Download - Amar, Sofrer, Perdoar e Continuar
Amar, Sofrer, Perdoar e Continuar
Pe. Sérgio roberto FariaS
(Pe. Serginho)
Copyright © Palavra & Prece Editora Ltda., 2011.Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser utilizada ou reproduzida sem a expressa autorização da editora.
Fundação BiBlioteca nacional
Depósito legal na Biblioteca Nacional,conforme Decreto no 1.825, de dezembro de 1907.
coordenação editorial
Júlio César Porfírio
revisão e diagramação
Equipe Palavra & Prece
capa
Sérgio Fernandes ComunicaçãoImagem: Dreamstime
impressão
Escolas Profissionais Salesianas
2a edição – 2011
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)
Índices para catálogo sistemático:
1. Igreja e pessoas que sofrem : Teologia social : Cristianismo 261.832
PALAVRA & PRECE EDITORA LTDA.
Parque Domingos Luiz, 505, Jardim São Paulo, Cep 02043-081, São Paulo, SP
Tel./Fax: (11) 2978.7253
E-mail: [email protected] / Site: www.palavraeprece.com.br
Farias, Sérgio Roberto Amar, sofrer, perdoar e continuar! / Sérgio Roberto Farias (Pe. Serginho). -- 2. ed. -- São Paulo : Palavra & Prece, 2011.
ISBN 978-85-7763-
1. Amor - Aspectos religiosos 2. Caridade 3. Deus - Amor 4. Espiritualidade 5. Eucaristia 6. Igreja e pobres 7. Meditações 8. Perdão - Aspectos religiosos 9. Sofrimento - Aspectos religiosos 10. Vida cristã I. Título.
11-05914 CDD-261.832
5
DDedico estas páginas ao meu grande mestre, pai, irmão e
fundador Ká, ministro Geral da Missão Eucarística Voz dos
Pobres, e para todos os missionários, sem exceção.
Dedico à minha família.
Ao Júlio César da Palavra & Prece Editora, por acreditar
em nosso carisma Eucarístico.
Ao radialista Ricardo Leite, meu grande amigo do cora-
ção, que sempre confia nas minhas orações.
Dedico a todos os Bispos e sacerdotes, de um modo muito
especial, aos padres Alfredo César da Veiga, ao Irmão Peli-
cano, padre Jorge M. Pierozan, Monsenhor Jonas Abib,
padre Marcelo Rossi, que são fontes de aprendizado ao meu
ministério sacerdotal; e ao padre João Borges, que também é
missionário Eucarístico.
À minha madrinha espiritual Maria Gabriela, minha
Eterna Gratidão; à Delisete e Cida Gouvêa.
Por fim, dedico este livro a todos os irmãos Moradores
e Sofredores das ruas, que expiam com o sofrimento quase
sacramental os nossos erros na Cruz da calçada. Só deixare-
mos o Altar de Deus Sacramentado, nosso Tudo, para ir ao
Altar das calçadas para Amar, Sofrer, Perdoar e Continuar!
Padre Serginho
Irmão Francesco Alegria dos Pobres
7
Sum ário
Prefácio ...........................................................................11
Introdução ......................................................................15
Capítulo I – Amar .......................................................... 23
Oremos com Madre Tereza de Calcutá ................... 38
Capítulo II – Sofrer .........................................................41
Capítulo III – Perdoar .....................................................55
Agonia de um peregrino de rua ............................... 59
Oração de São Francisco de Assis ........................... 72
Capítulo IV – Continuar .................................................73
Oração a Nossa Senhora de Guadalupe feita pelo Papa João Paulo II ............................................91
“Em louvor a Santíssima Trindade e a Virgem Maria.”
Prefácio
13
Paz e Bem...
Amados irmãos, é com grande alegria que nós, da
Missão Eucarística Voz dos Pobres, partilhamos com
vocês um pouco de nossa espiritualidade através das
páginas deste livro que, contém uma reflexão profunda
e ao mesmo tempo simples sobre o lema deixado por
Nosso Senhor Jesus Cristo: “Amar, Sofrer, Perdoar e
continuar!”
Devemos amar eucaristicamente, ou seja, amar em
ação de Graças. Temos diante de Deus uma grande
dívida de gratidão, e uma forma de dar graças a Ele em
Espírito e em Verdade, é amar gratuitamente “Eucaris-
ticamente” sem esperar nada em troca, nem mesmo um
“muito obrigado”.
Devemos amar verdadeiramente e com compromisso,
sem ter medo de perder e de nos expor. Amar a todos e
principalmente àquelas pessoas que não possuem beleza
capaz de atrair o nosso curioso olhar. Amar quem a dor
faz esquecer que o amor existe, lembrando-os de que
Deus existe e é Amor; de que os ama e ama pra valer...
Devemos amar até doer!
Continuar, por amor e gratidão a Cristo e não por
nossos méritos e conquistas na fé; continuar é uma deci-
são e não um mero sentimento. Devemos sempre lem-
brar de Cristo, com a Sua cruz nos ombros, maltratado,
14
ardendo em febre, sendo cuspido, humilhado, aniqui-
lado, massacrado, dilacerado. Caindo algumas vezes
com o peso da cruz, quando olhou para cima, ao lugar
onde seria crucificado, Ele se lembrou de você, acredi-
tou em você, decidiu por você, e por você Ele decidiu
AMAR, SOFRER, PERDOAR e CONTINUAR.
Claudio Luiz Vaz (Ká)
Fundador e Ministro Geral da
Missão Eucarística Voz dos Pobres
Introdução
17
U“Para quem ama Jesus, a própria dor consola.”
(Santo Agostinho)
Uma contradição aparente surge agora diante de
nossos olhos, em um tempo em que se falar de amor
tornou-se algo tão comum, onde sofrer tornou-se uma
pena e o masoquismo para nós agora é um prêmio;
onde o perdoar quem nos feriu e adulterou a nossa his-
tória pessoal de vida, se tornou condição sem igual para
viver. Valoriza-se os erros como um aprendizado de
vida e crescimento, onde o amor e a dor que este mesmo
amor causa são evitados, com a covardia de fazer um
trampolim na fé e perdoar, como um exercício de vida
e santidade que é o amor personificado.
Como continuar a viver com tantas diferenças? Com
famílias sendo destruídas e surtando a cada dia sem
um horizonte, valores perdidos mentiras reveladas em
formas de verdade, o ‘pastoreio do peito’ cansado de
pessoas que caminham sozinhas no meio da multidão
solitária.
Continuar quando a vida diz “não” parece uma con-
tradição. Poderíamos até dizer que temos motivos de
sobra para desistir e jamais continuar. Muitos falam de
amor, muitos falam do sofrimento, do perdão e do con-
tinuar, mas acredite: no fundo todos só conseguem dar
18
um passo à medida que isso favorece sua paz acomo-
dada no interior, a paz que o mundo oferece.
Não se trata aqui de um livro de teologia moderna
ou clássica, de mestrado ou doutorado, nada disso.
Trata-se do aprendizado trazido da alma daque-
les que quase ninguém consegue enxergar; e quando
enxerga, ignora seus olhos, seus corações, suas his-
tórias, suas dores. Isso porque suas aspirações estão
escondidas atrás de um véu chamado pobreza.
Vivem nas ruas, não possuem bem algum, nem rou-
pas finas e muito menos palavras bonitas. Estão feri-
dos com as marcas da vida, chagados pela indiferença
daqueles que fingem por covardia não vê-los deitados
em um cobertor molhado de chuva e com suas feridas
expostas. Algumas vezes alguém joga um marmitex
para eles, como se alimentasse um animal.
É ali, no meio de tanto sofrimento, que a teologia
prática da vida surge. É dali que descobrimos um mes-
trado e um doutorado, e uma riqueza que nem mesmo o
Rei Salomão com toda a sua riqueza teve em seu Impé-
rio. Um tesouro que só é revelado a quem procura ser
como eles, os mendigos, os maltrapilhos, os andarilhos.
Eu posso lhes assegurar que nenhuma revolução,
nenhum partido político e nenhuma faculdade possui
19
a sabedoria que descobrimos no meio das ruas de uma
grande metrópole como a nossa São Paulo.
Santo Antonio de Lisboa diria: “Calem-se os dis-
cursos e palavras levianas e falem as obras”; uma
verdade ainda atual.
A Igreja Católica Apostólica Romana, baseada na
Bíblia tem os pobres como preferência em toda a sua
estrutura. Acredite: nestas páginas você verá o rosto de
cada ser humano, você verá o seu coração traduzido em
simples palavras.
Sua busca pela felicidade, em ser alguém que vive
e não sobrevive, amar sem esperar nada em troca,
sofrer em consequência disso, mas perdoar para
poder seguir até o fim.
Tive muitas experiências dentro de um movimento
na Igreja Católica – venho da Renovação Carismá-
tica (RCC), um grande sopro de Deus. Tantas coisas e
encontros belíssimos pregados pelo anúncio querigmá-
tico, mas confesso que nunca tive a chance de ver o que
era dito nestes encontros, o que era falado e ensinado
na sala de faculdade... Eu não estou criticando nenhum
destes movimentos dentro da Igreja, mas sinceramente
vi nestes discursos teológicos e partilhas de irmãos de
caminhadas apenas palavras e nenhuma prática de vida.
20
Hoje eu sou um padre e amo ser o que sou. Porém, eu
sempre ouvi dentro do seminário amigos que são sacer-
dotes, falando da pobreza. Ouvia o mesmo de alguns
partidários, enquanto outros permaneciam alheios ao
assunto; eu mesmo sempre fui alheio a essa situação.
Porém, eu creio que exista uma segunda conversão na
vida de um ser humano, e na verdade eu não queria
enxergar o que muitos sacerdotes e missionários fala-
vam sobre a realidade do pobre esquecido.
Como rezar a Santa Missa e não perceber que Cristo
está nas ruas com fome? Como louvar, pregar e cantar
belas canções e não perceber a realidade da vida?
Nesta minha caminhada conheci muitas pessoas
depressivas, desesperadas, fazendo promessas, rezando
mil terços; em outras denominações religiosas as pes-
soas com a Bíblia erguida fazendo discursos, enquanto
que nas portas do templo estavam pessoas sendo devo-
radas por larvas, por vermes.
Santo Agostinho chamaria de ‘segunda conversão’
porque eu mesmo, como muitos, não queria ver essa
realidade. A realidade dos que sofrem nas ruas de São
Paulo e do mundo inteiro, ou morrem definhados em
depressão em suas mansões, ou dentro de casa, ou nas
21
baladas e bebedeiras noturnas, tudo para suprir o vazio
existencial da alma.
A Beata Madre Tereza de Calcutá disse uma vez:
“Na Cruz da calçada, oh Filho de Deus, quem Te
reconhecerá?”.
Eu não me importo se você é católico, espírita, agnós-
tico, ateu, hinduísta, pobre, rico ou o que quer que seja,
a única linguagem universal que existe se chama amor.
É preciso amar, o amor é uma urgência.
Como sacerdote, eu e os missionários ansiamos esta
urgência ao lado de tantas comunidades que realizam
este trabalho de forma sublime como Missão Belém,
Aliança de Misericórdia, Fraternidade ‘O Caminho’,
Toca de Assis e tantas outras. Gritamos juntos agora
sem medo de expor a nossa fé na cruz da calçada, sem
sensacionalismo ou sentimentalismo. Não é um traba-
lho ‘bonitinho’ de se ver; essa é a realidade. Não tem
nada de ‘bonitinho’ em limpar as fezes dos que sofrem,
das feridas que exalam odores terríveis, piolhos, loucu-
ras e tudo o mais. Mas o amor vence e por isso grita-
mos conscientemente: “Se Tu dizes estar nos pobres, eu
irei Te buscar, Senhor Jesus”.
Que aqueles que sofrem sejam acolhidos dos altares
de todas as Igrejas espalhadas pelo mundo inteiro; a
cada um desses pequeninos, seja levado o nosso coração.
22
Não precisamos de aplausos e nem de fama, precisa-
mos amar e amar até doer, porque para quem de fato
ama Jesus, a própria dor consola...
“Bem-aventurados os pobres em espírito, porque des-
tes é o Reino dos céus.” (Mt 5,3)
O maior exorcismo, a maior oração de libertação, de
cura, a maior pregação, a mais bela canção está na rea-
lidade da vida. Abra o coração para amar, sofrer, per-
doar e continuar, e ser voz daqueles que não têm voz.
É fácil dizer a Deus “eu Te amo”, mas o duro é
dizer a mesma frase para aqueles que você e eu vemos
humilhados e imolados na patena da calçada; o Filho
de Deus mendigando no chão. Bem-vindo à vida real!
Bem-vindo à realidade da vida!
C A P Í T U L O I
Am ar
Este livro não termina aqui...
Para ler as demais páginas, adquira-o em:www.lojapalavraeprece.com.br