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Manual de Construção em Aço

Alvenarias

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BIBLIOGRAFIA TÉCNICA PARA

O DESENVOLVIMENTO DA

CONSTRUÇÃO EM AÇO

ALVENARIAS

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Sobre o autor

Otávio Luiz do Nascimento

Graduado em Engenharia Civil pela Faculdade de Engenharia e Arquitetura da Fundação Mineira de Educação e Cultura – FEA - FUMEC;Professor da FEA-FUMEC, nas disciplinas de Materiais de Construção para Engenharia Civil, Engenharia de Produçãoe Arquitetura e Construção de Edifícios para Engenharia Civil.Professor do Curso de Pós-Graduação em Avaliação e Perícia na disciplina de Patologia das Edificações.Consultor especializado em Alvenarias e Revestimentos;Diretor da empresa CONSULTARE;

Endereço:Rua Bambuí, 242 – Bairro Mangabeiras – Belo Horizonte – MGTel.: (031) 3284-9399 – Fax: (31) 3287-0286CEP: 30.210-490

E-Mail: [email protected]

ColaboraçãoEnga. Fabiana Oliveira Cunha

Enga. Alexandra Ancelmo Piscitelli

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ÍNDICE

Apresentação _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ 05

Capítulo 1Principais conceitos na definição de alvenarias de vedação _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ 07

1.1. Função das alvenarias _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ 081.2. Estrutura das alvenarias _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ 081.3. Dimensionamento das alvenarias _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ 081.4. Classificação das alvenarias _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ 091.5. Estabilidade das alvenarias para estrutura metálica _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ 131.6. Mecanismo de fissuras em alvenaria de vedação _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ 14

Capítulo 2Projeto de alvenarias_ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ 17

2.1. Projeto para produção da alvenaria de vedação _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ 182.2. Conteúdo do projeto para produção de alvenarias _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ 192.3. Roteiro para elaboração das principais etapas do projeto de alvenaria _ _ _ _ _ _ 192.4. Considerações para a perfeita escolha da ligação alvenaria/pilar_ _ _ _ _ _ _ _ _ _ 212.5. Cuidados na execução das ligações _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ 222.6. Fixação superior das alvenarias_ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ 23

Capítulo 3Execução e inspeção de alvenarias de vedação para estrutura metálica _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ 25

3.1. Diretrizes para alvenaria racionalizada _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ 263.2. Lista de verificação quanto ao recebimento da estrutura metálica _ _ _ _ _ _ _ _ _ 263.3. Preparação da superfície da estrutura para receber a alvenaria _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ 273.4. Locação e execução da alvenaria _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ 273.5. Detalhes construtivos _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ 313.6. Inspeção e avaliação da execução da alvenaria _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ 33

Capítulo 4 Sistema de revestimento _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ 35

4.1. Estrutura metálica revestida_ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ 364.2. Estrutura metálica aparente _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ 484.3. Resumo do estudo das ligações alvenaria X estrutura_ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ 504.4. Cuidados nas ligações revestimento / estrutura metálica _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ 51

Referências Bibliográficas _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ 52

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O Brasil possui uma cultura bastante difundida para o uso da alvenaria tradicional como prin-cipal componente de vedação interna e externa das edificações.

Com o uso cada vez maior do aço como material da estrutura, sentiu-se a necessidade deum maior conhecimento da utilização da alvenaria diretamente nessa estrutura, uma vez que oconcreto armado sempre foi a base para tudo.

O objetivo do presente trabalho é auxiliar a equipe de obra na execução das alvenarias emestruturas metálicas, criando uma sequência para a execução, com técnicas e cuidados até o sis-tema de revestimento .

A denominação alvenaria de vedação corresponde ao emprego de elementos com dimen-sões reduzidas de diversos materiais (argila, concreto, etc.) unidos entre si, destinados a fechar umambiente, assegurando segurança, conforto e habitabilidade à edificação dentro de um sistemaestruturado.

A execução da alvenaria de vedação apresenta uma demanda de aprimoramento e técnicascapazes de atender às necessidades de industrialização e racionalização da construção civil. Nestemanual, procurou-se tratar a alvenaria de vedação e seus sistemas complementares no contextodestas duas diretrizes da engenharia moderna.

Embora as estruturas de apoio ao longo dos anos tenham evoluído e incorporado novas tecnologias de cálculo e execução, a velha alvenaria continua a ser tratada pela engenharia comoum elemento simples e sem tecnologia, bastando utilizar a “técnica cultural” existente. A intro-dução de lajes nervuradas e planas com grandes vãos, das estruturas de aço e estruturas mistasna área de edificações, gera a necessidade de novas soluções e melhoria das interfaces alvenaria/estrutura, respeitando os limites de cada material.

Apesar dos avanços no cenário mundial, esta tecnologia tão eficaz de estrutura metálica comfechamentos em painéis ou mesmo com alvenarias tem sido pouco explorada no Brasil. O con-servadorismo dos agentes envolvidos com a construção civil, a falta de conhecimento das alter-nativas e a escassez de informações resultam em um círculo vicioso, responsável em grande partepela não exploração da potencialidade destes sistemas. No entanto, os investimentos destinadosa este setor estão cada vez mais presentes e volumosos. As “conclusões” do tipo “Eu acho queisso vai dar problema...” , grandes demonstrações de incompetência tecnológica, devem ser com-pletamente abolidas da engenharia e substituídas por estudos que vão certificar a eficiência do sis-tema.

Com este manual pretende-se contribuir para melhoria do conhecimento da engenharia,quebrando alguns paradigmas e o círculo vicioso, estruturando nos profissionais da área da construção civil uma visão clara e técnica.

O manual procura motivar os leitores para a aplicação correta de elementos de vedação emestruturas metálicas, sem deixar de alertar para todas as dificuldades inerentes a qualquer proces-so construtivo e com a visão de otimização e futuro.

Apresentação

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Principais conceitos na definição das

alvenarias

Capítulo 1

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1.1. Função das alvenarias

A principal função de uma alvenaria é deestabelecer a separação entre ambientes, e principalmente a alvenaria externa que tem a responsabilidade de separar o ambiente exter-no do interno e para cumprir esta função deveráatuar sempre como freio, barreira e filtro seletivo,controlando uma série de ações e movimentoscomplexos quase sempre muito heterogêneos.

Propriedades das alvenarias:

• Resistência à umidade e aos movimentos térmicos;• Resistência à pressão do vento;• Isolamento térmico e acústico;• Resistência à infiltrações de água pluvial;• Controle da migração de vapor de água

e regulagem da condensação;• Base ou substrato para revestimentos em geral;• Segurança para usuários e ocupantes;• Adequar e dividir ambientes.

1.2. Estrutura das alvenarias

Quanto à estruturação podemos dividiras alvenarias em grupos quanto à utilização efunção, bem como sua estrutura adotada paraabsorver esforços e cargas previamentedefinidas em projetos, ou somente de vedação,distintas principalmente entre “Alvenariasauto-portantes” e “Alvenarias de vedação”.

• Alvenarias auto portante: são denomi-nadas por auto-portante as alvenarias desti-nadas a absorver as cargas das lajes e sobrecar-ga, sendo necessário para o seu dimensiona-mento à utilização da NBR 10837 e NBR 8798,observando que sua espessura nunca deverá ser inferior a 14,0 cm (espessura do bloco) eresistência à compressão mínima fbk ≥ 4,5 MPa.

• Alvenarias de vedação: são denomi-nadas de alvenaria de vedação as montagens deelementos destinados às separações de ambi-entes; são consideradas apenas de vedação portrabalhar no fechamento de áreas sob estru-turas, sendo necessário cuidados básicos para oseu dimensionamento e estabilidade.

1.3. Dimensionamento das alvenarias

Em função do avanço da tecnologia dasestruturas de concreto e aço e o conseqüenteaumento dos vãos entre pilares, torna-se indis-pensável o cuidado para projetar estas alve-narias, a identificação do tipo de estrutura e odimensionamento da alvenaria para a vedaçãoda estrutura, sendo as principais interferênciasdescritas a seguir:

• Deformações imediatas devido à deformação da estrutura;

• Deformações em função da carga permanente;• Deformação futura (aproximadamente

1000 dias, para estruturas de concreto);• Variação da umidade e temperatura

sobre a estrutura;• Módulo de elasticidade real;• Análise global das deformações (os valores

previstos para flecha das estruturas geralmente interferem nas alvenarias).

Cabe à engenharia o perfeito dimensiona-mento destas estruturas e seus complementos(alvenarias, esquadrias, revestimentos, etc). Osengenheiros calculistas deverão apresentar commais precisão os valores das flechas imediatasem qualquer região das lajes e consequente-mente em longo prazo, não apenas a momentosfletores e reação de apoio. Os limites de fissuraçãodos painéis de alvenaria de vedação, em funçãodos valores de flecha, mostram a possibilidade deproblemas em números muito inferiores ao L/300(flecha admissível) adotado na NBR 6118, princi-palmente em lajes planas e protendidas.

O CSTC1 (1980) estabelece como limite ovalor correspondente a L/1000, para a defor-mação da estrutura suporte após a execuçãodas alvenarias com abertura e L/500 para alve-narias sem aberturas.

O ACI2 (1979), indica L/600 para defor-mação da estrutura suporte após a execuçãoda alvenaria.

A POLI-USP3, indica em vários trabalhosos limites de L/1000 e L/2600 respectivamente

Principais conceitos na definição das alvenarias

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para deformação da estrutura suporte após aexecução das alvenarias.

A tabela a seguir mostra alguns exemplos de deformações nas estruturas:

1 - CSTC - Centre Scientifique et Techinique de la Construction.

2 - ACI - American Concrete Institute.3 - POLI - USP - Escola Politécnica da USP.

1.4. Classificação das alvenarias

A classificação das alvenarias torna-senecessária para a perfeita utilização dos recur-sos disponíveis no sistema de dimensiona-mento, prevendo principalmente os sistemasde fixação em função dos vãos; a classificaçãoproposta sugere a definição do modelo estru-tural a ser adotado nos cálculos e projetos dealvenaria. Somente será adotada para as alvena-rias de vedação, sendo que para alvenaria auto-portante existe a norma de projeto e execução,conforme NBR 10837 “Cálculo de alvenaria estru-tural de Blocos vazados de concreto” e NBR 8798“Execução e controle de obras em alvenariaestrutural de blocos de concreto” ABNT .

O termo “Alvenaria de Vedação” classificaas paredes que funcionam como divisórias eque não representam vínculos estruturais comas estruturas periféricas. Porém, no Brasil e emoutros países com modelos construtivos menosevoluídos tecnologicamente, geralmente asalvenarias apresentam vínculos estruturais coma estrutura periférica apesar destas não estaremdimensionadas para este fim.

As alvenarias em estudo neste caso apre-sentam as particularidades das ligações com asestruturas reticuladas (pré-moldadas, aço, con-creto armado, etc.) e suas condições de uso,

para isso apresenta-se a classificação das alve-narias de vedação em função do sistema a seradotado principalmente pela estrutura de apoio.

Classificação quanto à função:

• Alvenaria com função estrutural;• Alvenaria sem função estrutural (vedação);• Alvenarias divisórias de bordo livre

(muros, platibandas, etc...);• Alvenarias especiais (acústica, térmica,

impactos, etc.)

Classificação quanto à espessura:

• Alvenaria 0,10 m;• Alvenaria 0,15 m;• Alvenaria 0,20 m.Algumas outras classificações podem ser

apresentadas em função da espessura dobloco e do revestimento adotado.

Classificação quanto ao número de ligações:

- Alvenaria com 4 ligações rígidas:

- Alvenaria com 3 ligações rígidas:

- Alvenaria com 1 ligação rígida:

Ligação Rígida

Ligação Rígida

Ligação Rígida Ligação Rígida

Apoio Superior

Apoio Lateral Apoio Lateral

Apoio Base

Estrutura Metálica

Ligação Deformável

Ligação Rígida

Ligação Rígida Ligação Rígida

Apoio Superior

Apoio Lateral Apoio Lateral

Apoio Base

Estrutura Metálica

Ligação Deformável

Ligação Rígida

LigaçãoDeformável

Apoio Superior

Apoio Lateral Apoio Lateral

Apoio Base

Estrutura Metálica

LigaçãoDeformável

Vão

entre

pilares

(m)

Flecha

admissível

para

estrutura

(cm) L/300

Flecha admissível para alvenaria (cm)

CSTC ACI USP

C/abert. S/abert. C/abert. S/abert. C/abert. S/abert.L/1000 L/500 L/600 L/600 L/1000 L/2600

4.0 1.33 0.40 0.80 0.66 0.66 0.40 0.15

6.0 2.00 0.60 1.20 1.00 1.00 0.60 0.23

8.0 2.66 0.80 1.60 1.33 1.33 0.80 0.30

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Classificação quanto ao sistema de ligação

alvenaria/estrutura:

• Sistema rígido – 4 ligações rígidas;

• Sistema semi-rígido – 3 ligações rígidas;

• Sistema deformável – 1 ligação rígida.

Classificação quanto ao tipo exposição:

• Interna revestida;

• Interna aparente;

• Externa revestida;

• Externa aparente;

• Especiais.

Classificação quanto ao tipo de elemento de

vedação:

• Alvenaria (elementos unidos entre si na obra);

• Painéis;

• Chapas metálicas;

• Divisórias.

Classificação quanto ao tipo de bloco:

No Brasil são utilizados os mais diversostipos de materiais para as alvenarias devedação, com diferentes técnicas executivas esob influência das culturas locais.

Os principais tipos de blocos utilizadosestão listados a seguir:

• Bloco cerâmico vazado (tijolo furado);

• Bloco de concreto;

• Bloco de gesso;

• Tijolo cerâmico maciço (tijolo de barro);

• Bloco de concreto celular autoclavado;

• Tijolo de solo-cimento.

Nos próximos itens será feita uma brevecaracterização dos elementos de vedação.

Blocos cerâmicos vazados (NBR 7171)

Estes blocos, cujas especificações estãoestabelecidas na NBR-7171, são de empregocomum e técnica executiva de domínio públicohá muitos anos. Obtido a partir da queima de argilas, são facilmente encontrados em qualquer ponto do país, devido inclusive afacilidade de fabricação. Possuem variaçãovolumétrica de valores considerados baixos aoabsorver ou expelir água, além de baixa densidade e facilidade de manuseio, apresen-tando, ainda, custo competitivo. Algum incon-veniente é observado quanto ao item variaçãodimensional, por se tratar de corte artesanal esecagem com queima diferenciada. Atualmente,grande parte dos fabricantes busca certificaçõespara melhoria do desempenho de seus produtos.Na maioria dos casos as alvenarias com blocoscerâmicos utilizam o bloco com furo na horizontal.

Características básicas:

Material:

Bloco cerâmico vazado.

Compatibilidade com estrutura metálica:

Uso normal.

Densidade média:

1300 kg/m3

Técnica assentamento:

Mão-de-obra convencional.

Principais conceitos na definição das alvenarias

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Blocos de concreto (NBR 7173)

São obtidos por prensagem e vibração deconcretos com consistência seca, dentro de for-mas de aço com dimensões regulares, devendoser curados em ambiente com alta umidade porpelo menos 7 dias. Normalmente são assenta-dos na posição em que os furos estejam na ver-tical, contribuindo para que pequenas áreas deargamassa entrem em contato para a colagementre os blocos. Utilizados há muitos anos paraalvenaria autoportante e de vedação, deve-seevitar o uso quando se apresentarem ainda comumidade elevada, devido ao alto índice deretração e variação dimensional.

No Brasil existem bons fornecedores aten-dendo as especificações da ABNT, porém, émuito grande o número de fabricantes que negli-genciam sua fabricação, controle e qualidade.Apresentam densidade maior que o tijolo furado.

Características básicas:

Material:

Bloco de concreto.

Compatibilidade com estrutura metálica:

Uso normal.

Densidade média:

1800 kg/m3

Técnica assentamento:

Mão-de-obra treinada.

Blocos de gesso

Estes blocos destinam-se a vedações verti-cais internas. São de fácil manuseio, emprestandoà obra precisão e permitindo diversas formas deacabamento. São blocos pré-moldados, de ges-sos especiais, fabricados por processo demoldagem. Existe um tipo de bloco específicopara atender a cada tipo de vedação: os blocosazuis, HIDRÓFUGOS, são resistentes à água edevem ser utilizados em áreas úmidas (banheiros,cozinhas, lavabo); os blocos reforçados com fibrade vidro, GRC, são utilizados para áreas ondeexiste aglomeração de pessoas (restaurantes,cinemas, lojas, shopping), e os blocos de maiorespessura, são recomendados para áreas deexigências especiais como corredores de edifí-cios comerciais, escolas e universidades, queexigem condições acústicas melhoradas.

Características básicas:

Material:

Bloco de gesso.

Compatibilidade com estrutura metálica:

A utilização é possível desde que previstainterface de proteção.

Densidade média:

1000 kg/m3

Técnica assentamento:

Mão-de-obra treinada.

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Tijolos cerâmicos maciços (NBR 7170)

São produtos geralmente conhecidospela maioria absoluta. Preconizados pela NBR7170, são de emprego comum e técnica fácil,obtidos da queima de argilas, facilmenteencontrado em qualquer ponto do país.

Características básicas:

Material:

Tijolo cerâmico maciço.

Compatibilidade com estrutura metálica:

Uso normal.

Densidade média:

1500 kg/m3

Técnica assentamento:

Mão-de-obra convencional.

Blocos de concreto celular autoclavado (NBR 13440)

São produtos totalmente industrializa-dos, produzidos em poucas fábricas específi-cas. Apresentam precisão nas dimensões e sãofacilmente serrados, eliminando o desperdíciopor quebras. Devido ao processo de fabricaçãocom agente expansor e utilização de autoclave,

torna-se um produto com baixa densidade.Não devem ser utilizados quando úmidos devi-do à variação dimensional na secagem.Exibem propriedades de isolamento térmico-acústico superior aos blocos de concreto e tijo-lo furado. Pode-se considerar uma vedaçãocom bloco celular como sendo alvenaria semi-industrializada, devido à produtividade e modelagem adotadas para o sistema.

Características básicas:

Material:

Bloco de concreto celular autoclavado.

Compatibilidade com estrutura metálica:

Uso normal.

Densidade média:

600 kg/m3

Técnica assentamento:

Mão-de-obra especializada

Existem, ainda, outros tipos de blocospossíveis de serem utilizados com estruturametálica: sílico-calcários, solo-cimento, etc.

Principais conceitos na definição das alvenarias

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1.5. Estabilidade das alvenarias para

estruturas metálicas

A estabilidade das alvenarias de vedação,está correlacionada diretamente à segurança edurabilidade das edificações, devem resistir etransferir para a estrutura os esforços horizon-tais de vento e no caso de estrutura metálicapodem funcionar como vedação.

O Brasil não dispõe de normas que defi-nam o comportamento das alvenarias devedação. Assim, alguns parâmetros interna-cionais e experiências acumuladas serão sugeri-das e apresentadas como metodologia básicapara o controle da estabilidade e durabilidade dealvenaria de vedação evitando muitas patologiascomo fissuras, infiltração, deslocamentos, etc.

Condições de estabilidade:

Limitações verticais - Índice de esbeltez (λ):

O índice de esbeltez (λ) é a razão entrealtura efetiva da alvenaria (Hef) pela espessurado bloco (eb)

Altura efetiva (Hef) λ =

Espessura do bloco (eb)Onde:

Hef = Altura efetiva da alvenaria entre as estruturas superiores e inferiores. No caso de bordolivre, utilizar Hef = 2 x altura da base à borda.

eb = Espessura do bloco/elemento demontagem da alvenaria.

A referência para considerar a alvenariaestável é λ ≤ 27, para alvenarias externas e λ ≤ 30 em se tratando de alvenarias internas.Caso o valor de λ ultrapasse o limiterecomendado, além da possibilidade deaumentar a espessura do bloco, poderá seradotado o recurso de enrijecimento internoda alvenaria com cintas e pilaretes. É inter-

essante observar que a utilização da amar-ração dos blocos também contribui para oenrijecimento da alvenaria.

Em determinadas situações poderãoser previstos enrijecedores de espessuramaior que a alvenaria, capazes de aumentara espessura média do sistema.

Limitações nas dimensões das alvenarias

A restrição à adoção de painéis contínuosde grandes dimensões está diretamente ligadaao efeito térmico, à rigidez e à estabilidade daalvenaria. Em função do tipo de apoio pode-seapresentar as seguintes limitações:

• Alvenaria sistema rígido (fixação rígida em 4 bordas):

Área útil da alvenaria ≤ 2000 x (espessura do bloco)2

• Alvenaria sistema semi-rígido (fixação rígida em 3 bordas):

Área útil da alvenaria ≤ 1500 x (espessura do bloco)2

• Alvenaria deformável (fixação rígida na base):

Altura máxima = 25 x espessura do bloco Comprimento máximo = 2 x altura da alvenaria

• Alvenaria bordo livre:Altura máxima = 12 x espessura do bloco eb

Comprimento máximo ≤ 2 x altura da alvenaria

Nota: As limitações de comprimento ealtura podem ser alteradas pela introdução depilaretes armados embutidos na alvenaria.

Pilar metálicoAlvenaria

PilareteEnrijecedores com espessuramaior que a alvenaria

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A tabela a seguir é uma referência paradimensões usuais de alvenarias:

Limitações no comprimento – Juntas de

dilatação:

Em alvenarias sob ação do efeito térmico ecom grandes comprimentos deverão ser previs-tas juntas de dilatação para combater as tensõesdiferenciais e garantir a integridade das alvenarias.

O dimensionamento destas juntas é feitolevando em consideração os seguintes aspectos:

• Deformações estruturais;• Materiais constituintes da alvenaria;• Módulo de elasticidade da alvenaria;• Diferencial térmico da região; • Tipo de fixação da alvenaria;• Dimensões dos painéis de alvenaria.

Uma referência para o dimensionamentoé fornecida no quadro a seguir que apresentavalores médios para o comprimento máximo daalvenaria entre juntas de dilatação, em funçãodo tipo de exposição e da espessura do bloco:

Notas:• Estes valores são para alvenarias até

3,5 m de altura.

• Será necessário juntas em todamudança de altura em painéis contínuos.

Estas juntas, também denominadas juntas dealívio ou controle, são necessariamente abertas, uti-lizando perfis metálicos, pilaretes ou outros recur-sos capazes de provocar a desconexão do pano.

1.6. Mecanismos de fissuras em

alvenarias de vedação

Aparentemente as fissuras são as manifestações patológicas mais observadas aolongo de toda a história da engenharia. Estaspatologias, além de provocar desconforto e receioquanto à estabilidade da edificação para o usuário,trazem o inconveniente da perda da estanquei-dade e a degradação ao longo do tempo.

As fissuras podem ser classificadas quan-to a sua origem em duas categorias:

• Internas: ocorrem por retração das arga-massas do próprio bloco e ação de tem-peratura e umidade.

• Externas: ocorrem, principalmente, porcausas externas (choques, cargas suspen-sas, transferência de cargas pela estrutura).

Uma outra classificação possível dizrespeito às fissuras estarem ou não estabi-lizadas, conforme o seguinte:

Principais conceitos na definição das alvenarias

Pilaretes duplos

Barras de transferência

Desconexão entre ospilaretes duplos

Perfilmetálico

Alvenaria

Alvenaria interna Alvenaria externaEspessura

do bloco

(m)

Altura

máxima

(m)

Comprimento

máximo

(m)

Altura

máxima

(m)

Comprimento

máximo

(m)

0,09 3,0 6,0 2,5 5,0

0,14 5,0 10,0 3,5 7,0

0,19 6,5 13,0 5,0 10,0

Fonte: Tecnologia das Edificações - IPT.

Comprimento máximo

entre juntas de dilatação (m)

Alvenaria interna Alvenaria externa

Espessura

do elemento/

bloco (m)

0,09 8,0 6,0

0,14 10,0 9,0

0,19 12,0 10,0

0,24 14,0 12,0

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• Ativas: são ocorrências verificadas empainéis de alvenaria, onde ocorrem ciclosde abertura e fechamento das mesmas(efeito térmico, vibrações, trânsito, etc.).

• Inativas: ocorrem para alívio de tensõessuperiores à resistência do material ousuas interfaces.

No mecanismo de formação e desenvolvi-mento de fissuras em alvenarias duas pro-priedades podem ser consideradas fundamen-tais: a deformabilidade e a resistência mecânica.Uma breve descrição é fornecida a seguir:

• Deformabilidade: é a propriedade daalvenaria relativa à capacidade de semanter íntegra ao longo do tempo. É deextrema importância devido às ações aque está sujeito um painel de alvenariadevido aos deslocamentos da estrutura.A deformabilidade e o módulo de defor-mação do painel de alvenaria são funçõesdiretas do tipo do bloco e da argamassa edas dimensões das juntas de assentamen-to. É importante observar, ainda, que acapacidade de um painel se deformar semapresentar fissuras depende de aderênciapromovida pela argamassa entre os blocos.

• Resistência Mecânica: esta propriedade empainéis de alvenaria, é talvez a mais equivo-cada pelo meio técnico, devido ao conceitode vedação. Porém, pode-se afirmar que suacapacidade de resistir a esforços torna-secada vez mais importante, visto que a defor-mação da estrutura nas primeiras idades,deformações lentas ao longo do tempo, afluência e a retração da estrutura, transferemtensões aos painéis confinados entre asestruturas, principalmente na engenhariamoderna cujos prazos foram esquecidos ounão observados.

A resistência à compressão da alvenariadepende diretamente da resistência do bloco utilizado,enquanto que nos efeitos de tração e cisalhamento acapacidade da argamassa é de extrema importância.

Pode-se concluir que, quanto menor a capacidade de resistência à compressão do bloco, o surgimento de patologias nas alvenarias é mais freqüente em um menorespaço de tempo e com maior intensidade

Extremamente relacionada com os con-ceitos acima, a ocorrência de fissuras de causaexterna aumentou muito, principalmente nasestruturas de concreto armado, em função damenor rigidez observada nas estruturas atuais,quando comparadas com as estruturas do pas-sado. Pode-se enumerar algumas mudançassignificativas:

A velocidade de execução em obras deconcreto armado não considera adequada-mente a necessidade de interação entre diver-sos sistemas. A impossibilidade de reduzir oritmo da obra deve ser analisada dentro de umcontexto global resultando em projetos e emum planejamento que sejam capazes de prevermétodos e técnicas executivas que minimizamos possíveis efeitos negativos.

Em relação à possibilidade de prever amovimentação, a estrutura metálica traz facili-dades em função do módulo de elasticidadeconhecido e controlado industrialmente, damaior facilidade da execução de contra-flechas edo conhecimento das deformações.

Qualquer que seja o material estrutural, épossível indicar alguns fatores que predomi-nantemente contribuem para a fissuração:

Características na

EstruturaNo passado Atualmente

Número de pilares

Vigas

Alvenaria sobre laje

Distância entrepilares

Rigidez dos nós

Velocidade de execução

Aplicação da carga permanente e

sobrecarga

Maior

Maior inércia e maiornúmero

Praticamente não existia

Até 5 m

Grande

Lenta

Lenta e gradual

Poucas ou nenhuma e muito esbeltas

Muito menor

Em grande número

Entre 6 a 12 m

Baixa

Muito rápida

Durante a execução e rápida

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Principais conceitos na definição das alvenarias

• Fixação da alvenaria no sistema rígidoem vãos de grandes dimensões;

• Utilização de argamassas rígidas noassentamento dos blocos;

• Adoção de juntas horizontais entre os ele-mentos da alvenaria com pequena espes-sura;

• Ligação lateral com pilares insufi-cientes;

• Ineficiência ou inexistência de redutoresde tensão (vergas e contra vergas);

• Ausência de juntas de dilatação nasalvenarias;

• Falta de projetos de alvenarias e revesti-mento adequados.

O quadro abaixo descreve os tipos de fissurasmais incidentes nas edificações:

A análise das deformações da estrutura esua influência nas alvenarias e revestimentosestão sendo cada vez mais utilizadas para evi-tar o desenvolvimento das fissuras. A seguir éfornecida tabela com módulos de deformaçãopara alguns tipos de paredes de alvenaria quejuntamente com informações do material da

estrutura e dos dados de resistência à com-pressão do bloco e tração da argamassa sãoimportantes para a utilização de modelosmatemáticos que permitem um adequadodimensionamento das alvenarias de vedação.

Um exemplo de etapas de uma avaliaçãomatemática, utilizando Método dos ElementosFinitos (MEF), em uma casa onde ocorreramfissuras nas alvenarias de uma edificação uni-familiar é mostrado abaixo.

Nestes estudos, a partir dos carregamen-tos existentes e efeitos térmicos atuantes,obtem-se os valores de tensões e deformaçõesa que o elemento estará submetido, comparandoestes resultados com as resistências dos materiais/ elementos.

Simulação matemática através deelementos finitos

Abertura da

fissura (mm)Residencial

Efeito na alvenaria e

uso da edificação

Tratamento

recomendado

< 0,1

0,1 a 0,3

0,3 a 1

1 a 1,5

> 1,5

Insignificante Nenhum Nenhum

Muito leve Nenhum Nenhum

Leve Apenas estéticaSistema de

correção superficial c/ tela

Leve e moderada

Apenas estética

Sistema de cor-reção superficialc/ tela de reforço

e mastique

ModeradaDanos aos materiais

componentes

Análise do com-portamento dasjuntas e outros

Alvenaria de vedaçãoMódulo de deformação

(MPa)Fonte bibliográfica

Com blocos cerâmicos 1400 a 2500 ABCI

Com blocos concreto 6800 a 9000 ABCI

Com blocos Sílico-calcário 2700 a 4300 Franco (1987)

Page 18: Alvena Ria

19

Projeto de alvenaria

Capítulo 2

Page 19: Alvena Ria

20

O projeto de alvenaria muitas vezesestá relacionado somente com a produçãode alvenarias modulares e econômicas. Noentanto, além de proporcionar racionalidadeao sistema, o projeto deve antecipar as inter-ferências e equalizar todas as questões de estabilidade, utilização, durabilidade emanutenção.

2.1. Projeto para produção da alvenaria

de vedação

Cabe ao projetista da alvenaria coletar as informações necessárias no projetoarquitetônico, estrutural, instalações hidro-sanitárias, instalações elétricas, impermeabi-lização, etc., quanto às condições deexposição, principalmente das fachadas, dascondições de solicitação a que estarão sub-metidas tanto as fachadas quanto às vedaçõesinternas, quanto à disponibilidade de materi-ais, prazos e custos e demais informações per-tinentes, realizando assim o detalhamentomais preciso da alvenaria a ser executada.

Segue lista das principais informações aserem coletadas para a elaboração do projetode produção da alvenaria.

Projeto Arquitetônico

• Dimensões das paredes (comprimentos, largura e espessura das paredes acabadas);

• Dimensões internas dos compartimentos;

• Posição relativa da alvenaria em relação aos perfis metálicos (entre os vãos da estrutura ou exterior a ela);

• Localização das aberturas (portas, janelas e instalações especiais);

• Definição se a estrutura metálica será ounão completamente revestida;

• Tipo e padrão de qualidade dos revestimentos;

• Detalhes construtivos de fixação das esquadrias, peças suspensas, etc;

• Detalhes arquitetônicos que interfiram nas características e na execução da alvenaria, tais como sacadas, beirais, platibandas, ressaltos e reentrâncias para proteção da fachada.

Projeto Estrutural

• Tipo e dimensões dos componentes estruturais;

• Carregamentos considerados para carga dos elementos de vedação;

• Verificar se na concepção estrutural a alvenaria funciona como auxiliar de contravento da estrutura metálica;

• Identificar a presença de juntas estruturais;

• Perfis metálicos do contravento em relação à forma e interferência com a alvenaria.

Projeto de Instalações

• Disposição e localização dos ramais hidráulicos, previsão de kits hidráulicos;

• Utilização de shafts verticais;

• Instalação de peças sanitárias;

• Passagem de tubulação elétrica;

• Pontos de luz, tomadas e interruptores;

• Instalação de incêndio;

• Instalação de gás;

• Instalação telefônica;

• Equipamentos especiais.

Projeto de alvenaria

Page 20: Alvena Ria

21

Outras Informações

• Condições de implantação e orientação da edificação;

• Materiais e mão-de-obra disponíveis;

• Equipamentos;

• Planejamento global da obra;

• Prazos e custos;

• Condições ambientais, umidade do ar, temperatura, índice pluviométrico;

• Sons e ruídos.

2.2. Conteúdo do projeto para a

produção da alvenaria

A partir das informações coletadas, o pro-jetista define o Projeto de Alvenaria que deveconter os seguintes itens:

• Especificação dos componentes daalvenaria (blocos, composição, dosagemda argamassa de assentamento e domicro concreto de enrijecedores);

• Locação da primeira fiada a partir doeixo de referência predefinido;

• Planta de primeira e segunda fiada coma distribuição dos componentes;

• Elevações das paredes identificando oposicionamento das instalações e dasaberturas, bem como eventuais enrijece-dores existentes (cintas e pilaretes);

• Amarrações entre as fiadas;

• Definição dos sistemas de fixação da alve-naria na estrutura metálica adjacente (vigase pilares), indicada em planta baixa;

• Necessidade de juntas de controle: posi-cionamento e dimensão;

• Definição quanto ao uso de vergas e

contravergas pré-fabricadas ou moldadasno local e o seu posicionamento;

• Definição quanto ao uso de shafts ouembutimentos de instalações ou de dutosde prumada;

• Definição dos prazos entre as etapas doprocesso executivo;

• Parâmetros de controle e tolerâncias decada etapa.Cabe ressaltar que a existência do projetopara produção da alvenaria não torna necessariamente o processo racionalizadoe não garante a integridade da alvenaria ea redução do desperdício. O treinamento e a qualificação da mão-de-obra aliada aum planejamento e controle das ativi-dades é de extrema importância.

2.3. Roteiro para elaboração do

projeto de alvenaria

2.3.1. Avaliação da estabilidade:

A partir das particularidades da estruturada edificação, suas deformações e dos materi-ais a serem utilizados, serão definidos requisi-tos quanto a estabilidade, tendo sempre comobase as definições dadas no capítulo anterior.

Segue abaixo o detalhamento de pilaretese cintas.

Detalhe pilarete:

• Dimensões: 9 a 14 cm x 15 cm.• Armação: 4 ∅ 6,3 mm e estribos para

manter as barras nas posições adequadas.• Material de preenchimento: concreto no

traço 1 : 2 : 2 (cimento: areia : brita 0), em volume.

Detalhe genérico:

15 cm

9 a

14 c

m

4 ∅ 6,3mm

Page 21: Alvena Ria

22

• Esperas: deverão ser deixadas esperaspara as armações do pilarete, conforme anota-do a seguir:

- Diâmetro da espera: 6,3 mm.- Quantidade: 4 barras.- Dimensões da espera: 30 cm + 6 cm

(se necessário).

• Em caso de sistema deformável e semi-rígido, deverá ser observado um espaço de 2 ou 3cm entre a viga de aço e os pilaretes, deixando-sebarras de espera engraxadas.

• Para o caso do sistema rígido não énecessária a barra engraxada.

Detalhe Cinta:

• Dimensões: 9 ou 14 cm x 19 cm.• Armação: 4 ∅ 6,3 mm e estribos para

manter as barras nas posições adequadas.• Material de preenchimento: concreto no

traço 1 : 2 : 2 (cimento: areia : brita 0), em volume.

Detalhe genérico:

• Posição: serão adotadas cintas nas alve-narias nas seguintes posições:

- Cinta de coroamento no bordo livre dasalvenarias.

- Cintas sob vãos de janelas (ver ele-vações dos painéis).

• Esperas: nas cintas ligadas a perfismetálicos deverão ser colocadas esperas, con-forme detalhes a seguir:

- Diâmetro da espera: 6,3 mm.

- Quantidade: 4 barras.- Dimensões da espera: 40 cm.

• Detalhes:

• No caso de ligação deformável as bar-ras de espera devem ser engraxadas

Detalhe genérico :

2.3.2. Ligação da alvenaria com a

estrutura metálica

O termo “Ligações” das alvenarias é conhecido na engenharia como todas assoluções adotadas para unir ou desunir asalvenarias no contato com a estrutura suporte.

Projeto de alvenaria

9 a 14 cm

19 c

m

4 ∅ 6,3mm

Esperas (4 ∅ 6,3mm)

Perfilmetálico

Comprimento da espera

Cintas

Pilaretes

Page 22: Alvena Ria

23

Para definição do modelo de ligação,torna-se necessário o conhecimento dosmecanismos de fixação e suas capacidades dedesempenho. A escolha do sistema está direta-mente ligada ao tipo e vão da estrutura a serfechada com a alvenaria de vedação.

Normalmente a engenharia utiliza nos sis-temas rígidos e semi-rígidos simplesmente oatrito lateral ou o dispositivo conhecido comoferro-cabelo, fios de aço com diâmetro de 3 a 8mm. Outras alternativas são telas soldadas efitas metálicas.

As eficiências destes dispositivos são variáveis. Em série realizada com protótiposfoi avaliado o desempenho destes sistemas.Os resultados são mostrados nos quadros a seguir:

Resistência ao cisalhamento da juntahorizontal reforçada com dispositivo metálico(Medeiros 1999)

Os resultados apresentados mostramuma grande diferença e maior eficiência para a

tela soldada e o ferro dobrado, concluindo quea utilização de ferro liso “ferro cabelo” uni-dire-cionado não altera as características da ligação; a seguir apresenta-se a tabela quecomprova a eficiência e a necessidade deprovocar a ligação por arraste e não apenasaderência da barra, através do ensaio de arrancamento por tração direta do sistema de fixação numa alvenaria já com carga de compressão.

Já para o sistema deformável, são uti-lizadas cantoneiras com folha de EPS ou arga-massa expansiva para isolar a alvenaria daestrutura metálica.

2.4. Considerações para a perfeita escolha

da ligação alvenaria/pilar.

• A aderência junto ao pilar é um fatorconsiderável no desempenho.

• A distância entre apoios define o sis-tema de ligação:

- Vãos até 4,5 m – atrito lateral (rugosi-dade – chapisco – Tipo Vinculada

- Vãos entre 4,5 e 6,5 m – fixação lateralcom tela soldada ou ferro dobrado deamarração – Tipo Vinculada.

- Vãos ≥ 6,5 m – fixação lateral e superiorcom folha de EPS (cantoneiras) ou arga-massa expansiva – Tipo Desvinculada.

• A utilização do conhecido ferro-cabelonão é eficiente no sistema de ligaçãoquando utilizado sozinho.

Tela soldada galvanizada Ferro dobrado de amarração

SistemaResistência ao

arrancamento (Kgf)Local da ruptura

Fita metálica perfurada 220 fita

Fita metálica corrugada 400 fita

Ferro de amarração Ø 5,0 mm 400 fixação

Tela soldada Ø 1,65 mm 800 corpo do fio

FixaçãoResistência ao

cisalhamento (Kgf)

Sem fixação metálica 500

Ferro cabelo 800

Ferro dobrado de amarração 1800

Tela soldada 2100

Sistema de fixaçãoResistência ao

arrancamento (Kgf)Tipo de ruptura

Ferro CA 60 5 mm (reto)

Fita metálica

Ferro dobrado de amarração

Tela soldada

Interface fio/argamassa

Interface fio/argamassa

Corpo da argamassa

Corpo da argamassa

240

340

540

760

Page 23: Alvena Ria

24

Projeto de alvenaria

• O preenchimento das juntas verticaispróximas ao apoio contr ibui com a ligação.

• A espessura do bloco é fator determi-nante.

• A ligação alvenaria/estrutura metálica émais bem controlada que em estruturasde concreto armado levando em consideração a velocidade de execução.

• A utilização de argamassa de assenta-mento entre 4 e 8 MPa se comportambem com o sistema de fixação.

• A utilização de ferro dobrado de amar-ração com a tela e argamassa deformável(até 8 MPa) formam o melhor desem-penho para o sistema de vedação.

• O atrito lateral no pilar pode ser melho-rado com aplicação de argamassa colantecom adição de polímero para adesãoquímica.

• A tolerância ideal para deslocamentosmáximos da estrutura onde deveráapoiar a alvenaria, será de L/1000 paradeformação da estrutura após a execuçãoda alvenaria com vãos.

• As alvenarias são muito mais respon-sáveis pelo comportamento geral da edi-ficação que apenas a vedação.

2.5. Cuidados na execução das ligações

Antes do início da execução da fixaçãodas alvenarias, deve ser feito um preparo da estrutura metálica conforme será visto posteriormente no item 3.3.

Com o objetivo de evitar o aparecimentode fissuras indesejáveis nas interfaces entreparede e pilar é recomendável o uso de telassoldadas como componente de ligação.

Os tamanhos podem ser definidos de

acordo com a espessura da parede (largurados blocos), conforme tabela a seguir:

Para paredes com blocos de 190mm delargura podem ser usadas duas telas de 60x500mm, principalmente no caso de blocos vazados, onde a área de ancoragem ficareduzida.

Devem ficar embutidos na junta verticalde argamassa entre parede e pilar 100mm dos500mm do comprimento da tela, com a dobravoltada para cima.

Como regra geral pode-se definir o tamanho da tela com largura inferior a 10,15 e 20mm da largura do bloco e comprimen-to horizontal no mínimo de 400mm.

Espessura do blocoDimensões da tela

largura x comprimento (mm)

70 mm 60 x 500

90 mm 80 x 500

120 mm 110 x 500

150 mm 120 x 500

190 mm 180 x 500 ou duas tiras 60 x 500

Page 24: Alvena Ria

25

Pilar

Argamassa colante Tela metálica soldadafixada com cantoneira

A execução de fixação é muito impor-tante para o sucesso do sistema de fixaçãolateral, o erro na fixação pode levar ao com-prometimento da deformação levando à ocor-rência de fissura. Pela grande importânciadeve-se observar o posicionamento a cadafiada garantindo o centro entre os tijolos.

Posicionar as telas conforme projeto ouem todas as fiadas pares.

Utilizar uma cantoneira para fixar a telacom aba mínima de 20mm e chapa 2mm, comos seguintes comprimentos:

As cantoneiras serão fixadas com pisto-las de pressão e pinos de aço zincado ouatravés de soldagem.

Ao assentar o tijolo deve-se posicionar astelas com cuidado sobre a argamassa obser-vando uma espessura em torno de 10mm ade-quando o nivelamento e cobrimento da telaantes de assentar o próximo bloco.

2.6. Fixação superior das alvenarias

A rugosidade das vigas não é levada emconsideração para o sistema de fixação das alve-narias, sendo necessário apenas a limpeza efi-ciente e a remoção de todo material solto, graxase poeiras.

A ligação da alvenaria com a viga deveráser cuidadosamente definida no projeto sendoque existem três tipos de fixação: Sistema Rígido,Sistema Semi-rígido e Sistema Deformável.

A utilização desses sistemas é definidaem função de seus vãos.

- Vãos de até 4,5 m - sistema rígido- Vãos de 4,5 a 6,5 m – sistema

semi-rígido- Vãos ≥ 6,5 m – sistema deformável

• Sistema Rígido

Viga metálica

Alvenaria

Cantoneira

Cantoneirametálica

Perfil metálico

Alvenaria

5 cm

CantoneiraCantoneira

Dimensões da tela

largura (mm)

Comprimento da

cantoneira ( mm)

60 50

80 60

110 80

120 100

180 100

Page 25: Alvena Ria

26

Projeto de alvenaria

Outros detalhes:

Utiliza-se neste processo o sistema deencunhamento, através do confinamentorígido da alvenaria sob a estrutura, tendo ocuidado de observar a distância entre ospilares (sistema rígido). O encunhamentosuperior não deverá ser realizado antes de 7 dias do término da alvenaria, utilizandoargamassa de assentamento e adição de adi-tivo com alumina ou similar tipo expansor,para evitar a retração excessiva da argamas-sa, garantindo a fixação e estabilidade àalvenaria.

• Sistema semi-rígido

Este sistema, quando adotado, considerapequenas deformações térmicas e estrutu-rais sobre o painel de alvenaria, sendonecessário a utilização de argamassas decimento e água com aditivo expansor (arga-massa não retrátil).

O preenchimento deve ser executadoapós a conclusão de todas as alvenarias enão antes de 7 dias do término da alvenaria,e elevada de baixo para cima do prédio coma fixação de cima para baixo.

• Sistema deformável

Para o sistema deformável adota-se oprocesso de confinamento lateral pelas can-toneiras, em função da necessidade deabsorver todos os efeitos de movimentaçãoda estrutura.

Este sistema pode ser adotado tambémlateralmente Pilar/Estrutura quando o tipo deestrutura for deformável e a alvenaria apre-sentar índice de esbeltez λ ≤ 25.

Viga

1,5 a 3,5 cm

Alvenaria

Argamassacom aditivoexpansor

Viga

2 a 3 cm Espuma de PoliuretanoExpandindo ou placa de EPS

Alvenaria

Page 26: Alvena Ria

27

Execução e inspeção dealvenarias de vedação

para estrutura metálica

Capítulo 3

Page 27: Alvena Ria

28

3.1.Diretrizes para alvenaria

racionalizada

Em primeiro lugar deve-se deixar claro oque vem a ser Alvenaria Racionalizada.Racionalização construtiva nada mais é do quea otimização do uso dos recursos disponíveisem todas as fases da construção, ou seja, aminimização do desperdício com adoção desoluções construtivas, visando sempre a quali-dade de execução da alvenaria.

As principais diretrizes de ações a seremseguidas para a melhor implementação daalvenaria racionalizada são basicamente:Diretrizes de projeto, Diretrizes de execução eDiretrizes de controle.

Diretrizes de projeto

• Durante a concepção da edificação,deve-se viabilizar a compatibilização daalvenaria de vedação com a estruturametálica, assim como as esquadrias,instalações e seus revestimentos.

• Estudar a possibilidade do uso de com-ponentes de alvenaria com modulaçãoflexível (concreto celular autoclavado,cerâmicos seccionáveis, etc).

• Buscar a elaboração do projeto de pro-dução da alvenaria simultaneamente comprojeto executivo com o objetivo deracionalizar.

Diretrizes de execução

• Organizar o setor de suprimentos para ocumprimento das seguintes atividades:

- Promover a compra técnica procuran-do atender as especificações.

- Selecionar fornecedores obedecendo critérios de qualidade.

- Promover a efetivação do controle de recebimento de materiais.

- Padronizar a forma de armazenamentoe transporte pelo canteiro.

- Estabelecer mecanismos de retroalimentação ao setor de projetos.

• Padronizar a produção através da elaboração de procedimentos de execução dos serviços.

• Treinamento e motivação contínua da mão de obra.

Diretrizes de controle

• Definição das responsabilidades decada elemento no processo de produção.

• Padronização do acompanhamento dasatividades através da elaboração de pro-jetos de procedimentos de inspeção dosserviços.

• Estabelecer os mecanismos de recebi-mento de cada atividade corrigindo even-tuais não conformidades.

3.2. Lista de verificação quanto ao

recebimento da estrutura metálica

Antes da execução das paredes de alve-naria, faz-se necessário um levantamento dascaracterísticas da estrutura metálica. Uma vezque inserida em uma estrutura metálica, é dese esperar que a técnica de produção daparede esteja diretamente vinculada às carac-terísticas e à qualidade da execução da estru-tura que delimita o vão.

Alguns itens devem ser verificados paraque a alvenaria seja executada de forma eficaz:

• Corrosão – Deverá ser verificada se acamada de cobrimento não está solta,como a camada de Primer (a base de

Execução e inspeção de alvenarias de vedação para estrutura metálica

Page 28: Alvena Ria

29

zinco), podendo ser usada uma espátula.

• Limpeza – Deverá ser tirada toda poeiraou qualquer tipo de material que estejaaderido na estrutura, gordura etc.

• Prumo – Verifica-se o prumo da estrutu-ra que deverá ser a mesma utilizada naexecução da alvenaria, não ultrapassan-do a H/900 (onde H é a altura efetiva daalvenaria).

• Qualidade da solda – Verifica-se se asolda está bem aplicada e com suafunção obedecida.

• Qualidade do encontro viga/pilar – deverá ser inspecionado visualmente seexistem pontos distantes permitindo apercolação de água.

• Parafuso – quanto a qualidade, se estásolto, frouxo ou mal parafusado, per-mitindo também a entrada de água.

3.3. Preparação da superfície da

estrutura para receber a alvenaria

As etapas de preparo da superfície queirá receber a alvenaria podem ser divididas emquatro: a limpeza do local, a melhoria daaderência alvenaria/estrutura metálica, a definição das aberturas (portas, janelas) e afixação das alvenarias aos pilares.

O preparo da superfície estrutura/alve-naria deve ter início pela limpeza cuidadosa dolocal em que será executada a alvenaria.

A estrutura de aço deve ser totalmentepreparada, pois é de suma importância aaderência lateral, para os casos de sistema rígi-do e semi-rígido.

No caso de estruturas deformáveis, deveser feita uma limpeza do local, onde será fixa-da a placa de EPS com cola adesiva.

Deve-se limpar toda a estrutura metálica,retirando qualquer tipo de restos de materialaderidos, promover sua rugosidade com arga-massa polimérica colante com adição defixador, aplicados com desempenadeira dentada.

Após essa etapa deve-se aguardar 72horas para o início do serviço de assentamen-to propriamente dito.

3.4. Locação e execução da alvenaria

Um conjunto de três etapas compõe aexecução propriamente dita da alvenaria devedação: locação da primeira fiada, a elevaçãoe a fixação.

3.4.1. Locação

Exemplo de projeto de locação (ver ilus-tração da próxima página).

A etapa que vai garantir a qualidade dosserviços de assentamento da alvenaria é alocação, sendo de suma importância sua corre-ta implementação.

A locação visa posicionar as paredes dealvenaria com o objetivo de otimizar o con-sumo da argamassa de revestimento e a cor-reção de defeitos possíveis decorrentes da exe-cução da estrutura metálica.

A mão de obra deve ser totalmente qualificada, resultando assim no ganho de pro-dutividade, uniformidade e qualidade dosserviços.

Page 29: Alvena Ria

30

A primeira atividade na locação consiste namaterialização dos eixos de referência, preferen-cialmente os mesmos que foram utilizados para alocação da estrutura. A locação deverá ser iniciadapelas paredes de fachada, considerando o prumodo conjunto que esteja executado.

Como regra geral, recomenda-se que alocação da alvenaria seja feita com o próprio blocoque será empregado na elevação, no caso de blo-cos vazados, é comum o preenchimento destes, naprimeira fiada, com o intuito de melhorar as carac-terística de fixação de rodapés, prática que pode sersubstituída pelo uso de parafusos com buchas.

Inicialmente, marca-se as faces das pare-des, a partir dos eixos de referência, usando-sesempre valores das cotas acumuladas, materi-alizando-os pelo posicionamento dos blocosde extremidade. Faz-se então a verificação dadistribuição dos blocos nessa fiada, a fim decorrigir distorções.

Faz-se o assentamento dos blocos deextremidade após ser definido o espaçamentoentre eles. Devidamente posicionados e assen-tados, passa-se uma linha unindo suas facesexternas, determinando, assim, o alinhamentoda primeira fiada, que deverá ser completada.Pode-se esticar duas linhas, garantindo o alinhamento e o prumo da fiada.

Deverá ser obedecido o mesmo nível entreas fiadas de blocos, a fim de se possibilitar a amar-ração entre as paredes perpendiculares entre si emanter sua marcação constante e correta.

Execução e inspeção de alvenarias de vedação para estrutura metálica

Alinhamento da Alvenaria

Bloco inteiro na região de encontros (estrutura/alvenaria), vãos e amarração.

BANHEIRO

QUARTO

Viga metálica

1ª fiadapreenchida

com argamasa

2 blocos

10 cm

2 barras de aço 10mm, CA 60,fixados com resina epóxi em furos de

ø 12mm a cada 2 blocos

Page 30: Alvena Ria

31

A argamassa utilizada na primeira fiadadeverá ser a mesma que será utilizada na ele-vação da alvenaria, sendo que a espessura daargamassa na locação poderá ser de 1 a 3 cm,a fim de absorver defeitos na superfície da laje.

Assentam-se os blocos da fiada delocação com a junta vertical preenchida, garan-tindo assim, maior resistência a choques e per-mitir melhor distribuição de esforços entre aestrutura metálica e a alvenaria.

Feito, deve-se locar as paredes internas,cujo posicionamento é dado de acordo com alocação das paredes de fachada e das carac-terísticas geométricas das peças estruturais.

Atentar para marcação das portas,podendo-se utilizar gabaritos que possibilitama locação precisa e a regularidade das laterais.Estes gabaritos também servem como escan-tilhão, delimitando o alinhamento das fiadasde alvenaria. Para a execução de janelas, jáexistem no mercado gabaritos que permitem aobtenção de vãos precisos.

Concluída a locação, faz-se a avaliação einspeção da execução (descrito no item 4.6).

3.4.2. Elevação da alvenaria (execução)

Situações importantes devem ser obser-vadas para o início da elevação como a defor-mação das lajes acima do pavimento.

Recomenda-se o uso de junta vertical em toda a execução da alvenaria

Nos casos de vãos internos com comprimento ≤ 4,5m ou λ ≤ 25

pode-se adotar o não preenchimento das juntas verticais.

Nesse caso deve-se então usar a junta só nas três primeiras fiadas com o intuito

de aumentar a ligação do pilar.

O alinhamento na direção horizontal édado pela fiada de locação. Para o assenta-mento da segunda e demais fiadas, recomen-da-se a utilização de escantilhões, a partir dosquais pode-se esticar uma linha de náilon entreos espaçamentos por ele definidos.

Com o alinhamento definido, são assen-tados todos os componentes da fiada, passan-do para a fiada seguinte até que atinja a aber-tura ou a última fiada da alvenaria, nos casosdas paredes sem aberturas.

Alvenaria 1ª fiada

Gabarito de porta

Foto da locação – 1 ª fiada

Alinhamento na direção horizontal

Page 31: Alvena Ria

32

Execução e inspeção de alvenarias de vedação para estrutura metálica

As juntas horizontais de argamassa deverão ter espessura de 10mm, não variandopara menos que 8mm nem mais que 18mm.Observa-se que juntas pouco espessas levam aum mau desempenho do conjunto devido a sua baixa capacidade de absorver defor-mações, enquanto as juntas espessas pro-movem uma queda de resistência mecânica doconjunto, além de um maior consumo de material.

A argamassa da junta horizontal é coloca-da sobre a fiada já assentada, podendo ser aplicada por toda espessura da parede, utilizando-se colher de pedreiro, ou preferen-cialmente, deverá ser aplicada de modo a construir dois cordões contínuos, um em cadaextremidade do comprimento da parede, usando para esse caso, uma das seguintesferramentas: bisnaga, meia-cana ou desempe-nadeira. É recomendado junta fresca de 1,5cm,ficando com 1,0cm de espessura depois de seca.

A situação recomendável é de que hajaamarração entre as paredes, pois esse tipo deligação apresenta melhor desempenho porpermitir a redistribuição das tensões atuantesna alvenaria, portanto todas as juntas verticaisentre os blocos devem ser preenchidas.

Os blocos que serão posicionados juntoas estruturas metálicas ( pilar, etc.) deverão serassentados com argamassa da junta vertical jácolocada sobre ele, de modo que ela seja com-primida fortemente junto a estrutura já previa-mente tratada para receber a alvenaria, comovimos anteriormente.

A cada fiada executada deverá ser verifi-cado o alinhamento e o prumo a fim de corri-gir quaisquer eventuais problemas.

Juntas horizontais preenchidas

Junta vertical preenchida

Bloco sendo comprimido

Verificação do alinhamento e prumo

Page 32: Alvena Ria

33

As juntas verticais dos blocos da últimafiada deverão ser preenchidas e para que hajauma adequada fixação do vão entre a alvenariae a estrutura, deverá ser deixado um espaça-mento compatível com o sistema de fixaçãosuperior da alvenaria especificado no projeto.

Recomendações adicionais para elevação da

alvenaria

• No embutimento dos eletrodutos, os

blocos deverão ser assentados com furos

na vertical.

• Em paredes com previsão de caixas de

instalações, ao alcançar a altura, deve-se

posicionar um gabarito de madeira do

tamanho da caixa para que o vão fique

moldado.

• Se existirem flexas nas vigas ou lajes, as

duas últimas fiadas deverão ser assentadas

sem nível, compensan0do as diferenças

com a variação da espessura das juntas de

argamassa.

3.4.3. Fixação da alvenaria

Quanto à fixação superior da alvenaria

junto a estrutura metálica, deve-se levar em

conta situações diferentes quanto ao elemento

estrutural que a envolve como sistema rígido,

semi-rígido e deformável .Conforme citado no

capítulo anterior.

A fixação superior da alvenaria deve ser

postergada o máximo possível.

Situação ideal: executar fixação após a

conclusão de toda a estrutura, elevação das

alvenarias e execução de pisos.

A fixação das alvenarias deve ser execu-

tada dos pavimentos superiores em direção

aos inferiores.

Caso alguma alvenaria termine em bordo

livre, deverá ser executada cinta de borda.

3.5. Detalhes construtivos

3.5.1. Aberturas

As aberturas, geralmente portas ejanelas, deverão receber um tipo de reforçopara evitar futuras fissuras (45º) naquela regiãoem forma de vergas e contravergas .

As contravergas deverão ser executadasquando o vão ultrapassar a 0,50m

Utiliza-se o processo de execução daalvenaria conforme visto anteriormente até auma fiada antes da altura dos peitoris, deforma a executar a contraverga.

Espaçamento entre a alvenaria e a estrutura

contraverga

Page 33: Alvena Ria

Blocos de concreto

34

Execução e inspeção de alvenarias de vedação para estrutura metálica

• O apoio mínimo para a realização das vergas e contravergas é de 0,20m.

• Especificam-se vergas contínuas em vãos sucessivos cujas distâncias

sejam inferiores a 0,60m.

• A seção transversal das vergas e contravergas devem ser no mínimo

correspondentes à dos blocos.

Segue-se alguns valores que sãorecomendáveis para a execução de vergas econtravergas em relação ao tipo de bloco, com-primento da parede e tamanho do vão.

No caso do projeto especificar que aabertura atingirá a viga ou a laje não seránecessário obviamente a execução da verga, oque é uma situação desejável já que o proces-so está voltado para a racionalização.

Deve-se atentar então, para os casos emque a abertura não atingirá a viga metálica oua laje, onde se sugere agir da seguinte forma:

Faz-se uma semiverga, com espessura de5cm , armada com ferro CA60 – 10mm e posteriormente faz-se um enchimento (tipo encunhamento) com elemento pré-moldadoaté a altura da viga metálica. Esse preenchi-mento pode ser adquirido diretamente dafábrica ou confeccionado no canteiro de obra.

Vergas com aberturas inferiores a 2,40m:

deve-se realizar os mesmos procedimentos das contravergas; será necessário então,

um escoramento dos blocos para o assentamento e moldagem no local da verga.

Vergas com aberturas superiores a 2,40m :deve-se tomar a verga como

uma viga, sendo sua armadura dimensionada como tal.

No caso de blocos de concreto celularautoclavados, blocos de concreto e blocoscerâmicos, a moldagem pode ser feita in loco,utilizando os blocos canaletas ou a pré-fabri-cação com concreto celular.

> 30 cm

> 30 cmElementopré-moldado

de fechamento

> 30 cm

> 30 cm

Viga metálica2 ø CA 60

2 ø CA 60

Vergas

vergas

Comprimento Até 8 > 8 Até 8 >8

da parede (m)

Abertura do vão (m) < 2,5 <2,5 <2,5 2,5 a 3

Apoio mínimo (m) 0,3 0,4 0,4 0,6

contravergas

Blocos de concreto celular autoclavado

vergas

Comprimento Até 8 > 8 Até 8 >8

da parede(m)

Abertura do vão (m) < 2,5 Até 3,2 <2,5 Até 3,2

Apoio mínimo (m) 0,3 0,4 0,3 0,4

contravergas

Blocos cerâmicos

vergas

Comprimento Até 8 > 8 Até 8 >8

da parede(m)

Abertura do vão (m) < 2,5 Até 3,2 <2,5 Até 3,2

Apoio mínimo (m) 0,3 0,3 0,3 0,4

contravergas

Page 34: Alvena Ria

35

3.5.2. Embutimento

Recomenda-se a utilização de SHAFT, téc-nica mais racional, para o embutimento das instalações.

Instalações hidráulicas

No caso onde as instalações hidráulicasestão distribuídas por uma superfície, seria recomendável a execução de paredes duplas, uti-lizando-se componentes de pequena espessura.

A primeira alvenaria seria elevada para afixação da árvore hidráulica e em seguida,eleva-se a segunda alvenaria deixando osfuros para os pontos de água.

Quando se optar pelo corte direto naalvenaria, faz-se um detalhamento construtivodas paredes, objetivando localizar e dimen-sionar os rasgos das instalações.

Para os blocos de concreto, cerâmicos esílico-calcários, recomenda-se que o corte sejafeito com a ajuda de uma serra de disco de corte.

Para os blocos de concreto celular auto-clavado, recomenda-se o uso do rasgadormanual, que vai permitir rasgar sem danificar.

Instalações elétricas

No caso de instalações elétricas é possível a passagem dos eletrodutos por den-tro dos furos de alguns blocos já disponíveisno mercado.

Instalações de água quente

Deve-se prever o isolamento da tubu-lação, que poderá ser feito com a utilização deargamassas adicionadas de isolante térmico (vermiculita e outros), argamassas específicaspré-dosadas ou tubos de espuma rígida.

Recomenda-se ainda o uso de shafts nasprumadas de luz, gás, telefone e mesmo sanitárias.

3.5.3. Juntas de controle

Quando as paredes de alvenaria tiveremgrandes dimensões utiliza-se juntas de cont-role, que tem o objetivo de limitar o compri-mento das paredes, conforme tabela, evitandoconcentrações de tensões.

A execução das juntas de controle deve serrealizada a medida que a parede vai sendo ele-vada, para que os painéis separados pelas juntasnão percam a estabilidade, permitindo o controlequanto a torção e oscilações transversais.

Depois da concretagem do pilarete, acada 30cm , deverá ser fixada a barra de trans-ferência, com uma metade dentro de umpilarete e a outra metade encapada ou esmaltada no outro pilarete, conforme figura.

Entre os pilaretes deve ser colocada umaplaca de EPS, para a absorção das tensões.

Será executada uma junta de revestimen-to nas estruturas semi-rígidas.

3.6. Inspeção e avaliação da execução da

alvenaria

A qualidade do processo de racionaliza-ção em uma atividade é um dos pontos demaior desafio.

Segue-se uma proposta de inspeção eavaliação para as etapas de execução da alve-naria de vedação.

Pilarete duplo

Placa de EPSBarra de transferência:. ∅ 8.0 mm. A cada 2 fiadas. Comprimento da barra: 35 cm. Metade da barra engraxada.. Espaço entre os pilaretes: 10 mm

Page 35: Alvena Ria

36

Execução e inspeção de alvenarias de vedação para estrutura metálica

Visual

Visual

Utilizar trenaprecisa +/-

1,0mm

5mm a 10mm

2mm

3mm

+/-5mm

Visual

Visual

3mm

< h/900

visual

+/- 5mm

+/- 10mm

visual

+/- 10mm

Controle das condições para a execução da alvenaria (Check list)

Itens de verificação Tolerância Metodologia Responsável

Limpeza da estrutura(pilar, vigas)

Limpeza da laje suporte

Marcação dos eixos de referência

Alinhamento

Esquadro

Nivelamento

Vão de porta

Aspecto geral

Aplicação da argamassa

Nivelamento

Prumo e praticidade

Amarração

Vãos de porta e janelas

Abertura para fixaçãosuperior

Fixação das paredesinternas e fachada

Pilaretes e cintas

Verificar se não existe nenhum tipo de materialaderido na estrutura, limpar.

Limpar a laje que irá receber a alvenaria, pode-seutilizar uma vassoura.

Verificar se os eixos estão no lugar preciso.

Conferir o alinhamento das faces das vigas epilares. Observando a tolerância de 5mm paraeixos de alvenaria e vigas internas e 10mm para omesmo deslocamento às vigas externas.

Verificar o esquadro dos ambientes admitindo umdesvio máximo de 2mm, na ponta do lado maior.

Verificar o nivelamento da fiada de locação .

Verificar a abertura do vão conforme o projeto .

Avaliar a regularidade da parede, limpeza dasrebarbas, o preenchimento das juntas verticais.

Verificar a aplicação da argamassa nas lateraisdos blocos e a espessura das juntas horizontais,conforme o projeto da alvenaria.

Verificar o nivelamento do levante com régua dealumínio. Sendo a cada 2m de régua, 5mm de tolerância.

Verificar com a elevação à meia altura e após aretirada do andaime.

Verificar se o acabamento dos cantos estão sendoexecutados conforme descrito no projeto.

Verificar abertura do vão conforme projeto, assimcomo assentamento de vergas e contravergas

Verificar tipo de fixação conforme Item 3.2.7

Checar o total preenchimento do vão que devecobrir toda a largura do bloco.

Verificar se estão conforme dimensionados no projeto.

Encarregado oumestre

Encarregado oumestre.

Engenheiro

ou mestre.

Encarregado oumestre

Encarregado oumestre.

Encarregado oumestre.

Encarregado oumestre

Encarregado oumestre.

Encarregado oumestre

Encarregado oumestre

Encarregado oumestre

Encarregado oumestre

Encarregado oumestre

Encarregado oumestre

Encarregado oumestre

Encarregado oumestre

Page 36: Alvena Ria

37

Sistema de revestimento

Capítulo 4

Page 37: Alvena Ria

38

O sistema de revestimento correspondeao acabamento final da edificação: sendo aparte que fica visível aos usuários e propri-etários. A integridade deste sistema é, pois, degrande importância para a confiabilidade nautilização das estruturas metálicas e na satis-fação das pessoas que interagem com a edifi-cação. Para tal fazem-se necessários cuidadosque garantirão a qualidade e a durabilidade daedificação.

Na definição dos procedimentos e cuida-dos a serem tomados na execução dascamadas do sistema de revestimento devemser considerados os seguintes aspectos:

• Concepção estrutural da edificação

- Sistema estrutural

- Deformações previstas

- Tipo de aço

• Sistema de alvenarias

- Tipo de elemento de vedação

- Sistema adotado no dimensionamento (rígido, semi-rígido ou deformável)

• Projeto arquitetônico

- Tipo de revestimento

- Interfaces entre revestimentos

- Detalhes arquitetônicos

• Interferências com projetos de instalações

• Solicitações atuantes no sistema de revestimento

Para que sejam feitas consideraçõesgerais sobre o sistema de revestimento, seráadotado que, basicamente, existem duas situ-

ações principais em se tratando de estruturametálica:

• Estrutura metálica revestida (oculta)

• Estrutura metálica aparente.

4.1 Estrutura metálica revestida

Nas situações em que a estrutura metáli-ca será revestida, além de todas as preocu-pações necessárias na execução do revesti-mento é importante que sejam tomados cuida-dos para garantir a aderência do sistema derevestimento nos perfis metálicos (devido àsua baixa porosidade e conseqüente baixacapacidade de ancoragem mecânica).

É também de extrema importância aavaliação das deformações e interfaces entremateriais diferentes (perfis estruturais – aço /alvenaria – cerâmica) definindo-se tratamentosadequados e juntas de alívio.

4.1.1. Limpeza da base

A base para aplicação do sistema derevestimento abrange tanto os perfis metálicosquanto a alvenaria propriamente dita. Para agarantia da aderência do revestimento à basedeve-se promover uma adequada limpeza con-forme o seguinte:

• Estrutura metálica: remover quaisquermateriais pulverulentos sobre a superfície do per-fil, bem como produto de eventual oxidação,restos de argamassa, utilizando escova de aço.

Sistema de revestimento

Page 38: Alvena Ria

39

• Alvenaria: deverão ser removidos mate-riais e substâncias aderidos à alvenaria. A limpeza poderá ser executada com vassourade piaçava seguida, se necessário, da lavagemda base. Algumas situações necessitam deprocedimentos específicos a saber:

- Gorduras e graxas: escovar a superfíciecom escova de cerdas duras, com água edetergente e enxaguar com água emabundância.

- Eflorescências: escovar a superfície aseco, com escova de cerdas de aço, eproceder a limpeza com solução de ácidomuriático ( 5% de concentração) enxaguan-do com água limpa em abundância.

- Pregos e arames: deverão ser removi-dos, caso contrário, devem ser cortados etratados com tinta anti-corrosiva.

- Bolor ou mofo: escovação com soluçãode fosfato trissódico (30 g Na3PO4 em 1 litro de água) ou solução de hipocloritode sódio (4% de cloro ativo).

É importante observar que sempre queforem utilizados quaisquer produtos paralimpeza da alvenaria, esta deve estar previa-mente saturada e, após a aplicação, deve serenxaguada com água em abundância.

4.1.2. Enchimento dos perfis metálicos

Em função da estrutura metálica serinteiramente revestida faz-se necessário oprévio preenchimento dos espaços correspon-dentes às almas das vigas e pilares, definindoo plano vertical a ser revestido.

Para executar o preenchimento destesvazios poderão ser utilizados blocos de concre-to celular autoclavado (facilidade de serem cor-tados nas dimensões necessárias), blocos deconcreto ou cerâmicos. A fixação destes blocosà estrutura deverá ser feita através de umaargamassa colante, tipo AC II aditivada compolímero acrílico modificado (com índice deresina superior a 50%).

Esta argamassa de fixação deve serpreparada misturando-se, inicialmente, opolímero com água em uma proporção nãoinferior a 1:4 (polímero : água), em volume.Esta mistura será adicionada à argamassacolante em pó, na quantidade necessária parafornecer trabalhabilidade à massa.

Um detalhe genérico do perfil metálico jápreenchido é mostrado a seguir.

Em determinadas situações é possívelque não seja feito o enchimento dos perfismetálicos, envolvendo o pilar com alvenaria oucom painéis (gesso acartonado, por exemplo),conforme detalhe a seguir:

Corte na viga

Alvenaria

Viga Espaço vazio a serpreenchido

Ligação Pilar

Alvenaria

Espaço vazio a ser preenchido Plano vertical

da base

Viga ou pilarmetálico

Argamassa colanteaditivada compolímero acrílicomodificado

Enchimento com blocos de concreto celular, cerâmicoou concreto adaptados aovão entre as mesas

Alvenaria

Alvenaria

Garantir amarraçãoentre os blocos

Material de ligaçãoAlvenaria-estrutura

Perfil metálico

Painel

Perfil metálico

Material de ligaçãoAlvenaria-estrutura

Alvenaria

Page 39: Alvena Ria

40

4.1.3.Tratamento dos perfis metálicos

Em função da baixa porosidade do perfilmetálico, torna-se bastante precária a ancoragem mecânica de uma argamassa sobreele (baixa migração de pasta de aglomerantepara os poros do perfil). Desta forma, antes dolançamento da argamassa de revestimento,toda a estrutura metálica deverá ser tratadacomo uma argamassa com capacidade decolagem química através dos seguintes pro-cedimentos:

• Promover a limpeza do perfil metálicoconforme instruções anteriores.

• Aplicação da argamassa colante aditiva-da com polímero modificado (a mesmautilizada para fixação dos enchimentosdescrita no item anterior) sobre todo operfil metálico utilizando uma desempe-nadeira dentada formando cordões.

• Aguardar, pelo menos , 24 horas parasecagem desta argamassa antes delançar a próxima camada do sistema derevestimento.

4.1.4.Transição perfil metálico/alvenaria:

A transição do perfil metálico/alvenariacorresponde a uma interface entre materiais decaracterísticas diferentes que deverá ser trata-da com utilização de telas adequadas, criandouma região capaz de suportar as movimen-tações diferenciais a que está sujeita.

Recomenda-se que sejam utilizadas telasde PVC ou fibra de vidro, as quais devem ser posicionadas nos pontos de contato alvenaria/estrutura metálica e fixadas com

argamassa colante aditivada com polímeromodificado durante o tratamento do perfilmetálico.

Em alguns dos alinhamentos correspon-dentes à transição alvenaria/estruturas, serãoadotadas alternativas como juntas de movi-mentação, conforme será indicado em itemposterior 5.1.9.

4.1.5. Chapisco

Antes do lançamento da argamassa deregularização, toda a alvenaria deverá sercoberta por uma camada de chapisco. Ochapisco consiste de uma argamassa fluída, notraço 1:3 (cimento : areia), em volume, lançadavigorosamente sobre a base, com auxílio deuma colher de pedreiro.

As principais finalidades desta camadaconsistem em homogeneizar a absorção daalvenaria e criar uma superfície irregular alta-mente rugosa (aumenta resistência do sistemade revestimento às tensões de cisalhamento).

Antes da execução do chapisco algumasatividades devem estar concluídas a saber:

• Todas as instalações elétricas e hidráuli-cas devem estar concluídas e testadas.

• A alvenaria deve estar fixada superior-mente conforme projeto, recomendandoque seja concluída há pelo menos 14 dias, preferencialmente após o máximo car-regamento da estrutura.

Sistema de revestimento

Enchimento

AlvenariaArgamassa colante aditivada compolímero acrílico modificado

Perfilmetálico

Material de ligaçãoAlvenaria-estrutura

Alvenaria

Pilar metálico

Material de ligaçãoAlvenaria-estrutura

Argamassa colanteaditivada compolímero acrílicomodificado

Tela de PVC ouFibra de vidro

Enchimento

Enchimento

massa colante aditivada compolímero acrílico modificado

Argamassa deregularização

Material de ligaçãoAlvenaria-estrutura

Perfil metálico

Tela de PVCou Fibra de vidro

Page 40: Alvena Ria

41

• Remoção das rebarbas da argamassaentre juntas da alvenaria.

• Limpeza da alvenaria, conformerecomendações anteriores, estando abase completamente seca.

• Eventuais furos, decorrentes de rasgosdas instalações das tubulações, devemser telados com tela galvanizada, sendo o espaço preenchido com cacos detijolos e argamassa.

Na execução do chapisco algumas orien-tações devem ser seguidas conforme anotadoa seguir:

• Antes do lançamento da argamassa dechapisco, aspergir água com brochasobre alvenaria, tomando-se cuidadopara não saturar a superfície.

• A aplicação do chapisco deve ser feitade modo a cobrir parcialmente a alvenaria,de forma não contínua e irregular.

• O chapisco deverá ser aplicado em umaespessura que garanta alta rugosidade.

• O chapisco deverá ser curado, poraspersão de água, por pelo menos 1 dia.

• Não aplicar o chapisco com temperaturado substrato elevada, nem insolação dire-ta (criar proteção).

• Aguardar um período de 2 a 3 dias apósa aplicação para a secagem do chapisco,antes de promover o lançamento da arga-massa de regularização.

• A argamassa do chapisco, após asecagem, não deverá apresentar desagre-gação ao toque.

4.1.6. Reforços localizados na argamassa

de regularização

Deverão ser previstos reforços com telagalvanizada (fio 22 e malha de 1”) na argamas-sa de revestimento em algumas situações queserão relacionadas a seguir:

• Nas vigas revestidas:

• Nos pilares revestidos:

Observação: a necessidade de transpasseda tela galvanizada para os dois lados do pilarserá definida pelo projeto de posicionamentodas juntas de movimentação.

20 cm

Telagalvanizada

Tela de PVC ouFibra de vidro

Argamassa de regularização

Viga metálica

Região de encunhamento

20 cm20 cm

Enchimento

Argamassa de regularização

Perfilmetálico

Tela Galvanizada

20 cm20 cm

Argamassa de regularizaçãoTela Galvanizada

AlvenariaPilar

metálico

Page 41: Alvena Ria

Situação

42

• Nas cintas, pilaretes e tirantes de concreto,porventura existentes nas alvenarias, transpas-sando 20 cm para cada lado da estrutura.

• Em trechos da alvenaria com pilaretespara embutimento de tubulações.

A fixação desta tela é feita antes da exe-cução da argamassa de regularização, porémapós a execução do chapisco, através deequipamento de fixação à pólvora de baixavelocidade (sobre estrutura metálica ou con-creto) ou com parafuso e bucha (alvenaria)podendo ser utilizado prego de cerca galva-nizado para ajudar no posicionamento da tela.É muito importante que esta tela fique leve-mente frouxa.

4.1.7. Argamassa de regularização

A argamassa de regularização é a camadado sistema de revestimento que define o planovertical no qual será aplicado o acabamentofinal.

O início da execução desta camada deargamassa está condicionada a outras ativi-dades, a saber:

• A estrutura, as alvenarias e o encunha-mento devem estar concluídos há, pelomenos, 14 dias.

• O chapisco deve estar concluído há 2 a 3dias.

• O tratamento dos perfis metálicos e dasinterfaces estrutura/alvenaria deve estarconcluído há, pelo menos, 1 dia.

• As taliscas que definem o plano dorevestimento devem estar fixadas com amesma argamassa a ser utilizada na regularização.

A definição da argamassa a ser utilizadadeve ser feita em função das disponibilidadesde materiais na região e de espaço e equipa-mentos no canteiro de obra, bem como docronograma da obra. Podem ser empregadasargamassas viradas em obra de cimento eareia ou de cimento, cal e areia ou argamassasindustrializadas( sacos, granel) ou dosadas emcentral, sendo importante que sejam atendidasas normas de especificação pertinentes e asseguintes propriedades (função das solici-tações a que estarão submetidas):

No preparo da argamassa devem serobservados alguns aspectos importantes:

• O preparo da argamassa deve sermecânico.

• Quando houver utilização de cal naargamassa, a mesma deverá serpreparada através de argamassa inter-mediária com a areia e a cal que deverádescansar por, no mínimo, 16 horas,

Sistema de revestimento

20 cm20 cm

Cinta, Pilarete ou tirante

Tela galvanizada

Alvenaria

Argamassa deregularização

20 cm20 cm

Pilarete Alvenaria

Tubulação degrande diâmetro

Tela em volta do tubo

Enchimento com cacos de tijolo

Argamassa deregularização

Tela galvanizada

PropriedadesTraços de referência

(em volume)

RevestimentoExterno base

para aplicação de placas de

revestimento oupintura

• Retração de água:65%• Teor de ar incorporado:

8 a 15%• Consistência: 280 a 320mm• Resistência à compressão:

4 a 12 MPa• Resistência à tração direta:

0,30MPa

1:4 (cimento:areia)1:2:8 (cim.:cal:areia)1:1:6 (cim.:cal:areia)

Argamassa Ind. II -Normal/Alta - b

RevestimentoInterno base

para aplicação e placa de

revestimento.

• Retenção de água: 60%• Teor de ar incorporado:

8 a 15%• Consistência: 280 a 320mm• Resistência a compressão:

4 a 8 MPa• Resistência a tração direta:

0,30MPa

1:5 (cimento:areia)1:2:9 (cim.:cal:areia)

Argamassa Ind. II -Normal/Alta - b

RevestimentoInterno base

para aplicação de pintura.

• Retenção de água: 60%• Teor de ar incorporado:

8 a15%• Consistência: 280 a 320 MPa• Resistência a compressão:

4 a 8 MPa• Resistência a tração direta:

0,20 MPa

1:6 ( cimento/areia)1:2:10 (cim.:cal:areia)

Argamassa Ind. II -Normal/Alta - b

Page 42: Alvena Ria

43

sendo em seguida adicionado o cimentoe a água para a consistência necessária.Estão disponíveis no mercado calesaditivadas que dispensam este descan-so.

• A utilização de adições e aglutinantesdeverá ser precedida de uma série deensaios que ateste a qualidade dos mate-riais.

• Recomenda-se que no preparo da arga-massa seja adicionada fibra de nylon 6.6à massa na proporção de 500g de fibrapor m3 de argamassa.

A execução da argamassa de regulariza-ção se dará pela definição das mestras, segui-da pelo preenchimento do espaço entre elas eoperações de acabamento. Algumas infor-mações são importantes na realização destasetapas:

• Promover a limpeza da base antes dolançamento da argamassa.

• A espessura do revestimento deve aten-der às recomendações da tabela abaixo:

Sempre que forem ncessárias espessurasmaiores que as recomendadas na tabela ante-rior, o revestimento deverá ser executado emcamadas da ordem de 20mm, no mesmo traço,seguindo os procedimentos a seguir:

- Chapar a primeira camada alisando coma colher de pedreiro apenas o necessáriopara desfazer as conchas.

- Após o tempo necessário para a arga-massa “puxar”, chapar a segunda camadaexecutando o acabamento final.

- Para espessuras maiores (> 40mm) deverá ser aguardado o dia seguintedevendo o revestimento ser armado comtela galvanizada (fio 22 e malha de 1”) ade-quadamente fixada.

• Sempre que seja necessária a con-tinuidade nos serviços da execução daargamassa de regularização de um diapara o outro, deve-se garantir a aderênciaentre a argamassa já executada e a novaatravés de ponte de aderência (misturade cimento e resina). Além disso, sempreque a argamassa for interrompida deveráser feita em ângulo de 45º apertada.

• Na execução desta camada de regulariza-ção em quinas, as duas faces da edificaçãodevem ser feitas de uma única vez, con-forme esquema a seguir:

• O acabamento da superfície da argamassade regularização é função do tipo de acaba-mento final que será adotado, a saber:

- Base para aplicação de placas de revesti-mento: textura áspera obtida pelo sarrafea-mento seguido, se necessário, de leve desem-peno com desempenadeira de madeira.

- Base para aplicação de sistemas de pin-tura: textura lisa obtida pelo sarrafeamen-to seguido de desempeno com desempe-nadeira de madeira.

Base

Argamassa dodia anterior

Ponte deAderência

Argamassa“nova”

50 cm

Base

1ª Etapa: argamassa interrompida 50 cm antes da quina a 45º e apertada

Ponte de Aderência

2ª Etapa: executar a argamassa na quina,com ponte de aderênciana ligação entre asargamassas.

Revestimento Espessura ( mm)

Parede interna 5≤ e ≤20

Parede externa 20≤ e ≤30

Page 43: Alvena Ria

44

• A argamassa de regularização não deveser utilizada por tempo superior ao dapega do cimento, de modo geral 1,5horas a 2 horas.

• Após o término da execução da arga-massa de regularização as taliscas devemser removidas e o espaço vazio deve serpreenchido com a mesma argamassa deregularização.

• A argamassa de regularização após con-cluída deve apresentar as seguintes características:

- Prumo: o desvio de prumo de revesti-mento da argamassa sobre paredesinternas, ao final da sua execução nãodeve exceder H/900, sendo H a altura daparede, em metros.

- Planicidade: verificar a planicidade dorevestimento interno, após eliminaçãodos grãos de areia soltos, considerandoas irregularidades graduais e as irregula-ridades abruptas da superfície, sendo queas ondulações não devem superar a 3mmem relação a uma régua com 2m de com-primento. A irregularidades abruptas nãodevem superar 2mm em relação a réguacom 20cm de comprimento.

- Fissuras: as fissuras devem ser avali-adas em 1 m2 a cada 100 m2. Em basepara aplicação de pinturas recomenda-sea ausência de fissuras/m2, enquanto queem bases para aplicação de cerâmicas éaceitável até o limite de 3 fissuras/m2.

Para dar continuidade à execução do sis-tema de revestimento deve ser respeitado osprazos de maturação da argamassa de regulariza-ção, antes da aplicação do revestimento final, asaber:

4.1.8. Revestimento final

Diversos são os materiais para acaba-mento final da edificação. Nos itens a seguirserão feitas considerações sobre os trêsgrandes grupos usualmente utilizados: placascerâmicas, placas de rocha e pintura.

Em qualquer um destes grupos é muitoimportante que o material escolhido seja com-patível com as solicitações do ambiente no qual eleserá aplicado para que sejam garantidas a quali-dade e durabilidade do sistema de revestimento.

Placas cerâmicas

O termo placas cerâmicas abrange umainfinidade de materiais com diferentes pro-priedades. Em função de estarmos tratando derevestimentos de paredes, sempre que fornecessário será feita a diferenciação em ter-mos dos seguintes produtos e situações:

• Cerâmica para revestimento interno

• Cerâmica para fachadas

• Pastilhas para revestimento interno ou externo

• Porcelanato para revestimento interno ou externo

O início do assentamento deve ocorrer,no mínimo, 21 dias após o término da arga-massa de regularização.

O revestimento cerâmico deverá serassentado com argamassa colante industrializa-da. A classe da argamassa a ser utilizada éfunção do tipo de cerâmica e ou local de apli-cação conforme tabela a seguir:

A argamassa deve atender às especifi-cações da NBR 14081 em função da classe àqual ela pertence.

Sistema de revestimento

Revestimento final Tempo mínimo

Cerâmica – revestimento externo 21 dias

Cerâmica – revestimento interno 14 dias

Placas de rocha 28 dias

Pintura 30 dias

* Salvo recomendação contrária do fabricante.

Situação Classe argamassa colante

Cerâmica revestimento interno AC-I

Cerâmica revestimento externo AC-II

Pastilha (interno ou externo) AC-III

Porcelanato (interno ou externo) AC-III

Page 44: Alvena Ria

45

O assentamento das peças cerâmicas éfeito com a utilização de desempenadeira den-tada e pode ser executado de duas formas:

• Assentamento em camada única: aargamassa colante de assentamento éaplicada somente sobre a argamassa deregularização.

• Assentamento em dupla camada: a arga-massa colante de assentamento é aplicadasobre a argamassa de regularização e noverso da placa (lado liso da desempenadeira).

O quadro a seguir relaciona as formas deassentamento:

As peças cerâmicas a serem utilizadosdevem atender às recomendações da NBR13818 e, no momento do assentamento devemestar seca e com o verso isento de poeiras eengobe pulverulento.

O preparo da argamassa colante deve serfeito através de mistura mecânica, em caixoteplástico, utilizando a quantidade de águarecomendada pelo fabricante na embalagemdo produto.

Em se utilizando a argamassa colante,deve-se estar atento a três tipos de tempos quedevem ser respeitados:

• Tempo de repouso: tempo que a arga-massa deve ser deixada em repouso apóso preparo e antes de ser utilizada. Este

tempo é fornecido na embalagem do pro-duto ficando entre 10 a 15 minutos.

• Tempo em aberto: tempo que a arga-massa pode ficar extendida na base semque perca suas propriedades adesivas.Formação de película superficial esbran-quiçada, secagem superficial ( não sujaos dedos) e ausência de esmagamentocompleto dos cordões em placa recém-assentada são sinais que o tempo emaberto foi excedido. Esta argamassa deveser removida e descartada.

• Tempo de utilização: tempo que a arga-massa pode ser utilizada após o preparo (≅ 1,5 a 2 horas). Neste período não deveser adicionada mais água à argamassa eapós este intervalo de tempo ela deve serdescartada.

O assentamento das placas de revesti-mento deve seguir as seguintes etapas:

• Limpeza da base.

• Aplicação da argamassa colante sobre abase com lado liso da desempenadeiraseguida de aplicação do lado denteadofiletando a massa. Sob condições de forteinsolação, pode-se aspergir água sobre abase antes da aplicação da argamassacolante.

• Em caso de dupla camada, aplicação daargamassa, com o lado liso da desempe-nadeira, no verso da placa.

• Sempre que as garras do verso da placaapresentarem reentrâncias > 1mm, inde-pendente das dimensões das placas, deverá ser feito preenchimento destas noinstante do assentamento.

• Assentamento da placa com esmaga-mento completo dos filetes da argamassacolante através de movimentos de vai-e-vem perpendiculares aos cordões. Emseguida, com o martelo de borracha,

*Peças cerâmicas < 400cm+ fornecidas em conjunto de dimensões maiores

devem ser assentadas em dupla camada.

** Produto fornecido em placas. O assentamento e o rejuntamento são feitos

simultaneamente.

SituaçãoDimensão

das peças

Formato dos

dentes da

desempenadeira

Forma de

assentamento

Cerâmica pararevestimento

interno e externo e

Porcelanatos

< 400 cm2* Quadrados 8x8x8

Camada única

≥ 400 cm2 Quadrados 8x8x8

Dupla camada

Pastilhas Quaisquer Quadrados 6x6x6

Dupla camada**

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bater cuidadosamente a peça de modo agarantir 100% do preenchimento do versoda placa.

• Limpeza do excesso de argamassa nasjuntas entre as peças e sobre as peças.

As juntas de assentamento são osespaçamentos deixados entre duas peças derevestimento adjacentes durante a sua apli-cação. Na execução e preenchimento destasjuntas devem ser observados os seguintesaspectos:

• As dimensões das juntas deverão serespecificadas em função das dimensõesda placa de revestimento, das condiçõesde exposição e características dos materi-ais, estando compreendidas entre 4mm e10mm. Para ambientes externos,recomenda-se que as juntas não sejaminferiores a 5 mm e, em se tratando depastilhas, as juntas são definidas pelofabricante (produto fornecido em placas).

• Para garantia da regularidade dasdimensões recomenda-se a utilização deespaçadores que deverão ser removidosapós o assentamento.

• O material de preenchimento das juntasdeve ser escolhido em função das carac-terísticas dos materiais cerâmicos e doambiente. De modo geral, são utilizadasargamassas industrializadas para rejunta-mento à base de cimento Portland. Paraambientes externos a argamassa deveapresentar adição de polímeros e fungici-das e características de impermeabili-dade. Em se tratando de porcelanatos, é muito importante a presença depolímeros capazes de garantir de aderên-cia desta argamassa à placa de revesti-mento. Em algumas situações faz-senecessária a utilização de produtos àbase de resina epóxi.

• O preparo do material de rejuntamentodeve ser feito através de misturador

mecânico, utilizando a quantidade deágua recomendada pelo fabricante naembalagem do produto e caixote plásti-co (estanque). Caso necessário, aguardartempo de repouso do produto.

• O preenchimento das juntas com arga-massas industrializadas para rejuntamen-to deve ser feito com a utilização dedesempenadeira de neoprene em movi-mentos de vai-e-vem diagonais emrelação às juntas. O acabamento deve serefetuado com mangueira de plástico ousimilar, de modo a obter um rejunte ínte-gro, sem pontos falhos e com uniformi-dade de cor.

• Logo após o rejuntamento, proceder alimpeza do excesso de material sobre apeça de revestimento com um panoúmido ou estopa. Não usar substânciasácidas para a limpeza.

Placas de rocha

Mármores e granitos são as placas derocha normalmente utilizadas para revestimen-to de paredes. Qualquer que seja o tipo deplaca de rocha utilizada sempre é interessanteque seja feita uma análise petrográfica domaterial de modo a identificar a adequação daplaca à finalidade e ao ambiente, bem comoidentificar a presença de materiais deletérios emicrofissuras.

O assentamento das placas de rocha deveser feito conforme as recomendações a seguir:

• O assentamento deverá ser feito uti-lizando argamassa colante tipo AC III. Asua aplicação e preparo deve ser feitoconforme indicado no item anterior. Emfunção das dimensões das placas nor-malmente utilizadas (não inferiores a40cm x 60cm), a forma de assentamentodeve ser a dupla camada, com a arga-massa sendo aplicada no verso da placa,no instante do assentamento, com o ladodenteado da desempenadeira.

Sistema de revestimento

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47

• Sistemas auxiliares de fixação (parafu-sos, dispositivos retentores / sustenta-dores) deverão ser previstos sempre queas placas de rocha estiverem em alturasuperior a 2 m em relação ao piso adja-cente. Estes dispositivos devem ser ade-quadamente dimensionados e quantifica-dos em função das dimensões das placas.Além disso o material destes deve serconstituído por material inalterável nascondições do ambiente de aplicação(aços inoxidáveis, galvanizados).

• As juntas de assentamento entre as pla-cas adjacentes devem possuir espessurade 5 a 10 mm e serão preenchidas comargamassa de rejuntamento industrializa-da ou mastiques (silicones ou poliure-tanos). Na utilização de argamassa derejuntamento, seguir as recomendaçõesanotadas no item anterior. Na utilizaçãode mastiques alguns cuidados devem serseguidos, a saber:

- O material deve ser adequado para uti-lização em pedras e compatível com ascondições de exposição.

- Deverá ser colocado um corpo de apoio,sob pressão, no interior da junta. Esteajuda a limitar o consumo do produto,garantir o coeficiente de forma e impedira adesão ao fundo.

- Antes da aplicação do produto protegeras laterais das juntas com fita crepe.

- A junta deverá estar seca e isenta de poeiras e outras sujeiras no instantede aplicação do produto de modo queseja garantida a aderência do produto às bordas.

- A aplicação do produto é feita com pis-tola aplicadora, devendo ser feita deforma cuidadosa devido à dificuldade deremoção do produto sobre a placa.

- O acabamento do mastique deve serfeito com espátula ou com o próprio dedoprotegido por luva de borracha. - Detalhe da junta preenchida:

Pintura

Na execução do sistema de pintura sobreargamassa de regularização devem ser obser-vados os seguintes aspectos:

• A escolha do sistema de pintura a serutilizado deve ser compatível com assolicitações do ambiente em que seráaplicado. Em ambientes externos éimprescindível que, no mínimo seja uti-lizado sistema à base de resina acrílica,lembrando que as texturas apresentammelhor desempenho.

• Para o inicio da aplicação do sistema depintura é importante que a base apre-sente-se íntegra e limpa. A argamassa deregularização deverá ser lixada de modoa remover saliências e partes soltas e apoeira deverá ser eliminada por escova-mento.

• Os sistemas de revestimento em pinturanormalmente são constituídos pelasseguintes camadas:

Mastique

Argamassacolante

Argamassa deregularização

Placa de rochaApoioFlexível

Tinta

Argamassa de regularização

Produto preparador dasuperfície (se necessário)

Massa de regularização

Page 47: Alvena Ria

48

• A massa corrida (regularização) deveráser aplicada em 2 a 3 demãos finas, lixan-do até obter o nivelamento desejado.

• Antes da aplicação da tinta remover apoeira do lixamento da massa corridaatravés de escovamento e pano leve-mente úmido.

• A tinta deverá ser aplicada conforme asrecomendações do fabricante.

• A temperatura do ambiente em que oproduto está sendo aplicado deve estarentre 10ºC e 40ºC e a umidade relativa doar abaixo de 80%, não sendo recomen-dada a aplicação sob insolação direta,ventos fortes e em dias chuvosos.

• A diluição dos produtos deve ser feitaconforme recomendações do fabricante,na embalagem do produto (proporção ediluente).

• O intervalo entre demãos solicitadopelo fabricante na embalagem do produ-to deverá ser respeitado.

4.1.9. Juntas de movimentação

nos revestimentos

As juntas de movimentação têm porfinalidade subdividir o sistema de revestimen-to aliviando as tensões provocadas pelasmovimentações da base e do próprio sistemade revestimento.

Em se tratando de uma edificação emestrutura metálica, o posicionamento destasjuntas estará preferencialmente associadoaos alinhamentos das transições entre os perfis metálicos e as alvenarias. Nositens a seguir serão feitas as principais considerações sobre o seu posicionamento,dimensões e preenchimento.

Junta de movimentação horizontal

As juntas de movimentação horizontaisestão posicionadas no alinhamento da tran-sição viga metálica / alvenaria, a cada pavi-mento, interna e externamente, conformedetalhe genérico a seguir:

A junta de movimentação corresponde auma interrupção no sistema de revestimento,sendo feita através de um corte que vai desdeà base até o revestimento final. A largura destajunta é definida em função das característicasdo sistemas estrutural e alvenaria, bem comodo acabamento final, estando compreendidaentre 10 mm e 20 mm. Ela pode ser executadadurante a execução da argamassa de regula-r ização ou cortada, após a argamassa já estarendurecida com ferramenta elétrica de corte.

Sistema de revestimento

Junta de

Movimentação

Viga Metálica

Região deEncunhamento

Sistema derevestimento final

Argamassa deregularização

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49

No que diz respeito a juntas de movimen-tação horizontal, é possível a ocorrência dealgumas situações específicas conforme anota-do a seguir:

• Em edificações em que tenha sido ado-tado o sistema rígido no dimensionamen-to da alvenaria, algumas vezes é possívelo estudo de reforços específicos demodo a eliminar a necessidade destajunta. Em sistemas flexíveis, esta possi-bilidade não existe.

• Em revestimentos internos, a juntapode ser eliminada em situações em queseja prevista a utilização de forros ourodatetos, conforme detalhe genéricoabaixo:

Junta de movimentação vertical

As juntas de movimentação vertical, demodo geral, estão posicionadas na transiçãoentre o pilar metálico e a alvenaria, conformedetalhes genéricos a seguir:

Em função dos vãos entre pilares normal-mente adotados nas estruturas metálicas, adefinição de juntas de movimentação a cadapilar costuma ser suficiente (espaçamentoentre juntas verticais da ordem de 6 m). A exe-cução e dimensões deverão ser feitas con-forme considerações para a junta horizontal.

Preenchimento das juntas de movimentação

O preenchimento das juntas de movi-mentação deve ser executado com materiaisflexíveis capazes de absorver as deformaçõesdo sistema de revestimento. De modo geral é utilizado corpo de apoio de polietileno expandi-do e um mastique (silicone ou poliuretano).

Vigametálica

Alvenaria

Encunhamento

Rodaleto fixado no sistemade revestimento

Sistemade revestimentointerrompido na viga

Enchimento

Argamassade regularização

Pilar metálico

Tela galvanizada

Telagalvanizada

Alvenaria

Pilar metálico

Vigametálica

Região deencunhamento

Argamassa de regularização

Sistema de revestimento final

Mastique

Corpo de apoio

Tela galvanizada

Revestimento final

Alvenaria

Pilar metálico

Corpo de Apoio Mastique

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50

Algumas recomendações são feitas paraa execução do preenchimento destas juntas:

• O sistema de revestimento final deveestar concluído.• As juntas devem estar limpas, sem resí-duos de argamassa, partículas soltas esinais de umidade. Além disso, em sis-temas de pinturas não podem apresentaresborcinamento.

• Antes da aplicação do mastique, as bor-das das peças de revestimento devem serprotegidas com fita crepe. Nos sistemasde pintura, recomenda-se que a fita sejaposicionada da ordem de 2 mm emrelação à borda da junta.

• O corpo de apoio deve ser colocado sobpressão no interior da junta de modo aficar adequadamente posicionado, garan-tindo o coeficiente de forma de produto(relação comprimento:profundidade).

• O mastique deverá ser aplicado com autilização de pistola aplicadora devendoser feito o corte no bico do tubo doselante em ângulo de 45º na medida dajunta. Devido à dificuldade de remoçãodo mastique sobre o revestimento, a apli-cação deve ser feita de forma cuidadosa.

• O acabamento do mastique deverá serfeito com espátula ou com o próprio dedoprotegido por luva de borracha.

Outros tipos de juntas de alívio

• Juntas Estruturais da Edificação eJuntas entre Pilaretes Duplos: estas jun-tas devem ser respeitadas em todas ascamadas constituintes do sistema de

revestimento, garantindo-se a mesmadimensão especificada no projeto, deven-do ser preenchidas com selantes estrutu-rais ou perfis pré-fabricados para estafinalidade.

• Juntas de Dessolidarização: estas juntassão responsáveis pela desconexão entre revestimentos finais de materiais diferentes e quinas de revestimentos emplacas (cerâmica e rocha).

4.2. Estrutura metálica aparente

Nas situações em que a estrutura metáli-ca não será revestida, ficando total ou parcial-mente aparente, o sistema de revestimentotorna-se mais simples, sendo a parte maisimportante o tratamento da ligação sistema derevestimento / perfis metálicos.

Para execução do sistema de revestimen-to nesta situação, a limpeza da alvenaria, ochapisco, a utilização de telas de reforço emregiões de tubulações e estruturas de concreto(cintas, pilaretes e tirantes), a execução daargamassa de regularização e a aplicação doacabamento final devem ser feitos conforme asrecomendações feitas para a estrutura metálicarevestida.

Sistema de revestimento

Comprimento

Corpo de apoio

Fita Crepe

Mastique

2 mm

Revestimento final

Argamassa deregularização

ProfundidadeCorpo de apoio

Material 2

MastiqueMaterial 1

Argamassa deregularização

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51

• Viga Metálica Aparente: 4.2.1 Tratamento das ligações

revestimento / estrutura metálica

A definição da forma em que será feito otratamento das ligações do revestimento coma estrutura metálica depende da posição relati-va do sistema de revestimento em relação aosperfis. As interfaces entre os dois materiaisserão conectadas através de mastiques ou tin-tas elastoméricas. Diversas situações são apre-sentadas a seguir:

• Pilar metálico aparente:

Vigametálica

Argamassa deregularização

Pinturaelastomérica

Mastique

Alvenaria

Corpo de apoio

Revestimentofinal

Vigametálica

Pinturaelastomérica

AlvenariaRevestimentofinal

Pinturaelastomérica

Argamassa deregularização

Vigametálica

AlvenariaRevestimentofinal

Argamassa deregularização

Mastique

Mastique

Mastique Corpo de apoio

CantoneiraMetálica

Alvenaria

Revestimentofinal Argamassa de

Preenchimento

Pilar Metálico

Material de ligação

Argamassa deregularização

Alvenaria

Argamassa deregularização

Material deligação

Cantoneira Metálica

Pilar Metálico

PinturaElastoméricaRevestimento

final

Fita Crepe

Mastique

CantoneiraMetálica

Alvenaria

Revestimentofinal

Pilar Metálico

Material de ligação

Argamassa deregularização

Page 51: Alvena Ria

52

Sistema de revestimento

Estrutura de apoio

Ligaçãolateral

pilar/alvenaria

Semi-rigído Deformável

ITEM TIPO DE LIGAÇÃO

Para vãos até 6,5m entre apoios. Para vãos superiores a

6,5m e alvenaria sobrelajes deformavéis.

L > 6,5m

Placa de EPSFerro cabelo

Perfil Metálico

Micro concreto

Tela soldadaa cada 60 cm

Cantoneiras fixadas com pistolade pressão e pinos de aço

ou soldadas

Pilar em perfis dechapa dobrada

Ligação superiorviga/alvenaria

Espuma de poliuretanoexpandido ou placa de EPS.

Argamassa de cimento e água comaditivo expansor (não retrátil)

4.3. Resumo do estudo das ligações alvenaria X estrutura

Ferro cabelo a cada 60cm

Page 52: Alvena Ria

53

4.4. Cuidados nas ligações revestimento / estrutura metálica

ITEM DETALHE

Tratamento com pintura elastomérica(pilar não revestido)

Ligaçãolateral

pilar/alvenaria

Tratamento com pintura elastomérica(pilar não revestido)

Page 53: Alvena Ria

54

Referência Bibliográfica

ABCI – Manual Técnico de Alvenaria. São Paulo: ABCI/PROJETO, 1990.

ACI – American Concrete Institute - Allocuable Deflections: Manual of Concrete –1979.

ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas – Catálogo ABNT 1995/ Rio de Janeiro.

CSTC – Centre Scientifique Et Techinique de la Construction. Fissuration de Maçonneires CSTC. Note D’information Techinique 65. Bruxelas, 1980.

Lordsleem Júnior, Alberto Casado - Primeiros Passos da Qualidade no Canteiro de Obras.In: Execução e Inspeção de Alvenaria Racionalizada.São Paulo: O nome da Rosa Editora, 2000.

Siqueira Filho, F.S. e Dias, E. M. – Racionalização da Construção: Produção de fachadas e Impermeabilização. Distrito Federal: CREA/DF, 1999.

Thomas, Ercio - Trincas em Edifício: causas, prevenção e recuperação. São Paulo: Pini: Escola Politécnica da Universidade de São Paulo: Instituto de Pesquisas Tecnológicas, 1989.

USP – O Emprego de Telas Metálicas Soldadas como Componente de Ligação entre Alvenaria e Estrutura. São Paulo: Escola Politécnica da Universidade de São Paulo – Departamento de Engenharia de Construção Civil, 1999.

Von Krüger, Paulo Gustavo – Análise de Painéis de Vedação nas Edificações em Estrutura Metálica. Ouro Preto: Universidade Federal de Ouro Preto – Departamento de EngenhariaCivil – Programa de Pós-Graduação.

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