ANÁLISE DE ESTRATÉGIA DE IMPORTAÇÃO E
FORMAÇÃO DE ESTOQUES USANDO A MATRIZ SWOT
Felipe Eugenio Kich Gontijo (UDESC)
[email protected] Marco Antonio Seifriz (UDESC)
[email protected] Daniel Faust (UDESC)
[email protected] Sergio Souto Rocha (IFSC)
Este estudo propõe uma estratégia de importação integrada para a empresa Alfa, que nos últimos doze anos vem estabelecendo relações comerciais internacionais. No início são expostos conceitos sobre internacionalização de empresas e logística internacional, levando a uma análise dos processos de importação atual. A crescente participação da China nas operações da empresa Alfa, criou a necessidade da criação de uma vantagem competitiva no processo de compras e também uma otimização de toda operação internacional. O objetivo do estudo é propor a estratégia de compras que aborde as sedes físicas da China e do Brasil, sendo que para alcançar os resultados esperados foi utilizado a ferramenta de análise SWOT. O trabalho realizado permitiu um melhor entendimento das características da operação internacional, já que as análises e ferramentas utilizadas permitiram o enriquecimento de todo estudo. A proposta de importação integrada buscou exaltar os pontos fortes e oportunidades levantadas, bem como mitigar os pontos fracos e ameaças levantadas. Palavras-chave: Logística internacional, Análise SWOT, estoques
XXXV ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Perspectivas Globais para a Engenharia de Produção Fortaleza, CE, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2015.
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1. Introdução
A globalização do mercado tem incentivado muitos países a realizar acordos comerciais que
permitem empresas a atuar no mercado estrangeiro, onde buscam alguma forma de vantagem
competitiva. Essa possibilidade de buscar competências no estrangeiro fomenta uma procura
constante por produtos e serviços de melhor qualidade e menores custos.
Com isso o gerenciamento do fluxo de bens, serviços e informações vem se intensificando,
fazendo com que a logística tenha sido impulsionada a desenvolver-se cada vez mais, passando a
tratar elementos estratégicos que envolvem questões de âmbito mundial, passando a gerenciar
sistemas mais complexos que abrangem maiores distancias e que tratam de elementos
característicos do comércio internacional. A importância das configurações de sistemas
logísticos e cadeias de suprimentos que cruzam fronteiras é um assunto que já foi tratado por
Ballou (2007), Colin (2006), Keedi (2004) e que utilizam o termo “Logística Internacional”.
Um dos problemas mais emblemáticos da logística, seja essa doméstica ou internacional, é a
gestão de estoques, apontado por muitos autores como sendo fonte de custos e desperdício de
recursos, assunto que já foi amplamente discutido por autores como Ballou (2001), Bowersox e
Closs (2006), Dornier et al. (2000), Novaes (2007), Simchi-Levi et al. (2006), Tersine (1994) e
Barbieri et Machline (2006).
Num mercado onde existem vantagens oferecidas pelas especializações de indústrias estrangeiras
ou por questões fiscais e cambiais, uma empresa enfrenta conflitos de decisões para planejar as
estratégias de logística. Nesse sentido, autores como Gontijo et al. (2014), Cordova et al. (2012),
Ribeiro et al. (2008) e Rodrigues et al. (2008) já propuseram na logística o uso da ferramenta de
análise para apoio a tomada de decisão denominada matriz SWOT, evidenciado pelos autores
como sendo uma metodologia eficiente de simples aplicação.
Para consolidar a pesquisa sobre a utilização da matriz SWOT para a configuração de estratégias
na logística internacional, é proposto uma pesquisa-ação, em uma empresa de design que
comercializa uma marca própria de produtos de decoração, escritório, casa, cozinha, jogos e
eletrônicos. Essa empresa optou pelo outsourcing e realiza uma intensa operação logística para o
suprimento de seus estoques, que envolvem depósitos na China e no Brasil.
2. Funtamentação Teórica
A tendência de buscar vantagens na formação de cadeias de suprimentos internacionais e a
dificuldade em gerenciar a formação e o posicionamento de estoques é uma decisão
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estratégica que carece de uma fundamentação teórica. Para isso, é importante entender
preliminarmente o contexto de logística internacional. O foco que caracteriza o problema é a
gestão de estoques, característico nas estruturações dos sistemas logísticos. E a ferramenta de
decisão estratégica é a metodologia SWOT.
São esses elementos que são tratados a seguir.
2.1 Logística Internacional
A logística empresarial é definida por Novaes (2007) como o planejamento, execução e
gerenciamento do fluxo de materiais e armazenagem de materiais, bem como os serviços e
informações associados, desde o ponto inicial até o consumo, de forma a atender as
necessidades do consumidor.
Para Fleury et al. (2000), com a abertura econômica do mercado de forma globalizada e os
avanços tecnológicos nas áreas de tecnologia de informações e transportes, a logística passou
a ser uma área estratégica para a competitividade e redução de custos.
Os conceitos da logística empresarial migraram para a cadeia de suprimentos em que a
empresa se encontra, propondo uma integração entre os processos dos diversos fornecedores e
compradores e o gerenciamento conjunto dessa cadeia como um sistema único. Segundo
Lambert et al. (2001) esse conceito é conhecido como suplly chain management.
A logística empresarial e SCM não se restringem a um território nacional. Cada vez mais as
redes logísticas cruzam fronteiras, em busca de mercados, fornecedores, serviços e
oportunidade de custo, eficiência e inovações. Segundo Keedi (2004), a logística internacional
é uma atividade amplamente realizada nos dias atuais, para comprar, vender e trocar bens e
serviços, como também para o deslocamento de bens e mão de obra entre as nações.
Dessa forma a logística internacional corrobora com os conceitos de logística empresarial e
SCM, mas incorpora outras questões, que segundo Colin (2006) podem ser: as diferenças de
idiomas, leis, culturas, cambios e tecnologias; as dificuldade no gerenciamento de distancias,
tempo de transito, atrasos de comunicação, ciclos de operações; diferenças nos modos de
governança e integração de sistemas entre redes e países diferentes; e a dificuldade na
movimentações financeiras, documentação e desembaraço aduaneiro, entre outras.
Mesmo apresentando essas outras variáveis, a logística internacional mostra-se uma opção de
estratégia eficiente e competitiva, e cada vez mais acessível a diferentes tipos de negócio.
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2.2 Gestão de Estoques
A gestão de estoques é um dos principais pontos da logística empresarial, e segundo Balou
(2007), a sua correta administração pode prover ganhos significativos em redução de custos e
aumento dos níveis de atendimento.
Dadas as dificuldades de sincronização de processos logísticos, sobretudo os ligados aos
atendimentos de demandas e suprimentos, os estoques existem como elemento amortizador
das diferenças de fluxos de materiais, e das incertezas próprias do sistema. Dessa forma,
segundo Tersine (1994), a função do estoque pode ser definida através de quarto fatores, a
saber:
Tempo - os processos de produção e transportes estão diretamente relacionados ao
fator tempo. Muitas vezes a redução dos lead-times torna-se impraticável dada a
indisponibilidade de recursos ou pelo aumento de custo. Dessa forma, o estoque
funciona como uma reserva estrategicamente posicionada, em termos de distancia e/ou
tempo, para realizar um pronto atendimento;
Descontinuidade – o que pode ser entendido como a possibilidade de tratar os
processos logísticos, tais como suprimentos, produção e distribuição, de forma isolada
e independente. O estoque minimiza os efeitos de dependencia desses processos,
podendo cada um aproveitar melhor o tempo e os recursos disponíveis
Incerteza - refere-se à imprevisibilidade dos eventos, o que exige reformulação do
planejamento inicial do sistema logistico, incluindo erros de previsão, atrasos, pedidos
de última hora, paradas de produção, entre outros;
Economia - está relacionado com a redução de custos.
Esses custos podem ser:
Custos de manutenção financeira de estoques: relacionados a taxa de juros, e também
incluem o custo de oportunidade do capital, os impostos, seguros, os custos de
armazenagem física, a obsolecencia, e os custos associados ao risco de perdas e danos
do estoque;
Custos do produto propriamente dito: preço de compra, o que pode variar conforme a
quantidade ou a sazonalidade;
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Custos de pedido: custos incorrentes no processo de aquisição, que são o custo do
processamento dos pedidos, custo de movimentação dos produtos, e o custo de
operações de manuseio, expedição e recebimento;
Custos de falta de estoques: são custos difíceis de serem contabilizados, pois está
muito relacionado as oportunidades, imagem e confiabilidade da empresa. Referem-se
aos custos de vendas perdidas, de produção parada e de atrasos na entrega e no
recebimento.
2.3 Análise SWOT Aplicada à Logística
A análise SWOT, é uma ferramenta de apoio a decisão para o planejamento estratégico e
gestão empresarial, analisando cenários que envolvem fatores internos e externos. As
variáveis que entram em questão são representadas em uma matriz que é dividida em quatro
partes: forças, oportunidades, fraquezas e ameaças.
Segundo Tavares (2005) a análise SWOT é apresenta forma simples de expor e contrapor as
variáveis em questão, sendo que as forças e fraquezas representam as competências internas
da entidade que está tomando a decisão, que deve conhecer para posicionar-se frente às
alternativas de decisão. E as oportunidade e ameaças são os fatores externos, que se deve
conhecer para aproveitar, evitar ou enfrentar, visando um melhor resultado.
A utilização em cenários que envolvem questões logísticas já foi proposta por Gontijo et al.
(2014), que apresentou um estudo sobre escolha de fornecedores para compor a cadeia de
suprimentos de uma montadora na indústria automobilística. Córdova et al. (2012) legitimam
a utilização da análise SWOT para analisar relações de fornecimento e parcerias estratégicas e
tomadas de decisão sobre estratégias e inovação na área logística.
3. Procedimentos Metodológicos
Esse artigo foi desenvolvido com o objetivo de avaliar o uso da Análise SWOT como
ferramenta de apoio para decisões estratégicas na área de logística internacional. O
desenvolvimento da pesquisa deu-se ao longo de uma vivência diária durante seis meses em
uma empresa de design de produtos diversos que detém uma rede de lojas no Brasil. A
primeira ação foi realizar um levantamento de documentos sobre os itens produzidos por
fornecedores chineses, suas demandas e suas características de aderência no mercado e ciclo
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de vida. Paralelamente foi feita uma pesquisa bibliográfica para avaliar o estado de arte dos
temas tratados. Em seguida foi pesquisado o mapeamento de processos logísticos que
envolvem a compra, a armazenagem e a realização dos transportes internacionais
Para isso foi desenvolvida uma pesquisa exploratória, onde buscou-se o aprofundamento nos
temas pertinentes, para prover uma maior compreensão. Também é uma pesquisa descritiva,
pois foi realizado um estudo bibliográfico de materiais publicados e de relatórios e
documentos da empresa, descrevendo-se as características do objeto de estudo e discorrendo
sobre o comportamento dos fatos.
O método de pesquisa é qualitativo, e a coleta de dados foi feita através de análise de
relatórios e documentos da empresa, entrevista aberta com gestores que participaram do caso
e por observação direta pelos pesquisadores. Grande parte das informações apuradas nos
documentos eram relatórios e planilhas de operações, não apresentando uma visão macro da
rede e das estratégias adotadas, o que foi buscada nas entrevistas e na construção da
descrição. Essas informações foram utilizadas para realizar uma descrição analítica dos
processos e fatos envolvidos. Posteriormente foi feita uma interpretação inferencial, na qual
buscou-se descrever não somente o que foi declarado, mas também o entendimento dos
pesquisadores.
Em relação ao desenvolvimento da ferramenta SWOT, trata-se de uma pesquisa-ação, pois
houve a inserção do pesquisador nos processos da empresa, com objetivo de obter uma visão
funcional. Também é classificada como levantamento de dados, tendo em vista que as
informações foram apuradas através de contatos com os gestores da área de comércio exterior
e logística internacional. Em posses desses dados foi feita a análise das alternativas, utilizando
a matriz SWOT, culminando na indicação de num modelo para a política de estoques.
4. Descrição do Processo de Compas e Estocagem
O processo de importação e estocagem da empresa alfa é realizado conforme a demanda do
mercado nacional, onde a maioria dos produtos são importados da China. A empresa
desenvolveu muitos fornecedores chineses ao longo dos anos onde cada um é responsável por
uma gama variada de produtos.
Figura 1 - Processos de compra
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Fonte: os autores.
Com o objetivo de otimizar o custo com o processo de compras, a empresa alfa analisa duas
variáveis principais decidir qual dos processos adotar em cada importação realizada: previsão
de tempo de estoque para mercadoria comprada e custo do transporte conforme o volume
transportado.
4.1. Modelo SWOT para Avaliação das Alternativas
Na análise do processo de compra de fornecedores chineses forma levantados os pontos
positivos e negativos, que servem de dados de entrada para a matriz SWOT, onde apresentam-
se as respectivas descrições de pontos fortes (forças e oportunidades) e pontos fracos
(fraquezas e ameaças).
As quatro células correspondentes a esses pontos foram avaliadas quantitativamente quanto à
magnitude e quanto à importância, recebendo a seguinte pontuação:
M - magnitude: 3 (alto), 2 (médio), 1 (baixo), podendo ser positivo ou negativo;
I - importância: 3 (alta), 2 (média), 1 (baixa).
Finalizando, os valores obtidos para a magnitude (M) e a importância (I) de cada ponto são
multiplicados entre si, e depois somados, criando-se um valor de ranqueamento (R) para
análise comparativa das alternativas: R = (M x I). A alternativa que apresentar o maior
valor R de ranqueamento é apontada como a mais viável.
Estoque no Brasil
F F
F
Fornecedores na China
Estoque no China
1 – compra direta
2 – compra indireta
1
2
2
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4.2. Processo de compras diretas – 1ª alternativa
O processo de compras diretas ocorre quando a mercadoria é enviada ao Brasil logo depois de
sua produção na China. Esta modalidade ocorre com os produtos com maior volume de
venda, onde a quantidade comprada pode ser alocada em um container cheio.
A negociação das quantidades compradas e do preço é feita para conseguir estufar um
container, assim diluir ao máximo o custo fixo do transporte. A decisão de trazer um
container FCL (Full Container Loaded) considera o custo por metro cúbico, tendo um custo
de transporte por produto menor ao ser alugado todo espaço.
A escolha de importar diretamente do fornecedor também é baseada na previsão de demanda
pelo produto, onde não é realizada a transação se a previsão de prazo médio de estocagem for
maior que seis meses. A longa duração deste produto no estoque eleva os custos financeiros e
de armazenagem, podendo inviabilizar o seu custo. Além do que, num período de seis meses
o produto pode se tornar obsoleto, pois o ciclo de vida da maioria dos produtos é muito baixo.
O tempo de produção e de transporte da mercadoria variam de acordo com o fornecedor,
porém em média quatro meses são necessários desde o início da produção até o produto
chegar no estoque do Brasil.
O processo de compras diretas gera um grande volume de venda, pois é necessário estufar um
container para ser enviado ao Brasil. Dessa forma há uma pequena chance de romper os
estoques do Brasil frente a uma possível variação na previsão de demanda. Como
consequência deste maior volume comprado, os estoques mantêm-se alto ao longo do ano,
sendo necessário um número maior de funcionários para operacionalizar o centro de
distribuição no Brasil.
Por fim, conforme os produtos chegam ao Brasil, a receita federal taxa todos impostos que
incidem sobre a mercadoria, sendo acrescido ao custo dos produtos importados que ficam
estocados. Dessa forma, a estocagem no Brasil acaba sendo mais cara e por isso precisa de
giro.
A partir dessas considerações a matriz análise SWOT é mostrada na figura 2:
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Figura 2 - Matriz SWOT para processo de compra direta.
Fonte: os autores.
4.3. Processo de Compras Indiretas – 2ª alternativa
No processo de compras indiretas a mercadoria é enviada do fornecedor ao estoque na China,
em seguida para ao estoque do Brasil. Após o término da produção por parte do fornecedor, a
mercadoria é enviada ao estoque da China, que faz a recepção do material estocando pelo
tempo necessário antes de enviar ao Brasil. Observa-se na figura 3 esta alternativa:
A compra indireta é realizada atualmente para evitar o envio de containers através da
modalidade LCL (Lessthan a Container Loaded) pois os custos por metro cúbico de
mercadoria são elevado.
No processo de compras indiretas, onde o produto passa primeiro no estoque da China antes
de chegar ao Brasil, não há vantagens ao fornecedor, pois gera um menor volume de vendas
por pedido e como resultado, um menor faturamento.
Já o estoque brasileiro beneficia-se pelo um menor volume de estoque, o que representa um
menor custo de mercadoria estocada e por consequencia, menos despesas com impostos pago
à Receita Federal quando o produto chega ao Brasil.
Em contrapartida, devido ao nível mais baixo de estoque, há uma maior chance de faltar
produtos se houver uma variação na previsão de demanda. A partir dessas considerações a
matriz análise SWOT é mostrada na figura 3:
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Figura 3 - SWOT para o processo de compra indireta.
Fonte: os autores.
4.4. Avaliação dos Processos de Compra
Os processos de compras da empresa Alfa tem características distintas no que diz respeito a
custo, tempo e complexidade na operação.
A Figura 4 mostra o resumo dos resultados obtidos na análise SWOT dos processos de
compras da empresa Alfa:
Figura 4 - Resultados da análise SWOT dos processos de compra.
Fonte: os autores.
Conforme a comparação feita entre o processo de compras direta e o processo de compras
indiretas, é possível perceber que o primeiro é mais vantajoso para a empresa alfa.
O processo utilizando o estoque na China mostrou-se mais vantajoso no quesito de custo de
mercadoria, pois quando o produto é estocado lá na China, os custos de nacionalização e de
transporte são adiados, sendo pagos somente na chegada do produto ao Brasil.
A Figura 5 ilustra a seguir a comparação dos resultados entre o processo de compras da
empresa Alfa:
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Figura 5 - Gráfico de comparação das alternativas de compra
Fonte: os autores.
Essa comparação revela que ambos os processos são positivos para empresa, onde, conforme
o volume de compras necessário, as vantagens e desvantagens variam. Em volumes menores,
quando não é possível estufar um container o processo de compras indiretas se torna mais
vantajoso, pois os custos de nacionalização e transporte são adiados.
Já o processo de compra direta se torna mais vantajoso à medida que o volume aumenta.
Quando o volume é capaz de estufar o container, o envio direto ao estoque do Brasil se torna
mais viável, pois os custos de transporte e estocagem na China não são envolvidos.
4.5. Modelo de Importação Misto
Com as diretrizes bem definidas e alinhadas com de cada processo, analisou-se os produtos e
foi proposto um modelo para atender as necessidades da empresa. A estratégia de importação
que engloba todos estes fatores é definida com o envolvimento tanto do processo direto
quanto do processo indireto de compra, utilizando cada um de acordo com as características
levantadas anteriormente.
O processo de compras direto deve ser voltado para os fornecedores com grande volume de
compras, onde a quantidade importada é inferior a duração de seis meses e superior a dois
meses. O limite inferior foi definido para que os produtos não rompam por um atraso no
transporte da China para o Brasil ou algum atraso no processo de nacionalização do produto
no porto brasileiro.
No que diz respeito a duração de estoque, o prazo médio de estocagem é previsto para a
carga e priorizada a comprada quantidade mínima para manter o estoque por dois meses. Não
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sendo possível estufar um container com a quantidade mínima necessária, é sugerido um
aumento gradual na quantidade importada para que atinja o volume de um container. O limite
de aumento da quantidade para a duração de estoque deve ser de seis meses, pois está sendo
levado em consideração o custo de mercadoria parada no estoque, bem como espaço físico
atual da empresa, que não comporta um crescimento deste volume estocado.
Além do aspecto físico e de custos, o aspecto financeiro é altamente impactado com um prazo
médio alto de estocagem. Quando a mercadoria já está estocada no Brasil, os custos de
impostos e transporte internacional já foram incorridos.
Após a análise da periodicidade de compra, pôde-se observar que 87,5% das cargas seriam
importadas pelo processo de compra direto, pois atingem todos requisitos necessários para
operar neste modelo. Porém os outros 12,5% das cargas seria necessários utilizar o centro de
distribuição localizado na China, onde o processo de importação direta da china é mais barato,
porém só é sustentável se o prazo médio de estocagem não ultrapassar o limite estipulado.
4.6. Análise do modelo de importação misto
O processo de compras misto busca otimizar o processo de importação da empresa Alfa, onde
foi levantado os pontos fortes e fracos de cada processo, bem como as oportunidades e
ameaças. O modelo unifica os pontos fortes de cada modelo, neutralizando os pontos fracos e
busca atender as oportunidades sugeridas, mitigando as ameaças levantadas.
As premissas utilizadas para compor um terceiro modelo de compra foram sugeridas de forma
a otimizar os recursos financeiros da empresa. A empresa estava habituada a comprar
produtos para durar seis meses, o que ocasionava um grande estoque parado em seu armazém
no Brasil, prejudicando a saúde financeira da organização.
A integração entre os dois modelos de compra busca resolver os pontos negativos existentes
em cada um isoladamente. Onde o único ponto que se torna negativo é o aumento da
complexidade da operação da China, o que é um trade-off pois ao mesmo tempo simplifica a
operação do Brasil e se for pensar e custo, o trabalhador chinês custa menos que o brasileiro.
Com base nessas análises foi elaborada uma matriz SWOT na figura 6: