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Alimentos light: o perigo do auto-engano

11/07/2008

Joan Carles Ambrojo

Há alguns anos as prateleiras comerciais estão cheias de alimentos light - leves ou de baixas calorias. São produtos que contêm menos gorduras e açúcares que sua versão original, mas continuam tendo calorias. Algumas pessoas os consomem com a idéia de que não engordam ou mesmo de que ajudam a emagrecer, e cometem o erro de consumir uma quantidade maior do que teriam consumido do produto completo. O abuso do light pode contribuir para engordar, efeito contrário ao desejado.

Algumas pessoas que desejam emagrecer ou manter uma figura esbelta acabam ficando obcecadas pelas calorias que ingerem. Não é estranho que muitas delas encham o carrinho de compras com produtos light. Mas para considerá-los como tal devem ter, por lei, no mínimo 30% a menos de calorias que o alimento de referência.

Uma crença popular é que os alimentos light não engordam ou inclusive ajudam a emagrecer. Erro crasso. Depende de como forem consumidos. "Os alimentos light são úteis porque têm menos calorias que os originais; o problema é que muitas pessoas não os sabem utilizar corretamente e os identificam com alimentos com zero calorias", diz Rosa María Ortega, professora titular do Departamento de Nutrição e Bromatologia da Universidade Complutense de Madri.

"Muitas pessoas procuram dietas milagrosas para controlar o peso e pensam que conseguirão eliminando um produto como o pão, que não só não é o maior culpado por engordar como também alimenta bastante", acrescenta Ortega. Muitas pessoas se enganam quando não sabem interpretar o papel dos alimentos aliviados, ela acrescenta, seguem dietas desequilibradas e, além disso, não fazem nenhum tipo de atividade física.

Esse tipo de produto começou a ser introduzido na Espanha a partir da década de 1980. Mas foi só em 1990 que o grupo de

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especialistas da Comissão Interministerial para a Ordenação Alimentar publicou as primeiras recomendações sobre as características que deveria ter um alimento rotulado como light.

Desde então cresceu consideravelmente o número de produtos comercializados com denominações light, aliviado, baixo em gorduras ou sem açúcar. São elementos que vão desde os bolos e laticínios aos refrescos. Para conseguir um alimento light se elimina total ou parcialmente ou se substitui alguns dos componentes que trazem energia, fundamentalmente açúcares e gorduras, mas às vezes também se reduzem os carboidratos ou inclusive algum tipo de proteína.

No entanto, segundo um estudo sobre 52 alimentos do tipo light realizado pela revista "Consumer", mais de um terço desse tipo de produtos vendidos na Espanha não podem ser considerados light, porque a redução do aporte calórico em relação ao alimento convencional equivalente não alcança os 30% estabelecidos pela única recomendação em vigor sobre os alimentos light, e cujo seguimento não é obrigatório para os fabricantes.

É preciso levar em conta que essa modalidade de reduzir a ingestão calórica também pode encarecer a cesta de compras, já que muitos produtos light têm preços superiores aos alimentos convencionais. Segundo a "Consumer", 75% dos produtos light podem ser entre 20% e 50% mais caros que os alimentos homólogos de referência.

O maior problema com esse tipo de alimento é a desinformação. O consumidor pode chegar a comer alimentos light sem nenhum tipo de controle. "Pensa que emagrecem ou que, pelo menos, não engordam, e chega a consumir uma quantidade três vezes maior de alimentos light que do homólogo de referência. Afinal ingere muito mais calorias", diz Francisca Pérez Llamas, pesquisadora do Departamento de Fisiologia da Universidade de Murcia. Reduzir as gorduras também representa uma perda de sabor do alimento em relação ao original, coisa que pode levar "a colocar uma quantidade maior de requeijão para perceber o gosto", afirma.

"Qualquer alimento que contenha macronutrientes (proteínas, gorduras ou hidratos de carbono) ou álcool em sua composição, quer dizer, que aporte energia, contribuirá para a ingestão calórica total da dieta, e se esta superar as necessidades energéticas do

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indivíduo o levará a aumentar seu peso corporal e fundamentalmente a gordura", diz Pérez Llamas.

O erro do consumidor pode aumentar quando se ingere a versão aliviada de alimentos muito energéticos por si sós, como maionese, margarina, requeijão, patê ou batatas fritas, "porque apesar de aportar 30% menos de energia que seu equivalente convencional continuam sendo ainda muito energéticos", acrescenta a estudiosa.

Os especialistas em nutrição recomendam melhorar a educação dietética da população para evitar erros de julgamento. E também ler com cuidado a composição dos rótulos, "para comprovar se adapta ou não a nossas necessidades", conclui Pérez Llamas.

Tradução: Luiz Roberto Mendes Gonçalves

Fonte:http://noticias.uol.com.br/midiaglobal/elpais/2008/07/11/ult581u2676.jhtm

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O QUE SÃO ALIMENTOS DIET E LIGHT?

Jocelem Mastrodi Salgado, Nutricionista – Hoje, mais do que nunca , é possível encontrar nas prateleiras dos supermercados uma infinidade de alimentos e bebidas com os dizeres "diet" ou "light": desde leites, iogurtes, pães, geléias, refrigerantes, requeijão, até panetones, chocolates em geral, barras de cereais, etc.

Entretanto, a grande maioria das pessoas não sabe o que significam estes termos, ou faz confusão entre eles, de forma que um passa a ser sinônimo do outro. Além disso, as pessoas geralmente pouco se preocupam em saber o que cada um desses alimentos apresenta em sua composição, ou seja, não procuram se informar sobre o que é que o alimento contém que o torna diferenciado dos demais.

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Mesmo porque, às vezes a diferença é tão insignificante que o investimento realizado não vale a pena, já que geralmente esses alimentos especiais são mais caros que os tradicionais.

Desde 1988, os produtos "diet"e "light" estavam enquadrados pelo Ministério da Saúde na categoria de "alimentos especiais". Era uma legislação considerada inadequada, que gerava muita confusão tanto por parte dos fabricantes como por parte dos consumidores.

Contudo, esses alimentos ganharam recentemente uma nova legislação. Pela nova lei, os produtos conhecidos como "diet" e "light" passam a ser conceituados e rotulados sob os mesmos parâmetros adotados nos Estados Unidos e na Europa. Para facilitar a identificação por parte do consumidor, os fabricantes devem especificar o perfil do produto na embalagem e destacar a palavra "light" ou "diet". Mas isso não quer dizer que o consumidor possa se sentir seguro, protegido.

Embora existam bons produtos que realmente cumprem o que prometem nos rótulos e bulas, há ainda aqueles considerados pouco éticos, que visam tão somente o lucro, não se importando com a saúde do consumidor final.

Este artigo, portanto, tem como objetivo esclarecer as diferenças que existem entre alimentos "diet" e "light", bem como despertar o senso crítico das pessoas na seleção dos mesmos.

O que são alimentos diet?

Quando a palavra "diet" está estampada no rótulo de um alimento ou bebida, significa que existe a ausência total de algum ingrediente, que pode ser o açúcar, o sal, a gordura, etc. Assim, produtos específicos para diabéticos devem ser totalmente isentos de açúcar, para pessoas com problemas cardiovasculares, a restrição deve ser de gordura, e assim por diante....

Contudo, isso nem sempre quer dizer que ocorre uma redução nas calorias do produto em questão. É aí que muitas pessoas se enganam e é nesse caso que quero chamar a atenção do leitor.

A armadilha do chocolate

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Tomamos como exemplo os chocolates "diet", onde todo o açúcar utilizado na sua fabricação é substituído por adoçantes. Geralmente, este tipo de alimento é desenvolvido para diabéticos, mas acabam sendo também adquiridos por pessoas que querem restringir as calorias de sua dieta. A palavra "diet" do chocolate dá muitas vezes uma conotação de que ele é pouco calórico e isso acaba estimulando a compra daqueles que que querem emagrecer ou manter a forma.

Mas o que poucos sabem é que a troca do açúcar por adoçantes no momento da fabricação, modifica em grande parte a textura do alimento. Para conseguir a textura habitual, os fabricantes acabam adicionando mais gordura, o que faz com que o total de calorias do chocolate "diet" (535cal/100g) fique equivalente ao do não "diet"(565cal/100g). O consumidor mal informado, paga mais caro por um alimento com as mesmas calorias da versão normal, embora não contenha a presença da sacarose.

O que são alimentos light?

Os alimentos considerados "light" são aqueles com baixo teor de componentes (sódio, açúcares, gorduras, colesterol) e/ou calorias, ou seja, não são isentos totalmente como os "diet". Por isso, esses alimentos não tem como finalidade atender as necessidades dietoterápicas, nem são indicados para dietas específicas.

Os alimentos são classificados como "light" quando houver uma redução de pelo menos 25% da quantidade de um determinado nutriente e/ou calorias em relação ao alimento tradicional. No caso de alimento sólido, no que se refere às calorias, o valor total da redução deve ser no mínimo de 40 calorias para cada 100g de alimento e para alimentos líquidos esse valor diminui para 20 calorias.

Assim como os "diet", os alimento "light" também podem causar confusão às pessoas mal informadas. Por exemplo, existem certos adoçantes "light" que podem colocar em risco a saúde de pessoas diabéticas, pois contém açúcares em sua composição. É fundamental também que o rótulo do alimento acuse o nutriente que foi visado pelo fabricante com o objetivo de tornar o alimento "light", isto porque a utilização desse termo, por si só, não é suficiente para que o consumidor identifique o perfil do produto.

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Alimentos diet e light: comprar ou não comprar?

Diet, light, shakes, sugar free, fat free, slim, low.... O brasileiro tem uma atração toda especial para o que está escrito em inglês e parece que isto dá ao produto uma confiabilidade toda especial. Contudo, "diet"e "light" não são garantia de saúde. Existe uma infinidade de alimentos cujos rótulos prometem maravilhas e que são muitas vezes pura enganação.

Quantas vezes ouvimos certas propagandas no rádio, TV, jornais e revistas de alimentos e bebidas que prometem o impossível, comprometendo inclusive a saúde do consumidor desinformado?

A nossa recomendação para todos é que se leia atentamente os rótulos desses produtos, observando a composição, o grau de calorias que cada um tem, a quantidade de aditivos químicos, etc. Só assim poderemos descobrir o que existe realmente dentro deles.

Caso haja alguma dúvida a respeito de algum ingrediente, pergunte a um profissional habilitado a reconhecer os componentes da formulação (nutricionistas, tecnólogos de alimentos, químicos, médicos, farmacêuticos e afins). Além disso, procure consumir produtos de indústrias idôneas, éticas, que também se preocupam com seus consumidores. Cuidado com as fábricas de fundo de quintal.

Para finalizar, gostaria de colocar algumas dicas, que do meu ponto de vista, são importantes na hora de se consumir alimentos "diet" ou llight'.

Dicas para consumir alimentos diet ou light

Adoçantes: Sacarina, aspartame, ciclamato, steviosídeo, acessulfame-K, sucralose.

Todos eles são edulcorantes, substâncias artificiais ou naturais muito mais doces que o açúcar, responsáveis pelo sabor doce no adoçante.

Geralmente adoçam o alimento com muito pouca ou nenhuma caloria e exercem um papel importante já que são muito utilizados na fabricação de alimentos "diet" ou "light". Embora indicados

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inicialmente para pessoas obesas ou diabéticas, observa-se hoje que estão presentes em mesas de pessoas que querem manter sua forma física ou estão preocupadas em abandonar ou restringir o nível calórico de sua alimentação.

Entretanto, assim como o excesso de açúcar não faz bem para nossa saúde, adoçante tão pouco. Por isso, sempre recomendo que a menos que exista um problema de saúde (diabetes, por exemplo), prefira ingerir pouco açúcar à grandes quantidades de adoçantes. Não é porque o produto é "diet" ou 'light" que pode ser ingerido em quantidades maiores. Lembre-se sempre que os adoçantes são substâncias químicas.

Alimentos "light" onde a quantidade de gordura foi reduzida são muito melhores para sua saúde do que os tradicionais. Leites, iogurtes, requeijão, queijos, maioneses, creme de leite, batatas fritas, pipocas com teores mais baixos de gordura devem ser preferidos àqueles tradicionais. Mesmo porque, geralmente esses alimentos acabam apresentando uma concentração maior de outros nutrientes importantes para nossa saúde.

É o caso do cálcio em leite e derivados, que se apresenta geralmente em maiores quantidades nos produtos "light". Mas lembre-se sempre: não é porque esses alimentos contém teores menores de gordura que você vai sair comendo como um louco. Maionese, creme de leite, batatas e pipocas, por exemplo, não devem ser consumidos diariamente.

Refrigerantes e sucos "diet" ou "light" devem ser consumidos com moderação, principalmente os em pó, que são puras misturas químicas.Lembre-se sempre, você estará trazendo inúmeros benefícios à sua saúde cada vez que trocar um copo dessas bebidas por um copo de suco natural, rico em nutrientes importantes para o seu organismo. Para geléias, chocolates, gelatinas, doces em geral considerados "diet", vale a mesma dica dos adoçantes.

Profª Jocelem Mastrodi Salgado, Titular de Nutrição da ESALQ/USP/Campus Piracicaba. Autora dos livros: "Previna Doenças. Faça do Alimento o seu Medicamento" e "Pharmácia de Alimentos.

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Recomendações para Prevenir e Controlar Doenças", editora Madras.  Fonte:http://www.uol.com.br/vyaestelar/nutricao02.htm


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