UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALFENAS - MG
Instituto de Ciências da Natureza
Curso de Geografia – Bacharelado ou Licenciatura
FELIPE BERNARDO SOLDANO
ANALISE GEOTÉCNICA DO LIXÃO DE FAMA – MINAS GERAIS.
Alfenas - MG
2018
FELIPE BERNARDO SOLDANO
ANALISE GEOTÉCNICA DO LIXÃO DE FAMA – MINAS GERAIS.
Trabalho de Conclusão de Curso
apresentada como parte dos
requisitos para obtenção do título de
Bacharel em Geografia pelo Instituto
de Ciências da Natureza da
Universidade Federal de Alfenas- MG,
sob orientação do Prof. Dr. Lineo
Aparecido Gaspar Júnior.
Alfenas – MG
2018
FELIPE BERNARDO SOLDANO
ANALISE GEOTÉCNICA DO LIXÃO DE FAMA – MINAS GERAIS.
A Banca examinadora abaixo-
assinada aprova a monografia
apresentada como parte dos
requisitos para obtenção do titulo de
graduação em Geografia
Bacharelado pelo Instituto de
Ciências da Natureza da
Universidade Federal de Alfenas-MG.
Aprovada em:
Prof°. Dr. Lineo Aparecido Gaspar Júnior Universidade Federal de Alfenas-MG Assinatura: Prof°. Dr. Paulo Henrique de Souza Universidade Federal de Alfenas-MG Assinatura:
Prof°. Dr. Rodrigo José Pisani Universidade Federal de Alfenas-MG Assinatura:
Este trabalho é dedicado a meu
Pai, Paulo Eduardo Soldano, e a
meu avô, Paulo Mauro Soldano,
principais exemplos de caráter,
força e determinação que tenho
em minha vida.
AGRADECIMENTOS
Primeiramente a Deus, minha Mãe e meu Irmão.
Ao Prof. Dr. Lineo Ap. Gaspar Júnior, meu grande amigo e
orientador. Agradeço pelas horas de companhia, pelos conselhos,
pelos almoços e pela preciosa orientação que tornou a realização
deste trabalho possível.
Aos demais professores que compõem o corpo docente da
Geografia – Unifal, os quais transmitem seus conhecimentos de
forma magistral, e constantemente demonstram respeito e atenção
aos alunos.
Aos meus colegas de sala, que tornaram-se essenciais em
minha vida.
A Daniela Saike, pela paciência e ajuda frequente na
construção de mapas, aos meus colegas de laboratório e vizinhos
Pedro e Tião pela companhia no LabGeo por dias a fio.
A minha irmã adquirida em solo Alfenense, Giovanna
Puccinelli, que tornou-se parte da minha família.
RESUMO
O descarte inadequado de resíduos sólidos tornou-se um problema de escala
global, atingindo de maneira intensa recursos hídricos, biológicos e atmosféricos,
tornando-se um dos maiores riscos ambientais da era pós-moderna. Apesar de
esforços do Ministério do Meio Ambiente e de políticas públicas voltadas ao
tratamento adequado de resíduos, o descarte irregular em terrenos baldios ou
em lixões continuam categorizados como principal destino do lixo gerado pelos
municípios Brasileiros. Buscando identificar características que possam facilitar
o processo de contaminação de um solo ou manancial subterrâneo, este trabalho
equipou-se de técnicas laboratoriais que detalhassem características físicas e
comportamentais do solo de um terreno utilizado como lixão no município de
Fama – MG, foram levadas em consideração não apenas os resultados
geotécnicos obtidos pelas análises de campo e laboratoriais, mas conjuntamente
a tais dados, foram analisados regimes pluviométricos, atmosféricos, estrutura
geológica e componentes biológicos em escala regional, afim de compreender
de maneira holística as nuances que interferem nas reações ocasionadas pela
interação dos resíduos com o bioma local e mensurar a viabilidade do local para
a função a qual vem sendo destinado.
Palavras-chave: Aterro; Lixão; Geotécnica; Solo.
ABSTRACT
Inadequate disposal of solid waste has become a global problem, hitting
biological, atmospheric and hydric resources intensively, making it one of the
greatest environmental hazards of the postmodern age. Despite the efforts of the
Ministry of the Environment and public policies aimed at the adequate treatment
of waste, irregular disposal in empty lots or dumps remains categorized as the
main waste destination generated by Brazilian municipalities.
Aiming to identify characteristics that could facilitate the contamination process
of a soil or underground source, this work was equipped with laboratory
techniques that detailed physical and behavioral characteristics of the soil of a
land used as a dump in the municipality of Fama - MG, were has it been
considered not only the geotechnical results obtained by the field and laboratory
analyzes, but also, pluviometric, atmospheric, geological structure and biological
components were analyzed on a regional scale, in order to holistically understand
the hues that interfere in the reactions caused by the interaction of the waste with
the local biome and to measure the site’s viability for the function to which it is
being destined.
Keywords: Landfills; Dumps; Geotechnical; Soil.
Sumário
1-INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................... 9
2-REVISÃO DE BIBLIOGRAFIA ANTERIOR................................................................................................ 11
3-MATERIAIS E MÉTODOS ..................................................................................................................... 23
3.1-ÁREA DE ESTUDO .......................................................................................................... 23
3.2-METODOLOGIA ............................................................................................................. 34
3.2.1-Mapas e imagens aéreas ............................................................................................ 35
3.2.2-Analises de campo ...................................................................................................... 40
3.2.2.1-Cor ...................................................................................................................... 40
3.2.2.2-Estrutura ............................................................................................................. 41
3.2.2.3-Porosidade .......................................................................................................... 41
3.2.2.4-Cerosidade .......................................................................................................... 41
3.2.2.5-Consistência ........................................................................................................ 42
3.2.2.6-Plasticidade ......................................................................................................... 42
3.2.2.7-Pegajosidade ....................................................................................................... 42
3.2.2.8-Cimentação ......................................................................................................... 43
3.2.2.9-Infiltração ............................................................................................................ 43
3.3-ANÁLISES LABORATORIAIS ............................................................................................ 45
3.3.1-GRANULOMETRIA .................................................................................................. 45
3.3.2-TEOR DE UMIDADE ................................................................................................. 47
3.3.3-LIMITES DE CONSISTÊNCIA DO SOLO ...................................................................... 47
3.3.4-TEXTURA ................................................................................................................ 51
3.3.5-TEOR DE CARBONO ORGÂNICO .............................................................................. 51
3.3.6-PH DOS SOLOS ........................................................................................................ 52
3.3.7-DIFRAÇÃO DE RAIO-X ............................................................................................. 53
3.3.8-ÍNDICES FÍSICOS ..................................................................................................... 53
3.3.9-ANALISE DE ÁGUA .................................................................................................. 56
4-RESULTADOS E DISCUSSÕES .............................................................................................................. 57
5-CONCLUSÕES .................................................................................................................................... 73
6-REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................................................................... 74
7-ANEXO .............................................................................................................................................. 78
Índice de Figuras
FIGURA 1: MAPA DE LOCALIZAÇÃO DO MUNICÍPIO DE FAMA, MG. ..................................... 23 FIGURA 2: MAPA HIDROLÓGICO DE FAMA, MG. ....................................................................... 25 FIGURA 3: MAPA HIPSOMÉTRICO DE FAMA- MINAS GERAIS ................................................ 27 FIGURA 4: MAPA GEOLÓGICO DE FAMA, MG. ........................................................................... 29 FIGURA 5:MAPA ESTRUTURAL DA REGIÃO.. ............................................................................. 30 FIGURA 6: MAPA PEDOLÓGICO DA REGIÃO DE FAMA – MG.. ............................................... 31 FIGURA 7: MAPA DE USO E COBERTURA DO SOLO. ............................................................... 33 FIGURA 8: IMAGEM AÉREA DO PRIMEIRO PONTO DE COLETA. ........................................... 38
FIGURA 9:IMAGEM AÉREA DO LIXÃO DE FAMA – MG ............................................................. 39 FIGURA 10: IMAGEM AÉREA DO LIXÃO DE FAMA – MG. ......................................................... 40 FIGURA 11: PENEIRAS UTILIZADAS PARA REALIZAR ANALISA GRANULOMÉTRICA. ....... 46 FIGURA 12: APARELHO CASAGRANDE ...................................................................................... 48 FIGURA 13: ANALISE DE SOLO COM COMPORTAMENTO PLÁSTICO. ................................. 50 FIGURA 14: PICNÔMETRO ............................................................................................................. 55 FIGURA 15: : GRÁFICO DE INFILTRAÇÃO PONTOS P1 E P2. ................................................. 61 FIGURA 16: GRANULOMETRIA PONTO 1. ................................................................................... 62 FIGURA 17: GRANULOMETRIA PONTO 2. ................................................................................... 63 FIGURA 18: GRANULOMETRIA PONTO 3. ................................................................................... 64 FIGURA 19: LIMITE DE LIQUIDEZ, P1. .......................................................................................... 66 FIGURA 20: LIMITE DE LIQUIDEZ, P2. .......................................................................................... 66 FIGURA 21: LIMITE DE LIQUIDEZ, P3.. ........................................................................................ 67 FIGURA 22: DIFRAÇÃO DE RAIO-X, P1. ....................................................................................... 70 FIGURA 23: DIFRAÇÃO DE RAIO-X, P2 ........................................................................................ 70 FIGURA 24: DIFRAÇÃO DE RAIO-X, P3.. ...................................................................................... 71
Índice de Tabelas
TABELA 1: COMPOSIÇÃO DAS CLASSES DE LIXO. .................................................................. 14 TABELA 2: CLASSES DE RESÍDUOS SÓLIDOS.. ........................................................................ 15 TABELA 3: ORGANOGRAMA METODOLÓGICO DO TRABALHO. ............................................ 35 TABELA 4: TABELA DE CLASSIFICAÇÃO GRANULOMÉTRICA ................................................ 45 TABELA 5: DENOMINAÇÃO DOS GRAUS DE SATURAÇÃO ..................................................... 69
Índice de Equações
EQUAÇÃO 1: TEOR DE UMIDADE ................................................................................................. 47 EQUAÇÃO 2: LIMITE DE LIQUIDEZ ............................................................................................... 49 EQUAÇÃO 3: ÍNDICE DE PLÁSTICIDADE ..................................................................................... 51 EQUAÇÃO 4: VOLUME DE ANEL ................................................................................................... 54
9
1-INTRODUÇÃO
Resíduos gerados pela humanidade tornam-se dia após dia um problema
de extensão global, devido ao gerenciamento falho do processo, o qual se
estende da captação dos resíduos ao tratamento de reciclagem ou acamamento
(ato de dispor resíduos em células, formando camadas de lixo e materiais
impermeável. As falhas neste processo já causam danos incalculáveis para
diversos biomas mundiais, e sua poluição atinge os recursos ambientais de
cunho hídricos, pedológicos e atmosféricos, além de tornar a região acerca do
aterro um local com intensa presença de vetores de doenças contagiosas. Para
GADOTTI (1997) um dos problemas dos resíduos sólidos é a sua
inesgotabilidade, e o poder público que está encarregado de dar soluções a este
problema os negligencia, visto que, estes resíduos normalmente são dispostos
em locais impróprios, causando danos ambientais que além de danificar o meio
ambiente tem um custo muito alto em comparação ao tratamento correto dos
resíduos.
Segundo a ABRELPE (Associação Brasileira de Empresas de Limpeza
Pública e Resíduos Especiais) em 2016 foram produzidos 78,3 milhões de
toneladas de lixo urbano, desconsiderando-se lixos de origem hospitalar ou
especial, o que representa uma queda de 2% na produção geral, fato associado
a recessão econômica vivida no pais, porém, tal medida não é um indicativo
positivo. Deve-se considerar a destinação dos resíduos coletados, e
aproximadamente 30% dos municípios brasileiros direcionam sua coleta a
aterros a céu aberto em proporções superiores a 0,2% em relação ao ano
anterior.
Nas cidades brasileiras o crescimento populacional, a falta de
infraestrutura e de planejamento dos grandes centros são fatores que têm
dificultado o gerenciamento dos resíduos (TAVARES, 2008), além da dificuldade
de achar terrenos adequados para a implantação de aterros de qualquer tipo,
devido a abundância de recursos naturais ou as características geomorfológicas
da região. Tais circunstâncias deveriam ser analisadas profundamente durante
10
a fase inicial do projeto de um aterro, afim de proteger de maneira adequada a
população e recursos naturais locais, de riscos gerados pela exposição a vetores
e contaminantes presentes em ambientes de decomposição exposta. Tétano,
hepatite A, dermatite de contato, cólera, tracoma, febre tifoide e verminoses são
algumas das doenças que ocorrem em populações que dependem do convívio
com resíduos sólidos para a subsistência, enquanto a poluição visual, gases
como o metano e o CO2, substâncias como a amônia e metais pesados (bário,
zinco, chumbo e manganês) (BAGCHI ,1994 apud RODRIGUEZ, 2002, p. 9)
poluem o solo, água e o ar local.
A água ou outro fluido que percola através do resíduo sólido disposto em
um lixão ou aterro dissolve compostos orgânicos e inorgânicos, dando origem a
um líquido contaminado conhecido como chorume (ROBlNSON & lVARlS, 1979;
BAGCHI, 1994 apud RODRIGUES, 2002, p. 9), que é responsável pela
aceleração do processo de lixiviação do solo através da sua acidez. No lixo
doméstico, são gerados no processo de decomposição anaeróbia gases como
CH4 (metano), CO2 (dióxido de carbono), NH3 (amoníaco) e H2S (Sulfeto de
hidrogênio), que se dissolvem na água de percolação ou presente na massa do
resíduo e que reagem com o lixo (BAGCHI ,1994 apud RODRIGUES, 2002, P.
9). Esses fatos demonstram a necessidade de se obter informações sobre o meio
em que se tratarão estes resquícios, tais como propriedades físicas do solo,
comportamento de águas subterrâneas, regime pluviométrico e até mesmo a
direção majoritária do vento no local.
Para que uma localidade seja designada como aterro de qualquer classe
é necessário que sejam cumpridas medidas básicas em relação a estrutura,
localidade, gerenciamento e tratamento dos resíduos, buscando diminuir a
possibilidade de danos ambientais.
O bom funcionamento de um aterro depende diretamente de todo o
processo de gestão de resíduos sólidos, o qual deve ser planejado de forma
interligada, sem deixar nenhum dos atores responsáveis pelo bom
funcionamento das etapas intrínsecas, descriminados. Em um sistema ideal de
gerenciamento de resíduos sólidos, todos os integrantes exercem um papel de
responsabilidade, desde os catadores independentes aos presidentes das
empresas responsáveis pelo tratamento dado aos resíduos. Os comprimentos
11
dessas responsabilidades geram um resultado direto nos recursos naturais,
sociais e monetários do município que o abriga. Além dos danos ambientais,
multas e até a interdição do lixão podem ser resultados de uma má gestão e do
não cumprimento das leis que regem a atividade.
A evolução das técnicas de produção e cientificas geraram a necessidade
de estudos e testes cada vez mais específicos e idealizados para se obter dados
sobre as diversas características do solo, da água e do ar, fazendo com que
qualquer estudo sobre resíduos sólidos e aterros sanitários estejam
obrigatoriamente munidos de conhecimento técnico e teórico sobre o assunto,
possibilitando a previsões e soluções para cada evento que possam ocorrer em
decorrência dos tipos de resíduos dispostos no local.
Os danos causados pela decomposição acelerada presente em aterros
de despejo na maioria das vezes passam despercebidos aos olhos da
sociedade, dado o processo de afastamento destas áreas das grandes
populações. Portanto, caso não haja o planejamento e a estruturação da política
de gerenciamento de resíduos em escala municipal e estadual, os danos que
inevitavelmente ocorrerão podem ser agravados se associados a características
físicas do solo. Caso o solo apresente fragilidades ligadas ao intemperismo
químico e lixiviação sofridos em decorrência da interação entre partículas deste
e o chorume. Os danos também se agravam caso a localização geográfica para
a implantação deste aterro não seja estudada corretamente. Dados em relação
a hipsometria, uso e ocupação do solo, pedologia, hidrologia e falhas geológicas
devem ser levantados, mapeados e expostos, para que se possa cruzar
informações e obter uma área melhor destinada para o uso.
A realização de ensaios geotécnicos em campo e laboratório, de amostras
de solo retiradas do lixão de fama, foram o cerne da realização deste trabalho,
buscando resultados conclusivos sobre o comportamento do solo associado ao
efeito do seu uso para o despejo de resíduos sólidos e seus subprodutos.
2-REVISÃO DE BIBLIOGRAFIA ANTERIOR
12
A espécie humana produz resíduos desde os primórdios de sua
existência, porém, com o destaque dos humanos entre os principais predadores
do planeta seus hábitos nômades foram esquecidos, e tornou-se prioridade
produzir itens para o conforto dos indivíduos, fazendo assim com que
rapidamente fossem criados resíduos que não se decompunham no meio
ambiente como antes. Inicialmente vasilhames de cerâmica, ferramentas para o
plantio e tecidos eram os principais produtos que compunham os resquícios das
atividades humanas.
Com o avanço natural do desenvolvimento humano, o advento da
revolução industrial causou uma mudança drástica na produção de lixo e
também em sua variedade. Anteriormente eram produzidos majoritariamente
resíduos de ordem orgânica, porém, após o século XIX a variedade de setores
criados e a quantidade de novos elementos apresentados ao consumo do
público fez com que fossem criadas categorias, classes, normas e leis sobre
como se tratar corretamente os resíduos gerados.
Atualmente, sabe-se dos diversos panoramas e diferentes formas de se
lidar com o problema ocasionado pela geração de lixo, mas é necessário que se
explique o que constitui tal problemática. Segundo lima (2004, pág. 15):
“A problemática do lixo pode ser explicada pela análise e
compreensão dos vários fatores e mecanismos que influenciam
no processo de produção manejo, tratamento e destino final de
resíduos, dentre eles, pode-se citar: a antropogenia; o aumento
populacional; a intensidade do processo de industrialização; a
globalização da economia; a irreversibilidade; a entropia; a
heterogeneidade; a marginalidade, etc.”
Através do entendimento destas questões, torna-se mais possível chegar
a uma solução para a geração, captação, transporte e tratamento falhos de
empresas de resíduos urbanos e prefeituras.
Não apenas o conhecimento sobre os fatores sociais, políticos e
empresariais sobre a geração de resíduos contribuem para melhor estruturação
do processo de tratamento do lixo. Estudos técnicos como a elaboração de
relatórios EIA/RIMA, cumprimento das normas criadas para a instalação de um
aterro sanitário, conhecimento dos tipos e classes de resíduos, e dos tipos de
13
aterro, são parte fundamental para evitar os inúmeros danos ambientais que
podem ser ocasionados pelo exercício irregular da disposição do lixo.
A desconstrução do modo como se pensa o ciclo do lixo deve ter início
pelo próprio objeto em questão, definindo o que são os resíduos sólidos.
Segundo Sisinno (2000 apud NBR – 10.004 ABNT(1987)):
“Resíduos nos estados sólido e semissólido que resultam de atividades da comunidade, de origem industrial, doméstica, hospitalar, comercial, agrícola, de serviços e de varrição. Ficam incluídos nesta definição os lodos provenientes sistemas de tratamento de água, aqueles gerados em equipamentos e instalações de controle de poluição bem como determinados líquidos cujas particularidades tornem inviável o seu lançamento na rede pública de esgotos ou corpos d'água, ou exijam para isso soluções técnica e economicamente inviáveis em face à melhor tecnologia disponível. ”
Deve-se saber que tudo o que se consome, caso não seja exposto ao
tratamento ideal se torna lixo, portanto, saber a origem dos materiais torna
possível identificar qual tipo de lixo será captado e qual a destinação ideal par
estes resquícios, este processo deu-se historicamente segundo Fonseca (2001,
pág. 5) "com o desenvolvimento das cidades, surgem as indústrias, o comércio
em geral progride, as feiras aumentam, aparecem os serviços de saúde,
transporte, etc., e cada um desses segmentos começa a originar resíduos em
geral." Tal processo é também parte importante na classificação destes materiais
(tabela 1).
14
Lixo residencial
Trapos, garrafas, papéis, resíduos de asseio, plásticos, latas, cascas de frutas, legumes, podendo existir alguns resíduos considerados tóxicos como: tintas, lâmpadas, baterias, frascos de aerossóis, inseticidas, remédios e outros.
Lixo comercial Papéis, papelões, plásticos, restos de alimentos, embalagens de madeira, resíduos de lavagens, sabões, etc.
Lixo industrial e de construção civil
Resíduos Industriais: Resíduos gerados por todos os tipos de indústria. Resíduos de construção civil: argamassa endurecida, bloco, componentes cerâmicos, concreto, matéria de escavação aproveitável, telha, tijolo cerâmico, solo orgânico ou vegetação, madeiras, metais, papel e papelão, plásticos, PVC, vidros, embalagens de tinta, gesso, manta asfáltica, óleos, instalações industriais
Lixo hospitalar
Hemoderivadas, excreções, secreções e líquidos orgânicos, meios de cultura, tecidos, órgãos, gazes contaminadas, bisturis, agulhas, escalpes, resíduos farmacêuticos.
Lixo especial Veículos abandonados, podas de jardins e praças, mobiliário, animais mortos, descargas clandestinas, etc.
Outros Itens não contidos nas categorias acima e provenientes de sistemas de varredura e limpeza de galerias e bocas de lobo.
TABELA 1: COMPOSIÇÃO DAS CLASSES DE LIXO. FONTE: EDIMILSON FONSECA (2001)
Naturalmente, a identificação dos tipos de resíduos tornou visíveis
características aglutinadoras entre eles, que deram origem a uma forma de
classificação dos lixos de acordo com a natureza física (seco ou molhado),
composição química (orgânico ou inorgânico) e potencial de risco ao meio
ambiente (IPT/CEMPRE, 2000. Apud ABNT, 1987a, b, c, d) como demonstrado
na Tabela 2.
15
TABELA 2: CLASSES DE RESÍDUOS SÓLIDOS. FONTE: ABNT (1987A).
As classes de lixo distinguidas de acordo com sua periculosidade
demonstraram-se um método coerente e eficaz para tratar de modo ideal os
diferentes tipos de resíduos, porém, no decorrer do processo de coleta, o passo
seguinte à separação é a coleta, a qual deve ser distinguida de acordo com seu
modo operante. Conke e Nascimento (2018) reúnem dados que expõem de
maneira concisa as diferenças entre cada uma das modalidades:
“[...] na modalidade regular, veículos coletores municipais ou de empresas terceirizadas transportam o lixo ao seu local disposição final (aterro sanitário, usina de incineração, lixão etc.), terminando assim o ciclo; na seletiva, a coleta pode ser feita porta a porta (quando os veículos coletores oficiais ou catadores recolhem os resíduos deixados nos logradouros públicos) ou por meio dos PEVs (caçambas, contêineres ou lixeiras de fácil acesso nas quais os cidadãos entregam materiais recicláveis ou os trocam por alimentos, material de construção, material escolar, descontos para eventos culturais etc.) (Cempre, 2010; IBGE, 2010; Tchobanoglous & Kreith, 2002). Um terceiro método, raro no Brasil, ocorre por meio de um sistema subterrâneo: os resíduos são depositados em recipientes localizados abaixo do solo e transferidos até as centrais de triagem por caminhões com guindaste ou por tubulações (Kaliampakos & Benardos, 2013).”
O planejamento e estruturação das etapas em que consiste a integridade
do processo de coleta e transporte do lixo, seja ele reciclável ou não, são dois
dos pilares que sustentam os sistemas de gerenciamento de resíduos. O
terceiro, merecedor de analises mais aprofundadas é o local de disposição final
dos resíduos, que tem como característica inata a periculosidade
independentemente da classificação vinculada ao mesmo. Aterro sanitário,
16
controlado ou lixão carregam, cada qual, uma porcentagem de riscos para o meio
ambiente, e devem receber medidas cautelares pareadas a nocividade que
representam.
Aterros controlados constituem o método mais avançado em relação aos
cuidados necessários ao se tratar resíduos de origens e composições diversas.
De forma simplificada Bidone e Povinelli (1999) definem:
“O aterro sanitário é uma forma de disposição dos resíduos
sólidos urbanos no solo, dentro de critérios de engenharia e
normas operacionais especificas, proporcionando o
confinamento seguro dos resíduos, evitando danos ou riscos à
saúde pública e minimizando os impactos ambientais.“
Normas contidas pela NBR 8419/ NB 843 indicam que aterros sanitários
devem ser diferenciados de acordo com os resíduos a serem recebidos, mas
tem como diretriz básica as características elementares para a construção de um
aterro vinculado a classe II dos resíduos.
Projetos para novos aterros devem estar estruturados de acordo com a
norma NBR 8419/84, ser constituído por memorial descritivo, memorial técnico,
apresentação da estimativa de custos e do cronograma, plantas e desenhos
técnicos, além de conter levantamentos e estudos em relação a monitoramento
ambiental e geotécnico, sistemas para drenagem e direcionamento de gases e
fluidos lixiviados, planos para controle de volume de entrada de resíduos,
cuidados com impermeabilização de base e superior, existência de células
dedicadas a resíduos de origem hospitalar e de serviços de saúde como um todo,
além da produção de um manual de operação do aterro e designação de
reinserção da área para a sociedade após o encerramento de suas atividades.
Assim como os aterros sanitários de resíduos sólidos urbanos têm normas
específicas, outros tipos de aterros, como os de resíduos perigosos, também
devem ser elaborados seguindo os princípios técnicos estabelecidos ( Ministério
do Meio Ambiente 2007). Aterros sanitários para destinação de resíduos não
perigosos, resíduos perigosos e resíduos industriais perigosos correspondem
respectivamente as normas NBR 8418 / NB 842, NBR 10157 / NB 1025 e NBR
13896.
17
Para que um aterro sanitário seja considerado operável é necessário que
se cumpram todas as especificações citadas acima, logo, é imprescindível que
haja aporte monetário e planejamento advindo das prefeituras envolvidas na
construção destas obras, tornando inviável sua execução em municípios médios
e pequenos. Tal incapacidade abre portas para um novo modo de tratar os
resíduos, o aterro controlado pode ser visto como um método de baixo custo
capaz de reduzir a poluição visual, porém, praticamente ineficaz ao tratar de
proteção a poluição ambiental. Ainda assim é uma saída adotada por alguns
municípios como alternativa para o tratamento de seus resíduos.
Para Bidone e Povinelli (1999), aterros controlados representam:
“Uma forma de disposição final dos resíduos sólidos urbanos no solo, na qual precauções tecnológicas executivas adotadas durante o desenvolvimento do aterro, como o recobrimento dos resíduos com argila, aumentam a segurança do local, minimizando os riscos de impactos ao meio ambiente e a saúde pública. Embora seja uma técnica preferível ao lançamento ao céu aberto, não substitui o aterro sanitário; é uma solução compatível (não completamente adequada) para municípios pequenos.”
Por desconsiderar as estruturas básicas para a construção de um aterro
sanitário, tais como impermeabilização da base e das laterais da área do aterro;
colocação de tubos e dutos para o vazamento de gases e líquidos provenientes
da decomposição de compostos orgânicos e o uso prepotente do solo local para
a cobertura das células preenchidas no dia, estes tem seus custos operacionais
reduzidos sem oferecer de maneira representativa redução de riscos ambientais.
Apesar de ser uma opção praticamente ilusória de tratamento para
resíduos sólidos, o aterro controlado se encontra uma posição acima dos lixões
em quesito de sistematização das operações no gerenciamento dos resíduos e
nas técnicas aplicadas.
Lixão (nomenclatura utilizada em sua maioria de modo informal), é o
método mais utilizado no Brasil para o despejo de resíduos sólidos. Podendo ser
chamado também de aterro a céu aberto, vazadouro, aterro comum ou despejo
a céu aberto, sua ocorrência costuma ser vinculada a áreas circundadas por
18
populações economicamente desfavorecidas, que podem tornar se dependentes
do aterro para subsistência, expondo-se a elevados riscos à saúde.
Por Naime (2005), lixão ou aterro a céu pode ser comparado a um
processo: “trata-se o lançamento dos resíduos sólidos de qualquer natureza,
com qualquer grau de periculosidade e potencial de contaminação, a céu aberto,
em terrenos baldios ou áreas periféricas”. Tal processo ocorre de forma irregular
e por vezes desproposital, porém, a quantidade desconhecida de lixões e seus
efeitos de contaminação tornam suas localidades em pontos de risco
socioambiental em diversas escalas geográficas e a médio e longo prazo, como
exposto por Shinzato (2014):
“Estes depósitos de resíduos irregulares, em sua maioria, não dispõem de planos de recuperação, como também não são devidamente monitorados. Esta falta de cuidados após o encerramento permite constante produção e lançamento de lixiviado (principal agente poluidor dos solos e das águas), que pode ser transportado para mananciais superficiais ou subterrâneos. Portanto, os depósitos de resíduos desativados transformaram-se em fontes potencialmente poluidoras. ”
Enquanto Cardoso (2005) define os principais problemas relacionados
ao lixão como sendo:
“a) Riscos de poluição do ar e de contaminação do solo, das águas superficiais e de lençóis freáticos; b) Riscos à saúde pública, pela proliferação de diversos tipos de doenças; c) Agravamento de problemas socioeconômicos pela ativa presença de catadores de lixo; d) Poluição visual e mau odor na região; e) Desvalorização imobiliária da região.”
Ao se considerar a somatória dos fatores listados acima, torna-se dedutiva
a inviabilidade da utilização deste modo de operação, sendo justificada pelo
abandono político da população e do meio ambiente local em prol do
redirecionamento de verbas ou contenção de despesas da administração
municipal. Além do alto custo operacional envolvido na implantação de um aterro
sanitário, há também o custo do Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e de seu
19
Relatório de Impacto Ambiental (RIMA), que são ferramentas obrigatórias desde
sua implementação pela RESOLUÇÃO CONAMA N.º 001/86, de 23/01/1986.
EIA/RIMA é uma ferramenta de ordem pública que tem por objetivo avaliar
de forma multidisciplinar os diversos aspectos que envolvem atividades
associadas ao meio ambiente. Segundo a FEPAM (2002) atividades utilizadoras
de Recursos Ambientais consideradas de significativo potencial de degradação
ou poluição dependerão do Estudo Prévio de Impacto Ambiental (EIA) e
respectivo Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) para seu licenciamento
ambiental.
De acordo com a importância implementada ao EIA/RIMA, aterros
sanitários, pontos de extração de minerais ou de combustíveis fosseis,
oleodutos, gasodutos, complexos industriais e agroindustriais devem ser
estudados e analisados segundo os mesmos critérios e rigidez. Para Perez
Almeida (2003), o EIA/RIMA geralmente inclui:
“1. Investigação inicial da potencialidade de geração de impactos significativos. Alguns países, como o Brasil, adotam para essa fase, a elaboração de listagem de atividades potencialmente poluidoras sujeita a AIA. Em outros, são definidos apenas os projetos isentos, estando qualquer outra atividade sujeita a AIA; 2. diagnóstico ambiental da área de influência do empreendimento; 3. descrição do empreendimento e suas alternativas, inclusive a hipótese de não execução do projeto; 4. identificação dos impactos significantes nas fases de implantação e operação do empreendimento, que vão merecer estudo mais detalhado; 5. prognóstico dos efeitos no meio ambiente e determinação de suas magnitudes; 6. definição das medidas mitigadoras dos impactos negativos e dos programas de monitoramento dos impactos positivos e negativos; 7. revisão, pelas autoridades ambientais governamentais, do documento elaborado e discussão pública do mesmo; 8. preparação do relatório final que sumariza as conclusões dos estudos de impacto ambiental após a revisão e discussão pública. ”
Para a instalação de aterros há diretrizes a serem seguidas para o bom
funcionamento e durabilidade do sistema. A sequência de adequação do aterro
de resíduos prevê problemas sanitários, movimentação da massa de lixo,
existência e eliminação de fogo e fumaça e delimitação da área de operação.
Enquanto a sequência de adequação a problemas ambientais prioriza a
drenagem de águas pluviais, de biogás e lixiviado da massa de lixo, arborização
20
em torno da área do aterro (green belt) e medidas cautelares a contaminação de
águas subterrâneas.
Medidas tomadas para contenção de riscos ambientais e operacionais em
aterros representam o esforço necessário para que a menor quantidade de
efeitos colaterais ocorram em decorrência do alto nível de geração de resíduos
poluentes, porém, representam apenas um setor dos que compõem os sistemas
de gerenciamento integrado de resíduos sólidos.
Gerenciamento integrado é o processo que compreende as ações
referentes à tomada de decisões políticas e estratégicas quanto aos aspectos
institucionais, operacionais, financeiros, sociais e ambientais relacionados aos
resíduos sólidos, capaz de orientar a organização do setor (LIMA, J,D de. 2005
apud LIMA, J,D de. 2001). Logo, compreende-se o papel essencial exercido pela
boa pratica da gestão integrada para municípios que tratam seus resíduos como
prioridade. Porém, ainda segundo LIMA (2005), “deve-se perceber, entretanto,
que num sistema integral de resíduos, existem diferentes níveis de gestão, que
são: a gestão nacional (política nacional), a gestão estadual (política estadual) e
gestão municipal ou local”.
A execução de um bom gerenciamento integrado de resíduos sólidos
pode ser imprescindível para cidades que tenham como foco o desenvolvimento
sustentável, pois, segundo LIMA (2005), “temos que buscar a gestão integral,
dentro do conceito ambiental e integra-lo ao conceito econômico. Assim deve-se
sempre integrar a solução ambiental a solução econômica, com a participação
da comunidade envolvida”. Representando de forma textual concisa o tripé do
desenvolvimento sustentável associado à gestão integrada de resíduos sólidos,
deixando equiparados o meio social, econômico e ambiental.
Desenvolvimento sustentável é expressão de maior peso na sociedade
atual para demonstrar a relação entre o Homem e o Ambiente, GUATIMOSIM
(2008) ilustra brevemente as mudanças ocorridas ao longo dos anos.
“Originada há mais de cem anos, a preocupação do homem em relação à natureza, ganha, na transição para o século XXI, novos contornos. Tal relação, contudo, tem passado ao longo do tempo por fases distintas,
21
sendo profundamente marcada pelos valores e crenças vigentes em cada época”.
Sob essa ótica, temos na atualidade a necessidade de vincular meio
ambiente ao sistema econômico e social em sua definição, segundo Naime
(2005) em uma versão generalista, trata-se de "uma totalidade dinâmica que
troca permanentemente matéria, energia ou informação em uma rede de
relações socioeconômicas, éticas, estéticas e políticas, envolvendo os meios
físico, biológico e antrópico".
É necessário também que seja mencionada a teoria geral dos sistemas,
onde classificam se relações de troca de energia e massa em relação a seus
ganhos e perdas. O meio-ambiente classifica se como um sistema fechado, onde
não há perda de massa logo, toda a matéria existente na superfície do planeta,
permanecerá transformando se, deixando claro que a parcela de material
descartado pela humanidade em forma de resíduos sólidos não deixará de
existir, é apenas retirado do campo de visão da sociedade, porém, a revés do
que se sente nos centros urbanos, o que é gerado por nós causa danos diretos
ao meio ambiente devido sua gama de materiais biologicamente contaminantes,
que por vezes são inseridos no ciclo biológico de forma imprudente.
A exposição dos diversos tipos de lixo a condições de intemperismo
químico, seja pelo contato com fluidos externos ou pela ação da decomposição
de matéria orgânica presente, geram poluição ambiental, enquanto a emanação
de odores atrai animais que acabam tornando-se vetores de doenças,
diminuindo a qualidade de vida da população instalada ao redor dos vazadouros.
Para Santos (2009) “Entre as possibilidades de manejo e destinação de
resíduos sólidos, o aterro sanitário, é a técnica mais comumente utilizada
mundialmente com vantagens técnicas e econômicas (REITZEL et al., 1992;
FERNÁNDEZ-VIÑA, 2000; FUEYO, et al., 2003). Deste processo são formados
como subprodutos principais o biogás e o chorume”.
Resultado da decomposição aeróbia de materiais orgânicos, o chorume é
descrito por Fonseca (2001) como “[...] um liquido de coloração negra, mal
cheiroso, semelhante ao esgoto doméstico, porém bem mais concentrado,
sendo também chamado de sumeiro”, e quando entra em contato com a chuva
22
percolada pela camada superficial de solo, altera sua composição e pode-se ser
denominado por “lixiviado”.
A livre circulação de chorume ou lixiviado pelos vazios do solo pode
acarretar perda de macro nutrientes do solo e a aceleração do intemperismo
químico responsável pela lixiviação do solo, tornando-o pobre e soluto, enquanto
seu contato com corpos hídricos pode acarretar em contaminações de extensão
desconhecida.
Em contramão aos líquidos gerados pelos aterros está o biogás, também
oriundo da decomposição de matéria orgânica. A liberação de biogás pelos
aterros tem parte notável de participação na emissão de gases responsáveis
pelo efeito estufa.
Regattieri (2009) acentua a participação dos aterros em relação ao efeito
estufa em relação às demais fontes através da justificativa:
“Já no caso dos Aterros de Resíduos Sólidos Urbanos (RSU), há a
emissão do biogás, cuja maior parcela é composta por metano (CH4), que possui uma contribuição muito mais significativa. Isto se dá tanto em razão de molécula por molécula, este gás ter um efeito estufa cerca de vinte e uma vezes maior do que o do CO2, como em razão de sua maior fração no biogás. A combustão do biogás em “flares”, às vezes feita nos aterros, não é suficiente para eliminar o problema, pois é uma queima sem controle e, portanto, pouco eficiente. Além disso, há vazamentos pela superfície do aterro e nas lagoas de chorume”.
Ao se confrontar o volume de resíduos descartados de modo indevido
diariamente em todo o Brasil com os possíveis efeitos colaterais da falta de
tratamento destes podem gerar, é inevitável a conclusão de que estes tipos de
aterro são responsáveis por riscos ambientais, tornando se necessário que se
obtenham informações quantitativas e qualitativas em relação aos diversos
aspectos que implicam a utilização de um local como aterro. Dados sobre as
diversas características do solo, regime pluviométrico, clima local, hidrografia,
geologia e geomorfologia devem ser informações básicas de uma análise prévia
ao início de um projeto de aterro.
A complexidade que envolve a temática de resíduos sólidos funciona
como alavanca para o entendimento das interações socioambientais das
diversas camadas da comunidade, trazendo à tona a importância de estudos
23
regidos por bases multidisciplinares empenhados em atuar de forma categórica
não apenas no ambiente acadêmico, mas também no público.
3-MATERIAIS E MÉTODOS
3.1-ÁREA DE ESTUDO
Localizada ao sul do estado de Minas Gerais (figura 1), o município de
Fama encontra-se a aproximadamente 20 Km de Alfenas, 332 Km de São Paulo
e 377 Km de Belo Horizonte, pode ser acessada pelas rodovias Ottoni Ferreira
Barbosa (principal via de acesso ao local de estudo) e Domingo Ribeiro Resende
(MG 491). As coordenadas geográficas do município são 21º 24' 23" S e 45º 49'
43" W, para latitude e longitude respectivamente.
Com área total aproximada a 86 km², Fama tem grande parte do seu
território dividido entre o agronegócio e o perímetro ocupado pelo lago de furnas,
FIGURA 1: MAPA DE LOCALIZAÇÃO DO MUNICÍPIO DE FAMA, MG. AUTOR: FELIPE BERNARDO SOLDANO.
24
sua densidade demográfica é de 27,32 hab/km² com IDH (índice de
desenvolvimento humano) 0,717.
Fama se caracteriza como um dos municípios dependentes de Alfenas
em relação aos setores de serviços, graças à malha rodoviária desfavorável e
dificuldade para distribuição de recursos, fatores importantes na produção e
escoamento das safras de café.
A economia do município foi por um longo período sustentada pela beleza
cênica obtida pelo crescimento da Represa de Furnas, tornando a cidade em
uma estância turística participante do circuito das águas, porém, devido a
alterações climatológicas e períodos de longas secas, o nível do lago caiu,
tornando a produção de café o principal setor responsável pelo faturamento do
PIB municipal.
De acordo com sua posição geográfica, localizado no limite meridional da
zona intertropical seu clima pode ser classificado como Cwa na classificação
Köppen-Geiger ou tropical mesotérmico, que indica verão quente e úmido.
Com temperatura média de 20.6°C anualmente, as variações climáticas
ocorrem entre as altas da primavera e verão e as baixas do outono e inverno,
sendo janeiro o mês mais quente com média de 23.4°C e junho o mês mais frio
com média de 16.7°C, sem possibilidade de temperaturas abaixo de 0°C.
Todo o estado de Minas Gerais sofre grandes influencias de massas de
ar polar advindas da frente polar atlântica (Abreu, 1998), expondo o município a
um regime pluviométrico distribuído de acordo com as estações, onde o inverno
é caracterizado como o período mais seco e junho, o mês com menor
precipitação (25mm em média). O verão, por sua vez, é a estação mais chuvosa
do ano e janeiro, o mês com maior precipitação (269 mm em média), e somado
aos demais meses atinge a cota de 1464 mm ao ano.
Os ventos variam em direção e intensidade, porém tem sua velocidade
média anual em 1,6km/hr, tornando o ambiente adequado para pulverização de
agrotóxicos por via aérea.
O município é rico em recursos hídricos graças a sua localização.
Assentada na bacia hidrográfica do Rio Grande, Fama é permeada por uma
grande quantidade de nascentes e córregos pequenos, porém, não há um rio de
25
grande relevância para o cotidiano dos habitantes locais (figura 2), visto que a
principal fonte de recursos hídricos utilizada no município é a represa de furnas,
mesma fonte de recursos econômicos e sanitários.
FIGURA 2: MAPA HIDROLÓGICO DE FAMA, MG. AUTOR: FELIPE BERNARDO SOLDANO.
Furnas é utilizada regionalmente como principal fonte de água para
diversos fins, porém, é também o principal vazadouro de esgoto dos mesmos
municípios, tornando a qualidade e potabilidade da água questionável.
A ocupação das margens da represa pelo avanço da agropecuária
contribui para a contaminação das águas do solo, alterando sua composição, Ph
e potabilidade em decorrência da lixiviação dos produtos químicos utilizados na
lavoura pelo solo. A expansão da agropecuária teve o incentivo pela fertilidade
dos solos limítrofes à represa, acelerando a ocupação de suas margens e
intensificando a urbanização desordenada, influenciando diretamente o manejo
dos recursos naturais em todos os municípios envolvidos pela sua área de
influência.
As atividades como pesca, piscicultura e turismo são exercidas tanto nos
limites do município quanto nas demais cidades dependentes da represa, porém,
26
tais atividades não exercem impactos relevantes na estrutura ambiental ou
econômica de Fama.
A alta densidade de nascentes infere na utilização de suas vertentes como
direcionamento natural para o escoamento de esgotos até seus córregos e
consequentemente ao nível de base, criando um ciclo de contaminação de
recursos naturais que extrapola o hídrico.
Fama se encontra a grande proximidade de Alfenas, logo, grande parte
das características geomorfológicas são compartilhadas entre os municípios,
porém, a presença do lago de furnas apresentou alterações nos relevos
próximos a sua área.
De acordo com FERREIRA et. al. (2008) e OLIVEIRA e FERREIRA (2009)
apud OLIVEIRA (2010) verificou-se a existência de quatro unidades de paisagem
na região de Alfenas. Os fatores determinantes foram: formas de relevo,
hipsometria, cobertura vegetal e uso do solo. Na área estudada, as unidades de
paisagem reconhecidas foram: Geossistema I – Colinas Amplas de Furnas;
Geossistema II – Morros Convexos de Alfenas-Machado; Geossistema III –
Morros e Montanhas de Serrania; Geossistema IV – Cristas Alongadas de
Campestre-Serrania.
Considerando-se a figura 3 gerada através de imagens SRTM e
classificadas segundo as normas da embrapa, grande parte do terreno Famense
apresenta declividade próxima a 8%, índice responsável por enquadrar o
município no geossistema I das classes citadas acima, onde se impõem colinas
amplas a margem do lago de furnas.
27
FIGURA 3: MAPA HIPSOMÉTRICO DE FAMA- MINAS GERAIS. AUTOR: FELIPE B. SOLDANO.
28
O município de Fama enquadra-se geologicamente sobre o setor central
da Província Tectônica Mantiqueira, ao sul do Cráton do São Francisco e está
inserida no limite norte da Cunha de Guaxupé (Almeida, 1977 apud Tibúrcio e
Rodrigues, 2013 pág 16), mais especificamente sobre o Planalto de Varginha
(Gatto et al. 1983).
O complexo Guaxupé apresenta rica variedade de disposições de rochas
devido aos processos geológicos aos quais foi exposto. É composto por uma
extensa gama de rochas e minerais, que segundo Nascimento (2012):
“As rochas presentes no Complexo Guaxupé, de modo geral, podem ser agrupadas em ortoderivadas e paraderivadas (Grupo Caconde, Hasui et al., 1988), que foram submetidas a metamorfismo de alto grau, em fácies granulito e anfibolito. As ortoderivadas podem ser subdivididas em três conjuntos ou associações: charnockítica/mangerítica, migmatítica e gnáissico/granítica.”
Os limites que cercam o complexo Guaxupé são diversos e indicam que
o complexo (Fonseca et al. 1979) corresponde a um bloco limitado a norte pela
Zona de Cisalhamento Campo do Meio, a sul pela Zona de Cisalhamento Ouro
Fino e a leste pelo Supergrupo Alto Rio Grande (Hasui & Oliveira 1984).
Fama é correspondente a parte pequena de uma ampla área granulítica,
que foi denominada de complexo Machado, que é limitado a sul pelo complexo
Silvianópolis (FIORI, 1979). Segundo Campos Neto & Figueiredo, o Complexo
de Machado e parte do Complexo Silvianópolis foram reunidos no Complexo
Pinhal, designação dada para os granitoides da Cunha de Guaxupé.
Para melhor compreensão da geologia estrutural em escala regional que
circunda o perímetro municipal de Fama, buscou-se literatura acadêmica que
agrupasse dados sobre o complexo Varginha-Guaxupé. O complexo é dividido
em três domínios litoestruturais que foram nomeados de acordo a sua
localização geográfica além das diferenças que constituem sua composição
geológica, sendo assim, os domínios são sul, central e norte.
Fama localiza-se no domínio litoestrutural sul, que estende-se de
Machado ao sul a Alfenas á norte, logo, fama incluísse neste domínio por se
localizar ligeiramente a leste da Alfenas.
29
De acordo com Gaspar Junior (2009) a zona de cisalhamento varginha
(ZCV) de direção WNW-ESSE, exibe, ainda segundo Gaspar Junior (2009) [...]
foliação milonítica à blastomilonítica de direção WNW- ESE com mergulhos
baixos a moderados para SSW, subordinadamente direção NW e mergulhos
baixos para SW.
No limite da área municipal, fama conta com duas falhas geológicas, uma
a sul e outra ao norte (figura 4), ambas contracionais como ilustrado no mapa 5
e orientadas em NW-SE. Sua presença representa área de extrema fragilidade
ao se tratar de resíduos sólidos, porém, o aterro encontra-se exatamente sobre
a falha norte.
FIGURA 4: MAPA GEOLÓGICO DE FAMA, MG. AUTOR: FELIPE BERNARDO SOLDANO.
As unidades geológicas que compõem o substrato rochoso da área municipal de Fama são:
Ortognaisse Alfenas, composto por gnaisse granítico rosa, grosso,
equigranular ou com fenocristais de k-feldspato, localmente com piroxênio.
Ortognaisse Elói Mendes formado por gnaisse granitico/granodioritico
30
esverdeado, equigranular ou com fenocristais de feldspatos, localmente com
hornblenda e/ou piroxênio, e por último a Unidade Arantina, que apresenta em
sua composição fácies anfibolito - cianita granada biotita muscovita xisto,
intercalações de anfibolitos. Fácies granulito: cianita k-feldspato gnaisse,
intercalação de granulito máfico
FIGURA 5:MAPA ESTRUTURAL DA REGIÃO. FONTE: ALMEIDA, 1997.
Fama possui aspectos pedológicos diferentes de acordo com sua
proximidade em relação ao lago de Furnas, sua principal característica quanto
aos solos é descrita segundo Vilela (2010) apud UFMG(2007) por rochas
predominantemente ígneas, com destaque para as rochas de caráter
especialmente máfico, exibem coberturas de latossolos vermelho escuros,
predominantemente, o que permitiu a exploração do território agrícola pela
cafeicultura. Esses são solos profundos, homogêneos, com alto teor de óxido de
ferro e alumínio, distróficos, álicos, baixa CTC, baixa reserva de nutrientes,
adensamento e baixo armazenamento de água.
O perímetro municipal ainda apresenta argilossolos vermelho-amarelo
estrófico, latossolo amarelo distrófico e nas proximidades do lago de Furnas
encontrasse pontos de gleissolo melânico distrófico, conforme apresentado no
figura 6 abaixo.
31
FIGURA 6: MAPA PEDOLÓGICO DA REGIÃO DE FAMA – MG. FONTE: GASPAR JR. 2009.
As características citadas e ilustrada acima convergem para um município
dominado pelo uso do solo para fins agriculturáveis e pastagens (figura 7).
A vasta área composta por morros suaves é favorável para o cultivo de
vegetações de altitude, como o café, como é o caso na maior parte do município.
O município também conta com grande quantidade de pastos, que tornam o local
propicio para tornar o solo exposto.
As combinações dos diversos fatores citados acima tornam Fama um
município com propensão a danos ambientais graves caso não haja uma correta
utilização dos recursos naturais.
32
A vegetação de domínio da área é designada como Floresta Estacional
Semidecidual (Brasil, 1993), porém, porções de mata nativas são quase nulas,
devido ao avanço da cultura de café de altitude, o que fragiliza e expõem o solo
já sensível gerado pela intemperização dos granitoides que compõem a cunha
de Guaxupé. Espécies que ocorrem nesta vegetação: angico, cedro, canela,
sassafraz, massaranduba, canjerana, amoreira, jatobá, óleo copaíba, peroba
rosa guatambu entre outras.
33
FIGURA 7: MAPA DE USO E COBERTURA DO SOLO. AUTOR: FELIPE B. SOLDANO
34
3.2-METODOLOGIA
A utilização de um terreno como área de tratamento de lixo implica em um
profundo conhecimento técnico sobre o comportamento do solo e suas
características, do regime hidrológico, climatológico e de diversos outros fatores
naturais. Constantemente tais informações são ignoradas e a implantação do
aterro é realizada de forma irregular.
A análise sob o viés geotécnico vem de encontro a uma das falhas mais
constantes na maioria das construções civis. Há exemplos, na maioria em região
de orla marítima, em que edifícios foram construídos com total desconhecimento
das propriedades físicas do solo local, ocasionando o desalinhamento vertical
dos edifícios. Nas obras de cunho sanitário não há grandes diferenças em
relação a gênese do problema.
A realização desta pesquisa teve sua parte prática dividida em três etapas
distintas e complementares (tabela 3). A primeira etapa baseou-se na produção
de mapas e na idealização de imagens aéreas e seu processo de concepção,
enquanto a segunda etapa teve como pilar as visitas em campo, que foram
realizadas três vezes para obtenção de dados somente adquiridos se analisados
in situ sobre o solo local, coleta de solo e água e para a aquisição de imagens
aéreas. A última etapa consistiu nas análises laboratoriais do material coletado,
onde as amostras passaram por uma série de procedimentos responsáveis por
informar as características comportamentais e físicas do solo.
35
TABELA 3: ORGANOGRAMA METODOLÓGICO DO TRABALHO. AUTOR: FELIPE B. SOLDANO
3.2.1-Mapas e imagens aéreas
É de grande necessidade para o planejamento e análise de um aterro
sanitário de qualquer ordem, o conhecimento geográfico sobre todas as
características físicas do local.
Devido a esta necessidade, a confecção de mapas que ilustrassem
características geológicas, geomorfológicas, hidrográficas e outras foi o passo
inicial, seguido da aquisição de imagens aéreas.
Para confeccionar todos os mapas, o software utilizado foi o 10.2.1 do
pacote ArcGis. Os fatores que levaram a escolha deste software implicam na
grande gama de ferramentas, uso intuitivo e completo das possibilidades
oferecidas pelo software, além da possibilidade de uma operação em máquinas
com capacidade baixa e pouca potência de processamento.
Foram confeccionados diversos mapas de acordo com as áreas diferentes
do conhecimento, que analisados de maneira geossistêmica indicaram
características físicas gerais e básicas para a compreensão da dinâmica natural
local. Foram criados mapas de localização, hidrografia, geologia, hipsometria e
uso e ocupação do solo.
1° Etapa
Levantamento Bibliográfico
Construção Cartográfica
2° Etapa
Trabalhos de Campo
Analise in situ
Aquisição de Imagens Aéreas
3° Etapa
Analise Laboratrial
Cruzamento de dados
Conclusão
36
Para a elaboração do mapa de Localização, realizou-se o download do
shapefile dos municípios do Brasil de 2010, disponível no site do IBGE (Instituto
Brasileiro de Geografia e estatística), onde recortou-se (Clip) o município de
interesse e assim indicou através do mapa a localização da cidade de Fama e
sua área.
Para a elaboração do mapa de hidrografia, foi utilizada as cartas
topográficas (de Alfenas e Machado, tendo em vista que o município de Fama
se localiza nas duas cartas), retiradas do site do IBGE, após isso foi realizado o
georreferenciamento das cartas, em seguida criou-se o shapefile da hidrografia
e das nascentes, vetorizou-se com base nas cartas a hidrografia, as nascentes
e o lago de furnas, posteriormente foi realizado um buffer com os shapefiles para
medir as distâncias que o aterro sanitário deve ter das nascentes, dos rios e do
lago. Por fim foi criado o shapefile para indicar o local do aterro sanitário e
realizado o layout dos mapas.
Para a elaboração do mapa de geologia foi realizado o download do
shapefile de geologia de Minas Gerais, disponível no portal da geologia de Minas
Gerais, onde através da ferramenta Clip recortou-se o shapefile da área de
estudo e classificou-se através da simbologia os litotipos e as falhas presentes
no município. Em seguida realizou-se a indicação do aterro e o layout.
A elaboração do mapa hipsométrico foi iniciado pela utilização de imagens
SRTM importadas do site da embrapa, com resolução espacial de
aproximadamente 90 metros. Utilizando o arcmap, foi usada a ferramenta Slope
para a geração das classes, em seguida, os valores das classes foram
formatadas afim de representar de maneira honesta as variações de relevo.
Para a elaboração do mapa de uso e cobertura do solo do município de
Fama, realizou-se o download das imagens de satélite do Landsat 8, (escolhido
devido a sua maior resolução ) do dia 27-08-2017, sensor OLI (Operational Land
Imager), com 0,03 % de nuvens e qualidade 9 (dados e imagens retirados do
Divisão de Geração de Imagens (DGI) do Instituto Nacional de Pesquisas
Espaciais (INPE), após isso uniu-se as imagens de satélite através da ferramenta
composite bands, unindo as bandas RGB e através delas foi possível verificar
as funções de uso do solo. Sendo assim, utilizando a ferramenta image
classification delimitou-se as feições e através da opção maximun likelihood
37
classification formou-se o mapa de uso e cobertura do solo, por fim foi delimitado
o shapefile do aterro sanitário e feito o layout.
Devido a área ocupada pelo lixão, a melhor opção para obter imagens
aéreas com uma grande riqueza de detalhes foi ofertada pelo Professor Evânio
Branquinho, docente da Universidade Federal de Alfenas e líder do projeto
responsável pela aquisição de Imagens aéreas através de pipas especiais
montadas exclusivamente para esse fim.
O processo de aquisição destas fotos contava com diversas variáveis, tais
quais, claridade, direção e força do vento e risco de chuva são as principais
influencias sobre o resultado final.
Os materiais utilizados para a aquisição das fotos diferenciam-se das
pipas comuns devido a carga extra gerada pelo peso da câmera. As dimensões
da pipa variam de acordo com as condições do vento, e o material utilizado para
guiar a pipa é linha de nylon utilizada para pesca, devido a sua relação peso x
resistência.
De acordo com o posicionamento do lixão, foi necessário que a pipa fosse
erguida em área externa aos limites do objeto de estudo, alcançando da melhor
maneira possível toda a extensão do aterro.
As imagens aéreas foram capazes de captar os 3 pontos de coleta em
imagens distintas, como representadas nas figuras 8, 9 e 10.
38
FIGURA 8: IMAGEM AÉREA DO PRIMEIRO PONTO DE COLETA. AUTOR: EVÂNIO DOS SANTOS
BRANQUINHO. (2017)
39
FIGURA 9:IMAGEM AÉREA DO LIXÃO DE FAMA – MG. AUTOR: EVÂNIO DOS SANTOS BRANQUINHO
(2017).
40
FIGURA 10: IMAGEM AÉREA DO LIXÃO DE FAMA – MG. FONTE: GOOGLE EARTH PRÓ
(03/08/2018)
3.2.2-Analises de campo
A segunda etapa foi voltada para as visitas à campo, estruturadas para
realizar as análises físicas in situ. Foram levados a campo instrumentos para
coleta de amostras (pá, trado holandês, sacos plásticos), análise de solo (carta
de munsell, lupa, guia para análise de solos, infiltrômetro e fichas de campo) e
caracterização geográfica e geológica (bússola, clinômetro, GPS e carta
topográfica).
A análise de campo feita com materiais in situ buscou identificar as
seguintes características através da ficha de campo (anexo 1):
3.2.2.1-Cor
41
Característica de teor visual, primária, de fácil identificação. Devido a
influência incisiva de perspectivas individuais sobre o tema, recomenda-se para
fins científicos a utilização da carta de Munsell para classificar a coloração do
solo, mantendo a padronização dos dados.
Apesar de não ser uma característica determinante para identificação do
tipo de solo, sua cor é um importante indicativo sobre o processo de lixiviação,
oxidação ou acumulo de húmus por exemplo.
3.2.2.2-Estrutura
Trata se do termo utilizado para a designação dos diferentes arranjos
internos a uma massa de solo, sendo diferenciadas entre si de acordo com as
variações de um arquétipo para outro. Dominar o tipo de estrutura dominante em
uma amostra de solo possibilita o entendimento de possíveis comportamentos
mecânicos do solo. As principais estruturas de solo são: Laminar; Prismática;
Colunar; Blocos Angulares; Blocos Subangulares; Granular.
3.2.2.3-Porosidade
Análise feita de forma visual através de lupa em um torrão de solo recem
retirado da matriz. O processo consiste em buscar de maneira genérica a
quantidade e densidade dos poros deste fragmento. Os poros podem ser
preenchidos por água ou por ar, influenciando diretamente no limite de liquidez
absorvida pelo solo e sua alteração de comportamento.
3.2.2.4-Cerosidade.
Cerosidade é o termo utilizado para identificar se há a existência de
brilho ceroso de uma superfície umidificada do solo, caso haja, sua intensidade
deve ser mensurada.
42
3.2.2.5-Consistência
A Consistência é o indicativo principal de coesão da massa sólida do solo
analisado tanto para momentos em que o mesmo se encontre seco ou úmido. A
consistência do solo é um reflexo da resistência das partículas internas a pressão
externa. Pontos em que os grãos do solo estão mais coesos comportam-se de
maneira diferente frente a compressão exercida sobre ele quando seco e quando
úmido. Quando seco o solo tende a resistir a pressão e caso seja uma força
suficiente para romper a coesão dos grãos sua desconexão ocorre de forma
violenta, em contrapartida, quando úmido, o solo tende a aderir-se a superfície
que exerce pressão sobre os grãos.
A intensidade da coesão dos grãos infere diretamente na consistência do
solo, logo, em seu comportamento. Em situações onde os grãos de solo estão
menos coesos e são expostos a pressão, seu comportamento seco e úmido
diferenciam-se de quando mais coeso, sendo, o solo seco de pouca consistência
tende a desagregar-se facilmente quando submetido a pressão, e quando úmido,
não adere a superfície. A análise deve ser realizada in situ, com amostras secas
e úmidas.
3.2.2.6-Plasticidade
A plasticidade do solo é indicativa da granulometria predominante em uma
amostra, seu comportamento diferencia-se quando o solo apresenta porções
predominantes de argila e silte ou de areias finas, médias e grossas. A variação
de plasticidade flutua entre as duas situações citadas acima, tendo seu
comportamento mais plástico em amostras argilosas e siltosas e, menos
plásticas em solos arenosos.
3.2.2.7-Pegajosidade
43
A Pegajosidade é um indicador analisado juntamente a consistência, e é
indicado através do movimento de pressão exercida sobre o torrão de solo com
os dedos polegar e indicador. Sua análise só é possível em solo úmido, pois a
interação entre água e as partículas menos espessas de solo gera o
comportamento plástico do solo, causando a aderência do material aos dedos
quando pressionado.
Pela classificação de Gaspar Júnior (2011), o solo pode ser classificado
como não pegajosa, ligeiramente pegajosa, pegajosa e muito Pegajosa de
acordo com a intensidade e quantidade de matéria que se agrega a superfície
de pressão.
3.2.2.8-Cimentação
Cimentação é o termo utilizado para designar o nível de agregação do
solo quando seco, sendo analisado juntamente com a consistência (tal qual a
Pegajosidade). A classificação da cimentação é distribuída de forma linear e
seguindo a resistência do solo a pressão externa, logo, a mesma amostra pode
ser classificada como: fracamente cimentados (massa quebradiça); fortemente
cimentada (quebra com facilidade); extremamente cimentada (dificuldade para
quebrar).
3.2.2.9-Infiltração
Índice de infiltração trata da interação entre o solo e água, reproduzindo
uma adição intensa e continua de fluidos neste para uma ilustração em pequena
escala do comportamento e a reação do mesmo em momentos em que o índice
pluviométrico é excepcional.
Para a realização do experimento é utilizado um aparelho denominado
infiltômetro, que se caracteriza por um anel que deve ter diâmetro e comprimento
pré-estabelecidas (dentre uma grande variedade de medidas possíveis), o
instrumento pode ser produzido em materiais como aço inoxidável e tubos de
44
PVC, porém, é primordial que seja resistente o suficiente para não se deformar
ou quebrar durante a realização do experimento.
No teste realizado para este trabalho foi utilizado um infiltômetro
construído com aço inoxidável e dimensão de 15 centímetros de comprimento e
10 centímetros de diâmetro, o instrumento conta com uma régua impermeável
de 10 centímetros disposta justaposta a uma das aberturas do infiltômetro e
percorrendo parte de seu comprimento.
O procedimento ocorreu teve início ao identificar-se uma área adequada
para a realização do teste fora do lixão, já que no perímetro interno do aterro o
alto nível de antropização do solo tornou impraticável sua efetivação. Após a
verificação do local adequado, o passo seguinte foi a colocação adequada do
instrumento, utilizando se uma marreta com ponta emborrachada, para evitar
danos na estrutura do infiltômetro, enquanto soterrava-se 5cm de seu
comprimento no solo, deixando exposta exatamente a extensão da régua
interna. A última etapa desta analise consiste na rápida adição de água na parte
interna do infiltometro, preenchendo-o até o topo, e coordenadamente iniciando
a contagem do tempo necessário para que o solo absorvesse todo o volume de
líquidos adicionado a si através de cronometro, marcando o tempo corrido assim
que a superfície da água se alinhasse a marca de cada centímetro da régua.
A última fase deste experimento ocorre fora do campo, onde são
convertidas as medidas de volume do instrumento em volume de água
adicionada, e o tempo convertido de minutos para segundos, afim de gerar um
gráfico ilustrativo do comportamento do solo.
O material coletado em campo que não foi utilizado para nenhuma das
análises acima citadas, foi coletado e selado de maneira hermética, afim de
preservar o máximo de suas propriedades antes de ser exposto as análises
laboratoriais.
45
3.3-ANÁLISES LABORATORIAIS
3.3.1-GRANULOMETRIA
A análise granulométrica é o estudo básico e inicial dos solos, a partir dele
é possível ter uma idéia generalizada de seu comportamento e o conhecimento
exato da distribuição de grãos na composição de sua massa.
No Brasil a escala de classificação de granulometria mais utilizada é a
criada pela Sociedade Internacional de ciências do solo (Tabela 4), que define
os grãos e seus diâmetros em:
FRAÇÃO GRANULOMÉTRICA DIÂMETRO (mm)
Matacão >200
Calhau 200-20
Cascalho 20-2
Areia grossa 2-0,2
Areia fina 0,2-0,05
Silte (ou limo) 0,05-0,002
Argila <0,002
TABELA 4: TABELA DE CLASSIFICAÇÃO GRANULOMÉTRICA. FONTE: MIGUEL COOPER. (2015)
A distribuição granulométrica foi realizada utilizando peneiras divididas
por mesh, onde buscou se a melhor combinação de diâmetros para separar os
grãos de solo de maneira adequada. Foram utilizadas as peneiras de 10, 30, 40,
60, 120 e 270 meshs (Foto 3).
46
FIGURA 11: PENEIRAS UTILIZADAS PARA REALIZAR ANALISA GRANULOMÉTRICA. AUTOR: FELIPE
B. SOLDANO
47
3.3.2-TEOR DE UMIDADE
Uma das maneiras mais simples de identificar a quantidade de água
presente em um solo é através do peso desta massa liquida. Para isso as
amostras coletadas em campo em campo foram levadas ao LabGeo da
Universidade federal de Alfenas.
Para obtenção do teor de umidade através de seu peso, foi necessário
inicialmente que fossem retiradas de cada uma das 3 amostras uma porção de
solo pesando exatamente 100g, após sua retirada e pesagem as amostras foram
levadas a estufa, onde foram mantidas a uma temperatura média de 100°C pelo
período de 24 horas.
Ao final desta etapa o solo seco é resfriado a vácuo e pesado novamente
em balança de alta precisão, e, com os dados obtidos é feita a seguinte equação
para adquirir o teor de umidade:
EQUAÇÃO 1: TEOR DE UMIDADE
𝑈(%) = [(𝑚𝑢 − 𝑚𝑠) 𝑥 100]/𝑚𝑠.
Onde:
U(%)= teor de umidade
mu= massa do solo úmido
ms= massa do solo seco
3.3.3-LIMITES DE CONSISTÊNCIA DO SOLO
Os limites de consistência de um solo são dados obtidos através de um
único procedimento que consiste na busca pelo ponto de ruptura e inicio do
comportamento liquido de uma mesma amostra de solo através de um aparelho
denominado casagrande (figura 12).
48
FIGURA 12: APARELHO CASAGRANDE. AUTOR: FELIPE B. SOLDANO
Os limites que se buscam são chamados de Limite de liquidez e Limite de
plasticidade, quando feita a média aritmética dos valores obtidos para cada uma,
se obtém o Índice de Plasticidade.
Limite de Liquidez
Limite de liquidez de um solo indica o potencial máximo de absorção de
líquidos por um solo antes que o mesmo perca por completo a coesão e inicie a
comportar-se de maneira semelhante aos líquidos.
O procedimento pelo qual o solo passa é normatizado pela ABNT/NBR
6459/82. Trata-se de umedecer uma porção de solo até que ela perca de forma
crítica sua coesão.
Durante o processo de obtenção de dados do limite de liquidez de um
solo, outros procedimentos podem ser realizados paralelamente, como o limite
de plasticidade, que é dependente do resultado obtido pelo teor liquidez. O
49
principal instrumento utilizado durante o processo de aquisição dos dados é o
casagrande, formado por uma base cúbica (ebonite) e uma concha de latão,
unida a base por um parafuso excêntrico conectada a uma manivela.
Para manter a padronização dos dados, é necessário que a
movimentação da manivela ocorra de acordo com a norma de utilização em
velocidade de 2 rotações por segundo, e que a massa de solo compactada na
concha seja dividida pelo separador que acompanha o equipamento. A soma
destes fatores permite que o aparelho simule o comportamento do solo de
acordo com diversas quantidades de água dissolvida na amostra. Para isso,
foram estipuladas janelas para quantidade de golpes em cada repetição do
processo, e para que seja corretamente finalizado, é necessário que as bandas
separadas de solo estejam em contato.
O cálculo apresentado a seguir deve ser realizado para cada valor obtido
de acordo com a quantidade de golpes estipulado pela ABNT.
Calculo.
EQUAÇÃO 2: LIMITE DE LIQUIDEZ
𝑊(%) = 𝑀𝑤/𝑀𝑠𝑠𝑥 100
Onde:
W(%) = Teor de Umidade
Mw = Massa de solo úmido
Mss = Massa de solo seco
Após a obtenção das informações numéricas e efetivação dos cálculos, o
teor de umidade e o número de golpes para cada janela de limite serão utilizados
em um gráfico onde o número de golpes (escala logarítmica) e o teor de umidade
(escala natural), indicam o máximo de liquidez suportada pelo solo. Para chegar
ao valor definitivo de limite de liquidez é necessário se traçar uma linha média
entre os pontos correspondentes a cada relação Golpe-umidade e então, no eixo
y, sobre o ponto do 25° golpe, traçar uma linha vertical até que se encontre com
a linha média, para então refleti-la de modo horizontal na porcentagem de
umidade representada no eixo x.
50
Limite de Plasticidade
Limite de plasticidade é o indicativo de umidade no solo em que o mesmo
tende a comportar-se de forma plástica. Tal comportamento é mais provável em
momentos de menor umidificação do solo, logo, é o ponto inverso ao limite de
liquidez.
Durante a realização do experimento no aparelho casagrande, o primeiro
valor a ser buscado consiste em um solo com umidade suficiente para que o
distanciamento existente entre as duas massas de sólido seja suplantado, este
é também o momento de maior plasticidade da amostra. Assim que tal requisito
for completado, deve-se retirar 3 pequenas quantidades de solo que serão
estimuladas de forma a se esticarem quando plásticas ou a se desmancharem
quando arenosas, como ilustrado na Figura 13.
FIGURA 13: ANALISE DE SOLO COM COMPORTAMENTO PLÁSTICO. AUTOR: FELIPE B. SOLDANO.
Para se realizar este ensaio, foram necessários além do aparelho de
casagrande, uma placa de vidro, na qual se testaram a plasticidade da amostra,
e um cilindro padrão de 3mm de diâmetro.
51
Índice de plasticidade
O índice de plasticidade corresponde a subtração obtida pelos resultados
do limite de liquidez e o limite de plasticidade.
Calculo.
O índice de plasticidade é obtido pela expressão:
EQUAÇÃO 3: ÍNDICE DE PLÁSTICIDADE
IP=LL-LP
Onde:
IP= índice de plasticidade
LL= limite de liquidez, determinado de acordo com a 6459/82
LP= limite de plasticidade.
3.3.4-TEXTURA
Existem incontáveis variações de textura para os solos, o tamanho dos
grãos que compõem sua estrutura são os responsáveis pela definição de sua
textura. A grosso modo e para uma classificação imediata e a olho nú, os solos
podem ser classificados como grossos ou finos de acordo com o percentual de
pedregulhos, torrões, areias, argilas e siltes.
Para o resultado mais preciso, as amostras devem ser peneiradas de
modo com que cada uma de suas partículas seja retida de acordo com sua
granulometria e facilite a identificação das porções do solo, podendo ser
arenoso, argiloso, siltoso ou qualquer combinação possível entre estas três
categorias básicas.
3.3.5-TEOR DE CARBONO ORGÂNICO
O teor de carbono orgânico é a analise responsável por apontar a
quantidade de carbono orgânico dissolvida na amostra de solo. A importância
52
deste teor é ligada ao potencial cimentador do carbono provindo da matéria
orgânica.
A medição de carbono orgânico pelo método da calcinação ocorre em
duas etapas distintas, inicialmente é necessário retirar a água da amostra
através do mesmo processo realizado para obter o teor de umidade, deixando a
amostra em estufa por um período de 24 horas a uma temperatura média de
100°C, em seguida, a mesma amostra deve seguir para um mufla, onde ficará
exposta por 5 horas a uma temperatura média de 550°C.
Para preservar o peso da amostra e evitar com que a mesma seja
contaminada pela umidade do ar, o recipiente contendo o solo aquecido deve
ser resfriado de maneira natural em ambiente de vácuo total em um dessecador.
Assim que a amostra estiver em temperatura ambiente, deve ser pesada, e a
diferença entre o peso da amostra sem a presença de H2O e o peso da amostra
após a queima do carbono orgânico é equivalente ao seu teor.
3.3.6-PH DOS SOLOS
O pH (potencial Hidrogeniônico) é uma característica presente que
constitui o meio biótico. Sua escala varia entre 0 e 14, onde os materiais com
nível de acidez abaixo de 7 são alcalinos e denominados básicos, enquanto a
ponta oposta representa os elementos de maior acidez e homônimos.
Através do pH avalia-se a solução de nutrientes e demais compostos no
solo, que podem ser inatos á amostra ou implantados através de antropização
do meio, pela composição da chuva ou de forma natural através da
decomposição da serapilheira. A taxa de acidez em uma amostra de solo pode
ser um importante indicativo para futuros empreendimentos agroeconômicos, ou
sobre a utilização do solo até então.
Em um solo utilizado como base para um aterro de despejo, é esperado
que sua amostra apresente um pH mais elevado, próximo a 8, indicando a
alteração do solo e interação com o chorume.
Para a realização desta análise é utilizado o aparelho Peagametro, água
destilada, e duas composições aquosas, uma acida e uma básica de valores
conhecidos. Inicialmente o peagametro é limpo em água destilada, para ser
53
testado primeiramente em solução ácida e em seguida é testado em solução
básica, caso o aparelho esteja devidamente calibrado, o mesmo é utilizado para
medir o Ph dissolvido no solo. Entre cada uma das medições é necessário que
o peagametro seja lavado em água destilada.
3.3.7-DIFRAÇÃO DE RAIO-X
Para ter conhecimento preciso sobre a composição mineralógica do solo
analisado, e se há diferenças entre os pontos coletados, foram enviadas amostra
de solo de cada um dos pontos, moídas e embaladas hermeticamente, para o
laboratório de cristalografia da UNIFAL para a realização da difração de raio-x.
As amostras (P1, P2 e P3) foram moídas em moinho de jarro e passadas
em peneira de 120 mesh no Laboratório de Geociências da UNIFAL e depois
analisadas no Difratômetro automático de pó da marca Rigaku, modelo ULTIMA
IV do Laboratório de Cristalografia da UNIFAL-MG. Durante o experimento foi
empregado a radiação Cukα (tubo selado) usando ótica instrumental de feixe
paralelo. A varredura foi no modo step scan, entre 10 a 90° 2θ, gravando-se a
contagem a cada 0,05° 2θ, 3 segundos por passo. Foi usado uma voltagem de
40 kv e corrente de 30 mA.
3.3.8-ÍNDICES FÍSICOS
Os índices físicos representam a análise de maior extensão, número de
processos e dados desta pesquisa. Tem início em campo, onde são utilizados
um socador e um anel de cravação para retirar uma amostra de solo preservando
de maneira excepcional todas as características do solo no instante em que é
retirado da matriz.
Levada ao laboratório, as amostras iniciam os processos de analise indo
a balança de alta precisão junto ao anel e tendo todas suas características ainda
preservadas, o peso adquirido corresponde a “m” nas funções futuras. Após a
pesagem do anel, é necessário identificar seu volume utilizando um paquímetro
para obter com precisão o diâmetro “d” e da sua altura “H”.
54
CALCULO DO VOLUME:
EQUAÇÃO 4: VOLUME DE ANEL
𝑟 = 𝑑/2 (raio do anel)
𝐴 = 𝜋 ∗ 𝑟² (área do anel)
𝑉 = 𝐴 ∗ 𝐻 (volume do anel)
O passo seguinte implica em calcular a massa especifica do solo através
da seguinte equação:
𝜌 = 𝑚 ∗ 𝑉 (Massa especifica do solo)
O resultado obtido é medido em gramas por centímetro cubico (g/cm³).
Do volume de solo contido no anel, deve-se retirar amostras e separa-las
para iniciar a realização do teor de umidade do solo contido no anel. O valor
obtido por esta análise é representado pela letra “W” nas próximas funções. O
teor de umidade é obtido em valores percentuais, porém, para fins de cálculo,
deve ser utilizado seu valor decimal. Após a obtenção do teor de umidade,
busca-se identificar a massa especifica seca (ρd) através da equação abaixo.
CALCULO:
𝜌𝑑 = 𝜌 ÷ 1 + 𝑤 (Decimal)
O resultado é medido em gramas por centímetro cubico (g/cm³).
Todos os dados adquiridos até este momento completam as informações
necessárias para determinar a massa especifica natural do solo. Elas são base
para a identificação dos índices físicos.
Para dar continuidade ao processo, são necessários o uso de picnômetros
(figura 14), termômetros, tabela de conversão de temperatura para ρw (massa
especifica da agua), amostras secas em estufa, balança de alta precisão e um
dessecador. Serão utilizados os valores “mss”,”m1”,“m2” e “ρw”, que
representam:
55
Mss – Valor padronizado de 10g de solo seco em estufa.
M1 – Picnômetros completo com H2O destilada, utilizada como controle.
M2 – Soma de M1 e Mss
Ρw – Valor obtido através da conversão de temperatura em °C de m2, na
tabela de conversão de massa especifica da água.
FIGURA 14: PICNÔMETRO AUTOR: FELIPE B. SOLDANO.
O primeiro passo consiste em completar um picnômetro com água
destilada, que ser usada como controle nesta etapa. Em seguida, adicionar em
um picnômetro vazio 10g de solo seco em estufa (Mss) e preencher com água
destilada e homogeneizar o conteúdo interno.
Após a preparação das amostras, as mesmas são levadas destampadas
ao dessecador, onde são expostas ao vácuo de aproximadamente 600
mbar/mmhg, para melhor remoção de ar possível, e após ter todo seu ar retirado,
são pesados novamente. Os novos valores de cada amostra serão utilizados
posteriormente em função de obter ρs.
56
M2 deve ser retirado da balança e ter sua temperatura medida por um
termômetro de alta precisão. Seu valor será convertido em um valor decimal
denominado Ρw.
Com todos os valores obtidos a função de ρs pode ser completada
adequadamente, a função é:
CALCULO:
ρs = (MSS) ÷ (M1 − M2 + MSS) × 𝜌𝑊
O resultado obtido por esta equação deve ser medido em gramas por
centímetro cubico (g/cm³)
Os valores a se obter na seqüência representam “e”, “n” e “Sr”, que são,
respectivamente o índice de vazios, porosidade e grau de saturação. As funções
para se obter cada um destes valores estão a seguir.
CALCULO:
𝑒 = (𝜌𝑠 ÷ 𝜌𝑑) – 1
𝑛 = (1 − 𝜌𝑑 ÷ 𝜌𝑠) × 100
𝑆𝑟 = (𝜌𝑠 + 𝑤) ÷ (𝑒 × 𝜌𝑤)
Os resultados obtidos nestas equações são medidos de maneiras
diferentes, onde “e” é medido em g/cm³ e “n” e “Sr” são medidos em %.
3.3.9-ANALISE DE ÁGUA
Devido à proximidade da área de estudo com um lago, foi necessário
recolhimento de amostras de água para realização de testes de potabilidade. As
amostras foram recolhidas de acordo com as normas utilizadas pela NCQ
(Núcleo de Controle de Qualidade) da Universidade Federal de Alfenas. Foi
utilizado um recipiente estéril e lacrado até o momento de uso, fechado
hermeticamente e levado imediatamente para o NCQ, afim de analisar as
amostras com maior semelhança possível com as condições naturais do lago.
57
Foram realizados ensaios microbiológicos para contagem do total de bactérias
viáveis, coliformes totais e pesquisa de Escherichia coli e coliformes
termorresistentes.
O método utilizado está de acordo com a resolução CONAMA 357 de 17
de março de 2005.
4-RESULTADOS E DISCUSSÕES
Após a conclusão das análises laboratoriais e de todos os processos que
envolveram o desenvolvimento deste trabalho, a relação intrínseca entre um
fator de análise e outro se tornaram evidentes, demonstrando que não há um
estudo de caso ambiental realmente bem embasado sem a existência de uma
equipe multidisciplinar. Portanto, é claro que por mais individuais que sejam os
experimentos realizados, seus resultados estão interligados e devem ser
analisados de maneira holística.
O estudo dos mapas gerados por essa pesquisa indica de maneira ampla
as circunstancias sob as quais todos os demais resultados e características
geotécnicas do solo estão subjugadas, servindo como base para as demais
análises.
Os resultados obtidos nas análises de campo são essenciais para a
caracterização inicial de comportamentos físicos e mecânicos do solo, sendo
suportados pela terceira etapa de analises, os resultados laboratoriais.
A análise inicial é relacionada ao mapa de localização do município de
fama, que é responsável pela visualização inicial de informações. Nele estão
contidas informações relacionadas basicamente a sua localização geográfica, e,
portanto, através dele são subentendidas diversas informações, como, dinâmica
climática relacionada a latitude e longitude e biomas subjacentes (que são
comprovadas posteriormente no estudo focado no regime climatológico local),
trazem relações memoráveis para as pessoas que já tenham conhecimento
empírico sobre a região, um viés econômico e também o primeiro notar do
município de fama em relação a proximidade e necessidade da mesma com o
lago de furnas e suas riquezas hídricas.
58
Partindo das relações estabelecidas pela avaliação do mapa de
localização, a análise seguinte se refere ao mapa de hidrografia, que é
responsável por trazer a tona provavelmente o maior risco gerado pela
localização do lixão. O local designado para existência do lixão de Fama infligi o
limite citado por IPT/CEMPRE (2001) de 200 metros e agregando a área de
preservação permanente de 50 metros em torno de nascentes citada na lei
12.651/12, tornando danoso o uso da água aflorada nas proximidades e até
mesmo do lago nas proximidades da margem devido a possível contaminação
deste recurso hídrico. A geomorfologia, pedologia e a geologia trazem
informações primordiais para compreensão desta dinâmica de contaminação.
Através do mapa geomorfológico foi possível analisar a complexidade e
formação dos morros e morrotes do município de Fama. Sua inclinação apesar
de não muito elevada é o suficiente para proporcionar intenso risco de
contaminação para uma área localizada tão próxima a corpos hídricos
importantes para a subsistência local. Não apenas a geomorfologia do local é de
suma importância, a composição de seu solo e de seu subsolo merecem igual
atenção. Pedologicamente o solo regional é caracterizado como latossolo
vermelho, diferenciado dos demais devido a sua profundidade, presença de
minerais férricos dissolvidos em seus grãos e granulometria próxima à arenosa
na maioria dos casos. Tais circunstâncias por si já implicariam na não instalação
de um aterro sanitário, logo, a existência de um lixão neste local beira o
inimaginável do ponto de vista cientifico e ambiental.
Considerando a importância atrelada aos recursos sólidos do objeto de
estudo, não se pode descartar a análise de sua matriz. O substrato rochoso que
forma a base do solo deve ser entendido de acordo com os processos sofridos
pelo mesmo dentre seus milhões de anos de existência. Intemperismo químico,
físico, biológico, alterações de pressão e temperatura e movimentações das
placas tectônicas podem ser responsáveis pelo surgimento de falhas, dobras e
sobreposições de unidade geológicas, o que elevaria de forma exponencial a
fragilidade local e a possibilidade de danos ambientais. Após a confecção do
mapa geológico observou-se que o local utilizado como lixão localiza se
sobreposto a uma falha geológica, fato que, novamente, torna inviável a
utilização do terreno para tal função.
59
A análise criteriosa de todos os fatos citados acima fortalece a
argumentação contraria a instalação de um lixão, contudo, não são os únicos
fatores a serem observados, a possível contaminação gerada por tal
empreendimento reflete diretamente na população que usufrui dos recursos
naturais locais para fins agronômicos, de piscicultura ou apenas para
subsistência e uso cotidiano. A ocupação e a distribuição desses fatores tornou
necessário a criação de um mapa que representasse o uso e ocupação do solo,
demonstrando que maior parte do município é tomado por fazendas de plantio
ou pastos, indicando o uso constante e intenso dos recursos hídricos próximos,
e aterrando a possibilidade de ausência de danos causados pelo lixão.
As visitas a campo forneceram informações de suma importância sobre o
solo local. A análise de suas características físicas in situ foi fonte abundante de
pontos relevantes para o resultado final deste trabalho, assim como a
possibilidade de analisar a estrutura produzida para receber a função de aterro.
Devido à proximidade dos pontos de coleta, os resultados obtidos pouco se
diferenciaram, e quando ocorrido deve se ao uso diversificado das diferentes
partes do terreno. O primeiro ponto de coleta (P1) apresentou-se como rico em
materiais diversos advindos do despejo, logo, intensamente alterado. O segundo
ponto de coleta (P2) mostrou-se mais próximo ao natural, ainda assim, teve sua
superfície intensamente antropizada por localizar-se próximo a rota de despejo
de resíduos. O terceiro ponto de coleta (P3) foi retirado na proximidade da
margem norte do terreno, área de relevo declinado e intensamente utilizado para
despejo de materiais inertes advindos da construção civil e demolição, além da
presença de resquícios de poda.
A inspeção da cor do solo indicou homogeneidade na extensão do lixão,
apresentando em todos os pontos de coleta um solo vermelho amarelado (3/3
7.5 yr e 4/3 7.5 yr na escala de Munsell).
Sua textura foi constante em todas as amostras, indicando solo areno-
siltoso com estabilidade em sua estrutura granular. Os torrões utilizados para
analisar o solo apresentavam poucos poros, que variavam em diâmetro entre 1
e 5 milímetros. Sua consistência é ligeiramente dura quando seco e friável
quando úmido, além de ser ligeiramente plástico e pegajoso, sem cerosidade
quando quebrado e fortemente cimentado. O solo apresentou coesão moderada
60
e ausência de nódulos e concreções, as únicas observações feitas indicavam
presença de serra pilheira fina e presença de fragmentos de construção civil
dispersos por todo o terreno.
As características observadas em campo demonstraram que a pouca
presença de poros e a existência de silte disposto no solo podem ser
consideradas características positivas referente à percolação de líquidos como
chorume, já que atuariam como uma camada seladora e impediriam a infiltração
profunda do contaminante.
A busca pela afirmação da hipótese citada acima foi testada ainda em
campo, através do teste de infiltração. Para averiguação de maneira correta,
foram realizados 3 testes, um em cada ponto de amostragem, porém, devido as
características do material depositado no 3° ponto de coleta, o aparelho de
infiltração sofreu danos e tornou o resultado inconclusivo para aquele ponto.
Apesar desta lacuna, os outros dois resultados apareceram de forma conclusiva.
De acordo com o gráfico 1 disposto logo abaixo, em solo já antropofizado como
o amostrado amostra P1, tendem a perder características de um possível
horizonte B textural formado pela argila contida no solo, e a dinâmica de
interação entre solo e o fluido torna-se idêntica a de solos puramente arenosos,
tornando a infiltração rápida e desimpedida como ilustrado no gráfico, onde em
menos de 1minuto todo o volume depositado havia sido absorvido pelo solo. Em
comparação, a amostra P2 (que serviu durante todo o projeto com padrão,
devido ao baixo nível de alteração do solo) apresentou comportamento
diferenciado, onde a presença de grãos menores agiu de forma a reduzir a
infiltração e alongar o período necessário para que toda a água fosse infiltrada.
61
FIGURA 15: : GRÁFICO DE INFILTRAÇÃO PONTOS P1 E P2. AUTOR: FELIPE BERNARDO SOLDANO.
Todavia, tais características serão comprovadas pelas análises
laboratoriais.
Os testes realizados em laboratório provaram teorias fundadas em campo
e ampliaram o conhecimento sobre as características do solo analisado, o
primeiro a ser realizado foi o teste de granulometria, que destrincha as
conclusões tiradas em campo por separar os grãos de solo de acordo com seu
diâmetro, logo, pela sua categoria. Foram gerados 3 gráficos distintos para cada
amostra de solo demonstrados abaixo nas figuras 16, 17 e 18.:
0
100
200
300
400
500
600
700
800
900
0 50 100 150 200 250 300 350 400 450 500
Vo
lum
e (m
l)
Tempo (s)
Grafico de infiltraçãoAterro a céu aberto (Fama - MG)
Ponto 1
Ponto 2
62
FIGURA 16: GRANULOMETRIA PONTO 1. AUTOR: FELIPE B. SOLDANO
6.760
8.833
8.844
12.405
8.760
47.593
6.330
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50
prato
270
120
60
40
30
10
Peso (g)
Gra
des
prato 270 120 60 40 30 10
Ponto 1 7 9 9 12 9 48 6
GRANULOMETRIA PONTO 1
Ponto 1
63
FIGURA 17: GRANULOMETRIA PONTO 2. AUTOR: FELIPE B. SOLDANO
Nos gráficos expostos acima, é identificável um padrão no comportamento
das amostras, onde em ambas é visível uma porcentagem extensa de areias
médias e grossas retidas nas peneiras de 10 e 30 mesh, porém, apesar de não
se igualarem em peso, as partículas pertencentes às classes de argila e silte
estão dentro das proporções necessárias para identificar um respectivo solo
como areno-siltoso.
3.068
3.919
6.978
9.598
11.494
55.993
8.874
0 10 20 30 40 50 60
prato
270
120
60
40
30
10
Peso (g)
Gra
des
prato 270 120 60 40 30 10
ponto 2 3.068 3.919 6.978 9.598 11.494 55.993 8.874
GRANULOMETRIA PONTO 2
ponto 2
64
FIGURA 18: GRANULOMETRIA PONTO 3. AUTOR: FELIPE B. SOLDANO.
A amostra P3 foi retirada de uma região do aterro utilizada como despejo
para resíduos de construção civil, o que ampliou largamente a quantidade de
grãos retidos nas peneiras de 10 e 30 mesh, de areias medias e grossas,
fazendo com que a presença de argilas, siltes e areias finas fossem reduzidas
drasticamente e alterando o comportamento do solo. Em situações onde o solo
detêm tal proporção de areias em relação a argilas e siltes, a percolação de
poluentes ocorreria de maneira quase livre.
As amostras P1 e P2 confirmam os índices retirados em campo, enquanto
a amostra P3 contradiz o resultado obtido in situ, mostrando se mais arenoso.
Parte do material obtido em campo foi separado e mantido isolado de
fatores externos por um curto período de tempo, para preservar sua umidade
1.904
2.476
4.433
6.126
5.876
52.712
26.342
0 10 20 30 40 50 60
prato
270
120
60
40
30
10
Peso (g)
Gra
des
prato 270 120 60 40 30 10
Ponto 3 1.904 2.476 4.433 6.126 5.876 52.712 26.342
GRANULOMETRIA PONTO 3
Ponto 3
65
natural, a qual foi determinada no teste de teor de umidade. Regimes climáticos
de estiagem ou de chuva intensa surtem efeitos diretos nesta análise, por tanto,
foi recolhida uma amostra de solo proveniente do horizonte B, que pela sua
profundidade havia preservado umidade com maior eficiência se comparado aos
solos superficiais. Após um período de 24 horas na estufa, a amostras de solo
tiveram seus pesos calculados e devido à diferença entre a massa inicial e a
final, foram identificados os valores de umidade percentual do solo. Em ambas
as três amostras (P1, P2 e P3) o valor de umidade foi baixo, entre 6% e 13%,
porém, para a formação do chorume é necessário que haja ao menos 5% de
umidade, portanto, o material depositado no local está sujeito a formação
constante desse poluente.
Ainda buscando características que justifiquem ou declinem a
implantação do lixão de Fama, amostras de solo (P1, P2 e P3) passaram pelo
teste de limite de liquidez, simultaneamente ao limite de plasticidade, para indicar
ao final, o índice de plasticidade do solo.
A primeira etapa consistiu em determinar o limite de liquidez das
amostras, afim de averiguar qual porcentagem a massa de solo suporta antes
de pender seu comportamento para o comportamento fluido. Através dos
gráficos abaixo (19, 20 e 21) pode-se notar que o volume de água necessário é
baixo.
66
FIGURA 19: LIMITE DE LIQUIDEZ, P1. AUTOR: FELIPE BERNARDO SOLDANO
No gráfico acima, o resultado obtido correspondente ao terceiro golpe foi
desconsiderado por estar fora do limite dos demais golpes.
FIGURA 20: LIMITE DE LIQUIDEZ, P2. AUTOR: FELIPE BERNARDO SOLDANO
25.1626.7
29.4930.83
10
12
14
16
18
20
22
24
26
28
30
32
34
5 25
Um
idad
e
Golpes
Limite de Liquidez Ponto 1
26.34
28.3828.58
31.0232.03
10
12
14
16
18
20
22
24
26
28
30
32
34
5 25
Um
idad
e
Golpes
Limite de Liquidez Ponto 2
67
FIGURA 21: LIMITE DE LIQUIDEZ, P3. AUTOR: FELIPE BERNARDO SOLDANO.
Os valores obtidos foram 28,5%, 29,6% e 41% para as amostras P1, P2
e P3 respectivamente. A porcentagem superior na terceira amostra é ligado a
ausência de argilas e siltes, tornando necessário um volume maior de água para
desagregar as areias.
Aliado a análise de limite de liquidez obtivemos o limite de plasticidade,
que delimita o comportamento do solo quando semissólido, ou seja, indica o
máximo de umidade necessário para que o solo sustente seu comportamento
como sólido. É esperado que este valor seja inferior ao limite de liquidez, uma
vez que para se obter o comportamento liquido é exigido maior absorção de água
pelo solo.
Os resultados obtidos pelo experimento indicam que o solo do aterro
sustenta seu comportamento como solido e semissólido até que 27,5% da sua
massa seja formada por líquidos percolados. Porém, as variações dentro da
pequena área do lixão indicam que individualmente as amostras 1, 2 e 3
suportam respectivamente 22,92%, 23,55% e 36,01%, indicando uma média
inferior para toda parte superior da vertente que abriga o lixão.
A diferença numérica entre os limites de liquidez e plasticidade
representam a estreita faixa entre o comportamento sólido e liquido de um solo.
38.3139.39
41.6940.55
44.3
25
27
29
31
33
35
37
39
41
43
45
47
49
5 25
Um
idad
e
Golpes
Limite de Liquidez Ponto 3
68
A importância deste dado influi diretamente das propriedades adquiridas pelo
solo ao atingir tal estado. Um solo com comportamento plástico é capaz de
deformar-se sem alteração de seu volume ou massa, tornando-o propenso a
deslizamentos de massa. Os resultados obtidos indicaram 5,48%, 5,25% e
4,69% para P1, P2 e P3 respectivamente.
Indo na direção oposta das análises realizadas até agora, o teor de
carbono orgânico é uma variável de suma importância devido ao seu potencial
cimentador no solo, logo, a coesão adquirida por ele é devido à decomposição
de matéria orgânica. As amostras livres de H2O foram levadas para a mufla, onde
permaneceram por um período de 5 horas expostas a altas temperaturas,
queimando seu carbono e tornando possível que se calculasse a porcentagem
de carbono dissolvida na amostra. Os valores obtidos estão entre 11 e 15%, um
índice baixo, que indica baixa coesão do solo assim como analisado em campo.
Afim de checar a veracidade das informações colhidas em campo a
respeito da porosidade, do solo, foi necessário se calcular o índice de vazio,
obter a porcentagem de poros e seu grau de saturação, estas são as principais
características buscadas ao se calcular a determinação dos índices físicos.
Inicialmente é necessário se esclarecer que o índice de vazios não se trata de
uma medida obtida e sim calculável, portanto, não apresenta unidade de medida.
Através deste dado busca-se identificar a quantidade de vazios existentes em
uma amostra. Os valores obtidos por este cálculo foram de 0,59 para P1, 0,51
para P2 e 0,16 para P3. Para esta medida, valores inferiores a 3 indicam argilas
inorgânicas. Seguindo para o cálculo da porosidade, unidade medida em
porcentagem, os valores obtidos variaram em cada uma das amostras, indicando
que a alteração do solo devido a antropização atinge a mecânica dos solos de
maneira diferente para cada insumo que é adicionado a sua composição, já que
a amostra P3 apresentou níveis inferiores de porosidade. Os valores obtidos
para P1, P2 e P3 foram 36,97%, 33,66% e 20,45% respectivamente.
O último dos índices adquiridos é o grau de saturação, que indica a
quantidade de água em relação à porcentagem de poros existentes na amostra
quando coletada. Para interpretação desta informação é necessário seguir os
valores ditados na tabela 5 abaixo:
69
GRAU DE SATURAÇÃO DENOMINAÇÃO
0 – 25% Naturalmente seco
25 – 50% Úmido
50 – 80% Muito úmido
80 – 95% Altamente saturado
95 – 100% Saturado
TABELA 5: DENOMINAÇÃO DOS GRAUS DE SATURAÇÃO. FONTE: VIOLANTE, 2009.
Os valores obtidos para esta variável foram baixos, indicando um solo
naturalmente seco no momento da coleta. Seus níveis de saturação foram 6%
para P1, 3,99% para P2 e 8,35% para P3.
A análise mineralógica por Difração de Raios x das amostras constatou a
presença abundante do mineral quartzo (Q) seguido pelos minerais Feldspato
(FK), gibsita (Gb), hematita (H) e muscovita (M), não sendo observada a
presença de argilo minerais, caracterizando estas como extremamente arenosas
devido ao quartzo e ácidas (quanto ao teor de ferro e alumínio) sem a formação
de agregados, sendo estas amostras de solos muito porosos e susceptíveis aos
processos erosivos.
70
FIGURA 22: DIFRAÇÃO DE RAIO-X, P1. AUTOR: FELIPE BERNARDO SOLDANO
FIGURA 23: DIFRAÇÃO DE RAIO-X, P2. AUTOR: FELIPE BERNARDO SOLDANO
71
FIGURA 24: DIFRAÇÃO DE RAIO-X, P3. AUTOR: FELIPE BERNARDO SOLDANO.
A análise de pH da água traz dados conclusivos sobre a influência de
chorume nos solos, já que a interação entre o meio e o poluente acarreta em
algumas características já conhecidas e esperadas, que devem ser utilizadas
como parâmetro. O solo que está em contato com o chorume apresenta estado
de lixiviação avançado e pH alterado devido ao alto nível de acidez do poluente.
Era esperado que as análises de pH dos solos apresentassem níveis
brandos de acidez devido a litologia regional que implica em latossolos
vermelhos férricos, ou seja, existe acidez inata no solo, porém, ao diluir a
amostra P1 em água destilada e analisar seu pH, o resultado obtido foi 5,7,
unidade acima do esperado para latossolos. As análises seguintes
demonstraram comportamento próximo ao esperado, sendo que a amostra P2
72
apresentou pH 6, nível adequado para o tipo de solo, enquanto a amostra P3,
devido ao alto nível de cal utilizado nas construções civis e consequentemente
despejados em seu solo, apresentou índice neutro, porém ainda muito acima do
esperado. Seu pH foi medido em 7,5.
O último dos resultados obtidos não pode ser analisado no Laboratório de
Geociências da UNIFAL (Labgeo), pois trata se de uma análise de potabilidade
da água extraída das proximidades do lixão. O intuito desta análise era identificar
a presença de coliformes totais, termorresistentes e de Escherichia coli. Os
resultados gerados pelo Núcleo de Controle de Qualidade da Universidade
Federal de Alfenas indicam níveis fora do aceitável para coliformes totais e
termorresistentes, além da presença de Escherichia coli. Considerando a
composição e comportamento do solo, a presença excessiva de coliformes totais
pode indicar índice de contaminação da água por chorume decantado do lixão,
porém, para afirmar tal contaminação seriam necessárias analises físico-
químicos e biológicos específicos para tal intuito. Os principais indicadores de
contaminação por chorume são alterações nos níveis de pH, condutividade,
aumento nos níveis de cloro, nitrato de sódio e nitrogênio amoniacal, além de
analises de DBO (Demanda Bioquímica de Oxigênio) e DQO (Demanda Química
de Oxigênio), e analise de uma extensa gama de fauna microbiológica.
A estrutura física e de funcionamento do aterro mostrou-se inadequada.
Operacionalmente é necessário que além de segregar os diferentes tipos de
resíduo, se trate cada um de maneira adequada, tratamento esse que não é
implantado no lixão. Estruturalmente o local é desprovido de sistema de
drenagem de fluidos de decomposição ou de águas pluviais, impermeabilização
tanto da base do lixão quanto das células individuais, cobertura diária das células
de lixo, drenagem de biogás e tratamento dos gases. O lixão contém cerca viva
apenas nos limites laterais e superior de sua extensão, sendo o limite inferior
delimitado por uma cerca de arame farpado danificada.
A proximidade extrema com sítios e conjuntos de residências torna o lixão
um risco a saúde dos moradores, já que é distinguível a presença de poços
artesianos para extração de água para consumo interno, além de gerar um
habitat atraente para macro vetores como cachorros, gatos e até mesmo gado,
cavalos e jegues que abrigam os arredores do local e podem utilizar do terreno
73
como fonte de alimentos ou ingerir água do manancial contaminado próximo ao
local. Não foram identificados catadores em nenhuma das visitas ao lixão, tal
fato deve-se ao tamanho do aterro em si, a distância do mesmo aos centros
municipais e dos indicadores sociais do município de Fama, que não
demonstram grande disparidade de classes sociais.
5-CONCLUSÕES
Os resultados obtidos nas análises de campo, comprovados ou
contestados pelas analises laboratoriais tornaram possível à compreensão de
forma holística do cenário no qual se encaixa o objeto de estudos.
As características descritas sobre o solo e as obtidas em laboratório
ilustram a fragilidade em diversas facetas do mesmo, os índices de porosidade,
liquidez e plasticidade definem um comportamento propicio para a criação e
circulação de poluentes, além de uma extensa faixa de possibilidade de
comportamento plástico, que pode resultar em movimentação de massa do solo
local.
A granulometria e a textura do solo confirmam o comportamento argilo-
arenoso, que varia de acordo com o teor de umidade. Além de contar um teor de
umidade considerado alto e suficiente para propiciar o início de produção de
chorume no solo, criando uma situação de retro-produção altamente danosa e
poluente ao ambiente.
O resultado obtido pelo índice de carbono orgânico apenas reforça o ideal
de um solo frágil e suscetível a alterações, atuando novamente como fator
contrário a operação de um lixão. Assim como as informações obtidas através
da difração de raios-x, que indicam um crescimento de partículas arenosas em
consequência dos altos índices de quartzo em seu solo e matriz rochosa.
A quantidade de poros existentes nas amostras recolhidas indica alto
índice de porosidade no solo, que apesar de apresentar resistência a infiltração
em estado natural pela existência de siltes e argilas em sua composição, após
receber cargas de resíduos sólidos é intensamente modificado e perde tal
74
característica, indicando caminho livre para a percolação de fluidos poluentes. A
comprovação de tal possibilidade é indicada pela analise de pH do solo, que
indica alteração real nas características básicas de acidez do solo, associando
diretamente o tipo de resíduo depositado ao resultado obtido por cada ponto de
amostra.
O resultado obtido pela analise de potabilidade da água demonstra que
existem variações na qualidade da água, apesar de não comprovarem
definitivamente a contaminação por produtos da decomposição de resíduos
orgânicos, abre caminho para uma análise mais aprofundada sobra o avanço da
contaminação gerada pelo lixão.
De modo geral os resultados obtidos pela geração de mapas não indicam
nenhuma característica ideal para implantação de lixões. A localização
demonstra fragilidades de cunho geológico e geomorfológico, hidrograficamente
as atividade representam riscos ao recurso natural devido a proximidade do
empreendimento a nascentes e lagos.
Pode-se concluir, portanto, que as atividades exercidas no terreno
utilizado como lixão desrespeitam as leis, agridem os recursos naturais e
colocam em situação de risco a saúde da população municipal, tornando
palpável o descompromisso das entidades públicas no que tange a salubridade
de seus munícipes e integridade de seus recursos.
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7-ANEXO
Ficha de campo: índices físicos
79
Localização:
Altitude:
Coordenadas:
Cor do solo:
Textura:
Arenosa
Silte
Argila
Estrutura:
Laminar
Prismática
Colunar
Blocos Angulares
Blocos Subangulares
Granular
Porosidade:
Sem poros visíveis
Muito pequenos (>1mm)
Pequenos (1 a 2mm)
Médios (2 a 5mm)
Grandes (5 a 10mm)
Muito grandes (<10mm)
Quantidade de poros:
Poucos poros
Poros comuns
Muitos poros
Cerosidade:
Superfície fosca
Fraca
Moderada
Forte
Consistência do solo seco:
Solta
Macia
Ligeiramente dura
Dura
Muito dura
Extremamente dura
Consistência do solo úmido:
Solta
Muito friável
Friável
Firme
Muito firme
Extremamente frime
Plasticidade:
Não-plástica
Ligeiramente plástico
Plástica
Muita Plástica
Pegajosidade:
Não pegajosa
Ligeiramente pegajosa
Pegajosa
Muito Pegajosa
80
Cimentação:
Fracamente cimentada
Fortemente Cimentada
Nódulos e/ou concreções:
Não apresenta:
Apresenta:
Coesão:
Moderadamente coeso
Fortemente coeso
Inclinação:
Presença de Carbonatos:
Observada através da efervescência
do material em contato com HCL 10%.
Ligeira (efervescência fraca)
Forte (efervescência visível)
Violenta (efervescência forte)
Presença de Sulfetos:
Presença de manganês:
Observada através da efervescência
do material em contato com peróxido
de hidrogênio.
Ligeira (efervescência fraca)
Forte (efervescência visível)
Violenta (efervescência forte)