ANÁLISE DO CENÁRIO
ORGANIZACIONAL E PRODUTIVO DE
UMA EMPRESA DE SORVETES E
PICOLÉS
Alessandro Jackson Teixeira de Lima (IFRN )
Geany Patricia Oliveira da Silva Nunes (IFRN )
Anderson Rafael Melo da Silva (IFRN )
Fernanda Barreto de Almeida Rocha Mariz (IFRN )
A presente pesquisa tem o objetivo de avaliar o Planejamento e
Controle da Produção (PCP) de uma empresa de pequeno porte,
fabricante de picolés e sorvetes, baseando-se em uma análise SWOT e
nos principais elementos do gerenciamento da proddução. A avaliação
das forças, fraquezas, oportunidades e ameaças de fatores como
gerenciamento da demanda, capacidade produtiva e administração de
materiais permitiram a proposição de melhorias para a empresa em
estudo. Os resultados da pesquisa envolvem mensuração da
capacidade efetiva de produção, análise dos fluxos de produção e
sugestões que englobam todo o contexto do ambiente organizacional.
Palavras-chave: Planejamento e Controle da Produção, análise
SWOT, pequena empresa
XXXVI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCÃO Contribuições da Engenharia de Produção para Melhores Práticas de Gestão e Modernização do Brasil
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1. Introdução
Com as variações da demanda, as indústrias necessitam planejar e controlar o seu processo
produtivo para que não haja excessos ou falta de insumos e recursos, que ocasionalmente
restrinjam a produção e ocasionem backorders ao seu nicho de mercado. Para que as
empresas manufatureiras acompanhem as demandas do negócio, faz-se necessário considerar
alguns aspectos quanto a previsão da demanda, capacidade produtiva e a estrutura
organizacional, a fim de essa equacione as restrições operacionais e as necessidades do
mercado para obter resultados satisfatórios com a entrega de produtos em consonância com as
exigências dos clientes.
Inserida nesta realidade, a indústria de alimentos segue também com este desafio. Além disso,
precisa estar atenta ao controle da qualidade dos produtos, devido às normas de higiene e
manuseio, como também a natureza perecível dos insumos e produtos. Dentro do segmento
industrial do ramo alimentício estão as fábricas de sorvetes e picolés, que possuem uma
sistemática produtiva marcada pela sazonalidade dos produtos relacionada com as variações
climáticas.
Tal sazonalidade requer diversas atividades de planejamento e controle com vistas a
desenvolver planos de produção que atendam a demanda mediante a disponibilidade de
recursos, insumos e, ainda, dos fornecedores. Diante do exposto, o presente trabalho tem
como objetivo avaliar o planejamento e controle da produção de uma empresa de pequeno
porte fabricante de picolés e sorvetes com base em uma análise SWOT e nos elementos
principais do gerenciamento da produção (gestão da demanda, capacidade produtiva e
infraestrutura). Por meio de tal análise, são apresentadas algumas sugestões de melhorias para
que a empresa possa ter um melhor desempenho em suas atividades. Espera-se que a
metodologia adotada também sirva de embasamento para futuros estudos nessa área.
2. Planejamento e controle da produção
O PCP tem como objetivo principal fornecer informações necessárias para o dia-a-dia do
sistema de manufatura reduzindo os conflitos existentes entre vendas, finanças e chão-de-
fábrica, que por sua vez planeja e acompanha o processo produtivo através da verificação das
capacidades efetivas da produção, tanto a longo, médio como a curto prazo, em seus
respectivos níveis hierárquicos; estratégico, tático e operacional.
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Para Tubino
(1997, p. 24):
Outra função pertinente do PCP é o integrado fluxo de informações entre os setores que
propicia o planejamento da produção. Através desse planejamento são determinados os
objetivos para atingi-lo eficientemente e por meio do controle, verifica-se o desempenho,
comparando-se o previsto com o realizado (ERDMAN, 2000).
Para compreender as tomadas de decisão do PCP, Fernandes e Godinho (2010) destaca o
processo decisório como uma estrutura de plano de ação. Essa estrutura hierárquica de
decisão é representada na Figura 1.
“No nível estratégico, onde são definidas as políticas estratégicas de
longo prazo da empresa, o PCP participa da formulação do Planejamento
Estratégico da Produção, gerando um Plano de Produção. No nível tático,
onde são estabelecidos os planos de médio prazo para a produção, o PCP
desenvolve o Planejamento-Mestre da Produção, obtendo o Plano-Mestre
de Produção (PMP). No nível operacional, onde são preparados os
programas de curto prazo de produção e realizado o acompanhamento dos
mesmos, o PCP prepara a Programação da Produção administrando
estoques, sequenciado, emitindo e liberando as Ordens de Compras,
Fabricação e Montagem, bem como executa o Acompanhamento e
controle da Produção.”
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Figura 1- Estrutura do planejamento e controle da produção
Fonte: Fernandes e Godinho (2010)
O PCP deve também analisar e verificar as necessidades e os recursos disponíveis bem como
também identificar possíveis gargalos nos processos, os quais possam inviabilizar a execução
dos trabalhos (TUBINO, 1999).
2.1. Gestão da demanda
Tanto a previsão, quanto o gerenciamento da demanda são atividades essenciais para o
sucesso e permanência de uma organização no mercado. Para Martins & Laugeni (1998) diz
que a “Previsão é um processo metodológico para a determinação de dados futuros baseado
em modelos estatísticos, matemáticos ou econométricos ou ainda em modelos subjetivos
apoiados em uma metodologia de trabalho clara e previamente definida”.
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E ainda, Ballou (2006) afirma que a previsão da demanda é uma das atividades mais
importantes para uma empresa, pois identifica fatores que influenciam diretamente nas
vendas, disponibilizando aos gestores uma visão ampla do mercado. Sendo assim, o
planejamento da produção, vendas e finanças, proporciona fortes vantagens competitivas para
organização.
Burbidge (apud. Reis e Cartaxo, 2015) sugere três princípios básicos que a organização deve
definir para formulação do plano de vendas:
Analisar a viabilidade de qual produto utilizar para atender aos clientes. Um exemplo
clássico é a análise por meio da matriz SWOT, ou em português FOFA (Forças,
Oportunidades, Fraquezas e Ameaças);
Quantidade a se produzir;
Quando o produto será entregue.
E ainda, vale ressaltar a importância da gestão do estoque devido as alterações da demanda.
Um dos fatores a corroborar com esta sazonalidade é fator climático, tratado então de um
produto frio.
2.2. Gestão da capacidade
O conceito de capacidade de produção é advindo de uma função de produzir uma quantidade
máxima de determinado produto em condições normais. Como afirma Slack (1999), “a
capacidade produtiva de uma operação é o nível máximo de atividade de valor adicionado que
pode ser conseguida em condições normais de operação durante determinado período de
tempo”. Corroborando, Russomano (2000) afirma que a capacidade produtiva é relação entre
o tempo necessário para realização de certa atividade com o tempo disponível.
Quanto as suas principais funções, Slack (1999) diz que o planejamento da capacidade é a
tarefa que tem o objetivo determinar a capacidade efetiva da operação produtiva, de forma
que a mesma possa responder e atender a demanda.
No tópico seguinte será abordada a metodologia de aplicação da matriz SWOT na análise do
cenário organizacional.
3. Análise SWOT
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A matriz SWOT é uma ferramenta utilizada para realizar análise do cenário ou análise do
ambiente. É um sistema simples para posicionar ou verificar a posição estratégica da empresa
no ambiente em questão.
Com o objetivo de sistematizar as informações da fabricação dos produtos, utilizou-se como
método de análise, a matriz SWOT. Essa é uma ferramenta simples, que avalia a
competitividade de uma empresa na qual recorre a quatro variáveis Strengths (Forças),
Weaknesses (Fraquezas), Oportunities (Oportunidades) e Threats (Ameaças). Por meio destas
variáveis pode-se levantar o cenário da organização no mercado.
A fundamentação do incremento desta análise foi adaptada ao método que concerne aos
elementos principais do planejamento e controle da produção Assim a Figura 2 designa tais
elementos.
Figura 2 - Elementos do gerenciamento da produção
4. Método e Material
A presente pesquisa caracteriza-se por ser exploratória, no sentido em que se propõe conhecer
e analisar como é o processo produtivo da fábrica de sorvetes e picolés, denominada nesse
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trabalho como “Alfa”. O estudo fundamentou-se, inicialmente, em dados secundários como
livros, artigos, revistas, periódicos especializados na área, que conforme Marconi e Lakatos
(2000), estes mecanismos norteiam as ações da pesquisa e identificam em que nível está
atualmente o problema.
Com o intuito de atender aos objetivos do presente trabalho, foi realizada uma visita à fábrica
de sorvetes e picolés Alfa para coletar dados e informações primárias acerca das operações da
indústria, por meio de entrevista com o gerente responsável pelo setor de produção e
observações in loco o processo produtivo. De acordo com Goode e Hatt (1969, p. 237) “a
entrevista consiste no desenvolvimento de precisão, focalização, fidedignidade e validade de
um certo ato social como a conversação”. Quanto à forma de abordagem do problema, o
trabalho tem a realização de levantamentos predominantemente qualitativos (SILVA;
MENEZES, 2000).
A Figura 3 mostra o sequenciamento das etapas do desenvolvimento da pesquisa, desde a
definição do problema e objetivos até os resultados. A análise organizacional e produtiva
permitiu propor melhorias em alguns processos da empresa Alfa, com vistas a otimizar o seu
processo produtivo em confronto com o observado na literatura por meio do embasamento
teórico.
Figura 3- Esquematização da pesquisa
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5. Estudo de caso
5.1. Caracterização da empresa
O objeto do estudo é uma empresa no ramo de fabricação de sorvetes e picolés localizada em
Natal – Rio Grande do Norte, fundada em 1992 em um espaço físico de capacidade restrita.
Inicialmente, o processo produtivo era efetuado artesanalmente. Em 1994, por uma decisão
estratégica e com objetivo de ampliar a produção e atender um maior número de clientes, as
instalações da empresa foram realocadas para um prédio de maior estrutura, que permitiu a
inclusão de um maior mix de produtos, porém o processo continuava artesanal.
Em meados de 2012, a partir da necessidade de acelerar o processo produtivo, vislumbrando
usufruir da capacidade efetiva das instalações, introduziu-se no processo máquinas de
pasteurização, condensação e fomentação dos produtos fins da empresa. Com essa
implementação houve a contratação de mais funcionários, devido à necessidade de mão-de-
obra qualificada e, a necessidade de especialização dos funcionários já contratados.
Atualmente, a empresa possui 30 funcionários, envolvendo o pessoal administrativo, químico
e operários, porém a empresa não apresenta processos organizacionais estruturados
5.2. Caracterização da produção
Como já citado, a empresa possui dois produtos distintos (picolés e sorvetes), que
compartilham alguns insumos comuns, como demostra a seguir na Figura 3 e na Figura 4 a
estrutura destes produtos.
Por meio da visualização da estrutura do produto que detalha os itens pai e itens filho, pode-se
estimar as necessidades dos materiais para fabricação e obtenção do produto acabado (pai) e
os itens que precisa para sua formação (filhos). Percebe-se que todo o insumo para produção
de ambos produtos necessita de ordem de compra (indicado por O.C nas Figuras 3 e 4), na
qual sua administração e gerenciamento é restrita ao proprietário do negócio.
Figura 4 - Estrutura do Produto Picolé
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Figura 5 - Estrutura do Produto Sorvete
O processo de produção do sorvete inicia-se com a operação de transformar o leite em pó em
líquido adicionando água e açúcar e espera-se 30 minutos para desintegrar os micro-
organismos. O leite líquido é transportado para outra máquina de resfriamento e aguarda pra
ser utilizado. Logo após há o transporte do leite através de uma tubulação exposta para uma
máquina onde os aditivos são misturados para transformar-se numa massa e esta é levada
através de um recipiente para ser condensada e por fim é transportada para o estoque.
Já para o processo do picolé ocorre a adição dos insumos num recipiente, logo o líquido é
transportado para uma máquina que fica a movimentar o líquido para não condensar, e o
transporta para uma máquina seguinte para ser adicionado a uma forma que atravessa um
percurso para o produto ser congelado, e por fim o picolé é retirado da forma- processo
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manual- e percorre por uma esteira de embrulho em seguida é organizado numa mantedora
para ser lavado á câmara fria
Para analisar o processo produtivo de cada produto, realizou-se o mapeamento das operações
por meio de fluxogramas apresentados nas Figuras 6 e 7.
Figura 6- Processo de Produção do Sorvete
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Figura 7- Processo de Produção do Picolé
Como se observa, a dinâmica da produção dos dois produtos assemelha-se pela presença da
grande movimentação do produto, gerando perdas operacionais de tempo que não agrega
valor e, ainda muita das vezes sendo feita manualmente através de recipientes inapropriados
acarretando desperdícios dos insumos. Por sua vez, o processo produtivo consiste na
demasiada utilização de procedimentos artesanais.
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Concernindo com sistema de produção da fábrica identificou-se um layout misto na qual
apresenta características de funcional e linear, pois as máquinas semelhantes agrupam-se de
forma que o produto percorra por toda a instalação do processo, conforme a necessidade do
produto. Como forma de ilustrar a disposição do maquinário e o percurso da produção fora
elaborado a planta do ambiente produtivo (Figura 8).
Figura 8- Ambiente produtivo
O sequenciamento da produção do picolé (em vermelho) inicia-se na adição dos aditivos (1),
logo é movimentado para máquina de saturação do líquido para evitar condensação (2), em
seguida para o congelamento (3), é levado para esteira de embrulho (4) e por fim para a
câmara fria (5).
Já para o sorvete, o processo começa na máquina de pasteurização (1), após o líquido é
movido para o resfriamento (2), em seguida, é deslocado para máquina onde há a adição da
essência (3), condensação do líquido (4) e, por fim, câmara fria (5).
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5.3. Plano de produção
Conforme identificado, o planejamento e controle da produção não estão integrados a
estratégia da empresa. A empresa adota a estratégia de produção empurrada. O planejamento
da produção é de acordo com as vendas do dia anterior (método do último período), de modo
que, não há planejamento de longo, médio e curto prazo. Para isso o PCP da empresa compara
a matéria-prima de certo sabor e nível de estoque.
Já o sequenciamento da produção é feito com base nos sabores a serem produzidos. Para isso
os ordenam de acordo com sua densidade de cor, sendo do mais claro ao mais escuro.
Exemplo é a produção de sabores programada para o dia da visita: nata- creme- banana-
bombom- chocolate.
Para tanto o sistema automatizado informa a quantidade de produtos produzidos, o que
colabora para o processo de decisão.
Para os gestores a comunicação entre os setores relacionada a produção se faz por necessária a
partir do momento do nível de vendas, como mostra a Figura 9.
Figura 9 - Processo Envoltório de Comunicação
Como observa-se plano da produção é diário e o que facilita isto é integração entre os setores.
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5.4. Capacidade Produtiva
A empresa possui um maquinário de produção que tem uma capacidade diária teoricamente
de 48.000 picolés por dia sendo 6.000 un./h e a produção de sorvetes de 12L a cada hora. Na
qual, a produção acontece de segunda a sábado, sendo 8 horas trabalhadas em dias úteis e 4
horas no sábado.
Para fins de mensuração de dados de produção do picolé e do sorvete foram utilizados
períodos semanais em minutos, a condição dos dados em minutos se dá a partir da carga
horária ser distinta em dias úteis e em finais de semana:
2.640 minutos de disponibilidade semanal;
Tempo de setup (lavagem das fôrmas), para cada 5 linhas de sabores em dias úteis é
igual a 20 minutos. Totalizando 500 minutos;
Setup (lavagem das fôrmas) para cada 3 linhas de sabores aos sábados em média 20
minutos. Totalizando 60 minutos;
Disponibilidade efetiva semanal em média 2.080 minutos.
Resume-se, então, que o tempo de setup semanal é em média 560 minutos. Para isso foi
desenvolvida a análise de disponibilidade efetiva da empresa, conforme demonstrado na
Figura 10:
Figura 10- Disponibilidade efetiva em horas
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Já a mensuração da capacidade efetiva por produtos está representada na Figura 11. Para esta
mensuração, em específico para o sorvete, usaram-se os seguintes dados:
96 litros de sorvete por dia útil, que é sua capacidade projetada, na qual independe do
sabor;
Tempo de setup (lavagem de máquina) é em média 20 minutos, totalizando em 560
minutos por semana;
Capacidade efetiva por semana 459 litros.
Figura 11- Capacidade efetiva por produto
Conforme verifica-se, a empresa utiliza efetivamente em média 78,4% de sua capacidade
teórica para a produção de picolés e, em média 86,9% para produção de sorvetes. Assim
podendo destacar a efetiva produção em massa na qual atende sua estratégia de mercado em
disponibilizar o produto no momento em que o cliente necessita. Chega-se neste consenso
porque a procura pelo produto se dá por comerciantes locais que tem preferência equilibrada
com relação ao sabor do produto (compra o mesmo volume de cada sabor) contudo a
demanda de clientes direto há uma maior de preferência de sabores por exemplo de
amendoim.
5.5. Gerenciamento da Demanda
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Por se tratar de um produto frio, a demanda é influenciada por um fator natural - o clima. Para
gerenciar tal sazonalidade, não há uma previsão estimada de procura do produto, porém para
evitar ociosidade de funcionários é feito o controle da produção por meio de concessão de
folgas para os funcionários, na qual é dada até 3 folgas por semana nos períodos de baixa
sazonalidade. Já em período de alta demanda o controle da produção é realizado de forma a
equilibrar a escala de trabalhador, ou seja, a carga horária é normalizada.
Para tanto não foi apresentado, por parte da gestão, dados empíricos ou estatísticos para
análise de período de baixa sazonalidade.
5.6. Administração de Materiais
A empresa Alfa administra seus materiais de acordo com as necessidades do seu processo
produtivo, mas existem dois estoques; um para os insumos para a fabricação do sorvete, e
outro para a fabricação dos picolés. Existe ainda os estoques de produtos acabados, que são as
duas câmaras frigoríficas; uma para os sorvetes e outra para os picolés que foram produzidos
durante o dia/semana, para que depois o pessoal do balcão de atendimento informe ao
controlador de estoque da Alfa que há a necessidade de abastecer os freezers com os sorvetes
e/ou picolés.
Nos períodos de sazonalidade a compra dos insumos é diminuída, pois na estação verão os
pedidos ocorrem diariamente de alguns insumos, mas também não se teve acesso porque não
há registros internos. Importante ressaltar que empresa é fidelizada a alguns fornecedores de
insumos, porém não possui contrato de pedido mínimo e gerenciamento de pedidos.
6. Avaliação global
Para efeitos de análise, realizou-se uma matriz SWOT para identificar as forças, fraquezas
internas, oportunidades e ameaças do gerenciamento da produção da empresa como apresenta
a Figura 12.
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Figura 12 - Matriz SWOT
Os aspectos analisados advindos do planejamento e controle da produção observou-se que as
forças se concentram na produção, concernindo com a estratégia de mercado da fábrica e
interligado a isso a mão- de – obra na qual possui experiência nos métodos adotados de
produção, todavia o proprietário adota a cultura de manter os funcionários contratados desde o
desenvolvimento da empresa. No mais, as oportunidades de negócio vislumbram o aumento
do consumo per capita e, certamente, na perspectiva de mudança cultural ao investir em
inovação tanto em marketing quanto no produto, a fim de quebrar paradigmas sociais- esta
seria uma das sugestões propostas ao proprietário.
Atualmente, dentre as fraquezas detectadas é o baixo controle da produção pois não há
registros internos de produção semanal e/ou mensal, o controle é diário a partir da demanda
do último período. Consequentemente sem indicadores de produção e previsão da demanda.
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Por se tratar de um produto de baixo valor agregado e que sua produção relativamente
artesanal, a empresa estudada poderá sentir o impacto de diminuição de vendas com o
surgimento da concorrência, por isso vale ressaltar a importância de inovar.
Como tratado antes, a venda dos produtos apresenta uma grade sazonalidade pelo fator
climático então o declínio das vendas é inevitável.
Observado todos os elementos da empresa aponta-se tais melhorias representadas na Figura
13 a seguir.
Figura 13 - Sugestões de melhorias
7. Conclusões
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A partir da visita à fábrica de sorvetes e picolés Alfa, identificou-se que a empresa tem uma
experiência de 24 anos no mercado de sorvetes e picolés, e vem buscando manter-se até aos
dias atuais com base nos planos do proprietário, o mesmo utiliza das suas próprias técnicas,
em que oferece um bom produto a um preço acessível para os seus clientes. Observou-se que
o setor produtivo da empresa se adequa a uma estratégia de mercado, porém seus controles de
produção e financeiro precisam de incremento podendo ser elaboradas planilhas de controle
de matérias-primas; o que necessita produzir, o quanto se produziu nos últimos dias, meses e
anos; o quanto se já se investiu em máquinas equipamentos e há necessidade de mais
investimentos; o quanto de capital imobilizado a empresa detém, etc.
A realização da visita até a fábrica de sorvetes e picolés Alfa teve como objetivo avaliar o
planejamento e controle da produção de uma empresa de pequeno porte fabricante de picolés
e sorvetes com base em uma análise SWOT e nos elementos principais do gerenciamento da
produção (gestão da demanda, capacidade produtiva, administração dos estoques e
infraestrutura) Na realização da visita foi possível enxergar que a Alfa funcionava de acordo
com as ordens e pensamentos do dono da empresa, que se utiliza de meios mais eficientes
para dar apoio a sua produção, de modo a otimizar mais os seus processos.
Convém destacar que segundo o gerente de produção, há uns quatro anos atrás, o processo de
embalagem dos picolés era realizado manualmente, o que provocava uma jornada de trabalho
semanal de domingo a domingo. Mas que depois de muitas conversas e reuniões periódicas, o
proprietário foi convencido de que estava na hora de adquirir uma máquina para agilizar o
processo de embalagem do picolé, o que ocasionou numa aceleração deste processo e redução
na jornada semanal de trabalho dos operadores e redução nos encargos trabalhistas.
Ressalta-se que a maioria das implementações de melhorias e aquisição de máquinas e
equipamentos mais sofisticados foi realizado a pedido do gerente de produção, pois segundo
ele, estava inviável o gasto com tanta mão-de-obra, e a operação não ficava mais rápida para
suprir a demanda no período de alta estação. O gerente de produção relatou ainda que o
proprietário tem uma grande resistência a novas tecnologias e de adesão a novas técnicas
produtivas, e que o controle financeiro é feito pelo proprietário que faz questão de ficar no
atendimento e no caixa para acompanhar o seu faturamento. Não há segundo o gerente, um
controle e acompanhamento mensal de quantos picolés foram vendidos e produzidos, qual a
receita e despesa de cada mês, quanto se gastou com insumos e matéria-prima, e quanto se
gastou ou reduziu com horas extras dos operadores e atendentes da fábrica, e é impossível
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fazer uma análise comparativa mês a mês, somente o dono da empresa que controla tudo em
sua cabeça.
É possível destacar que, as empresas para se manterem e crescer no mercado e adquirir
competitividade, elas precisam traçar estratégias de mercado para continuarem como seu
lugar diante dessa globalização se faz necessário investir em inovação e estar acompanhando
o surgimento de novas tendências de mercado e tecnologias, que visam a otimização das
organizações como um todo, garantido assim a sua lucratividade, qualidade nos seus produtos
ou serviços e conquistar novos espaços no mercado consumidor de produtos.
Por isso, a empresa de sorvetes e picolés Alfa precisa sim estabelecer estratégias como a sua
missão no mercado e a sua visão, e adquirir ferramentas que melhorem o seu processo
produtivo, novas tecnologias, investir em capacitação dos funcionários, fazer aquisição de
máquinas, equipamentos, aderir a novas técnicas de manipulação dos alimentos, evitar
desperdícios e fazer um planejamento de acordo com o período de sazonalidade ou não do seu
mercado, com alta ou baixa demanda, em busca de maximização do lucro, e de continuar
mantendo-se estável no mercado de sorvetes e picolés.
REFERÊNCIAS
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Florianópolis: Papa livro, 2000.
GODINHO, F. M.; FERNANDES, F. C. F. & LIMA, A. D. Pesquisa em Gestão da
Produção na Indústria de calçados: revisão, classificação e análise. Gestão & Produção,
São Carlos, v. 16, n. 2, p. 163-186, abr.-jun. 2010.
GOODE, William J.; HATT, Paul K. Métodos em pesquisa social. 3. Ed. São Paulo:
Nacional, 1969.
LAKATOS, Eva Maria; MARCONI, Marina de Andrade. Metodologia Científica. Editora
Atlas S. A. 3ª Ed. São Paulo, 2000.
MARTINS, P. G.; LAUGENI, F. P. Administração da produção. Saraiva, São Paulo. 1998.
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RUSSOMANO, V. H. PCP: Planejamento e Controle da Produção. 4. ed. São Paulo:
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SLACK, N. et al. Administração da Produção. 1. ed. São Paulo: Atlas, 1999.
TUBINO, D. F. Sistemas de Produção: A Produtividade no Chão de Fábrica. 1. ed. Porto
Alegre: Artes Médicas Sul, 1999
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TUBINO, D. F.. Manual de Planejamento e Controle de Produção. 1. ed. São Paulo: Atlas,
1997.