
sero julgados separadamente, no haver a reunio de processos, pois a competncia
de ambos fixada na CF/88.
II - Concurso de jurisdies de mesma categoria: . prepondera o local da infrao
qual for cominada pena mais grave (recluso > deteno > priso simples.
Se a pena mxima for igual, usa-se a que tem a maior pena mnima);
. sendo iguais as penas, prevalece o local onde foi praticado o maior nmero de
crimes;
. se nenhum desses casos fixar a competncia, utiliza-se o critrio da preveno
(ver III, item 1.3.4).
III - Concurso entre jurisdies diversas: prevalece a mais graduada. Ex.: TJ e Juiz
singular - prevalece o TJ. Se a conexo for entre crime de competncia da Justia Estadual
e da Justia Federal, para o Prof. TOURINHO so jurisdies de mesma categoria; para a
jurisprudncia, a Justia Federal especial em relao Justia Estadual. A Smula n.
122 do STJ decidiu a questo, determinando que: "Compete Justia Federal o processo
e julgamento unificado dos crimes conexos de competncia federal e estadual, no se
aplicando a regra do art. 78, inc. II, 'a', do CPP".
IV - Concurso entre Jurisdio Comum e Jurisdio Especial (Militar e Eleitoral):
prevalecer a Especial. No sero reunidos os processos para julgamento em conjunto
nos casos do art. 79 do CPP:
I- concurso entre jurisdio comum e militar - Smula n. 90 do STJ - "Compete
Justia Estadual Militar processar e julgar o policial militar pela prtica de crime militar, e
Comum pela prtica do crime comum simultneo quele".
II- concurso entre Justia Comum e Justia da Infncia e Juventude.
1. Supervenincia de doena mental a um dos co-rus;
2. Co-ru revel que no possa ser julgado revelia (infrao inafianvel, no
comparece no Tribunal do Jri, citao por edital) e na ciso do julgamento durante a
sesso plenria do Jri (art. 461 do CPP).
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O art. 80 do CPP determina os casos em que a separao dos processos
facultativa, apesar da conexo e continncia:
. se as vrias infraes forem praticadas em diferentes condies de tempo e lugar;
. se excessivo o nmero de acusados ou para evitar o prolongamento do tempo de
priso provisria;
. se, por outro motivo relevante, o juiz julgar conveniente a separao (o juiz tem
discricionariedade para determinar isso).
1.2. Perpetuao da Competncia (Perpetuatio Jurisdicionis - art.81 do CPP)
A vis atractiva, efeito principal da conexo e continncia, desloca para a
competncia de um mesmo julgador os crimes conexos aos de sua competncia. Se o juiz
ou o Tribunal absolver ou desclassificar o crime de sua competncia, continuar
competente para o julgamento das demais infraes. Ex.: concurso de agentes - juiz e
escrivo cometem crime de furto. Os dois sero julgados pelo TJ - vis atractiva. Se o juiz
for absolvido, o escrivo continua a ser julgado pelo TJ.
Exceo: no Jri, se o juiz desclassificar, impronunciar ou absolver o acusado, de
maneira que exclua a competncia do Jri, remeter o processo ao juiz competente (art.
81, par. n., do CPP).
Os crimes conexos ao do Tribunal do Jri, no dolosos contra a vida, sero julgados
pelo Juiz Presidente e no pelos jurados (posio predominante da jurisprudncia).
1.3. Art. 82, CPP - Avocao de Processos
Se, mesmo ocorrendo conexo ou continncia, foram instaurados vrios processos,
a autoridade prevalente deve avocar para si os processos que corram perante outros
juzes, se ainda no foram julgados em sentena definitiva. Se j houver sentena definitiva,
isto , julgamento de mrito, a unificao dos processos se dar posteriormente, na
execuo, para efeitos de soma ou unificao das penas.
1.4. Art. 83, CPP - Preveno
Concorrendo dois juzes, igualmente competentes, fixa-se a competncia pela
preveno. Ocorre a preveno quando um dos juzes anteceder aos outros na prtica de
algum ato do processo ou medida referente a esse, ainda que anterior ao oferecimento da
denncia ou queixa.
1.5. Art. 84, CPP - Prerrogativa de Funo
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A competncia pela prerrogativa de funo do STF e dos Tribunais de Justia,
relativamente s pessoas que devam, perante eles, responder por crime comum ou de
responsabilidade.
O foro por prerrogativa de funo no privilgio pessoal, mas sim em razo da
funo que exerce. Extinguindo-se a funo, extingue-se a prerrogativa. A razo da
prerrogativa de funo garantir a sociedade de eventual parcialidade do julgador, que
estaria vulnervel a eventuais presses.
A Lei n. 8.038/90 dispe sobre o procedimento para os processos perante o STJ e
STF.
Antes de receber a denncia ou a queixa, o Tribunal deve notificar a autoridade
para apresentar, em 15 dias, a defesa preliminar. oportunidade de defesa para a
autoridade. O Tribunal pode, alm de receber ou rejeitar a inicial, julgar improcedente a
acusao. No possvel interposio de recurso visando ao reexame de prova.
Fases do procedimento no Tribunal: 1) oferecimento da denncia ou queixa; 2)
defesa preliminar; 3) recebimento da denncia ou queixa, com fundamentao; 4) citao;
5) interrogatrio; 6) depoimento; 7) audincia de instruo; 8) diligncias; 9) alegaes
finais; 10) sentena.
Se a infrao for cometida:
. Por quem tem prerrogativa de funo (ex.: prefeito) e uma pessoa sem qualquer
prerrogativa, ambos sero julgados pelo TJ, pela continncia.
. Por duas pessoas que tm prerrogativa de funo, p. ex., prefeito (TJ) e senador
(STF). So competncias fixadas pela CF/88, no podendo ser reunidas para o julgamento
em conjunto, pois a continncia prevista no CPP infraconstitucional; ocorrer, portanto, a
disjuno.
A competncia para oferecer a denncia do Procurador-Geral da Repblica
(PGR), quando for competente o STF, e do Procurador-Geral da Justia (PGJ), quando for
competente o TJ.
Se um agente com prerrogativa de funo comete crime doloso contra a vida, ter
dois foros estabelecidos na CF/88. Prevalece o da prerrogativa de funo, pela
especialidade. Se for prerrogativa de funo estabelecida em Lei Ordinria, prevalece o
Jri, que previsto na Constituio.
A Constituio Estadual fixa que a competncia para julgar o Vice-Governador ser
do TJ. Se Vice-Governador comete crime doloso contra a vida (competncia prevista na
CF/88), qual competncia prevalece? H duas posies: . prevalece a competncia do
Jri, conforme previsto na CF/88;
. o STF entende que h um paralelismo entre a regra fixada na Constituio
Estadual e na Constituio Federal. A CF/88 prev para o Vice-Presidente a competncia
do STF, logo, para o Vice-Governador a competncia do TJ.
Vice-Presidente - STF - autoridade federal. Vice-Governador - TJ - autoridade
estadual.
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Importante:A prerrogativa de funo vigora enquanto durar o exerccio do cargo ou de funo,
independentemente do momento em que foi praticado o delito. Ex. 1: uma pessoa pratica
um crime, o processo se inicia perante juiz comum. O infrator, ento, eleito deputado
federal. O processo, j em andamento, ser remetido para o STF. Se o processo no
alcana seu fim e acaba o mandato, retorna para o juiz comum. Ex. 2: se um deputado
federal, durante o exerccio do mandato, comete um crime, ser julgado pelo STF. Se o
processo no alcana seu fim e o mandato acaba, ser remetido para o juiz comum.
Ainda que o crime seja praticado em outra unidade da Federao, a competncia
continua sendo a do Tribunal que tem competncia para julg-lo.
1.6. Tribunal Competente para Julgar Crimes Comuns
O STF tem competncia para julgar em todas as infraes penais (crimes e
contravenes) e em crimes eleitorais:
.Presidente e Vice-Presidente da Repblica;
.Ministros de Estado;
.Ministros de Tribunais Superiores e Tribunal de Contas da Unio;
.Comandantes da Marinha, Exrcito e Aeronutica;
.Parlamentares federais;
.Agentes diplomticos;
.Procurador-Geral da Repblica.
O Advogado-Geral da Unio no est relacionado no art. 102 da CF/88, mas a
doutrina entende que seu cargo tem a mesma hierarquia dos Ministros de Estado,
portanto, tambm deve ser julgado pelo STF. Hoje, Medida Provisria j decidiu que tem
foro especial.
O STJ tem competncia para julgar em todas as infraes penais, salvo nos crimes
eleitorais (nesse caso, cabe ao TSE apreciar a questo):
. Governador;
. Desembargadores;
. Membros do TRF, TRE e TRT, TSE, Tribunal de Contas do Estado, Tribunal de
Contas do Municpio, MP da Unio que oficiem perante Tribunais.
O TRF tem competncia para julgar em todas as infraes penais, salvo nos crimes
eleitorais:
.Juzes federais da rea de sua jurisdio;
.Juzes do Trabalho;
.Juzes militares;
.Prefeito Municipal, nos crimes de competncia da Justia Federal.
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Ao TRE compete julgar, nos crimes eleitorais: . Juzes federais e estaduais; .
Membros do MP da Unio e dos Estados; . Prefeitos, nos crimes eleitorais.
O TJ tem competncia para julgar:
. Juzes de Direito;
. Juzes da Justia Militar estadual e juzes de Alada;
. Membros do MP estadual, salvo nos crimes eleitorais;
. Prefeitos municipais.
Ateno:Prefeito Municipal:. T J - crime comum;
. TRE - crime eleitoral;
. TRF - crimes de competncia da Justia Federal.
Juiz de Direito e MP estadual: . T J - crime comum; . TRE - crime eleitoral.
Juiz federal:. TRF - crime comum;
. TRE - crime eleitoral.
A Constituio Estadual de So Paulo estabelece foro especial no TJ para:
. Vice-Governador;
. Deputado estadual;
. Secretrio de Estado;
. Procurador-Geral de Estado - PGE;
Comandante-Geral da Polcia Militar; Delegado-Geral.
Todas essas autoridades, se cometerem crime federal, sero processadas no TRF.
o entendimento do STF.
Tribunal de Justia Militar tem competncia para julgar em crimes militares -
Constituio Estadual de So Paulo:
. Comandante-Geral da Polcia Militar; . Chefe da Casa Militar.
O MP do Distrito Federal atua perante a Justia Distrital. Se um de seus membros
comete um crime, ser julgado pelo TRF da l.a Regio; isso porque ramo do MP da
Unio, apesar de atuar na Justia Distrital.
1.7. Exceo da Verdade ou Defesa da Verdade (art. 85 do CPP)
Nos processos por crime contra a honra, em que o querelante tiver foro especial no
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STF ou no TJ, a esses caber o julgamento da exceo da verdade. No cabe a oposio
de exceo da verdade:
. Na calnia:
- se o fato imputado a algum for crime de ao penal privada, e ele no for
condenado;
- fato imputado a Presidente da Repblica ou Chefe de Governo estrangeiro;
- se, do crime imputado, embora de ao penal pblica, o ofendido foi absolvido
por sentena irrecorrvel.
A exceo da verdade questo prejudicial homognea, pois anterior ao mrito e
pode ser objeto de processo autnomo.
Deve ser oposta quando da defesa prvia; mas para alguns esse prazo no fatal,
pois questo de mrito, e o prazo fatal caracterizaria o cerceamento de defesa. H
posicionamentos contrrios.
Oposta a exceo, o querelante tem dois dias para contest-la. Poder arrolar no mximo
oito testemunhas. Se na queixa j tiver arrolado quatro testemunhas, poder arrolar mais
quatro na contestao da exceo, at completar o nmero legal. Isso porque, embora o
crime seja punido com deteno, o rito ordinrio.
Conforme o art. 85, do CPP, a exceo ser julgada pelo Tribunal competente. Se o
Tribunal julga procedente a exceo, o mrito ser julgado improcedente. Se julga
improcedente a exceo, o mrito ser julgado procedente ou improcedente. Obs.: o
Tribunal s faz o julgamento da exceo, as testemunhas so ouvidas em l.a instncia.
Depois de julgar a exceo, o Tribunal devolve o processo para ser julgado, em l.a
instncia, o mrito.
1. QUESTES E PROCESSOS INCIDENTES
O Cdigo de Processo Penal fala inicialmente das questes incidentes e
posteriormente do processo incidente. Regula, na realidade, apenas uma espcie de
questo incidente, prevista nos arts. 92 a 94 do Cdigo de Processo Penal - as
denominadas questes prejudiciais.
Questes prejudiciais so todas as questes de fato e de direito que, por
necessidade lgica, devem ser analisadas antes da questo principal e podem, em tese,
ser objeto de processo autnomo.
Etimologicamente "prejudicial" significa pre-iudicate, isto , julgar primeiro. A
questo deve ser julgada em primeiro lugar, antes da questo principal. Ex: um acusado de
bigamia (art. 235 do CP) alega que seu casamento nulo. A validade ou no do
casamento a questo prejudicial que deve ser decidida antes do mrito, pois influi
diretamente na deciso.
A questo prejudicial condiciona a questo prejudicada; a prejudicada est
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irrecusavelmente subordinada prejudicial.
Caractersticas da questo prejudicial:
Anterioridade lgica: a questo prejudicial sempre anterior prejudicada. No
porque surgiu primeiro na discusso processual, mas por ser logicamente anterior.
Primeiro decide-se ou aguarda-se a deciso da questo incidente e, posteriormente, julga-
se o mrito.
Necessariedade: a questo prejudicial sempre subordina o exame da questo
principal. O mrito no pode ser decidido sem antes enfrentar a questo prejudicial.
Autonomia: a questo prejudicial sempre pode ser, em tese, objeto de processo
autnomo.
Questo preliminar diferente de questo prejudicial. Questo preliminar toda
alegao que versa sobre pressupostos processuais ou condies da ao. O professor
MIRABETE nos ensina que ambas so espcies do gnero 'questes prvias'.
Apresent