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Análise Jurídica da Economia
Sérgio Mourão Corrêa LimaProfessor da Faculdade de Direito
da Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG - BrasilProfessor Visitante no Departamento de Direito Mercantil
da Universidade de Valencia – Espanha (2009-2010)Doutor pela Faculdade de Direito da Universidade Federal de Minas Gerais –
UFMG - Brasil Pós-Doutor pela Universidade de Alcalá de Henares – Espanha
Indicado pelo Brasil como Expert para o mecanismo de solução de controvérsias do Mercosul
Advogado sócio do Escritório Osmar Brina Corrêa Lima – Advogados Associados
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Aspecto subjetivo do Direito: Quem?
Na ordem jurídica interna dos países, sob o prisma subjetivo, figuram:
• as pessoas físicas ou naturais;• as pessoas jurídicas; e • os entes despersonificados.
As pessoas jurídicas de Direito interno, sujeitas ao poder de império do Estado, podem ser:
• estatais, que se confundem com o próprio Estado;• não estatais, mas com participação do Estado; e• não estatais, sem participação do Estado.
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Aspecto objetivo do Direito: O que?
As obrigações, em suas diferentes espécies, decorrem das diversas normas que integram o ordenamento jurídico. Os atos praticado por qualquer dos sujeitos devem a elas se conformar:
• Constituição• Lei• decisões jurisdicionais• atos administrativos• atos unilaterais de vontade e contratos
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Economia – aspecto objetivo. O que?
produção (indústria)
intermediação (comércio)
Consumo
Fatores:(1)insumos (matéria-prima, maquinário, recursos tecnológicos,
água, energia, etc)(2)mão-de-obra (trabalho manual, operadores das máquinas,
administradores, pesquisadores)(3)recursos financeiros, próprios ou de terceiros.
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Economia – aspecto subjetivo. Quem?
Diferentes agentes (sujeitos de Direito) no mercado:
• como agente normativo e fiscalizador, regulando e supervisionando a prática das atividades econômicas: o Estado, através das pessoas jurídicas estatais (entes públicos);
• como agentes econômicos propriamente ditos, exercitando a indústria, o comércio, a prestação de serviços e o consumo: as pessoas naturais e as pessoas jurídicas não estatais, sem e com participação do Estado.
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Alocação do dinheiro
A maior parte do dinheiro apurado a título de lucro líquido, resultado do exercício das atividades econômicas, é depositado em contas bancárias, ao menos inicialmente. Depois, os titulares do dinheiro optam entre:(a) reinvesti-lo em suas atividades econômicas;(b) mantê-lo depositado, à vista ou a prazo, em instituição
bancária;(c) utilizá-lo para o consumo de bens ou serviços;(d) direcioná-lo a diversos outros investimentos, como as ações,
os fundos de investimento, os planos de previdência complementar e os derivativos.
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Instituição FinanceiraLei 4.595/1964:“Art. 17. Consideram instituições financeiras, para os efeitos da legislação em vigor, as pessoas jurídicas públicas ou privadas, que tenham como atividade principal ou acessória a coleta, intermediação ou aplicação de recursos financeiros próprios ou de terceiros, em moeda nacional ou estrangeira, e a custódia de valor de propriedade de terceiros.”
Coleta ou captação de recursos (operações passivas)Aplicação, utilização ou investimento de recursos (operações ativas)Intermediação (operações passivas e ativas)
Administração e aplicação de recursos de terceiros (operações de gestão)
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Mercado financeiro – sentido amploTal como estruturado no Brasil, o mercado financeiro se subdivide em:
Mercado Financeiro – sentido estrito(Agentes normativo e fiscalizador: CMN e BCB)
Mercado de Títulos e Valores MobiliáriosAgentes normativo e fiscalizador: CMN e CVM)
Mercado de Seguros e Previdência Complementar Aberta(Agentes normativo e fiscalizador: CNSP e SUSEP)
Mercado de Previdência Complementar Fechada(Agentes normativo e fiscalizador: CNPC e PREVIC)
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Mercado financeiro – sentido estritoMercado Financeiro – sentido estrito(Agentes normativo e fiscalizador: CMN e BCB)
Bancos:
- Captação de recursos por meio de depósitos (principalmente); e através de operações de mútuo, às quais estão atreladas a emissão de títulos como LCI e LCA (operações passivas); além da emissão de ações, quando estruturados sob a forma de SA aberta;Obs: Os depósitos são contabilizados através de contas correntes contábeis de titularidade dos depositantes-correntistas. Os mútuos são lançados no passivo. As subscrições de ações são contabilizados no capital próprio do banco. - Utilização do dinheiro em operações de mútuo, às quais, muitas vezes, há títulos de crédito vinculados (operações ativas)- Portanto, os bancos praticam a intermediação.
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Mercado financeiro – sentido estritoBNDES (bancos regionais e estaduais de desenvolvimento):
Lei 4.595/1964:“Art. 23. O Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico é o principal instrumento de execução de política de investimentos do Governo Federal (…)”
- Captação de recursos, no Brasil ou no exterior, por meio de operações de mútuo, às quais podem ou não estar atreladas a emissão de títulos (operações passivas); além do aporte de recursos pela União;- Utilização do dinheiro em operações de mútuo, às quais, muitas vezes, há títulos de crédito vinculados (operações ativas). Os destinatários dos empréstimos têm sido escolhidos discricionariamente (privatizações / empresas de Eike Batista – X);- Portanto, os bancos praticam a intermediação.
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Mercado financeiro – sentido estritoFinanceiras:
- Não há captação de recursos por meio de depósitos, mas apenas por meio da emissão de alguns títulos (operações passivas restritas);- Utilização do dinheiro em operações de mútuo, às quais, muitas vezes, há títulos de crédito vinculados (operações ativas)- Portanto, as financeiras praticam a intermediação restrita.
Sociedades administradoras de consórcios:
- Não há captação (operações passivas); tampouco utilização de dinheiro (operações ativas);- Ocorre apenas a administração dos recursos dos grupos de consorciados (operações de gestão).
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Mercado financeiro – sentido estritoLei 11.795/2008: “Art. 2o Consórcio é a reunião de pessoas naturais e jurídicas em grupo, com prazo de duração e número de cotas previamente determinados, promovida por administradora de consórcio, com a finalidade de propiciar a seus integrantes, de forma isonômica, a aquisição de bens ou serviços, por meio de autofinanciamento. Art. 3o Grupo de consórcio é uma sociedade não personificada constituída por consorciados para os fins estabelecidos no art. 2o. (…)
Art. 5o A administradora de consórcios é a pessoa jurídica prestadora de serviços com objeto social principal voltado à administração de grupos de consórcio, constituída sob a forma de sociedade limitada ou sociedade anônima, nos termos do art. 7o, inciso I.”
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Mercado de Títulos e Valores Mobiliários
Mercado de Títulos e Valores Mobiliários Agentes normativo e fiscalizador: CMN e CVM)
As SDTVM, as SCTVM e as Bolsas de Valores compõem sistema alternativo ao bancário de captação de recursos por SA abertas.
- Captação de recursos por meio da emissão de títulos, principalmente as ações (operações passivas);Obs: As subscrições de ações são contabilizados no capital próprio da companhia. - Utilização do dinheiro nas atividades que consistem no objeto da companhia (portanto, não há operações ativas)- Não há intermediação.
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Sociedade Corretora
Investidor Comprado
rContrato
de Comissão
Contratode Mandato
Agente de Compensação
Investidor Vendedor
Contratode Comissão
Sociedade Corretora
Contratode Mandato
Agente de Compensação
Agente de Custódia
Contratode Mandato
BM&F Bovespa
Emissor de valores
mobiliários
Emissor de valores
mobiliários
Emissor de valores
mobiliários
Emissor de valores
mobiliários
Contrato de Depósito
Contratode Prestação
de Serviços
Contratode Compra e Venda
Contratode Compra e Venda
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FundosAspecto subjetivo: Entes despersonificados - sociedades de fato, formadas por investidores (sócios). Há sociedade quando pessoas “reciprocamente se obrigam a contribuir, com bens ou serviços, para o exercício de atividade econômica e a partilha, entre si, dos resultados.” (Art. 981 do CC)
Aspecto objetivo: Condomínio. Há “condomínio, quando a mesma coisa pertence a mais de uma pessoa, cabendo a cada uma delas igual direito, idealmente, sobre o todo e cada uma de suas partes. (...) A cada condômino é assegurada uma quota ou fração ideal da coisa e não uma parcela material desta. (Caio Mário da Silva Pereira)
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Fundos
Objetivo: Os fundos (dinheiro real ou escritural) se destina obrigatoriamente a determinadas finalidades.
Patrimônio: Há condomínio (co-propridade) sobre o dinheiro real ou escritural e demais bens, direitos, títulos ou valores mobiliários, que compõem o patrimônio do fundo.
Administração: Os fundos são geridos por terceiros. Os patrimônios do fundo e do administrador não se confundem. (Chinese Wall – muralha da China)
Sociedades administradoras de fundos:
- Não há captação (operações passivas); tampouco utilização de dinheiro (operações ativas);- Ocorre apenas a administração dos recursos dos cotistas ou participantes dos fundos (operações de gestão).
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Exemplos de fundos
São espécies e exemplos de fundos:
• Grupos de consorciados (geridos pelas sociedades administradoras de consórcios);
• Fundos de investimento (geridos pelo administrador);
• FGTS (gerido pela CEF); e
• Planos de previdência complementar fechados e abertos (geridos pelo “fundo de pensão” e pelo administrador, respectivamente).
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Fundos de InvestimentoOs fundos de investimento se classificam como de renda fixa e de renda variável. O que define a espécie do fundo é a maioria de suas aplicações.
Os fundo de renda fixa investem, majoritariamente, em “papéis” com critérios definidos para a apuração do rendimento, que são: (a) os títulos de dívida (mútuo), cujos devedores pagam juros periodicamente e, ao final do prazo acordado, o restituem o próprio principal; e (b) os valores mobiliários de renda fixa (debênture). Subespécies:- pós-fixados (como os fundos DI, cujas taxas de juros são aquelas
utilizadas nas operações interbancárias); e- pré-fixados, que fazem aplicações em papéis com taxa fixa
previamente estabelecida.
Os fundos de renda variável investem em “papéis”, cuja rentabilidade não está atrelada a critério determinado (juros), mas a outros elementos, como dividendos ou a própria valorização (Ex: ações).
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Mercado de Seguros e Previdência Complementar Aberta
Mercado de Seguros e Previdência Complementar Aberta(Agentes normativo e fiscalizador: CNSP e SUSEP)
No seguro, a companhia seguradora “assume a obrigação de ressarcir” (indenização), total ou parcialmente, “prejuízo sofrido por outrem” (beneficiário), “em virtude de evento incerto” (sinistro), “mediante o pagamento de determinada importância” (prêmio) pelo segurado. A previdência, por sua vez, implementa-se por meio de contribuição ao governo (previdência social) e/ou de participação e aporte de dinheiro em plano de previdência complementar, de modo a assegurar posterior recebimento “de pecúlios ou de rendas”, como forma de “proteger e amparar” a si e a sua família, no futuro e no caso de infortúnio ou enfermidade. Portanto, o objetivo de ambos (seguro e previdência) é o mesmo: propiciar segurança, tranquilidade e conforto às pessoas, em diferentes circunstâncias da vida.
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Mercado de Seguros e Previdência Complementar Aberta
Companhias Seguradoras:
- Captação de recursos por meio do pagamento de prêmio (operações passivas);- A maior parte do dinheiro captado destina-se à formação das reservas, que serão utilizadas ao pagamento das indenizações securitárias, que integram o objeto das companhias de seguros (portanto, não há operações ativas);- Não há intermediação.
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Mercado de Seguros e Previdência Complementar Aberta
A previdência aberta ocorre através da formação de Planos abertos à participação das pessoas em geral, que aportam dinheiro para a formação do fundo de reserva, utilizado para pagamento dos “pecúlios ou rendas” aos Participantes. Os recursos são geridos por sociedades com finalidade lucrativa.
Sociedades administradoras de planos abertos de previdência:
- Não há captação (operações passivas); tampouco utilização de dinheiro (operações ativas);- Ocorre apenas a administração dos recursos dos cotistas ou participantes dos fundos (operações de gestão).
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Mercado de Previdência Complementar FechadaMercado de Previdência Complementar Fechada(Agentes normativo e fiscalizador: CNPC e PREVIC)
A previdência fechada é implementada através da criação de Planos de pensão restritos à participação de pessoas vinculadas a empregador específico, que às vezes funciona como Patrocinador, porque contribui, juntamente com os seus empregados, para a formação do fundo de reserva (dinheiro), necessário ao pagamento dos “pecúlios ou rendas” aos Participantes dos Planos.
Sociedades administradoras de planos fechados de previdência:
- Não há captação (operações passivas); tampouco utilização de dinheiro (operações ativas);- Ocorre apenas a administração dos recursos dos cotistas ou participantes dos fundos (operações de gestão).
![Page 23: Análise Jurídica da Economia Sérgio Mourão Corrêa Lima Professor da Faculdade de Direito da Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG - Brasil Professor](https://reader036.vdocuments.com.br/reader036/viewer/2022070508/5706385e1a28abb8238fe70a/html5/thumbnails/23.jpg)
Problemas atuais do Mercado Financeiro
1. Ausência de legislação sistêmica sobre o mercado financeiro (Projeto de Código Empresarial);
2. Falta de balizas para os entes reguladores e fiscalizadores (cujos agentes não tem responsabilidade pessoal por seus atos);
3. Concentração de várias atividades, envolvendo diversos “fundos” nas mãos de diferentes sociedades, mas integrantes dos mesmos Grupos empresariais.