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UNIVERSIDADE DE MOGI DAS CRUZES

EDUARDO FRATARI PAES LEME

OPTOMETRIC-LAB: UMA FERRAMENTA

VIDEOGRAMETRICA PARA QUANTIFICAÇÃO DA

MOVIMENTAÇÃO OCULAR

MOGI DAS CRUZES, SP

2010

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Universidade de Mogi das Cruzes

Eduardo Fratari Paes Leme

OPTOMETRIC-LAB: UMA FERRAMENTA

VIDEOGRAMETRICA PARA QUANTIFICAÇÃO DA

MOVIMENTAÇÃO OCULAR

Prof Orientador: Dr Daniel Gustavo Goroso

Mogi das Cruzes, SP

2010

Dissertação apresentada ao curso de

Mestrado em Engenharia Biomédica da

Universidade de Mogi das Cruzes como

parte dos requisitos para a conclusão do

curso de mestrado.

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FICHA CATALOGRÁFICA Universidade de Mogi das Cruzes - Biblioteca Central

Leme, Eduardo Fratari Paes

Optometric-Lab : uma ferramenta videogrametrica para quantificação da movimentação ocular / Eduardo Fratari Paes Leme. – 2010.

115 f.

Dissertação (Mestrado em Engenharia Biomédica) - Universidade de Mogi das Cruzes, 2010

Área de concentração: Processamento de Sinais e Imagens Médicas

Orientador: Profº Drº Daniel Gustavo Goroso

1. Videogrametria 2. Estrabismo 3. Oftalmografia 4. Optometria 5. Oftalmologia I. Goroso, Daniel Gustavo

CDD 610.28

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DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho aos meus pais, aos meus

irmãos, à minha esposa...

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AGRADECIMENTOS

Com grande gratidão tenho em todos da equipe de docentes, discentes e servidores da

Universidade de Mogi das Cruzes, por me possibilitarem a chegar ao fim desta etapa para a

construção do meu conhecimento, em primeiro lugar venho agradecer ao Professor Doutor

Daniel Gustavo Goroso pelos préstimos em me orientar na execução de minhas atividades

acadêmicas, me instruindo e me corrigindo segundo os preceitos da ética e do conhecimento.

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EPÍGRAFE

"No final tudo dá certo, se não deu certo e porque não

chegou no final, faça da adversidade uma oportunidade ''

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RESUMO

Neste trabalho foi desenvolvida uma ferramenta videogramétrica, que permite quantificar

variáveis biomecânicas dos olhos com acurácia, baixo custo e reprodutibilidade das medidas. As

variáveis quantificáveis pela ferramenta são: Distância pupilar para a confecção de óculos (DP),

movimentação ocular em graus (°) levantado durante os testes de oclusão, versão e ducções

oculares realizados na clínica oftalmológica. A ferramenta desenvolvida que visa principalmente a

precisão na obtenção desses resultados é denominada optometric-lab e é constituído por uma

cúpula de madeira de 110cm de largura por 40cm de profundidade e 60cm de altura. O interior da

cúpula foi iluminada no topo, cuja função é controlar a intensidade da luz. A ferramenta também é

composta por três câmeras de vídeo analógicas sony daylight, que estão ligadas à placa de captura

GEOVISION gv800. Durante o monitoramento a posição dos olhos foi definida através do centro

geométrico da íris. A posição dos supercílios foi delimitada pela fixação de marcadores não

invasivos na face do sujeito experimental. A validação da instrumentação foi realizada em virtude

do comportamento de um pêndulo com freqüência de oscilação variável. A ferramenta

videogramétrica possui sincronismo de captação de imagens em relação à velocidade. A

correlação entre os dados reais e aqueles medidos pelo optometric-lab é igual a 0.99. O erro de

sincronismo (α=0.05) foi de 3,5%, o erro quanto à medida de distância equivale a 1,2%. Os

procedimentos experimentais consumiram 64±20s. A aplicação do optometric-lab na avaliação da

motilidade dos olhos mostra-se mais precisa do que a avaliação tradicional ortóptica. A aplicação

do optometric-lab possibilitará a melhora na conduta profissional ante a avaliação diagnóstica e

tratamento de estrabismos por realizar um maior número de avaliações por segundo, apresentar a

velocidade e aceleração do olho durante o exame em função do tempo.

Palavras chaves: videogrametria, estrabismo, oftalmografia, movimentos oculares,

optometria

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ABSTRACT

This work developed a estereophotogrammetry tool for quantification of biomechanical

variables of eye movements with more accuracy, lower cost and measure reproducibly. The

variables pupilar distance to make eye glasses, eye movimentation in degree (°) in cover test,

eye versions, and ductions in ophthalmic clinic to get more precision in data records. The

dispositive was named Optometric-Lab, it was corporate by a wood cupola of dimensions

height 110 cm width 40cm and depth 60cm. In the cupola was a illumination system with 6

(six) light bulbs in top, it function was control light intensity. The instrument was compound

by tree analogical video cameras Sony daylight triggered in A/D board GEOVISION GV80.

During the experiments eye positions was computed by iris geometrical center, eyebrow

position was quantified by non invasive markers on subjects faces. The instrumental

validation was made by metronome flywheel variable frequency. This tool has image

acquisition synchronism. The correlation of real data with optometric lab measure was 0,99.

Error of synchronism (α=0,05) was 3,5%, measures errors was 1,2%. The experimental time

was 64±20s. Applications of optometric lab in eye motility analysis cold improve professional

conduct in diagnosis and treatments of strabismus because more quantification per second,

show eye speed and acceleration per second in the examination.

Key word: Stereophotogrammetry, estrabismus, eye tracking, eye movements, optometry.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1: Corte medial do globo ocular o qual possibilita a visualização do sistema óptico

ocular. ....................................................................................................................................... 21

Figura 2: Foto da retina em vivo a qual possibilita a visualização do disco óptico,

vascularização central da retina, região macular e fóvea. ........................................................ 22

Figura 3: Representação gráfica da inserção orbital (O), inserção escleral (IE), inserção

fisiológica (IF) e arco de contato (AC). .................................................................................... 23

Figura 4: Visão da musculatura extrínseca ocular no interior da orbita. .................................. 24

Figura 5. Representação dos pontos de interesse para a determinação da posição de montagem

das lentes. DNPOD: Distância naso-pupilar para olho direito; DNPOE: Distância naso-pupilar

para olho esquerdo. PMP: Ponto médio da ponte. .................................................................... 26

Figura 6. Teste de oclusão em modelo de olho estrábico, o qual na figura 6a possui um

estrabismo latente, na figura 6b o olho desviado realiza uma fixação pela oclusão do olho

contralateral, figura 6c por meio de um prisma a re-fixação é inibida, e isso pode-se

quantificado o desvio. ............................................................................................................... 27

Figura 7: Versão. Na figura a, os olhos normais estão olhando para a seta a cima

(supraversão), na figura b ocorre o mesmo caso, no entanto apenas o olho direito realiza o

movimento, isso ocorre por causa da paralisia do músculo reto superior do olho esquerdo

(MRSOE). ................................................................................................................................. 28

Figura 8 : Posições diagnósticas utilizadas nas versões. .......................................................... 29

Figura 9: Régua da RAF, na figura veja no porção superior esquerda um apoio onde o

examinador apoia o instrumento, na porção média da figura está o estímulo o qual o paciente

deve manter a fixação ocular, na porção inferior direita existe uma bifurcação com a

finalidade de apoiar a extremidade distal do aparelho sobre a face do paciente na porção

zigomática. ................................................................................................................................ 30

Figura 10: Vias de ligação do olho ao cérebro. ........................................................................ 31

Figura 11: Reresetação do sistema de controle dos movimentos oculares de Pierrot-Deseillign

et al 2004. ................................................................................................................................. 34

Figura 12: Eixos de Fick os quais representam os graus de liberdade do movimento dos olhos.

.................................................................................................................................................. 35

Figura 13: Desvios verticais e horizontais, simulação para o olho direito (figura composta por

uma simulação de alcon institute). ........................................................................................... 38

Figura 14: Representação gráfica de um scleral search coil (fonte busca internet). ................ 41

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Figura 15: Pessoa realizando exame de video-oculografia, uma câmera visualiza a posiçãodos

olhos do sujeito experimental, esse sujeito está com a cabeça apoiada enquanto os olhos fixam

algum estímulo. ........................................................................................................................ 42

Figura 16: OPTOMETRIC-LAB desenvolvido nas dependências da UMC. (a) cameras ccd

infravermelhas SONY, (b) Apoio para cabeça, (c) Cúpula com iluminação, (d) Computador,

(e) mesa, (f) ajuste de altura. .................................................................................................... 50

Figura 17: Representação dos eixos ortogonais ....................................................................... 51

Figura 18: enquadramento do volume de calibração (a) (armação de calibração) pelas três

câmeras (c), que constituem o sistema de captação de vídeo, observe que cada câmera é capaz

de visualizar todas as hastes (a) do ponto mais baixo ao ponto mais alto conferindo o

monitoramento do volume pelo sistema de captação de imagens. ........................................... 52

Figura 19: Imagem digital a qual o quadro a define as coordenadas de tela a que tem função

de plano comparador para a aquisição da trajetória do movimento ......................................... 53

Figura 20: A figura mostra o sistema de controle de iluminação no interior da capine, este

sistema tem por função controlar e conferir a incidência de luz durante o procedimento

instrumental. ............................................................................................................................. 55

Figura 21. Metrônomo, este instrumento é usualmente aplicado no ensino e treino de músicos,

veja o transferidor 180 graus alinhado ao centro de rotação do pêndulo (c). ........................... 56

Figura 22. Tela de trabalho do software VIDEO LOG; no centro é visualizado o vídeo; na

porção inferior do lado direito existe um relógio com mostrador digital; na porção infero-

central a barra de tempo, e botões de controle da visualização do vídeo; na porção direita veja

a barra de ferramentas e edição do vídeo; na janela anexa veja os vídeos disponíveis por data.

.................................................................................................................................................. 57

Figura 23. Grade inclinada sobre plano, veja os pontos simetricos sobre o plano da grade. ... 58

Figura 24. Phantom, na porção superior do prolongador estão as esferas com dimensões

próximas ao do olho humano; estes olhos são movimentados por um eixo de motor de passo;

os motores estão sendo suspensos por uma placa plástica comum. ......................................... 59

Figura 25: Esquema de montagem do motor de passo (a) ligado à porta paralela (b) do CPU

(c) que possui uma esfera (d) na estremidade do eixo (e) que translada 7.5º segundo a rotina

steppermotorzz (f) a qual ativa as bobinas 1 e 2, à freqüência e período determinados. ......... 60

Figura 26. Apoio Para cabeça, veja o apoio de cabeça onde o sujeito experimental deve

posicionar-se durante o procedimento experimental. ............................................................... 61

Figura 27. Esquema de correção das distorções radiais em vídeo, por meio dos programas a

MOVIEMAKER, b FREE VIDEO TO JPG, c GML UNDISTORTER e d PHOTOLAPSE. . 62

Figura 28: esquema 2D de representação do movimento do pendulo em torno de um centro de

rotação, por meio dos dados no sistema cartesiano foi possível quantificar o ângulo de rotação

do pêndulo. ............................................................................................................................... 63

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Figura 29: a Representação gráfica da reconstrução dos pontos medidos da grade inclinada b

em relação à referência 0, Psr é o ponto de referência na grade e Psn são os pontos que

constituem a grade. ................................................................................................................... 64

30: as linhas pontilhadas representam a norma dos pontos da grade em relação a Pcn, as linhas

contínuas representa o sistema de coordenadas adotado. ......................................................... 65

Figura 31: Modelo de determinação do ângulo de movimentação dos olhos de Zhu e Yang

(2002), O’ representa o centro de rotação do olho, theta é o ângulo de movimentação, r é o

vetor raio de rotação e l equivale ao vetor deslocamento, esta imagem representa um corte

sagital do olho para facilitar a visualização .............................................................................. 65

Figura 32: Representação gráfica da quantificação do ângulo de rotação θ do olho por meio da

obtenção da coordenada de dois pontos P1 e P2, sendo raio r dado......................................... 66

Figura 33: O retângulo e mostra a freqüência do ruído durante o procedimento experimental

com phantom. O eixo vertical representa a movimentação em graus e o eixo horizontal a o

espectro da frequência. ............................................................................................................. 67

Figura 34: Avatar da movimentação ocular construído no V-Realm builder version 2.0 para a

reprodução dos resultados do procedimento experimental....................................................... 69

Figura 35. Modelo de fixação de marcadores não invasivos sob a pele, Ilustração de ADAM.

.................................................................................................................................................. 71

Figura 36. Gráfico da trajetória angular do pêndulo não filtrado em função do tempo,

visualize o comportamento senoidal da função da trajetória do movimento da partícula de

interesse. ................................................................................................................................... 72

Figura 37: Gráfico da trajetória angular do pêndulo filtrado em função do tempo, em azul fina

a trajetória em relação ao valor dos ângulos não normalizados; em asteriscos vermelhos a

trajetória dos ângulos normalizados, a freqüência da onda foi calcula a em função do tempo

de cada período como visto na seta sobre os dois primeiros picos da onda filtrada e

normalizada. ............................................................................................................................. 73

Figura 38. Gráfico da barra de erro sobre o sincronismo entre câmeras. Veja a simetria de

resultados entre as medidas dadas pelo optometric-lab e o período do metrõnomo, de 20 à 80

ciclos por minuto com há grande correlação. ........................................................................... 75

Figura 39. Gráfico da análise e ajuste da calibração à 95% de confiança, alinha vermelha

mostra a regressão linear dos dados ajustados, os pontos em azul são os valores brutos do

optometric-lab, a linha vermelha fraturada mostra o intervalo de confiança. .......................... 76

Figura 40. Reconstrução tridimensional dos pontos da grade inclinada em milimetros, os

pontos foram reconstruídos sobre os três eixos ortogonais, é notório a simetria entre eles. .... 77

Figura 41. Gráfico boxplot das medidas realizadas em 5 tentativas distintas, em vermelho

mostra a médiana dos pontos, a lina azul inferior mostra o primeiro quartil, a linha azul

superior mostra o terceiro quartil, as linhas pretas mostram os valores mínimos e máximos.. 78

Figura 42. Gráfico boxplot dos erros nas medidas da grade inclinada. .................................... 78

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Figura 43. Gráfico boxplot dos erros experimentais na medida do comprimento do pêndulo

em fase dinâmica, observe a simetria de erros entre os dois procedimentos experimentais. ... 79

Figura 44: gráficos da translação do motor filtrada, os picos representam as posições do eixo

do motor em graus, o vale da onda representa a posição inicial do eixo do motor e o ápice

representa a posição final. ........................................................................................................ 80

Figura 45: Gráfico boxplot da movimentação da face durante os experimentos com seres

humanos, a mediana corresponde a mediana 0,12mm e a maioria dos dados estão no intervalo

de -0,3mm à 0,67mm. .............................................................................................................. 81

Figura 46: Sinal não filtrado da posição do olho em milímetros no eixo horizontal em função

dos quadros adquiridos a uma freqüência de 27 por segundo. ................................................. 82

Figura 47: Sinal filtrado da posição do olho em graus no eixo horizontal em função do tempo

.................................................................................................................................................. 82

Figura 48: Velocidade (°/s) do olho durante o procedimento experimental. ........................... 83

Figura 49: A figura mostra a aceleração (°/s2) durante o procedimento experimental em

função do tempo. ...................................................................................................................... 84

Figura 50: A figura apresenta a variação do DP em função do tempo. .................................... 84

Figura 51: Medida dinâmica do DP em seis procedimentos experimentais distintos, a vertical

do gráfico representa o tempo em (s) e a horizontal a movimentação em mm. ....................... 85

Figura 52: Comparação dos resultados obtidos por meio de freqüências de aquisção diverentes

(25Hz e 75Hz). Em A foi medido a resposta acomodativa em função do tempo (s), A figura B

descreve a velocidade em °/s em função do tempo (s) e em C a aceleração em °/s2 em função

do tempo (s). ............................................................................................................................. 87

Figura 53. Fontes de erros. ....................................................................................................... 90

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 Tipos de células fotoreceptoras e suas características. .............................................. 21

Tabela 2: Vias visuais ............................................................................................................... 32

Tabela 3: Classificação funcional dos movimentos oculares humanos .................................... 35

Tabela 4: Dados do procedimento experimental de validação do sincronismo entre câmeras. 74

Tabela 5: Sistemas de quantificação em biomecânica, freqüência, erro e desvio padrão na

validação. .................................................................................................................................. 92

Tabela 6: Descrição breve de oftalmógrafos e seus dados técnicos. ........................................ 93

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LISTA DE ABREVIATURAS

°/s Graus por Segundo

AC Arco de Contato

ACC Córtex Cingulado Anterior

AVI Audio Video Interleave

CCD Charge-coupled device

CEF Campo Visual Cingular

CGL Corpo geniculado lateral

cpm Ciclos por minuto

DLPFC Córtex Dorsolateral Pré-frontal

DLT Transformação Linear Direta

DNP Distância Naso-Pupilar

DNPOD Distância Naso-Pupilar olho Direito

DNPOE Distância Naso-Pupilar olho Esquerdo

DP Distância Pupilar

EOG Eletro-Oculograma

FEF Campo Ocular Frontal

IE Incerção Escleral

IF Incerção Fisiológica

IPL Firu Fupramarginal e Firo Angular

IPS Sulco Intra-Parietal

MRSOE Músculo Reto Superior do Olho Esquerdo

O Origem

OI Obliquo Inferior

OS Obliquo Superior

PCC Córtex Cingular Posterior

PEF Campo Ocular Parietal

PEM Movimento de Perseguição Ocular

PMP Ponto Médio da Ponte

PPC Ponto Próximo Convergente

RAF Força Aérea Real

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REM Movimentos Rápidos dos Olhos

RI Reto Inferior

RL Reto Lateral

RM Reto Medial

RMF Ressonância Magnética Funcional

RS Reto Superior

SEF Campo Ocular Suplementar

SNC Sistema Nervoso Central

SPL Lobo Superior Parietal

V1 Cortex Visual Primário

V2 Cortex Visual Secundário

V3 Córtex Visual Terciário

VENG Vectoelectronistagmografia

Δ Dioptria Prismática ou Prima Dioptria

Φ Ângulo do desvio ocular

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 16

1.1 OBJETIVOS ..................................................................................................................... 19

1.1.1 Objetivo Geral ............................................................................................................................................ 19 1.1.2 Objetivos específicos ................................................................................................................................... 19 1.2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ................................................................................... 20

1.3 MÉTODO DE ESTUDO DO MOVIMENTO DOS OLHOS "EYE TRACKING" .... 40

2 ESTADO DA ARTE ............................................................................................................ 42

2.1 AVALIAÇÃO DA MOTILIDADE OCULAR EM CIÊNCIAS DA VISÃO .............. 43

2.2 AVALIAÇÃO DA MOTILIDADE POR MEIO DA OCULOGRAFIA ..................... 47

3 METODOLOGIA ................................................................................................................ 49

3.1 MATEIRAIS E MÉTODOS ............................................................................................ 49

3.1.1 Montagem do Optometric-lab ................................................................................................................... 49 3. 1.2 Definição do Volume de Calibração. ........................................................................................................ 50 3. 1. 3 Modo de calibração virtual ...................................................................................................................... 52 3.1.4 Método de calibração ................................................................................................................................. 52 3. 1.5 Obtenção das coordenadas ....................................................................................................................... 53 3. 1.6 Reconstrução das coordenadas ................................................................................................................. 54 3.1.7 Controle da iluminação .............................................................................................................................. 55 3.1.8 Construção de calibrador aferidor............................................................................................................ 56 3. 1.9 Construção da grade inclinada ................................................................................................................. 57 3.1.10 Construção de Phantom ........................................................................................................................... 58 3.1.11 Sistema de captação de imagens .............................................................................................................. 60 3.1.12 Apoio para cabeça. ................................................................................................................................... 61 3.1.13 Correção das distorçoes radiais ............................................................................................................... 62 3.2 PROCEDIMENTOS MATEMÁTICOS ............................................................................ 63

3.2.1 Algoritimo de quantificação de variáveis mecânicas do calibrador. ...................................................... 63 3.2.3 Algoritimo de quantificação da posição dos pontos sobre a grade inclinada ........................................ 64 3.2.4 Algoritimo de quantificação de variáveis biomecânicas oculares. ......................................................... 65 3.2.5 Filtragem dos dados ................................................................................................................................... 67 3.3. PROCEDIMENTOS EXPERIMENTAIS PARA VALIDAÇÃO. .............................. 68

3.5 PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL EM SERES HUMANOS .............................. 69

4 RESULTADOS .................................................................................................................... 72

4.1 VALIDAÇÃO QUANTO O SINCRONISMO TEMPORAL DA AQUISIÇÃO DAS

IMAGENS ................................................................................................................................ 72

4.2 APLICAÇÃO DA METODOLOGIA EM SERES HUMANOS .................................. 80

5 DISCUSSÃO ........................................................................................................................ 86

5.1 QUANTIFICAÇÃO POR MEIO DE INSTRUMENTOS OS MOVIMENTOS DOS

OLHOS NA PRÁTICA CLÍNICA ........................................................................................ 86

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5.2. FONTES DE ERROS ...................................................................................................... 88

5.3. COMPARAÇÃO COM INSTRUMENTAÇÃO CONSAGRADA ............................. 92

6 CONCLUSÃO ...................................................................................................................... 95

7 TRABALHOS FUTUROS .................................................................................................. 96

REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 97

ANEXOS ................................................................................................................................ 105

APENDICES .......................................................................................................................... 107

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1 INTRODUÇÃO

A visão é um sentido muito importante para o ser humano. Segundo Aléxis Fedosseeff

(1998), “a palavra visão designa a capacidade mental consciente de transformar impulsos

luminosos incidentes sobre a retina em imagens tanto mais reais e evidentes quanto mais

sensível for o órgão da percepção”. É por isso que tal capacidade é muito importante ao

homem. A visualização de uma imagem requer um processamento neural, o qual deve possuir

o poder de captação e sensibilização na presença da luz, e o entendimento sobre forma dos

objetos.

A incidência da luz sobre a retina desencadeia processos corticais, gerando o

entendimento sobre volume, cor, contraste e esteriopsia, que são as possíveis nuances de

detalhes sobre a identificação existentes sobre a cena.

Os estrabismos são alterações sensórias e/ou motoras da visão binocular. A origem dos

estrabismos está associada a erros nos processamento da imagem visual e ao controle da

musculatura extra ocular por meio do sistema nervoso periférico. Os exames motores oculares

são as ferramentas diagnósticas mais empregadas para detecção de estrabismos. Quando

ocorre a detecção do estrabismo seu tratamento pode ser iniciado. Com o resultado do exame

realizado a propedêutica e prevenção da ambliopia, por exemplo, pode ser definido.

A avaliação da motilidade ocular e visão binocular têm papel de suma importância no

atendimento da população (VON NORDEM, 2002) e na preservação de sintomas associados a

essa causa na clínica oftalmológica, optométrica e ortóptica.

A investigação em ciências da visão requer a aplicação de um sistema de medidas das

variáveis biomecânicas visuais, como parte de grande importância para uma avaliação do

sistema visual, aplicada ao exame ocular e sua terapêutica (ADLER et al., 2007;

GROSVERNOR, 2002; RHEIN & LEME, 2009 ).

Segundo Bicas (2004), "Binocularidade, em seu sentido mais amplo é o termo que se

aplica à capacitação de apreender estímulos visuais com os dois olhos"; para que seja possível

a visualização de alvos e mundo com a visão binocular, o sistema que realiza a motilidade

ocular deve ser saudável.

As avaliações sonsório-motoras são metodologias que quantificam o estado sensório

motor da visão binocular com grande carga de subjetividade na clinica prática. Existem

instrumentos que realizam a oculografia. Eles são bastante precisos, no entanto, não estão à

disposição na aplicação clínica em virtude do preço, dificuldade de manuseio por parte do

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17

operador e incompatibilidade de aplicação em testes clínicos específicos como teste de

oclusão por exemplo.

Mesmo para a produção de um simples óculos ao exame médico, as medidas aplicadas

aos olhos influenciam a conduta profissional. Os exames das posições dos olhos são eventos

muito sutis, levando o profissional a um trabalho muitas vezes questionável na orientação do

desvio, na quantificação da medida do desvio dos olhos, e na observação da simetria dos

movimentos oculares.

Quando há a existência de estrabismos, existem problemas em relação ao

comportamento da motilidade ocular. O indivíduo pode perder esteriopsia e até visão

binocular, sentir cefaléia e vertigens, os olhos podem apresentar hiperemia e, muitas vezes, há

ainda a má aparência por causa da assimetria das posições dos olhos.

Desta forma, uma instrumentação baseada nas ciências exatas pode levar a condutas

mais precisas nas detecções de patologias neurológicas, fabricação de ortoses ópticas, exames

motores oculares aplicados ao diagnóstico diferencial de estrabismos, entre outras.

Atualmente, as medidas das variáveis biomecânicas referente ao movimento dos olhos

e dos supercílios são de caráter observacional. O examinador realiza uma avaliação com

grande carga de subjetividade quanto ao resultado final da avaliação, o que muitas vezes gera

problemas de repetitividade, reprodutibilidade, precisão e acurácia dos resultados.

Acresce-se a isso, o fato dos recursos atuais não disponibilizarem a documentação dos

testes realizados pelos examinadores, inviabilizando as análises da evolução do quadro clínico

de muitos pacientes, além de levarem os profissionais a realizarem avaliações subjetivas dos

testes, pois eles discernem a olho nu o padrão de movimentação sem critérios exatos para a

obtenção do resultado.

A melhoria dos serviços médicos, e aviamento de prescrições oftálmicas devem ser

precedidos por metodologias confiáveis e validadas segundo sua eficácia.

Muitas vezes condutas iatrogênicas frente à terapia, e tratamento ocorrem em virtude

de medidas equivocadas, como as que levam o profissional a erros de diagnósticos em

estrabismos. Por outro lado, a metodologia de fotogrametria aplicada à visão já é amplamente

explorada em estudos da cognição e neurociências, em virtude da ligação entre o foco de

atenção e a posição dos olhos.

A quantificação clínica das variáveis biomecânicas oculares está ligada à aspectos de

subjetividade do examinador e, nesse sentido, a aplicação de uma metodologia mais precisa

busca melhorar a qualidade dos serviços prestados na clinica oftalmológica.

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No presente trabalho, foi desenvolvida uma ferramenta fotogramétrica com o objetivo

de quantificar variáveis biomecânicas visuais, as quais servem de insumos para a realização

de diagnósticos na clínica oftalmológica, no que tange a estrabismos e anomalias da

motilidade ocular. Os resultados alcançados são superiores quanto à precisão da metodologia

ortóptica tradicional, apresentando baixo custo de implantação em relação à metodologias de

vídeo-oculografia consagradas.

Assim, por meio de argumentos tais como precisão por e baixo custo de implantação,

a ferramenta videogramétrica optometric-lab visa introduzir maior confiabilidade aos exames

da motilidade ocular na definição, classificação e quantificação de estrabismos.

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1.1 OBJETIVOS

1.1.1 Objetivo Geral

O objetivo do trabalho é desenvolver um conjunto de ferramentas

videogrametricas, que permitam quantificar variáveis biomecânicas oculares durante teste

de oclusão, versões e ducções.

1.1.2 Objetivos específicos

I. Validação da metodologia videogramétrica proposta a partir de um phantom com

deslocamentos e velocidades controlados por frequencímetro

II. Quantificar as seguintes variáveis:

Distancia naso-pupilar (DNP): Medida estática entre reflexos corneanos

compatível com as aplicações oftálmicas.

Ângulo do desvio ocular (φ): Medida cinética em estrabismos por meio do

monitoramento da oclusão ocular.

Definição do tipo de estrabismo por varável qualitativa de acordo com

comportamento dinâmico do movimento ocular.

Medida da posição em milímetros do supercílio em função do tempo.

Page 23: Analise Biomecanica Visual Finalcorgbibli

20

1.2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

1.2.1 Visão e movimentação ocular

O ser humano é capaz de adotar uma série de movimentos oculares, para a varredura

de localização de objetos no espaço. A movimentação ocular controlada pelo corpo requer

uma complexa interação entre os componentes do sistema neural, cortical e muscular

(GROSVERNONOR, 2002; MEYER 2002; NONAKA et al., 2007).

O sentido visual implica na captação da energia luminosa pelos olhos, na formação de

uma imagem pelo sistema óptico ocular sobre a retina, por meio dela ocorre a transdução da

energia fotóptica em sinal bioeletroquímico e a decodificação do sinal bioeletroquímico será

realizado a nível cortical e retiniano afim de formar uma cena visual e associá-la a rastros

mnemônicos, emoções e associar a visão a outros sentidos.

A visão do homem está organizada em relação a dois olhos que trabalham em

sincronismo, em outras palavras, trata-se da binocularidade. Este sincronismo se dá pela

inervação recíproca exercida pelo nervo óptico, que liga os dois olhos ao córtex visual, e pela

simetria dos movimentos, que leva os olhos a produzirem imagens passivas de fusão

(sobreposição de imagens) a níveis corticais (GROSVERNONOR, 2002; MEYER 2002;

RHEIN & LEME, 2009).

1.2.2 Anatomia ocular básica

A imagem será projetada sobre a retina por meio do sistema óptico ocular. Observando

(figura 1) um corte do olho, pode-se identificar a córnea, o humor aquoso e o corpo vítreo,

que formam o aparelho óptico. (KAHLE e FROTSCHER, 2003 apud FIGUEIRA 2007).

Page 24: Analise Biomecanica Visual Finalcorgbibli

21

Figura 1: Corte medial do globo ocular o qual possibilita a visualização do sistema óptico

ocular.

Na retina existem células que transformam imagens em energia química, essas células

são denominadas fotorreceptoras. Existem dois tipos de células fotorreceptoras as células

cones e bastonetes as quais trabalham com a visão de estímulos específicos, na tabela 1 estão

descritas as características dessas células (KANDEL, 2003).

TABELA 1: TIPOS DE CÉLULAS FOTORECEPTORAS E SUAS CARACTERÍSTICAS.

BASTONETES CONES

Alta sensibilidade à luz, células

expecializadas na visão noturna

Especializada na visão diurna

Baixa acuidade Alta acuidade

Visão monocromática Possibilitam a visão cromática

Na porção nasal à 15° (figura 2) se encontra o disco óptico, o qual possibilita a ligação

do olho com o SNC por meio de nervo óptico. Do centro do nervo óptico emergem vasos que

contribuem para a vascularização da retina conhecidos como veias e artérias centrais da

retina. Existe uma porção onde não existem esses vasos, nesta área se encontra a mácula e a

fóvea. A região da macula e fovea é mais sensíveis a estímulos visuais fotópticos. (DANTAS

2002)

Page 25: Analise Biomecanica Visual Finalcorgbibli

22

Figura 2: Foto da retina do olho esquerdo em vivo a qual possibilita a visualização do disco

óptico, vascularização central da retina, região macular e fóvea em um olhos saudável.

(ilustração de Kandel)

Para o estudo da movimentação ocular é necessário considerar os aspectos anatômicos

e funcionais da musculatura extra-ocular e do olho.

A musculatura extrínseca ocular é formada pelos músculos que ligam o olho à órbita,

por meio desses músculos que o olho pode realizar movimentos de olhar para baixo, à cima, à

esquerda, à direita, obliquamente à cima e à direita, à cima e a esquerda, abaixo à direita e

abaixo à esquerda. Essa musculatura pode trabalhar em sincronia com os dois olhos, ou com

apenas um olho; a partir do momento que algum desses movimentos tem a trajetória

interrompida, ou anômala, constitui-se um estrabismo por componente motor ou restritivo

(DANTAS, 2002; RHEIN, 2006).

Inicialmente o entendimento da anatomia dos músculos extra-oculares requer a

compreensão dos seguintes conceitos: origem, inserção escleral, inserção fisiológica e o arco

de contato. A origem é a inserção orbital (O), onde o músculo se fixa na parede óssea da

órbita; a inserção escleral (IE) é a zona onde os músculos são inseridos na esclera; a inserção

fisiológica (IF) é a zona em que os músculos vão de encontro com a esclera, sendo que a

contração muscular atua neste ponto; o arco de contato (AC) é a zona muscular onde ocorre o

contato com o globo, antes da inserção com a esclera. Podem ser vistos na figura 3.

Os conjuntos de contrações musculares vão gerar forças que serão convertidas em

rotações oculares. Esse conceito dinâmico - das variações da contração - induz variações

também no comprimento do arco de contato de maior para menor.

Disco óptico Região

macular

Fóvea

Circulação

central da retina

Page 26: Analise Biomecanica Visual Finalcorgbibli

23

Figura 3: Representação gráfica da inserção orbital (O), inserção escleral (IE), inserção

fisiológica (IF) e arco de contato (AC) (fonte: Alcom Institute).

Os movimentos oculares são realizados pelos músculos extras oculares, reto lateral,

reto medial, reto superior, reto inferior, obliquo inferior e obliquo superior (figura 4). Assim,

podem-se descrever os seguintes pontos;

Reto lateral (RL): posiciona na porção lateral do olho com origem no anel de

Zinn, sua inervação é realizada pelo VI par de nervos cranianos.

Reto medial (RM): posiciona na porção medial do olho com origem no anel de

Zinn, sua inervação é realizada pelo III par de nervos cranianos.

Reto superior (RS): posiciona na porção superior do olho com origem no anel

de Zinn, sua inervação é realizada pelo III par de nervos cranianos.

Reto inferior (RI): posiciona na porção medial do olho com origem no anel de

Zinn, sua inervação é realizada pelo III par de nervos cranianos.

Obliquo inferior (OI): posiciona na porção medial do olho com origem no

assoalho nasal da orbita, sua inervação é realizada pelo III par de nervos

cranianos.

Obliquo superior (OS): posiciona na porção medial do olho com origem no

anel de Zinn passando pela tróclea e inserido no globo a um ângulo de 51°, sua

inervação é realizada pelo VI par de nervos cranianos.

Page 27: Analise Biomecanica Visual Finalcorgbibli

24

Figura 4: Visão da musculatura extrínseca ocular no interior da orbita. (fonte alcon institute)

Quanto à ação dos músculos extra-oculares – isto é, o reto lateral, reto medial, reto

superior e obliquo superior – sabe-se que eles realizam abdução, adução, elevação e

abaixamento como ação primária. Assim como os músculos obliquo superior e inferior

realizarão como ação primária a rotação interna e externa.

O sistema motor ocular é constituído por: musculatura extrínseca ocular, musculatura

da íris e musculatura ciliar.

Para uma boa visão o controle da intensidade luminosa das imagens formadas intra-

oculares é obrigatória. Esse controle é realizado pela íris que muda seu formato aumentando

ou diminuindo o diâmetro da pupila (a pupila refere-se ao orifício formado pela íris), seu

controle é ligado diretamente a processamentos corticais. Anormalidades destes movimentos

ditos, ditos como reflexos pupilares, estão ligados a doenças neurológicas sérias, portanto,

alterações dos reflexos pupilares são sinais de doenças neurais (GROSVERNONOR 2002).

Assim, tem-se que o reflexo pupilar e a acomodação ocular são ligados, pois possuem

controle neural associado, de forma que problemas de acomodação ocular podem indicar

estrabismos, e doenças neurológicas (VON NORDEN, 2002).

Page 28: Analise Biomecanica Visual Finalcorgbibli

25

1.2.3 Exame da posição dos olhos

O sistema motor ocular trabalha como um sistema com muitas engrenagens, em que

cada uma possui sua particularidade para o trabalho com os outros constituintes. Desta forma,

para o estudo da visão é necessário um conjunto de métodos e protocolos, que têm a função

de avaliar a motricidade ocular e a função sensorial dos olhos (avaliação ortóptica). São

analisadas as características de fixação, tipo e qualidade de fusão, magnitude do desvio,

presença de incomitância e restrições mecânicas.

A semiologia motora na ortóptica pode ser entendida como uma série de exames que

têm por finalidade adquirir informações sobre o estado da motilidade ocular e as condições

sensoriais do olho (NONAKA et al., 2007; RHEIN & LEME, 2009; SCHEIMAN et al.

2003).

Nas ciências médicas, muitas vezes, a experiência e habilidade, do examinador são

suas principais ferramentas. Neste caso, no entanto, a validação destes predicados leva em

conta aspectos próprios e subjetivos do indivíduo. Por isso a evolução das ciências médicas

requer a aplicação de metodologias mais confiáveis de avaliação e quantificações de variáveis

ligadas a um sistema, por exemplo, o sistema visual.

A confecção de óculos, por exemplo, requer primordialmente a definição de medidas

das posições dos olhos de frente aos óculos. Desta forma, para a confecção de óculos são

feitas duas medidas, para cada olho respectivamente: Medida do DNP (distância naso-pupilar)

e a altura. DNP é a sigla que denomina a medida das distâncias naso-pupilares. Sendo assim é

descrito um par de valores chamado de DNPOD (Distância Naso-Pupilar para o Olho Direito)

e DNPOE (Distância Naso-Pupilar par o Olho esquerdo), a soma dos DNP’s de ambos os

olhos será a DP (Distancia Pupilar). No entanto a manutenção do termo, é justificado apenas

por força da tradição histórica, já que a confecção de ortoses oftálmicas (óculos) depende da

distância entre os centros ópticos oculares - que no passado acreditava ser o centro pupilar –

sendo compreendido, mais atualmente como referente à posição do reflexo de uma fonte

luminosa frontal sobre a córnea. A altura, por sua vez, é a medida vertical do reflexo

corneano, até a borda inferior da armação.

A medida da altura requer que a pessoa olhe ao horizonte e o examinador meça com

escala milimétrica a posição relativa aos reflexos à porção média da ponte dos óculos, (figura

5), bem como a distância de cada reflexo às bordas verticais da armação.

Page 29: Analise Biomecanica Visual Finalcorgbibli

26

Figura 5. Representação dos pontos de interesse para a determinação da posição de

montagem das lentes. DNPOD: Distância naso-pupilar para olho direito; DNPOE: Distância

naso-pupilar para olho esquerdo. PMP: Ponto médio da ponte.

Para quantificações das posições dos olhos, a videogrametria pode oferecer grande

contribuição quanto à reprodutibilidade e à acurácia ligada à realização das medidas

(reportadas na figura 5, por exemplo) nas ópticas.

Outra metodologia de suma importância na avaliação da motilidade, para as carreiras

profissionais que estudam a visão é a oclusão unilateral ocular, que é utilizada na pesquisa da

presença de estrabismos (GURLU e ERDA, 2008; RHEIN e LEME 2009).

Quando os dois olhos fixam um determinado objeto (figura 6-a) e, de repente, um

deles é ocluído (6-b), o fluxo de informação do mesmo olho em direção ao cérebro é

interrompido. Quando ocorre a desoclusão, o fluxo de informações é restabelecido, porém

nem sempre a posição dos olhos é mantida, sendo assim é confirmada, nesse caso, a

existência de um estrabismo, pela posição de fixação dos olhos.

A quantificação do desvio pode ser realizada pela medida do ângulo do movimento

ocular, ou pela neutralização do desvio com o uso de um prisma de fases não paralelas, com

base em direção ao movimento (figura 6-c). O valor do ângulo corresponde ao valor do desvio

da luz provocado pelo prisma.

Para Bicas (2003), “por definição, dioptria-prismática (Δ) é o nome dado à relação de

duas dimensões métricas, significando um ângulo”. Uma dioptria-prismática é a dimensão do

ângulo formado pela separação de 1 cm entre dois pontos, a um metro de distância. O valor de

uma dioptria prismática em graus é 0,57º.

Page 30: Analise Biomecanica Visual Finalcorgbibli

27

Quando existe um estrabismo pode ocorrer supressão da imagem de um dos olhos,

quando o olho fixador é ocluído, o olho desviado foca o objeto, a focalização dar-se pela

fixação foveal. Para que isto seja possível o olho outrora desviado move-se afim de alinhar a

fóvea com o objeto. Quando se usa o prisma com valor igual ao desvio, o olho não movimenta

(VON NORDEM, 2002).

Figura 6. Teste de oclusão em modelo de olho estrábico, o qual na figura 6a possui um estrabismo latente, na figura 6b o olho desviado realiza uma fixação pela oclusão do olho contralateral, figura 6c por meio de um prisma a re-fixação é inibida, por isso pode-se quantificado o desvio. (Alcon institute)

A ação da musculatura extrínseca ocular torna possível ao olho movimentar-se.

Segundo o modelo de movimentação dos olhos de Madox, é possível determinar qual

músculo está envolvido no movimento, ou se existe alguma restrição mecânica por causa

neuromuscular ou restritiva, alternando a localização de um objeto em várias posições. Para

isso o examinado deve visualizár o movimento dos olhos do paciente sem que o mesmo mova

a cabeça (figura 7a), quando não há nenhum tipo de restrição de ordem neuromuscular os dois

olhos vão movimentar-se a fim de visualizar o objeto (figura 7-a), quando há uma restrição do

movimento ocular apenas um dos olhos vai movimentar-se a fim de visualizar o objeto (

figura 7-b).

a b

c

Page 31: Analise Biomecanica Visual Finalcorgbibli

28

.

Figura 7: Versão. Na figura a, os olhos normais estão olhando para a seta a cima

(supraversão), na figura b ocorre o mesmo caso, no entanto apenas o olho direito realiza o

movimento, isso ocorre por causa da paralisia do músculo reto superior do olho esquerdo

(MRSOE).

Essa metodologia é muito aplicada na pesquisa de estrabismos, por ela é possível aplicar

os testes versões e ducções, assim podem ser avaliados o comportamento do movimento dos

olhos na avaliação clínica, os resultados deste exame, são fundamentais para o diagnóstico

diferencial de alguns tipos de estrabismos, e suas classificações.

Para Rhein (2006), o método de versões também conhecido com rotações oculares

prima-se por avaliar a limitação ou aumento da excursão ocular devido a hiper ou hipofunção

muscular. Permite também, detectar incomitâncias, nistagmos de posição extrema, alterações

das fendas palpebrais e determinadas paresias ou restrições musculares.

Este teste é realizado com a movimentação de um alvo luminoso diante das posições

diagnósticas do olhar (figura 8).

a b

Page 32: Analise Biomecanica Visual Finalcorgbibli

29

Figura 8: Posições diagnósticas utilizadas nas versões. (Alcon Institute)

As ducções são movimentos monoculares, os quais se utilizam das mesmas posições

diagnósticas das versões, a aplicação deste teste acontece quando um olho é ocluido e o outro

se movimenta.

A visualização de objetos a várias distâncias requer a acomodação do cristalino e a

convergência dos olhos. Quando não há convergência ocorre a diplopia (visão dupla) para

visão de perto, isso ocorre em virtude da incapacidade do sistema sensório motor manter a

fixação foveal para ambos os olhos. A quantificação da capacidade de convergência pode ser

realizada pela medida em centímetros do ponto mais próximo visível sem diplopia, ou quando

o paciente não é capaz de manter a convergência ocular, outro método é a sobreposição de

prismas em frente de um olho até que o mesmo veja a diplopia (VON NORDEM, 2002).

Entretanto, a fim de evitar erros associados a aspectos subjetivos do paciente, o teste

mais aplicado é a aproximação de um objeto até que o paciente não seja capaz de manter a

convergência. Esse teste chama-se teste do ponto próximo convergente (PPC).

A régua da RAF é um instrumento específico para a quantificação do PPC (figura 9), no

entanto muitos especialistas usam algum objeto como uma caneta ou o próprio dedo para

Page 33: Analise Biomecanica Visual Finalcorgbibli

30

avaliar o PPC e com o auxílio de uma escala é quantificado a distância entre o objeto e os

olhos do paciente.

Figura 9: Régua da RAF, na figura veja no porção superior esquerda um apoio onde o

examinador apoia o instrumento. Na porção média da figura está o estímulo o qual o paciente

deve manter a fixação ocular. Na porção inferior direita existe uma bifurcação com a

finalidade de apoiar a extremidade distal do aparelho sobre a face do paciente na porção

zigomática. (Google images)

A posição das pálpebras e supercílios devem ser avaliadas em todo procedimento

oftalmológico (RODRIGUES 1996). Isso porque, inúmeras patologias de ordem

neuromuscular, infecciosas, metastáticas entre outras, atingem a pálpebra e supercílios

parcialmente, ou totalmente; sendo que muitos diagnósticos são realizados unicamente pela

posição palpebral, e sua movimentação. No entanto, não há grande disponibilidade de

ferramentas de análise para seus movimentos na prática clínica.

1.2.4 Neurofisiologia básica do sistema visual

Todos os processos orgânicos citados acima são controlados pelo sistema nervoso, caso

algum constituinte das áreas específicas de processamento ou controle venham ter algum tipo

de dano, a movimentação normal dos olhos será afetada.

A principal ligação do olho ao cérebro (figura 10) é realizada por meio do nervo óptico

(segundo par de nervos cranianos), as células ganglionares da retina na verdade são os corpos

células dos axônios que formaram o nervo óptico. Esses axônios estão dispostos segundo uma

organização das fibras nervosas, essas percorrem ate o quiasma óptico onde ocorre a semi-

decussação (cruzamento) parcial das fibras nasais de ambos os olhos. Após a passagem dessas

fibras pelo quiasma óptico existe a formação do trato-óptico o qual contem fibras nasais e

temporais da retina. A maior parte dos axônios do nervo óptico terminam no corpo geniculado

lateral (CGL), o qual serve de uma estação de recepção, filtragem, amplificação e condução

do sinal do nervo. Do CGL existem conexões que terminam no núcleo pré-tectal, outros

axônios terminam no núcleo supraquiasmático. Do CGL a maior comunicação será com o

Page 34: Analise Biomecanica Visual Finalcorgbibli

31

córtex visual primário (V1) no lobo occipital do cérebro, por meio da radiação óptica

(GROSVERNONOR, 2002; KANDEL, 2002;RHEIN & LEME, 2009).

Outra ligação entre o olho e o cérebro ocorre por meio do trato retino-hipotalâmico, o

qual trabalha como via da informação para o núcleo supraquiasmático. Esse núcleo é

composto por um pequeno grupo de células que controlam o relógio biológico (ciclos

circadianos) o qual controla o ritmo como: comer, beber, dormir e o controle hormonal

(BARRAGAM 2003).

Colículos superiores recebem aferências neuronais da retina, eles são responsáveis por

direcionar respostas comportamentais para estímulos no espaço. Em suas camadas existem

coordenações com a retina. Nos primatas ele atua principalmente na movimentação dos olhos

como os controles dos movimentos sacádicos oculares.

O núcleo pré-tectal atua no controle dos reflexos pupilares e acomodação, sua ligação

com os olhos ocorre por meio de axônios da retina. Essa estrutura sob estimulação elétrica

pode agir na movimentação horizontal, em adição existe contribuição na fixação em

nistagmos optocinéticos.

Figura 10: Vias de ligação do olho ao cérebro. (Aulas do Professor Eduardo)

O sistema óptico acessório é um complexo formado pelos núcleos terminais dorsais.

Esses núcleos conduzem informações sensoriais sobre mudanças da imagem retiniana no

circuito neuronal mediador dos reflexos optocinéticos. Os núcleos ópticos acessórios dão

aporte sobre a direção sobre velocidade do movimento para o sistema nervoso central.

Page 35: Analise Biomecanica Visual Finalcorgbibli

32

Outra área de recepção dos sinais da retina é o sistema pulvinar. Esses sistemas

enviam projeções entre o córtex estriado e extra-estriado.

Para a visão, como em outras operações mentais vários atributos como movimento,

profundidade, forma e cor são coordenados em uma percepção única. Essa entidade é formada

por um sistema neural hierárquico composto por múltiplas áreas que são alimentadas por

imformações provenientes da retina por meio das vias visuais (tabela )

TABELA 2: VIAS VISUAIS

Via visual Destino Função

Via retino-geniculada Corpo Geniculado Lateral Percepção visual

Via retino-pré-geniculada Núcleo pre-geniculado Percepção visual

Via retino-quadrigemial

superior

Tubérculo quadrigêmio

superior

Condução visuo-motriz para

visualização foveal

Via retino-pretectal Complexo nuclear pretectal Resposta pupilar

Via retino-surpraquiamática Núcleo supraquiasmático Ritmos circadianos

Via retino-paraventricular Núcleo paraventricular Regulação neuroendócrina

Via retino-supraóptica Núcleo supra óptico Regulação neuroendócrina

Via retino-pulvinar Pulvinar Integração da informação

Via óptica acessória Sistema óptico acessório Reflexos optocinéticos

A maior parte das informações visuais é processada no córtex estriado (v1) e córtex

extra-estriado (V2, V3, V4). No córtex estriado a maior parte de suas células responde apenas

a pontos de luz e linhas de orientação específicas. Na área extra-estriada há grande

comunicação com o córtex estriado para que a informação seja processada nessa porção

ocorre uma correção por meio de uma resposta seletiva à cor, contraste, resolução espacial,

sensibilidade ao movimento, direção e esteriopsia (Barragan 2003).

Os estudos em vivo do funcionamento do cérebro em vivos, por meio da ressonância

magnética funcional (RMF), auxiliou na compreensão do papel das áreas corticais dos

movimentos oculares (PIERROT-DESEILLIGN et al 2004).

No lobo frontal estão as principais áreas envolvidas no controle dos movimentos dos

olhos, como o campo ocular frontal (FEF), o campo ocular suplementar (SEF) e o complexo

pré-frontal dorsolateral.

Page 36: Analise Biomecanica Visual Finalcorgbibli

33

O FEF está envolvido na preparação e ligação de todos os movimentos sacádicos

intencionais, o qual está internamente ligado aos alvos presentes. Os estudos RMF mostram

que o FEF se encontra entre o sulco pré-central e o sulco superior frontal o qual está ligado

com os movimentos de perseguição dos olhos associados à movimentos sacádicos.

O controle de movimentação da perseguição ocular está localizado no sulco pré-central,

mais posterior.

Para Perrot-Deseillign e colaboradores (2004), isso A representa muitas vias corticais e

mecanismos envolvendo a movimentação dos olhos, como se pode observar na figura 11. A

informação originária do lobo occipital é proeminente ao lobo parietal, graças a diversas áreas

de atenção na porção posterior do lobo superior parietal (SPL). A parte posterior do sulco

intra-parietal (IPS), incluindo o campo ocular parietal (PEF) e outras áreas intraparietais

podem ater IPL ( giro supramarginal e giro angular, podem interagir e conectar com o córtex

cingular posterior (PCC) e influenciar o fluxo superior via processo de motivação.

O PEF ou uma área próxima pode controlar integrações visuo-espaciais. Uma sacada

reflexiva está ligada pelo PEF se circunstâncias externas requerem resposta rápida. Essa

ligação é realizada via trato parieto-colicular passando pela parte posterior da cápsula interna.

Em eventos de resposta atrasada, a informação visual é transmitida do PEF ao FEF por uma

fixação ativa das áreas córtex dorsolateral pré-frontal (DLPFC) para a memorização espacial

(entre 300ms a 25s).

O DLPFC está envolvido na decisão para o processo de governo do comportamento

motor ocular pela inibição das sacadas inesperadas (inibição) controladas pelo PEF ou

facilitação da ligação das sacadas antecipadas pelo FEF. A inibição das sacadas reflexivas

originadas do DLPFC é provavelmente retirada diretamente com os colículos superiores.

Quando as respostas atrasadas são longas , o PHC trabalha com a memória espacial (entre 25s

e poucos minutos) guarda as informações memorizadas buscando as áreas temporais mediais

provavelmente ambas seriadas do DLPFC e em paralelo do PCC.

A execução das sacadas é formada pelo FEF, o qual é preparado para responder

influenciado pelo campo visual cingular (CEF) [localizado no córtex cingulado anterior

(ACC)] pelo processo de motivação intencional, em todas as áreas motoras frontais. Quando

programas motores, conjuntamente com as sequências de várias sacadas ou sacadas únicas

combinadas com os movimentos do corpo, são planejadas, isso envolve o campo

suplementário ocular (SEF) justamente antes da execução.

Após o provável aprendizado do pré-SEF. PEMs são controlados pelas áreas

hemisféricas posteriores, localizadas próximo do giro angular na junção temporo-parieto-

Page 37: Analise Biomecanica Visual Finalcorgbibli

34

occipital (área temporal medial superior e área temporal média), mas apenas o FEF, o papel

específico no tempo de perseguição ocular (PEM) é claro.

Figura 11: Reresetação do sistema de controle dos movimentos oculares de Pierrot-Deseillign

et al 2004.

Alem das áreas descritas anteriormente para Figueira (2007), as aferências dos canais

semicirculares terminam nos núcleos vestibulares onde o sinal é processado. A informação

dos núcleos vestibulares chega aos núcleos óculo-motores, gerando o reflexo vestíbuloocular.

A finalidade deste reflexo é manter constante o campo visual durante a rotação da cabeça

mediante movimentos compensatórios dos olhos, denominados movimentos de perseguição

lenta. Se o movimento se estender até o limite orbital, é iniciado um movimento rápido no

sentido da rotação da cabeça denominado movimento sacádico (HOUSSAY e CINGOLANI,

2004 apud FIGUEIRA 2007).

O reflexo vestíbulo-ocular é de fundamental importância para este trabalho, pois este

relaciona os movimentos dos olhos com a detecção da rotação da cabeça pelo sistema

vestibular.

1.2.5 Movimentos oculares

Page 38: Analise Biomecanica Visual Finalcorgbibli

35

Para Leingh e Zee (1999). O estudo dos movimentos oculares é uma fonte valiosa de

informação para clínicos e cientistas básicos. Para neurologistas e oftalmologistas,

anormalidades da motilidade ocular são pistas em processos patológicos. Para o neurologista

em especial, o estudo do controle dos movimentos oculares pode ser uma oportunidade única

para o entendimento do cérebro. Alem disso, as conseqüências perceptivas dos movimentos

oculares são importantes para ambos clínicos e cientistas básicos, a informação desses estudos

podem contribuir para o conhecimento controle motor em geral.

Basicamente os movimentos oculares são descritos em 3 graus de liberdade

denominados eixos de Fick (figura 12). Estes são considerados o centro de rotação dos olhos,

localizado aproximadamente a 13mm atrás do centro corneano. A rotação realizada no eixo

horizontal (X) resulta na elevação ou depressão. A rotação no eixo anteroposterior (Y) produz

movimentos toriconais. As abduções e aduções representarão a rotação horizonal, no eixo (Z).

Figura 12: Eixos de Fick os quais representam os graus de liberdade do movimento dos

olhos.

Os movimentos oculares são classificados quanto à classe de movimento e função

principal (ver tabela 1).

TABELA 3: CLASSIFICAÇÃO FUNCIONAL DOS MOVIMENTOS OCULARES HUMANOS

Page 39: Analise Biomecanica Visual Finalcorgbibli

36

Classe do movimento

ocular

Função principal

Vestibular Manter a imagem do mundo visível sobre a retina durante

perturbações do equilíbrio ou pequenas inclinações da

cabeça.

Fixação visual optocinética Manter a imagem de um objeto parado sobre a fóvea.

Perseguição suave Manter a imagem do mundo visível durante a manutenção da

rotações de cabeça.

Nistagmos Manutenção da imagem de pequenos alvos em movimento

sobre a fóvea, ou manter a imagem de alvos próximos sobre

a retina durante a movimentação linear do indivíduo que

necessita de respostas optocinéticas, auxiliar na estabilidade

do olhar durante a manutenção da rotação da cabeça.

Sacadas Conduzir imagens de objetos de interesse sobre a fóvea.

Vergencias Mover os olhos em direções opostas de imagens de objetos

únicos projetados simultaneamente para ambas as fóveas.

Fonte: Leighe e Zee (1999)

1.2.6 Aspectos cognitivos da visão e movimentação ocular

Um dos fatos mais básicos sobre a visão, no que tange a maquinaria da visão do ser

humano é que as imagens são produzidas por projeções perspectivas.

Muitas pistas disponíveis para tornar o estímulo visual possível incluem o movimento,

esteriopsia binocular, textura, sombras e contorno. Cada uma dessas atua como base para

sobreposições sobre a sena física (Marr 1982 apud, Wilson e Keil ,1999).

As pista esteriopsia e movimento dependem da presença de múltiplas visões, cada uma

adquirida simultaneamente formando uma única imagem durante a relativa movimentação de

objetos. A projeção de pontos significantes do mundo é observada em imagens múltiplas,

sendo que isso é teoricamente possível na dedução de localizações 3D.

O sistema nervoso central (SNC), num processo contínuo e dinâmico, é responsável

por integrar as informações sensoriais, que serão as bases para a coordenação dos movimentos

dos olhos no espaço.

Para Wilson e Keil (1999), a análise da imagem visual produz um rico entendimento

sobre o mundo, tal como possibilita a localização de objetos e sua mudança em função do

tempo, auxiliando o sistema biológico e cortical no reconhecimento e manipulação de objetos,

e, no limiet, torna possível até a interação física com o ambiente. Nesse ínterim, a abordagem

computacional no estudo da visão explora o processamento do mecanismo da informação na

extração da informação de interesse.

Page 40: Analise Biomecanica Visual Finalcorgbibli

37

O mecanismo da visão inicia uma grande matriz de medidas da luz refletida pelas

superfícies de objetos para os olhos. Analises ocorrem em múltiplos estágios, os quais cada

um produz representação aumentada da informação na cena.

Estudos computacionais sugerem principalmente teorias sobre a representação da

imagem. A Representação incipiente pode capturar informações como localização, contraste e

forma de mudanças significantes de intensidade e bordas da imagem. Essas mudanças

correspondem a aspectos físicos como limites dos objetos, textura dos contornos e marcas nas

superfícies dos objetos, limite das sombras e mechas. Nesse caso mudanças dinâmicas na cena

e representação incipiente podem descrever a direção e velocidade dos movimentos das trocas

da intensidade da imagem.

As Representações intermediárias descrevem a informação sobre a forma

tridimensional (3D) das superfícies dos objetos da perspectiva do sujeito, como a orientação

de pequenas regiões de superfície ou distâncias dos pontos da superfície aos olhos. Tal

representação pode descrever o movimento dos traços da superfície em terceira dimensão. O

processamento visual pode continuar em altos níveis de representação de objetos que

descrevem a superfície 3D, forma e orientação relativa ao quadro de coordenação beseados

nos objetos e a fixação da localização com o mundo. Tarefas como o reconhecimento de

objetos, manipulação de objetos e a navegação pode operar de níveis de representação

intermediária e altos dos traçados dos objetos no mundo.

Muitas fontes de informação são usadas na computação da superfície 3D dos objetos. A

esteriopsia usa a localização relativa ao traço em imagens vistas pelos olhos direito e esquerdo

para deduzir a distância à superfície dos objetos. Mudanças abruptas no movimento entre

regiões de imagens adjacentes indicam as fronteiras dos objetos, em conjunto com variações

sutis na direção, forma e movimento. A formação de sombras na imagem - que referem-se a

sutis variações de incidência de luz, que ocorre nas superfícies em direção ou longe de fontes

luminosas - perspectiva as quais podem gerar distorção nos contornos dos objetos que são

resultados das projeções perspectivas da cena 3D vinda de duas imagens 2D.

1.2.7 Alterações patológicas da posição dos olhos e sua movimentação.

Page 41: Analise Biomecanica Visual Finalcorgbibli

38

Para Rhein (2006) cerca de 3 a 4% da população infantil possue estrabismos. A

palavra estrabismo derivas-se do grego que indica estar torto. O estrabismo é um quadro

patológico sensório-motor, no qual os olhos não fixam um mesmo ponto no espaço, devido ao

desalinhamento dos eixos visuais, portanto, cada eixo visual fixa um objeto e projeta em

diferentes pontos do espaço.

O estrabismo pode ser adquirido na infância ou na idade adulta podendo gerar

problemas nos relacionamentos interpessoais e ansiedade social (Hatt et al 2007).

Os estrabismos são classificados primariamente pelas, características e propriedades

dos desvios quanto à: Direção, origem, comportamento temporal e modificações impostas

pelo sistema sensorial.

Quanto à direção o estrabismo pode ser horizontal, vertical e cíclico (figura 13).

Figura 13: Desvios verticais e horizontais, simulação para o olho direito (figura composta por

uma simulação de alcon institute).

Um estrabismo pode estar associado a questões congênitas, refrativas (associadas a

erros de refração ocular), acomodativas, hipoacomodativas, por paralisia muscular, paresia

muscular, por insuficiência de convergência, por insuficiência de divergência entre outras

causas.

Os distúrbios da motilidade ocular podem ser classificados quanto ao aspecto

binocular em: heteroforia e heterotropia (RHEIN e LEME 2010).

Page 42: Analise Biomecanica Visual Finalcorgbibli

39

O pseudoestrabismo está relacionado com a posição do reflexo da luz sobre a córnea e

a posição palpebral a qual simula uma alteração da posição ocular, porem não existe

comprometimento da visão binocular (falso positivo) (RHEIN e LEME 2010).

A ortoforia é a condição em que não existe desvio dos olhos no teste de oclusão,

portanto não há alteração da visão binocular (RHEIN e LEME 2010).

Heteroforia é a tendência dos olhos para o desvio ocular (forias), porém esse desvio

mantém-se latente pelas condições binoculares (fusão), neste caso pode haver sintomas

associados à condição como cefaléia e dor ocular (RHEIN e LEME 2010).

A heterotropia (tropias ou intermitências) é a condição a qual existe a manifestação

constante ou intermitente do desvio ocular sob condições binoculares. No estrabismo

adquirido em idades tenras pode haver a surpressão da imagem do olho desviado, quando

manifesta em idades mais tardias o paciente pode ter sintomas como a diplopia (Rhein e Leme

2010).

Para Von Norden (2002), os estabismos podem acorrer de duas formas: Comitante ou

incomitante. Na comitância os desvios são iguais para todos as posições do olhar. Na

incomitância os desvios são desiguais para mais de uma posição do olhar, tal fato é justificado

pela paralisia ou paresia de um ou mais músculos extra oculares. Quando a ação muscular de

um músculo ou grupo de músculos não existe um estrabismo paralítico.

O nistágmo dos movimentos oculares caracterizado por oscilações rítmicas

generalizadas e involuntárias, ele pode estar ligado a questões patológicas como no albinismo

óculo cutâneo ou comportamentais associado a visão de objetos em movimento contínuo.

Essa movimentação pode estar ligada a distúrbios da inervação tônica como retina, labirinto,

córtex e tronco cerebral. Os nistágmos podem ser classificados como do tipo pendular ou jerk

(RHEIN e LEME 2010).

O nistagmo pendular é caracterizado por oscilações da posição do olhar simétricas,

enquanto que, por outro lado, o nistagmo do tipo jerk carcteriza-se através das suas oscilações

assimétricas. O nistagmo pode ser provocado para exames do sistema vestibular, esses testes

podem ser a acuidade visual dinâmica DVA, teste da cadeira giratória ou

vectoelectronistagmografia (VENG). Outra forma de provocar o nistágmo e observar um

estímulo em movimentos repetitivos, refre-se à visualização de postes do interior de um

veículo em movimento.

Diante de estrabismos podem ocorrer adptações sensoriais como a supressão,

ambliopia e fixação excêntrica.

Page 43: Analise Biomecanica Visual Finalcorgbibli

40

A diplopia é a condição em que um único objeto é visto duplamente pela não

correspondência das áreas retinianas. A supressão é uma típica alterção da visão binocular,

pois só aparece no funcionamento simultâneo dos dois olhos. Por outro lado, quando o

indivíduo desenvolve a supressão durante o período de maturação do sistema neuro-visual

(plasticidade neuronal) pode ocorre a baixa de acuidade visual sem causa orgânica aparente,

este fato está associado à falta de estimulação de áreas corticais imposta pela supressão ou

desuso da visão de um olho.

1.3 MÉTODO DE ESTUDO DO MOVIMENTO DOS OLHOS "EYE

TRACKING"

Por definição "videogrametria é a arte, ciência e tecnologia de obtenção de

informações confiáveis sobre os objetos físicos e o meio ambiente através de processos de

gravação, medição e interpretação de imagens gráficas e padrões da energia eletromagnética

radiante e outros fenômenos" (RIBEIRO, 2002 apud ASPRS, 1980).

A aplicação da videogrametria em saúde visual é largamente exercida em exames por

imagem, pois tais exames são objetivos, e passivos de documentação em arquivos.

A avaliação dos olhos por meio de imagens em vídeo é conhecida como eye traking.

Esta metodologia é amplamente aplicada em estudos da cognição, marketing, oftalmologia,

esportes, ensino entre outras aplicações. As variáveis geralmente estudadas são: ponto de

atenção visual e a freqüência de oscilação dos olhos. No entanto, vários instrumentos

similares realizam estas medidas em um plano apenas levando em conta um sistema de

coordenadas cartesianas latitudinal e longitudinal. (BARROS et al. 1999).

Oftalmografia (Eye tracking) é o processo de medida do movimento dos olhos, para o

ponto do olhar relativo na cabeça. O oftalmógrafo (Eye tracker) é um instrumento que mede a

posição dos olhos e os movimentos oculares. Os oftalmógrafos são usados em pesquisas do

sistema visual em psicologia, oftalmologia, optometria, ortóptica, estudos sobre linguagem

cognitiva e no desenvolvimento de produtos (pesquisa de marketing) (DUCHOWSK, 2007).

Existem vários métodos de medida dos movimentos oculares, sendo os mais populares

aqueles baseados em vídeo – no qual suas imagens são processadas computacionalmente e a

posição dos olhos é extraída. Outros métodos usam o Scleral search coils (marcadores

magnéticos) e eletrodos associados a amplificadores de bio-sinais. Assim uma lente de

contato ou eletrodos colocada nos olhos ou face do paciente possibilitam a captação do

potencial elétrico (figura 14).

Page 44: Analise Biomecanica Visual Finalcorgbibli

41

Figura 14: Representação gráfica de um scleral search coil (Imagens google).

Os oftalmógrafos medem as rotações do olho por várias formas, porém os principais

tipos podem ser classificados em três categorias: por contato, não contato e elétricos.

Os oftalmógrafos de contato usam lentes de contado esféricas, com um espelho ou

sensor magnético. O movimento é medido assumindo que não há perdas significantes das

rotações oculares. Medidas usando lentes de contato coloridas promovem gravações

extremamente sensíveis, os marcadores magnéticos são o método de escolha por

pesquisadores da fisiologia dos movimentos oculares.

A segunda categoria usa métodos de não contato, isto é, métodos ópticos, para a medida

do movimento dos olhos. A luz usada tipicamente é o infravermelho, que é refletida do olho a

uma câmera de vídeo que grava a imagem (figura 15). Oftalmógrafos baseados em vídeo

comumente usam a reflexão corneana (primeira imagem de Purkinge) e o centro da pupila

como substrato do registro. O tipo de oftalmógrafo mais sensível registra uma dupla imagem

de Purkinje, usando os reflexos vindos do centro da córnea e da face posterior da lente

cristalina como substrato do registro.

Page 45: Analise Biomecanica Visual Finalcorgbibli

42

Figura 15: Pessoa realizando exame de video-oculografia, uma câmera visualiza a posição

dos olhos do sujeito experimental, esse sujeito está com a cabeça apoiada enquanto os olhos

fixam algum estímulo.

A terceira categoria usa potenciais elétricos, medidos com eletrodos de contato

colocados próximos dos olhos. O tipo mais comum é o eletro-oculograma (EOG). Cujo

funcionamento baseia-se no fato que os olhos emanam potenciais elétricos, que tem origem na

retina. Esse potencial não é constante, no entanto ele é muito usado em movimentos rápidos,

movimentos sacádicos associados a trocas do olhar, sendo o método de escolha para a medida

do REM (Rapid Eye Moviment) durante o sono.

Eletrodos colocados nos cantos externos de ambos os olhos no plano horizontal são

usados na captação da variação do sinal elétrico da retina. Esse teste usa o princípio onde o

olho age como um dipolo em que a porção anterior do olho é negativo e posterior positiva,

quando ocorre a variação da posição do olho associada a um movimento existe uma alteração

da distância dos pólos aos eletrodos, assim varia o sinal elétrico.

As preparações para o registro variam significantemente, muitos desses aparatos são

apoiados na cabeça, outros necessitam que a cabeça esteja estável (por exemplo usando uma

queixeira). A freqüência de aquisição do sinal está por volta de 30Hz, no entanto muitos usam

freqüências de 240 à 1250Hz, a escolha depende do tipo de estudo ou tipo de movimento a ser

gravado. Por exemplo o estudo do nistagmo pode ser realizado por meio de instrumentos com

menor freqüência de aquisição pois a freqüência de oscilação dos olhos é inferior à 30Hz, por

outro lado o estudo dos movimentos sacádicos oculares, que são movimentos muito rápidos,

serão melhor registrados por instrumentos com freqüência de aquisição maior.

2 ESTADO DA ARTE

O estudo das posições dos olhos e suas movimentações são comuns aos profissionais

da saúde como optometristas, oftalmologistas, ortoptistas, neurologiastas, psicólogos e

profissionais da computação. Cada área utiliza metodologias próprias na abordagem do

problema. Este trabalho foi desenvolvido para o aprimoramento das metodologias de pesquisa

dos movimentos oculares, aplicadas na clínica da visão. Utilizando conceitos e adaptações de

métodos já consagrados em outras aplicações. A formulação dessa pesquisa foi realizada em

dois blocos de áreas do conhecimento: avaliação da motilidade ocular por profissionais da

visão; avaliação da motilidade por meio da oculografia.

Page 46: Analise Biomecanica Visual Finalcorgbibli

43

2.1 AVALIAÇÃO DA MOTILIDADE OCULAR EM CIÊNCIAS DA VISÃO

Nas ciências da visão Fogt et al. (2000), Siderov et al. (2001), Scheiman et al. (2003),

Johns et al. (2004), Adler et al. (2007), Gurlu e Erda (2008) e Holmes et al. (2008) realizaram

avaliações da motilidade ocular usando testes tradicionais (como citado no item 1.2)

aplicados na avaliação clínica.

Com base nos trabalhos citados sobre a aplicação de metodologias de medidas clínicas

da posição dos olhos e seus movimentos foi possível visualizar a subjetividade na obtenção de

dados sobre os aspectos sensórios motores nas avaliações clínicas. Quanto aos resultados dos

testes há questionamentos quanto à repetitividade e reprodutibilidade na aplicação clínica

dessas metodologias.

Fogt et al. (2000) realizaram um estudo para determinar a influência da experiência do

especialista na detecção de pequenas rotações oculares na ordem de 0.5pd à 5pd, em

condições ideais. Participaram do estudo três grupos de especialistas com nível variado de

experiência na detecção de movimentos do olho durante teste de oclusão, sendo oito

estudantes do primeiro ano de optometria, seis do quarto ano e seis optometristas experientes.

A direção e extensão de cada movimento foram selecionadas aleatoriamente.

A média horizontal necessária para a obtenção de um julgamento correto à 99% foi de

2,65pd para os alunos do primeiro ano de optometria, 2,47pd para o grupo do quarto ano e

2,4pd para os optometristas experientes. O resultado indica que em condições ideais, a

eficiência na detecção de movimentos oculares esta associada à experiência que contribui na

obtenção de resultados mais corretos.

Siderov et al. (2001) realizaram um teste com a finalidade de avaliar o efeito, em

medidas do PPC, da avaliação subjetiva por parte do examinador como no estudo de Fogt

(2000), variando a metodologia quanto ao tipo de estímulo visual. Classicamente o PPC é

aferido com uso dos estímulos da régua da RAF. Nesse trabalho, foi utilizado também o palito

acomodativo e a ponta do dedo do examinador como fonte de estimulação. Todas as medidas

foram executadas sob as mesmas condições experimentais, sendo assim dois grupos

continham pacientes com ausência de astenopia. O primeiro grupo foi formado por sujeitos

jovens e o segundo grupo continha pacientes presbitas. O controle da acomodação foi

realizado com o uso de correção óptica. Para o grupo formado por pacientes presbitas não

houve diferença quanto ao tipo de estímulo; entretanto, para o grupo de jovens ocorrem

diferenças na quebra da convergência. Os dados comparativos do grupo formado por jovens

mostraram que o ponto de quebra da acomodação foi mais afastado no uso da régua da RAF

Page 47: Analise Biomecanica Visual Finalcorgbibli

44

do que no uso do palito acomodativo e a ponta do dedo. Em conformidade com os resultados

do grupo presbita os resultados eram independentes do tipo de estímulo.

Siderov (2001) e colegas concluíram que os resultados do PPC não são influenciados

por mudanças no tipos de estimulação alvo da régua da RAF, palito acomodativo e dedo do

examinador. Para pacientes com pequena acomodação (presbitas), as diferenças de resultados

neste procedimento experimental não possuem importância clínica.

O teste de PPC depende da velocidade de aproximação do alvo que serve de estímulo,

na metodologia de Siderov (2001). Porem, não há nenhum relato sobre o controle desta

variável. Assim, diante desta constatação, verifica-se que há uma fonte de erro implícita

associada à uniformidade dos testes. Em aplicações clínicas não existe grande controle sobre

o tempo de cada teste.

Scheiman et al. (2003), pesquisaram sobre a determinação do estímulo mais

apropriado a ser usado na avaliação do PPC. Trata-se de uma variação do trabalho de Siderov

e tal (2001) para a definição de dados normativos para a ruptura e recuperação da acomodação

em virtude do teste em adultos. O valor diagnóstico da modificação da técnica com associação

do uso de óculos com lente verde vermelha e o número de repetições do teste.

Os testes foram realizados em 175 (cento e setenta e cinco) pessoas com visão

binocular normal, e o PPC foi medido de três maneiras: com um alvo acomodativo, uma

lanterna de mão e com o paciente usando óculos com lentes verde e vermelha. O PPC foi

medido igualmente em cada sujeito em 10 repetições. Os resultados sugerem que o valor

clínico da interrupção é de 5cm para o PPC e 7cm para a recuperação da convergência para

qualquer tipo de método. O estudo estabeleceu valores normativos para o PPC em uma

população adulta mesmo com a modificação do estímulo.

Diante da variação do teste de PPC, verifica-se que não há um controle rigoroso

quanto a realização do teste como a velocidade de movimentação dos olhos e alvo. No que

tange aos tempos de estimulação como que ocorreu com Siderov e al (2001), os resultados

associam implicitamente o valor à condição de tolerância clinica.

Johns et al. (2004) mediram os valores de estrabismos por meio do teste de oclusão

alternado. O estudo investigou a repetibilidade entre as medidas do mesmo examinador e

entre dois examinadores no teste de oclusão alternado usando dois pontos de neutralização

com prismas. A metodologia aplicada neste trabalho para determinar a repetitividade diante

de dois pontos de neutralização do desvio ocular. Como no uso da metodologia do teste de

cobertura existe uma primeira neutralização do desvio, e ponto médio reverso que relaciona-

se com o valor de prisma máximo que neutraliza o desvio visual, dois examinadores,

Page 48: Analise Biomecanica Visual Finalcorgbibli

45

experientes profissionais, mediram forias de 72 pacientes, sendo os testes repetidos sem a

influencia do bias observador.

Nesse estudo, o t-teste para dados pareados a fim de avaliar a repetibilidade

interexaminador e intraexaminador de acordo com os valores limites de neutralização dentro

de cada sessão. As diferenças de medidas foram calculadas. Para duas seções com o

examinador usando o mesmo ponto de neutralização não houve significância de resultados,

exceto o examinador 1 usando o primeiro ponto de neutralização (p=0.038). Diferenças

médias entre as duas seções para cada comparação foram <0.5±2.56pd. As diferenças

absolutas foram de 1,3 a 1,89pd. Quando dois examinadores usam o mesmo ponto de

neutralização na mesma seção não houve diferença significativa entre os examinadores.

Diferenças médias entre dois examinadores para cada comparação foi ≤0.53±2.03. A

diferença absoluta foi de 1.19pd a 1.67pd. A comparação para dois pontos de neutralização

aferidos pelo mesmo profissional na mesma seção foi significante (p<0.005), mas diferenças

<1 pd entre dois pontos de neutralização não foram clinicamente significantes. A diferença

absoluta foi <1pd±2.

Na pesquisa de Johns et al (2004) houve diferença quanto à repetibilidade na

pesquisa de Fogt (2009) na ordem de 1pd mostrando que não existe consenso quanto à

reprodutibilidade da avaliação clínica. Conclui-se ao final que a experiência do examinador

contribui na minimização das diferenças de resultados absolutos.

Adler et al (2007) investigaram a aplicação de alvos de estimulação diferentes para a

realização do teste de PPC, quanto à quebra e recuperação da convergência. A metodologia

aplicada utilizou três grupos totalizando 51 pessoas. O primeiro grupo possuía 20 (vinte)

crianças com idades de 6 a 9 anos; o segundo possuía adolescentes com idades de 11 à 13

anos; o terceiro possuía adultos com idades de 20 a 30 anos. Foram usados 5 (cinco) tipos de

estímulos visuais para a medida do PPC para a quebra e recuperação da convergência. Os

estímulos foram lápis, dedo do examinador, letra fonte 20 e a linha vertical da régua da RAF.

Não houve diferença significativa na medida do PPC entre os tipos de estímulos lapis, dedo

do examinador e letra fonte 20. O uso da lanterna de mão representou um resultado um pouco

mais afastado para a quebra e recuperação do PPC em comparação com o dedo do

examinador e o lápis (p<0.05). A maior diferença entre as medidas de PPC foi observada

quando se comparou a linha da régua da RAF e o dedo do examinador; os resultados

anteriores de PPC à 1.9 vez 1.6-2.2 vezes é maior que o obtido como o dedo do examinador.

Vira-se, assim o uso da lanterna de mão e a régua da RAF geram resultados de quebra

do PPC mais distante em comparação com outros tipos de estímulos. Em relação aos artigos

Page 49: Analise Biomecanica Visual Finalcorgbibli

46

anteriores, neste caso, foi avaliada a variação do teste de PPC com vários tipos de estímulos e

um grupo experimental com idades variadas. No entanto, o método de avaliação de todo

processo ainda está baseado na subjetividade de avaliação por parte do examinador, seguindo

a mesma fonte de erro associada aos trabalhos descritos anteriormente.

Gürlü e Erda (2008) procuraram o período de tempo ideal no teste diagnóstico de

oclusão em pacientes com exotropia intermitente. No teste foram avaliados 82 (oitenta e dois)

pacientes com exotropia intermitente. Após a avaliação, o teste de oclusão foi repetido com

um período de 1, 3 e 24 horas de intervalo. A distância média dos desvios à visão de perto foi

obtida pela comparação das medidas. Os períodos de estabilização foram determinados, o

teste Pos Hoc de Tukey foi usado para a análise estatística.

Após a oclusão, a exotropia média foi de 28±14.5pd e a exotropia média para a visão

de perto foi de 30±14.8 (p=0.023) e 31.2 ± 14 (p=0.000), respectivamente. Entre os testes

após 3 e 24 horas, não foram encontradas diferenças clínicas ou estatísticas de grande

significância. Embora o desvio se estabilize após uma hora e o desvio para a visão de perto se

estabilize após três horas na exotropia intermitente, as mudanças da média entre os dois

períodos são desprezíveis na avaliação clínica. No que tange à repetição do teste, caso ele seja

realizado em um intervalo de repetição inferior à uma hora, os dados de oclusão podem ser

instáveis.

Holmes et al (2008) propuseram a descrição da variabilidade das medidas de desvios

oculares entre observadores pelo teste de oclusão com prisma e teste de oclusão alternada com

prisma em desvios horizontais. Os testes foram realizado com vinte e três pacientes com

paralisia do nervo abducente e três pacientes, que formam o grupo controle, foram

examinados independentemente por dois médicos oftalmologistas. O teste e a repetitividade

do teste foram avaliadas usando o gráfico de Bland-Altam e o limite de conformidade usado

foi de 95%.

Para os testes de oclusão com prisma a um limite de 95% a variação foi de 6.3pd para

a visão de longe e 6.9pd para a visão de perto. Os dados para o teste de oclusão alternado foi

de 10.2pd para visão de longe e 9.2 para a visão de perto. Baseado nos dados estatísticos, o

limite à 95% de confiança entre os dois examinadores foi próximo à 10pd.

Diante do exposto acima, verifica-se que em relação aos testes de avaliação da

motilidade ocular e quantificação do desvio ocular em estrabismos existe descenso quanto à

margem de erro nos testes visuais. Por outro lado, a variação da estimulação ante testes

motores oculares não é bem definida na literatura, sendo comum nos artigos a associação de

diferenças estatísticas com a tolerância clinica na obtenção dos resultados.

Page 50: Analise Biomecanica Visual Finalcorgbibli

47

Nas ciências da saúde, portanto, não há um consenso sobre a margem de erro

associados aos testes sensórios motores da visão. Tal fato pode estar intimamente ligado a

fatores subjetivos de cada examinador, por exemplo, à sua experiência - muitas vezes diante

do resultado do teste, o examinador pode definir um diagnóstico incorreto. Outra questão, é a

associação das margens de erros à prática clínica, não é claro na literatura o que é um erro

aceitável em condições práticas.

2.2 AVALIAÇÃO DA MOTILIDADE POR MEIO DA OCULOGRAFIA

Existem metodologias validadas que quantificam o movimento ocular com grande

margem de confiança e alta taxa de amostragem. Esses testes são amplamente aplicados na

neurologia e avaliação da cognição, sendo que o grande alvo desses instrumentos é interpretar

o movimento sacádico ocular.

Mislish et al (1998) examinaram o sistema de controle neural dos movimentos

sacádicos oculares. A metodologia aplicada por esses autores utilizou-se de Skalar annulus,

uma lente de conato com eletrodos, por meio da eletro-oculografia é possível medir o

movimento ocular com frequências na ordem de 62 a 125kHz e erro menor que 1pd (Geest e

Frens 2002). Diante dos resultados da pesquisa foi possível avaliar o comportamento do

reflexo oculo-vestibular, em detrimento à alteração dos movimentos sacádicos oculares em

conjunto com os movimentos da cabeça. Na metodologia descrita existe uma grande precisão.

No entanto é um método invasivo que inviabiliza a aplicação por longos períodos de tempo

em virtude do desconforto do sujeito experimental ou paciente.

A metodologia aplicada por Mislish e colegas (1998) gera resultados muito precisos

todavia não é muito prática na aplicação clínica, em virtude do tempo de avaliação e

desconfortos. Em uma triagem por exemplo esta metodologia nunca seria utilizada, alem

disso, a visualização dos dados e processamento pode durar grandes períodos de tempo

inviabilizando o tempo de resposta do diagnóstico ao paciente.

Geest e Frens (2002) compararam os resultados da metodologia de eletro-oculografia

com Skalar annulus e video-oculografia em 2D. Posição de fixação e propriedades dos

movimentos sacádicos dos olhos como amplitude, velocidade e duração foram calculados

independentemente, a aquisição dos dados foi simultânea. A posição de fixação possuiu boa

correlação entre as duas técnicas com discrepância menor que 1°(um grau). A respeito das

Page 51: Analise Biomecanica Visual Finalcorgbibli

48

análises do movimento sacádico, os valores foram ajustados em uma função linear, os

parâmetros obtidos mostraram grande correlação.

A desvantagem do uso do método de video está ligada à baixa amplitude de aquisição

em relação ao método invasivo. Entretanto, no trabalho anterior foi observado uma evolução

em comparação com a metodologia de eletro-oculografia mostrando que a video-oculografia

pode ser uma alternativa para a avaliação do movimento ocular.

Hertle et al (2002) estudaram o nistagmo infantil que usualmente é benigno na

infância, mas pode estar associado a anomalias do sistema sensório visual. Neste estudo foram

utilizados 27 crianças voluntárias que possuíam nistágmo infantil. A análise do movimento foi

realizada clinicamente e por gravação em vídeo à frequência de 30Hz. A frequência de

movimentos binoculares foi de 3.3Hz, e a frequência monocular foi de 6.6Hz. A característica

clínica comum dos movimentos oculares pode auxiliar no diagnóstico do estado visual do

bebê.

A aplicação da video-oculografia vem sendo amplamente difundida para a avaliação

da movimentação ocular humana, auxiliando no estudo de várias questões ligadas à estudos

da cognição, neurologia, alterações de função vestibular, dentre outras. Contudo, avaliação do

movimento dos olhos carece ainda da interpretação do problema na obtenção de resultados

objetivos com baixo custo e flexibilidade na aplicação.

Page 52: Analise Biomecanica Visual Finalcorgbibli

49

3 METODOLOGIA

3.1 MATEIRAIS E MÉTODOS

3.1.1 Montagem do Optometric-lab

Para a aquisição das imagens serão utilizados os seguintes instrumentos: 3 câmeras de

vídeo para aplicações noturnas (câmeras de segurança) Micro Câmera CCD 1/3 470L

(fabricação Sony) e placa de captura de vídeo Geovision modelo gv800 v.8.12 (fabricação

Geovision), um apoio para cabeça oftalmológico com mesa de altura ajustável fabricado pela

DF Vasconcelos, uma cabine de madeira e um oclusor confeccionados nas dependências da

Universidade de Mogi das Cruzes (UMC) com sistema de iluminação no topo, um

computador Intel Pentium Dual CPU E2180, 2.00 GHz, 1,00 GB de Ram, com os seguintes

programas instalados: Matlab 7.6 (R2008a), DVIDEO 2004, um oftalmoscópio WelchAllyn

referencia 11720 (uso como lanterna).

A montagem destes componentes em um único instrumento foi denominada:

Ferramenta Videogramétrica para análises biomecânicas oculares, Optometric-Lab (Figura

16).

Page 53: Analise Biomecanica Visual Finalcorgbibli

50

.

Figura 16: OPTOMETRIC-LAB desenvolvido nas dependências da UMC. (a) cameras ccd

infravermelhas SONY, (b) Apoio para cabeça, (c) Cúpula com iluminação, (d) Computador,

(e) mesa, (f) ajuste de altura.

3. 1.2 Definição do Volume de Calibração.

É fundamental a concepção de um ambiente controlado para a aquisição de dados a

fim de evitar fontes de erros aleatórias ao experimento. Trata-se de ambientes em que se

conheçam as referências reais quanto a seus limites e, nesse sentido, a utilização de

marcadores que definem um volume pode contribuir com esta questão. Assim, torna-se

possível obter as coordenadas de um objeto no espaço, a partir de um referencial real, gerando

dados cartesianos.

Foi montada uma plataforma, passível de ser nivelada por pés de altura ajustável,

possuidora de níveis, pelos quais foi conferido o estado de ortogonalidade.

Na superfície da plataforma foi colocada uma folha de papel milimetrada, a fim de,

definir o posicionamento das marcações verticais. As marcas verticais foram concebidas pela

definição de pontos sob um nível de vertical, que define um plano perpendicular ao plano

base, neste plano foi afixada uma folha milimetrada, em que as intersecções das retas

a

a

b

a

c

a

e

a

d

a

f

a

Page 54: Analise Biomecanica Visual Finalcorgbibli

51

horizontais e verticais definem os pontos de calibração com distância de 2cm em 2cm, este

aparato tem a finalidade de garantir a ortogonalidade entre a base e a posição dos marcadores

verticais posicionados por uma haste, o conjunto de marcadores vão configurar um volume,

neste caso o volume de calibração.

Para este sistema foi escolhida uma origem, a partir daí, foi definido um sistema de

coordenadas com três eixos ortogonais entre si (sistema cartesiano), em que por definição, a

vertical foi definida como sendo o sentido Z a direção lateral foi definida com X e a direção

da profundidade foi definida como Y (figura 17).

Figura 17: Representação dos eixos ortogonais

A medição foi garantida pela medida das marcas do plano fornecidas pela folha

milimetrada e a definição dos pontos sobre o calibrador vertical, Esta definição foi realizada

por metodologia metrológica, por meio de traçador de alturas, assim foi possível definir a

posição das marcações com máxima precisão garantida pelo traçador de altura Mitutoyo.

Com os valores obtidos pela definição da posição dos marcadores foi possível gerar

um arquivo de calibração com as coordenadas tridimensionais dos pontos conhecidos.

Page 55: Analise Biomecanica Visual Finalcorgbibli

52

3. 1. 3 Modo de calibração virtual

A princípio é necessário definir o foco do sistema de câmeras e sua fixação.

Antes do registro da tarefa é feita uma imagem de cada haste. O conjunto de pontos de

cada calibrador forma um volume, em outras palavras, uma armação de calibração. Todos os

pontos são filmados por todas as câmeras ao mesmo tempo, cada uma em uma posição

diferente (figura 18), sendo que as obtenções das coordenadas de todos os pontos vão gerar

um volume. As coordenadas espaciais dos marcadores obtidas por medição direta (arquivo de

calibração) são introduzidas para serem equacionadas com as respectivas coordenadas dos

marcadores reconhecidos na tela. Desta forma, a calibração para cada câmera se mostra clara.

Figura 18: enquadramento do volume de calibração (a) (armação de calibração) pelas três

câmeras (c), que constituem o sistema de captação de vídeo, observe que cada câmera é capaz

de visualizar todas as hastes (a) do ponto mais baixo ao ponto mais alto conferindo o

monitoramento do volume pelo sistema de captação de imagens.

3.1.4 Método de calibração

Os procedimentos de calibração das câmeras aplicados neste trabalho foram propostos

por ABDEL-AZIZ & KARARA (1971, apud Barros et al. 1999) os quais são conhecidos

como DLT (Direct Linear Transformation). A equação abaixo define o parâmetro de

transformação por Mercadante (2000).

0)()()( 10976431 k

i

k

i

k

i

kk

i

k

i

kk

i

k

i

kk xnZxnnYxnnXxnn (1)

a

c

b

Page 56: Analise Biomecanica Visual Finalcorgbibli

53

0)()()( 11986532 k

i

k

i

k

i

kk

i

k

i

kk

i

k

i

kk ynZynnYynnXynn (2)

Temos que iX e

iY são as coordenadas de tela do i-ésimo ponto de um sistema de

referência conhecido, para cada câmera k; iX ;

iY e iZ são as coordenadas espaciais do i-ésimo

ponto de referência e k

hn (h=1,11) são os parâmetros da transformação para a k-ésima câmera,

a serem determinados.

3. 1.5 Obtenção das coordenadas

A descrição do movimento, a partir do registro em vídeo em 2D está fundamentada na

obtenção de coordenadas de tela em um plano comparador (figura 19), por exemplo, uma

seqüência de imagens as quais possuem tamanho fixo e freqüência de aquisição homogênea.

Figura 19: Imagem digital a qual o quadro a define as coordenadas de tela a que tem função

de plano comparador para a aquisição da trajetória do movimento

a

Page 57: Analise Biomecanica Visual Finalcorgbibli

54

Por meio desta comparação é possível realizar medições, para cada imagem, é definida

uma matriz de pontos (pixels). De posse desses pontos torna-se possível extrair as

coordenadas x e y da imagem em função do tempo e, neste trabalho foi utilizado o processo

manual de medição e o reconhecimento de imagem pelo software Dvideow.

Cada ponto de interesse deve ser visto simultaneamente por pelo menos duas câmeras,

portanto, o posicionamento das câmeras deve levar em conta a visualização de cada ponto por

mais de uma câmera. Todavia, a obtenção das coordenadas como exposto anteriormente pode

ser obtida de modo manual ou automático.

A obtenção manual da posição de tela de cada ponto deve ser realizada quando o

padrão da imagem for inadequado para os processos de rastreamento automático e

reconhecimento de imagens. O rastreamento automático da posição dos marcadores é

realizado por métodos de processamento de imagens, em conjunto à estruturação de

algoritmos, que realizam a detecção das marcas. Muitas vezes a obtenção destes pontos de

modo automático foi irregular, em virtude de alterações no padrão das imagens causado por

mudanças da iluminação e perda de foco.

Durante o procedimento experimental, a interrupção na obtenção dos dados pode

ocorrer, por exemplo, quando o olho está fechado, quando pisca ou quando o sujeito

colaborador realiza algum tipo de movimento para o qual o sistema de captação das imagens

seja incapaz de visualizar o objeto de interesse, neste caso devemos registrar a posição

anterior que é uma estimativa da localização da partícula em especial.

3. 1.6 Reconstrução das coordenadas

Para Mercadante (2000) baseada na metodologia de calibração (DLT), o processo de

reconstrução utiliza as mesmas equações aplicadas na calibração com a substituição dos

parâmetros .

0)()()( 10976431 k

i

k

i

k

i

kk

i

k

i

kk

i

k

i

kk xnZxnnYxnnXxnn (1)

0)()()( 11986532 k

i

k

i

k

i

kk

i

k

i

kk

i

k

i

kk ynZynnYynnXynn (2)

Page 58: Analise Biomecanica Visual Finalcorgbibli

55

Para a reconstrução tridimensional, e são as coordenadas de tela do marcador

na i-ésima imagem, da k-ésima câmera. São os 11 parâmetros de calibração para a k-

ésima câmera e iX ;

iY e iZ são as coordenadas espaciais do marcador n i-ésima imagem a ser

determinada. O número mínimo de imagens a serem utilizadas são duas.

Do mesmo jeito que acontece com a fórmula na calibração de cada câmera, o sistema

de equações apresentado é sempre superdimensionado, havendo mais de uma solução para o

problema, por isso é feita uma otimização pela técnica dos quadrados mínimos das soluções

possíveis.

3.1.7 Controle da iluminação

O controle da iluminação depende da textura de fundo e incidência da luz, tal como

foi concebido com a construção de uma cabine (figura 20), a qual possui em sua porção

superior 6 lâmpadas com filamento de tungstênio e bulbo do tipo leitoso, emparelhadas com

distâncias homogêneas. O controle da intensidade se fez por meio de placa de polipropileno

leitoso, com espessura de 3mm, com função de difusor da luz. O sistema de iluminação está

acerca de 0,6m do plano da mesa de apoio, foi usado um luxímetro portátil digital modelo ML

510 para o controle da iluminação em 100 cd/m2.

Figura 20: As figuras mostram o sistema de controle de iluminação no interior da capine A,

este sistema composto de seis lapadas B tem por função controlar e conferir a incidência de

luz durante o procedimento instrumental por meio de um luxímetro C.

Placa de

polipropileno

leitoso.

A B

C

Page 59: Analise Biomecanica Visual Finalcorgbibli

56

3.1.8 Construção de calibrador aferidor

Para a melhor definição da acurácia das medidas realizadas pelo sistema, faz-se

necessária a quantificação de um fenômeno real, que possa ser controlado

O calibrador é um metrônomo de pêndulo simples (figura 21) que é um instrumento

com período constante, sua freqüência varia de 19 oscilações por minuto a 110 oscilações por

minuto.

.

Figura 21. Metrônomo, este instrumento é usualmente aplicado no ensino e treino de músicos, veja o transferidor 180 graus alinhado ao centro de rotação do pêndulo (c).

O metrônomo foi construído pela DABO MUSIC fabricado na Korea, e possui um

transferidor acoplado ao seu corpo, com centro colinear ao eixo de rotação e nível para definir

ortogonalidade do transferidor. A definição do eixo de rotação foi realizada no laboratório de

Metrologia da Universidade de Mogi das Cruzes com o auxílio de traçador de altura e

paquímetro mitutoyo. O monitoramento do período de oscilação do pêndulo foi calculado por

c

Page 60: Analise Biomecanica Visual Finalcorgbibli

57

meio do vídeo, visualizado no software VIDEO LOG (figura 22) que possibilita quantificar o

tempo de amostragem das imagens com precisão milesimal de segundo com taxa de

amostragem de 0.0370 ms.

Figura 22. Tela de trabalho do software VIDEO LOG; no centro é visualizado o vídeo; na

porção inferior do lado direito existe um relógio com mostrador digital; na porção infero-

central a barra de tempo, e botões de controle da visualização do vídeo; na porção direita veja

a barra de ferramentas e edição do vídeo; na janela anexa veja os vídeos disponíveis por data.

3. 1.9 Construção da grade inclinada

Uma grade inclinada foi composta por pontos, que foram desenhados sobre um plano,

de tal modo que cada ponto estivesse à distância de 40mm de outro. A definição da

localização de cada um deles foi possível em virtude de uma folha milimetrada, que servira de

marcador. Cada ponto possuía diâmetro de 3mm, a inclinação não foi calculada, para que

conferisse ao experimento caráter aleatório, quanto à inclinação e posição do conjunto de

pontos. A figura 23 mostra a aplicação deste aparato em um procedimento experimental.

Page 61: Analise Biomecanica Visual Finalcorgbibli

58

Figura 23. Grade inclinada sobre plano, veja os pontos simetricos sobre o plano da grade.

3.1.10 Construção de Phantom

Para a melhor definição da acurácia das medidas realizadas pelo sistema, faz-se

necessário a quantificação de um fenômeno real, que possa ser controlado, ou conhecido

profundamente. Para isso, a implementação de um Phantom ocular (modelo de olho), que

descreve um movimento tendo em comum certas virtudes em relação às seguintes

características oculares (ver figura 24):

Tamanho próximo de um olho real.

Eixo de rotação fixa.

Velocidade de movimentação constante e controlável

Passivo de variação da posição do eixo de rotação.

De posse desse instrumento, é possível quantificar a acurácia da ferramenta

videogramétrica para quantificações biomecânicas dos olhos, pelo registro do vídeo e

processamento das imagens do phantom.

Page 62: Analise Biomecanica Visual Finalcorgbibli

59

Figura 24. Phantom, na porção superior do prolongador estão as esferas com dimensões

próximas ao do olho humano; estes olhos são movimentados por um eixo de motor de passo;

os motores estão sendo suspensos por uma placa plástica comum.

Este instrumento foi concebido com a fixação de dois motores de passo com

alimentação com tenção de 5,0V e passo de 7,5°, em que um ciclo possui exatamente 48

passos. Este aparato foi montado sobre um braço móvel, que permite a mudança da posição

do eixo do motor. Sobre o eixo do motor foi acoplado um prolongador e neste foi colocado

uma esfera de 20mm de diâmetro de cor preta e um alvo branco em seu equador.

O controle da rotação do motor é controlado por meio da porta paralela do

computador, sob rotina matlab denominada stepmotorzz, a qual realiza a movimentação do

motor em meio passo (passos de 7,5 graus). A rotina stepmotorzz possibilita o controle do

tempo de ativação das bobinas, e fornece uma matriz que calcula o tempo de processamento e

ativação de cada passo (figura 25).

Page 63: Analise Biomecanica Visual Finalcorgbibli

60

Figura 25: Esquema de montagem do motor de passo (a) ligado à porta paralela (b) do CPU

(c) que possui uma esfera (d) na estremidade do eixo (e) que translada 7.5º segundo a rotina

steppermotorzz (f) a qual ativa as bobinas 1 e 2, à freqüência e período determinados.

3.1.11 Sistema de captação de imagens

O sistema de captação de imagens aplicado neste trabalho foi concebido pela

aplicação de 3 câmeras de vídeo analógicas que, ligadas a uma placa de captura de vídeo

analógico para formato digital, que convertem os sinais vídeo analógico em formato vídeo

digital, por um sistema baseado nos programas GV800. Este aparato tem características como:

Gravar vídeo digital sincronizado com até 8 câmeras

Robustez

Converter as imagens para formato AVI

Ajustes digitais da imagem

Por outro lado, o posicionamento da imagem frente ao fenômeno é crucial para a

aquisição dos dados. Tendo ISS em mente, foi utilizado um cavalete que possibilita às

câmeras monitorarem o evento, garantindo o enquadramento na visualização do volume de

calibração, que vai viabilizar acurácia na reconstrução da posição pelo método DLT.

A reconstrução tridimensional da posição de um objeto requer o sincronismo na

captação das imagens entre as câmeras, tal sincronismo foi definido por meio do sistema de

aquisição de imagens, que se utilizou de uma placa de captura GV 800 produzido pela

a

b

c

d

e

f

Page 64: Analise Biomecanica Visual Finalcorgbibli

61

GEOVISION, a aferição do sincronismo entre as imagens foi obtida por meio de um relógio

que quantifica o tempo de amostragem das câmeras com precisão milesimal de segundo com

taxa de amostragem de 0.0370s.

3.1.12 Apoio para cabeça.

O monitoramento dos movimentos oculares requer que os olhos estejam enquadrados

em todas as câmeras. Para que isto seja possível, adotamos um apoio de cabeça, que permite a

fixação de um volume de calibração e, ao mesmo tempo, que o sujeito colaborador da

pesquisa não venha a mudar a posição de sua cabeça, ou venha posicionar seus olhos fora do

volume de calibração.

O posicionamento das hastes, que vão definir o volume de calibração, é possível

devido a uma plataforma situada abaixo da queixeira, na qual existem niveladores que

definem a posição em relação ao centro de gravidade terrestre (figura 26). E sobre esta

plataforma existem marcações que definem as medidas do plano.

Figura 26. Apoio Para cabeça, veja o apoio de cabeça onde o sujeito experimental deve

posicionar-se durante o procedimento experimental.

Page 65: Analise Biomecanica Visual Finalcorgbibli

62

3.1.13 Correção das distorçoes radiais

A formação da imagem pela câmera, em virtude da focalização, gera o efeito de

distorção radial. Tal efeito induz erros de quantificação, pois a posição de tela em questão está

comprometida. O ponto em questão está muitas vezes deslocado de sua posição real, o

processo de calibração adotado neste trabalho é altamente afetado neste caso, em virtude da

adoção de pontos de calibração irreais. Por isso, é necessária a aplicação de uma metodologia

de correção da posição dos marcadores do volume de calibração.

No presente trabalho, portanto, adotamos o método de correção das distorções radiais,

que utiliza um conjunto de softwares que realizarão a conversão do vídeo, em uma seqüência

de fotos, além da correção das distorções nas fotos e, por fim, a conversão da sequência de

fotos corrigidas em um vídeo.

Os softwares utilizados foram: MOVIEMAKER, FREE VIDEO TO JPG, GML

UNDISTORTER, PHOTOLAPSE e MOVIEMAKER, esse último é um programa que

compõe o Windows, sua utilização foi para converter o vídeo em um formato reconhecível

pelo software FREE VIDEO TO JPG que, por sua vez, é um programa de acesso livre e

possibilita a conversão de um vídeo em seqüência de imagens, transformando cada quadro em

uma foto no formato JPG. Com base na foto, a imagem foi corrigida pelo programa GML

UNIDISTORTER, que converte todas as imagens contidas em uma pasta. Por fim, utilizou-se

o programa PHOTOLAPSE reuniu todas as imagens corrigidas em um vídeo final, este vídeo

foi compactado segundo o CODEC LIGOS IDEO 5.11 (figura 27).

Figura 27. Esquema de correção das distorções radiais em vídeo, por meio dos programas a

MOVIEMAKER, b FREE VIDEO TO JPG, c GML UNDISTORTER e d PHOTOLAPSE.

a c

b d

Page 66: Analise Biomecanica Visual Finalcorgbibli

63

3.2 PROCEDIMENTOS MATEMÁTICOS

3.2.1 Algoritimo de quantificação de variáveis mecânicas do calibrador.

A figura mostra o esquema experimental para a quantificação do ângulo de translação

do pendulo do calibrador (figura 28) com movimento alinhado ao plano ZX do sistema de

coordenadas no optometric-lab, a quantificação dos ângulos foram realizadas segundo a

mudança do centro do sistema para o eixo de translação do pêndulo.

Figura 28: esquema 2D de representação do movimento do pendulo em torno de um centro

de rotação, por meio dos dados no sistema cartesiano foi possível quantificar o ângulo de

rotação do pêndulo.

A equação 5 foi obtida com a aplicação do conceito de transformações de coordenadas

cartesianas em coordenadas esféricas, na qual φ refere-se à alteração do ângulo com centro em

c. A equação 2 refere-se à obtenção da norma entre os vetores centro de rotação e extremidade

do pêndulo.

De posse dos dados brutos a quantificação do ângulo de translação do pêndulo (φ) e

comprimento (C) do pêndulo na direção vertical versus horizontal, durante o procedimento

experimental foi obtida pela equação:

xzx

z

22arctan2 (5)

2

21

2

21 )()( zzxxc (6)

pêndulo

centro de rotação

x

z

Page 67: Analise Biomecanica Visual Finalcorgbibli

64

3.2.3 Algoritimo de quantificação da posição dos pontos sobre a grade inclinada

A posição tridimensional dos pontos gerou uma matriz, que representa a localização

em função da referência do optometric-lab (figura 29), a fim de definir a mudança referencial

para algum ponto da grade foi utilizada a equação abaixo:

PsrPsPc nn (7)

Onde Pcn refere à posição do ponto no sistema da grade, Psn o ponto bruto

reconstruído pelo optometric-lab e Psr o ponto de referência contido na grade .

Figura 29: a Representação gráfica da reconstrução dos pontos medidos da grade inclinada b

em relação à referência 0, Psr é o ponto de referência na grade e Psn são os pontos que

constituem a grade.

A partir da matriz convertida foi calculada a norma do vetor dos pontos pela equação:

nn PcNp (8)

A norma Npn foi obtida em função do vetor Pcn (figura 30)

y

0

z

x

Psr

Psn

a b

Page 68: Analise Biomecanica Visual Finalcorgbibli

65

30: as linhas pontilhadas representam a norma dos pontos da grade em relação a Pcn, as linhas

contínuas representa o sistema de coordenadas adotado.

3.2.4 Algoritimo de quantificação de variáveis biomecânicas oculares.

O movimento dos olhos pode ser quantificado em ângulos (figura 31), estes podem ser

calculados por uma equação trigonométrica que relaciona o raio de rotação dos olhos e o

deslocamento do mesmo. O raio de rotação dos olhos é igual à aproximadamente 13mm, e o

seu deslocamento é calculável por métodos de eye traking.

Figura 31: Modelo de determinação do ângulo de movimentação dos olhos de Zhu e Yang

(2002), O’ representa o centro de rotação do olho, theta é o ângulo de movimentação, r é o

vetor raio de rotação e l equivale ao vetor deslocamento, esta imagem representa um corte

sagital do olho para facilitar a visualização

z

x

y

nPc

rotação do olho

Page 69: Analise Biomecanica Visual Finalcorgbibli

66

Zhu e Yang (2002) consideram o método de cálculo do ângulo ( ), que representa o

movimento dos olhos em função do deslocamento e posição do centro da íris ( l ) e o raio de

rotação do olho ( r ) pela equação:

r

larcsen (9)

O deslocamento do centro da íris será calculado pela equação (ver figura 32)

2

21

2

21

2

21 )()()( zzyyxxl (10)

O valor da movimentação dos olhos será descrito em função de um par de

informações, θx ângulo na horizontal, θy ângulo na vertical.

Figura 32: Representação gráfica da quantificação do ângulo de rotação θ do olho por meio

da obtenção da coordenada de dois pontos P1 e P2, sendo raio r dado.

A quantificação da velocidade de translação dos olhos será dada em função da

equação:

t

ou

t

r

zzyyxx

2

21

2

21

2

21 )()()(

(11)

Onde é a derivada do ângulo do movimento dos olhos, e t é a derivada do

tempo. Esse tempo será calculado pelo valor do quadro captado pelo sistema de aquisição de

imagens multiplicado por 1/frequencia de aquisição do sinal. Como expresso acima, teremos

um par de vetores que representam ωx e ωy.

Sendo assim, de posse dos dados do deslocamento do centro da íris é possível obter o

deslocamento angular e a velocidade dos olhos.

θ

Page 70: Analise Biomecanica Visual Finalcorgbibli

67

3.2.5 Filtragem dos dados

Durante o procedimento experimental o rastreamento do objeto falhou algumas vezes,

a veracidade das e processamento das medidas poderiam ser comprometidos em virtude da

perda de alguns pontos, para isso as linhas dos pontos perdidos foram removidos por uma

função lógica.

A partir dados reais, os mesmos foram filtrados segundo um filtro Butterworth de 4°

ordem e frequência de corte de 0.8Hz (2fc ≈ 2Hz) passa baixa, com freqüência de amostragem

de 27Hz para os dados transformados para coordenadas polares, em que os ângulos em função

do tempo foram filtrados.

A definição da freqüência de corte foi realizada pela análise espectral pela

transformada rápida de Fourier do sinal ângulo em função do tempo (figura 33).

Figura 33: O retângulo e mostra a freqüência do ruído durante o procedimento experimental

com phantom. O eixo vertical representa a movimentação em graus e o eixo horizontal a o

espectro da frequência.

Com a obtenção da freqüência de corte foi aplicada a função butter em matlab

segundo o algoritmo descrito na equação (12) , a fim de desenhar o filtro.

n

n

znaza

znbzbb

zA

zBzH

)1(...)2(1

)1(...)2()1(

)(

)()(

1

1

(12)

0 50 100 150 200 250 300 350 400 450

0

0.5

1

1.5

2

2.5

3

X: 10.76

Y: 0.801

Frequência em Hz

|Theta

(t)|

Espectro da amplitude Theta(t)

Page 71: Analise Biomecanica Visual Finalcorgbibli

68

Com a obtenção dos dados filtrados foi aplicado uma função spline interpolate para

definição mais aproximada dos pontos perdidos durante os testes.

3.3. PROCEDIMENTOS EXPERIMENTAIS PARA VALIDAÇÃO.

A obtenção dos resultados experimentais, que serviram de objeto para a validação da

ferramenta, foi realizada com base na reconstrução das coordenadas tridimensionais, de

vídeos corrigidos contra distorções radiais, que registraram o movimento do metronomo

descrito na secção 3.1.8, à freqüência de 19.6, 24.4, 36.2, 47.0, 60.9, 71.4, 78.6, 92.9, 101.0,

19.3, 22.4, 26.6, 38.7, 53.3, 71.0, 91.3, 109.6 e 106.7 ciclos por minuto (cpm)

respectivamente, tomados em 2 tomadas distintas.

O movimento do Phantom foi monitorado com o objetivo de que o mesmo realizasse

movimentos à 7.5, 8.3, 9.3, 10.7, 12.5, 15, 18.5, 25, 37.5, e 75 graus por segundo (°/s). Estes

dados foram quantificados em imagens de vídeo corrigidas contra distorções radiais e

reconstruídos segundo a metodologia descrita anteriormente.

O plano delimitado pela grade foi monitorado em 5 tentativas, em que cada ponto

estava em uma posição aleatória dentro do volume calibrado e, em cada instante foram

monitorados 15 pontos totalizando 75 medidas.

3.4 AVATAR DA MOVIMENTAÇÃO OCULAR

A visualização dos resultados pode ser feita por meio de uma animação gráfica

denominada “Avatar da Movimentação Ocular” (figura 34). Esse recurso foi construído no

software V-Realm Builder version 2.0, que possibilita a construção de modelos para animação

3d compatíveis com o Matlab simulink 2008a. O modelo consiste em dois olhos que se

movimentam segundo os eixos de Fick, os dados dos ângulos de que foram adquiridos nos

procedimentos experimentais foram estocados em um arquivo de extenção txt, a rotina em

matlab lê estas coordenadas e gera a animação.

A criação dessa interface de animação foi feita com o desenho de duas esferas sem

suas calotas, nesse espaço foi colocado um plano circular com uma textura de íris azul. Cada

esfera foi denominada uma variável a qual a rotina matlab usa para controlar os movimentos

do modelo nos graus de liberdade x e y de Fick.

Page 72: Analise Biomecanica Visual Finalcorgbibli

69

Figura 34: Avatar da movimentação ocular construído no V-Realm builder version 2.0 para a

reprodução dos resultados do procedimento experimental.

A visualização dos movimentos oculares, por meio da animação tem a função de se

tornar uma interface agradável entre homem e máquina, possibilitando a visualização dos

resultados. Desta forma, através desses recursos, os examinadores terão um método

alternativo de visualização dos resultados alem dos gráficos.

3.5 PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL EM SERES HUMANOS

Para a realização dos testes foram selecionados 17 participantes, que realizaram

tarefas motoras visuais monitoradas pelos sistemas de captação de imagens. Dentre os

colaboradores do protocolo de pesquisa participaram 12 homens e 15 mulheres, todos sem a

presença de estrabismos e alterações sensórias motoras oculares mediante a avaliação

realizada pelo questionário e avaliação do histórico.

Os dados de 12 testes não foram quantificados pois a aplicação da metodologia em

seres humanos estava em fase de aprimoramento.

Page 73: Analise Biomecanica Visual Finalcorgbibli

70

Um questionário (ver ANEXO A) foi preenchido por cada participante, contendo

informações sobre o estado de saúde atual e o resultado de um conjunto de testes tradicionais

de avaliação biomecânica ocular. Foi descrito na seção fundamentação teórica, com a

realização do teste de oclusão, avaliação de reflexos pupilares, versões e ducções, sendo

utilizado para formação de banco de dados para a pesquisa.

Tais teste podem ser realizados por profissionais pertencentes a família ocupacional

3223, da Classificação Brasileira de Ocupações (CBO) instituída por portaria ministerial nº.

397, de 9 de outubro de 2002. Sobre as premissas destes profissionais, pode-se destacar: i)

identificar deficiências e anomalias relacionadas às alterações da função visual, ii) analisar

estruturas internas e externas do olho. Com base na CBO, o mestrando no Programa de Pós-

graduação em Eng. Biomédica da UMC, Eduardo Fratari Paes Leme, Tecnólogo em Óptica e

Optometria está habilitado para realizar estes procedimentos.

Os voluntários foram homens e mulheres com faixa etária entre 20 a 50 anos.

A participação dos voluntários na pesquisa foi avaliada Comitê de Ética da

Universidade de Mogi das Cruzes, atendendo à resolução CNS 196/96, do Conselho Nacional

de Saúde, de 10/10/96 (Anexo A).

Todos os voluntários deste estudo foram incluídos no trabalho após concordância da

participação na pesquisa, mediante a assinatura pelos voluntários do TERMO DE

CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO (Apêndice A) para participação da pesquisa

“DESENVOLVIMENTO DE FERRAMENTAS FOTOGRAMÉTRICAS PARA ANÁLISE

BIOMECÂNICA OCULAR”, tornando-os cientes dos procedimentos vinculados à coleta.

O trabalho foi realizado nas instalações do Laboratório de Controle Motor (LACOM).

Os métodos experimentais são não-invasivos e não oferecem nenhum risco a população em

questão.

O monitoramento da movimentação dos super cílios em milímetros foi realizado com

a fixação de quinze (15) marcadores retro reflexivos (figura 35), não invasivos, e não tóxico,

que delimitaram a borda das sobrancelhas, fixados por fita adesiva 3m dupla face antialérgica.

Outro marcador foi posicionado na pele sobre a posição da cartilagem alar, sua função é atuar

como ponto de referência estático sobre a face.

Page 74: Analise Biomecanica Visual Finalcorgbibli

71

Figura 35. Modelo de fixação de marcadores não invasivos sob a pele, Ilustração de ADAM.

Durante as atividades de monitoramento da posição dos olhos e sobrancelhas não foi

utilizado nenhum tipo de substância e não foi prescrito nenhum tipo de tratamento médico/

terapêutico.

As atividades de monitoramento foram realizadas através de instâncias dinâmicas:

teste de oclusão com oclusor para a definição do ângulo φ e perseguição de ponto luminoso

com os olhos no monitoramento da posição ocular. O teste estático foi utilizado para a

definição do DNP.

Os participantes do teste forma fotografados pela câmera digital Sony daylight, na

posição primária do olhar (PPO), para a medida fotogramétrica das distâncias entre reflexos

corneanos.

Para a avaliação sensório-motora, os participantes foram monitorados por sistema de

captação de imagens em vídeo, observando dois pontos: o primeiro situado à distância de 6

metros, e o segundo a distância de 20 centímetros – com a oclusão alternada dos olhos por

oclusor inicialmente com tempo de 1 segundo para o primeiro ciclo de oclusões, 2 segundo e

3 segundos, uma seqüência rápida de 10 ciclos de oclusão rápida e por fim a oclusão com

período de 3 segundos para cada olho.

A movimentação dos olhos foi monitorada por um sistema de câmeras de vídeo

sincronizadas pela placa de captura de vídeo. O participante observou um ponto luminoso que

desloca sobre seu campo de visão.

Uma vez adquiridos os dados, eles foram analisados por softwares específicos tipo:

DVIDEOW e MatLab, visando facilitar a interpretação dos resultados.

Marcadores Marcadores

Page 75: Analise Biomecanica Visual Finalcorgbibli

72

4 RESULTADOS

Na seqüência apresentamos os resultados obtidos no procedimento experimental

efetuado com o calibrador aferidor.

4.1 VALIDAÇÃO QUANTO O SINCRONISMO TEMPORAL DA AQUISIÇÃO DAS

IMAGENS

O Gráfico abaixo mostra a trajetória angular do pêndulo em função do tempo. Observe

que a figura tem semelhança a uma função senoidal, em que é possível visualizar a freqüência

medindo a distância entre picos (figura 36).

Figura 36. Gráfico da trajetória angular do pêndulo não filtrado em função do tempo,

visualize o comportamento senoidal da função da trajetória do movimento da partícula de

interesse.

Com base na figura 36 acima é possível visualizar a existência de simetria entre as

curvas, de tal modo que é possível concluir que o movimento de oscilação do pêndulo entre os

eixos horizontal e vertical, foi reproduzido pela reconstrução tridimensional.

Apropriando-se do conceito de freqüência, a validação do sincronismo entre câmeras

pode utilizar deste pré-suposto teórico. A freqüência de oscilação do pêndulo deve ser igual à

0 5 10 15 20 25 30 35 40 450.5

1

1.5

2

2.5

3

tempo (s)

angulo

s (

rad)

Gráfico da trajetória angular do pêndulo não filtrado em função do tempo

Page 76: Analise Biomecanica Visual Finalcorgbibli

73

freqüência de reconstrução da trajetória do mesmo pelo instrumento. Portanto, a quantificação

do espaço temporal dos picos da trajetória serve de prova para a defesa da reprodutibilidade

do sincronismo entre as câmeras realizado pela placa de captura de vídeo.

A figura 37 mostra a normalização e reconstrução do gráfico da trajetória angular do

pêndulo filtrada em função do tempo por um filtro digital Butterworth de primeira ordem

descrito na metodologia. A linha azul mostra a trajetória angular normalizasda em função do

tempo, o gráfico em vermelho mostra a mesma trajetória em uma posição normalizada entre

o eixo temporal, a seta mostra os pontos que definem o pico de cada onda, sendo que a

definição do período entre cada ponto é igual ao período da onda.

Figura 37: Gráfico da trajetória angular do pêndulo filtrado em função do tempo, em azul

fina a trajetória em relação ao valor dos ângulos não normalizados; em asteriscos vermelhos a

trajetória dos ângulos normalizados, a freqüência da onda foi calcula a em função do tempo

de cada período como visto na seta sobre os dois primeiros picos da onda filtrada e

normalizada.

A filtragem dos dados tem o objetivo de limpar o ruído na obtenção do sinal, a onda

filtrada possibilita a definição automática dos picos da onda, com maior precisão.

0 5 10 15 20 25 30 35 40 45-1

-0.5

0

0.5

1

1.5

2

2.5

tempo (s)

ângulo

s (

rad)

Page 77: Analise Biomecanica Visual Finalcorgbibli

74

O procedimento experimental realizado obteve 18 valores de freqüência de oscilação

do calibrador. A tabela mostra a média da freqüência real, a média da freqüência do calibrador

e o desvio padrão da análise desta variável.

TABELA 4: DADOS DO PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL DE VALIDAÇÃO DO SINCRONISMO

ENTRE CÂMERAS.

Frequência do calibrador em ciclos por minuto

Freqüência dos dados quantificados pelo optométric-lab em ciclos por minuto

Desvio padrão dos dados visualizados pelo optométric-lab em ciclos por minuto

Número de medidas realizadas pelo optometric-lab

17.8 17.8 1.3 9

21.4 21.4 1.1 9

25.8 25.7 1.9 9

37.5 37.7 2.2 9

49.7 49.6 1.1 9

64 63.4 1.2 9

Com base nos dados propostos, é possível visualizar que existe um desvio padrão

mínimo de 1,52x10-14

cpm, e desvio padrão máximo de 4,46 cpm. Os menores desvios

ocorreram em frequências menores, mostrando que há maior uniformidade entre as medidas

temporais em oscilações onde o pêndulo movimenta-se mais lentamente. A figura 38 mostra

esta relação pelo gráfico de barras de erro.

Page 78: Analise Biomecanica Visual Finalcorgbibli

75

Figura 38. Gráfico da barra de erro sobre o sincronismo entre câmeras. Veja a simetria de

resultados entre as medidas dadas pelo optometric-lab e o período do metrõnomo, de 20 à 80

ciclos por minuto(cpm).

A linha inclinada em azul mostra o período médio das oscilações do instrumento

padrão, versos a quantificação pelo optometric-lab. As cinco (5) barras verticais representam

o desvio padrão entre as medidas. Como nas aferições de freqüência mais baixa esta barra de

erro é bem pequena, existe maior robustez do sincronismo nesta faixa de aquisição dos dados.

A relação entre a variável real e a medida pelo instrumento possui grande grau de

associação, a correlação entre estas variáveis foi de 0.99, portanto as medidas realizadas pelo

optometric-lab possuem um relacionamento linear estreito.

10 20 30 40 50 60 7010

20

30

40

50

60

70

Período do metrônomo

Medid

a p

ela

opto

metr

ic-lab

Resultados

Correlação = 0,9

Período do metrônomo (cpm)

Per

íod

o d

o m

etrô

no

mo

med

ido

pel

o o

pto

met

ric-l

ab (

cpm

)

Correlação=0,99

Page 79: Analise Biomecanica Visual Finalcorgbibli

76

O gráfico da figura 39 mostra o intervalo de confiança para a resposta média, em um

diagrama de dispersão, conjuntamente com a linha de regressão ajustada, e suas bandas de

confiança a 95%.

Figura 39. Gráfico da análise e ajuste da calibração à 95% de confiança, a linha vermelha

mostra a regressão linear dos dados ajustados, os pontos em azul são os valores brutos do

optometric-lab, a linha vermelha fraturada mostra o intervalo de confiança.

O modelo de regressão linear simples descrito no gráfico afirma que a relação entre as

situações real e aferida pelo sistema de medida possui simetria quanto o sincronismo entre os

registros. Assim, o dado calculado possui 3,5% de erro calculado a partir da regressão linear.

0.5 1 1.5 2 2.5 3 3.50.5

1

1.5

2

2.5

3

3.5

Dados a

justa

dos à

95%

de c

onfiânça

Calibrador

Analysis of fit "fit 1" for dataset "b vs. a"

Dado filtrado

Intervalo de confiânça à 95%

Optometric-lab versos. calibrador

f(x)= 0.99*x

Período do metrônomo (cpm)

Per

íod

o d

o m

etrô

no

mo

med

ido

pel

o o

pto

met

ric-l

ab (

cpm

)

Page 80: Analise Biomecanica Visual Finalcorgbibli

77

4.1.2. Validação na reconstrução tridimensional dos pontos da grade

A reconstrução de objetos estáticos foi utilizada como parâmetro de avaliação, quanto

à precisão do sistema de correção das distorções radiais provocadas pelas câmeras.

A figura 40 mostra a reconstrução das coordenadas de 15 pontos dispostos sobre um

plano inclinado.

Figura 40. Reconstrução tridimensional dos pontos da grade inclinada em milimetros, os

pontos foram reconstruídos sobre os três eixos ortogonais, é notório a simetria entre eles.

A norma entre cada ponto foi quantificada em 5 tentativas, a análise da variância das

matrizes formadas para cada tentativa foi igual a 1 (f=0.5). Na figura 41 é possível visualizar

a reprodutibilidade dos resultados mesmo mudando a posição do objeto.

40

60

80

100

120

140

160

180

120130

40

50

60

70

80

90

100

Reprodução gráfica da reconstrução tridimensional da grade inclinada

x

y

z

Page 81: Analise Biomecanica Visual Finalcorgbibli

78

Figura 41. Gráfico boxplot das medidas realizadas em 5 tentativas distintas, em vermelho

mostra a médiana dos pontos, a lina azul inferior mostra o primeiro quartil, a linha azul

superior mostra o terceiro quartil, as linhas pretas mostram os valores mínimos e máximos.

A visualização dos erros em relação a medida real mostrou a acurácia e a faixa dos

erros experimentais na reconstrução das coordenadas. A figura 42 mostra essa relação pelo

gráfico boxplot.

Figura 42. Gráfico boxplot dos erros nas medidas da grade inclinada.

1 2 3 4 5

0

20

40

60

80

100

120

140

160

180

Valo

res

número de tentativas

Gráfico boxplot das normas da grade de pontos

1 2 3 4 5

0

0.5

1

1.5

2

2.5

valo

res

número de tentativas

Boxplot dos erros

Med

idas

em

mil

ímet

ros

Med

idas

d

a g

rad

e in

clin

ada

(m

m)

Err

os

inst

rum

enta

is d

as m

edid

as d

a

gra

de

incl

inad

a (m

m)

Page 82: Analise Biomecanica Visual Finalcorgbibli

79

A média do erro da medidas dos pontos sobre a tela em 5 posições diferentes foi de

0.46mm ± 0.43mm..

Diante de uma tarefa cinética a medida do comprimento do pêndulo do calibrador

aferidor, em duas tentativas, cada uma com 99 medidas dentro de um período de 3,66s, a

figura 43 mostra o gráfico boxplot dos erros experimentais.

Figura 43. Gráfico boxplot dos erros experimentais na medida do comprimento do pêndulo

em fase dinâmica, observe a simetria de erros entre os dois procedimentos experimentais.

A média dos erros experimentais foi de 1.6mm± 1.8.

A acurácia da quantificação do ângulo de rotação de um motor de passo que trasladava

em passos de 7.5°±0.5°em zigzag que simulava um nistagmo optocinético. A medida

realizada pelo optometric-lab foi de 7.2°±0.22° para 23 tentativas, a margem de erro da

ferramenta está por volta de 0.3°, veja a figura 44 do gráfico que representa o procedimento

experimental.

1 2

-1

0

1

2

3

4

5

6

7

8

Valo

res

Tentativas

Med

idas

(m

m)

Page 83: Analise Biomecanica Visual Finalcorgbibli

80

Figura 44: gráficos da rotação do motor filtrada, os picos representam as posições do eixo do

motor em graus, o vale da onda representa a posição inicial do eixo do motor e o ápice

representa a posição final.

4.2 APLICAÇÃO DA METODOLOGIA EM SERES HUMANOS

Dentre a população estudada o tempo médio em segundos (s) do procedimento

experimental foi de 64±20s.

O DP médio medido na amostra pelo optometric-lab foi 62.1±4.54mm.

Tempo de oclusão durante os procedimentos experimentais foi 1.7±0.7s

Durante o procedimento experimental não houve movimentação significativa das

marcas posicionadas nas faces dos sujeitos experimentais, tal fato justifica-se pela ausência de

uma amostra com portadores de estrabismos e alterações sensório-motoras que geram

alteração do padrão dos movimentos dos olhos e anexos oculares.

Não houve deslocamento da face significante durante o procedimento experimental.

Isso ocorreu em virtude do apoio de cabeça o qual evitava a alteração da posição da face. A

figura 45 por meio do gráfico boxplot mostra a movimentação do rosto de três sujeitos

experimentais distintos nas coordenadas x, y e z totalizando 11142 medidas.

0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 500

1

2

3

4

5

6

7

8

9Grafico do nistágmo induzido pelo motor

tempo

Gra

us e

m °

Page 84: Analise Biomecanica Visual Finalcorgbibli

81

Figura 45: Gráfico boxplot do deslocamento da face durante os experimentos com seres

humanos, a mediana corresponde a mediana 0,12mm e a maioria dos dados estão no intervalo

de -0,3mm à 0,67mm.

As posições dos olhos quantificadas a partir das coordenadas, as quais pertenciam ao

plano cartesiano tridimencional foram convertidas para rotação em graus, por meio da

equação 9.

A figura 46 mostra os dados não filtrados de um procedimento experimental completo.

1

-1.5

-1

-0.5

0

0.5

1

1.5

2

Valu

es

Column NumberMovimentação da face

Med

idas

em

m

ilím

etro

s (m

m)

Deslocamento da face

Page 85: Analise Biomecanica Visual Finalcorgbibli

82

Figura 46: Sinal não filtrado da posição do olho em milímetros no eixo horizontal em função

dos quadros adquiridos a uma freqüência de 27 por segundo.

Os pontos que foram perdidos são respectivos à oclusão ocular ou quando o sujeito

experimental fechou os olhos.

Mediante a aplicação do procedimento de filtragem e quantificação dos ângulos de

rotação foi possível suavizar a o sinal e visualizar melhor o resultado (figura 47).

Figura 47: Sinal filtrado da posição do olho em graus no eixo horizontal em função do tempo

0 200 400 600 800 1000 1200 140094

96

98

100

102

104

106

0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50-40

-30

-20

-10

0

10

20

Quadros

Sinal não filtrado

Po

siçã

o (

°)

Sinal filtrado em graus por segundo

Tempo (s)

Po

siçã

o d

o o

lho

(m

m)

Page 86: Analise Biomecanica Visual Finalcorgbibli

83

A derivada da posição (figura 48) em graus do olho possibilita calcular a velocidade

de rotação do olho.

Figura 48: Velocidade (°/s) do olho durante o procedimento experimental.

A derivada da velocidade (figura 49) em graus do olho possibilita calcular a

aceleração de rotação do olho.

0 5 10 15 20 25 30 35 40 45

-20

-15

-10

-5

0

5

10

15

20

25

30

Velocidade do olho durante o procedimento

experimental

Tempo (s)

Vel

oci

dad

e an

gu

lar

(°/

s)

Page 87: Analise Biomecanica Visual Finalcorgbibli

84

Figura 49: A figura mostra a aceleração angular (°/s2) de todo o procedimento experimental

em função do tempo.

O DP (distância pupilar) pode ser monitorada pelo optometric-lab durante a tarefa

experimental e visualização dos dados (figura 50), sendo que o valor médio das medidas foi

de 66.1±0.45mm para o teste no primeiro colaborador.

Figura 50: A figura apresenta a variação do DP em função do tempo.

Dentre os sujeitos experimentais as medidas dos dp’s foi de 60,57± 2,96mm com valor

mínimo de 56,75mm e máximo de 67,47mm. A figura 51 representa a variação do dp em seis

sujeitos distintos.

0 5 10 15 20 25 30 35 40 45-60

-40

-20

0

20

40

60

Aceleração do olho durante o procedimento experimental

Tempo (s)

Ace

lera

ção

do

olh

o (

°/s2

)

Tempo (s)

Dp

du

ran

te

exp

erim

ento

(mm

)

Page 88: Analise Biomecanica Visual Finalcorgbibli

85

Figura 51: Medida dinâmica do DP em seis procedimentos experimentais distintos, a vertical

do gráfico representa o tempo em (s) e a horizontal a movimentação em mm.

05

10

15

20

25

30

64

66

68

05

10

15

20

25

30

56

58

60

05

10

15

20

25

30

60

62

64

05

10

15

20

25

30

56

57

58

05

10

15

20

25

30

56

58

60

05

10

15

20

25

30

60

62

64

Posição (mm)

Tem

po

em

seg

un

do

s (s

)

Page 89: Analise Biomecanica Visual Finalcorgbibli

86

5 DISCUSSÃO

5.1 QUANTIFICAÇÃO POR MEIO DE INSTRUMENTOS OS MOVIMENTOS DOS

OLHOS NA PRÁTICA CLÍNICA

A avaliação do movimento dos olhos é uma tarefa subjetiva, os resultados estão

associados a prática profissional. Tal fato é comprovado por inúmeros trabalhos que avaliam a

repetibilidade entre examinadores na aplicação do teste de oclusão (FOGT et al, 2000),

(HRYNCHAK et al 2010) e (JOHNS 2004).

No presente momento, existem poucos trabalhos que aplicam os oftalmografos em

avaliações de estrabismos. No entanto a precisão do teste é associada à validação de

ferramentas, é um forte indício da precisão.

Para Irving et al (1997), existe boa correlação entra a quantidade de movimentos

medidos em prismas comparado com a movimentação quantificada por oftalmógrafos. Este

fato foi observado em relação ao optometric-lab na comparação dos dados, tal fato pode estar

associado à medida de movimentos sacádicos oculares logo após a desoclusão onde ocorre

uma refixação. Isso se deu em virtude da maior acurácia e frequência de amostragem, pois, a

existência de ruídos ou problemas associados à interpretação dos resultados, coloca em

descrédito a aplicação de oftalmógrafos por informar detalhadamente o procedimento.

Outros fatores ligados a dissonâncias dos resultados entre oftalmógrafos e a

metodologia tradicional pode estar associado com a dipererção da luz que é refratada pelo

prisma, também tempos de oclusão durante o procedimento experimental e o tempo entre os

testes.

A via de controle do movimento dos olhos é intimamente ligada ao processamento de

imagens corticais, de forma que o feedback entre informação da cena pode ser um

mecanismo negligenciado nas avaliações clínicas. Os usos de prismas induzem à disperçao da

luz refratada, assim a imagem formada, a partir do uso dos prismas possui diferenças, que

podem estar ligadas às alterações da medida.

Durante a avaliação da presença de estrabismos não, é claro o tempo ótimo de oclusão

de cada olho durante testes de oclusão, a velocidade e posição de alvos durante os exames. No

exato momento não existe dados normativos para a realização dos testes motores oculares,

portanto divergências quanto as medidas podem estar ligadas a esse fator.

Page 90: Analise Biomecanica Visual Finalcorgbibli

87

Hrynchak et al (2010) afirmam que diferenças no tempo de oclusão podem alterar o

resultado dos testes. Os valores medidos por examinadores inexperientes são maiores que o de

examinadores experientes. Tal fato foi associado ao tempo médio de oclusão ser diferente,

examinadores inexperientes usaram tempos maiores dos que os experientes.

A medida dos desvios oculares e a reprodutibilidade das medidas é uma questão

crítica, a priore não é possível definir se há uma estabilidade entre o tamanho do desvio e a

repetição das medidas. Assim sendo, diferenças entre as medidas realizadas entre

examinadores são associadas à questões clinicamente insignificantes. Sconsequentemente, o

entendimento do tempo ótimo entre medidas - e também os fatores associados às alterções de

forias como a variação da magnitude do esvio, intermitências e tropias - são importantes, para

formação de um conhecimento mais aprofundado do sistema sensório motor ocular e suas

adaptações sensoriais.

Diante do procedimento experimental, o optometric-lab mostrou-se eficiente na

obtenção de resultados e visualização dos mesmos. Por outro lado, o uso de uma freqüência

de aquisição dos resultados mostra a perda de movimentos com uma freqüência maior.

Suryakumar et al (2007) mostraram que freqüências de aquisição diferentes implicam

resultados diferentes, pois uma avaliação com baixa freqüência requer a interpolação de

pontos na visualização da curva do movimento. A figura 52 mostra esta relação entre sinais

obtidos em freqüências diferentes.

Figura 52: Comparação dos resultados obtidos por meio de freqüências de aquisção

diverentes (25Hz e 75Hz). Em A foi medido a resposta acomodativa em função do tempo (s),

A figura B descreve a velocidade em °/s em função do tempo (s) e em C a aceleração em °/s2

em função do tempo (s).

Page 91: Analise Biomecanica Visual Finalcorgbibli

88

Suryakumar et al (2007) mediram simultaneamente a medida da acomodação e

vergência por meio de oftalmógrafos, Os autores mostram o avanço na obtenção de ambas

medidas simultaneamente, do mesmo modo como o estudo da biomecânica ocular pode ter

avanços consideráveis.

Na aplicação do optometric-lab em seres humanos, foi observado no monitoramento

das versões, alterações das distâncias entre olhos. Esse fato pode estar ligado à movimentação

saccádica e convergência, durante esse tipo de movimento não há uma movimentação

perfeitamente conjunta entre os dois olhos (Leigh e Zee, 1999). Para a melhora das medidas

ópticas, com o intuito da confecção de óculos, os ópticos devem se levar em consideração não

somente a definição da posição dos olhos estática, mas também durante uma tarefa motora.

Atualmente, existe uma sinalização tímida na avaliação por meio de ferramentas

objetivas, as variáveis associadas ao movimento dos olhos, por outro lado existe

implicitamente uma resistência quanto a aplicação dessas metodologias por falta de bases

teóricas que auxiliem os profissionais do cuidado primário ocular na interpretação. No

entanto, o estudo com estes recursos podem contribuir na obtenção de diagnósticos mais

precisos e completos.

5.2. FONTES DE ERROS

Dentre a avaliação do aparato para a quantificação dos movimentos oculares, em

aplicações clínicas, um dos pontos mais importantes foi a correção dos erros associados aos

dados adquiridos. Tais erros estavam associados a condições sistemáticas, ou aleatórias.

Para Chiari et al. (2005), os erros associados a sistemas esterofotograméticos

baseados eletronicamente em vídeo, podem afetar significantemente na análise do movimento

humano.

Por outro lado, muitos destes erros estão ligados ao tipo de aparato de registro do

vídeo. Neste sentido Zhu e Yang (2002) afirmam que a fixação do olhar é importante na

comunicação humana, no entanto, existem barreiras no desenvolvimento de sistemas de

quantificação das coordenadas da posição ocular que possuam acurácia.

A aplicação de novos instrumentos em serviços de saúde para Monteiro e Lessa (2005)

mostra que os grandes avanços da metrologia na área científica e industrial não têm paralelo

na área da saúde, em que, apesar da óbvia importância, sua aplicação ainda é incipiente. A

medição de parâmetros fisiológicos é fundamental para a definição de diagnósticos, no

Page 92: Analise Biomecanica Visual Finalcorgbibli

89

entanto, mas a inspeção metrológica de equipamentos com finalidades médicas não ocorre em

virtude de falta de regulamentação ou custos associados à aferição de equipamentos.

No trabalho de validação, as metodologias desenvolvidas possuíam caráter de

quantificação metrológica, sua finalidade era definir as fontes de erros do sistema de

quantificação (figura 53). Esse trabalho inicialmente precedeu o desenvolvimento de um

modelo que representasse as possíveis fontes de erro associadas ao processo como um todo. O

processo de quantificação pelo optometric-lab inicia-se na definição do método de

reconstrução tridimensional da posição dos olhos por meio de imagens bidimensionais,

calibração do espaço onde ocorrerá o evento, sincronismo entre as câmeras que realizam a

captação das imagens, correção das distorções das imagens captadas pelas câmeras e, por fim,

o processamento de dados.

Fontes de

erros

Método de

reconstrução

tridimencional

Método de

calibração

Sincronismo

entre câmeras

Correção das

distorções das

imagens

Page 93: Analise Biomecanica Visual Finalcorgbibli

90

Figura 53. Fontes de erros.

Chiari et al. (2005), definem o método de reconstrução tridimencional DLT, que

possibilita boa acurácia em volumes de calibração inferiores a 1m3. Na aplicação atual, o

volume calibrado é igual a 9 x 10-3

m3, portanto, esse método de calibração é viável de acordo

com o tamanho do volume onde ocorre o evento.

A definição do volume de calibração deve levar em conta a precisão na definição das

coordenadas que o definem. Para assegurar esta premissa, foram utilizado, como marcação

hastes sobre uma folha milimetrada – a qual garante segurança quanto à definição da posição

dos pontos para a calibração sobre os eixos ortogonais x e y (latitudinal e longitudinal),

quanto ao eixo z (transversal) uma haste com alturas definidas por traçador de alturas foi

aplicada.

Chiari et al. (2005) ainda orientam que o número de pontos deve estar distribuído

sobre o volume e sua quantidade deve ser grande, afim de garantir acurácia às medidas do

método de reconstrução tridimencional, neste trabalho foram utilizados 64 pontos distribuídos

em 8 hastes.

O sincronismo entre instrumentos é um grande desafio no campo da videogrametria.

Quando a captação dos sinais não ocorrem em tempos iguais, a reconstrução falha e, por isso

Barros et al. 1999, aplicam a sincronização entre câmeras por meio de um sinal paralelo

comum aos sistemas de captação de imagens. O presente trabalho utilizou o sincronismo em

virtude da aquisição dos sinais por uma placa de captura de vídeo, dentre uma faixa de

freqüência entre 20 à 100 ciclos por minuto. Houve simetria entre a freqüência real e a medida

dada pelo optometric-lab e, em relação ao erro associado a esta variável, não há empecilhos

referentes à aplicação deste método de sincronismo na situação deste estudo.

Diante das imagens brutas captadas pelas câmeras, foi constatado a presença de

imagens com distorção radial. Distorções radiais desse tipo são descritas na literatura como

uma grande fonte de erro sistemático que contribui na inacurácia das medidas de vários

sistemas. A fim de corrigir este problema, existem três possibilidades: trocar o tipo de câmera,

corrigir a posição dos pontos por métodos matemáticos (Dias 2008) ou a correção das

distorções nas imagens gerando um vídeo corrigido.

O problema foi resolvido com a conversão do vídeo, sendo que a reconstrução de uma

tela coberta de pontos mostrou que a correção deste erro sistemático ocorreu com êxito, a

Page 94: Analise Biomecanica Visual Finalcorgbibli

91

análise da variância entre as medidas reais, e cinco medidas aleatórias não apresentou

significância estatística, portanto a aplicação de câmeras com distorção radial significante

torna-se viável.

A definição da posição dos olhos em virtude da quantidade de pixels visualizáveis em

grupos de o 20X20 pixels possibilita uma margem de erro por volta de 3.3º. Para Zhu, e Yang

(2002), essa marca pode ser minimizada em virtude da resolução das câmeras aplicadas nesta

situação experimental. No entanto, outra possível alternativa é a aproximação da câmera

diante do objeto, desde que não ocorra a perda de campo. Neste trabalho, grande parte do

esforço foi na definição de um posicionamento ótimo que melhorase a resolução da imagem, e

que, também, possibilitasse um melhor aproveitamento do campo visual de cada câmera.

O optometric-lab mostrou possuir boa performance na aquisição de dados dos

movimentos oculares diante dos testes da posição dos olhos e movimentação ocular.

Erros aleatórios neste caso são em sua maioria oriundos da definição do alvo em cada

câmera. O erro mínimo na definição do ponto em cada câmera, pode gerar a quantificação

equivocada da posição dos alvos. Como quanto maior a quantidade de câmeras maior será

este erro, com o intuito de minimizar esta fonte, é bom que as câmeras estejam em pares. O

rastreamento automático também pode contribuir na acurácia do equipamento, sendo que os

erros associados às medidas automáticas podem estar relacionados ao controle da iluminação

e padrão de fundo da imagem. Em relação ao olhos a iluminação pode ser facilmente

corrigida, no entanto, o controle da iluminação do fundo não pode ser corrida em

experimentos não invasivos.

Monteiro e Leça (2005) enfatizam em seu trabalho a importância da metrologia na

saúde, em especial na aplicação de equipamentos eletromédicos. O procedimento de

calibração em muitos aparelhos não é obrigatório para sua aplicação, portanto, o usuário

depende exclusivamente da calibração original. Com o uso e envelhecimento natural do

aparelho, essa calibração fica prejudicada, o procedimento de calibração para a aplicação da

metodologia de quantificação dos movimentos oculares pelo optometric-lab deve ser realizada

constantemente, assim a acurácia será assegurada.

Em saúde a regulamentação metrológica está a cargo de entidades como ANVISA e

IMETRO. Toda via os processos regulamentários demandam muito tempo, passando por

várias etapas, como estudos prévios, elaboração de pareceres técnicos, elaboração de portarias

e por fim a aplicação das normas. Talvez pó isso não haja ainda a popularização da

acreditação de métodos e equipamentos. Essa disseminação normativa deveria ser realizada

com esforços dos órgãos de classe e nesse sentido, a regulamentação das profissões seria um

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92

bom começo, pois os conselhos de classe têm força para orientar seus membros e exigir o

respeito à normas metrológicas por exemplo.

Dentre as ciências da saúde que trabalham diretamente com a visão, apenas a medicina

como profissão possui regulamentação. Os profissionais de óptica, ortóptica e optometria não

possuem entidades expressivas que lhes defendam ou regulamente normas metrológicas.

Mesmo a oftalmologia, uma especialidade médica não possui normas metrológicas

específicas.

Assim, a aplicação de qualquer metodologia de quantificação dos erros associados à

medidas dos movimentos oculares, ou a definição da posição de montagem das lentes em

óculos, fica a cargo da consciência do profissional. Daí, outro benefício em regulamentar as

normas metrológicas nas aplicações médicas, está ligado aos investimentos em pesquisa e

tecnologia. Sabe-se que, quando existe alguma demanda para serviços especializados ou

melhora dos equipamentos existentes, os investimentos por parte das iniciativas públicas ou

privadas serão maiores, contribuindo para o crescimento da nação e capacitação da sociedade.

5.3. COMPARAÇÃO COM INSTRUMENTAÇÃO CONSAGRADA

A performance da ferramenta proposta pelo trabalho não é inferior à outros

instrumentos. O que difere é a frequência de aquisição do sinal, este é muito inferior à outros

instrumentos. No entanto, sua aplicação não requer uma freqüência de aquisição do sinal

muito grande, assim, justifica-se a simplicidade quanto os atribuitos técnicos.

A tabela abaixo mostra a relação entre o modelo de sistema de quantificação

tridimensional, a freqüência de aquisição do sinal, erro médio, desvio padrão dos erros,

realizado por Chiari et al. (2005) em uma metanálise.

TABELA 5: SISTEMAS DE QUANTIFICAÇÃO EM BIOMECÂNICA, FREQÜÊNCIA, ERRO E DESVIO

PADRÃO NA VALIDAÇÃO.

Sistema Frequência de

aquisição do sinal

em Hz

Erro médio (mm) Desvio padrão

(mm)

Peak 5 60-2000 5.3 4.2

Ariel 60-400 5.0 6.0

Vicon 370 50-200 2.3 1.2

Elite 50-100 3.2 0.9

Optotrack 400 1 0.8

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93

Kinemetrix 3-D 50-200 3 3.8

Ariel APAS 60 5.36 11.61

Motion Anallysis 60 4.4 3.04

Diante dos resultados experimentais do optometric-lab, a média dos erros

experimentais foi de 1.64mm± 1.8, modo que à 27 Hz. A comparação das médias e desvios

padrões dos erros mostra que o desempenho da ferramenta proposta pelo tralho não é inferior.

Porém, quanto maior a freqüência de aquisição, maior é a média de erros, sendo que tal fato

se justifica pela associação de erros aleatórios à amostra de dados.

Os instrumentos citados acima são utilizados em análise do movimento humano como

a marcha. As ferramentas que quantificam o movimento ocular possuem a finalidade

de: quantificar os movimentos sacádicos, auxiliar na inclusão do portador de necessidades

especiais, quantificar o nistagmo optocinético, registrar movimentos torcionais dos olhos,

definir estratégias de marketing entre outras.

TABELA 6: DESCRIÇÃO BREVE DE OFTALMÓGRAFOS E SEUS DADOS TÉCNICOS.

Marca Freqüência de aquisição

Acurácia em graus de arco

iView X™ Hi-Speed 1225Hz 0.25 a 0.5

iView X™ Hi-Speed PRIMATE 1250 a 50Hz 0.25 a 0.5

iView X™ MRI/MEG 50Hz 0.5

3D VOG Video-Oculography®

System 0.05

EyeLink 1000 2000 a 1000Hz 0.25 a 0.5

EyeLink II 500Hz 0.5

H6 Head Mounted Optics 60 Hz Não informado

H6-HS High Speed Option 120/240/360 Hz Não informado

H6-HS-BN High Speed Binocular

Option 120/240/360 Hz Não

informado H6-HS-CN High Speed Chinrest

Option 120/240/360 Hz Não

informado Tobii X60 & X120 Eye Trackers 60 a 120Hz 0.5

NVIS nVisor SX Não informado Não informado

Sensics piSight Não informado Não informado

eMagin Z800 3DVisor Não informado Não informado

Optometric-lab 27Hz 0.3

A tabela acima mostra a fixa técnica, informada pelos fabricantes, de sistemas de

oculografia por vídeo, mais tradicionais utilizados em pesquisas científicas. Em comparação

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94

à freqüência de aquisição e acurácia, o optometric-lab é bastante inferior, no entanto, o custo

desse sistema também é bastante inferior. Para a aplicação em medida dos movimentos

oculares ante a avaliação sensória motora ocular, este instrumento possui boa resposta em

virtude do tipo de estimulação, e aplicação.

Fogt et al. (2000) definiram que à uma precisão de 95% os examinadores têm

capacidade de visualizar os movimentos oculares provenientes do teste de oclusão com um

erro médio de 0,97º, de tal modo que o optometric-lab é 39,13% mais preciso que a avaliação

humana a olho nu.

Para Von Nordem (2002) uma das limitações na medida os desvios oculares com o

uso do teste de oclusão em conjunto com a neutralização do desvio pelo uso de prismas, está

relacionada à acurácia. Alguns especialistas possuem a capacidade de visualizar desvios

menores que 0,57º, mas um limite de acurácia seguro entre as medidas está em torno de 1,71 º

a 2,29º. Outra limitação da metodologia tradicional, é a incapacidade de calcular o desvio em

pessoas que possuem cegueira em um dos olhos, ou fixação excêntrica grossa. O desvio

máximo quantificável está por volta de 48.6965º, pois em desvios maiores o erro associado à

medida é superior à 5.7 º, outra questão é a forma a qual o prisma é posicionado, caso seja

necessário a adição de dois prismas o valor quantificado pode ser muito diferente do valor

real. Finalmente, outra questão é quando existe a presença de nistagmos, em que a obtenção

dos resultados será dificultada ou impossibilitada pelos movimentos rítmicos dos olhos.

A avaliação da movimentação ocular por oftalmografia poderá ser amplamente

aplicada no estudo e diagnóstico clínico de estrabismos, alterações patológicas do movimento

humano e até no estudo dos nístágmos.

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95

6 CONCLUSÃO

O presente trabalho mostrou que a aplicação do optometric lab é uma alternativa para

a quantificação do movimento e posição dos olhos diante dos testes de avaliação sensório

motora ocular. Sua aplicação na clínica no futuro possibilitará a obtenção de resultados mais

confiáveis alem de possibilitar a visualização dos dados via gráficos e animações.

Através da visualização dos resultados, averiguou-se que durante os exames da

movimentação ocular, enquanto alguns aspectos não são visualizados pelo examinador, a

quantificação computacional possibilita uma visão global. Desta forma, com o uso do

optometric-lab espera-se diminuir a subjetividade de examinadores durante experimentos e

ampliar as possibilidades de variáveis analisadas durante a examinação motora ocular.

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7 TRABALHOS FUTUROS

Determinação do tempo ótimo de oclusão para o teste de oclusão

Aplicação da metodologia em populações portadoras de estrabismos

Aplicação da metodologia em pessoas que usam o computador ostensivamente

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ANEXOS

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APENDICES

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UNIVERSIDADE DE MOGIS DAS CRUZES Comitê de Ética e Pesquisa – CEP

Termo de consentimento livre e esclarecido

N° Registro CEP. (colocar o número de registro obtido no CEP UMC/SP, depois de aprovado). Título do Projeto: ANÁLISE BIOMECÂNICA VISUAL. Prezado Senhor (a). Este Termo de consentimento pode conter palavras que você não entenda. Peça ao pesquisador que explique as palavras ou informações não compreendidas completamente.

1) Introdução

Esta pesquisa propõe medir o movimento de seus olhos e das sobrancelhas, por meio de um aparelho composto de uma cabine, um computador e uma cadeira; na cabine estão instaladas três câmeras de vídeo, um sistema de iluminação e um suporte para sua cabeça; um computador que permite visualizar os resultados, e a cadeira para acomodar-se. Este aparelho será uma ferramenta de apoio diagnóstico em disfunções da movimentações dos olhos.

2) Procedimento de Estudo

Sobre sua face serão fixados 15 etiquetas adesivas prateadas. O pesquisador responsável lhe indicará a forma e o procedimento que você deve

se sentar frente à cabine, e repousar seu queixo e cabeça sobre um apoio. Inicialmente você deve olhar um ponto que o pesquisador irá lhe informar, em

seguida você vai observar uma seqüência de luzes, depois você deve perseguir um objeto com os seus olhos mostrado pelo pesquisador, e por fim ele vai tampar algumas vezes seus olhos com um tampão (oclusor), o procedimento gastará em torno de 15 minutos.

3) Métodos alternativos existentes.

O monitoramento do movimento dos olhos pode ser realizado por meio da

observação do especialista, ou por câmeras de vídeo, neste ultimo caso a visualização dos resultados ocorre por programas de computador.

4) Riscos e desconfortos

A pesquisa oferece baixos risco para você, porque os marcadores serão fixados

com fita adesiva não tóxica, a cadeira e a cabine estão bem apoiadas no chão. Pode-se apresentar um pequeno desconforto durante o procedimento experimental ao retirar os marcadores, ou no local que estiver em contato com o apoio de cabeça, para evitar a contaminação, todas as superfícies do aparelho que entram em contato com sua pele serão limpas com álcool.

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5) Benefícios

A pesquisa não confere benefício para você, porque não se trata de tratamento,

ou procedimento diagnóstico. 6) Custos/ Reembolso

Os sujeitos não terão nenhum gasto com a sua participação na pesquisa, pelas

avaliações e intervenções, e também não receberá pagamento pela participação. Os sujeitos não receberão cobrança por nenhum tratamento, instrumento de avaliação, e exame adicional, ou qualquer outro procedimento feito durante a pesquisa.

7) Responsabilidade

Efeitos indesejáveis são possíveis de ocorrer em qualquer estudo de pesquisa,

apesar de todos os cuidados possíveis, podem acontecer sem que a culpa seja sua ou dos pesquisadores. Se os sujeitos sofrerem efeitos indesejáveis como resultado direto da sua participação neste estudo, a necessária assistência profissional será providenciada pelo pesquisador responsável.

8) Caráter Confidencial dos Registros

Algumas informações obtidas a partir da participação de todos os colaboradores

deste estudo não poderão ser mantidas estritamente confidenciais. Além dos profissionais de saúde que estarão cuidando deles o Comitê de Ética e Pesquisa (CEP) da instituição onde o estudo está sendo realizado pode precisar consultar os registros. Eles não serão identificados quando o material do registro for utilizado, seja para propósitos de publicação científica educativa. Ao assinar este consentimento informado, os sujeitos autorizam as inspeções nos seus registros. As imagens que serão obtidas não serão divulgadas para outros fins, a não ser para propósitos de publicação científica e mesmo assim, "tarjas pretas" serão utilizadas para assegurar a identidade dos sujeitos.

9) Participação

A participação dos sujeitos nesta pesquisa consistirá em comparecer ao local no

dia e horário pré-determinado para ser submetido à avaliação e monitoramento. É importante estar consciente que a participação neste estudo de pesquisa e

completamente voluntária e a recusa de participação ou desistência durante o procedimento pode ocorrer a qualquer momento sem penalidades ou perda dos benefícios aos quais tenha direito de outra forma. Em caso arrependimento, notifique o pesquisador.

Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade de Mogi das Cruzes, coordenado pelo Dr. Carlos Marcelo Gurjão de Godoy, que poderá ser contatado em caso de questões éticas, pelo telefone (011) 4798-7085 ou e-mail: [email protected].

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Pesquisador Responsável Daniel Gustavo Goroso End: Av. Doutor Cândido Chavier de Almeida Souza, 2000 – Centro Cívico. Mogi das Cruzes – SP, Cep 08780-911 telefone (11) 47987112 ou 47987107. E-mail [email protected] Pesquisador co-responsável End: R. Francisco Lamas, 55, ap 802 torre III, Vila Armência. Mogi das Cruzes – SP, Cep 08780-790 telefone (11) 26689095 ou 82172881 E-mail [email protected] OBSERVAÇÕES COMPLEMENTARES: Esta pesquisa foi elaborada e regulamentada de acordo com as normas e diretrizes

de pesquisa envolvendo seres humanos, atendendo a resolução n 196, de 10 de outubro de 1996, do Conselho Nacional de Saúde – Brasília – DF. CONSENTIMENTO PÓS-ESCLARECIDO Li ou alguém leu para mim as informações contidas neste documento antes de assinar este termo de consentimento. Declaro que toda a linguagem técnica utilizada na descrição deste estudo de pesquisa foi satisfatoriamente explicada e que recebe respostas para todas as minhas dúvidas. "Acredito ter sido suficientemente informado a respeito das informações que li ou que foram lidas para mim, descrevendo o estudo. Eu discuti com (nome do pesquisador responsável) sobre a minha decisão em participar. Ficaram claros para mim quais são os propósitos do estudo, os procedimentos a serem realizados, seus desconfortos e riscos, as garantias de confidencialidade e de esclarecimentos permanentes. Ficou claro também que a minha participação é isenta de despesas e que tenho garantia do acesso a tratamento Concordo voluntariamente em participar deste estudo e poderei retirar o meu consentimento a qualquer hora, antes ou durante o mesmo, sem penalidades ou prejuízo ou perda de qualquer benefício que eu possa ter adquirido. A minha assinatura neste Termo de Consentimento Livre e Esclarecido - TCLE dará autorização ao patrocinador do estudo, ao Comitê de Ética, e a organização governamental de saúde de utilizarem os dados obtidos quando se fizer necessário, incluindo a divulgação dos mesmos, sempre preservando minha privacidade. Assino o presente documento em duas vias de igual teor e forma, ficando uma em minha posse.” ________________, ______ de ________________ de ________. (Local) (dia) (mês) (ano) Nome e Assinatura do sujeito da pesquisa: ___________________________ Nome e Assinatura do pesquisador responsável: _______________________ Nome e Assinatura das Testemunhas: _______________________________

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Endereço e Telefone do Comitê de Ética em Pesquisa (Tel./Fax: (011) 4798-7085 - e-mail: [email protected] - Av. Cândido Xavier de Almeida Souza, 200 – Prédio II – Sala 21-21 – Universidade de Mogi das Cruzes – UMC)

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