-
ANLISE DA GESTO DA MANUTENO FOCANDO A MANUTENO CENTRADA NA
CONFIABILIDADE: ESTUDO DE CASO MRS LOGSTICA.
Rafael Doro Souza
MONOGRAFIA SUBMETIDA COORDENAO DE CURSO DE ENGENHARIA
DE PRODUO DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA
COMO PARTE DOS REQUISITOS NECESSRIOS PARA A
GRADUAO EM ENGENHARIA PRODUO.
Aprovada por:
________________________________________________
Prof. Clvis Neumann, DSc
________________________________________________
Prof. Eduardo Breviglieri Pereira de Castro, DSc
________________________________________________
Prof. Marcos Martins Borges, DSc
JUIZ DE FORA, MG BRASIL.
JUNHO DE 2008
-
ii
SOUZA, Rafael Doro.
Anlise da Gesto da Manuteno: estudo de caso MRS Logstica,
Juiz de Fora (MG). [manuscrito] / Rafael Doro Souza. Juiz de Fora: Universidade Federal de Juiz de Fora, 2008. Monografia (graduao) Universidade Federal de Juiz de Fora (MG), Curso de Engenharia de Produo. Orientador: Clvis Neumann 1. Manuteno. 2. Confiabilidade. 3. Rastreabilidade 4.Disponibilidade. 5. Ativos. I. Universidade Federal de Juiz de Fora. II.Ttulo.
-
iii
DEDICATRIA:
Dedico este trabalho aos meus pais, que tornaram o complexo fato de me tornar um
Engenheiro em uma tarefa simples.
-
iv
AGRADECIMENTOS: A minha irm Isabela pelo companheirismo que suportou muitos momentos
complicados durante essa jornada.
Ao professor Clvis Neumann por acreditar nesse trabalho norteando-me nos
momentos de dvida e equvocos.
Aos professores Eduardo Breviglieri Pereira de Castro e Marcos Martins Borges por
aceitarem participar da banca examinadora e pelas contribuies este trabalho.
Aos demais professores do curso de Engenharia de Produo por estreitarem o
caminho entre a academia e o mercado de trabalho.
Aos professores do ICE que formaram minha cabea de engenheiro, facilitando a
absoro e aplicao de muitos conhecimentos.
Aos amigos da MRS Logstica que se mostram dispostos a compartilhar
conhecimento e experincia, fatores indispensveis para a realizao deste trabalho.
Aos amigos da minha turma, que muitas vezes me mostraram como vencer as
dificuldades, de onde eu tirei motivao para me tornar um Engenheiro de Produo.
-
v
Resumo da monografia apresentada Coordenao de Curso de Engenharia de Produo
como parte dos requisitos necessrios para a graduao em Engenharia Produo.
ANLISE DA GESTO DA MANUTENO: UM ESTUDO DE CASO MRS LOGSTICA
Rafael Doro Souza
Junho/2008
Orientador: Prof. Clvis Neumann, Dr.
Curso: Engenharia de Produo
Este trabalho realiza a anlise da gesto da manuteno da MRS Logstica que se encontra
em fase de projeto para a transio para um novo enfoque de manuteno: a Manuteno
Centrada na Confiabilidade. Apresenta o atual modelo de gesto da manuteno,
demonstrando os pontos de carncia e a necessidade de mudana no processo de
disponibilizao de ativos para atender a projeo de crescimento da empresa para os
prximos anos. O trabalho foi desenvolvido atravs de coleta de dados da empresa MRS
Logstica, focando nas falhas ocorridas nas frotas de vages de minrio para um
embasamento estatstico que subsidiou as concluses do trabalho. Concluiu-se que no atual
cenrio e para os cenrios projetados, h uma real necessidade por parte da empresa de
quebrar paradigmas quanto manuteno de seus ativos. O estudo demonstrou que a
Manuteno Preventiva de forma cclica, baseada em tempo, acarreta num maior tempo de
indisponibilidade e perdas de produtividade alm de facilitar a prtica de manutenes
desnecessrias. Para que essa mudana ocorra, de fato, a empresa vem implantando um
novo projeto de gesto da manuteno na qual foi apresentado no decorrer deste trabalho.
Palavras-chaves: Manuteno, Confiabilidade, Rastreabilidade, Disponibilidade, Ativos.
-
vi
Abstract of the monograph presented to the Coordination of the Production Engineering
Course as part of the necessary requirements for graduating in Production Engineering.
ANALYSIS OF MANAGEMENT OF MAINTENANCE: A CASE STUDY ON MRS
LOGSTICA.
Rafael Doro Souza
June/2008
Advisor: Prof. Clvis Neumann, Dr.
.
Course: Production Engineering
This work makes the analysis of the management of maintenance of MRS Logstica which is
being project for the transition to a new approach to maintenance: Reability-Centered
Maintenance. Displays the current model of management of maintenance, showing the
points of grace and the need for change in the provision of assets to meet the company's
growth projection for the coming years. The work was developed by collecting data from the
company MRS Logstica, focusing on failures occurring in the fleets of ore wagons to a
statistical base subsidised that the conclusions of the work. It was concluded that the current
scenario and the projected scenarios there is a real need for the company to break
paradigms regarding the preservation of its assets. The study showed that the Preventive
Maintenance so cyclical, based on time, carries a greater availability of time and loss of
productivity as well as facilitate the practice of unnecessary maintenance. To make this
change occurs, in fact, the company is rolling out a new project management of maintenance
which was presented in the course of this work.
Key-Words: Maintenance, Reliability, Traceability, Availability, Asset.
-
vii
SUMRIO
LISTA DE FIGURAS ............................................................................................... ix
LISTA DE TABELAS ............................................................................................... x
LISTA DE QUADROS ............................................................................................. xi
GLOSSRIO DE TERMOS E SIGLAS ................................................................... xii
CAPTULO I INTRODUO ................................................................................ 1
1 APRESENTAO........................................................................................ 1
CAPTULO II REVISO BIBLIOGRFICA........................................................... 4
1 DEFINIO E HISTRICO DA MANUTENO......................................... 4
2 TIPOS DE MANUTENO .......................................................................... 5
2.1 MANUTENO CORRETIVA.............................................................. 6
2.2 MANUTENO PREVENTIVA ............................................................ 6
2.3 MANUTENO PREDITIVA................................................................ 8
3 TPM (Total Productive Maintenance) ........................................................... 9
4 RCM (Reliability-Centered Maintenance)..................................................... 11
4.2 CONCEITOS........................................................................................ 12
4.3 SEQNCIA DE IMPLEMENTAO .................................................. 13
4.4 FALHAS ............................................................................................... 13
4.5 FMEA Failure Mode and Effects ....................................................... 15
4.6 CONFIABILIDADE, DISPONIBILIDADE E MANUTENABILIDADE ..... 16
5 GESTO DA MANUTENO...................................................................... 16
5.1 PLANO DE MANUTENO................................................................. 17
5.2 CADASTRO E CODIFICAO DE EQUIPAMENTOS ........................ 17
5.3 MANUTENO POR OPORTUNIDADE ............................................. 19
CAPTULO III GESTO DA MANUTENO NA MRS: DIAGNSTICO............. 20
1 A MRS LOGSTICA E A ENGENHARIA DE MANUTENO...................... 20
2 A NESSECIDADE DA OTIMIZAO DA DISPONIBILIDADE..................... 20
3 O CENRIO ATUAL DE MANUTENO DA MRS ..................................... 21
4 CRITRIO PARA O CICLO DE MANUTENO PREVENTIVA ................. 23
5 ESCOPO DAS REVISES .......................................................................... 24
CAPTULO IV ANLISE DOS DADOS ................................................................ 26
1 A MANUTENO PREVENTIVA CCLICA E SUAS DEFICINCIAS ......... 26
-
viii
2 OS COMPONENTES DOS VAGES E SUAS FUNES ......................... 29
CAPTULO V ANLISE DA GESTO DA MANUTENO DA MRS .................. 33
1 O PROJETO DE MIGRAO PARA A FILOSOFIA DA MCC..................... 33
2 CADASTRO DE ATIVOS E COMPONENTES............................................. 34
3 DEFINIO DE PARMETROS: ANLISE DE FALHAS ........................... 34
4 FUNES SIGNIFICANTES E DETECTABILIDADE DE FALHAS............. 38
CAPTULO V CONCLUSES.............................................................................. 40
BIBLIOGRAFIA ....................................................................................................... 42
-
ix
LISTA DE FIGURAS
Figura 1: Crescimento das expectativas de manuteno ..................................................... 5
Figura 2: Analogia entre a manuteno preventiva e a medicina preventiva........................ 8
Figura 3: Oito pilares de sustentao da Manuteno Produtiva Total................................. 11
Figura 4: Estrutura de classificao de falhas....................................................................... 14
Figura 5: Fluxograma de processos da disponibilizao de ativos ....................................... 20
Figura 6: Projeo de TUs transportadas pela MRS............................................................ 21
Figura 7: Desenho tcnico do vago GDT ............................................................................ 22
Figura 8: Desenho tcnico do vago HAT ............................................................................ 22
Figura 9: Desenho tcnico do vago HAS ............................................................................ 23
Figura 10: Fluxograma de intervenes programadas cclicas............................................. 24
Figura 11: Evoluo dos ativos analisados no ano de 2007 ................................................. 27
Figura 12: Quantidade de ocorrncias de falhas .................................................................. 27
Figura 13: Quantidade de ocorrncias de falhas em vages GDT ....................................... 28
Figura 14: Quantidade de ocorrncias de falhas em vages HAT........................................ 28
Figura 15: Quantidade de ocorrncias de falhas em vages HAS ....................................... 29
Figura 16: Quantidade de ocorrncias de falhas por componentes rastreveis ................... 30
Figura 17: Confronto entre o atual cenrio da MRS e o previsto com a MCC ...................... 33
Figura 18: Proposta de desdobramento do ativo em componentes rastreveis. .................. 34
Figura 19: Padres de idade-confiabilidade de equipamentos no estruturais aeronaves... 36
Figura 20: Acompanhamento da condio do ativo. Janela tima de manuteno.............. 37
-
x
LISTA DE TABELAS Tabela 1: Critrio para interveno programada de vages (valores em Km)...................... 23
Tabela 2: Quantidade de ocorrncias de falhas por componentes e por srie de vages ... 30
Tabela 3: Tempo de indisponibilidade por componentes e por srie de vago .................... 31
Tabela 4: Tempo de indisponibilidade convertido em ativos................................................. 31
-
xi
LISTA DE QUADROS
Quadro 1: Evoluo da Manuteno Produtiva Total........................................................10
Quadro 2: Descrio dos tipos de vages analisados ......................................................22
Quadro 3: Escopo da reviso VR1....................................................................................24
Quadro 4: Escopo da reviso VR2....................................................................................24
Quadro 5: Escopo da reviso VR4....................................................................................25
Quadro 6: Escopo da reviso VRG...................................................................................25
Quadro 7: Matriz de detectabilidade de falhas..................................................................38
Quadro 8: Matriz de ao sobre a evoluo da falha........................................................38
-
xii
GLOSSRIO DE TERMOS E SIGLAS
GDT Vago Gndola, manga T, utilizado para o transporte de minrio de ferro
HAT Vago tipo Hopper, manga T, utilizado para o transporte de granis slidos
HAS Vago tipo Hopper, manga S, utilizado para o transporte de granis slidos
MCC Manuteno Centrada na Confiabilidade
MP Manuteno Preventiva
MPT Manuteno Produtiva Total
RCM Reability-Centered Maintenance
TPM Total Productive Maintenance
-
CAPTULO I
INTRODUO
1. APRESENTAO
A mecanizao e automao das indstrias criaram um cenrio onde as mquinas se
tornaram um dos principais recursos produtivos. Porm, a gesto da manuteno dessas
mquinas, muitas vezes tratada apenas com aes corretivas o que joga pra baixo a
eficincia da produo, pois com a incidncia constante de avarias os recursos ficam
imobilizados por mais tempo prejudicando a produtividade.
Analisando as organizaes de forma sistmica, a manuteno dos equipamentos
por muito tempo era tratada como algo isolado, onde a responsabilidade ficava restrita
apenas ao setor de manuteno. Neste sentido Osada (2000), afirma que nos dias de hoje a
manuteno produtiva deixou de ser convencional baseada no setor de manuteno e se
transformou em Manuteno Produtiva Total, com nfase na participao total e no papel
dos operadores da produo.
Segundo a ReliaSoft Brasil (2006), a manuteno est relacionada com a
rentabilidade das empresas na medida em que a influncia na capacidade de produo, na
qualidade do produto e no custo operacional dos equipamentos. Os trabalhos de
manuteno elevam o desempenho e disponibilidade dos equipamentos para a produo,
mas ao mesmo tempo contribuem para acrescer os custos de operao. O objetivo de um
setor ligado a manuteno deve ser, portanto, atingir um equilbrio entre estes defeitos,
maximizando a contribuio do setor na rentabilidade da empresa.
Moubray (1994) apud Siqueira (2005), diz que o objetivo da manuteno assegurar
que itens fsicos continuem a fazer o que seus usurios desejam que eles faam.
Segundo Smith (1991) apud Siqueira (2005), a manuteno tem como objetivo
preservar as capacidades funcionais de equipamentos e sistemas em operao.
A sade fsica e financeira da maioria das organizaes depende da integridade
continuada, fsica e funcional dos seus ativos. Esta uma das mais relevantes
caractersticas da atividade econmica do final do sculo vinte e incio do sculo vinte e um,
conforme anlise do Moubray (2001) apud Alkaim (2003). A disposio mudana domina quase tudo o que tem sido atualmente escrito sobre gerenciamento. Todas as disciplinas
esto sendo exortadas a se adaptar s mudanas no projeto da organizao, na tecnologia,
nas habilidades de liderana, comunicaes, virtualmente em todos os aspectos do trabalho.
Segundo o mesmo Moubray (2001) apud Alkaim (2003), no velho paradigma da
manuteno, o objetivo era otimizar a disponibilidade da planta ao mnimo custo, no novo
paradigma manuteno afeta todos os aspectos do negcio: segurana, integridade
-
2
ambiental, eficincia energtica e qualidade do produto, no somente a disponibilidade da
planta e custo.
A MRS a empresa na qual o autor deste trabalho desenvolve seu estgio
profissionalizante. Por essa razo h uma facilidade no processo de aquisio dos dados o
que auxilia no desenvolvimento do estudo. Alm disso, a empresa est em processo de
migrao para essa nova cultura na rea de gesto de manuteno, onde vem sendo
realizado diversos estudos e ensaiando os primeiros passos da implementao da MCC.
Na busca do crescimento de seu negcio, a MRS Logstica deve manter seus ativos
em condies necessrias para a produo visando sempre a reduo de custos e
maximizao dos lucros. neste cenrio que a gesto da manuteno coerente e eficaz
deve ser focada. Manter os equipamentos disponveis para atender a demanda uma tarefa
complexa que requer muito estudo e pesquisa.
O objetivo principal deste trabalho foi diagnosticar o atual modelo de gesto da
manuteno, analisando a necessidade da implementao de uma nova filosofia baseada
na Manuteno Centrada na Confiabilidade, e demonstrar a proposta de um novo modelo de
gesto da manuteno da MRS Logstica.
O planejamento da manuteno algo complexo devido ao fato de envolver
restries que se sobrepem ao processo de manuteno. Com exceo de uma empresa
especificamente de manuteno, como uma oficina de automveis, as empresas tm em
sua finalidade produzir, ou, como no caso da MRS, transportar. Com isso o transporte a
prioridade. Para que se coloque um equipamento a disposio da manuteno preciso
analisar se h recursos suficientes para atender a produo, se h mo-de-obra disponvel,
material ou peas necessrias, enfim, tais restries devem ser analisadas e criticadas com
cautela para o planejamento da manuteno.
Segundo Maynard (1970), o objetivo do pessoal de manuteno assegurar que a
fbrica e seu equipamento sejam mantidos de forma a permitir que sua produo se
processe dentro de um custo mnimo por unidade, em compatibilidade com a segurana e o
bem-estar da fora de trabalho. Em outras palavras, o pessoal da manuteno procura
manter a fbrica e o equipamento de forma a aumentar sempre sua contribuio finalidade
ltima da empresa: obteno de lucros mximos.
Outro fator importante o custo envolvido. A incidncia contnua de avarias leva a
empresa a arcar com onerosas despesas com aes corretivas. Mas por outro lado, um
planejamento de manuteno de forma equivocada pode levar a empresa a despender
dinheiro com intervenes preventivas desnecessrias, troca de peas indevidas e utilizao
inadequada da mo-de-obra.
Tendo em vista estes fatores, o estudo da gesto da manuteno aparece como
sendo de mais valia no cenrio encontrado pelos profissionais de engenharia na busca de
-
3
otimizao e melhoria de processos. Na MRS, onde h o fato do negcio da organizao
depender diretamente da disponibilidade dos ativos, a responsabilidade do setor de
manuteno tem magnitude substancial, onde seu desempenho tem relao direta com as
metas e objetivos de produtividade.
A metodologia utilizada para a realizao deste trabalho consistiu em: uma pesquisa
nos documentos e procedimentos que definem o atual modelo de gesto da manuteno da
empresa; coleta de informaes nos bancos de dados da empresa que registram as
ocorrncias de falhas dos ativos e as ordens de servios realizados nos ativos estudados;
anlise dos dados e gerao de resultados atravs de planilhas eletrnicas e, por fim, uma
busca de informaes para subsidiar a demonstrao da proposta de implementao de um
modelo de manuteno.
O foco principal deste estudo de caso foi na gesto da manuteno de vages que
atendem aos fluxos de transporte de minrio, ativos da MRS Logstica. A imposio desta
condio de contorno, de focar apenas neste grupo de ativos, se d pelo fato de haver uma
vasta quantidade de tipos de equipamentos, onde muitos deles encontram-se num ambiente
distante do autor deste trabalho alm de manter um foco mais especfico de anlise e
resultados.
-
4
CAPTULO II REVISO BIBLIOGRFICA
1. DEFINIO E HISTRICO DA MANUTENO
Slack (2000) definiu manuteno como o termo usado para abordar a forma pela
qual as organizaes tentam evitar as falhas ao cuidar de suas instalaes fsicas. uma
parte importante da maioria das atividades de produo, especialmente aquelas cujas
instalaes fsicas tm papel fundamental na produo de seus bens e srvios. Em
operaes como centrais eltricas, hotis, companhias areas e refinarias petroqumicas, as
atividades de manuteno sero responsveis por parte significativa do tempo e da ateno
da gerncia de manuteno.
De acordo com Wyrebski (1997), a conservao de instrumentos e ferramentas
uma prtica observada, historicamente, desde os primrdios da civilizao, mas,
efetivamente, foi somente quando da inveno das primeiras mquinas txteis, a vapor, no
sculo XVI, que a funo manuteno emerge. Naquela poca, aquele que projetava as
mquinas, treinava as pessoas para operarem e consertarem, intervindo apenas em casos
mais complexos. At ento, o operador era o mantenedor - mecnico. Somente no ltimo
sculo, quando as mquinas passam a serem movidas, tambm, por motores eltricos,
que surge a figura do mantenedor eletricista.
Assim, com a necessidade de se manter em bom funcionamento todo e qualquer
equipamento, ferramenta ou dispositivo para uso no trabalho, em pocas de paz, ou em
combates militares nos tempos de guerra, houve a conseqente evoluo das formas de
manuteno.
Segundo Monchy (1989) apud Wyrebski (1997), o termo "manuteno" tem sua
origem no vocbulo militar, cujo sentido era manter, nas unidades de combate, o efetivo e o
material num nvel constante. evidente que as unidades que nos interessam aqui so as
unidades de produo, e o combate antes de tudo econmico. O aparecimento do termo
"manuteno" na indstria ocorreu por volta do ano 1950 nos Estados Unidos da Amrica.
Na Frana, esse termo se sobrepe progressivamente palavra "conservao".
Dunn (2001) apud Alkaim (2003), em seu trabalho Reinventing the Maintenance
Process, analisa esta dinmica sob a tica proposta por Moubray (1997) em Reability-
Centered Maintenance. Descreve as mudanas como sendo trs reas principais:
crescimento das expectativas de manuteno, melhor entendimento de como os equipamentos falham, uma escala sempre crescente de tcnicas de gerenciamento de manuteno.
-
5
E considera, tambm estas mudanas acontecendo em trs geraes como delineadas,
como ilustrado na Figura 1.
Figura 1: Crescimento das expectativas de manuteno
Fonte: Moubray (1997) apud Alkaim (2003)
2. TIPOS DE MANUTENO De acordo com Siqueira (2005), os tipos de manuteno so tambm classificados
de acordo com a atitude dos usurios em relao s falhas. Seis categorias so
normalmente identificadas, sob este aspecto:
Manuteno Reativa ou Corretiva; Manuteno Preventiva; Manuteno Preditiva; Manuteno Proativa; Manuteno Produtiva; Manuteno Detectiva.
A manuteno Corretiva ou Reativa destina-se a corrigir falhas que j tenham ocorrido,
enquanto a Manuteno Preventiva tem o propsito de prevenir e evitar as conseqncias
das falhas. A Manuteno Preditiva busca a previso ou antecipao da falha; medindo
parmetros que indiquem a evoluo de uma falha a tempo de serem corrigidas.
Similarmente, a Manuteno Detectiva procura identificar falhas que j tenham ocorrido,
mas que no sejam percebidas. A Manuteno Produtiva objetiva garantir a melhor
utilizao e maior produtividade dos equipamentos. Finalmente, na Manuteno Proativa, a
-
6
experincia utilizada para otimizar o processo e o projeto de novos equipamentos, em uma
atitude proativa de melhoria contnua. (SIQUEIRA,2005)
2.1. MANUTENO CORRETIVA
a mais simples de ser entendida. o simples ato de consertar o que est
quebrado, inoperante, improdutivo. Antigamente, os equipamentos de produo eram
mantidos somente por conta de aes corretivas. Vianna (1991) apud Wyrebski (1997)
define esta modalidade de manuteno como atividade que existe para corrigir falhas
decorrentes dos desgastes ou deteriorao de mquinas ou equipamentos. So os
consertos das partes que sofreram a falha, podendo ser: reparos, alinhamentos,
balanceamentos, substituio de peas ou substituio do prprio equipamento."
A opo de ter a manuteno corretiva como a poltica de manuteno da empresa
pode custar caro. Trocar uma pea apenas quando houver quebra pode causar danos em
outros itens e assim aumentar o tempo de indisponibilidade do equipamento.
2.2. MANUTENO PREVENTIVA
A partir de cerca de 1960 at finais dos anos 80, a manuteno preventiva (MP) foi a
mais avanada tcnica utilizada pelos departamentos de manuteno das organizaes. A
MP baseada em dois princpios: o de que existe uma forte correlao entre idade e a taxa
de falhas dos equipamentos, e o de que a vida til do componente e a probabilidade de
falha do equipamento podem ser determinadas estatisticamente, e, por conseguinte, as
peas podem ser substitudas ou reconstrudas antes do fracasso. (NASA, 2000)
A manuteno preventiva pode ser vista como uma interveno tcnica no
equipamento, com um escopo de aes de manuteno pr-determinado ou troca de itens,
antes do mesmo apresentar falhas operacionais ou avarias. Essa proposta visa antever a
quebra do equipamento de forma a manter sua disponibilidade total para produo. Isto o
que Monchy (1989) apud Wyrebski (1997) resume em "manuteno preventiva uma
interveno de manuteno prevista, preparada e programada antes da data provvel do
aparecimento de uma falha.
Ratificando este conceito, Vianna (1991) apud Wyrebski (1997), afirma que
manuteno preventiva uma filosofia, uma srie de procedimentos, aes, atividades ou
diretrizes que podem, ou no, ser adotados para se evitar, ou minimizar a necessidade de
-
7
manuteno corretiva. Adotar a manuteno preventiva significa introduzir o fator qualidade
no servio de manuteno.
Para assegurar um bom propsito para a manuteno preventiva, necessrio
desenvolver um escopo onde so definidos alguns critrios para a interveno. Esses
critrios podem ser definidos avaliando a intensidade de uso do equipamento, respeitando a
particularidade de cada um. Seguindo este princpio Almeida (2000) prope que a
implementao da manuteno preventiva real varia bastante. Alguns programas so
extremamente limitados e consistem de lubrificao e ajustes menores. Os programas mais
abrangentes de manuteno preventiva programam reparos, lubrificao, ajustes, e
recondicionamentos de mquinas para toda a maquinaria crtica na planta industrial. O
denominador comum para todos estes programas de manuteno preventiva o
planejamento da manuteno versus tempo.
Contudo a definio deste escopo no pode ser definida apenas analisando o fator
tempo. Sobre isso Almeida (2000) diz que o problema com esta abordagem que o modo
de operao e variveis especficas da planta industrial ou do sistema afeta diretamente a
vida operacional normal da maquinaria. O tempo mdio entre as falhas (MTBF) no ser o
mesmo para uma bomba que esteja trabalhando com gua e uma bombeando polpas
abrasivas de minrio. O resultado normal do uso da estatstica MTBF para programar a
manuteno ou um reparo desnecessrio ou uma falha catastrfica. No exemplo, a bomba
pode no precisar ser recondicionada aps 17 meses. Portanto, a mo-de-obra e o material
usado para fazer o reparo foram desperdiados. O segundo cenrio da manuteno
preventiva ainda mais caro. Se a bomba falhar antes dos 17 meses, somos forados a
consertar usando tcnicas corretivas. A anlise dos custos de manuteno tem mostrado
que um reparo feito de uma forma reativa (isto , aps a falha) normalmente ser trs vezes
mais caro do que o mesmo reparo feito numa base programada, pelas razes citadas
anteriormente.
A Figura 2 ilustra de forma clara e objetiva a analogia entre a manuteno preventiva
e a medicina preventiva.
-
8
Figura 2: Analogia entre a manuteno preventiva e a medicina preventiva
Fonte: Monchy (1989)
2.3. MANUTENO PREDITIVA
No cenrio da gesto da manuteno, a ao preditiva aparece como uma forma
mais apurada de programar intervenes nos equipamentos. Consiste no acompanhamento
da performance da mquina atravs da avaliao de alguns indicadores para a definio do
momento correto da interveno de manuteno.
Osada (1993) conceitua manuteno preditiva como sendo uma filosofia que evita a
tendncia supermanuteno (por exemplo, a manuteno e os reparos excessivos) a que
esto propensos os enfoques convencionais de manuteno preditiva. Tambm uma
filosofia de promoo de atividades econmicas de MP com base principalmente em uma
pesquisa de engenharia sobre os ciclos de manuteno otimizados.
O mesmo Osada (1993) definiu oito metas para a manuteno preditiva, que so:
Determinar o melhor perodo para manuteno;
Reduzir o volume do trabalho de manuteno preventiva ;
Evitar avarias abruptas e reduzir o trabalho de manuteno no planejado;
Aumentar a vida til das mquinas, peas e componentes;
-
9
Melhorar a taxa de operao eficaz do equipamento;
Reduzir os custos de manuteno;
Melhorar a qualidade do produto;
Melhorar o nvel de preciso da manuteno do equipamento.
Segundo Almeida (2000) a manuteno preditiva um programa de manuteno
preventiva acionado por condies. Ao invs de se fundar em estatstica de vida mdia na
planta industrial, por exemplo, tempo mdio para falhar, para programar atividades de
manuteno, a manuteno preditiva usa monitoramento direto das condies mecnicas,
rendimento do sistema, e outros indicadores para determinar o tempo mdio para falha real
ou perda de rendimento para cada mquina e sistema na planta industrial. Na melhor das
hipteses, os mtodos tradicionais acionados por tempo garantem uma guia para intervalos
normais de vida da mquina.
3. TPM (Total Productive Maintenance) MPT (Manuteno Produtiva Total)
A TPM, antes de tudo, deve ser encarada como uma filosofia de gesto empresarial
focada na disponibilidade total do equipamento para a produo. Tal filosofia deve ser
seguida por todos os seguimentos da empresa, desde a alta gerncia at o operador do
equipamento. A Manuteno Produtiva Total surgiu no Japo no perodo ps Segunda
Guerra Mundial. As empresas Japonesas, at ento famosas pela fabricao de produtos de
baixa qualidade e arrasadas pela destruio causada pela guerra, buscaram, na excelncia
da qualidade, uma alternativa para reverter o quadro na qual se encontravam. Com isso, os
primeiros registros de implementao de TPM pertencem empresa Nippon Denso,
pertencente ao grupo Toyota. No Brasil, essa filosofia comeou a ser praticada em 1986.
-
10
Quadro 1: A Evoluo da Manuteno Produtiva Total
Fonte: Adaptado de Imai (2000) apud Wyrebski (1997)
De acordo com as palavras de Jostes e Helms (1994) apud Wyrebski (1997), a
Manuteno Produtiva Total (TPM), descreve uma relao sinergtica entre todas as
funes organizacionais, mais particularmente entre produo e manuteno, para
melhoramento contnuo da qualidade do produto, eficincia operacional, e da prpria
segurana. A essncia do TPM que os operadores dos equipamentos de produo
participem dos esforos de manuteno preventiva, auxiliem os mecnicos nos consertos
quando o equipamento est fora de operao e, juntos, trabalhem no equipamento e no
processo de melhoria do grupo de atividades.
IM&C internacional, JIPM Japan Institute of Plant Maintenance (2000) apud Moreira
(2003), props oito pilares de sustentao para embasar a TPM, a saber:
1. melhoria individual dos equipamentos para elevar a eficincia;
2. elaborao de uma estrutura de manuteno autnoma do operador;
3. elaborao de uma estrutura de manuteno planejada do departamento de
manuteno;
4. treinamento para a melhoria da habilidade do operador e do tcnico de
manuteno;
5. elaborao de uma estrutura de controle inicial do equipamento;
6. manuteno com vistas a melhoria da qualidade;
7. gerenciamento;
8. segurana, higiene e meio ambiente.
-
11
A Figura 3 ilustra de forma esquemtica os oito pilares da TPM.
Figura 3: Oito pilares de sustentao da Manuteno Produtiva Total
Fonte: Suzuki (1994) apud Moreira (2003)
Segundo Takahashi (1993) a Manuteno Produtiva Total est entre os mtodos
mais eficazes para transformar uma fbrica em uma operao com gerenciamento
orientado para o equipamento, coerente com as mudanas da sociedade contempornea.
A primeira exigncia para essa transformao que todos (inclusive a alta gerncia, os
supervisores e os operrios) voltem sua ateno a todos os componentes da fbrica
matrizes, dispositivos, ferramentas, instrumentos industriais e sensores reconhecendo a
importncia e o valor do gerenciamento orientado para o equipamento, coerente com as
tendncias contemporneas. imprescindvel compreender o gerenciamento orientado
para o equipamento, pois a confiabilidade, a segurana, a manuteno e as caractersticas
operacionais da fbrica so elementos decisivos para a qualidade, quantidade e custo.
-
12
4. RCM (Reliability-Centered Maintenance) MCC (Manuteno Centrada na Confiabilidade) 4.1. HISTRICO DA MCC
A anlise da poltica de manuteno no setor de transporte areo em finais dos anos
1960 e incio da de 1970 conduziu o desenvolvimento dos conceitos da Manuteno
Centrada na Confiabilidade (MCC). Os princpios e aplicaes da MCC foram documentados
na publicao de Nowlan e Heap, Reliability-Centered Maintenance, em 1978. O trabalho
demonstrou que no existe uma forte correlao entre idade e taxa de falhas, alm de
provar que a premissa bsica de manuteno baseada em tempo era falsa para a maioria
dos equipamentos. Estudos complementares realizados pelo Departamento de Defesa
(DOD) e diversas instalaes nucleares, confirmaram o trabalho de Nowlan e Heap. (NASA,
2000)
Siqueira (2005) afirma que a origem da Manuteno Centrada na Confiabilidade
(MCC) est relacionada aos processos tecnolgicos e sociais que se desenvolveram aps a
Segunda Guerra Mundial. No campo tecnolgico, foram decisivas as pesquisas iniciadas
pela indstria blica americana, seguidas pela automao industrial em escala mundial,
viabilizadas pela evoluo da informtica e telecomunicaes, presentes em todos os
aspectos da sociedade atual.
4.2. CONCEITOS
De acordo com a Nasa (2000), a MCC um processo alternativo de manuteno que
utilizado para definir a abordagem mais efetiva para a manuteno visando aumentar a
operacionalidade dos equipamentos, melhorar a segurana e reduzir os custos de
manuteno. Tm como base identificar as aes a serem tomadas para reduzir a
probabilidade de falha dos equipamentos e identificar os custos mais efetivos. A MCC
procura estabelecer uma combinao tima das aes de manuteno a serem
desenvolvidas com base na condio, no tempo ou ciclo de operao e na operao at a
falha dos equipamentos. A MCC um processo contnuo que rene dados do desempenho
operacional do sistema e utiliza estes dados para melhorar o projeto e a manuteno futura.
Esta estratgia, ao invs de ser aplicada independentemente, ela integrada para tirar
vantagem de sua fora de modo a otimizar a instalao, a operacionalidade e a eficincia
dos equipamentos, ao mesmo tempo, minimizar o custo do ciclo de vida dos equipamentos.
A abordagem da Manuteno Centrada na Confiabilidade resumida, segundo Slack
(2000), como: se no podemos evitar que as falhas aconteam, melhor evitar que elas
-
13
tenham importncia. Em outras palavras, se a manuteno no pode prever ou mesmo
prevenir as falhas, e as falhas tm conseqncias importantes, ento os esforos deveriam
ser dirigidos a reduzir o impacto de tais falhas.
4.3. SEQNCIA DE IMPLEMENTAO
A metodologia MCC, segundo Siqueira (2005), adota uma seqncia estruturada,
composta de sete etapas, a saber:
Seleo do Sistema e Coleta de Informaes; Anlise de Modos de Falha e Efeitos; Seleo de Funes Significantes; Seleo de Atividades Aplicveis; Avaliao da Efetividade das Atividades; Seleo das atividades Aplicveis e Efetivas; Definio da Periodicidade das Atividades.
A primeira etapa, Seleo do Sistema e Coleta de Informaes, objetiva identificar e
documentar o sistema ou processo que ser submetido anlise. Na etapa de Anlise de
Modos de Falha e Efeitos so identificadas e documentadas todas as funes e seus modos
de falha, assim como os efeitos adversos produzidos por elas, utilizando a metodologia
FMEA (Failure Mode and Effects Analysis). Na Seleo de Funes Significantes, utiliza um
processo estruturado para analisar cada funo identificada na etapa anterior, e determinar
se uma falha tem efeito significante. Na etapa de Seleo de Atividades Aplicveis,
determinam-se as tarefas de manuteno preventiva que sejam tecnicamente aplicveis
para prevenir ou corrigir cada modo de falha. A quina etapa, Avaliao da Efetividade das
Atividades, constitui-se em um processo estruturado para determinar se uma tarefa de
manuteno preventiva efetiva para reduzir, a um nvel aceitvel, as conseqncias
previstas para uma falha. Na Seleo das Tarefas Aplicveis e Efetivas, utiliza-se um
processo estruturado para determinar a melhor tarefa. Por fim, a stima etapa estabelece os
mtodos e critrios para definio da periodicidade de execuo das atividades
selecionadas.
4.4. FALHAS
Falha a cessao de funes ou bom desempenho. A MCC analisa falha em vrios
-
14
nveis: nvel do sistema, nvel do sub-sistema, nvel do componente e, s vezes, at mesmo
ao nvel de peas. O objetivo de uma organizao da manuteno eficaz promover um
sistema de desempenho a baixo custo. Isto significa que a manuteno adequada deve
basear-se numa clara compreenso das falhas em cada um dos nveis do sistema. O
sistema de componentes podem ser degradados ou at mesmo apresentar falha, e mesmo
assim no causar um sistema de falha. (Um exemplo simples a falha em um farol de
automvel. Este componente tem pouco efeito sobre o desempenho global do sistema).
Inversamente, a degradao de vrios componentes pode causar um sistema de falha,
embora no exista falha de algum componente individual. (NASA, 2000)
Siqueira (2005) afirma que, de maneira geral, uma falha consiste na interrupo ou
alterao da capacidade de um item desempenhar uma funo requerida ou esperada.
Completando esta definio, as falhas podem ser classificadas sob vrios aspectos, tais
como origem, extenso, velocidade, manifestao, criticidade ou idade. A figura abaixo
relaciona estes aspectos, em acrscimo classificao adotada pela MCC.
Figura 4: Estrutura de classificao de falhas
Fonte: Siqueira (2005)
-
15
Prevenir e corrigir falhas constituem os objetivos primrios da manuteno. Para isto
necessrio conhecer as formas como os sistemas falham. O estudo das falhas constitui
parte essencial da Manuteno Centrada na Confiabilidade, seguindo-se identificao e
documentao das funes. (SIQUEIRA, 2005)
Para os objetivos da MCC, as falhas so classificadas, de acordo com o efeito que
provocam sobre uma funo do sistema a que pertencem, em duas categorias bsicas:
Falha Funcional definida pela incapacidade de um item de desempenhar uma funo especfica dentro de limites desejados de performance; e
Falha Potencial definida como uma condio identificvel e mensurvel que indica uma falha funcional pendente ou em processo de ocorrncia. (SIQUEIRA, 2005)
As falhas funcionais, por sua vez, so classificadas pela MCC, em trs categorias, de
acordo com sua visibilidade:
Falha Evidente a qual, por si s, detectada pela equipe de operao durante o trabalho normal;
Falha Oculta uma falha que no detectada pela equipe de operao durante o trabalho normal; e
Falha Mltipla uma combinao de uma falha oculta mais uma segunda falha, ou evento, que a torne evidente. (SIQUEIRA, 2005)
4.5. FMEA Failure Mode and Effects Analysis
Siqueira (2005) afirma que, na manuteno, a MCC utiliza a FMEA com o propsito
de avaliar, documentar, e priorizar o impacto potencial de cada falha funcional, visando
definir formas de preveno ou correo. Um estudo de FMEA envolve a identificao
sistemtica dos seguintes aspectos, para cada funo de uma instalao:
Funo objetivo, com o nvel desejado de performance; Falha funcional perda da funo ou desvio funcional; Modo de falha o que pode falhar; Causa da falha porque ocorre a falha; Efeito da falha impacto resultante na funo principal; Criticidade severidade do efeito.
-
16
Alm disso, o mesmo Siqueira (2005) diz que comum incluir no estudo os sintomas
das falhas, o roteiro de localizao, o mecanismo de falha, as taxas de falha e as
recomendaes.
4.6. CONFIABILIDADE, DISPONIBILIDADE e MANUTENABILIDADE
Confiabilidade, segundo a NASA (2000) a probabilidade de que um item ir
sobreviver a um determinado perodo de funcionamento, nos termos especificados de
condies de funcionamento, sem falhas. A probabilidade condicional de falha mede a
probabilidade de que um determinado item ao entrar numa determinada idade ou intervalo
ir falhar durante esse perodo. Se a probabilidade condicional de falha aumenta com a
idade, o item mostra caractersticas de desgaste. A probabilidade condicional de falha reflete
o efeito negativo global da idade sobre a confiabilidade.
manuteno interessa a probabilidade de que o item sobreviva a um dado intervalo
(de tempo, ciclo, distncia, etc.). Esta probabilidade de sobrevivncia denominada de
confiabilidade. (SIQUEIRA, 2005)
O conceito de disponibilidade utilizado para apurar o tempo que os equipamentos
ficam disposio para atuarem de forma produtiva. O tempo disponvel do equipamento
simplesmente o tempo que o equipamento est operando somado ao tempo de standby. O
tempo de indisponibilidade o tempo que o equipamento permanece sob interveno de
reparo ou aguardando a equipe de manuteno.
A ReliaSoft Brasil (2006) afirma que os usurios querem produtos que estejam
prontos para o uso quando estes necessitam deles. Isto vai ao encontro da disponibilidade,
ou seja, a aptido de um item no desempenho de sua funo designada quando requerido
para uso. A disponibilidade de um produto depende do nmero de falhas que ocorrem
(confiabilidade), de quanto tempo se leva para sanar essas falhas (manutenabilidade) e da
quantidade de apoio logstico reservado para a manuteno.
5. GESTO DA MANUTENO
Segundo Osada (1993) o gerenciamento da manuteno de considerar os seguintes
pontos: (1) restringir os investimentos em equipamentos desnecessrios; (2) utilizar ao
mximo os equipamentos existentes; (3) melhorar a taxa de utilizao do equipamento para
a produo; (4) garantir a qualidade do produto, atravs do uso do equipamento; (5) reduzir
a mo-de-obra de baixo custo, atravs da melhoria dos equipamentos; (6) reduzir os custos
de energia e materiais adquiridos, atravs de inovaes no equipamento e melhorias dos
mtodos de sua utilizao. Todas essas tarefas so fundamentais para reestruturar a
-
17
empresa como resposta aos desafios futuros. Elas precisam ser realizadas com a
participao de todos os funcionrios.
5.1. PLANO DE MANUTENO
O plano de manuteno deve ser construdo avaliando alguns fatores restritivos, tais
como a capacidade da equipe de manuteno, necessidade da produo para com o
equipamento e a necessidade do equipamento por manuteno.
Osada (1993) afirma que uma das desculpas para impedir a manuteno planejada
no h tempo suficiente. A razo para o tempo insuficiente o fato de que o departamento
de operaes no paralisaria o equipamento apenas para as atividades de manuteno.
Segundo Osada (1993) as vantagens de um plano de manuteno podem ser
resumidas da seguinte forma:
O nmero de etapas pode ser identificado e o trabalho transformado em rotina.
As exigncias de recursos humanos podem ser planejadas, de modo a tornar
disponvel o pessoal necessrio.
Os erros na aquisio de materiais, peas, sobressalentes e subcontratao de
servios podem ser evitados.
A qualidade pode ser verificada e podem ser adquiridos materiais de melhor
qualidade.
Atravs da criao de planos de trabalho detalhados, os cronogramas podem ser
preparados e coordenados com os planos de produo.
Os ciclos de reparo podem ser identificados para que possam ser tomadas as
medidas em tempo hbil.
Os padres para o trabalho de reparo podem ser identificados, permitindo que o
trabalho seja executado de forma eficiente.
Planos de reparo simultneos podem ser criados.
O senso de responsabilidade das pessoas pode ser estimulado.
Atravs de atividades de trabalho planejadas, um grande volume de trabalho pode
ser realizado de forma mais eficiente.
5.2. CADASTRO E CODIFICAO DE EQUIPAMENTOS
Para fazer o gerenciamento da manuteno preciso ter um cadastro nico que
abranja todos os equipamentos que sero manutencionados. Ter o histrico de falhas,
manutenes realizadas, peas trocadas, entre outras informaes, facilita o gestor na
tomada de decises no planejamento da manuteno.
-
18
Segundo Marques (2003), os equipamentos de produo compreendem todas as
mquinas, isoladas ou integradas, que permitem a fabricao dos diferentes produtos ou
realizar o servio requerido. Os equipamentos perifricos so aqueles que compem ou do
suporte aos equipamentos principais, tais como geradores de energia, caldeiras,
ferramentas, compressores, etc. existem tambm os equipamentos classificados como
facilidades, tais como iluminao, aquecimento, canalizaes de fluidos, etc. e as
instalaes propriamente ditas da empresa, que tambm requerem manuteno, tais como
edificaes, ruas, muros, telefones, redes de computadores, etc. Esta classificao coloca
em evidncia alguns imperativos da organizao:
A necessidade de se ter um inventrio dos equipamentos, codificado, analisado e
localizado;
A necessidade de repartir e precisar os domnios de responsabilidade da
manuteno dos bens;
A necessidade de determinar prioridades e nveis de manuteno;
A necessidade de reagrupar em "famlias os diferentes bens.
Ainda de acordo com Marques (2003), o Cadastro de Equipamentos deve ser feito
por famlia de equipamentos que possam ser recondicionveis, devendo conter as seguintes
informaes bsicas:
Endereo (Localizao) da aplicao atual;
Dados de identificao geral, de cada famlia de equipamentos, tais como nmero
patrimonial, fabricante, marca, modelo, nmero de srie, etc.;
Dados tcnicos nominais, construtivos e de montagem, tais como dimetro do eixo,
rpm, voltagem, amperagem, temperatura, freqncia, etc.;
Dados complementares sobre o equipamento, dados administrativos, etc.
importante se observar que o Cadastro de Equipamentos a ficha ou registro onde
sero anotadas todas as ocorrncias envolvendo este determinado equipamento na
localizao especfica, devendo ser direta e automaticamente atualizada a cada Ordem de
Servio e Folha de Inspeo emitida, pois neste cadastro que se formaro os Histricos
deste equipamento.
-
19
5.3. MANUTENO POR OPORTUNIDADE
A manuteno por oportunidade, ou manuteno oportunista, segundo Osada
(1993), significa aproveitar o tempo de paralisao do equipamento quando ela ocorre, em
contraste paralisao para manuteno planejada. Este mtodo envolve a investigao
minuciosa dessas oportunidades e suas ocorrncias, enfocando os seguintes aspectos:
Quando as oportunidades surgem, que mquinas permitem outros reparos
simultneos?
Quais as oportunidades precisas, quando surgem e qual o tempo de durao?
A utilizao da manuteno oportunista afeta diretamente no tempo total de
disponibilidade dos equipamentos, pois uma vez aproveitado o tempo de paralisao por
conta de uma avaria para a realizao de uma interveno preventiva, poupa o equipamento
de parar posteriormente para cumprir o plano de manuteno preventiva.
-
20
CAPTULO III DIAGNSTICO DA GESTO DA MANUTENO NA MRS LOGSTICA
1. A MRS LOGSTICA E A ENGENHARIA DE MANUTENO
A organizao da MRS dividida em processos, onde h processos clientes e
processos fornecedores. A Figura 6 define de forma clara a estruturao organizacional de
processos que define a Engenharia de Manuteno e o processo de disponibilizao de
ativos.
Figura 5: Fluxograma de processos da disponibilizao de ativos.
Fonte: MRS Logstica
Conforme a Figura 5, acima, o processo de disponibilizao de ativos fornecedor
do processo de atendimento ao cliente. Para que o cliente seja atendido, ou seja, para que
haja transporte de cargas sobre trilhos, necessrio ter ativos disponveis. Esse o dever e
o desafio da Engenharia de Manuteno frente ao processo global da Companhia. Manter
os ativos capazes de exercerem suas funes para atender ao transporte.
2. A NECESSIDADE DA OTIMIZAO DA DISPONIBILIDADE DOS EQUIPAMENTOS
No cenrio econmico mundial o mercado chins o mais observado e cobiado.
Crescendo em escalas astronmicas, o pas vem chamando ateno para boas
oportunidades. Como o principal pilar do crescimento a indstria de base, a MRS v no
mercado chins uma boa oportunidade para aumentar em escalas tambm astronmicas a
carga de minrio de ferro transportada. De acordo com dados da Diretoria Comercial da
empresa, o crescimento anual projetado, testa a casa dos 20%. Porm essa oportunidade
-
21
desafiadora. A seguir a Figura 6 apresenta uma projeo de toneladas teis transportada
considerando a previso da demanda chinesa de minrio e a quantidade transportada pela
MRS nos ltimos anos.
Figura 6: Projeo de tonelada teis (TU) transportadas pela MRS
Fonte: MRS Logstica
O simples fato de aumentar o nmero de ativos circulando na malha ferroviria, no
garante a maximizao do fluxo. Pelo contrrio. Circular com muitos trens faz com que
aumente as filas nos terminais de carga e descarga, ou at mesmo, caso haja algum ativo
avariado, o transtorno logstico de manobra acarretar em grandes danos produtivos.
Aumentar as TUs (toneladas teis) transportadas nessa proporo s ser possvel dentro
de uma poltica de manuteno onde os ativos tenham seus tempos disponveis
maximizados, o que se resume na confiabilidade dos ativos. Alm disso, falhas aleatrias
que impactam no trfego ferrovirio devero ser extintas, ou prximo disso.
Outro desafio dentro dessa conjuntura projetada para o negcio da empresa que
para aumentar a produtividade tambm ser necessrio reduzir o tempo para fazer a
manuteno. Isso implica diretamente em realizar apenas a manuteno necessria em um
menor tempo.
3. O CENRIO ATUAL DE MANUTENO DA MRS
A empresa tem definido, por procedimentos documentados, escopos de revises
especficas para cada tipo de equipamento. Esses escopos de revises foram definidos
utilizando como base a filosofia de Manuteno Preventiva onde de acordo com algum
indicador associado ao equipamento foram estabelecidos limites para intervenes cclicas.
-
22
Como j citado nas condies de contorno deste trabalho, foi tratado casos sobre
manuteno de vages capazes de transportar minrio. Neste caso h trs tipos de vages,
a saber:
Quadro 2: Descrio dos tipos de vages analisados
GDT HAT HAS
Ultilizao corrente Minrio Granis slidos e expostos ao tempo Granis e expostos ao
tempo Bitola 1,60 m 1,60 m 1,60 m
Sistema Carga Por cima Por cima Por cima Sistema Descarga Em Car-Dumper Tremonhas Tremonhas
Altura til 1,90 m 2,10 m 2,10 m Largura til 2,70 m 2,70 m 2,70 m
Comprimento til 8,80 m 7,90 m 6,50 m Capacidade 130 ou 120 toneladas 119 ou 130 toneladas 100 toneladas
Fonte: MRS Logstica
Figura 7: Desenho tcnico do vago GDT
Fonte: MRS Logstica
Figura 8: Desenho tcnico do vago HAT
Fonte: MRS Logstica
-
23
Figura 9: Desenho tcnico do vago HAS
Fonte: MRS Logstica
4. CRITRIO PARA O CICLO DE MANUTENO PREVENTIVA PARA OS VAGES
Atualmente a definio do ciclo de manuteno utiliza critrios tais como o tipo de
carga transportada, o trecho no qual a frota circula e a sazonalidade da demanda do vago.
No caso da frota de minrio, objeto deste estudo, as intervenes de manuteno so
desencadeadas pela quilometragem percorrida pelo vago.
H quatro tipos e consequentemente quatro escopos de intervenes de
manuteno em vages denominadas de VR1, VR2, VR4 e VRG. Esta nomenclatura surgiu
pelo fato de antigamente o ciclo era determinado por tempo. A VR1 era realizada
anualmente, a VR2 a cada dois anos, a VR4 a cada quatro anos e a VRG, reviso geral, a
cada oito anos. Porm estudos de engenharia fizeram com que fosse definido um contador
mais justo para definir a necessidade da interveno preventiva. Assim sendo, foi feito uma
mdia de quilometragem percorrida pelos vages anualmente atravs de bases histricas e
o ciclo preventivo foi adaptado para o contador quilometragem percorrida, conforme o
quadro abaixo.
Tabela 1: Critrio para interveno programada de vages (valores em Km)
Srie VR1 VR2 VR4 VRG GDT 150.000 300.000 600.000 1.200.000 HAT 100.000 - 400.000 800.000 HAS 100.000 - 400.000 800.000
Fonte: MRS Logstica
De acordo com a tabela acima, se a empresa compra um vago da srie GDT, assim
que ele percorrer 150.000 quilmetros ele programado para sofrer uma VR1. Feita a
interveno, ele roda mais 150.000 quilmetros e parado por conta de uma VR2. Percorre
novamente a mesma quilometragem e volta sofrer uma VR1. E assim sucessivamente at
percorrer 1.200.000 quilmetros sofrer uma reviso geral, e zerar o contador de
quilometragem, conforme a Figura 11, disposta abaixo.
-
24
Figura 10: Fluxograma de intervenes programadas cclicas
Fonte: MRS Logstica
5. ESCOPO DAS REVISES
Conforme j citado anteriormente, para cada tipo de reviso preventiva realizada na empresa h um escopo especfico, onde h uma aumento de itens verificados e substitudos
medida que h a utilizao do ativo. Os quadros abaixo descrevem os componentes
verificados e ao realizada sobre eles nos escopos referidos.
Quadro 3: Escopo da reviso VR1
Componentes Ao realizada Truque Inspeo e avaliao (sem levantar o vago) Rodeiros Inspeo e avaliao Choque e trao (engate) Teste de Partcula Magntica Timoneira Inspeo Componentes de Freio Inspeo Coletor de P Limpeza Borracha do bocal Substituio Mangueira de ar Inspeo Fonte: MRS Logstica
Quadro 4: Escopo da reviso VR2
Componentes Ao realizada Truque Inspeo e avaliao (sem levantar o vago) Rodeiros Inspeo e avaliao Choque-trao (engate) Reparo Demais componentes do aparelho de choque e trao
Reparo
Timoneira Inspeo Componentes de Freio Inspeo Coletor de P Limpeza Borracha do bocal Substituio Mangueira de ar Inspeo Fonte: MRS Logstica
-
25
Quadro 5: Escopo da reviso VR4
Componentes Ao realizada Truque Inspeo e avaliao desacoplando-o do vago Truque Reparo Rodeiros Substituio Choque-trao (engate) Reparo ou substituio (condicional) Demais componentes do aparelho de choque e trao
Reparo ou substituio (condicional)
Timoneira Inspeo Componentes de Freio Inspeo Sapatas de Freio Substituio Coletor de P Substituio Borracha do bocal Substituio Mangueira de ar Inspeo Fonte: MRS Logstica
Quadro 6: Escopo da reviso VRG
Componentes Ao realizada Truque Inspeo e avaliao desacoplando-o do vago Truque Reparo Rodeiros Substituio Choque-trao (engate) Reparo ou substituio (condicional) Demais componentes do aparelho de choque e trao
Reparo ou substituio (condicional)
Timoneira Inspeo Componentes de Freio Inspeo Mangueiras de freio Substituio Torneiras angulares Substituio Vlvulas Substituio Cilindro Completo de Freio Substituio Reservatrio de Ar Substituio Freio Manual Substituio Unies e ligaes Substituio Sapatas de Freio Substituio Coletor de P Substituio Borracha do bocal Substituio Fonte: MRS Logstica
-
26
CAPTULO IV ANLISE DOS DADOS
1. A MANUTENO PREVENTIVA CCLICA E SUAS DEFICINCIAS
Com a difuso dos conceitos trazidos pela Manuteno Centrada na Confiabilidade,
a Manuteno Preventiva (MP) passou a ser vista como uma espcie de paradigma a ser
quebrado. No caso deste estudo a MP traz desvantagens graves no ponto de vista
estratgico e competitivo para a empresa, pois neste contexto h necessidade de mais
ativos, para suprir os ativos retidos nos postos de manuteno por conta de intervenes
desnecessrias. Alm disso, tais intervenes desnecessrias e em momentos inoportunos
contribui para a elevao dos custos operacionais de maneira significante.
A definio de critrios de MP cclica complicada pelo fato de as empresas serem
diferentes entre si. Se um fabricante vende uma locomotiva para uma operadora ferroviria
australiana, por exemplo, o manual de instrues para manuteno igual a uma
locomotiva vendida ao Canad. Porm e notrio a diferena de condies de clima, de
relevo e at mesmo de tipo de carga transportada. Outro exemplo pode ser citado
analisando o caso da prpria MRS com outras ferrovias brasileiras. Para transportar o
minrio dos pontos de carga situados ao redor de Belo Horizonte, Minas Gerais, aos portos
do Rio de Janeiro e ao porto de Santos, as locomotivas e os vages tem que vencer a Serra
do Mar, o que resulta num esforo muito maior do que as locomotivas de uma operadora
ferroviria que transporta soja do Centro-Oeste brasileiro ao interior paulista. Por conta
disso, cada empresa deve estudar e definir seu prprio sistema de gesto da manuteno.
Neste trabalho, para verificar a eficincia da manuteno preventiva na gesto dos
ativos, neste caso vages de minrio, foi utilizado um indicador denominado de retrabalho.
O critrio de retrabalho foi determinado de forma que fosse possvel medir at que ponto a
periodicidade e o escopo da manuteno garantem que o ativo no necessite de
intervenes no programadas entre os ciclos de manutenes preventivas. Com isso foi
analisado o desempenho de falhas dos vages durante o ano de 2007 correlacionando-as
com o tempo que o vago trafegou entre a ltima reviso e a falha.
Como o atual sistema que gerencia a manuteno da empresa no tem interface
direta com o sistema de operao ferroviria, que gera a quilometragem percorrida, foi-se
necessrio fazer uma aproximao na qual o indicador quilometragem fosse representado
por um indicador tempo. O que volta a ser como era antes, onde as intervenes
preventivas era realizadas anualmente para as trs sries de vages.
A ttulo de base de comparao segue abaixo a evoluo da frota ativa dos vages
estudados durante o ano de 2007.
-
27
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
7000
8000
9000
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12Ms (2007)
Qua
ntid
ade
de v
age
s at
ivos
HASHATGDT
Figura 11: Evoluo dos ativos analisados no ano de 2007
Fonte: MRS Logstica
O clculo do retrabalho foi realizado analisando todas as ocorrncias de avarias no
ano de 2007 confrontando com a ltima reviso preventiva realizada antes de tal ocorrncia.
O tempo entre a ltima reviso e a ocorrncia foi agrupado em classes a ttulo de anlise.
Ou seja, se um vago saiu de uma reviso preventiva e em menos de trinta dias ele sofreu
uma avaria abrupta, essa ocorrncia estar contida na classe menor que 30 no grfico
abaixo. O resultado em termos absolutos segue abaixo.
Quantidade de ocorrncias
0
50
100
150
200
250
300
350
Men
or q
ue30
Ent
re 3
0 e
60 d
ias
Ent
re 6
0 e
90 d
ia
Ent
re 9
0 e
120
dias
Entre
120
e15
0 di
as
Entre
150
e18
0 di
as
Entre
180
e21
0 di
as
Entre
210
e24
0 di
as
Entre
240
e27
0 di
as
Entre
270
e30
0 di
as
Entre
300
e33
0 di
as
Entre
330
e36
0 di
as
Figura 12: Quantidade de ocorrncias de falhas
Fonte: MRS Logstica
-
28
Como pode se observado no grfico acima, cerca de 3440 vages voltam aos postos
de manuteno por conta de uma avaria antes de completar o tempo/quilometragem
previsto para sofrer uma nova interveno programada. Abaixo segue o grfico estratificado
por srie de vago.
Quantidade de ocorrncias para Vages GDT
0
20
40
60
80
100
120
140
160
Men
or q
ue30
Entre
30
e60
dia
s
Entre
60
e90
dia
Entre
90
e12
0 di
as
Ent
re 1
20 e
150
dias
Ent
re 1
50 e
180
dias
Ent
re 1
80 e
210
dias
Ent
re 2
10 e
240
dias
Ent
re 2
40 e
270
dias
Ent
re 2
70 e
300
dias
Ent
re 3
00 e
330
dias
Ent
re 3
30 e
360
dias
Figura 13: Quantidade de ocorrncias de falhas em vages GDT
Fonte: MRS Logstica
Quantidade de ocorrncias para Vages HAT
0
20
40
60
80
100
120
Men
or q
ue30
Ent
re 3
0 e
60 d
ias
Ent
re 6
0 e
90 d
ia
Ent
re 9
0 e
120
dias
Entre
120
e15
0 di
as
Entre
150
e18
0 di
as
Entre
180
e21
0 di
as
Entre
210
e24
0 di
as
Entre
240
e27
0 di
as
Entre
270
e30
0 di
as
Entre
300
e33
0 di
as
Entre
330
e36
0 di
as
Figura 14: Quantidade de ocorrncias de falhas em vages HAT
Fonte: MRS Logstica
-
29
Quantidade de ocorrncias para Vages HAS
0
20
40
60
80
100
120
140M
enor
que
30
Entre
30
e60
dia
s
Entre
60
e90
dia
Entre
90
e12
0 di
as
Ent
re 1
20 e
150
dias
Ent
re 1
50 e
180
dias
Ent
re 1
80 e
210
dias
Ent
re 2
10 e
240
dias
Ent
re 2
40 e
270
dias
Ent
re 2
70 e
300
dias
Ent
re 3
00 e
330
dias
Ent
re 3
30 e
360
dias
Figura 15: Quantidade de ocorrncias de falhas em vages HAS
Fonte: MRS Logstica
2. OS COMPONENTES DOS VAGES E SUAS RESPECTIVAS FUNES
Quando se fala em MCC usual desdobrar o ativo, neste caso o vago, em
componentes que desempenham uma determinada funo. Cada componente deve ser
analisado separadamente e seus critrios de manuteno devem ser distintos. Neste
estudo, o vago teve o seguinte desdobramento:
Rodeiros: conjunto de eixo, rolamentos e rodas. Conjunto de choque e trao: componente responsvel pelo engate do vago.
Conjunto que transmite a trao da locomotiva.
Truque: componente acoplado a caixa do vago onde so aplicados os rodeiros. Sistema de freio: sapatas, mangueiras, vlvulas e reservatrio de ar.
Seguindo este desdobramento foi analisado o ndice de retrabalho gerado por cada
componente, conforme grfico abaixo.
-
30
Figura 16: Quantidade de ocorrncias de falhas estratificadas por componentes rastreveis
Fonte: MRS Logstica
O grfico acima mostra que cerca de 80% das ocorrncias esto associadas aos
componentes desdobrados neste estudo, o que gera a oportunidade para a implementao
de um estudo de MCC deixando de controlar o ativo e passando a acompanhar o
desempenho dos componentes. Essa oportunidade ser desdobrada em uma proposta que
est em fase inicial de implementao na empresa e ser descrita neste trabalho. A tabela
abaixo estratifica esses dados para cada srie de vago.
Tabela 2: Quantidade de ocorrncias de falhas por componentes e por srie de vages
Fonte: MRS Logstica
Foi classificado como outros, avarias que afetam a estrutura do vago, como longarinas,
caixa de carga e chapas de fundo e lateral. Esses tipos de avarias so complicadas de
serem tratadas com a rastreabilidade prevista pela MCC, pois so ocasionadas por aes
inadequadas nos processos de carga e descarga onde ps carregadeiras e a prpria fora
GDT HAT HAS GDT HAT HAS GDT HAT HAS GDT HAT HAS GDT HAT HASMenor que 30 29 11 10 18 13 15 12 32 53 3 2 1 19 29 16 263Entre 30 e 60 dias 44 7 6 17 14 22 13 28 38 5 4 16 29 26 269Entre 60 e 90 dia 41 9 6 24 30 15 16 30 39 4 1 2 20 28 24 289Entre 90 e 120 dias 44 12 7 30 21 23 23 27 44 5 1 1 27 26 40 331Entre 120 e 150 dias 39 8 11 19 26 17 27 21 49 1 1 2 24 46 28 319Entre 150 e 180 dias 41 10 12 31 20 14 31 16 42 1 2 5 35 24 25 309Entre 180 e 210 dias 25 8 7 36 26 28 30 13 47 5 2 5 18 25 20 295Entre 210 e 240 dias 30 12 10 21 14 33 17 14 45 4 3 3 26 37 24 293Entre 240 e 270 dias 23 3 19 26 27 18 16 19 43 1 1 2 29 35 24 286Entre 270 e 300 dias 25 9 13 22 25 22 28 22 50 2 3 3 23 38 25 310Entre 300 e 330 dias 30 8 14 13 38 16 13 22 34 2 2 2 9 22 27 252Entre 330 e 360 dias 24 4 9 16 19 18 14 17 45 1 4 2 16 16 20 225
Total 395 101 124 273 273 241 240 261 529 34 22 32 262 355 299 3441
OUTROS TotalAPARELHO DE CHOQUE RODEIRO SISTEMA DE FREIO TRUQUE
-
31
humana provocam danos estruturais nos vages. O tratamento desses tipos de defeitos no
foi tratado no trabalho em questo pelo simples fato de ser uma questo qualitativa onde
deve haver planos de aes para melhorar os processos onde so freqentes estes tipos de
avaria.
Outro indicador analisado neste trabalho foi o tempo de indisponibilidade que estes
retrabalhos geram para a operao ferroviria. Indisponibilidade foi definido aqui como o
tempo no qual o ativo no pode ser utilizado para produo. Neste caso foi calculado este
tempo a partir do momento da ocorrncia at o ativo ser liberado pelas oficinas, pois por
questo de segurana uma vez o ativo avariado ele no pode ser carregado. Sendo assim o
incio do contador do tempo de indisponibilidade se d no momento da falha independente
de quando ele chegar a algum posto de manuteno. A tabela a seguir mostra o tempo de
indisponibilidade gerado pelas 3441 ocorrncias que ocasionaram o retrabalho.
Tabela 3: Tempo de indisponibilidade por componentes e por srie de vago
Fonte: Banco de dados da MRS
Para traduzir estes nmeros em ativos foi utilizada uma normalizao na qual, pelo
fato do horizonte temporal ter sido o ano de 2007 ao dividir o nmero total de dias
indisponveis pela quantidade de dias que h em um ano, obtm-se a quantidade de ativos
que ficaram indisponveis por conta dessa avarias em 2007. O resultado segue abaixo.
Tabela 4: Tempo de indisponibilidade convertido em ativos
Fonte: MRS Logstica
Alm do fato da perda de produtividade por conta da indisponibilidade do vago,
outro fato de grande impacto deste indicador so as complicaes logsticas ocasionadas
GDT HAS HAT Total em diasAPARELHO DE CHOQUE AVARIADO 2034,39 1111,70 471,88 3617,97RODEIRO 1084,49 3239,93 1241,03 5565,45SISTEMA DE FREIO 981,85 2268,61 636,07 3886,54TRUQUE 126,72 323,10 72,27 522,09OUTROS 4939,57 2722,67 1784,34 9446,59
Total em dias 9167,03 9666,02 4205,59 23038,64
GDT HAS HAT Total em diasAPARELHO DE CHOQUE AVARIADO 2034,39 1111,70 471,88 3617,97RODEIRO 1084,49 3239,93 1241,03 5565,45SISTEMA DE FREIO 981,85 2268,61 636,07 3886,54TRUQUE 126,72 323,10 72,27 522,09OUTROS 4939,57 2722,67 1784,34 9446,59
Total em dias 9167,03 9666,02 4205,59 23038,64Total em ativos 25,12 26,48 11,52 63,12
-
32
para fazer com que os vages avariados cheguem a um posto de manuteno por conta de
uma interveno no programada. O trfego ferrovirio extremamente complexo e
qualquer alterao na operao por conta de manobras e desvios acarreta na diminuio da
eficincia operacional. De acordo com os nmeros acima, cerca de sessenta e trs vages
ficaram indisponveis durante o ano todo por conta dessas ocorrncias.
-
33
CAPTULO V ANLISE DA GESTO DA MANUTENO DA MRS
1. O PROJETO DE MIGRAO PARA A FILOSOFIA DA MANUTENO
CENTRADA NA CONFIABILIDADE Conforme observado nos captulos anteriores, o paradigma da MP no cenrio estratgico e competitivo das empresas acarreta em diversos danos produtivos. O desafio
proposto sair de uma estrutura onde haja intervenes corretivas e preventivas apenas e
ingressar em uma poltica de manuteno onde os ativos, desdobrados em componentes,
sejam monitorados mantidos pela sua condio. Os grficos abaixo ilustram os cenrios
atuais e o proposto na MRS.
Figura 17: Confronto entre o atual cenrio da MRS e o previsto com a MCC
Fonte: MRS Logstica
Para ser possvel tal enfoque na confiabilidade necessrio, com j citado acima
neste trabalho, o desdobramento do ativo em componentes de forma que haja
rastreabilidade total de todos os itens controlados. Sendo assim a proposta a criao de
uma espcie de hierarquia onde h um ativo pai que contm sub-ativos. O diagrama abaixo
ilustra tal hierarquia.
-
34
Figura 18: Proposta de desdobramento do ativo em componentes rastreveis.
2. CADASTRO DE ATIVOS E COMPONENTES
Para este processo de rastreabilidade imprescindvel que haja um cadastro nico,
centralizado e confivel. Atualmente na empresa isso no ocorre, porm tal ao est
prevista na implementao do projeto MCC. Este cadastro deve ser mantido a partir da
serializao de todos os componentes atravs de uma codificao numrica ou pela
tecnologia de cdigos de barra.
Outra questo importante e que atualmente no praticada no cenrio de
manuteno da empresa uma interface mais coesa entre os sistema de gerenciamento da
operao ferroviria e o sistema de gerenciamento da manuteno. Para a nova proposta
surge a necessidade de agregar contadores aos ativos e componentes cadastrados.
Quando se fala em contadores faz-se referncia a, por exemplo, quilometragem, TKB
(tonelada bruta transportada multiplicada pela quilometragem percorrida pelo ativo), tempo
decorrido, entre outros indicadores que possam parametrizar a condio dos componentes
do ativo.
Atravs do cadastro nico e dos contadores associados a cada componente
permitido ento o monitoramento do ativo e seus componentes que, atravs de parmetros
definidos por estudos de engenharia de manuteno, o setor da empresa responsvel pelo
planejamento e controle da manuteno possa tomar decises quanto ao melhor momento
para a interveno do equipamento.
-
35
3. DEFINIO DE PARMETROS: ANLISE DE FALHAS H um paradigma na histria da manuteno onde a probabilidade de ocorrncia de falha segue uma curva conhecida como curva da banheira, ilustrada abaixo. Tal curva
descreve um comportamento de falhas onde h uma probabilidade maior no nascimento do
ativo, fato este denominado de mortalidade infantil. Passado este tempo entre o
nascimento do ativo e a fase de alta probabilidade de mortalidade infantil, o ativo vive uma
fase de estabilidade de probabilidade de falhas at chegar um momento de desgaste onde
essa probabilidade aumenta novamente. Porm gerir manuteno algo mais complexo
que seguir apenas um modelo especfico. Existe uma infinidade de variveis tais como clima
e aplicao do recurso, que se difere entre as organizaes. Por conta disso cada
organizao deve estruturar sua poltica de definio de parmetros com a finalidade da
criao do melhor cenrio de atuao da manuteno.
Segundo Siqueira (2005) apud NASA (2000), estudos recentes em aeronaves
comprovaram que 89% dos defeitos no-estruturais eram oriundos de componentes cujos
mecanismos de falha no apresentavam taxas de falhas crescentes, como pode ser
observado nos grficos a seguir.
Figura 19: Padres de idade-confiabilidade para equipamentos no estruturais de aeronaves
Fonte: Smith (1993) apud Alkaim (2003)
-
36
Isso mostra que para cada componente, para cada situao e para cada uma das
situaes de utilizao dos equipamentos h um modelo de probabilidade distinto que pode
ser estimado atravs de mtodos que sero expostos abaixo.
Siqueira (2005) apresenta sete modelos mais usuais na Engenharia de Manuteno
para auxiliar nos processos decisrios de estimao da periodicidade e do escopo das
manutenes. So eles:
Explorao de idade Diagramas de Influncia rvore de Eventos Teoria dos Jogos Teoria Bayesiana Processos Markovianos Decises Multicritrios
O objetivo deste estudo no contempla um aprofundamento nesses modelos
supracitados, porm importante salientar a necessidade de profundos estudos de
engenharia de manuteno para que haja parmetros que subsidiem a gesto da
manuteno focada na confiabilidade.
Todos estes estudos vo possibilitar que o planejador da manuteno programe as visitas dos vages aos postos de manuteno aproveitando a chamada janela tima de
manuteno, proposta tambm por Siqueira (2005) e ilustrada a seguir. Essa janela consiste
em intervir no equipamento no momento entre o incio de uma disfuno e a falha, que no
caso do trfego ferrovirio so avarias que provocam a parada do trem.
-
37
Figura 20: Acompanhamento da condio do ativo. Janela tima de manuteno
Fonte: MRS Logstica
No projeto de implementao do sistema de manuteno na MRS centrada na
confiabilidade esto sendo previstos modos e tecnologias para que se possa enxergar de
forma estratgica essa janela. Para isso tem que haver mais pontos de inspeo em locais
oportunistas, tais como pontos de carga e descarga, investimentos mais pesados em
tecnologias de automao e, o mais importante e que j est sendo implementado no
momento de execuo deste trabalho: um sistema de informao nico e integrado onde o
fluxo das informaes seja claro e confivel, pois sem informaes confiveis, a utilizao
das estatsticas se torna invivel para a tomada de decises.
Outra deciso importante que pode ser tomada embasada na curva acima a relao custo/benefcio de recuperar a sade do ativo o levando de volta novamente para
zona normal. Pode haver um momento em que o ativo esteja desgastado de uma tal forma
que seja invivel economicamente investir em intervenes que recupere todas as suas
funes.
4. FUNES SIGNIFICANTES E DETECTABILIDADE DE FALHAS
De acordo com Siqueira (2005) uma funo ser significante se uma falha funcional
vier a provocar efeito adverso no sistema principal, com conseqncias sobre a segurana,
ao meio ambiente, a operao e a economia. Tal avaliao realizada pelos impactos das
falhas funcionais e no por sua importncia ou dimenso, isoladamente. Em paralelo, so
-
38
propostas duas tabelas onde so esquematizadas nveis de detectabilidade de riscos, e tipo
de manuteno por comportamento da falha.
Quadro 7: Matriz de detectabilidade de falhas Nvel Detectabilidade Descrio
1 Fcil Falha detectvel por procedimento operacional 2 Razovel Falha detectvel por inspeo operacional 3 Difcil Falha detectvel por ensaio funcional 4 Muito difcil Falha detectvel apenas por desligamento 5 Impossvel Falha totalmente oculta
Fonte: Siqueira (2005)
Quadro 8: Matriz de ao sobre a evoluo da falha
Evoluo da Falha Ao Tipo de Manuteno Estvel Nenhuma Desnecessria Mensurvel Detectar Inspeo Preditiva Previsvel Antecipar Restaurao ou Substituio Controlvel Controlar Servio Operacional Invisvel Descobrir Inspeo Funcional Visvel Corrigir Manuteno Corretiva Incontrolvel Reparar Reparo Funcional Fonte: Siqueira (2005)
No caso estudado, considerando o ativo desdobrado em componentes, pode-se
montar uma anlise de cada componente no que tange seus nveis de detectabilidade e o
tipo de ao tomada para controlar e agira sobre as falhas potenciais.
O aparelho de choque e trao tem um nvel de detectabilidade muito difcil onde a
falha s pode ser prevista por um ensaio funcional com a indisponibilidade do equipamento,
pois a tecnologia utilizada para detectar uma possvel falha, o ultra-som, s possvel
dentro dos postos de manuteno o que fora o desvio do vago para a oficina e
conseqentemente sua indisponibilidade para a operao. No ponto de vista da evoluo da
falha, foi classificada como invisvel, onde s a ao tomada descobrir a falha atravs
de uma inspeo funcional.
Em relao ao truque seu nvel de detectabilidade classificado como razovel,
pois sua condio pode ser monitorada por inspees operacionais que podem ser
realizadas simultaneamente a eventos operacionais como carga e descarga, pesagem,
entre outros. A ao a ser tomada corrigir atravs de uma manuteno corretiva assim
que o veculo tiver uma oportunidade de visitar um posto de manuteno sem que haja
impacto no trfego ferrovirio.
O rodeiro um componente que aparece com um certo destaque na empresa por se
tratar de um componente que possui tecnologias de ltima gerao capazes de automatizar
inspees preditivas. H treze equipamentos instalados em pontos estratgicos da malha
-
39
ferroviria que geram informaes quanto a desgaste de rolamentos, atravs da aferio da
temperatura dos rolamentos pela radiao infravermelha. Porm o conjunto rodeiro, no
composto apenas de rolamentos e h outros tipos de avarias que podem resultar em falhas,
como, por exemplo, a alterao do perfil da rodas que, se no tratado no momento e de
forma correta, pode resultar no descarrilhamento dos vages. Portanto, este componente foi
classificado quanto detectabilidade como razovel, pois s possvel a deteco
antecipada da falha atravs de uma inspeo operacional com a aferio das medidas das
rodas.
J o sistema de freio, por ser composto de diversos sub-componentes, tem sua
capacidade de deteco de falha classificada como razovel por necessitar de inspees
operacionais de mantenedores em todos os sub-componentes, tais como mangueiras,
reservatrios, sapatas, etc. A ao recomendada para suprimir a possvel falha
antecipar, promovendo a restaurao e a substituio de sub-componentes que venham a
apresentar sinais de desgaste.
-
40
CAPTULO V CONCLUSES
As elevadas taxas de crescimento a nveis econmicos das indstrias
mundiais trazem consigo a necessidade de melhoria no que tange a gesto empresarial. A
Gesto da Manuteno aparece neste cenrio como uma oportunidade de otimizao de
sistemas produtivos envolvendo reduo de custos e de investimentos em equipamentos
novos. Manter os ativos disponveis se torna um desafio extremamente necessrio para a
estratgia de crescimento e desenvolvimento empresarial.
Outro ponto tratado neste trabalho e que vem sendo constantemente tratado no
universo empresarial a quebra de paradigmas, ou em outras palavras, simplesmente,
mudana. Implementar qualquer tipo de cultura ou filosofia nas quais a organizao no
est preparada ou familiarizada, algo que se tornou imprescindvel para o posicionamento
das empresas no mercado mundial, principalmente em pases em desenvolvimento, como o
Brasil.
No caso da MRS Logstica, onde h uma projeo de crescimento para os prximos
anos em escalas extremamente superiores prpria projeo de crescimento da economia
nacional, puxada pela demanda chinesa de minrio de ferro, implementar mudanas e
quebrar paradigmas so palavras chaves para o posicionamento da empresa nestes
cenrios prospectivos.
A atual maneira na qual a empresa conduz a gesto da manuteno de seus ativos,
conforme dados expostos em captulos anteriores, no capaz de subsidiar o processo de
atendimento ao cliente, onde alm dos altos ndices de indisponibilidade de ativos o
transtorno operacional/logstico ocasionado pelas manobras e desvios de vages avariados
ao longo da malha ferroviria acarreta perdas produtivas que, fatalmente, impediro a
organizao de atingir os nveis projetados de crescimento de toneladas teis transportadas.
O paradigma da Manuteno Preventiva cclica, baseado na idade dos ativos, aos
poucos vem sendo quebrado, sobretudo aps a difuso dos conceitos da MCC. No estudo
de caso apresentado neste trabalho, observou-se deficincias apresentadas por estes
modelos de preveno onde altos ndices de retrabalho fazem evidenciar a
supermanuteno, ou seja, manutenes desnecessrias, e a dificuldade de
acompanhamento da sade do ativo, que conseqentemente acarreta na impossibilidade de
deteco de falhas potenciais.
O projeto de migrao da gesto da manuteno da MRS Logstica para um cenrio
centrado na confiabilidade, apesar de, at o trmino deste trabalho, estar em fase de projeto
de implementao, traz novas propostas que certamente iro confrontar de forma positiva
com o atual modelo. Aes como controlar componentes ao invs de ativos, adicionar
-
41
contadores de parmetros diretamente a cada componente promovendo a rastreabilidade
dos mesmos, j traz melhorias que certamente iro colocar processo de disponibilizao de
ativos da Companhia em uma posio que no seja um gargalo para as taxas de
crescimentos previstas.
Findado o estudo ratifica-se a importncia do ato de estreitar a distncia entre a
academia e as organizaes para que assuntos como este, a Manuteno Centrada na
Confiabilidade, sejam difundidos no meio acadmico e, em contrapartida, estes trabalhos
possam contribuir de forma substancial para a implementao de novos projetos de
mudana de foco na gesto da manuteno de outras empresas.
-
42
BIBLIOGRAFIA
ALKAIM, Joo Luiz. METODOLOGIA PARA INCORPORAR CONHECIMENTO INTENSIVO S TAREFAS DE MANUTENO CENTRADA NA CONFIABILIDADE APLICADA EM ATIVOS DE SISTEMAS ELTRICOS. 2003. 239 f. Tese (Doutorado) - Curso de Engenharia de Produo, UFSC, Florianpolis, 2003.
ALMEIDA, Mrcio Tadeu de. Manuteno Preditiva : Confiabilidade e Qualidade. Itajub:
2000. 5 p. Disponvel em: . Acesso em: 10 out. 2007.
MARQUES, F.T.M et al. Sistemas de Controle de Manuteno. Itajub: UNIFEI, 2003. MAYNARD, H. B.. Manual de Engenharia de Produo. So Paulo: Edgard Blcher Ltda,
1970. 179 p. MOREIRA, Evandro Lus de Mello. Anlise da Implementao da Manuteno Produtiva
Total na rea de Estamparia em uma Empresa do Setor Automobilstico. 2003. 52 f. Monografia (Especializao) - Universidade de Taubat, Taubat, 2003.
MRS LOGSTICA (Brasil). Institucional da Empresa. Disponvel em:
. Acesso em: 18 nov. 2007. NATIONAL AERONAUTICS AND SPACE ADMINISTRATION. Reliability Centered
Maintenance Guide for Facilities and Collateral Equipment. Washington, 2000. 356 p. RELIASOFT BRASIL. Manuteno Centrada em Confiabilidade. So Paulo, 2006. 142 p. SLACK, Nigel; CHAMBERS, Stuart; JOHNSTON, Robert. Administrao da Produo. 2. ed.
So Paulo: Atlas, 2000. 747 p. SIQUEIRA, Iony Patriota de. Manuteno Centrada na Confiabilidade: Manual de
Implementao.1. ed. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2005. 408 p. TAKAHASHI, Yoshikazu; OSADA, Takashi. Manuteno Produtiva Total. So Paulo:
Instituto Iman, 1993. 322 p. WYREBSKI, Jerzy. MANUTENO PRODUTIVA TOTAL - UM MODELO ADAPTADO.
1997. Dissertao (M.sc) - UFSC, Florianpolis, 1997. Disponvel em: . Acesso em: 10 out. 2007.