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Page 1: Análise do texto “O funcionamento administrativo de 1835” de Pedro Espinha da Silveira

ANA DE MELO MATOSANDREIA PRADO DA SILVA

EDUARDO DINISINÊS PASSINHAS

LAURA FALÉ MARIANA MARTINS

DOCENTE: PROFº DRº RUI BRANCO

Análise do texto “O funcionamento administrativo de 1835” de Pedro

Espinha da Silveira

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Contextualização histórica

1. Crise Política: 1806 Bloqueio Continental imposto por Napoleão

contra a Inglaterra1807-1810

Invasões FrancesasFamília real refugiada no Brasil

1820 Revolução Liberal Portuguesa

1822 Promulgação da 1ª Constituição Portuguesa

1832-1834

Guerra Civil entre absolutistas (D. Miguel) e liberais (D. Pedro)

Fig. 1 - Cronologia

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Contextualização Histórica

1806 1808 1810 1812 1814 1816 1818

-14-12-10-8-6-4-20246

A decadência do Comércio Português

Valores

Fig. 2 – Segundo F. Piteira Santos, Geografia e Economia na Revolução de 1820, Publicações Europa-América

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Contextualização Histórica

Crise Económica

Fig.3 – Atraso na agriculturaFig.4 – Comércio pouco desenvolvido

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Contextualização Histórica

Crise Social: ─ povo sobrecarregado com impostos e descontente com a situação político-financeira do país;

─ clero torna-se uma “plataforma de resistência ao regime” devido à legislação revolucionário de Mouzinho da Silveira em 1832;

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Mouzinho da Silveira e a legislação de 1832

─ venda dos bens expropriados às congregações religiosas;

─ abolição da dízima (decreto de 30 Julho);

─ extinção da inquisição e censura;

─ abolição dos morgadios e capelas até 200$000 réis (decreto de 4 Abril);

─ limitação do imposto da sisa à compra e venda de bens de raiz (decreto de 19 Abril);

─ extinção dos forais e bens da coroa (decreto 13 Agosto);

─ fim dos privilégios da nobreza e da Companhia Geral da Agricultura e Vinhas do Alto Douro;

Fig.5 - Mouzinho da Silveira

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Mouzinho da Silveira e a legislação de 1832

─ liberdade natural do homem;─ direito à propriedade; ─ liberalização da terra e dos camponeses;─ exportação de produtos nacionais mediante pagamento de imposto de 1%;

Salvaguardar a institucionalização jurídica da liberdade individual em todas as suas ações e proceder a uma liberalização da economia e da propriedade agrária;

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O falhanço da legislação de 1832 – Razões:

─ relação entre si dos órgãos do sistema administrativo não funcionava;

─ sistema/método misto de eleição dos regedores de paróquia era ineficaz;

─ breve duração da generalidade dos cargos;

─ criação das juntas da paróquia que tinham, muitas vezes, formas de governo próprias e representava uma intromissão na vida das comunidades rurais;

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Contextualização Histórica

Legislação Revolucionária de 1832 falha mas…

Surge o novo “estatuto de alforria da burguesia”

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A Reforma do Sistema

• Leis de 1840 e 1841:

- Invertem a tendência descentralizadora iniciada em 1835;

- Aperta o controlo sobre a administração camarária;

- Restringe o eleitorado a nível local, aumentando o poder dos homens mais ricos dos concelhos;

- Órgãos deixam de fazer parte da organização administrativa;

Fig.6 Rodrigo da Fonseca MagalhãesFonte: http://maltez.info

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Código administrativo 1842 Distritos:

Magistrados do distrito e do concelho- nomeação régia

Junta geral de distrito Candidatos com rendimento suficiente para

serem deputados; Reúnem-se uma vez por ano durante 15 dias; Possuía funções deliberativas limitadas;

Conselho de distrito (órgão mais importante) Sessões semanais; Tribunal administrativo; Interfere no funcionamento dos municípios; Nomeação régia;

Fig.7 Código administrativo português de 1842Fonte: http://www.europeana.eu

A Reforma do Sistema

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Municípios: Conselho municipal:

Inicialmente composto por metades iguais pelos maiores e menores representantes mas após 1841 apenas pelos de maior rendimento;

Discutia e aprovava, em conjunto com a câmara, a contração de empréstimos, o estabelecimento de hipotecas, o lançamento de contribuições e o orçamento do município (art.146º);

Câmara municipal: Redução de autonomia; Face ao Antigo Regime perdem o poder judicial; A composição da câmara é eleita através de eleições diretas pelos eleitores de

1ºgrau; (art 13º e art 47º);

Junta de Paróquia: Deixa de fazer parte da organização administrativa; Encarregada da administração da fábrica da igreja e dos bens da paróquia;

A Reforma do Sistema

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CENTRALIZAÇÃO LEGAL, CENTRALIZAÇÃO REAL

Concurso Público: igualdade de oportunidades critério de mérito

França – 1891Portugal – 182210 anos depois da entrada em vigor do código de

1842, o Estado tinha pouco pessoal na administração periférica.

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CENTRALIZAÇÃO LEGAL, CENTRALIZAÇÃO REAL

Agora impõe-se a pergunta QUAIS FORAM

AS REPERCUSSÕES DESTA

MODIFICAÇÃO NO RECRUTAMENTO

EFETIVO DAS ELITES MUNICIPAIS? Exemplos: Vale de Cambra e Évora

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CENTRALIZAÇÃO LEGAL, CENTRALIZAÇÃO REAL

QUAIS AS RELAÇÕES ENTRE O ESTADO

CENTRAL E OS PODERES PERIFÉRICOS?

Relativamente às eleições:

Quanto às finanças locais:

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Reorganização do Espaço

ProvínciasDistritosConcelhosFreguesias

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Províncias

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Distritos

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Distritos

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Os concelhos 1826-1842

Quadro I – Evolução dos concelhos 1826-1842

Classes Nº de concelhos %

1 70 8,88

2 436 55,33

3 282 35,79

Total 788 100,00

Legenda: Classes: 1 . concelhos que mantêm fronteiras inalteradas;2 . concelhos extintos;3 . concelhos que permanecem, sofrendo modificação de fronteiras.

Evolução dos concelhos 1826-1842

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Área (km2) Nº concelhos %

0-9 1 0,26

10-19 0 0,00

20-29 4 1,05

30-39 12 3,14

40-49 14 3,66

50-59 11 2,88

60-69 19 4,97

70-79 28 7,33

80-89 12 3,14

90-99 14 3,66

100-199 114 29,84

200-299 55 14,40

300-399 45 11,78

400-499 15 3,93

500-999 30 7,85

≥1000 8 2,09

Total 382 100,00

Quadro II – Concelhos de 1842 – Área

Os concelhos 1826-1842Concelhos 1842

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Freguesias

Quadro IV – Freguesias não cartografadas, por província.

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Quadro VII – Área das freguesias, por distrito

Quadro VIII – Número de indivíduos por freguesia

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FREGUESIAS

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Em suma…

O aparelho administrativo do antigo regime refletia os princípios da monarquia absoluta.

Apenas com a constituição de 1822 se estabeleceu o principio da divisão de poderes. No entanto, com a ab-rogação da constituição, estas grandes linhas não chegaram a articular a realidade.

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Em suma…

A carta constitucional, mantendo em geral, os mesmos princípios, remete esta matéria para lei regulamentar.

Decreto nº 23, de 16 de Maio de 1832, de Mouzinho da Silveira

A partir de 1834, o decreto de Mouzinho da Silveira entra em vigor em todo o pais, originando o cruzamento das novas com as velhas autoridades ainda em funções (corregedores e juízes de fora).

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Em suma…

Com a revolução de setembro, os vintistas procuram aperfeiçoar a ordem administrativa da Constituição de 1822, entretanto reposta, impondo algumas modificações.

Restaurada a carta constitucional, assiste-se novamente ao reforço do poder central. Assim, em 1842, é referendado por Costa Cabral, um novo código administrativo.

Regressámos a um sistema administrativo mais próximo daquele que Mouzinho da Silveira havia pretendido implantar.

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Problema de soberania: o Estado liberal é por norma uniformizador, enquanto que o Estado Absoluto, em determinados momentos, permite um certo grau de autonomia.

Contrassenso?

A ideia liberal de autoridade pública opõe-se à partilha de poderes específica da sociedade de ordens e orienta a sua dinâmica em torno de uma sociedade de indivíduos. O poder público deixa de estar partilhado, suprimindo-se as desigualdades de nascimento – um dos suportes das oligarquias locais – e passando a soberania a residir na Nação.

Reflexão crítica

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Reflexão crítica

Como conciliar as ideias de uniformização e incremento da democraticidade e cidadania, fundamentais para o enquadramento teórico liberal, com oligarquias locais e tradições autonómicas e, especialmente, uma enorme falta de meios?

Momentos de menor controlo central levariam sempre a um recrudescer das tensões locais e um reforço das oligarquias.

A ideia liberal de autoridade pública e de uniformização terá obrigatoriamente que assentar num processo de centralização.

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Reflexão crítica

A existência de um intermediário político entre os municípios e o governo central levaria a uma redução da autonomia local tradicional?

Esse órgão intermédio estabelece uma ligação mais fluida entre centro e periferia, assegurando de modo eficaz o cumprimento das disposições do governo, mas respeitando sempre as liberdades locais.

Mesmo em momentos de tendência mais centralizadora é notória a preocupação em limitar o poder dos órgãos intermediários

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Reflexão crítica

Reorganização territorial Altera a dinâmica de poder de vários grupos

oligárquicos;Os conceitos de liberdade de escolha e

democraticidade não são aqui tidos em conta; Permite que as instâncias intermédias funcionem de

modo mais fluído.

Necessidade fundamental para a aplicação de uma verdadeira reforma administrativa.

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Reflexão crítica

A instituição do concurso público para o recrutamento dos funcionários do Estado procurava assegurar a igualdade de oportunidades dos candidatos a uma selecção baseada no mérito.

Progresso no plano dos direitos do indivíduo Modernização burocrática

Problema da gratuitidade dos cargos

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Reflexão crítica

Desconcentração de funções essenciais a favor dos municípios

A debilidade do Estado central deixou ao município algum espaço de atuação e alguma capacidade de resistência face aos representantes do poder central e mesmo face aos órgãos distritais.

Mais tarde, esta debilidade alargou-se aos municípios.


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