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Page 1: Analise de Conjuntura - Marcio Porchmann

REUNIAO EXECUTIVA AMPLIADA DA CUT

Análise conjuntura Márcio Pochmann, economista e presidente da FPA

Pochmann dividiu a fala dele em três partes: A crise internacional do capitalismo, o Brasil e o mundo, e o governo Dilma

Parte 1 – A CRISE INTERNCIONAL DO CAPITALISMO

O desempenho dos países capitalistas é desigual. Há os países que são o centro dinâmico e os países periféricos – caso do Brasil –

Os países dinâmicos têm três características principais em comum:

1) Primeira, uma moeda de curso internacional, usada por outros países - caso do dólar, do euro e do yen

2) Segunda característica dos países dinâmicos é ter produção e inovação tecnológica – parêntese 1: o Brasil tem algumas ilhas de

tecnologia e produção de conhecimento, como a Petrobras, Embraer, mas não tem um sistema de produção de conhecimento, melhorou bastante, mas o salto dado

na última década não se resultou em patentes. Brasil não é difusor tecnológico.

3) Terceira característica dos países dinâmicos é que eles têm forças armadas, capacidade de impor pela força aquilo que a diplomacia não consegue. parêntese 2-o Brasil tem 16 mil km de fronteiras

secas e não tem sistema de defesa nas fronteiras, das telecomunicações. Dependemos dos EUA, como a maior parte do mundo (citou o caso de espionagem via internet dos EUA aos países periféricos e até dinâmicos). Não temos sistema de defesa das nossas reservas. Temos 7 mil km de fronteira marítima e não temos um submarino para fazer a segurança.

Portanto: o Brasil é um país da periferia do capitalismo, e sempre foi assim

Mas, nas crises do capitalismo, o Brasil tem conseguido se reposicionar no mundo, pois as crises são uma espécie de enchente que abre alternativas ao fluxo das águas

Por isso, este momento (o atual, agora) de crise do capitalismo é uma oportunidade para o Brasil avançar

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(citou que) Na crise de 1876, o Brasil saiu da escravidão, do Império para a República, saiu do ciclo do ouro , letárgico e estagnado, para o ciclo do café, que criou base para a industrialização. O mesmo ocorreu na crise de 1929, quando o Brasil saiu de uma sociedade agrária e montou um parque industrial (ressalva: em cima de um modelo conservador e sem democracia)

Nesses últimos 20 anos, ocorreram muitas transformações no capitalismo mundial

A crise de 2008 mudou a forma de expansão do capitalismo, que passou a crescer 70% menos no geral

OS PAÍSES CRESCERAM MENOS

Os países ricos cresceram 38% menos do que cresciam até 2008; os BRICs, 60%, a China 80%; a Rússia 15% do que crescia em 2008; a China crescia 11% até 2008 e hoje cresse 7%. O Brasil 60%.

Houve deslocamento da manufatura do Ocidente para o Oriente

Hoje os países ricos são países que dependem das suas Finanças

O Capitalismo separa o poder político do poder econômico

Nas últimas três décadas, está havendo uma contaminação do sistema político pelo sistema econômico. Isso nos EUA, na Europa, no Brasil

O CAPITALISMO NÃO ACEITA MAIS A DEMOCRACIA

No Brasil, 20 empresas financiaram os eleitos ao Parlamento

TERCEIRO ATO

A frustração com o fato de Obama ter fracassado: a derrota no Oriente Médio. – e o fato de os EUA não ter conseguido voltar a ser alternativa à expansão do capitalismo

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A direita de reorganizou no Mundo - fórum social mundial desapareceu como alternativa como a mensagem

Articulação da direita na América latina, por isso a eleição da Dilma despertou atenção no mundo e não interessava somente ao Brasil

Parte 2 - BRASIL DIANTE DO QUADRO INTERNACIONAL

Lembrou que o Estado surgiu no capitalismo

A partir de 2008 com a crise, os EUA inundaram o mundo com dólares por conta do suprime (títulos podres).

Essa injeção de dólares ajudou a iniciativa privada a sair da crise, mas isso não gerou nem aumentou o investimento nem a capacidade produtiva nem emprego

Ou seja, não gerou a expansão econômica americana,

As empresas dos EUA estão muito bem, mas o povo vai mal

A União Europeia fez o mesmo movimento dos EUA, com uma política fiscal diferente, mais austera, comprou títulos podres. O Estado comprou títulos podres e ficou com a dívida.

Mas a Europa fez um ajuste fiscal cavalar em cima do desemprego.

O Brasil também absorveu a crise através do Estado, não com ajuda do setor

privado

O Brasil não reduziu os gastos, ao contrário: ampliou, por meio de programas sociais como o Minha Casa Minha Vida (que aqueceu a construção civil), desoneração de impostos, redução de taxa de juros

Fez tudo isso esperando investimentos. Que não vieram, não foram feitos.

Como não investiu em produção aqui no País, a indústria brasileira hoje depende do exterior. E as importações ficaram muito mais caras com a crise e as medidas.

50% dos ganhos das empresas brasileiras vêm do sistema financeiro (especulação)

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Há, na verdade, um esgotamento dessa tentativa de absorver a crise, sem prejudicar a sociedade que não, no Brasil, destaca Pochmann, não foi afetada pela crise.

Falta agora capacidade fiscal.

PARTE 3 - O GOVERNO DILMA

Destacou quatro questões “fundamentais” para entender o governo Dilma

PRIMEIRA – FALÊNCIA DO SISTEMA POLÍTICO

1 - A falência do sistema político atual: não somos um país de tradição democrática. Não existem partidos no Brasil (excetuou o PT) . E essa falência implicou queda da confiança nos políticos - em 1992, o índice de confiança nos

políticos brasileiros era de 30%. Hoje é de 8% (fonte PNAD)

2 - 20 empresas financiam a eleição dos políticos no Brasil. Se não tem dinheiro não se elege. Exemplo disso é que a bancada dos trabalhadores diminuiu na eleição 201. Os que se elegeram em 2010 gastaram 4 milhões de reais (Câmara dos Deputados). Os que não se elegeram gastaram cem mim reais.

3 – Escândalos de corrupção por toda parte.

SEGUNDA - ESGOTAMENTO DO SISTEMA CAPILATISTA

No Brasil, que esse modelo capitalista vem da grande empresa pública e empresa privada

Três máfias dominam as grandes empresas: a máfia do transporte, a máfia da saúde e a máfia do lixo

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É preciso reinventar a relação do Estado com o setor privada

O que vem acontecendo agora no Brasil é a tentativa de substituir a empresa privada nacional pela estrangeira (citou o exemplo da Petrobrás).

Esse esgotamento do modelo de capitalismo brasileiro está acabando com a indústria

TERCEIRO ECONOMIA BRASILEIRA ESTÁ FRÁGIL

Fechamos o ano com déficit de 4,2% do PIB (até temos boa reserva)

A articulação da direita que está usando a operação lava jato, numa postura que lembra a da década de 1950 – Getúlio não pode se reeleger, se se reeleger, não pode tomar posse, se tomar posse, não pode governar-

Custe o que custar é para derrubar a Dilma e enterrar o PT

Resumindo: vivemos uma economia fragilizada, a falência do sistema político

E o esgotamento do modelo capitalista

Considerações do Pochmann sobre os movimentos da presidenta Dilma no final de 2014, inicio do segundo mandato:

Dilma tomou decisões - mudança do seu centro político

Ela deve ter informações privilegiadas da operação lava jato e quis ampliar suas alianças, os partidos no governo

A ideia era dividir a oposição que se articula para fazer o processo de impeachment e atrair setores que estavam indo para a oposição

PROGNÓSTICOS SOMBRIOS

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Desde 2013, o desemprego vem crescendo e podemos chegar ao final de 2015 com 10 a 11 milhões de desempregos, em 2013 foram 8 milhões.

Temos baixa capacidade de reagir ao desemprego.

A partir de maio e junho teremos uma explosão de manifestações pelo Brasil porque vai aumentar o desemprego com a inflação subindo

Falta de água – crise hídrica - vai bater nos pequenos negócios, ou seja, nos serviços, cabeleireiras, açougues, restaurantes, que sustentaram os 22. milhões de empregos consumo e renda gerados na última década

Desorganização do sistema Petrobras com seus fornecedores- destruição da engenharia nacional dos fornecedores e do sistema bancário - também provocará desemprego

SAÍDAS

Precisamos proteger e atuar a base social dos sindicatos

Trabalhar um projeto propositivo alternativo

Ampliar a representação para além do mundo do trabalho


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