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Macaé
Macaé (RJ), quarta-feira29 de julho de 2015Ano XL, Nº 8771Fundador/ Diretor: Oscar Pires
SUPLEMENTO ESPECIALEste suplemento é parte integrante desta edição.
Fotos: Kaná Manhães
2 Aniversário de Macaé | 202 ANOS Macaé, quarta-feira, 29 de julho de 2015 O DEBATE DIÁRIO DE MACAÉ
BICENTENÁRIO
Macaé celebra 202 anos alcançando dias melhoresCapital Nacional do Petróleo se dedica a salvar o privilégio concedido por Deus ao se tornar referência econômica nacionalMárcio [email protected]
Poucas são as cidades bra-sileiras capazes de reu-nir tantos superlativos,
mesmo que antagônicos, mas suficientes para reescrever, pela terceira vez, a sua histó-ria de lutas, glórias e de tantas referências. Alçada ao posto de Capital Nacional do Petróleo, Macaé não sucumbe à crise que se instalou em todo o ter-ritório nacional e chega aos 202 anos de emancipação política e administrativa com motivação de sobra para fazer acontecer novos e tantos dias melhores.
Maior que suas adversidades e que seus desafios, o município que abraça milhares de pessoas de tantas raças, credos e cultu-ras, se volta ao berço de toda a sua pujança para recompor as cinzas geradas por disputas econômicas internacionais, e por medidas políticas baseadas na corrupção, para renascer e, como uma fênix, alcançar voos ainda mais altos, apostando principalmente na sua maior riqueza: sua população.
Presente no cotidiano de mais de 220 mil moradores, e importante para tantos outros milhões de brasileiros, a cida-de encontra forças suficientes para superar também ataques de uma guerra geopolítica ain-da baseada em uma estratégia arcaica e nociva para o país, apostando em sua representati-vidade política e administrativa para tornar projetos considera-dos como utópicos no passado, mas que hoje alcançam o pa-tamar de faraônicos, medida e qualidade tão comum e essen-cial à cidade que se acostumou
a conviver com a pujança do chamado ouro negro brasileiro.
Motivo de orgulho para os filhos da terra, e objeto de pai-xão por muitos macaenses de coração, o município vive hoje um momento ímpar em sua história recente com o petró-leo, não imaginado nem mesmo por aqueles que presenciaram o momento de sua transfor-mação - de Princesinha do Atlântico, em Capital Nacional do Petróleo -, mas que vestem a camisa e se preparam para enfrentar a tempestade que surge em meio a tantos anos de bonança.
Ainda em dívida com a me-mória deixada por grandes fi-lhos ilustres, pioneiros na cul-tura, na política e no esporte, a cidade tenta resgatar também o que foi perdido, ou deixado em segundo plano, ao ser foco do progresso nunca visto antes na história do país, um exercí-cio que precisa ser estimulado
KANÁ MANHÃES
Das riquezas extraídas das profundezas do mar, Macaé vive um novo marco em sua história de 202 anos
ainda na formação das crianças e dos adolescentes, seja nas es-colas públicas ou privadas.
Por mais que as previsões para os próximos anos ainda seja de tempos difíceis, Macaé segue como uma das poucas cidades do país com capaci-dade econômica e competên-cia política suficientes para construir um novo marco em sua história, o que depende di-retamente da sua relação com empresas internacionais, mas que encontraram em suas ter-ras um espaço também para chamar de lar.
Com mais virtudes que pon-tos negativos, hoje a cidade capaz de transformar vidas, produzir riquezas, despertar inveja, mas acima de tudo, es-sencial à economia do país, recebe todas as reverências de uma população que abraça e está disposta a construir dias melhores para a melhor cidade do Brasil.
Aniversário de Macaé | 202 ANOS Macaé, quarta-feira, 29 de julho de 2015 3 O DEBATE DIÁRIO DE MACAÉ
AVANÇOS
Inaugurações marcam celebração dos 202 anosMunicípio comemora avanços em propostas da saúde, educação e infraestrutura
Ao celebrar 202 anos, Ma-caé ainda vive a eterna busca de oferecer quali-
dade de vida aos que nasceram na cidade, assim como aos que escolheram o município para viver, trabalhar e criar as suas raízes. Acompanhando a his-tória macaense e festejando a data, a prefeitura vai entregar à população o Hospital Público Municipal Irmãs do Horto (ane-xo ao HPM), o Restaurante Po-pular da Aroeira e área de lazer em Imbetiba.
Macaé se orgulha de ser essa terra próspera e pronta para acolher a todos. Vivenciando seu crescimento, o município se transforma a cada dia. De simples vila de pescadores e de pequena cidade de inte-rior é, atualmente, uma cidade cosmopolita. Aliado ao vento maroto está o som de vários idiomas das pessoas que para cá vieram trazidas pela pujan-ça do ouro negro, mesclando-se aos nativos para construir a Macaé de hoje, pronta a vencer todas as demandas e continuar crescendo. Os de-safios são muitos, mas Macaé tem energia suficiente para enfrentar todas as batalhas, contando com as forças da prefeitura e de sua população.
As comemorações da data foram iniciadas na terça-fei-ra, dia 21, quando o prefeito Dr. Aluízio Júnior (PMDB) participou da colação de grau da primeira turma do curso de Medicina da UFRJ - cam-pus Macaé, que funciona na
Cidade Universitária. Trinta jovens - 16 mulheres e 14 ho-mens - realizaram o sonho de ser médicos. A cerimônia aconteceu no salão nobre do Palácio Natálio Salvador An-tunes.Continuando as come-morações, a prefeitura inau-gura, às 11h desta quarta-feira (29), após o Desfile Cívico-Militar, a área urbanizada da Orla da Imbetiba, na Avenida
SECOM
Prédio anexo do HPM representa o investimento do município na qualidade da saúde pública
Elias Agostinho, quando serão entregues à população a Pra-ça Antônio Alvarez Parada e o Anfiteatro Joserval Aves Coutinho, transformando a orla em área de lazer e cul-tural para crianças, jovens e adultos.
Às 16h30, também hoje, será inaugurado o Hospital Público Municipal Irmãs do Horto. A prefeitura investiu,
com recursos próprios, R$ 12 milhões na construção do hospital, que irá atender a crescente demanda da cidade. O atendimento neste local co-meçará na segunda-feira, dia 3 de agosto.
A unidade, construída anexa ao Hospital Público Municipal Dr. Fernando Pereira da Silva (HPM), contará com cem lei-tos, dobrando a capacidade
de atendimento do HPM - atualmente com 120 leitos: o que representa um aumento de 36% no número de vagas públicas na cidade. No local serão oferecidos serviços de emergência, prontoatendi-mento e enfermarias adulto e pediátrica.
Hoje, às 14h, será inaugura-do o Restaurante Popular da Aroeira. O espaço está prepa-
rado para servir cerca de mil refeições por dia a R$ 1,00 ca-da, com atendimento das 10h às 14h.
O funcionamento do novo restaurante começará na se-gunda-feira, dia 3 de agosto. A mostra "Tonito por Tonito: vi-da, ofício e obras" foi aberta na quarta-feira (23), no Solar dos Mellos, também comemoran-do o aniversário do município.
Nas celebrações dos 202 anos de Macaé, a Imbetiba ganha um novo espaço de convivência
SECOM
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DESENVOLVIMENTO
Logística é a palava-chave para o futuro da Capital do PetróleoMunicípio busca apoio do Estado e marca nova fase de interação com representantes da União para avançar projetos no setor
Márcio [email protected]
Estratégia que garantiu a Macaé a instalação das três principais bases da
Petrobras para as operações do petróleo no país, a 'logís-tica' torna-se a palavra-chave para o futuro econômico e so-cial do município. E ao cele-brar os 202 anos de emanci-pação política e administra-tiva, a cidade segue a passos largos para consolidar pro-jetos desenhados junto aos governos estadual e federal.
No terceiro ano de governo, a atual gestão municipal foi capaz de concretizar projetos considerados como utópicos ao longo dos últimos anos. O segredo para alcançar novos objetivos está na construção de uma relação administrati-va focada nos interesses eco-nômicos do Rio de Janeiro e da nação.
“O nosso foco sempre foi pautar, junto ao Estado e ao governo federal, projetos que surgiram a partir das deman-das da indústria offshore. O objetivo é fortalecer a nossa vocação que é o petróleo, e que se manterá por muitos anos como a principal ma-triz energética do mundo. Temos o privilégio de con-centrar grandes reservas de óleo bruto já descobertas no país e isso garante a Macaé muitos anos de prosperida-de”, destacou o prefeito Dr. Aluízio Júnior.
ARCO VIÁRIO DE SANTA TEREZA
Primeiro investimento em logística anunciado pelo go-verno desde o início da atual gestão, a construção do Arco Viário de Santa Tereza foi consolidada a partir da pu-blicação de homologação do processo licitatório, que de-finiu a empresa responsável pelo projeto orçado em mais de R$ 77 milhões.
De acordo com a publicação oficial registrada pela secreta-ria de Obras, a empresa MJRE Construtora LTDA será res-ponsável pela realização da terraplanagem, drenagem e pavimentação da estrada, bem como a construção de pontes e acessos, além da recuperação de passivo am-biental em área degradada da estrada, que interligará a RJ 168 (Estrada da Serra) com o Parque de Tubos.
Os cerca de 10 quilômetros da nova estrada se tornará a principal rota para o acesso das carretas que transpor-tam peças, vindas dos portos de Niterói e do Rio de Janei-ro, em direção à principal ba-se logística da Petrobras - o Parque de Tubos.
OBRAS NO AEROPORTOConsiderado como um dos
mais importantes modais pa-ra a logística offshore, o Ae-roporto de Macaé receberá, após cerca de três décadas de expectativas, investimentos capazes de ampliar a capa-
KANÁ MANHÃES
Estrada de Santa Tereza será a principal rota para cerca de 700 carretas que cruzam a cidade todos os dias
cidade de operações de voos comerciais.
Através de despacho assi-nado no último dia 6, a Secre-taria de Aviação Civil (SAC) solicitou oficialmente à pre-sidência da Infraero, em Bra-sília, a abertura do processo licitatório para a realização das obras de recuperação da pista de pouso e decolagem do
de 8 para 19 o PCN (sigla em inglês), ou Número de Classifi-cação de Pavimento, amplian-do assim a capacidade de resis-tência da pista de 1.200 metros do Aeroporto para a operação de aeronaves de maior porte.
Com isso, a pista do Aero-porto de Macaé passará a ter capacidade para a operação de aviões modelo ATR-72,
utilizado em voos comerciais em rotas que atendem os prin-cipais aeroportos do país. Para suportar pousos e decolagens deste equipamento é preciso uma pista com PCN de núme-ro 13.
A recuperação da pista ga-rantirá a elevação do número de passageiros transportados por voos comerciais em Ma-
Aeroporto de Macaé. O pro-cedimento garante a reserva de recursos alocados no Fun-do Nacional de Aviação Civil (FNAC), garantindo ainda a realização de intervenções previstas pelo Programa de Investimentos em Logística em Aeroportos.
A definição inicial é de que as obras de recuperação elevem
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caé. Hoje, a aeronave operada pela Azul possui capacidade para 50 passageiros. Já o avião ATR-72 pode voar com cerca de 70 passageiros a bordo.
TEPOR AINDA É ESPERADOAlvo de ataques geopolíticos,
a consolidação do Terminal Portuário de Macaé (Tepor) ainda é um desafio para a ad-
ministração municipal, que já recorreu ao governo do Estado para garantir a liberação da li-cença prévia para a realização das obras.
Concebido com objetivo de atender as demandas da Pe-trobras para as operações das unidades de produção, deslo-cadas para a nova área da Ba-cia de Campos e para a região
da Bacia do Espírito Santo, o Terminal Portuário de Macaé (Tepor) ainda é o projeto ca-paz de viabilizar a construção de um modal importante para a infraestrutura em logística da cidade.
O projeto do Terminal Por-tuário prevê a implantação de uma área de 400 mil metros quadrados no continente (em
terra) com uma ponte ligando a uma plataforma marítima. Esta plataforma prevista no projeto, terá cerca de 90 mil metros quadrados com área para atendimento simultâneo de 14 embarcações “SupplyBo-ats” com calado operacional de até 10 metros e, portanto, capacidade de operação de to-
dos os tipos de embarcações envolvidas neste tipo de ope-ração, sem a necessidade de utilização de práticos.
A plataforma terá 1.630 me-tros de comprimento e será apoiada em pilares fixados a cada 17 metros, permitindo a passagem de toda fauna ma-rinha como também de sedi-
mentos. A área no continente consistirá de estruturas de apoio à operação o°shore.
Após passar por duas au-diências públicas, o projeto ainda depende da análise final da Comissão Estadual de Con-trole Ambiental (CECA). A de-finição sobre o licenciamento segue ainda sem previsão.
Obras no Aeroporto de Macaé ampliarão capacidade de operações de voos comerciais
FOTOS: KANÁ MANHÃES
Demanda da indústria do petróleo fortalece projeto de construção de novo porto em Macaé
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TRANSPORTE
Ferrovia: glória do passado por locomover prosperidade no futuroCravada no meio da cidade, malha ferroviária pode ajudar a construir novo capítulo na história da cidade na nova era do petróleo
Márcio [email protected]
A sinalização sonora que marcava o encerramen-to do expediente do dia.
O trânsito ditado apenas pe-las milhares de bicicletas que conduziam homens desbra-vadores, responsáveis pela formação cultural e social da cidade cuja Praia da Imbetiba sediava ainda a base de manu-tenção das antigas locomoti-vas. Imagens que ainda estão preservadas na memória de macaenses das antigas, privi-legiados por poder vislumbrar também o contraditório pro-gresso do petróleo, ajudam a contar parte da importância da ferrovia na construção da sólida economia da cidade que hoje ajuda a movimentar o Es-tado, o país e o mundo.
Principal meio de transpor-te para o deslocamento dos moradores da Princesinha do Atlântico para o Rio de Janei-ro, a ferrovia responsável por trazer para a cidade a primei-ra unidade do Senai e tantos outros marcos presentes em seu cotidiano, passa a ser projetada como modal capaz de revolucionar a logística offshore, recuperando a sua importância e a sua identida-de com o município que ainda é sinônimo de pujança e de ri-quezas.
Mas antes que o projeto da Ferrovia Vitória-Rio seja real-mente implementado, é pre-
ciso recuperar parte da histó-ria de construção da ferrovia que nasceu com o propósito de facilitar o escoamento da produção voltada ao açúcar e ao álcool.
O INÍCIO DO PROGRESSO Todo o escoamento da pro-
dução da cana-de-açúcar da região era feito através de em-barcações saindo do Porto de Imbetiba. Com a construção
WANDERLEY GIL
Antigas locomotivas ajudaram a impulsionar o desenvolvimento da cidade na era pré-petróleo
e entrega da Estrada de Ferro Macaé/Campos, o processo passou a ser realizado através do transporte ferroviário.
O primeiro trecho da fer-rovia, com 33 quilômetros de extensão, entre Imbetiba e Carapebus, passando por Macaé, foi inaugurado no dia 10 de agosto de 1874. Em 14 de junho de 1875 foi inaugu-rado o trecho até Campos dos Goytacazes, totalizando 96,5
quilômetros de extensão. A inauguração da ferrovia
resultou na maior rapidez e menor custo de operação, o que conduziu ao rápido declí-nio da importância do canal Campos-Macaé, que entrou em decadência.
Segundo o historiador Ri-cardo Meirelles, a Estrada de Ferro, também chamada de E.F., fez com que houvesse uma mudança muito gran-
de em relação ao trabalho de produção e o deslocamento do que se produzia.
“Isso porque o trem, sem dúvida nenhuma, era um transporte muito mais segu-ro, possibilitando transportar uma quantidade muito maior do que as embarcações supor-tavam. Além disso, o serviço era feito com maior rapidez e mobilidade, fazendo com que o porto fosse entrando num
período de decadência, per-dendo sua força, deixando de ser, então, o centro econômi-co, já que toda produção açu-careira era transportada via porto”, explicou.
Meirelles ressalta ainda que essa mudança chamou a aten-ção para duas possibilidades naquela época, a manutenção do porto e ao mesmo tempo o escoamento pela ferrovia.
“A ferrovia era uma novida-de, algo que tinha uma grande força no que diz respeito ao transporte, principalmente quando se falava de seguran-ça. As navegações sempre fo-ram muito sujeitas a chuva, tempestade, apresentando um risco muito grande. Já com o trem, a probabilidade de aci-dente era muito menor. A par-tir deste momento começou a se jogar uma confiança e um investimento muito grande na ferrovia, onde não só era possível escoar a produção basicamente de açúcar, mas também fazer o transporte”, detalhou o historiador.
Ricardo disse ainda que, até bem pouco tempo atrás a ferrovia era a principal alter-nativa. “Até a década de 60 a ferrovia era que nos ligava a Campos e ao Rio de Janeiro. Nós não tínhamos uma es-trada que pudesse nos con-duzir com segurança até o Rio, sendo que uma viagem naquele período chegava a durar de cinco a sete horas”, completou.
Antiga malha ferroviária ainda faz parte do cotidiano da cidade, apenas como marca de um tempo áureo e esquecido
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WANDERLEY GIL
EMANCIPAÇÃO
História de Macaé marcada por evolução de distritos a cidadesConceição de Macabu, Quissamã e Carapebus assumiram independência administrativa na época anterior à pujança do petróleo
Antes de alcançar o sta-tus de Capital Nacional do Petróleo, a história
econômica e cultural de Ma-caé foi construída por meio da participação de antigos distritos, que se transforma-ram em cidades por meio do processo de emancipação, e atuam hoje em parceria para o desenvolvimento do Norte Fluminense.
Na relação estão os atuais municípios de Conceição de Macabu, Quissamã e Carape-bus, que conseguiram a tão so-nhada emancipação e, então, deixaram de ser distritos de Macaé.
O primeiro a conquistar sua independência foi Conceição de Macabu - um município lo-calizado entre a serra e o mar na região norte do estado do Rio de Janeiro, constituído por serras de altitudes que
oscilam de 300 a 989 metros. A criação efetivou-se em 15
de março de 1952, quando fo-ram desanexados os 5º e 10º distritos de Macaé (Conceição de Macabu e Macabuzinho), que passaram a constituir o 1º e o 2º distritos do atual município.
Sua expansão econômica contou com rodovias e os tri-lhos da Estrada de Ferro Leo-poldina, que liga a capital ao norte do Estado, e o norte ao Espírito Santo.
Em seguida foi a vez de Quissamã, que começou sua luta por volta de 1952, quando aconteceu o primeiro encami-nhamento à Assembleia Le-gislativa do Rio de Janeiro de uma representação assinada por 1.166 eleitores reclaman-do a autonomia do então dis-trito de Macaé. Mas a resposta veio 38 anos depois (1989) e
de 4º distrito de Macaé, Quis-samã foi elevada a município.
E por último está Carape-bus. O município foi reconhe-cido como distrito de Macaé a partir de 1831, sendo o tercei-ro a alcançar a emancipação, seguindo os passos de Quis-samã e Conceição de Macabu. O ano de sua emancipação foi 1995.
O ato para consolidar a au-tonomia municipal aconteceu no Real Clube de Carapebus, onde foi desenvolvido um plebiscito no dia 13 de março de 1994, com o resultado a fa-vor da emancipação, por uma maioria esmagadora de 3.497 contra 148 votos.
Para oficializar, o Tribunal Regional Eleitoral aceitou o plebiscito em maio de 1995, e então instituiu, definitiva-mente, o município de Cara-pebus.
Conceição de Macabu foi o primeiro a conquistar a emancipação. A criação efetivou-se em 15 de março de 1952
Quissamã começou a sua luta por volta de 1952 e foi consagrado município em 1989
Carapebus foi o terceiro a alcançar a emancipação, em 1995, seguindo os passos de Quissamã e Conceição de Macabu
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SUCESSO
Benedito Lacerda: símbolo da música e da arte macaenseInstrumentista e compositor, o artista iniciou sua carreira nos bares e rádios do município
Berço de artistas consa-grados da música po-pular, Macaé celebra
os 202 anos de emancipação políticas e administrativa sem deixar de reverenciar a me-mória de Benedito Lacerda.
Instrumentista e composi-tor, Benedito Lacerda nasceu no dia 14 de março de 1903 e residiu no bairro Imbetiba. Aos oito anos de idade come-çou a aprender flauta. Iniciou as atividades musicais, em sua cidade natal, como integrante da Banda Nova Aurora. Aos 17 anos, mudou-se para o Rio de Janeiro, onde residiu no bair-ro Estácio.
Para garantir o sustento, em 1922 ingressou na Polícia Mi-litar, onde podia também con-tinuar sua atividade musical, participando, de 1923 a 1925, da banda do batalhão. Para o sustento da família, Benedito Lacerda tocava em cinemas, bares, emissoras de rádio, residências, mas isto não lhe dava retorno suficiente para suportar com tranquilidade as despesas com o aluguel e suprir as necessidades de um chefe de família. Por is-so, passou por momentos de sérias dificuldades chegando até mesmo a morar no porão de uma casa, no bairro do Ca-tumbi.
Foi parceiro musical de Al-do Cabral, Herivelto Martins, Bide, Ataulfo Alves, Wilson Batista, Ary Barroso, entre ou-tros. Não podemos deixar de
comentar a famosa dupla que formou com Pixinguinha, no início da década de 40.
Destacou-se também pelas marchinhas de Carnaval e pe-la atuação como fundador da União Brasileira de Composi-tores e dirigente da Sociedade Brasileira de Autores, Compo-sitores e Escritores de Música.
Conta a história que Pi-xinguinha apareceu em um momento em que, mais uma vez, Benedito sofria com suas dívidas. Já fazendo sucesso com a música Jardineira, Pi-xinguinha lhe ofereceu parce-ria desde que Benedito abrisse mão de sua flauta para tocar o saxofone.
Pixinguinha acabou sendo seu principal parceiro, fica-ram juntos mais ou menos cinco anos, de 1946 a 1950, tempo suficiente para gravar 15 discos. Com isso, todo o lucro foi até que satisfatório, permitindo a Benedito pagar a maior parte de suas dívidas. E Benedito tirou a conclusão de que foi bom ter trocado a sua flauta pelo saxofone.
ARQUIVO
Benedito Lacerda nasceu no dia 14 de março de 1903 e residiu no bairro Imbetiba
HERANÇA DEIXADA POR BENEDITO
Naquela década, Benedito costumava tocar em um bar, atrás do Mercado de Peixes de Macaé. Atualmente, co-nhecido como 'Bico da Coru-ja', é um expoente do samba e do chorinho, considerado um ótimo lugar para se apreciar uma música de boa qualidade.
Mesmo sem ter por objetivo tocar profissionalmente, um determinado grupo de amigos batizou o local com o nome 'Bico da Coruja', onde com o passar do tempo começou a ser solicitado para se apre-sentar em eventos.
O bar virou referência de boa música e bom papo, ami-gos e clientes começaram a propor projetos musicais, aproveitando o clima do lugar.
Local famoso pela boa mú-sica, o Bico da Coruja já existe há 30 anos e fica curiosamen-te localizado na Rua Benedito Lacerda, nome do macaense considerado um dos maiores ‘chorões’ de todos os tempos.
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ESTUDOS
Memória de Tonito marca histórias do passado da Princesinha do AtlânticoAo ganhar exposição no Solar dos Mellos, trabalho do professor e historiador ajuda a resgatar parte importante da história de Macaé
O acervo deixado pelo pro-fessor Tonito, exposto no saguão principal do
Solar dos Mellos, é um convi-te para viajar ao passado, em épocas quando o cotidiano de Macaé ainda não era mo-vimentado pelas riquezas ex-traídas no além-mar.
Através do resgate realiza-do pela vice-presidência de Acervo e Patrimônio Histó-rico, da Fundação Macaé de Cultura, parte da dedicação e das obras produzidas por Antônio Alvarez Parada pode ser conferida pela população, uma visita quase que obriga-tória por aqueles que possuem verdadeiros laços com a cida-de, sejam sanguíneos, ou por amor, forças que mobilizaram o trabalho de um homem que tornou-se o ícone da cidade, mesmo em tempos onde a cultura antiga de Macaé per-manece esquecida à sombra do progresso.
Macaense, nascido em 27 de dezembro de 1925, conhecido como Tonito, além de ensinar com sabedoria e impecável didática, ele se firmou como um dos raros responsáveis pela memória macaense por se tornar um cuidadoso cole-cionador, pesquisador e um ávido contador das histórias de sua cidade.
Tonito foi um importante historiador macaense, que durante sua vida preocupou-se em reunir e preservar docu-mentos sobre a cidade, o que muito contribuiu e contribui
para a história do município e a memória do povo macaense. Seus livros - oriundos de suas pesquisas e dos contatos com as pessoas, que participavam de sua atividade de escritor - são fontes documentais da maior relevância para as pes-quisas históricas.
O historiador escrevia e edi-tava livros, encontrando na imprensa um espaço privile-giado para a manifestação de ideias e opiniões sobre a cida-de, o que o consagrou também como jornalista. Assim, recen-temente, a vice-presidência de Acervo e Patrimônio His-tórico editou o livro ‘Cartas da Província’, uma coletânea de todas as crônicas publica-das pelo O Fluminense, en-tre 1977 e 1978, onde Tonito relatava semanalmente os acontecimentos de Macaé, deixando de fazê-lo, como ele mesmo relata no final da obra em carta ao editor, por causa de censura em algumas situ-ações, o que ele não admitia.
Tonito foi fiel colaborador do jornal O DEBATE, onde publicou mil crônicas sobre a história de Macaé, sendo con-siderado exímio pesquisador.
Tonito começou a lecionar como professor no Ginásio Macaense e na Escola Pro-fissional Ferroviária Senai. Ministrava aulas de quími-ca, física e matemática. Mais tarde lecionou no Colégio Estadual Luiz Reid, onde tra-balhou como professor até a data de sua morte, em 15 de
ARQUIVO
Professor é considerado como um dos principais responsáveis pela preservação da memória de Macaé
março de 1986.No início de 1986, Tonito
sofreu um problema cardía-co e precisou se internar pa-ra fazer uma cirurgia. Após a operação e recuperação, o professor planejava ir para Niterói visitar seus familia-res, e depois voltaria para
tinha uma visão de mundo muito boa. “Ele amava a pro-fissão, mantendo um relacio-namento muito positivo com os alunos. Além disso, Tonito nutria paixão por Macaé e pe-lo Fluminense Futebol Clu-be”, conta.
Ricardo ressalta, ainda, que
apesar dos 27 anos de sua morte, a presença do profes-sor Tonito é muito forte na memória de ex-alunos. En-genheiros, arquitetos e pro-fessores (influenciados por ele) foram marcados pelo seu carisma. “Embora fosse professor de química, Tonito
Macaé. Cinco dias depois, To-nito recebeu alta médica, mas na hora da despedida, logo na saída do hospital, passou mal, teve uma trombose e morreu na hora.
Segundo o historiador Ri-cardo Meireles, Tonito era bem-humorado, tranquilo,
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estudou a fundo a história de Macaé, pesquisando e buscan-do fatos que são referência para os estudiosos da cidade”, disse.
TONITO PARADA E AS “COISAS E GENTE DA VELHA MACAÉ”
Quem tem ou teve a opor-tunidade de ler o livro do pro-fessor e historiador Antonio Alvarez Parada, editado em 1958 pela Edigraf , sob o título “Coisas e Gente da Velha Ma-caé”, consegue entender com exatidão o que representou e que importância teve a nossa Macaé no passado.
Au t o r d e v á r i a s o u t r a s obras com todas as edições esgotadas, o professor e his-toriador Antonio Alvarez Parada, nos idos anos de
1978 e seguintes, ele colabo-rou também com O DEBA-TE assinando a coluna “Mil Histórias Curtas e Antigas”, posteriormente impressa em dois volumes pela Petrobras, lançados em 1995 e 1996.
Nas “orelhas” os relatos de Marcello de Ipanema, Ber-nadete Braga Lima, Adriana Bacellar Leite e Santos e de Othon Pires, ex-aluno do Se-nai. Prefaciado por Gilson Correa, Nelson Mussi, tam-bém ex-aluno de Tonito, regis-trou sua opinião e Detinha fez o agradecimento, enquanto o sobrinho e afilhado Cesário Alvarez Parada Junior, escre-via: “Em uma cidade do inte-rior, com os recursos gráficos existentes através do jornal semanário O DEBATE, escre-
ver crônicas sem cair na mes-mice e sim tentando elevar o nível intelectual do que seria lido pela família macaense, só poderia partir de uma pessoa que no seu próprio interior era simplesmente uma histó-ria ou quem sabe a forma mais viva da cultura e da compre-ensão do ser humano”.
Encontrado no Solar dos Melos, como também na Bi-blioteca municipal, os exem-plares das várias obras de To-nito Parada e, principalmente a que estamos nos referindo, editada em 1958, quando ele, em textos não muito longos, conta “A Lenda de Santana”, “Jean de Léry e a primeira re-ferência ao nome de Macaé”, “Gondomar e a Fundação de Macaé”, “Os Sete Capitães”, “A Igreja que uma promes-sa edificou”, “Bellegarde”, “A Fortificação da Cidade”, “Macaé de 1817, vista por Saint-Hilaire”, “O batisado de Benjamin Constant”, “O Quilombo do Carukango”, “D. Pedro II e os papagaios”, “Lendas e inverdades sobre Mota Coqueiro”, “Casculeiro, o esquecido”, “A inauguração e as primeiras atividades do Teatro de Santa Isabel”. “Vi-da, Obras e Morte do Chico do Padre”, “Uma visita da Prin-cesa Isabel e do Conde D´Eu”, “A inauguração do telégrafo”, “O Pires da Bertioga”, “A Rua da Praia do Século XIX”, “Os leilões em Macaé”, “Agenor Caldas”, “Dona Irene”.
Quem chegou a Macaé de-pois da Petrobras, e não co-nhece a história do município que, antes da emancipação, ti-nha como seus distritos Con-ceição de Macabu, Quissamã e Carapebus, deve pelo menos enraizar-se nos textos do pro-fessor Antonio Alvarez Parada que deu o exemplo como pes-quisador registrando a nossa história.
BIOGRAFIA DE TONITOPrimogênito de imigrantes
espanhóis, o professor Tonito foi um dos pioneiros em pes-quisas históricas de Macaé.
Nasceu em 27 de dezembro de 1925, lecionou química, física, espanhol e matemática no Colégio Macaense, no Co-légio Estadual Luiz Reid e no Senai, onde também foi dire-tor. Fundou a Academia Ma-caense de Letras e escreveu o Hino da cidade, cuja música é do pianista Lucas Vieira.
Tonito teve uma trajetória brilhante, casado há trinta e três anos com Maria Berna-dete Castro Alvarez, Detinha como é mais conhecida, viveu sua vida muito feliz ao lado de sua companheira.
Suas obras sobre a história de Macaé são: “Coisas e Gente da Velha Macaé” (1958), “ABC de Macaé” (1963), “Histórias da Velha Macaé (1980), “Ima-gem da Macaé Antiga” (1982) e “Meu Nome, Crianças, é Macaé” (1983), além de dois li-vros publicados após sua mor-te, “Histórias Curtas e Antigas de Macaé (1995). Nestes últi-mos há mil crônicas em dois volumes, textos publicados no jornal O Debate, no período de 1978 a 1985.
Antonio Alvarez Parada também era colecionador. Manifestava na imprensa idéias e opiniões sobre a ci-dade. Outras obras inéditas aguardam publicação “Ca-lendário Macaense ( jornal O Rebate - 1950), “Quem é quem nas ruas de Macaé” ( jornal A Cidade - de 1978 a 1980), “Setenta Anos de Po-esia em Macaé (1860 a 1930) de 1979, Palácio dos Urubus - Um Breve Histórico ( jornal Macaé - 1980) e ”A Sociedade Macaense” (1978)
Segundo a pesquisadora La-rissa Frossard, a dedicação de-le na construção da memória de Macaé tem tanta importân-cia, que grande parte do arqui-vo e da documentação históri-ca do município foi organiza-da para constituir o acervo do Centro de Memória Antonio Alvarez Parada. “Este centro faz parte integrante do museu da cidade de Macaé, onde está o conjunto arquitetônico “So-lar dos Mellos”, explica.
Memórias Curtas e Antigas de Macaé é uma das principais obras produzidas por Tonito
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Livro ABC de Macaé foi editado pelo professor Tonito na década de 60
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12 Aniversário de Macaé | 202 ANOS Macaé, quarta-feira, 29 de julho de 2015 O DEBATE DIÁRIO DE MACAÉ
ADMINISTRAÇÕES
Emancipação conduzida por nomes fortes da política regionalGestão do município é conduzida por líderes responsáveis pela construção de uma das mais importantes cidades do país
Márcio [email protected]
A memória de lideranças políticas que assumi-ram a responsabilidade
de conduzir a administração de uma das mais importantes cidades do país pode não es-tar presente nas lembranças de muitos macaenses, porém, as suas obras ainda são funda-mentais ao cotidiano dos mais de 220 mil moradores da Ca-
pital Nacional do Petróleo.Cada um a seu tempo, ex-
prefeitos marcaram a traje-tória de transformação social e de pujança do município em épocas bastante distin-tas. Independente do volume de recursos públicos em cai-xa, nomes de homens como Cláudio Moacyr de Azevedo ainda estão vivos no cotidia-no da antiga Princesinha do Atlântico.
Ao passar por períodos mar-
GALERIA
Ex-prefeitos
João Francisco Moreira Neto (1913 a 1915)
José de Oliveira Lobo Vianna Júnior (1915 a 1923)
Jayme Afonso (1923 a 1924);
Sizenando Fernandes de Souza (1924 a 1927) e (1929 a 1930)
Francisco de Miranda Sobrinho (1927 a 1929)
Bento Costa Júnior (1930)
Álvaro Rodrigues da Silva (1930 a 1932)
Floriano Castilho Saddock de Sá (1932 a 1935)
Durval Coutinho Lobo (1935)
Ivair Nogueira Itagiba (1935 a 1936) e (1936 a 1937)
Raul Garnier da Silva (1936)
Juvenal Barreto Junior (1937)
Télio Barreto (1937 a 1944)
Ferry Jaccoud D'Azeredo (1944)
Oyama Muniz (1944 a 1945)
Álvaro Teixeira da Assunção (1945 a 1946) e (1946 a 1947)
Elias Agostinho (1946) e (1951 a 1955)
Jorge Costa (1946)
Ronald de Souza (1947)
João Alves Pedro Sobrinho (1947)
Milne Evaristo da Silva Ribeiro (1947 a 1951)
Antonio Curvello Benjamin (1955 a 1959), (1963 a 1966) e (1971 a 1973)
Eduardo Serrano (1959 a 1960) e (1960)
Antonio Otto de Souza (1960)
Alcides Francisco Ramos (1960 a 1961), (1973 a 1977) e (1983 a 1988)
Gerson Maciel Miranda (1961 a 1962) e (1962 a 1963)
Iltamir Honório Abreu (1962)
Aristeu Ferreira da Silva (1966 a 1967)
Cláudio Moacyr de Azevedo (1967 a 1970)
Romeu Pereira (1970 a 1971)
Nacif Salim Selen (1982 a 1983)
Carlos Emir Mussi (1977 a 1982) e (1993 a 1996)
Sylvio Lopes Teixeira (1988 a 1992), (1997 a 2000) e (2001 a 2004).
Riverton Mussi Ramos (2005 a 2008 e 2009 a 2012)
cantes, que envolveram o gol-pe da Ditadura Militar, a ins-talação de um parque ferro-viário, a escolha da Petrobras pela consolidação dos primei-ros investimentos voltados à exploração e produção de pe-tróleo na Bacia de Campos, a briga pelo acesso aos recursos gerados pelos royalties e Par-ticipação Especial (PE), além de outros fatos contaram com o posicionamento importante de lideranças políticas ilustres
WANDERLEY GIL
cuja memória está imortaliza-da através do papel cumprido à frente da prefeitura.
Ao todo, 35 prefeitos gover-naram a cidade desde 1913. Atualmente Macaé é admi-nistrada pelo prefeito Dr. Aluízio Júnior (PV ), eleito no dia 7 de outubro de 2012 alcançando uma cotação iné-dita de 65,62% dos votos vá-lidos. Ao todo, o ex-deputado federal conseguiu 70.693 vo-tos válidos.
Aniversário de Macaé | 202 ANOS Macaé, quarta-feira, 29 de julho de 2015 13 O DEBATE DIÁRIO DE MACAÉ
MUSEU
Palácio Cláudio Moacyr de Azevedo:de Casarão a Câmara MunicipalMárcio [email protected]
Situado em um dos pon-tos mais importantes da cidade, o Palácio Cláudio
Moacyr de Azevedo resiste há mais de 176 anos, sendo ho-je um dos mais importantes monumentos arquitetônicos de Macaé. Palco de manifes-tações políticas e populares que marcaram a história do município, recebendo atu-almente o nome de uma das mais expressivas lideranças políticas que proporcionou à “Princesinha do Atlântico” projetos e investimentos que, na era da Capital do Petróleo, ainda fazem a diferença na ro-tina da população macaense, o prédio, prestes a se tornar um museu da política local, tam-bém merece reverência nesses 202 anos de Macaé.
Há mais de um século regis-trando as discussões políticas realizadas pelo parlamento municipal, o Palácio Cláudio Moacyr de Azevedo é consi-derado como um dos prédios mais antigos e preservados da cidade, perdendo apenas para o Forte Marechal Hermes.
De acordo com informa-ções do Acervo do Patrimônio Histórico de Macaé, ligado a Fundação Macaé de Cultura (FMC), o prédio foi construído em 1837 sob a responsabilida-de do mestre de obras Filome-no Borges.
A construção foi projetada para ser a residência oficial de Francisco Domingues, pai do Visconde de Araújo, que ainda
possuía parentes morando na então Vila de Macaé. Devido a imponência dos traços e a qualidade do material utiliza-do em sua elaboração, o prédio logo em seu início já era consi-derado como o mais belo e rico monumento da cidade.
Segundo o projeto inicial, a entrada do prédio era voltada para o Pontal do Rio Macaé, um dos mais belos cenários proporcionados pela Prince-sinha do Atlântico.
Já no final do século XIX, o prédio foi transformado em ponto de comércio de reven-da de água mineral. O produ-to vinha diretamente do Solar Monte Elísio, casa de veraneio do Visconde de Araújo, hoje conhecido pela maioria da po-pulação macaense como Cas-telo, o prédio onde funciona o Instituto Nossa Senhora da Glória e a Faculdade Salesiana Maria Auxiliadora.
No ano de 1906, o local aca-bou se tornando oficialmente a sede da Câmara Municipal, que passou suas atividades para o prédio que abrigava, paralelamente, a biblioteca da cidade.
A partir da realização das reuniões parlamentares, o prédio, cuja estrutura já era centenária, acabou apresen-tando ainda mais proble-mas em função da circulação intensa de moradores, que acompanham as reuniões da Câmara.
Durante o seu governo, o prefeito Coronel Sizernando de Souza promoveu a primei-ra grande reforma no prédio,
WANDERLEY GIL
Palácio Cláudio Moacyr de Azevedo passou por duas grandes reformas desde sua construção
para que fosse possível tam-bém concentrar as atividades administrativas da prefeitura. Para isso, em 1927, foi levan-tado o segundo pavimento voltado já para a Avenida Rui Barbosa.
Após a morte do ex-prefeito
Cláudio Moacyr de Azevedo, no dia 04 de agosto de 1995 em São Paulo, a sede do Legislati-vo recebeu o nome do político macaense que atuou também na Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro.
Mais de um século depois
de se tornar sede da Câmara, o Palácio Cláudio Moacyr de Azevedo passou por um gran-de processo de restauração, realizada pelo então presiden-te do Legislativo, o vereador Paulo Antunes, na época em seu quarto mandato à frente
do parlamento municipal.Hoje, com a construção do
Palácio Natálio Salvador An-tunes, nova sede do Legislati-vo, o Palácio Cláudio Moacyr de Azevedo deverá se trans-formar em sede do museu da política macaense.
História do homenageadoCláudio Moacyr de Azevedo
(1935-1995) nasceu em Macaé. Formado em Direito, atuou como advogado e foi também Procura-dor do Estado.
Durante a década de 1960 foi secretário-geral da União Flumi-nense dos Estudantes e presiden-te do Diretório Central dos Estu-dantes da Universidade Federal Fluminense (UFF). Em 1967, foi
empossado como prefeito de Macaé.
Elegeu-se deputado estadual em 1970, sendo líder da oposição na Assembleia. Eleito pelo Movi-mento Democrático Brasileiro (MDB) para a Constituinte esta-dual, em 1974, foi líder do partido e depois presidente da Assembleia Legislativa do estado do Rio de Janeiro (Alerj), entre 1977 e 1978.
Foi novamente eleito pelo MDB em 1978 e tornou-se líder da ban-cada do bloco parlamentar do PP em 1980. Reelegeu-se em 1982 pelo Partido do Movimento De-mocrático Brasileiro (PMDB) e foi líder do partido em 1985.
No ano seguinte, passou a in-tegrar o Partido Democrático Tra-balhista (PDT), sendo eleito nesta legenda na legislatura de 1987.
Dois anos depois, exerceu a liderança da bancada do parti-do, mas em 1990 renunciou ao mandato para integrar o Conse-lho Estadual de Contas do Mu-nicípio. Presidiu o Conselho até sua extinção por uma emenda constitucional em 1991. Faleceu no dia 04 de agosto de 1995, em São Paulo, vitimado por proble-mas cardíacos.
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MEMÓRIA
Governo consolida ação social de Andrea Meirelles através de Restaurante PopularProjeto que será entregue nesta quarta-feira (29) levará o nome da ex-secretária e macaense ilustre
Márcio [email protected]
Ao consolidar a elaboração de um dos principais pro-jetos de atenção social do
município, a prefeitura presta hoje uma homenagem especial à memória da filha ilustre que partiu, de forma bastante re-pentina, neste ano, ainda dei-xando saudades nos corações de muita gente.
Em um ato reverenciado e re-conhecido pela secretaria mu-nicipal de Governo, a nova sede do Restaurante Popular Prato Cheio, construída na Aroeira, ganhará o nome da advogada, militante das causas sociais e ex-secretária municipal de De-senvolvimento Social, Andrea Meirelles, que faleceu em maio deste ano.
“O Restaurante Popular é, para mim, a maior obra já en-tregue pelo prefeito Dr. Aluí-zio. Porque o espaço é o acesso à cidadania e à igualdade para muitos macaenses. Me recordo da luta incansável de Andrea Meirelles para inaugurá-lo. Esta é uma obra que mantém a sua memória viva para sempre. Andrea encarna tudo que esta obra necessitava: sentimento e transformação social. Palmas para a sua luz e sua história”, destacou o secretário municipal de Governo, Léo Gomes.
A inauguração acontece nes-ta quarta-feira em solenidade agendada para as 14h.
O novo restaurante possui
uma área de 1.055 metros qua-drados. O grande salão é clima-tizado. O prédio conta ainda com sanitários para pessoas com deficiência, um espaço re-servado de espera para idosos e uma área coberta na parte externa.
O restaurante da Aroeira con-tinuará a ser administrado pelas lojas maçônicas de Macaé, por meio de um conselho gestor e vai contar com uma equipe in-tegrada com consciência social, composta por 30 trabalhadores treinados para realizar o aten-dimento. O empreendimento é resultado da parceria com o Ministério de Desenvolvimen-to Social e Combate à Fome, responsável por 80% da verba utilizada. A prefeitura cedeu o terreno para a construção nos mesmos padrões do antigo res-taurante.
O projeto funciona em Macaé desde 2004, no prédio situado
WANDERLEY GIL
Restaurante Prato Cheio marca trajetória de Andrea Meirelles à frente do Social no município
na Rua da Praia. De janeiro até junho deste
ano, foram servidas mais de 120 mil refeições. Durante o atendimento são detectados problemas sociais. Um grande número de casos tem sido alvo do trabalho do serviço social do restaurante, que busca aju-dar quem realmente precisa. Enquanto as pessoas estão na fila para o almoço, a assistente social orienta mães sobre vaci-nações e cuidados com os filhos, encaminha casos para atendi-mentos psicológicos, de saúde e sociais na rede municipal.
Dentre os encaminhamentos feitos pela assistência social do restaurante estão os seguintes: Benefício previdenciário do INSS, ambulatórios, empregos, Conselho Tutelar, Centro de Atendimento à Mulher, Conse-lho do Idoso, Farmácia Munici-pal, Fundação Leão XIII, entre outros.
Leonardo Gomes destaca proposta de reverenciar memória de Andrea através do projeto que será inaugurado hoje
ASSESSORIA
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Patrimônios históricos tombados garantem preservação cultural
Com seus encantos e seu passado de tantos troféus, os patrimônios históricos
macaenses ainda são referências de lutas e glórias de personagens importantes na construção da identidade social e cultural de Macaé. Hoje considerados ofi-cialmente como 'tesouros' do município, as sedes da Socieda-de Música Nova Aurora e da Lyra dos Conspiradores seguem pre-servadas e não destoam do atual cenário - de desenvolvimento e de progresso - alcançado pelo município nesses 202 anos de história.
As sedes das duas instituições foram, oficialmente, tombadas como patrimônios históricos da cidade em 2013 durante os feste-
Nova Aurora e Lyra dos Conspiradores representam luta social e dedicação a uma das mais belas artes da cidadejos dos 200 de criação da Vila de Macaé.
O ato de tombamento foi ins-tituído, através da lei municipal 2445/2003, como reconheci-mento do valor cultural dos prédios, integrando-se assim ao patrimônio histórico do municí-pio. A iniciativa foi da Prefeitura Municipal de Macaé, através da Fundação Macaé de Cultura. Para tanto, a equipe de gestão da FMC realizou várias visitas às sociedades musicais para conhe-cer sua realidade e mapear as ne-cessidades e elaborar um plano de ação, que tem como primeiro ponto esse tombamento.
NOVA AURORAFundada em 8 de junho de
1873, a Sociedade Musical Nova Aurora se constitui em um dos maiores patrimônios culturais de Macaé. Seu primeiro presidente foi o Sr. Manoel Guedes Junior. Em dezembro de 1882, em decor-rência de uma crise social, alguns dos diretores deixaram a Nova Aurora e partiram para fundar a Sociedade Musical Beneficente Lyra dos Conspiradores. Hoje, ambas trilham o mesmo cami-nho e vivem os mesmos sacrifí-cios em prol da sobrevivência das bandas de música de Macaé.
Sob a regência do maestro Be-nedito Passos (Maestro Tinho), a Nova Aurora foi a Bi-campeã do nosso Estado, e, em nível na-cional, no programa apresentado para todo o país pela Rede Globo
ultrapassou os limites de Macaé para se tornar a Banda de Música do Rio de Janeiro.
A centenária Sociedade Mu-sical Lyra dos Conspiradores faz parte integrante da história de Macaé, sendo berço do abo-licionismo, numa luta contra a discriminação racial e em defesa da música.
A Lyra entrou para a história de Macaé como um dos princi-pais centros culturais e políticos do município, sendo berço de discussões que contribuíram com o desenvolvimento de um dos municípios mais importan-tes do país. E até os dias atuais, a Lyra dos Conspiradores mantém vivo este pedaço fundamental da história de Macaé.
SOCIAL
Por outro lado, a Lyra é respon-sável pela formação de ilustres artistas macaenses, que mostra-ram e mostram seus talentos pe-los palcos de Macaé, todo o Brasil e pelo mundo afora.
LYRA DOS CONSPIRADORESA história da Lyra dos Cons-
piradores começou quando um grupo de músicos, totalmente avesso à escravidão, decidiu se unir para fundar uma nova so-ciedade musical. Neste sentido, um grupo de abolicionistas não se conformava em apoiar a escra-vidão através de sua participação na Sociedade Particular Nova Aurora, na época um poderoso veículo de comunicação de mas-sas, que insistia em não utilizar
essas qualidades em defesa do escravo.
Foi quando Luiz Francisco Quaresma, Cândido de Freitas Coutinho, Alfredo Amaral, An-tônio José de Carvalho Torres, José Cyriaco e Joaquim Roza decidiram fundar a Sociedade Musical Beneficente da Lyra dos Conspiradores.
No dia 25 de dezembro de 1882 nascia a Lyra, com o objeti-vo principal de conspirar contra a escravidão que envergonhava o Brasil. Seu estatuto foi o pri-meiro a desafiar a ordem social da época, estabelecendo que em seu quadro social e na banda de música fossem admitidos todos que o desejassem, sem distinção de sexo, religião, política ou cor.
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