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ANÉIS DE PISTÃO
Uma definição simples do que são anéis de pistão pode ser a seguinte : “Os anéis de pistão são peças de metal que, quando instaladas nos cilindros dos motores, tornam‐se circulares e auto‐expansivas, proporcionando uma vedação móvel entre a câmara de combustão e o carter do motor”. No entanto essa definição, como tantas outras que se possa formular, não consegue expressar, com a exatidão necessária, toda a responsabilidade de que os anéis de pistão estão investidos para um perfeito funcionamento do motor onde estão instalados, nem os cuidados empregados no seu projeto, desenvolvimento e produção. Nesta matéria abordarei com mais detalhes as características mais importantes dos anéis de pistão e os principais tipos fabricados. Nomenclatura dos anéis Para facilitar a compreensão dos textos que vêm em seguida, vou inicialmente, definir quais são os nomes dados às diversas partes e às medidas principais dos anéis: Faces laterais São as partes do anel que ficam em contato com as canaletas do pistão, em posição paralela à cabeça do pistão, podendo também ser chamada de “face superior” e “face inferior”
Face externa É a parte do anel que fica em contato com a parede do cilindro. É também chamada de “face de trabalho” ou “face de contato”. Face Interna É o lado do anel que fica voltado para o fundo da canaleta do pistão.
Altura É a distância entre as faces laterais do anel, medida normalmente em milímetros e em alguns casos, em frações de polegadas. Espessura Radial É a distância entre as faces externas e internas do anel, tendo medidas sempre em milímetros.
Folga Lateral
É a folga medida no sentido da altura do anel,ou seja, é a distância entre a face lateral do anel e a superfície lateral da canaleta. Folga Traseira É a folga entre a face interna do anel e o fundo da canaleta do pistão, quando estes estão instalados e centrados no cilindro.
Diâmetro Nominal É o diâmetro externo do anel, “fechado” no diâmetro do cilindro para o qual foi projetado. É igual ao diâmetro nominal do cilindro, sendo medido em milímetros ou polegadas. Folga entre pontas É a distância entre as extremidades do anel, medida com o mesmo instalados no cilindro de diâmetro correspondente.
Essa folga varia conforme o diâmetro do anel e com o tipo de aplicação a que se destina. Na futura postagem “troca de anéis” colocarei uma tabela onde consta essas folgas.
Força tangencial Podemos dizer que a força tangencial do anel é a força que ele faz para expandir‐se quando instalado em um cilindro.
Para se medir quanto é essa força, existem aparelhos apropriados, onde o anel é envolvido por uma fita de aço que vai sendo puxada até que a distância entre as pontas do anel fique igual à folga recomendada. A força necessária para puxar a fita nessas condições é a chamada força tangencial do anel. Conformabilidade É a capacidade que um anel tem de adaptar sua face de trabalho aos contornos de um cilindro em toda sua circunferência, mesmo que a superfície de cilindro esteja ovalizada. Se um anel se adapta facilmente a um cilindro deformado, dizemos que esse anel tem grande conformabilidade. Funções dos Anéis Os anéis de pistão têm três funções principais que, resumidamente, são as seguintes: 1. Vedação da câmara de combustão em relação ao Carter, impedindo que os gases da combustão ou a pressão de compressão passem para o Carter. 2. Transmitir o calor absorvido pela cabeça do pistão para as paredes do cilindro e destas para o sistema de arrefecimento. 3. Controlar a lubrificação dos cilindros. Para atender a todos esses requisitos, simultaneamente, foi necessário desenvolver dois tipos básicos de anéis: Os de compressão e os de óleo, que tem a função e características principais que descrevo a seguir. Funções dos anéis de compressão Os anéis, de compressão, visam principalmente, vedar a câmara de combustão, impedindo que os gases da combustão passem para o Carter do motor, através da folga entre o pistão e o cilindro, evitando com isso a perda de rendimento do motor, através da folga entre o pistão e o cilindro, evitando com isso a perda de rendimento do motor e a contaminação do óleo do moto e a contaminação do óleo lubrificante. Essa função do anel, que é a mais importante, só pode ser cumprida quando houver um contato total entre a face de trabalho do anel e a parede do cilindro, em toda sua circunferência, quando pelo menos uma das faces laterais do anel encostar na correspondente face lateral da canaleta do pistão. Outros fatores que influenciam na vedação proporcionada pelo anel são a sua forma, sua força própria e a pressão dos gases de combustão na face interna do anel. Além da vedação, outra tarefa, das mais importantes, que os anéis devem cumprir, é impedir que o óleo lubrificante passe em excesso para a câmara de combustão e seja queimado e ao mesmo tempo deixar que uma fina película (filme) de óleo permaneça sobre a parede do cilindro para evitar um atrito “seco” (metal com metal) dos anéis com o cilindro.
Essa película de óleo, por sua vez, deve ter uma espessura definida, nem muito fina e nem muito grossa, pois se for muito fina não deixará o óleo suficiente para lubrificar os anéis e se for muito grossa, fará com que tenha um consumo excessivo de óleo. A espessura de película é obtida pela raspagem sucessiva feita por todos os anéis no curso descendente do pistão, cabendo, no entanto, ao primeiro anel (de compressão) a raspagem final, que não deve set total, mas deixando a fina película de óleo a que já foi referida anteriormente. Outra característica dos anéis da compressão é que, no curso ascendente, eles devem apenas deslizar sobre a película de óleo, sem empurrá‐la para cima, da mesma forma como um esqui aquático evitando com isso que o óleo seja queimado na câmara de combustão. Tanto essa característica de deslizar sobre o óleo no curso ascendente do pistão, como as de raspá‐lo no curso descendente e de vedar a passagem de gases para o carter, dependem do perfil do anel e, por isso, existem diferentes tipos de perfis, específicos para cada tipo de aplicação, como veremos mais adiante. Finalmente, os anéis de compressão devem ter uma boa capacidade de transmitir calor. Essa característica é necessária porque a cabeça do pistão está diretamente exposta aos gases quentes da combustão e, por isso, aquece‐se consideravelmente. Como existe a folga entre pistão e cilindro e como o calor transmitido pela saia do pistão é pequeno, cabe principalmente aos anéis de compressão adsorverem esse calor da cabeça do pistão e transmitirem‐no ao cilindro que, por sua vez, irá transmiti‐lo ao liquido de arrefecimento do motor. Se não houvesse essa troca de calor pelos anéis de compressão, o pistão logo atingiria temperaturas excessivamente altas e se danifica irremediavelmente. Para que, portanto, essa troca de calor seja eficiente, além da condutibilidade térmica do material do anel, é também importante o perfil, o ajuste entre anel e canaleta e a qualidade do acabamento das partes em contato.
Funções dos anéis de óleo A principal das funções desses anéis é raspar o excesso de óleo da parede do cilindro e drená‐lo em direção ao carter do motor, assegurando uma película adequada de óleo lubrificante, suficiente para lubrificar os anéis de compressão. Para exercer essa função adequadamente, o anel de óleo precisa ter bastante conformalidade e apresentar uma força própria elevada, para manter uma alta pressão de contato, pois, não depende da pressão dos gases para seu funcionamento correto. Para se obter esse elevada pressão de contato os anéis de óleo ou são compostos de
segmentos independentes de aço com altura bem reduzida, ou são usinados com um canal central de modo que toda tensão proveniente de próprio anel ou de molas auxiliares de concentre nessas estreitas faces de trabalho. Nos anéis de óleo é coletado pelo canal central e drenado para o carter através de passagens existentes no próprio anel e no fundo da canaleta do pistão.
Funcionamento dos anéis no motor Para se ter uma melhor idéia de como os anéis exercem suas funções, vamos analisar como se comporta um anel de perfil regular em cada um dos tempos de funcionamento de um motor (motor 4 tempos). Tempo de admissão À medida em que o pistão vai descendo, os anéis situados abaixo do anel superior (principalmente os de óleo), vão raspando a maior parte do óleo da parede da cilindro deixando o filme de óleo sucessivamente mais fino. Com o movimento de descida do pistão, a face lateral superior do anel de compressão encosta‐se na face superior da canaleta do pistão e o canto inferior da face do trabalho raspa o óleo da parede de cilindro. O óleo acumula‐se nos espaços existentes embaixo e atrás do anel.
Tempo de compressão O movimento se subida do pistão e a pressão no início do tempo de compressão, forçam o anel para baixo, formando uma vedação entre a face inferior do anel e a da canaleta.
Além disso, a pressão de compressão agindo por trás do anel e a força própria do anel, forçam‐no contra a cilindro e, com isso, é feita uma vedação ainda maior entre a face de trabalho do anel e a parede do cilindro. Quase no fim do curso ascendente do pistão ocorre a ignição e o início de combustão da mistura ar‐ combustível, onde os gases atingem, em frações de segundos, temperaturas da ordem de 2.200 °C.
Tempo Motor (ou de combustão) Com a ignição da mistura ar‐ combustível e a conseqüente expansão dos gases, a pressão dentro da câmara aumenta rapidamente para até 56 Kgf/cm2 ou mais, empurrando os pistões e anéis velozmente para baixo. Nessa, ocasião, uma pequena fuga de gases é normal, ocorrendo através da folga entre pontas e também por detrás dos anéis no breve instante que precede uma vedação lateral completa. A vedação lateral completa é feita quando a pressão total dos gases de combustão age na face
lateral superior e na face interna do anel fazendo com que o mesmo fique mais fortemente comprimido contra a face inferior da canaleta do pistão e a parede do cilindro respectivamente.
Também nesse tempo a ação de raspagem de todos os anéis é controlada, para que um fino filme de óleo permaneça na parede do cilindro. Tempo de descarga No tempo de descarga, pelo efeito do movimento ascendente do pistão, os anéis tendem a encostar‐se na face inferior da canaleta do pistão. Nessa ocasião, os anéis deslizam sobre o óleo lubrificante residual das paredes do cilindro sem raspa‐lo para cima.
Observação: As figuras acima, referem‐se a um anel de compressão de perfil retangular em trabalho. O comportamento de outros tipos de anéis é semelhante a este, apresentado, no entanto, ligeiras variações, apropriadas para cada tipo de aplicação.
Tipos de anéis Como já coloquei anteriormente, os anéis dividem‐se basicamente em dois grupos: ∙ Anéis de compressão. ∙ Anéis de óleo. Dentro dessa classificação básica, centenas de variações de desenhos foram criadas, buscando a melhor aplicação para cada tipo de motor, existe uma extensa gama de anéis, onde cada tipo de anel é projetado para executar uma função especifica. As figuras abaixo ilustram os tipos de anéis mais conhecidos. Esses tipos são básicos, a partir dos quais são desenvolvidos todos os anéis combinados. Assim sendo, coloco como exemplo, a anel Tipo “T”, que é um anel com face de contato inclinada.
E o Tipo “4” que é um anel regular chanfrado na face interna. Se combinarmos estes dois tipos de perfis, teremos um novo tipo chamado de “T4”, que será, portanto, um anel com face de contato inclinada e chanfrado na face interna.
Tipos de anéis de compressão Anel retangular – Tipo P É um anel de seção retangular empregado onde as condições de operação não requerem anéis com formato especial.
Anel com face inclinada Tipo T Devido à face externa ser inclinada, o contato com o cilindro dá‐se numa estreita faixa do canto inferior do anel, o que proporciona um assentamento melhor e mais rápido e um bom controle de óleo, na fase inicial de funcionamento, mesmo que o cilindro apresente pequenas ovalizações e distorções.
Anéis com chanfro ou rebaixos na face interna Tipos 2 ou 4 Quando anéis deste tipo, também denominados de torcionais, são “fechados” no diâmetro do cilindro, sua seção assimétrica proporciona uma torção do anel que causa um contato de alta pressão do canto inferior da sua face de trabalho o cilindro, resultando num assentamento mais rápido. Na face ascendente do pistão, devido a torção do anel, o mesmo desliza sobre a película de óleo e, na fase descendente, o contato do seu canto inferior raspa o excesso de óleo. Esse tipo de anel é usado principalmente nas canaletas intermediárias dos pistões, podendo também ser utilizado nas primeiras canaletas.
Anel com rebaixo na face de contato – Tipos 6 ou 7 Pode‐se dizer que este é um anel de compressão com propriedades de um anel raspador de óleo. O rebaixo na face de trabalho dá uma seção assimétrica ao anel, que causa uma leve torção quando fechado no diâmetro do cilindro. Com isso, o contato com o cilindro dá‐se no canto inferior da face de trabalho, proporcionando um assentamento bastante rápido.
Anel com face abaulada – Tipo E É um anel similar ao de seção retangular, exceto que sua face de trabalho é sempre revestida e apresenta uma leve curvatura convexa obtida através de lapidação. Isto assegura uma linha de contato de alta pressão em torno da posição central do abaulado, que veda prontamente a passagem de gases na fase inicial de funcionamento e facilita a formação de uma película adequada de óleo evitando o aparecimento de escoriação. O assentamento é gradual impedindo qualquer tendência de um contato do canto superior ou inferior do anel com o cilindro.
Anel trapezoidal – Tipo K O anel trapezoidal tem as faces laterais inclinadas na direção do diâmetro interno do anel. As canaletas do pistão precisam ter também suas faces inclinadas com um ângulo igual ao do anel, porém, com pequena variação na tolerância. Esta construção possibilita que exista uma variação contínua da folga entre as laterais do anel e da canaleta do pistão. Este anel é usado principalmente em motores de avião e diesel.
Anel semi‐trapezoidal – Tipo H O anel semi‐trapezoidal tem somente sua lateral superior inclinada em direção ao diâmetro interno do anel. A ação destes anéis é similar à dos anéis trapezoidais, porém, com menor capacidade de quebra dos depósitos e melhor controle de óleo e vedação à passagem de gases em comparação com os trapezoidais.
Tipos de anéis de óleo Anéis de óleo comum tipos W, WA ou WB
É um anel de uma única peça, com força própria, que pode apresentar vários formatos,visando modificar (diminuir) as áreas das faces de trabalho e com isso, conseguir maiores pressões de contato e melhor capacidade de raspagem de
óleo. Tipo W, WA e WB Anel de óleo com mola plana – Tipo XW É basicamente um anel do tipo W dotado de uma mola expansora plana que proporciona
uma pressão de contato ainda mais alta do que a encontrada nos anéis W normais.
Tipos XW
Anel de óleo com mola helicoidal – Tipos 86, 87 ou 88 É um anel composto por um elemento externo de ferro fundido, com espessura radial suficientemente fina para permitir a máxima adaptação à forma do cilindro e um elemento interno que é uma mola expansora helicoidal cilíndrica que atua em um canal existente na face interna do anel. Este canal de alojamento da mola pode ser semicircular ou em forma de V. O canal em forma de V evita que os cantos das fendas de passagem de óleo danifiquem a mola e ainda proporciona dois pontos de apoio, diminuindo o atrito entre as peças. A mola é confeccionada em aço de alta resistência à temperatura e pode apresentar-se externamente retificada e com o passo das espirais diferenciado na região da folga do anel, para diminuir os desgaste entre as partes. Quando este conjunto é montado no diâmetro do cilindro, a mola exerce uma pressão radial uniforme do anel, forçando-o a conformar-se à parede do cilindro, mesmo que esta esteja levemente ovalizada. É, portanto, um anel que pode manter uma alta pressão de contato, elevada conformabilidade, provendo um ótimo controle de óleo.
Tipos 86, 87 e 88
Anel de óleo de múltiplas peças – Tipo CGX Este é um anel de óleo de quatro componentes, compreendendo dois segmentos de aço cromados, um separador de ferro fundido e uma mola plana expansora que, quando montada no diâmetro do cilindro, apóia-se no fundo da canaleta do pistão, forçando os segmentos serem independentes, apresenta uma boa conformabilidade.
Tipo CGX Anel de óleo de múltiplas peças – Tipo C9 (990) É um anel de três componentes, compreendendo dois segmentos de aço e uma peça frexivel de aço inoxidável de alta resistência que serve para separar os segmentos e força-los contra as paredes do cilindro e contra as laterais da canaleta do pistão. Este conjunto, quando montado no diâmetro do cilindro, apresenta uma elevada pressão de contato e uma excelente conformabilidade, o que lhe proporciona uma eficiente vedação junto as laterais da canaleta do pistão. Esta vedação é bastante útil para o controle de óleo, no caso de alto vácuo na câmara de combustão.
Tipo C9 (990)
Materiais para anéis de pistão Metal base Alem dos formatos e perfis especiais, os anéis são produzidos com materiais especiais para cada tipo de aplicação. Quando selecionamos o material (metal base) para um anel, os seguintes fatores devem ser considerados: ‐ deve ter boas condições de trabalho tanto com lubrificação adequada como inadequada. ‐ Deve ter boas propriedades elásticas, principalmente em altas temperaturas. ‐ Deve ser bom condutor de calor. ‐ Deve ter uma boa resistência à quebra por fadiga. O metal base mais comumente utilizado é o ferro fundido cinzento mas, dependendo do caso, em função de exigências especificas de determinadas aplicações, são também utilizados ferro fundidos nodulares, ferros fundidos de alto teor de liga e aços. Tratamentos Superficiais Os tratamentos superficiais melhoram as condições de assentamento dos anéis no inicio de funcionamento dos motores e dão uma maior proteção contra a corrosão. Tipos de tratamentos superficiais: 1 – Fosforização: Através de um banho químico, a superfície do anel envolvida por uma camada de cristais de fosfato de manganês. Esta camada se desgasta mais facilmente que o material do anel, proporcionando um assentamento mais rápido e, como a mesma é porosa, retêm óleo lubrificante evitando a escoriação no início de funcionamento. O anel fosfatizado apresenta‐se com uma coloração escura. 2 – Ferroxidação: Pelo aquecimento dos anéis em atmosfera úmida, há uma oxidação controlada da superfície do anel, formando um óxido de ferro de aparência cinza‐azulada. O oxido de ferro sendo extremamente duro, proporciona um assentamento rápido nas primeiras horas de funcionamento, sem perigo de escoriação. 3 – Estanhagem: Por uma eletrodeposição metálica, a superfície do anel somente a fece de trabalho é envolvida por uma camada de estanho que tem propriedades lubrificantes que auxiliam no início de funcionamento. Cobertura ou revestimento Além dos tratamentos superficiais, para aumentar a durabilidade dos anéis e dos cilindros, as
superfícies de trabalho dos anéis também podem ser protegidas com camadas de material resistente ao desgaste e ao calor. Os tipos de revestimentos utilizados são: Camada de cromo Uma camada de cromo eletrodepositada na superfície de trabalho do anel confere‐lhe uma excelente resistência ao desgaste, bem como uma boa resistência a escoriações. Apresenta as seguintes propriedades: ‐ alta dureza. ‐ alto ponto de fusão (aproximadamente 1800°C). ‐ boa condutividade térmica e boa resistência à corrosão. ‐ Baixo coeficiente de atrito com o ferro fundido utilizado na fabricação de camisas. As superfícies dos anéis cromados são lapidadas de modo a apresentar‐se totalmente lisas ou com pequenas ranhuras. Em geral utiliza‐se o cromo nos anéis de 1ª canaleta, que é a mais solicitada, e também nos anéis de óleo devido as suas elevadas pressões contra as paredes dos cilindros. Quando o motor esta sujeito a muita poeira e partículas abrasivas, todo o conjunto de anéis deve ser cromado. A resistência ao desgaste de um anel cromado é três vezes maior do que um anel sem cromo e pode diminuir o desgaste do cilindro em 50%.
Camada de molibdênio O molibdênio metalizado por chama ou plasma sobre a superfície de trabalho do anel, confere‐lhe uma excelente resistência ao engripamento. Esta propriedade advém do seu elevado ponto de fusão (2.620 °C), de sua porosidade e da eficiente condição de lubrificação do molibdênio quando da quebra da película lubrificante.
Enchimento de ferrox O enchimento de ferrox é um processo de colocação de uma mistura de oxido de ferro e silicato de sódio em uma ou mais canaletas previamente preparadas sobre a superfície de trabalho do anel. Esta mistura é dura e porosa, facilitando as condições de essentamento dos anéis e proporcionando uma boa resistência à escoriações.
Fabricação de anéis A fabricação de anéis é um processo altamente especializado que envolve técnicas e cuidados especiais já a partir de sua fundição. Entre as mais modernas técnicas de fundição de anéis, encontram‐se as: ‐ Fundição estática (individual ou dupla) ‐ Fundição centrifugada. Fundição estática O processo de fundição estática dos anéis, inicia‐se em maquinas denominadas de “moldadeiras”, onde são produzidos moldes em areia “verde”, que apresentam em uma das faces a impressão de um ou mais anéis e na outra uma superfície lisa, além de um orifício central.
Esses moldes são empilhados um sobre o outro de modo que o ferro fundido liquefeito é despejado através do orifício central do primeiro molde, ele se distribui por todos os moldes e preenche as impressões na areia, formando os anéis.
Em seguida ao vazamento do ferro liquefeito, aguarda‐se os anéis esfriarem, e a areia é retirada por meio de vibradores, tendo‐se então o que se chama de uma “árvore de anéis”
As operações seguintes são a retirada dos anéis da árvore (individualmente), a limpeza da areia e a rebarbação. Obs.: No caso de fundição individual, os anéis, após limpos e rebarbados, seguem diretamente para a primeira operação de usinagem que é a retificação das faces laterais. Quando se trata de fundição dupla, antes de seguirem para esta operação, os anéis são cortados ao meio, ao longo de seu diâmetro, dando origem a dois anéis individuais.
Fundição Centrifugada Este processo de fundição é utilizado para anéis que suportam grandes esforços em funcionamento, e que, portanto, necessitam de materiais especiais em sua composição. O metal fundido é despejado em coquilhas que giram em alta velocidade, centrifugando‐o e dando‐lhe formato tubular.
Fundição centrifugada
Tubos de material especial Depois que o material se solidificou, a coquilha para de girar e os tubos, assim obtidos, são retirados e postos a resfriar. Em seguida, os tubos passam por uma operação de corte onde são divididos em vários anéis individuais. Um anel individual, logo após cortado em um desses tubos, apresenta uma espessura radial bastante larga, bem superior à sua medida final. Isso é feito para garantir que o anel tenha material suficiente para ser retirado no torneamento de forma, onde lhe será dada a forma especial, ligeiramente ovalada, responsável pelas principais características de funcionamento do anel. Retificação das laterais A operação seguinte, tanto para os anéis obtidos a partir de fundição dupla ou centrifugada, é a retificação das faces laterais que é feita em primeiro lugar, pois, a maioria das operações seguintes é realizada com os anéis colocados um ao lado do outro, formando pilhas. São necessários vários passes através da retífica para conseguir‐se um bom acabamento das laterais (da ordem de 0,40 um Ra), um alto gral de planicidade e tolerância da ordem de 0,012 mm, essenciais para um bom desempenho dos anéis.
Retificação das laterais Torneamento de forma A próxima operação é um torneamento especial do diâmetro externo do anel, chamado de “torneamento de forma”, onde os anéis são colocados lado a lado, formando um “pacote”, preso por um mandril. Esta é a mais importante e uma das principais operações do processo de fabricação de anéis, pois, é onde é dada a forma especial que vai determinar a disfunção de pressões ao longo do anel e lhe dar as melhores características de funcionamento. Essa forma especial, que não é circular mas, ligeiramente ovalada, é previamente definida para cada tipo de aplicação do anel, já no seu projeto e é obtida no torno com o auxílio de uma ferramenta de corte que ao invés de ser fixa, oscila acompanhado um came.
Torneamento de forma
Anel após o torneamento de forma
Corte da abertura livre Em seguida, passa‐se ao corte da abertura livre do anel que é obtida pela fresagem de um pedaço do anel enquanto ainda montado no mandril.
Corte da abertura livre.
Um anel após o corte da abertura livre. Observação importante Dependendo de forma dada ao anel nesta fase, quando o mesmo for instalado em um cilindro, a distribuição de pressões ao longo de sua circunferência poderá ser um forma de maçã, ou em forma de pêra, ou seja, com menor ou maior pressão na região das pontas, respectivamente.
Distribuição de pressão em forma de “maça”
Distribuição de pressão em forma de “pêra” Operações complementares No caso de anéis [Tipo P], após o corte da abertura livre, a seqüência de operações é a seguinte: ‐ Mandrilamento do diâmetro interno, para conseguir‐se um espessura radial uniforme em toda a circunferência do anel. ‐ Mandrilamento acabado do diâmetro externo, para conferir ao anel as dimensões exatas que garantem um perfeito controle do óleo e da passagem de gás. ‐ Topejamento, que é um a retificação da região entre pontas do anel para garantir que o mesmo venha a apresentar uma folga exata quando instalado no cilindro. ‐ Tratamento superficial. ‐ Marcação. ‐ Inspeção final. ‐ Oleamento e empacotamento. ‐ Encaminhamento ao estoque de produtos acabados. Outras Operações Já no caso da produção de outros tipos de anéis (mais complexos), até chegar‐se ao produto final, muitas outras operações são necessárias, podendo, em alguns casos, ultrapassar trinta
diferentes estágios. São esses operações, tais como: usinagem de canais e fendas em anéis de óleo, chanfros, rebaixos, tratamentos superficiais, aplicação de revestimentos, retificações de perfis e a lapidação de anéis cromados que irão definir os diversos tipos de anéis. Como exemplo dessas operações podemos destacar a cromação de anéis com os anéis agrupados em grandes “arvores” e submetidos a banhos químicos para a eletrodeposição de cromo e a lapidação de anéis cromados onde os anéis são agrupados e introduzidos em camisas especiais onde a camada de cromo é submetida a um pré‐assentamento que irá facilitar o amaciamento do motor e, ao mesmo tempo, conferir ao anel um perfil abaulado, do Tipo E.
Árvore de anéis cromados.
Lapidação de anéis cromados