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Módulo 2
MECÂNICA DOS SOLOS
Professor Dr. Marcelo Ribeiro Barison
Cópia parcial da Apostila de MECÂNICA DOS SOLOS 1: CONCEITOS INTRODUTÓRIOS
Da UFBA, Depto Eng. Civil
Autores: Sandro Lemos Machado e Miriam de Fátima C. Machado
Introdução à Energia, Regulação e Mercado 2
Curso de especialização em PCHs CERPCH/UNIFEI/FUPAI
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO AO CURSO 1.1 Importância do estudo dos solos 1.2 A mecânica dos solos, a geotecnia e disciplinas relacionadas 1.3 Aplicações de campo da mecânica dos solos 1.4 Desenvolvimento do curso 2. ORIGEM E FORMAÇÃO DOS SOLOS 2.1 Conceituação de solo e de rocha 2.2 Intemperismo 2.3 Ciclo rocha - solo 2.4 Classificação do solo quanto a origem e formação 3. TEXTURA E ESTRUTURA DOS SOLOS 3.1 Tamanho e forma das partículas 3.2 Identificação táctil visual dos solos 3.3 Análise granulométrica. 3.4 Designação segundo NBR 6502 3.5 Estrutura dos solos 3.6 Composição química e mineralógica 4. FASES SÓLIDA - ÁGUA - AR 4.1 Fase sólida 4.2 Fase gasosa 4.3 Fase líqüida 5. LIMITES DE CONSISTÊNCIA 5.1 Noções básicas 5.2 Estados de consistência 5.3 Determinação dos limites de consistência 5.4 Índices de consistência 5.5 Alguns conceitos importantes 6. CLASSIFICAÇÃO DOS SOLOS 6.1 Classificação segundo o Sistema Unificado de Classificação dos Solos (SUCS) 6.2 Classificação segundo a AASHTO 7. ÍNDICES FÍSICOS 7.1 Introdução 7.2 Relações entre volumes 7.3 Relação entre pesos e volumes - pesos específicos ou entre massas e volumes - massa específica 7.4 Diagrama de fases 7.5 Utilização do diagrama de fases para a determinação das relações entre os diversos índices físicos 7.6 Densidade relativa 7.7 Ensaios necessários para determinação dos índices físicos 7.8 Valores típicos 8. COMPACTAÇÃO 8.1 Introdução 8.2 O emprego da compactação 8.3 Diferenças entre compactação e adensamento 8.4 Ensaio de compactação 8.5 Curva de compactação 8.6 Energia de compactação 8.7 Influência da compactação na estrutura dos solos 8.8 Influência do tipo de solo na curva de compactação
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8.9 Escolha do valor de umidade para compactação em campo 8.10 Equipamentos de campo 8.11 Controle da compactação 9. INVESTIGAÇÃO DO SUBSOLO 9.1 Introdução 9.2 Métodos de prospecção geotécnica
10. BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
PRÁTICAS LABORATORIAIS DE MECÂNICA DOS SOLOS
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1. INTRODUÇÃO AO CURSO
1.1. Importância do estudo dos solos
Quase todas as obras de engenharia têm, de alguma forma, de transmitir as cargas sobre
elas impostas ao solo. Mesmo as embarcações, ainda durante o seu período de
construção, transmitem ao solo as cargas devidas ao seu peso próprio. Além disto, em
algumas obras, o solo é utilizado como o próprio material de construção, assim como o
concreto e o aço são utilizados na construção de pontes e edifícios. São exemplos de
obras que utilizam o solo como material de construção os aterros rodoviários, as bases
para pavimentos de aeroportos e as barragens de terra, estas últimas podendo ser
citadas como pertencentes a uma categoria de obra de engenharia a qual é capaz de
concentrar, em um só local, uma enorme quantidade de recursos, exigindo para a sua boa
construção uma gigantesca equipe de trabalho, calcada principalmente na
interdisciplinariedade de seus componentes. O estudo do comportamento do solo frente
às solicitações a ele impostas por estas obras é portanto de fundamental importância.
Pode-se dizer que, de todas as obras de engenharia, aquelas relacionadas ao ramo do
conhecimento humano definido como geotecnia (do qual a mecânica do solos faz parte),
são responsáveis pela maior parte dos prejuízos causados à humanidade, sejam eles de
natureza econômica ou mesmo a perda de vidas humanas. No Brasil, por exemplo,
devido ao seu clima tropical e ao crescimento desordenado das metrópoles, um sem
número de eventos como os deslizamentos de encostas ocorrem, provocando enormes
prejuízos e ceifando a vida de centenas de pessoas a cada ano. Vê-se daqui a grande
importância do engenheiro geotécnico no acompanhamento destas obras de engenharia,
evitando por vezes a ocorrência de desastres catastróficos.
1.2. A mecânica dos solos, a geotecnia e disciplinas relacionadas
Por ser o solo um material natural, cujo processo de formação não depende de forma
direta da intervenção humana, o seu estudo e o entendimento de seu comportamento
depende de uma série de conceitos desenvolvidos em ramos afins de conhecimento. A
mecânica dos solos é o estudo do comportamento de engenharia do solo quando este é
usado ou como material de construção ou como material de fundação. Ela é uma
disciplina relativamente jovem da engenharia civil, somente sistematizada e aceita como
ciência em 1925, após trabalho publicado por Terzaghi (Terzaghi, 1925), que é conhecido,
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com todos os méritos, como o pai da mecânica dos solos. Um entendimento dos
princípios da mecânica dos sólidos é essencial para o estudo da mecânica dos solos. O
conhecimento e aplicação de princípios de outras matérias básicas como física e química
são também úteis no entendimento desta disciplina. Por ser um material de origem
natural, o processo de formação do solo, o qual é estudado pela geologia, irá influenciar
em muito no seu comportamento. O solo, como veremos adiante, é um material trifásico,
composto basicamente de ar, água e partículas sólidas. A parte fluida do solo (ar e água)
pode se apresentar em repouso ou pode se movimentar pelos seus vazios mediante a
existência de determinadas forças. O movimento da fase fluida do solo é estudado com
base em conceitos desenvolvidos pela mecânica dos fluidos. Pode-se citar ainda algumas
disciplinas, como a física dos solos, ministrada em cursos de agronomia, como de grande
importância no estudo de uma mecânica dos solos mais avançada, denominada de
mecânica dos solos não saturados. Além disto, o estudo e o desenvolvimento da
mecânica dos solos são fortemente amparados em bases experimentais, a partir de
ensaios de campo e laboratório.
A aplicação dos princípios da mecânica dos solos para o projeto e construção de
fundações é denominada de "engenharia de fundações". A engenharia geotécnica (ou
geotecnia) pode ser considerada como a junção da mecânica dos solos, da engenharia de
geotecnia ambiental, que trata de problemas como transporte de contaminantes pelo solo,
avaliação de locais impactados, proposição de medidas de remediação para áreas
impactadas, projetos de sistemas de proteção em aterros sanitários, etc.
1.3. Aplicações de campo da mecânica dos solos
Fundações: As cargas de qualquer estrutura têm de ser, em última instância,
descarregadas no solo através de sua fundação. Assim a fundação é uma parte essencial
de qualquer estrutura. Seu tipo e detalhes de sua construção podem ser decididos
somente com o conhecimento e aplicação de princípios da mecânica dos solos.
Obras subterrâneas e estruturas de contenção: Obras subterrâneas como estruturas
de drenagem, dutos, túneis e as obras de contenção como os muros de arrimo, cortinas
atirantadas somente podem ser projetadas e construídas usando os princípios da
mecânica dos solos e o conceito de "interação solo-estrutura".
Projeto de pavimentos: o projeto de pavimentos pode consistir de pavimentos flexíveis
ou rígidos. Pavimentos flexíveis dependem mais do solo subjacente para transmissão das
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cargas geradas pelo tráfego. Problemas peculiares no projeto de pavimentos flexíveis são
o efeito de carregamentos repetitivos e problemas devidos às expansões e contrações do
solo por variações em seu teor de umidade.
Escavações, aterros e barragens: A execução de escavações no solo requer
freqüentemente o cálculo da estabilidade dos taludes resultantes. Escavações profundas
podem necessitar de escoramentos provisórios, cujos projetos devem ser feitos com base
na mecânica dos solos. Para a construção de aterros e de barragens de terra, onde o solo
é empregado como material de construção e fundação, necessita-se de um conhecimento
completo do comportamento de engenharia dos solos, especialmente na presença de
água. O conhecimento da estabilidade de taludes, dos efeitos do fluxo de água através do
solo, do processo de adensamento e dos recalques a ele associados, assim como do
processo de compactação empregado é essencial para o projeto e construção eficientes
de aterros e barragens de terra.
Transporte de massa: Os conceitos obtidos do estudo do fluxo de água em solos podem
ser estendidos para a análise do transporte de poluentes miscíveis ou não miscíveis em
subsuperfície. A mecânica dos solos é uma das importantes ferramentas na realização de
atividades de diagnóstico, prognóstico e proposição de medidas corretivas para
problemas ambientais, no que mais recentemente se convencionou chamar de geotecnia
ambiental.
1.4. Desenvolvimento do curso
Este curso de mecânica dos solos pode ter sua parte teórica dividida em duas partes:
uma parte envolvendo os tópicos origem e formação dos solos, textura e estrutura dos
solos, análise granulométrica, estudo das fases ar-água-partículas sólidas, limites de
consistência, índices físicos e classificação dos solos, onde uma primeira aproximação é
feita com o tema solos e uma segunda parte, envolvendo os tópicos tensões geostáticas e
induzidas, compactação, permeabilidade dos solos, compressibilidade dos solos,
resistência ao cisalhamento, estabilidade de taludes e empuxos de terra e estruturas de
contenção, onde um tratamento mais fundamentado na ótica da engenharia civil é dado
aos solos.
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2. ORIGEM E FORMAÇÃO DOS SOLOS
2.1. Conceituação de solo e de rocha
Quando mencionamos a palavra solo já nos vem a mente uma idéia intuitiva do que se
trata. No linguajar popular a palavra solo está intimamente relacionada com a palavra
terra, a qual poderia ser definida como material solto, natural da crosta terrestre onde
habitamos, utilizado como material de construção e de fundação das obras do homem.
Uma definição precisa e teoricamente sustentada do significado da palavra solo é contudo
bastante difícil, de modo que o termo solo adquire diferentes conotações a depender do
ramo do conhecimento humano que o emprega. Para a agronomia, o termo solo significa
o material relativamente fofo da crosta terrestre, consistindo de rochas decompostas e
matéria orgânica, o qual é capaz de sustentar a vida. Desta forma, os horizontes de solo
para agricultura possuem em geral pequena espessura. Para a geologia, o termo solo
significa o material inorgânico não consolidado proveniente da decomposição das rochas,
o qual não foi transportado do seu local de formação. Na engenharia, é conveniente
definir como rocha aquilo que é impossível escavar manualmente, que necessite de
explosivo para seu desmonte. Chamamos de solo, em engenharia, a rocha já decomposta
ao ponto granular e passível de ser escavada apenas com o auxílio de pás e picaretas ou
escavadeiras.
A crosta terrestre é composta de vários tipos de elementos que se interligam e formam
minerais. Esses minerais poderão estar agregados como rochas ou solo. Todo solo tem
origem na desintegração e decomposição das rochas pela ação de agentes intempéricos
ou antrópicos. As partículas resultantes deste processo de intemperismo irão depender
fundamentalmente da composição da rocha matriz e do clima da região. Por ser o produto
da decomposição das rochas, o solo invariavelmente apresenta um maior índice de vazios
do que a rocha mãe, vazios estes ocupados por ar, água ou outro fluido de natureza
diversa.
Devido ao seu pequeno índice de vazios e as fortes ligações existentes entre os minerais,
as
rochas são coesas, enquanto que os solos são granulares. Os grãos de solo podem ainda
estar impregnados de matéria orgânica. Desta forma, podemos dizer que para a
engenharia, solo é um material granular composto de rocha decomposta, água, ar (ou
outro fluido) e eventualmente matéria orgânica, que pode ser escavado sem o auxílio de
explosivos.
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2.2. Intemperismo
Intemperismo é o conjunto de processos físicos, químicos e biológicos pelos quais a
rocha se decompõe para formar o solo. Por questões didáticas, o processo de
intemperismo é freqüentemente dividido em três categorias: intemperismo físico químico e
biológico. Deve se ressaltar contudo, que na natureza todos estes processos tendem a
acontecer ao mesmo tempo, de modo que um tipo de intemperismo auxilia o outro no
processo de transformação rocha-solo. Os processos de intemperismo físico reduzem o
tamanho das partículas, aumentando sua área de superfície e facilitando o trabalho do
intemperismo químico. Já os processos químicos e biológicos podem causar a completa
alteração física da rocha e alterar suas propriedades químicas.
2.2.1. Intemperismo físico
É o processo de decomposição da rocha sem a alteração química dos seus componentes.
Os principais agentes do intemperismo físico são citados a seguir:
Variações de Temperatura - Da física sabemos que todo material varia de volume em
função de variações na sua temperatura. Estas variações de temperatura ocorrem entre o
dia e a noite e durante o ano, e sua intensidade será função do clima local. Acontece que
uma rocha é geralmente formada de diferentes tipos de minerais, cada qual possuindo
uma constante de dilatação térmica diferente, o que faz a rocha deformar de maneira
desigual em seu interior, provocando o aparecimento de tensões internas que tendem a
fraturá-la. Mesmo rochas com uma uniformidade de componentes não têm uma
arrumação que permita uma expansão uniforme, pois grãos compridos deformam mais na
direção de sua maior dimensão, tendendo a gerar tensões internas e auxiliar no seu
processo de desagregação.
Repuxo coloidal - O repuxo coloidal é caracterizado pela retração da argila devido à sua
diminuição de umidade, o que em contato com a rocha pode gerar tensões capazes de
fraturá-la.
Ciclos gelo/degelo- As fraturas existentes nas rochas podem se encontrar parcialmente
ou totalmente preenchidas com água. Esta água, em função das condições locais, pode
vir a congelar, expandindo-se e exercendo esforços no sentido de abrir ainda mais as
fraturas preexistentes na rocha, auxiliando no processo de intemperismo (a água aumenta
em cerca de 8% o seu volume devido à nova arrumação das suas moléculas durante a
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cristalização). Vale ressaltar também que a água transporta substâncias ativas
quimicamente, incluindo sais que ao reagirem com ácidos provocam cristalização com
aumento de volume.
Alívio de pressões - Alívio de pressões irá ocorrer em um maciço rochoso sempre que
da retirada de material sobre ou ao lado do maciço, provocando a sua expansão, o que
por sua vez, irá contribuir no fraturamento, estricções e formação de juntas na rocha.
Estes processos, isolados ou combinados (caso mais comum) "fraturam" as rochas
continuamente, o que permite a entrada de agentes químicos e biológicos, cujos efeitos
aumentam a fraturação e tende a reduzir a rocha a blocos cada vez menores.
2.2.2. Intemperismo químico
É o processo de decomposição da rocha com a alteração química dos seus componentes.
Há várias formas através das quais as rochas decompõem-se quimicamente.
Pode-se dizer, contudo, que praticamente todo processo de intemperismo químico
depende da presença da água. Entre os processos de intemperismo químico destacam-se
os seguintes:
Hidrólise - Dentre os processos de decomposição química do intemperismo, a hidrólise é
a que se reveste de maior importância, porque é o mecanismo que leva a destruição dos
silicatos, que são os compostos químicos mais importantes da litosfera. Em resumo, os
minerais na presença dos íons H+ liberados pela água são atacados, reagindo com os
mesmos. O H+ penetra nas estruturas cristalinas dos minerais desalojando os seus íons
originais (Ca++, K+, Na+, etc.) causando um desequilíbrio na estrutura cristalina do mineral
e levando-o a destruição.
Hidratação - Como a própria palavra indica, é a entrada de moléculas de água na
estrutura dos minerais. Alguns minerais quando hidratados (feldspatos, por exemplo)
sofrem expansão, levando ao fraturamento da rocha.
Carbonatação - O ácido carbônico é o responsável por este tipo de intemperismo. O
intemperismo por carbonatação é mais acentuado em rochas calcárias por causa da
diferença de solubilidade entre o CaCO3 e o bicarbonato de cálcio formado durante a
reação.
Os diferentes minerais constituintes das rochas originarão solos com características
diversas, de acordo com a resistência que estes tenham ao intemperismo local. Há,
inclusive, minerais que têm uma estabilidade química e física tal que normalmente não
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são decompostos. O quartzo, por exemplo, por possuir uma enorme estabilidade física e
química é parte predominante dos solos grossos, como as areias e os pedregulhos.
2.2.3. Intemperismo biológico
Neste caso, a decomposição da rocha se dá graças a esforços mecânicos produzidos por
vegetais através das raízes, por animais através de escavações dos roedores, da
atividade de minhocas ou pela ação do próprio homem, ou por uma combinação destes
fatores, ou ainda pela liberação de substâncias agressivas quimicamente, intensificando
assim o intemperismo químico, seja pela decomposição de seus corpos ou através de
secreções, como é o caso dos ouriços do mar.
Logo, os fatores biológicos de maior importância incluem a influência da vegetação no
processo de fraturamento da rocha e o ciclo de meio ambiente entre solo e planta e entre
animais e solo. Pode-se dizer que a maior parte do intemperismo biológico poderia ser
classificado como uma categoria do intemperismo químico em que as reações químicas
que ocorrem nas rochas são propiciadas por seres vivos.
2.2.4. Influência do intemperismo no tipo de solo
O intemperismo químico possui um poder de desagregação da rocha muito maior do que
o intemperismo físico. Deste modo, solos gerados em regiões onde há a predominância
do intemperismo químico tendem a ser mais profundos e mais finos do que aqueles solos
formados em locais onde há a predominância do intemperismo físico. Além disto,
obviamente, os solos originados a partir de uma predominância do intemperismo físico
apresentarão uma composição química semelhante à da rocha mãe, ao contrário
daqueles solos formados em locais onde há predominância do intemperismo químico.
2.2.5. Influência do clima no tipo de intemperismo
Conforme relatado anteriormente, a água é um fator fundamental no desenvolvimento do
intemperismo químico da rocha. Deste modo, regiões com altos índices de pluviosidade e
altos valores de umidade relativa do ar tendem a apresentar uma predominância de
intemperismo do tipo químico, o contrário ocorrendo em regiões de clima seco.
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2.3. Ciclo rocha – solo
Como vimos, todo solo provem de uma rocha pré-existente, mas dada a riqueza da sua
formação não é de se esperar do solo uma estagnação a partir de um certo ponto. Como
em tudo na natureza, o solo continua suas transformações, podendo inclusive voltar a ser
rocha. De forma simplificada, definiremos a seguir um esquema de transformações que
vaido magma ao solo sedimentar e volta ao magma (fig. 2.1).
No interior do Globo Terrestre, graças às elevadas pressões e temperaturas, os
elementos químicos que compõe as rochas se encontram em estado líqüido, formando o
magma (fig. 2.1 -6).
A camada sólida da Terra pode romper-se em pontos localizados e deixar escapar o
magma. Desta forma, haverá um resfriamento brusco do magma (fig. 2.1 linha 6-1), que
se transformará em rochas ígneas, nas quais não haverá tempo suficiente para o
desenvolvimento de estruturas cristalinas mais estáveis. O processo indicado pela linha 6-
1 é denominado de extrusão vulcânica ou derrame e é responsável pela formação da
rocha ígnea denominada de basalto. A depender do tempo de resfriamento, o basalto
pode mesmo vir a apresentar uma estrutura vítrea. Quando o magma não chega à
superfície terrestre, mas ascende a pontos mais próximos à superfície, com menor
temperatura e pressão, ocorre um resfriamento mais lento (fig. 2.1 linha 6-7), o que
permite a formação de estruturas cristalinas mais estáveis, e, portanto, de rochas mais
resistentes, denominadas de intrusivas ou plutônicas (diabásio, gabro e granito).
Denominam-se normalmente de batólitos os grandes blocos de rocha intrusiva formados
em subsuperfície. Por ocasião da ocorrência de processos erosivos, esses blocos podem
vir a aflorar, resultando em belas paisagens.
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Figura 2.1: Ciclo geológico de geração de rochas e solos.
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Podemos avaliar comparativamente as rochas vulcânicas e plutônicas pelo tamanho dos
cristais, o que pode ser feito facilmente a olho nu ou com o auxílio de lupas. Cristais
maiores indicam uma formação mais lenta, característica das rochas plutônicas, e vice-
versa.
Uma vez exposta, (fig. 2.1-1), a rocha sofre a ação das intempéries e forma os solos
residuais (fig. 2.1-2), os quais podem ser transportados e depositados sobre outro solo de
qualquer espécie ou sobre uma rocha (fig. 2.1 linha 2-3), vindo a se tornar um solo
sedimentar. A contínua deposição de solos faz aumentar a pressão e a temperatura nas
camadas mais profundas, que terminam por ligarem seus grãos e formar as rochas
sedimentares (fig. 2.1 linha 3-4), este processo chama-se litificação ou diagênese.
As rochas sedimentares podem, da mesma maneira que as rochas ígneas, aflorarem à
superfície e reiniciar o processo de formação de solo ( fig. 2.1 linha 4-1), ou de forma
inversa, as deposições podem continuar e conseqüentemente prosseguir o aumento de
pressão e temperatura, o que irá levar a rocha sedimentar a mudar suas características
texturais e mineralógicas, a achatar os seus cristais de forma orientada transversalmente
à pressão e a aumentar a ligação entre os cristais (fig. 2.1 linha 4-5). O material que surge
daí tem características tão diversas da rocha original, que muda a sua designação e
passa a se chamar rocha metamórfica.
Naturalmente, a rocha metamórfica está sujeita a ser exposta (fig. 2.1 linha 5-1),
decomposta e formar solo. Se persistir o aumento de pressão e temperatura graças à
deposição de novas camadas de solo, a rocha fundirá e voltará à forma de magma (fig.
2.1 linha 5-6). Obviamente, todos esses processos. com exceção do vulcanismo e de
alguns transportes mais rápidos, ocorrem numa escala de tempo geológica, isto é, de
milhares ou milhões de anos.
As rochas metamórficas podem se originar também da transformação de rochas ígneas
por níveis de pressão e temperatura elevados. O Gnaisse, por exemplo, é muito
encontrado no Rio de Janeiro (RJ). Este tipo de rocha que constitui o Corcovado e o Pão
de Açúcar. A origem dessa rocha se dá da transformação granito. A fig. 2.2 ilustra o
formato achatado dos grãos de Gnaisse do Arpoador, no Rio de Janeiro.
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Figura 2.2 – Achatamento e alinhamento dos grãos minerais provocados pelo processo de metamorfismo (http://www.meioambiente.pro.br/arpoador/rochas.html)
Um dos exemplos mais impressionantes e belos do processo de formação de rochas
ígneas é encontrado na ilha de Staffa, na Irlanda. Neste local, a ocorrência de um
derrame de basalto foi impedido pela existência de uma espessa camada de calcário
compacto. Desta forma, formou-se uma camada de basalto subjacente à camada de
calcário, a qual teve tempo para se resfriar lentamente. Os processos de cristalização e
resfriamento produziram a formação de belíssimas colunas hexagonais de basalto,
algumas com mais de 10 metros de altura. Com os processos erosivos que ocorreram
posteriormente, a camada de calcário diminuiu de espessura, revelando o caráter
hexagonal das seções das colunas em alguns pontos. A fig. 2.2(a) ilustra as colunas de
basalto expostas e a fig. 2.2(b) uma caverna formada pela intemperização do calcário
superficial, cujo teto é sustentado pelas colunas de basalto nas laterais.
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Figura 2.3 – Colunas hexagonais de basalto expostas na ilha de Staffa, na Irlanda.
2.4. Classificação do solo quanto a origem e formação
Há diferentes maneiras de se classificar os solos, como pela origem, pela sua evolução,
pela presença ou não de matéria orgânica, pela estrutura, pelo preenchimento dos vazios,
etc. Neste item apresentar-se-á uma classificação genética para os solos, ou seja, iremos
classificá-los conforme o seu processo geológico de formação. Na classificação genética,
os solos são divididos em dois grandes grupos, sedimentares e residuais, a depender da
existência ou não de um agente de transporte na sua formação, respectivamente. Os
principais agentes de transporte atuando na formação dos solos sedimentares são a
água, o vento e a gravidade. Estes agentes de transporte influenciam fortemente nas
propriedades dos solos sedimentares, a depender do seu grau de seletividade.
2.4.1. Solos residuais
São solos que permanecem no local de decomposição da rocha. Para que eles ocorram é
necessário que a velocidade de decomposição da rocha seja maior do que a velocidade
de remoção do solo por agentes externos. A velocidade de decomposição depende de
vários fatores, entre os quais a temperatura, o regime de chuvas e a vegetação.
As condições existentes nas regiões tropicais são favoráveis a degradações mais rápidas
da rocha, razão pela qual há uma predominância de solos residuais nestas regiões
(centro sul do Brasil, por exemplo). Como a ação das intempéries se dá, em geral, de
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cima para baixo, as camadas superiores são, via de regra, mais trabalhadas que as
inferiores. Este fato nos permite visualizar todo o processo evolutivo do solo, de modo que
passamos de uma condição de rocha sã, para profundidades maiores, até uma condição
de solo residual maduro, em superfície. A fig. 2.4 ilustra um perfil típico de solo residual.
Conforme se pode observar da fig. 2.4, a rocha sã passa paulatinamente à rocha
fraturada, depois ao saprolito, ao solo residual jovem e ao solo residual maduro. Em se
tratando de solos residuais, é de grande interesse a identificação da rocha sã, pois ela
condiciona, entre outras coisas, a própria composição química do solo. A rocha alterada
caracteriza-se por uma matriz de rocha possuindo intrusões de solo, locais onde o
intemperismo atuou de forma mais eficiente. O solo saprolítico ainda guarda
características da rocha mãe e tem basicamente os mesmos minerais, porém a sua
resistência já se encontra bastante reduzida. Este pode ser caracterizado como uma
matriz de solo envolvendo grandes pedaços de rocha altamente alterada. Visualmente
pode confundir-se com uma rocha alterada, mas apresenta relativamente a rocha
pequena resistência ao cisalhamento. Nos horizontes saprolíticos é comum a ocorrência
de grandes blocos de rocha denominados de matacões, responsáveis por muitos
problemas quando do projeto de fundações.
Figura 2.4 - Perfil típico de solo residual.
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O solo residual jovem apresenta boa quantidade de material que pode ser classificado
como pedregulho (# > 4,8 mm). Geralmente são bastante irregulares quanto a resistência
mecânica, coloração, permeabilidade e compressibilidade, já que o processo de
transformação não se dá em igual intensidade em todos os pontos, comumente existindo
blocos da rocha no seu interior. Pode-se dizer também que nos horizontes de solo jovem
e saprolítico as sondagens a percussão a serem realizadas devem ser revestidas de
muito cuidado, haja vista que a presença de material pedregulhoso pode vir a danificar os
amostradores utilizados, vindo a mascarar os resultados obtidos.
Os solos maduros, mais próximos à superfície, são mais homogêneos e não apresentam
semelhanças com a rocha original. De uma forma geral, há um aumento da resistência ao
cisalhamento, da textura (granulometria) e da heterogeneidade do solo com a
profundidade, razão esta pela qual a realização de ensaios de laboratório em amostras de
solo residual jovem ou do horizonte saprolítico é bastante trabalhosa.
No Recôncavo Baiano é comum a ocorrência de solos residuais oriundos de rochas
sedimentares. Um perfil típico de solo do recôncavo Baiano é apresentado na fig. 2.5,
sendo constituído de camadas sucessivas de argila e areia, coerente com o material que
foi depositado no local. Merece uma atenção especial o solo formado pela decomposição
da rocha sedimentar denominada de folhelho, muito comum no Recôncavo Baiano. Esta
rocha, quando decomposta, produz uma argila conhecida popularmente como "massapê",
que tem como mineral constituinte a montimorilonita, apresentando grande potencial de
expansão na presença de água. As constantes mudanças de umidade a que o solo está
submetido provocam variações de volume que geram sérios problemas nas construções
(aterros ou edificações) assentes sobre estes solos. A fig. 2.6 apresenta fotos que
ilustram alguns dos aspectos de um Folhelho/Massapê comumente encontrado em
Pojuca, Região Metropolitana de Salvador. Na fig. 2.6(a) pode-se notar o aspecto
extremamente fraturado do folhelho alterado enquanto na fig. 2.6(b) nota-se a existência
de uma grande quantidade de trincas de tração originadas pela secagem do solo ao ser
exposto à atmosfera.
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2.4.2. Solos sedimentares
Os solos sedimentares ou transportados são aqueles que foram levados ao seu local
atual por algum agente de transporte e lá depositados. As características dos solos
sedimentares são função do agente de transporte. Cada agente de transporte seleciona
os grãos que transporta com maior ou menor facilidade, além disto, durante o transporte,
as partículas de solo se desgastam e/ou quebram. Resulta daí um tipo diferente de solo
para cada tipo de transporte. Esta influência é tão marcante que a denominação dos solos
sedimentares é feita em função do agente de transporte predominante. Pode-se listar os
agentes de transporte, por ordem decrescente de seletividade, da seguinte forma:
Ventos (Solos Eólicos)
Águas (Solos Aluvionares)
♣ Água dos Oceanos e Mares (Solos Marinhos)
♣ Água dos Rios (Solos Fluviais)
♣ Água de Chuvas (Solos Pluviais)
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Geleiras (Solos Glaciais)
Gravidade (Solos Coluvionares)
Os agentes naturais citados acima não devem ser encarados apenas como agentes de
transporte, pois eles têm uma participação ativa no intemperismo e portanto na formação
do próprio solo, o que ocorre naturalmente antes do seu transporte.
2.4.2.1 Solos eólicos O transporte pelo vento dá origem aos depósitos eólicos de solo. Em virtude do atrito
constante entre as partículas, os grãos de solo transportados pelo vento geralmente
possuem forma arredondada. A capacidade do vento de transportar e erodir é muito maior
do que possa parecer à primeira vista. Vários são os exemplos de construções e até
cidades soterradas parcial ou totalmente pelo vento, como foram os casos de Itaúnas - ES
e Tutóia - MA; os grãos mais finos do deserto do Saara atingem em grande escala a
Inglaterra, percorrendo uma distância de mais de 3000km!. Como a capacidade de
transporte do vento depende de sua velocidade, o solo é geralmente depositado em
zonas de calmaria.
O transporte eólico é o mais seletivo tipo de transporte das partículas do solo. Se por um
lado grãos maiores e mais pesados não podem ser transportados, os solos finos, como as
argilas, têm seus grãos unidos pela coesão, formando torrões dificilmente levados pelo
vento. Esse efeito também ocorre em areias e siltes saturados (falsa coesão) o que faz da
linha de lençol freático (definida por um valor de pressão da água intersticial igual a
atmosférica) um limite para a atuação dos ventos.
Pode-se dizer portanto que a ação do transporte do vento se restringe ao caso das areias
finas ou silte. Por conta destas características, os solos eólicos possuem grãos de
aproximadamente mesmo diâmetro, apresentando uma curva granulométrica denominada
de uniforme. São exemplos de solos eólicos:
- As dunas As dunas são exemplos comuns de solos eólicos nordeste do Brasil). A formação de uma
duna se dá inicialmente pela existência de um obstáculo ao caminho natural do vento, o
que diminui a sua velocidade e resulta na deposição de partículas de solo (fig. 2.7) A
deposição continuada de solo neste local acaba por gerar mais deposição de solo, já que
o obstáculo ao caminho do vento se torna cada vez maior. Durante o período de
existência da duna, partículas de areia são levadas até o seu topo, rolando então para o
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outro lado. Este movimento faz com que as dunas se desloquem a uma velocidade de
poucos metros por ano, o que para os padrões geológico é muito rápido.
- Os solos Loéssicos Formado por deposições sobre vegetais que ao se decomporem deixam seu molde no
maciço, o Loess é um solo bastante problemático para a engenharia, pois a despeito de
uma capacidade de formar paredões de altura fora do comum e inicialmente suportar
grandes esforços mecânicos, podem se romper completa e abruptamente devido ao
umedecimento.
O Loess, comum na Europa oriental, geralmente contem grandes quantidades de cal,
responsável por sua grande resistência inicial. Quando umedecido, contudo, o cimento
calcáreo existente no solo pode ser dissolvido e solo entra em colapso.
2.4.2.2. Solos aluvionares São solos resultantes do transporte pela água e sua textura depende da velocidade da
água no momento da deposição, sendo freqüente a ocorrência de camadas de
granulometrias distintas, devidas às diversas épocas de deposição. O transporte pela
água é bastante semelhante ao transporte realizado pelo vento, porém algumas
características importantes os distinguem:
a) Viscosidade - por ser mais viscosa a água tem uma capacidade de transporte maior,
transportando grãos de tamanhos diversos.
b) Velocidade e Direção - ao contrário do vento que em um minuto pode soprar com
forças e direções bastante diferenciadas, a água têm seu roteiro mais estável;
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suas variações de velocidade tem em geral um ciclo anual e as mudanças de direção
estão condicionadas ao próprio processo de desmonte e desgaste do relevo.
c) Dimensão das Partículas - os solos aluvionares fluviais são, via de regra, mais grossos
que os eólicos, pois as partículas mais finas mantêm-se sempre em suspensão e só se
sedimentam quando existe um processo químico que as flocule (isto é o que acontece no
mar ou em alguns lagos).
d) Eliminação da Coesão - vimos que o vento não pode transportar os solos argilosos
devido a coesão entre os seus grãos. A presença de água em abundância diminui este
efeito; com isso somam-se as argilas ao universo de partículas transportadas pela água.
- Solos pluviais A água das chuvas pode ser retida em vegetais ou construções, podendo se evaporar a
partir daí. Ela pode se infiltrar no solo ou escoar sobre este e, neste caso, a vegetação
rasteira funciona como elemento de fixação da parte superficial do solo ou como um
tapete impermeabilizador (para as gramíneas), sendo um importante elemento de
proteção contra a erosão.
A água que se infiltra pode carrear grãos finos através dos poros existentes nos solos
grossos, mas este transporte é raro e pouco volumoso, portanto de pouca relevância em
relação à erosão superficial. De muito maior importância é o solo que as águas das
chuvas levam ao escoar de pontos mais elevados no relevo aos vales. Os vales contém
rios ou riachos que serão alimentados não só da água que escoa das escarpas, como
também de matéria sólida.
- Solos fluviais Os rios durante sua existência têm várias fases. Em áreas de formação geológicas mais
recentes, menos desgastadas, existem irregularidades topográficas muito grandes e por
isso os rios têm uma inclinação maior e conseqüentemente uma maior velocidade.
Existem vários fatores determinantes da capacidade de erosão e transporte dos rios,
sendo a velocidade a mais importante. Assim, os rios mais jovens transportam mais
matéria sólida do que os rios mais velhos.
Sabe-se que os rios não possuem a mesma idade em toda a sua extensão; quanto mais
distantes da nascente, menor a inclinação e a velocidade. As partículas de determinado
tamanho passam a ter peso suficiente para se decantar e permanecer naquele ponto,
outras menores só serão depositadas com velocidade também menor. O transporte fluvial
pode ser descrito sumariamente da seguinte forma:
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a) Os rios desgastam o relevo em sua parte mais elevada e levam os solos para sua parte
mais baixa, existindo com o tempo uma tendência a planificação do leito. Rios mais
velhos têm portanto menor velocidade e transportam menos.
b) Cada tamanho de grão será depositado em um determinado ponto do rio,
correspondente a uma determinada velocidade, o que leva os solos fluviais a terem uma
certa uniformidade granulométrica. Solos muito finos, como as argilas, permanecerão em
suspensão até decantar em mares ou lagos com água em repouso.
De um modo geral, pode-se dizer que os solos aluvionares apresentam um grau de
uniformidade de tamanho de grãos intermediário entre os solos eólicos (mais uniformes) e
coluvionares (menos uniformes).
- Solos marinhos As ondas atingem as praias com um pequeno ângulo em relação ao continente. Isso faz
com que a areia, além do movimento de vai e vem das ondas, desloquem-se também ao
longo da praia. Obras que impeçam esse fluxo tendem a ser pontos de deposição de
areia, o que pode acarretar sérios problemas.
2.4.2.3. Solos glaciais De pequena importância para nós, os solos formados pelas geleiras, ao se deslocarem
pela ação da gravidade, são comuns nas regiões temperadas. São formados de maneira
análoga aos solos fluviais. A corrente de gelo que escorre de pontos elevados onde o gelo
é formado para as zonas mais baixas, leva consigo partículas de solo e rocha, as quais,
por sua vez, aumentam o desgaste do terreno.
Os detritos são depositados nas áreas de degelo. Uma ampla gama de tamanho de
partículas é transportada, levando assim a formação de solos bastante heterogêneos que
possuem desde grandes blocos de rocha até materiais de granulometria fina.
2.4.2.4. Solos coluvionares São solos formados pela ação da gravidade. Os solos coluvionares são dentre os solos
transportados os mais heterogêneos granulometricamente, pois a gravidade transporta
indiscriminadamente desde grandes blocos de rocha até as partículas mais finas de
argila.
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Entre os solos coluvionares estão os escorregamentos das escarpas da Serra do Mar
formando os tálus nos pés do talude, massas de materiais muito diversas e sujeitas a
movimentações de rastejo. Têm sido também classificados como coluviões os solos
superficiais do Planalto Brasileiro depositados sobre solos residuais.
- Tálus - Os tálus são solos coluvionares formados pelo deslizamento de solo do topo das
encostas. No sul da Bahia existem solos formados pela deposição de colúvios em áreas
mais baixas, os quais se apresentam geralmente com altos teores de umidade e são
propícios à lavoura cacaueira. Encontram-se solos coluvionares (tálus) também na Cidade
Baixa, em Salvador, ao pé da encosta paralela à falha geológica que atravessa a Baia de
Todos os Santos. De extrema beleza são os tálus encontrados na Chapada Diamantina,
Bahia. A fig. 2.8 lustra formações típicas da região. A parte mais inclinada dos morros
corresponde à formação original, enquanto que a parte menos inclinada é composta
basicamente de solo coluvionar (tálus).
Figura 2.8 - Exemplo de solos coluvionares (tálus) encontrados na chapada diamantina.
2.4.3. Solos orgânicos
Formados pela impregnação do solo por sedimentos orgânicos preexistentes, em geral
misturados a restos de vegetais e animais. Podem ser identificados pela cor escura e por
possuir forte cheiro característico. Têm granulometria fina, pois os solos grossos tem uma
permeabilidade que permite a "lavagem" dos grãos, eximindo-os da matéria impregnada.
- Turfas - solos que incorporam florestas soterradas em estado avançado de
decomposição. Têm estrutura fibrilar composta de restos de fibras vegetais e não se
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aplicam aí as teorias da Mecânica dos Solos, sendo necessários estudos especiais. Têm
ocorrência registrada na Bahia, Sergipe, Rio Grande do Sul e outros estados do Brasil.
2.4.4. Solos de evolução pedogênica Alguns solos sofrem, em seu local de formação (ou de deposição) uma série de
transformações físico-químicas que os levam a ser classificados como solos de evolução
pedogênica. Os solos lateríticos são um tipo de solo de evolução pedogênica. O processo
de laterização é típico de regiões onde há uma nítida separação entre períodos chuvosos
e secos e é caracterizado pela lavagem da sílica coloidal dos horizontes superiores do
solo, com posterior deposição desta em horizontes mais profundos, resultando em solos
superficiais com altas concentrações de óxidos de ferro e alumínio. A importância do
processo de laterização no comportamento dos solos tropicais é discutida no item
classificação dos solos.
3. TEXTURA E ESTRUTURA DOS SOLOS
3.1. Tamanho e Forma das Partículas
Entende-se por textura o tamanho relativo e a distribuição das partículas sólidas que
formam os solos. O estudo da textura dos solos é realizado por intermédio do ensaio de
granulometria, do qual falaremos adiante. Pela sua textura os solos podem ser
classificados em dois grandes grupos: solos grossos (areia, pedregulho, matacão) e solos
finos (silte e argila). Esta divisão é fundamental no entendimento do comportamento dos
solos, pois a depender do tamanho predominante das suas partículas, as forças de
campo influenciando em seu comportamento serão gravitacionais (solos grossos) ou
elétricas (solos finos). De uma forma geral, pode-se dizer que quanto maior for a relação
área/volume ou área/massa das partículas sólidas, maior será a predominância das forças
elétricas ou de superfície. Estas relações são inversamente proporcionais ao tamanho das
partículas, de modo que os solos finos apresentam uma predominância das forças de
superfície na influência do seu comportamento. Conforme relatado anteriormente, o tipo
de intemperismo influencia na textura e estrutura do solo. Pode-se dizer que partículas
com dimensões até cerca de 0,001mm são obtidas através do intemperismo físico, já as
partículas menores que 0,001mm provém do intemperismo químico.
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- Solos Grossos Nos solos grossos, por ser predominante a atuação de forças gravitacionais, resultando
em arranjos estruturais bastante simplificados, o comportamento mecânico e hidráulico
está principalmente condicionado a sua compacidade, que é uma medida de quão
próximas estão as partículas sólidas umas das outras, resultando em arranjos com
maiores ou menores quantidades de vazios. Os solos grossos possuem uma maior
percentagem de partículas visíveis a olho nu (φ ≥ 0,074 mm) e suas partículas têm formas
arredondadas, poliédricas e angulosas.
. Pedregulhos: São classificados como pedregulho as partículas de solo com dimensões maiores que
2,0mm (DNER, MIT) ou 2,0mm (ABNT). Os pedregulhos são encontrados em geral nas
margens dos rios, em depressões preenchidas por materiais transportados pelos rios ou
até mesmo em uma massa de solo residual (horizontes correspondentes ao solo residual
jovem e ao saprolito).
. Areias: As areias se distinguem pelo formato dos grãos que pode ser angular, sub angular e
arredondado, sendo este último uma característica das areias transportadas por rios ou
pelo vento.
A forma dos grãos das areias está relacionada com a quantidade de transporte sofrido
pelos mesmos até o local de deposição. O transporte das partículas dos solos tende a
arredondar as suas arestas, de modo que quanto maior a distância de transporte, mais
esféricas serão as partículas resultantes. Classificamos como areia as partículas com
dimensões entre 2,0mm e 0,074mm (DNER), 2,0mm e 0,05mm (MIT) ou ainda 2,0mm e
0,06mm (ABNT).
O formato dos grãos de areia tem muita importância no seu comportamento mecânico,
pois determina como eles se encaixam e se entrosam, e, em contrapartida, como eles
deslizam entre si quando solicitados por forças externas. Por outro lado, como estas
forças se transmitem dentro do solo pelos pequenos contatos existentes entre as
partículas, as de formato mais angulares, por possuírem em geral uma menor área de
contato, são mais suscetíveis a se quebrarem.
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- Solos Finos Quando as partículas que constituem o solo possuem dimensões menores que 0,074mm
(DNER), ou 0,06mm (ABNT), o solo é considerado fino e, neste caso, será classificado
como argila ou como silte.
Nos solos formados por partículas muito pequenas, as forças que intervêm no processo
de estruturação do solo são de caráter muito mais complexo e serão estudadas no item
composição mineralógica dos solos. Os solos finos possuem partículas com formas
lamelares, fibrilares e tubulares e é o mineral que determina a forma da partícula. As
partículas de argila normalmente apresentam uma ou duas direções em que o tamanho
da partícula é bem superior àquele apresentado em uma terceira direção. O
comportamento dos solos finos é definido pelas forças de superfície (moleculares,
elétricas) e pela presença de água, a qual influi de maneira marcante nos fenômenos de
superfície dos argilo-minerais.
. Argilas: A fração granulométrica do solo classificada como argila (diâmetro inferior a 0,002mm) se
caracteriza pela sua plasticidade marcante (capacidade de se deformar sem apresentar
variações volumétricas) e elevada resistência quando seca. É a fração mais ativa dos
solos.
. Siltes: Apesar de serem classificados como solos finos, o comportamento dos siltes é governado
pelas mesmas forças dos solos grossos (forças gravitacionais), embora possuam alguma
atividade.
Estes possuem granulação fina, pouca ou nenhuma plasticidade e baixa resistência
quando seco.
A fig. 3.1 apresenta a escala granulométrica adotada pela ABNT (NBR 6502):
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3.2. Identificação Visual e Táctil dos Solos
Muitas vezes em campo temos a necessidade de uma identificação prévia do solo, sem
que o uso do aparato de laboratório esteja disponível. Esta classificação primária é
extremamente importante na definição (ou escolha) de ensaios de laboratório mais
elaborados e pode ser obtida a partir de alguns testes feitos rapidamente em uma
amostra de solo. No processo de identificação táctil visual de um solo utilizam-se
freqüentemente os seguintes procedimentos (vide NBR 7250):
Tato: Esfrega-se uma porção do solo na mão. As areias são ásperas; as argilas parecem
com um pó quando secas e com sabão quando úmidas.
Plasticidade: Moldar bolinhas ou cilindros de solo úmido. As argilas são moldáveis
enquanto as areias e siltes não são moldáveis.
Resistência do solo seco: As argilas são resistentes a pressão dos dedos enquanto os
siltes e areias não são.
Dispersão em água: Misturar uma porção de solo seco com água em uma proveta,
agitando-a. As areias depositam-se rapidamente, enquanto que as argilas turvam a
suspensão e demoram para sedimentar.
Impregnação: Esfregar uma pequena quantidade de solo úmido na palma de uma das
mãos. Colocar a mão embaixo de uma torneira aberta e observar a facilidade com que a
palma da mão fica limpa. Solos finos se impregnam e não saem da mão com facilidade.
Dilatância: O teste de dilatância permite obter uma informação sobre a velocidade de
movimentação da água dentro do solo. Para a realização do teste deve-se preparar uma
amostra de solo com cerca de 15mm de diâmetro e com teor de umidade que lhe garanta
uma consistência mole. O solo deve ser colocado sobre a palma de uma das mãos e
distribuído uniformemente sobre ela, de modo que não apareça uma lâmina d'água. O
teste se inicia com um movimento horizontal da mão, batendo vigorosamente a sua lateral
contra a lateral da outra mão, diversas vezes. Deve-se observar o aparecimento de uma
lâmina d'água na superfície do solo e o tempo para a ocorrência. Em seguida, a palma da
mão deve ser curvada, de forma a exercer uma leve compressão na amostra,
observando-se o que poderá ocorrer à lâmina d' água, se existir, à superfície da amostra.
O aparecimento da lâmina d água durante a fase de vibração, bem como o seu
desaparecimento durante a compressão e o tempo necessário para que isto aconteça
deve ser comparado aos dados da tabela 3.1, para a classificação do solo.
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Após realizados estes testes, classifica-se o solo de modo apropriado, de acordo com os
resultados obtidos (areia siltosa, argila arenosa, etc.). Os solos orgânicos são
identificados em separado, em função de sua cor e odor característicos.
Além da identificação táctil visual do solo, todas as informações pertinentes à identificação
do mesmo, disponíveis em campo, devem ser anotadas. Deve-se informar, sempre que
possível, a eventual presença de material cimentante ou matéria orgânica, a cor do solo, o
local da coleta do solo, sua origem geológica, sua classificação genética, etc.
A distinção entre solos argilosos e siltosos, na prática da engenharia geotécnica, possui
certas dificuldades, já que ambos os solos são finos. Porém, após a identificação tátil-
visual ter sido realizada, algumas diferenças básicas entre eles, já citadas nos parágrafos
anteriores, podem ser utilizadas para distingui-los.
1- O solo é classificado como argiloso quando se apresenta bastante plástico em
presença de água, formando torrões resistentes ao secar. Já os solos siltosos quando
secos, se esfarelam com facilidade.
2- Os solos argilosos se desmancham na água mais lentamente que os solos siltosos. Os
solos siltosos, por sua vez, apresentam dilatância marcante, o que não ocorre com os
solos argilosos.
3.3. Análise Granulométrica
A análise da distribuição das dimensões dos grãos, denominada análise granulométrica,
objetiva determinar os tamanhos dos diâmetros equivalentes das partículas sólidas em
conjunto com a proporção de cada fração constituinte do solo em relação ao peso de solo
seco. A representação gráfica das medidas realizadas é denominada de curva
granulométrica. Pelo fato de o solo geralmente apresentar partículas com diâmetros
equivalentes variando em uma ampla faixa, a curva granulométrica é normalmente
apresentada em um gráfico semi-log, com o diâmetro equivalente das partículas em uma
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escala logarítmica e a percentagem de partículas com diâmetro inferior à abertura da
peneira considerada (porcentagem que passa) em escala linear.
3.3.1. Ensaio de Granulometria
O ensaio de granulometria conjunta para o levantamento da curva granulométrica do solo
é realizado com base em dois procedimentos distintos: a) peneiramento - realizado para
partículas com diâmetros equivalentes superiores a 0,074mm (peneira 200) e b)
Sedimentação - procedimento válido para partículas com diâmetros equivalentes
inferiores a 0,2mm. O ensaio de peneiramento não é realizado para partículas com
diâmetros inferiores a 0,074mm pela dificuldade em se confeccionar peneiras com
aberturas de malha desta ordem de grandeza.
Embora existindo no mercado, a peneira 400 (com abertura de malha de 0,045mm) não é
regularmente utilizada no ensaio de peneiramento, por ser facilmente danificada e de
custo elevado.
O ensaio de granulometria é realizado empregando-se os seguintes equipamentos: jogo
de peneiras, balança, estufa, destorroador, quarteador, bandejas, proveta, termômetro,
densímetro, cronômetro, dispersor, defloculante, etc. A preparação das amostras de solo
se dá pelos processos de secagem ao ar, quarteamento, destorroamento (vide NBR
9941), utilizando-se quantidades de solo que variam em função de sua textura
(aproximadamente 1500g para o caso de solos grossos e 200g, para o caso de solos
finos).
A seguir são listadas algumas características dos processos normalmente empregados no
ensaio de granulometria conjunta (vide NBR 7181):
Peneiramento: utilizado para a fração grossa do solo (grãos com até 0,074mm de
diâmetro equivalente), realiza-se pela passagem do solo por peneiras padronizadas e
pesagem das quantidades retidas em cada uma delas. Retira-se 50 a 100g da quantidade
que passa na peneira de #200 e prepara-se o material para a sedimentação.
Sedimentação: os solos muito finos, com granulometria inferior a 0,074mm, são tratados
de forma diferenciada, através do ensaio de sedimentação desenvolvido por Arthur
Casagrande.
Este ensaio se baseia na Lei de Stokes, segundo a qual a velocidade de queda, V, de
uma partícula esférica, em um meio viscoso infinito, é proporcional ao quadrado do
diâmetro da partícula.
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Sendo assim, as menores partículas se sedimentam mais lentamente que as partículas
maiores.
O ensaio de sedimentação é realizado medindo-se a densidade de uma suspensão de
solo em água, no decorrer do tempo. A partir da medida da densidade da solução no
tempo, calcula-se a percentagem de partículas que ainda não sedimentaram e a
velocidade de queda destas partículas (a profundidade de medida da densidade é
calculada em função da curva de calibração do densímetro). Com o uso da lei de Stokes,
pode-se inferir o diâmetro máximo das partículas ainda em suspensão, de modo que com
estes dados, a curva granulométrica é completada. A eq. 3.1 apresenta a lei de Stokes.
Deve-se notar que o diâmetro equivalente calculado empregando-se a eq. 3.1
corresponde a apenas uma aproximação, à medida em que durante a realização do
ensaio de sedimentação, as seguintes ocorrências tendem a afastá-lo das condições
ideais para as quais a lei de Stokes foi formulada.
As partículas de solo não são esféricas (muito menos as partículas dos argilo-minerais
que têm forma placóide).
A coluna líquida possui tamanho definido.
O movimento de uma partícula interfere no movimento de outra.
As paredes do recipiente influenciam no movimento de queda das partículas.
O peso específico das partículas do solo é um valor médio.
O processo de leitura (inserção e retirada do densímetro) influencia no processo de queda
das partículas.
3.3.2. Representação Gráfica do resultado do ensaio de granulometria
A representação gráfica do resultado de um ensaio de granulometria é dada pela curva
granulométrica do solo. A partir da curva granulométrica, podemos separar facilmente os
solos grossos dos solos finos, apontando a percentagem equivalente de cada fração
granulométrica que
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constitui o solo (pedregulho, areia, silte e argila). Além disto, a curva granulométrica pode
fornecer informações sobre a origem geológica do solo que está sendo investigado. Por
exemplo, na fig. 3.2, a curva granulométrica a corresponde a um solo com a presença de
partículas em uma ampla faixa de variação. Assim, o solo representado por esta curva
granulométrica poderia ser um solo de origem glacial, um solo coluvionar (tálus) (ambos
de baixa seletividade) ou mesmo um solo residual jovem. Contrariamente, o solo descrito
pela curva granulométrica c foi evidentemente depositado por um agente de transporte
seletivo, tal como a água ou o vento (a curva c poderia representar um solo eólico, por
exemplo), pois possui quase que todas as partículas do mesmo diâmetro. Na curva
granulométrica b, uma faixa de diâmetros das partículas sólidas está ausente. Esta curva
poderia ser gerada, por exemplo, por variações bruscas na capacidade de transporte de
um rio em decorrência de chuvas.
De acordo com a curva granulométrica obtida, o solo pode ser classificado como bem
graduado, caso ele possua uma distribuição contínua de diâmetros equivalentes em uma
ampla faixa de tamanho de partículas (caso da curva granulométrica a) ou mal graduado,
caso ele possua uma curva granulométrica uniforme (curva granulométrica c) ou uma
curva granulométrica que apresente ausência de uma faixa de tamanhos de grãos (curva
granulométrica b).
Alguns sistemas de classificação utilizam a curva granulométrica para auxiliar na previsão
do comportamento de solos grossos. Para tanto, estes sistemas de classificação lançam
mão de alguns índices característicos da curva granulométrica, para uma avaliação de
sua uniformidade e curvatura. Os coeficientes de uniformidade e curvatura de uma
determinada curva granulométrica são obtidos a partir de alguns diâmetros equivalente
característicos do solo na curva granulométrica. São eles:
D10 - Diâmetro efetivo - Diâmetro eqüivalente da partícula para o qual temos 10% das
partículas passando (10% das partículas são mais finas que o diâmetro efetivo).
D30 e D60 - O mesmo que o diâmetro efetivo, para as percentagens de 30 e 60%,
respectivamente.
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As equações 3.2 e 3.3 apresentam os coeficientes de uniformidade e curvatura de uma
dada curva granulométrica.
Coeficiente de uniformidade:
De acordo como valor do Cu obtido, a curva granulométrica pode ser classificada
conforme apresentado abaixo:
Cu < 5 → muito uniforme
5 < Cu < 15 → uniformidade média
Cu > 15 → não uniforme
Coeficiente de curvatura:
Classificação da curva granulométrica quanto ao coeficiente de curvatura
1 < Cc < 3 → solo bem graduado
Cc < 1 ou Cc > 3 → solo mal graduado
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3.4. Designação segundo a NBR-6502
A NBR- 6502 apresenta algumas regras práticas para designar os solos de acordo com a
sua curva granulométrica. A tabela 3.2 ilustra o resultado de ensaios de granulometria
realizados em três solos distintos. As regras apresentadas pela NBR-6502 serão então
empregadas para classificá-los, em caráter ilustrativo.
Normas para a designação do solo segundo a NBR 6502, baseando-se na sua curva granulométrica
Quando da ocorrência de mais de 10% de areia, silte ou argila adjetiva-se o solo com as
frações obtidas, vindo em primeiro lugar as frações com maiores percentagens.
Em caso de empate, adota-se a seguinte hierarquia: 1°) Argila; 2°) Areia e e 3°) Silte
No caso de percentagens menores do que 10% adjetiva-se o solo do seguinte modo,
independente da fração granulométrica considerada:
1 a 5% → com vestígios de
5 a 10% → com pouco
Para o caso de pedregulho com frações superiores a 10% adjetiva-se o solo do seguinte
modo:
10 a 29% → com pedregulho
> 30% → com muito pedregulho
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Resultado da nomenclatura dos solos conforme os dados apresentados na tabela 3.2.
Solo 1: Argila Silto-Arenosa com pouco Pedregulho
Solo 2: Areia Silto-Argilosa com Pedregulho
Solo 3: Pedregulho Arenoso com vestígios de Silte e Pedra
3.5. Estrutura dos Solos
Denomina-se estrutura dos solos a maneira pela qual as partículas minerais de diferentes
tamanhos se arrumam para formá-lo. A estrutura de um solo possui um papel
fundamental em seu comportamento, seja em termos de resistência ao cisalhamento,
compressibilidade ou permeabilidade. Como os solos finos possuem o seu
comportamento governado por forças elétricas, enquanto os solos grossos têm na
gravidade o seu principal fator de influência, a estrutura dos solos finos ocorre em uma
diversificação e complexidade muito maior do que a estrutura dos solos grossos. De fato,
sendo a gravidade o fator principal agindo na formação da estrutura dos solos grossos, a
estrutura destes solos difere, de solo para solo, somente no que se refere ao seu grau de
compacidade. No caso dos solos finos, devido a presença das forças de superfície,
arranjos estruturais bem mais elaborados são possíveis. A fig. 3.3 ilustra algumas
estruturas típicas de solos grossos e finos.
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Quando duas partículas de argila estão muito próximas, entre elas ocorrem forças de
atração e de repulsão. As forças de repulsão são devidas às cargas líqüidas negativas
que elas possuem e que ocorrem desde que as camadas duplas estejam em contato. As
forças de atração decorrem de forças de Van der Waals e de ligações secundárias que
atraem materiais adjacentes.
Da combinação das forças de atração e de repulsão entre as partículas resulta a estrutura
dos solos, que se refere à disposição das partículas na massa de solo e as forças entre
elas. Lambe (1969) identificou dois tipos básicos de estrutura do solo, denominando-os de
estrutura floculada, quando os contatos se fazem entre faces e arestas das partículas
sólidas, ainda que através da água adsorvida, e de estrutura dispersa quando as
partículas se posicionam paralelamente, face a face.
3.6. Composição Química e Mineralógica
Os solos são formados a partir da desagregação de rochas por ações físicas e químicas
do intemperismo. As propriedades química e mineralógica das partículas dos solos assim
formados irão depender fundamentalmente da composição da rocha matriz e do clima da
região. Estas propriedades, por sua vez, irão influenciar de forma marcante o
comportamento mecânico do solo.
Os minerais são partículas sólidas inorgânicas que constituem as rochas e os solos, e que
possuem forma geométrica, composição química e estrutura própria e definidas. Eles
podem ser divididos em dois grandes grupos, a saber:
- Primários ⇒ Aqueles encontrados nos solos e que sobrevivem a transformação da
rocha (advêm portanto do intemperismo físico).
- Secundários ⇒ Os que foram formados durante a transformação da rocha em solo
(ação do intemperismo químico).
3.6.1. Solos Grossos - Areias e Pedregulhos
As partículas dos solos grossos, dentre as quais apresentam-se os pedregulhos, são
constituídas algumas vezes de agregações de minerais distintos, sendo mais comum,
entretanto, que as partículas sejam constituídas de um único mineral. Estes solos são
formados, na sua maior parte, por silicatos (90%) e apresentam também na sua
composição óxidos, carbonatos e sulfatos.
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Silicatos - feldspato, quartzo, mica, serpentina
Grupos Minerais Óxidos - hematita, magnetita, limonita
Carbonatos - calcita, dolomita
Sulfatos - gesso, anidrita
O quartzo, presente na maioria das rochas, é bastante estável, e em geral resiste bem ao
processo de transformação rocha-solo. Sua composição química é simples, SiO2, as
partículas são eqüidimensionais, como cubos ou esferas e ele apresenta baixa atividade
superficial (devido ao tamanho de seus grãos). Por conta disto, o quartzo é o componente
principal na maioria dos solos grossos (areias e pedregulhos).
3.6.2 Solos Finos – Argilas Os solos finos possuem uma estrutura mais complexa e alguns fatores, como forças de
superfície, concentração de íons, ambiente de sedimentação, etc., podem intervir no seu
comportamento. As argilas possuem uma complexa constituição química e mineralógica,
sendo formadas por sílica no estado coloidal (SiO2) e sesquióxidos metálicos (R2O3), onde
R = Al; Fe, etc.
Os feldspatos são os minerais mais atacados pela natureza, dando origem aos
argilominerais, que constituem a fração mais fina dos solos, geralmente com diâmetro
inferior a 2 µm.
Não só o reduzido tamanho, mas, principalmente, a constituição mineralógica faz com que
estas partículas tenham um comportamento extremamente diferenciado em relação ao
dos grãos de silte e areia.
O estudo da estrutura dos argilo-minerais pode ser facilitado "construindo-se" o
argilomineral a partir de unidades estruturais básicas. Este enfoque é puramente didático
e não representa necessariamente o método pelo qual o argilo-mineral é realmente
formado na natureza.
Assim, as estruturas apresentadas neste capítulo são apenas idealizações. Um cristal
típico de um argilo-mineral é uma estrutura complexa similar ao arranjo estrutural aqui
idealizado, mas contendo usualmente substituições de íons e outras modificações
estruturais que acabam por formar novos tipos de argilo-minerais. As duas unidades
estruturais básicas dos argilo-minerais são os tetraedros de silício e os octaédros de
alumínio (fig. 3.4). Os tetraedros de silício são formados por quatro átomos de oxigênio
eqüidistantes de um átomo de silício enquanto que os octaédros de alumínio são
formados por um átomo de alumínio no centro, envolvido por seis átomos de oxigênio ou
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grupos de hidroxilas, OH-. A depender do modo como estas unidades estruturais estão
unidas entre si, podemos dividir os argilo-minerais em três grandes grupos.
a) GRUPO DA CAULINITA: A caulinita é formada por uma lâmina silícica e outra de
alumínio, que se superpõem indefinidamente. A união entre todas as camadas é
suficientemente firme (pontes de hidrogênio) para não permitir a penetração de moléculas
de água entre elas.
Assim, as argilas cauliníticas são as mais estáveis em presença d'água, apresentando
baixa atividade e baixo potencial de expansão.
b) MONTMORILONITA: É formada por uma unidade de alumínio entre duas silícicas,
superpondo-se indefinidamente. Neste caso a união entre as camadas de silício é fraca
(forças de Van der Walls), permitindo a penetração de moléculas de água na estrutura
com relativa facilidade. Os solos com grandes quantidades de montmorilonita tendem a
ser instáveis em presença de água. Apresentam em geral grande resistência quando
secos, perdendo quase que totalmente a sua capacidade de suporte por saturação. Sob
variações de umidade apresentam grandes variações volumétricas, retraindo-se em
processos de secagem e expandindo-se sob processos de umedecimento.
c) ILITA: Possui um arranjo estrutural semelhante ao da montmorilonita, porém os íons
não permutáveis fazem com que a união entre as camadas seja mais estável e não muito
afetada pela água. É também menos expansiva que a montmorilonita.
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Como a união entre as camadas adjacentes dos argilo-minerais do tipo 1:1 (grupo da
caulinita) é bem mais forte do que aquela encontrada para os outros grupos, é de se
esperar que estes argilo-minerais resultem por alcançar tamanhos maiores do que
aqueles alcançados pelos argilo-minerais do grupo 2:1, o que ocorre na realidade:
Enquanto um mineral típico de caulinita possui dimensões em torno de 500 (espessura) x
1000 x 1000 (nm), um mineral de montmorilonita possui dimensões em torno de 3x 500 x
500 (nm).
A presença de um determinado tipo de argilo-mineral no solo pode ser identificada
utilizando-se diferentes métodos, dentre eles a análise térmica diferencial, o raio x , a
microscopia eletrônica de varredura, etc.
Superfície específica - Denomina-se de superfície específica de um solo a soma da área
de todas as partículas contidas em uma unidade de volume ou peso. A superfície
específica dos argilo-minerais é geralmente expressa em unidades como m2/m3 ou m2/g.
Quanto maior o tamanho do mineral menor a superfície específica do mesmo. Deste
modo, pode-se esperar que os argilo-minerais do grupo 2:1 possuam maior superfície
específica do que os argilo-minerais do grupo 1:1. A montmorilonita, por exemplo, possui
uma superfície específica de aproximadamente 800 m2/g, enquanto que a ilita e a caulinita
possuem superfícies específicas de aproximadamente 80 e 10 m2/g, respectivamente. A
superfície específica é uma importante propriedade dos argilominerais, na medida em que
quanto maior a superfície específica, maior vai ser o predomínio das forças elétricas (em
detrimento das forças gravitacionais), na influência sobre as propriedades do solo
(estrutura, plasticidade, coesão, etc.)
4. FASES SÓLIDO - ÁGUA - AR
O solo é constituído de uma fase fluida (água e/ ou ar) e se uma fase sólida. A fase fluida
ocupa os vazios deixados pelas partículas sólidas.
4.1. Fase Sólida
Caracterizada pelo seu tamanho, forma, distribuição e composição mineralógica dos
grãos, conforme já apresentado anteriormente.
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4.2. Fase Gasosa
Fase composta geralmente pelo ar do solo em contato com a atmosfera, podendo-se
também apresentar na forma oclusa (bolhas de ar no interior da fase água). A fase
gasosa é importante em problemas de deformação de solos e é bem mais compressível
que as fases sólida e líquida.
4.3. Fase Líquida
Fase fluida composta em sua maior parte pela água, podendo conter solutos e outros
fluidos imiscíveis. Pode-se dizer que a água se apresenta de diferentes formas no solo,
sendo contudo extremamente difícil se isolar os estados em que a água se apresenta em
seu interior. A seguir são expressados os termos mais comumente utilizados para
descrever os estados da água no solo.
4.3.1. Água Livre
Preenche os vazios dos solos. Pode estar em equilíbrio hidrostático ou fluir sob a ação da
gravidade ou de outros gradientes de energia.
4.3.2. Água Capilar
É a água que se encontra presa às partículas do solo por meio de forças capilares. Esta
se eleva pelos interstícios capilares formados pelas partículas sólidas, devido a ação das
tensões superficiais nos contatos ar-água-sólidos, oriundas a partir da superfície livre da
água.
4.3.3. Água Adsorvida (adesiva)
É uma película de água que adere às partículas dos solos finos devido a ação de forças
elétricas desbalanceadas na superfície dos argilo-minerais. Está submetida a grande
pressões, comportando-se como sólido na vizinhança da partícula de solo.
Introdução à Energia, Regulação e Mercado 40
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4.3.4. Água de Constituição
É a água presente na própria composição química das partículas sólidas. Não é retirada
utilizando-se os processos de secagem tradicionais. Ex: Montmorilonita (OH)4 Si2 Al4 O20
nH2 O.
4.3.5. Água higroscópica
Água que o solo possui quando em equilíbrio com a umidade atmosférica e a temperatura
ambiente.
5. CONSISTÊNCIA DOS SOLOS
5.1. Noções básicas
Quando tratamos com solos grossos (areias e pedregulhos com pequena quantidade ou
sem a presença de finos), o efeito da umidade nestes solos é freqüentemente
negligenciado, na medida em que a quantidade de água presente nos mesmos tem um
efeito secundário em seu comportamento. Pode se dizer, conforme aliás será visto no
capítulo de classificação dos solos, que podemos classificar os solos grossos utilizando-
se somente a sua curva granulométrica, o seu grau de compacidade e a forma de suas
partículas. Por outro lado, o comportamento dos solos finos ou coesivos irá depender de
sua composição mineralógica, da sua umidade, de sua estrutura e do seu grau de
saturação. Em particular, a umidade dos solos finos tem sido considerada como uma
importante indicação do seu comportamento desde o início da mecânica dos solos.
Um solo argiloso pode se apresentar em um estado líquido, plástico, semi-sólido ou
sólido, a depender de sua umidade. A este estado físico do solo dá-se o nome de
consistência. Os limites inferiores e superiores de valor de umidade para cada estado do
solo são denominados de limites de consistência.
No estado plástico, o solo apresenta uma propriedade denominada de plasticidade,
caracterizada pela capacidade do solo se deformar sem apresentar ruptura ou trincas e
sem variação de volume.
A manifestação desta propriedade em um solo dependerá fundamentalmente dos
seguintes fatores:
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Umidade: Existe uma faixa de umidade dentro da qual o solo se comporta de maneira
plástica. Valores de umidade inferiores aos valores contidos nesta faixa farão o solo se
comportar como semi-sólido ou sólido, enquanto que para maiores valores de umidade o
solo se comportará preferencialmente como líquido.
Tipo de argilo-mineral: O tipo de argilo-mineral (sua forma, constituição mineralógica,
tamanho, superfície específica, etc.) influi na capacidade do solo de se comportar de
maneira plástica. Quanto menor o argilo-mineral (ou quanto maior sua superfície
específica), maior a plasticidade do solo. É importante salientar que o conhecimento da
plasticidade na caracterização dos solos finos é de fundamental importância.
5.2. Estados de Consistência
A depender da quantidade de água presente no solo, teremos os seguintes estados de
consistência:
Cada estado de consistência do solo se caracteriza por algumas propriedades
particulares, as quais são apresentadas a seguir. Os limites entre um estado de
consistência e outro são determinados empiricamente, sendo denominados de limite de
contração, wS, limite de plasticidade, wP e limite de liquidez, wL.
Estado Sólido - Dizemos que um solo está em um estado de consistência sólido quando
o seu volume "não varia" por variações em sua umidade.
Estado Semi - Sólido - O solo apresenta fraturas e se rompe ao ser trabalhado. O limite
de contração, wS, separa os estados de consistência sólido e semi-sólido.
Estado Plástico - Dizemos que um solo está em um estado plástico quando podemos
moldá-lo sem que o mesmo apresente fissuras ou variações volumétricas. O limite de
plasticidade, wP, separa os estados de consistência semi-sólido e plástico.
Estado Fluido - Denso (Líquido) - Quando o solo possui propriedades e aparência de
uma suspensão, não apresentando resistência ao cisalhamento. O limite de liquidez, wL,
separa os estados plástico e fluido.
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Como seria de se esperar, a resistência ao cisalhamento bem como a compressibilidade
dos solos variam nos diversos estados de consistência.
5.3. Determinação dos Limites de Consistência
A delimitação entre os diversos estados de consistência é feita de forma empírica. Esta
delimitação foi inicialmente realizada por Atterberg, culminando com a padronização dos
ensaios para a determinação dos limites de consistência por Arthur Casagrande.
Conforme apresentado anteriormente, são os seguintes os limites que separam os
diversos estados de consistência do solo:
. Limite de Liquidez (wL)
. Limite de Plasticidade (wP)
. Limite de Contração (wS)
5.3.1. Limite de Liquidez
É o valor de umidade para o qual o solo passa do estado plástico para o estado fluido.
Determinação do limite de liquidez (wL). A determinação do limite de liquidez do solo é realizada seguindo-se o seguinte
procedimento: 1) coloca-se na concha do aparelho de Casagrande uma pasta de solo
passando #40 e com umidade próxima de seu limite de plasticidade. 2) faz-se um sulco
na pasta com um cinzel padronizado. 3) Aplicam-se golpes à massa de solo posta na
concha do aparelho de Casagrande, girando-se uma manivela, a uma velocidade padrão
de 2 golpes por segundo. Esta manivela é solidária a um eixo, o qual por possuir um
excêntrico, faz com que a concha do aparelho de casagrande caia de uma altura padrão
de aproximadamente 1cm. 4) Conta-se o número de golpes necessário para que a
ranhura de solo se feche em uma extensão em torno de 1cm. 5) Repete-se este processo
ao menos 5 vezes, geralmente empregando-se valores de umidade crescentes. 6)
lançam-se os pontos experimentais obtidos, em termos de umidade versus log N° de
golpes. 7) ajusta-se uma reta passando por esses pontos. O limite de liquidez
corresponde à umidade para a qual foram necessários 25 golpes para fechar a ranhura de
solo. A fig. 5.1 ilustra o aparelho utilizado na determinação do limite de liquidez. A fig. 5.2
apresenta a determinação do limite de liquidez do solo (vide NBR 6459).
Introdução à Energia, Regulação e Mercado 43
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5.3.2. Limite de Plasticidade
É o valor de umidade para o qual o solo passa do estado semi-sólido para o estado
plástico.
Determinação do limite de plasticidade (wP) A determinação do limite de plasticidade do solo é realizada seguindo-se o seguinte
procedimento: 1) prepara-se uma pasta com o solo que passa na #40, fazendo-a rolar
com a palma da mão sobre uma placa de vidro esmerilhado, formando um pequeno
cilindro. 2) quando o cilindro de solo atingir o diâmetro de 3mm e apresentar fissuras,
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mede-se a umidade do solo. 3) esta operação é repetida pelo menos 5 vezes, N w (%)
definido assim como limite de plasticidade o valor médio dos teores de umidade
determinados. A fig. 5.3 ilustra a realização do ensaio para determinação do limite de
plasticidade (vide NBR 7180).
5.3.3. Limite de Contração
É o valor de umidade para o qual o solo passa do estado sólido para o estado semi-
sólido.
Determinação do limite de contração (wS) A determinação do limite de contração do solo é realizada seguindo-se o seguinte
procedimento: 1) molda-se uma amostra de solo passando na #40, na forma de pastilha,
em uma cápsula metálica com teor de umidade entre 10 e 25 golpes no aparelho de Casa
Grande. 2) seca-se a amostra à sombra e depois em estufa, pesando-a em seguida. 3)
utiliza-se um recipiente adequado (cápsula de vidro) para medir o volume do solo seco,
através do deslocamento de mercúrio provocado pelo solo quando de sua imersão no
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recipiente. O limite de contração é determinado pela eq. 5.1, apresentada a seguir (vide
NBR 7183).
5.4. Índices de consistência
Uma vez conhecidos os limites de consistência de um solo, vários índices podem ser
definidos. A seguir, apresentaremos os mais utilizados.
5.4.1. Índice de Plasticidade
O índice de plasticidade (IP) corresponde a faixa de valores de umidade do solo na qual
ele se comporta de maneira plástica. É a diferença numérica entre o valor do limite de
liquidez e o limite de plasticidade.
IP = wL − wP (5.2)
O IP é uma maneira de avaliarmos a plasticidade do solo. Seria a quantidade de água
necessária a acrescentar a um solo (com uma consistência dada pelo valor de wP) para
que este passasse do estado plástico ao líquido.
Classificação do solo quanto ao seu índice de plasticidade:
IP = 0 → NÃO PLÁSTICO
1 < IP < 7 → POUCO PLÁSTICO
7 < IP < 15 → PLASTICIDADE MÉDIA
IP > 15 → MUITO PLÁSTICO
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5.4.2. Índice de Consistência
É uma forma de medirmos a consistência do solo no estado em que se encontra em
campo.
É um meio de se situar a umidade do solo entre os limites de liquidez e plasticidade, com
o objetivo de utilização prática. Obtenção do estado de consistência do solo em campo
utilizando-se o IC:
IC < 0 → FLUÍDO - DENSO
0 < IC < 1 → ESTADO PLÁSTICO
IC > 1 → ESTADO SEMI - SÓLIDO OU SÓLIDO
ATIVIDADE: Conforme relatado anteriormente, a superfície das partículas dos
argilominerais possui uma carga elétrica negativa, cuja intensidade depende
principalmente das características do argilo-mineral considerado. As atividades físicas e
químicas decorrentes desta carga superficial constituem a chamada "atividade da
superfície do argilo-mineral". Dos três grupos de argilo-minerais apresentados aqui, a
montmorilonita é a mais ativa, enquanto que a caulinita é a menos ativa. Segundo
Skempton (1953) a atividade dos argilo-minerais pode ser avaliada pela eq. 5.5,
apresentada adiante.
Onde o termo %<0.002mm representa a percentagem de partículas com diâmetro inferior
a 2µ presentes no solo. Ainda segundo Skempton, os solos podem ser classificados de
acordo com a sua atividade do seguinte modo:
Solos inativos: A < 0,75
Solos medianamente ativos: 0,75 < A < 1,25
Solos ativos: A> 1,25.
A fig. 5.4 apresenta a variação do índice de plasticidade de amostras de solo
confeccionadas em laboratório em função da percentagem de argila (% < 0,002mm)
Introdução à Energia, Regulação e Mercado 47
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presente nos mesmos. Da eq. 5.5 percebe-se que a atividade do argilo-mineral
corresponde ao coeficiente angular das áreas hachuradas apresentadas na figura. Na fig.
5.4 estão também apresentados valores típicos de atividade para os três principais grupos
de argilo-minerais.
6. CLASSIFICAÇÃO DOS SOLOS
Por serem constituídos de um material de origem natural, os depósitos de solo nunca são
estritamente homogêneos. Grandes variações nas suas propriedades e em seu
comportamento são comumente observadas. Pode-se dizer contudo, que depósitos de
solo que exibem propriedades básicas similares podem ser agrupados como classes,
mediante o uso de critérios ou índices apropriados. Um sistema de classificação dos solos
deve agrupar os solos de acordo com suas propriedades intrínsecas básicas. Do ponto de
vista da engenharia, um sistema de classificação pode ser baseado no potencial de um
determinado solo para uso em bases de pavimentos, fundações, ou como material de
construção, por exemplo. Devido a natureza extremamente variável do solo, contudo, é
inevitável que em qualquer classificação ocorram casos onde é difícil se enquadrar o solo
em uma determinada e única categoria, em outras palavras, sempre vão existir casos em
que um determinado solo poderá ser classificado como pertencente a dois ou mais
grupos. Do mesmo modo, o mesmo solo pode mesmo ser colocado em grupos que
pareçam radicalmente diferentes, em diferentes sistemas de classificação.
Introdução à Energia, Regulação e Mercado 48
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Em vista disto, um sistema de classificação deve ser tomado como um guia preliminar
para a previsão do comportamento de engenharia do solo, a qual não pode ser realizada
utilizando-se somente sistemas de classificação. Testes para avaliação de importantes
características do solo devem sempre ser realizados, levando-se sempre em
consideração o uso do solo na obra, já que diferentes propriedades governam o
comportamento do solo a depender de sua finalidade. Assim, deve-se usar um sistema de
classificação do solo, dentre outras coisas, para se obter os dados necessários ao
direcionamento de uma investigação mais minuciosa, quer seja na engenharia,
geoquímica, geologia ou outros ramos da ciência.
Implicitamente, nos capítulos anteriores, utilizaram-se alguns sistemas de classificação
dos solos. Estes sistemas de classificação, por serem bastante simplificados, não são
capazes de fornecer, na maioria dos casos, uma resposta satisfatória do ponto de vista da
engenharia, devendo ser usados como informações adicionais aos sistemas de
classificação mais elaborados.
São eles:
a) - Classificação genética dos solos (classificação do solo segundo a sua origem) -
Classifica os solos em residuais e sedimentares, podendo apresentar subdivisões (ex.
solo residual jovem, solo sedimentar eólico, etc.);
b) - Classificação pela NBR 6502 - Conforme apresentado anteriormente, esta
classificação designa os solos de acordo com as suas frações granulométricas
preponderantes, utilizando a curva granulométrica;
c) - Classificação pela estrutura – Essa classificação consta de dois tipos fundamentais
de estruturas (agregada e isolada), que por sua vez, são subdivididas em vários outros
subtipos (floculada, dispersa, orientada, aleatória), conforme foi visto no capítulo referente
a estrutura dos solos.
Neste capítulo serão apresentados os dois sistemas de classificação dos solos mais
difundidos no meio geotécnico, a saber, o Sistema Unificado de Classificação do Solos,
SUCS (ou “Unified Soil Classification System”, USCS) e o sistema de classificação dos
solos proposto pela AASHTO (“American Association of State Highway and Transportation
Officials”).
Introdução à Energia, Regulação e Mercado 49
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6.1. Classificação Segundo o Sistema Unificado de Classificação dos Solos
Este sistema de classificação foi originalmente desenvolvido pelo professor A.
Casagrande (Casagrande, 1948) para uso na construção de aterros em aeroportos
durante a Segunda Guerra Mundial, sendo modificada posteriormente para uso em
barragens, fundações e outras construções. A idéia básica do Sistema Unificado de
Classificação dos solos é que os solos grossos podem ser classificados de acordo com a
sua curva granulométrica, ao passo que o comportamento de engenharia dos solos finos
está intimamente relacionado com a sua plasticidade. Em outras palavras, os solos nos
quais a fração fina não existe em quantidade suficiente para afetar o seu comportamento
são classificados de acordo com a sua curva granulométrica, enquanto que os solos nos
quais o comportamento de engenharia é controlado pelas suas frações finas (silte e
argila), são classificados de acordo com as suas características de plasticidade.
As quatro maiores divisões do Sistema Unificado de Classificação dos Solos são as
seguintes:
(1) - Solos grossos (partículas com φ > 0,075mm: pedregulho e areia),
(2) - Solos finos (partículas com φ < 0,075mm: silte e argila),
(3) - Solos orgânicos e
(4) - Turfa.
Os solos orgânicos e as turfas são geralmente identificados visualmente. Cada grupo é
classificado por um símbolo, derivado dos nomes em inglês correspondentes: Pedregulho
(G), do inglês "gravel"; Argila (C), do inglês "Clay"; Areia (S), do inglês "Sand"; Solos
orgânicos (O), de "Organic soils" e Turfa (Pt), do inglês "peat". A única exceção para esta
regra advém do grupo do silte, cuja letra representante, M, advém do Sueco "mjäla".
A) Solos Grossos Os solos grossos são classificados como pedregulho ou areia. São classificados como
pedregulhos aqueles solos possuindo mais do que 50% de sua fração grossa retida na
peneira 4 (4,75mm) e como areias aqueles solos possuindo mais do que 50% de sua
fração grossa passando na peneira 4. Cada grupo por sua vez é dividido em quatro
subgrupos a depender de sua curva granulométrica ou da natureza da fração fina
eventualmente existente. São eles:
1) Material praticamente limpo de finos, bem graduado W, (GW e SW)
2) Material praticamente limpo de finos, mal graduado P, (GP e SP)
3) Material com quantidades apreciáveis de finos de baixa plasticidade, M, (GM e SM)
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4) Material com quantidades apreciáveis de finos de alta plasticidade C, (GC ou SC)
A.1 - Grupos GW e SW Formados por um solo bem graduado com poucos finos. Em um solo bem graduado, os
grãos menores podem ficar nos espaços vazios deixados pelos grãos maiores, de modo
que os solos bem graduados tendem a apresentar altos valores de peso específico (ou
menor quantidade de vazios) e boas características de resistência e deformabilidade. A
presença de finos nestes grupos não deve produzir efeitos apreciáveis nas propriedades
da fração grossa, nem interferir na sua capacidade de drenagem, sendo fixada como no
máximo 5% do solo, em relação ao seu peso seco. O exame da curva granulométrica dos
solos grossos se faz por meio dos coeficientes de uniformidade (Cu) e curvatura (Cc), já
apresentados anteriormente. Para que o solo seja considerado bem graduado é
necessário que seu coeficiente de uniformidade seja maior que 4, no caso de
pedregulhos, ou maior que 6, no caso de areias, e que o seu coeficiente de curvatura
esteja entre 1 e 3.
A.2 - Grupos GP e SP Formados por solos mal graduados (curvas granulométricas uniformes ou abertas). Como
os subgrupos SW e GW, possuem no máximo 5% de partículas finas, material que passa
na peneira 200, mas suas curvas granulométricas não completam os requisitos de
graduação indicados para serem considerados como bem graduados. Dentro destes
grupos estão compreendidos as areias uniformes das dunas e os solos possuindo duas
frações granulométricas predominantes, provenientes da deposição pela água de rios em
períodos alternados de cheia/seca.
A.3 - Grupos GM e SM São classificados como pertencentes aos subgrupos GM e SM os solos grossos nos quais
existe uma quantidade de finos suficiente para afetar as suas propriedades de
engenharia: resistência ao cisalhamento, deformabilidade e permeabilidade.
Convenciona-se a quantidade de finos necessária para que isto ocorra em 12%, embora
sabendo-se que a influência dos finos no comportamento de um solo depende não
somente da sua quantidade mas também da atividade do argilo-mineral preponderante.
Para os solos grossos possuindo mais do que 12% de finos, deve-se realizar ensaios com
vistas a determinação de seus limites de consistência wL e wP, utilizando-se para isto a
fração de solo que passa na peneira #40. Para que o solo seja classificado como GM ou
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SM, a sua fração fina deve se situar abaixo da linha A da carta de plasticidade de
Casagrande (vide fig. 6.2).
A.4 - Grupos GC e SC São classificados como GC e SC os solos grossos que atendem aos critérios
especificados no item A.3, mas cuja fração fina possui representação na carta de
plasticidade acima da linha A.
Em outras palavras, são classificados como GC e SC os solos grossos possuindo mais
que 12% de finos com comportamento predominante de argila.
OBS: Os solos grossos possuindo percentagens de finos entre 5 e 12% devem possuir
nomenclaturas duplas, como GW-GM, SP-SC, etc., atribuídas de acordo com o
especificado anteriormente. De uma forma geral, sempre que um material não se
encontra claramente dentro de um grupo, devemos utilizar símbolos duplos,
correspondentes a casos de fronteira. Ex: GW-SW (material bem graduado com menos
de 5% de finos e formado com fração de grossos com iguais proporções de pedregulho e
areia) ou GM-GC (solos grossos com mais do que 12% de finos cuja representação na
carta de plasticidade de Casagrande se situa muito próxima da linha A). A fig. 6.1
apresenta um fluxograma exibindo os passos básicos a serem seguidos na classificação
de solos grossos pelo Sistema Unificado.
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B) Solos Finos Os solos finos são classificados como argila e silte. A classificação dos solos finos é
realizada tomando-se como base apenas os limites de plasticidade e liquidez do solo,
plotados na forma da carta de plasticidade de Casagrande. Em outras palavras, o
conhecimento da curva granulométrica de solos possuindo mais do que 50% de material
passando na peneira 200 pouco ou muito pouco acrescenta acerca das expectativas
sobre suas propriedades de engenharia.
A Carta de plasticidade dos solos foi desenvolvida por A. Casagrande de modo a agrupar
os solos finos em diversos subgrupos, a depender de suas características de plasticidade.
Conforme é apresentado na fig. 6.2, a carta de plasticidade possui três divisores
principais: A linha A (de eq. IP = 0,73(wL – 20)) separa argilas (acima da linha) de siltes
(abaixo da linha), a linha B (wL = 50%) separa solos de baixa plasticidade (à esquerda da
linha) dos de alta plasticidade (à direita da linha) e a linha U (de eq. IP = 0,9(wL – 8) que é
o limite superior da classificação. Deste modo, os solos finos, que são divididos em quatro
subgrupos (CL, CH, ML e MH), são classificados de acordo com a sua posição em
relação às linhas A e B, conforme apresentado nos sub-itens seguintes.
Introdução à Energia, Regulação e Mercado 53
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OBS: 1) Solos cuja representação na carta de plasticidade se situe dentro da zona CL-ML devem
ter nomenclatura dupla. 2) Solos cuja representação na carta de plasticidade se situe próximo à
linha LL = 50 % devem ter nomenclatura dupla: (MH-ML ou CH-CL). 3) Solos cuja representação
na carta de plasticidade se situe próximo à linha A devem ter nomenclatura dupla: (MH-CH ou CL-
ML). 4) As argilas inorgânicas de média plasticidade possuem wL entre 30 e 50%.
B.1 - Grupos CL e CH Os solos classificados como CL (argilas inorgânicas de baixa plasticidade) são aqueles os
quais têm a sua representação na carta de plasticidade acima da linha A e à esquerda da
linha B (conforme pode-se observar na fig. 6.2, deve-se ter também um IP > 7%). O grupo
CH (argilas inorgânicas de alta plasticidade), possuem a sua representação na carta de
plasticidade acima da linha A e à direita da linha B (wL > 50%). São exemplos deste grupo
as argilas formadas por decomposição química de cinzas vulcânicas, tais como a argila
do vale do México, com wL de até 500%.
B.2 - Grupos ML e MH Os solos classificados como ML (siltes inorgânicos de baixa plasticidade) são aqueles os
quais têm a sua representação na carta de plasticidade abaixo da linha A e à esquerda da
linha B (conforme pode-se observar na fig. 6.2, deve-se ter também um IP < 4%). O grupo
MH (siltes inorgânicos de alta plasticidade), possuem a sua representação na carta de
plasticidade abaixo da linha A e à direita da linha B (wL > 50%).
B.3 - Grupos CL - ML Os solos classificados como CL-ML são aqueles com representação na carta de
plasticidade acima da linha A e que tenham índice de plasticidade entre 4 e 7%. Esse
grupo recebe um nome duplo porque não apresenta característica específica de uma
determinada região.
B.4 - Grupos OL e OH São classificados utilizando-se os mesmos critérios definidos para os subgrupos ML e
MH.
A presença de matéria orgânica é geralmente identificada visualmente e pelo seu odor
característico. Em caso de dúvida a escolha entre os símbolos OL/ML ou OH/MH pode
ser feita utilizando-se o seguinte critério: Se wLs/wLn < 0,75 então o solo é orgânico senão
é inorgânico. Os símbolos wLs e wLn correspondem a limites de liquidez determinados em
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amostras que foram secas em estufa e ao ar livre, respectivamente. Neste caso, a
diferença entre os valores de wL se deve ao fato de que a amostra seca em estufa a
105oC terá a sua matéria orgânica queimada, tendo em consequência o seu valor de wL
reduzido.
C) Solos Pantanosos e Turfas São solos altamente orgânicos, geralmente fibrilares e extremamente compressíveis. As
turfas são solos que incorporam florestas soterradas em estágio avançado de
decomposição. Estes solos formam um grupo independente de símbolo (Pt).
Na maioria dos solos turfosos os limites de consistência podem ser determinados após
completo amolgamento do solo. O limite de liquidez destes solos varia entre 300 e 500%
permanecendo a sua posição na carta de plasticidade notavelmente acima da linha A. O
Índice de plasticidade destes solos normalmente se situa entre 100 e 200.
d) A linha U da carta de plasticidade A linha U apresentada na carta de plasticidade representa o limite superior das
coordenadas (wL;IP) encontrado para a grande maioria dos solos (mesmo solos
possuindo argilomineriais de alta atividade). Deste modo, sempre que em um processo de
classificação o ponto representante do solo se situar acima da linha U, os dados de
laboratório devem ser checados e os ensaios refeitos.
A carta de plasticidade de Casagrande pode ainda nos dar uma idéia acerca do tipo de
argilo-mineral predominante na fração fina do solo. Solos possuindo argilo-minerais do
tipo 1:1(como a caulinita) tem seus pontos de representação na carta de plasticidade
próximo à linha A (parte superior à linha A), enquanto que solos possuindo argilo-minerais
de alta atividade (como a montmorilonita) tendem a ter seus pontos de representação na
carta de plasticidade próximos à linha U (parte imediatamente inferior à linha U).
e) Observações complementares Apesar dos símbolos utilizados no SUCS serem de grande valia, eles não descrevem
completamente um depósito de solo. Em todos os solos deve-se acrescentar informações
como odor, cor e homogeneidade do material à classificação. Para o caso de solos
grossos, informações como a forma dos grãos, tipo de mineral predominante, graus de
intemperismo ou compacidade, presença ou não de finos são pertinentes. Para o caso
dos solos finos, informações como a umidade natural e consistência (natural e amolgada)
devem ser sempre que possível ser fornecidas. A Tabela 6.1 apresenta algumas
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informações sobre o comportamento esperado para os diferentes grupos da classificação
SUCS.
6.2. Classificação Segundo a AASHTO
O sistema de classificação da AASHTO foi desenvolvido em 1920 pelo "Bureau of Public
Roads", que realizou um extenso programa de pesquisa sobre o uso de solos na
construção de vias secundárias ("farm to market roads"). O sistema original foi baseado
nas características de estabilidade dos solos quando usados como a própria superfície da
pista ou em conjunto com uma fina capa asfáltica. Diversas aplicações foram realizadas
desde a sua concepção e a sua aplicabilidade foi estendida consideravelmente. Segundo
a AASHTO (vide AASHTO, 1978), esta classificação pode ser utilizada para os casos de
aterros, subleitos, bases e subbases de pavimentos flexíveis, mas deve-se ter sempre em
mente o propósito original da classificação quando da sua utilização.
O sistema da AASHTO classifica o solo em oito diferentes grupos: de A1 a A8 e inclui
diversos subgrupos. Os solos dentro de cada grupo ou subgrupo são ainda avaliados de
acordo com o seu índice de grupo, o qual é calculado por intermédio de uma fórmula
empírica.
A) Solos pertencentes aos grupos A1 ao A3 Os solos pertencentes ao grupo A1 são fragmentos de pedra, pedregulho e areia bem
graduados com pouca ou nenhuma plasticidade, ao passo que os solos pertencente ao
grupo A3 são areias finas mal graduadas, sem presença de finos. Os materiais
pertencentes ao grupo A2 apesar de granulares (35% ou menos passando na peneira
200), possuem uma quantia significativa de finos (pedregulho e areia com silte e argila).
Os solos classificados como A1, A2-4, A2-5 e A3 apresentam um comportamento
excelente a bom como sub-leito, já os solos classificados como A2-6 e A2-7 apresentam
comportamento regular a mau como sub-leito.
B) Solos pertencentes aos grupos A4 ao A7 Os solos pertencentes aos grupos A4 ao A7 são solos finos, materiais silto-argilosos. A
diferenciação entre os diversos grupos é realizada com base nos limites de Atterberg.
Solos altamente orgânicos (incluindo-se aí a turfa) devem ser colocados no grupo A8.
Como no caso do SUCS, a classificação dos solos A8 é feita visualmente. Os solos
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classificados como A4, A5, A6 e A7 apresentam um regular a mau comportamento como
sub-leito.
Os solos do grupo A-4 são em geral siltosos e não plásticos, ou moderadamente
plásticos, possuindo, geralmente, 5% ou mais passando na peneira n º 200. Incluem
também misturas de solo fino siltoso com até 64% de areia e pedregulho retidos na
peneira nº 200. Os valores dos índices do grupo vão de 1 a 8.
Os solos do grupo A-5 são semelhante ao que foi descrito no A-4, exceto que eles são,
geralmente, de caráter diatomáceo ou micáceo, com elevado limite de liquidez. Os valores
dos índices do grupo vão de 1 a 12.
O grupo A-6 corresponde aos solos argilosos, plásticos, tendo, geralmente, 75% ou mais
de material passando na peneira n º 200. O grupo inclui também misturas de solos finos
argilosos, podendo conter até 64% de areia e pedregulho retidos na peneira n º 200. Os
solos deste grupo comumente sofrem elevada mudança de volume entre os estados seco
e úmido. Os valores dos índices do grupo vão de 1 a 16, esses valores crescentes
mostram o efeito combinado do aumento dos índices de plasticidade e diminuição dos
materiais grossos.
O Grupo A-7 engloba os solos argilosos e plásticos, que apresentam alto limite de liquidez
e estão sujeitos a elevada mudança de volume. Os valores dos índices do grupo vão de 1
a 20. O grupo A-7 é subdividido em A-7-5 (materiais com índice de plasticidade moderado
em relação ao limite de liquidez) e A-7-6 (materiais com elevados índices de plasticidade
em relação aos limites de liquidez, estando sujeitos a elevadas mudanças de volume).
O índice de grupo é utilizado para auxiliar na classificação do solo. Ele é baseado na
performance de diversos solos, especialmente quando utilizados como subleitos. O índice
de grupo é determinado utilizando-se a eq. 6.1, apresentada adiante:
IG = (F − 35)[0 20 + 0 005(wL − 40)]+ 0 01(F − 15)(IP −10) , , , (6.1)
Onde: F é a percentagem de solo passando na peneira 200
Quando trabalhando com os grupos A-2-6 e A-2-7 o índice de grupo deve ser
determinado utilizando-se somente o índice de plasticidade.
No caso da obtenção de índices de grupo negativos, deve-se adotar um índice de grupo
nulo.
Usar o sistema de classificação da AASHTO não é difícil. Uma vez obtidos os dados
necessários, deve-se seguir os passos indicados na fig. 6.3 (a e b), da esquerda para a
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direita, e encontrar o grupo correto por um processo de eliminação. O primeiro grupo à
esquerda que atenda as exigências especificadas é a classificação correta da AASHTO. A
classificação completa inclui o valor do índice de grupo (arredondado para o inteiro mais
próximo), apresentado em parênteses, à direita do símbolo da AASHTO. Ex: A-2-6(3), A-
6(12), A-7-5(17), etc.
Devido a sua ligação histórica com a classificação de solos para uso rodoviário, a
classificação da AASHTO é bastante utilizada na seleção de solos para uso como base,
sub-bases e sub-leitos de pavimentos.
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7. ÍNDICES FÍSICOS
7.1. Introdução
O comportamento de um solo depende da quantidade relativa de cada uma de suas
trêsfases (sólidos, água e ar). Diversas relações são empregadas para expressar as
proporções entre elas. Na fig. 7.1 mostrada a seguir estão representadas, de modo
esquemático, as três fases que normalmente ocorrem nos solos, ainda que, em alguns
casos, todos os vazios possam estar ocupados pela água e a água possa conter
substâncias dissolvidas.
Onde: Va, Vw, Vs, Vv e Vt representam os volumes de ar, água, sólidos, de vazios e total do solo, respectivamente. Ps, Pw, Pa e Pt São os pesos de sólidos, água, ar e total e Ms, Mw, Ma e Mt são as respectivas massas de sólidos, água, ar e total.
7.2. Relações entre Volumes
7.2.1. Porosidade (n)
A porosidade é definida como a relação entre o volume de vazios e o volume total. O intervalo de variação da porosidade está compreendido entre 0 e 1.
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7.2.2. Grau de Saturação (Sr)
Os vazios do solo podem estar apenas parcialmente ocupados por água. A relação entre
o volume de água e o volume dos vazios é definida como o grau de saturação, expresso
em percentagem e com variação de 0 a 100% (solo saturado).
7.2.3. Índice de Vazios (e)
O índice de vazios é definido como a relação entre o volume de vazios e o volume das
partículas sólidas, expresso em termos absolutos, podendo ser maior do que a unidade.
Sua variação é de 0 a ∞.
7.3. Relações entre Pesos e Volumes - Pesos Específicos ou entre Massas e Volumes - Massas Específicas
7.3.1. Peso específico(γ) e massa específica (ρ) do Solo
O peso específico de um solo é a relação entre o seu peso total e o seu volume total,
incluindo-se aí o peso da água existente em seus vazios e o volume de vazios do solo. A
massa específica do solo possui definição semelhente ao peso específico, considerando-
se agora a sua massa.
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7.3.2. Peso Específico das Partículas sólidas O peso específico das partículas sólidas é obtido dividindo-se o peso das partículas
sólidas (não considerando-se o peso da água) pelo volume ocupado pelas partículas
sólidas (sem a consideração do volume ocupado pelos vazios do solo). É o maior valor de
peso específico que um solo pode ter, já que as outras duas fases que compõe o solo são
menos densas que as partículas sólidas.
7.3.3. Peso Específico do Solo Seco Corresponde a um caso particular do peso específico do solo, obtido para Sr = 0.
7.3.4. Peso Específico do Solo Saturado É o peso específico do solo quando todos os seus vazios estão ocupados pela água. É
numericamente dado pelo peso das partículas sólidas dividido pelo volume total do solo.
7.3.5. Peso Específico do Solo Submerso Neste caso, considera-se a existência do empuxo de água no solo. Logo, o peso
específico do solo submerso será equivalente ao o peso específico do solo menos o peso
específico da água.
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OBSERVAÇÃO: As distinções entre os pesos específicos de solo saturado e submerso
serão melhor compreendidas quando do estudo do capítulo tensões geostáticas, onde se
apresenta o princípio das tensões efetivas, proposto por Terzaghi para representar o
comportamento dos solos em termos de resistência ao cisalhamento e deformação.
7.3. Diagrama de fases
As relações entre pesos ou entre volumes, por serem admensionais, não serão
modificadas caso no lado direito da fig. 7.1, os volumes de água, ar e sólidos sejam
divididos por um determinado fator, conservado constante para todas as fases. Este fator
pode ser escolhido, por exemplo, para que o volume de sólidos se torne unitário (ou, em
outras palavras, dividindo-se todos os termos por Vs). Deste modo, utilizando-se as
relações entre volumes e entre pesos e volumes, definidas anteriormente, temos:
Uma outra forma de organizar as relações entre volumes e entre pesos e volumes em um
diagrama de fases seria adotando um volume total igual a 1. Neste caso teríamos:
Das figs. 7.2 e 7.3 e utilizando-se as definições dadas para o índice de vazios e a
porosidade tem-se:
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7.5. Utilização do diagrama de fases para a determinação das relações entre os diversos índices físicos Com o uso das figs. 7.2 e 7.3, diversas relações podem ser facilmente definidas entre os
índices físicos. As eqs. 7.10 a 7.12 expressam algumas destas relações:
A umidade é definida como a relação entre o peso da água e o peso dos sólidos em uma
porção do solo, sendo expressa em percentagem. Pela análise da fig. 7.2 temos que:
definida como a relação entre o volume de água e o volume total de solo e dada pela eq.
7.14:
OBS: Apesar de alguns índices físicos serem apresentados em percentagem, o cálculo
das relações entre eles deve ser feito utilizando-os na forma decimal. Todos os outros
índices devem estar em unidades compatíveis.
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7.6. Densidade relativa Dr Conforme será discutido no transcorrer deste curso, por possuírem arranjos estruturais
bastante simplificados, os solos grossos (areias e pedregulhos com nenhuma ou pouca
presença de finos) podem ter o seu comportamento avaliado conforme a sua curva
característica e a sua densidade relativa Dr, definida conforme a eq. 7.15.
Há uma variedade grande de ensaios para a determinação de emin e γdmáx; todos eles
envolvem alguma forma de vibração. Para emax e γdmin, geralmente se adota a colocação do
solo secado previamente, em um recipiente, tomando-se todo cuidado para evitar
qualquer tipo de vibração. Os procedimentos para a execução de tais ensaios são
padronizados em nosso País pelas normas NBR 12004 e 12051, variando muito em
diferentes partes do Globo, não havendo ainda um consenso internacional sobre os
mesmos. A densidade relativa é um índice adotado apenas na caracterização dos SOLOS
NÃO COESIVOS. A tabela 7.1 apresenta a classificação da compacidade dos solos
grossos em função de sua densidade relativa.
Notas importantes:
a) A densidade relativa é o fator preponderante, tanto na deformabilidade quanto na
resistência ao cisalhamento de solos grossos, influindo até na sua permeabilidade.
b) A densidade relativa pode ser utilizada na estimativa preliminar de regiões sujeitas à
liquefação e no controle de compactação de solos não coesivos.
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7.7. Ensaios Necessários para Determinação dos Índices Físicos Para estimativa de todos os índices físicos de um determinado solo normalmente
efetuam-se as seguintes determinações:
- Umidade
- Peso específico do solo (γ)
- Peso específico das partículas sólidas (γs)
7.7.1. Determinação da Umidade A umidade do solo é geralmente determinada em estufa, em laboratório. Para tanto, uma
amostra de solo com determinado teor de umidade é pesada e posteriormente levada a
uma estufa, com temperatura entre 105 e 110o, onde permanece por um determinado
período (geralmente um dia), até que a sua constância de peso seja assegurada. As
variações no peso da amostra de solo se devem a evaporação da água existente no seu
interior. Após o período de secagem em estufa, o peso da amostra é novamente
determinado. Deste modo, o peso da água existente no solo é igual a diferença entre os
pesos da amostra antes e após esta ser levada à estufa, sendo a umidade do solo a
razão entre esta diferença e o peso da amostra determinado após secagem. A seguir são
listados alguns métodos utilizados na determinação da umidade do solo em campo e em
laboratório.
Estufa a 105 - 110°C (laboratório)
Speedy (campo)
Fogareiro à Álcool (campo)
Estufa a 60°C. (laboratório, no caso da suspeita de existência de matéria orgânica)
Sonda de nêutrons (campo)
TDR (campo)
7.7.2. Determinação do peso Específico do Solo São listados a seguir os principais métodos utilizados em laboratório e em campo para
determinação do peso específico do solo.
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7.7.2.1. Em Laboratório Cravação de cilindro biselado em amostras indeformadas
Cilindro de compactação
Imersão em mercúrio (amostra indeformada, pequena)
Balança hidrostática, solo parafinado (NBR 10838)
7.7.2.2. Em Campo Cravação do cilindro de Hilf
Método do cone de areia
Método do balão de borracha
Sonda de nêutrons.
7.7.3. Determinação do peso Específico das Partículas Esta determinação é efetuada exclusivamente em laboratório, utilizando-se o picnômetro
e os detalhes de sua execução são apresentados na NBR 6508.
7.8. Valores Típicos
Sobre o peso específico das partículas, algumas observações necessitam ser
mencionadas:
Segundo dados de Lambe e Whitman (1969), γs geralmente se encontra no intervalo de
22 a 29 kN/m3 é em função dos minerais constituintes do solo.
Solos orgânicos tendem a apresentar valores de γs menores que o convencional,
enquanto que solos ricos em minerais ferrosos tendem a apresentar γs > 30 kN/m3.
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8. COMPACTAÇÃO
8.1. Introdução
Entende-se por compactação o processo manual ou mecânico que visa reduzir o volume
de vazios do solo, melhorando as suas características de resistência, deformabilidade e
permeabilidade.
Muitas vezes, na prática da engenharia geotécnica, o solo de um determinado local não
apresenta as condições requeridas pela obra. Ele pode ser pouco resistente, muito
compressível ou apresentar características que deixam a desejar de um ponto de vista
econômico. Pareceria razoável em tais circunstâncias, simplesmente relocar obra. Deve-
se notar contudo, que considerações outras que não geotécnicas freqüentemente impõem
a localização da estrutura e o engenheiro é forçado a realizar o projeto com o solo que ele
tem em mãos. Para resolver este problema, uma possibilidade é adaptar a fundação da
obra às condições geotécnicas do local.
Uma outra possibilidade é tentar melhorar as propriedades de engenharia do solo local.
Dependendo das circunstâncias, a segunda opção pode ser o melhor caminho a ser
seguido.
Neste capítulo será apresentado um método de estabilização e melhoria do solo por vias
mecânicas, denominado de compactação. Deve-se ressaltar que existem diversos outros
métodos de estabilização dos solos, sendo alguns destes realizados pela mistura ou
injeção de substâncias químicas (misturas solo-cimento, "jet-ground", misturas solo-cal),
ou pela incorporação no solo de elementos estruturais, os quais têm por função conferir
ao mesmo as características necessárias para a execução da obra. Ex: solo reforçado,
solo envelopado, terra armada, etc.
Os fundamentos da compactação de solos são relativamente novos e foram
desenvolvidos por Ralph Proctor, que, na década de 20, postulou ser a compactação uma
função de quatro
variáveis: a) Peso específico seco, b) Umidade, c) Energia de compactação e d) Tipo de
solo (solos grossos, solos finos, etc.). A compactação dos solos tem uma grande
importância para as obras geotécnicas, já que através do processo de compactação
consegue-se promover no solo um aumento de sua resistência estável e uma diminuição
da sua compressibilidade e permeabilidade.
Introdução à Energia, Regulação e Mercado 68
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8.2. O emprego da compactação
Em diversas obras, dentre elas os aterros rodoviários e as barragens de terra, o solo é o
próprio material resistente ou de construção. Em vista disto, alguns métodos de
estabilização ou de melhoria das características de resistência, deformabilidade e
permeabilidade dos solos foram desenvolvidos, e a compactação é um desses métodos.
O objetivo principal da compactação é obter um solo, de tal maneira estruturado, que
possua e mantenha um comportamento mecânico adequado ao longo de toda a vida útil
da obra.
8.3. Diferenças entre Compactação e Adensamento
Pelo processo de compactação, a compressão do solo se dá por expulsão do ar contido
em seus vazios, de forma diferente do processo de adensamento, onde ocorre a expulsão
de água dos interstícios do solo (capítulo de compressibilidade, volume II).
Além do mais, as cargas aplicadas quando compactamos o solo são geralmente de
natureza dinâmica e o efeito conseguido é imediato, enquanto que o processo de
adensamento é diferido no tempo (pode levar muitos anos para ocorra por completo, a
depender do tipo de solo) e as cargas são normalmente estáticas.
8.4. Ensaio de Compactação
Em 1933, o Eng. Norte americano Ralph Proctor postulou os procedimentos básicos para
a execução do ensaio de compactação. A energia de compactação utilizada na realização
destes ensaios é hoje conhecida como energia de compactação "Proctor Normal". A
seguir são listadas, de modo resumido, as principais fases de execução de um ensaio de
compactação.
Ao se receber uma amostra de solo (no caso, deformada) para a realização de um ensaio
de compactação, o primeiro passo é colocá-la em bandejas de modo que a mesma
adquira a umidade higroscópica (secagem ao ar). O solo então é destorroado e passado
na peneira #4, após o que adiciona-se água na amostra para a obtenção do primeiro
ponto da curva de compactação do solo. Para que haja uma perfeita homogeneização de
umidade em toda a massa de solo, é recomendável que a mesma fique em repouso por
um período de aproximadamente 24 hs.
Introdução à Energia, Regulação e Mercado 69
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Após preparada a amostra de solo, a mesma é colocada em um recipiente cilíndrico com
volume igual a 1000ml e compactada com um soquete de 2500g, caindo de uma altura de
aproximadamente 30cm, em três camadas com 25 golpes do soquete por camada, como
demonstra fig. 9.1 apresentada adiante.
Este processo é repetido para amostras de solo com diferentes valores de umidade,
utilizando-se em média 5 pontos para a obtenção da curva de compactação.
De cada corpo de prova assim obtido, determinam-se o peso específico do solo seco e o
teor de umidade de compactação.
Após efetuados os cálculos dos pesos específicos secos e das umidades, lançam-se
esses valores (γd;w) em um par de eixos cartesianos, tendo nas ordenadas os pesos
específicos do solo seco e nas abcissas os teores de umidade, como se demonstra na fig.
9.2.
8.5. Curva de Compactação
A partir dos pontos experimentais obtidos conforme descrito anteriormente, traça-se a
curva de compactação do solo, apresentada na fig. 9.2. Nota-se que na curva de
compactação o peso específico seco aumenta com o teor de umidade até atingir um valor
máximo, decrescendo com a umidade a partir de então. O teor de umidade para o qual se
obtém o maior valor de γd (γ dmax) é denominado de teor de umidade ótimo (ou
simplesmente umidade ótima).
O ramo da curva de compactação anterior ao valor de umidade ótima é denominado de
"ramo seco" e o trecho posterior de "ramo úmido" da curva de compactação. No ramo
seco, a umidade é baixa, a água contida nos vazios do solo está sob o efeito capilar e
exerce uma função aglutinadora entre as partículas. À medida que se adiciona água ao
solo ocorre a destruição dos benefícios da capilaridade, tornando-se mais fácil o rearranjo
estrutural das partículas. No ramo úmido, a umidade é elevada e a água se encontra livre
na estrutura do solo, absorvendo grande parte da energia de compactação.
Na fig. 9.2 é apresentada também a curva de saturação do solo. Como no processo de
compactação não conseguimos nunca expulsar todo o ar existente nos vazios do solo,
todas as curvas compactação (mesmo que para diferentes energias) se situam à
esquerda da curva de saturação. Pode-se mostrar que a curva de saturação do solo pode
ser representada pela eq. 9.1, apresentada adiante.
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8.6. Energia de compactação
Embora mantendo-se o procedimento de ensaio descrito no item 9.3, um ensaio de
compactação poderá ser realizado utilizando-se diferentes energias. A energia de
compactação empregada em um ensaio de laboratório pode ser facilmente calculada
mediante o uso da eq. 9.2, apresentada a seguir.
Influência da energia de compactação na curva de compactação do solo À medida em que se aumenta a energia de compactação, há uma redução do teor de
umidade ótimo e uma elevação do valor do peso específico seco máximo. A fig. 9.3
apresenta curvas de compactação obtidas para diferentes energias.
Tendo em vista o surgimento de novos equipamentos de campo, de grande porte, com
possibilidade de elevar a energia de compactação e capazes de implementar uma maior
velocidade na construção de aterros, houve a necessidade de se criar em laboratório
ensaios com maiores energias que a do Proctor Normal. Surgiram então as energias do
Proctor Modificado e Intermediário, superiores à energia do Proctor Normal. As energias
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de compactação usuais são de 6 kgf⋅cm/cm3 para o Proctor normal, 12,6 kgf⋅cm/cm3 para
o Proctor Intermediário e 25kgf⋅cm/cm3 para o Proctor Modificado. Na tabela 9.1
apresenta-se uma comparação entre os padrões adotados para a realização dos ensaios
de compactação por diferentes órgãos.
8.7. Influência da compactação na estrutura dos solos A fig. 9.4 apresenta a influência da compactação na estrutura dos solos. Conforme se
pode observar desta figura, as estruturas formadas no lado seco da curva de
compactação tendem a ser do tipo floculada, enquanto que no lado úmido da curva de
compactação formam-se solos com estruturas predominantemente dispersas.
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Quando o objetivo principal do processo de compactação é a redução da permeabilidade,
é normal que os ensaios sejam realizados acima da umidade ótima (geralmente algo em
torno de 2%). Isto é feito de forma a se gerar uma estrutura dispersa do solo, com grãos
orientados na direção perpendicular ao esforço de compactação empregado. Deve-se
ressaltar contudo que a conjugação de altas energias de compactação de campo e
elevados valores de umidade podem conduzir a um processo de orientação excessivo das
partículas sólidas, resultando em um fenômeno indesejável de desplacamento das
partículas conhecido como laminação. A fig. 9.5 ilustra a aparência de um solo
compactado acima da umidade ótima e com grandes energias de compactação.
8.7. Influência do tipo de solo na curva de compactação
A influência do tipo de solo na curva de compactação é ilustrada na fig. 9.6, apresentada
adiante. Conforme se pode observar desta figura, os solos grossos tendem a exibir uma
curva de compactação com um maior valor de γdmax e um menor valor de wot do que solos
contendo grande quantidade de finos. Pode-se observar também que as curvas de
compactação obtidas para solos finos são bem mais "abertas" do que aquelas obtidas
para solos grossos.
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8.8. Escolha do valor de umidade para compactação em campo
Conforme relatado anteriormente, a compactação do solo deve proporcionar a este, para
a energia de compactação adotada, a maior resistência estável possível. A fig. 9.7
apresenta a variação da resistência de um solo, obtida por meio de um ensaio de
penetração realizado com uma agulha Proctor, em função de sua umidade de
compactação. Conforme se pode observar desta figura, quanto maior a umidade menor a
resistência do solo.
Pode-se fazer então a seguinte indagação: Porque os solos não são compactados em
campo em valores de umidade inferiores ao valor ótimo? A resposta a esta pergunta se
encontra na palavra estável. Não basta que o solo adquira boas propriedades de
resistência e deformação, elas devem permanecer durante todo o tempo de vida útil da
obra.
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8.10. Equipamentos de campo Os princípios que estabelecem a compactação dos solos no campo são essencialmente
os mesmos discutidos anteriormente para os ensaios em laboratório. Assim, os valores de
peso específico seco máximo obtidos são fundamentalmente função do tipo do solo, da
quantidade de água utilizada e da energia específica aplicada pelo equipamento que será
utilizado, a qual depende do tipo e peso do equipamento, da espessura da camada de
compactação e do número de passadas sucessivas aplicadas.
A compactação de campo se dá por meio de esforços de pressão, impacto, vibração ou
por uma combinação destes. Os processos de compactação de campo geralmente
combinam a vibração com a pressão, já que a vibração utilizada isoladamente se mostra
pouco eficiente, sendo a pressão necessária para diminuir, com maior eficácia, o volume
de vazios inter-partículas do solo.
8.10.1. Soquetes São compactadores de impacto utilizados em locais de difícil acesso para os rolos
compressores, como em valas, trincheiras, etc. Possuem peso mínimo de 15kgf, podendo
ser manuais ou mecânicos (sapos). A camada compactada deve ter 10 a 15cm para o
caso dos solos finos e em torno de 15cm para o caso dos solos grossos (ver fig. 9.8).
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8.10.2. Rolos Estáticos 8.10.2.1. Pé-de-Carneiro É um tambor metálico com protuberâncias (patas) solidarizadas, em forma tronco-cônica
e com altura de aproximadamente de 20cm. Podem ser auto propulsivos ou arrastados
por trator. É indicado na compactação de outros tipos de solo que não a areia e promove
um grande entrosamento entre as camadas compactadas.
A camada compactada possui geralmente 15cm, com número de passadas variando entre
4 e 6 para solos finos e de 6 a 8 para os solos grossos. A fig. 9.9 ilustra rolos
compactadores do tipo pé-de-carneiro. A fig. 9.10 ilustra o aspecto da superfície de solo
compactado após o uso do péde- carneiro.
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8.10.2.2. Rolo Liso Trata-se de um cilindro oco de aço, podendo ser preenchido por areia úmida ou água, a
fim de que seja aumentada a pressão aplicada. São usados em bases de estradas, em
capeamentos e são indicados para solos arenosos, pedregulhos e pedra britada, lançados
em espessuras inferiores a 15cm.
Este tipo de rolo compacta bem camadas finas de 5 a 15cm com 4 a 5 passadas. Os rolos
lisos possuem pesos de 1 a 20t e freqüentemente são utilizados para o acabamento
uperficial das camadas compactadas. Para a compactação de solos finos utilizam-se rolos
com três rodas com pesos em torno de 10t, para materiais de baixa plasticidade e 7t, para
materiais de alta plasticidade. A fig. 9.11 ilustra rolos compactadores do tipo liso. Os rolos
lisos possuem certas desvantagens como: Pequena área de contato. Em solos de
pequena capacidade de suporte afundam demasiadamente dificultando a tração.
Necessidade de melhoria do entrosamento entre camadas por escarificação (fig. 9.12).
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8.10.2.3. Rolo Pneumático Os rolos pneumáticos são eficientes na compactação de capas asfálticas, bases e
subbases de estradas e indicados para solos de granulação fina a arenosa. Os rolos
pneumáticos podem ser utilizados em camadas de mais espessas e possuem área de
contato variável, função da pressão nos pneus e do peso do equipamento.
Pode se usar rolos com cargas elevadas obtendo-se bons resultados. Nestes casos,
muito cuidado deve ser tomado no sentido de se evitar a ruptura do solo. A fig. 9.13 ilustra
alguns tipos de rolo pneumático existentes.
8.10.3. Rolos Vibratórios Nos rolos vibratórios, a freqüência da vibração influi de maneira extraordinária no
processo de compactação do solo. São utilizados eficientemente na compactação de
solos granulares (areias), onde os rolos pneumáticos ou Pé-de-Carneiro não atuam com
eficiência. A espessura máxima da camada é de 15cm.
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8.11. Controle da Compactação Para que se possa efetuar um bom controle da compactação do solo em campo, temos
que atentar para os seguintes aspectos:
- tipo de solo
- espessura da camada
- entrosamento entre as camadas
- número de passadas
- tipo de equipamento
- umidade do solo
- grau de compactação alcançado
Assim, alguns cuidado devem ser tomados:
1) A espessura da camada lançada não deve exceder a 30cm, sendo que a espessura da
camada compactada deverá ser menor que 20cm.
2) Deve-se realizar a manutenção da umidade do solo o mais próximo possível da
umidade ótima.
3) Deve-se garantir a homogeneização do solo a ser lançado, tanto no que se refere à
umidade quanto ao material.
Na prática, o procedimento usual de controle da compactação é o seguinte:
- Coletam-se amostras de solo da área de empréstimo e efetua-se em laboratório o
ensaio de compactação. Obtêm-se a curva de compactação e daí os valores de peso
específico seco máximo e o teor de umidade ótimo do solo.
- No campo, à proporção em que o aterro for sendo executado, deve-se verificar, para
cada camada compactada, qual o teor de umidade empregado e compará-lo com a
umidade ótima determinada em laboratório. Este valor deve atender a seguinte
especificação: wcampo - 2% < wot < wcampo + 2%. Nas figs. 9.15 e 9.16 são apresentadas fotos
ilustrativas de processos de aeração e umedecimento da camada de solo a ser
compactada, respectivamente. É importante frisar que o solo a ser compactado deve
passar, preferencialmente, por uma etapa de repouso para equalização de umidade, de
pelo menos um dia. No momento da compactação o valor de umidade do solo deve sofrer
somente alguns ajustes.
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- Determina-se também o peso específico seco do solo no campo, comparando-o com o
obtido no laboratório. Define-se então o grau de compactação do solo, dado pela razão
entre os pesos específicos secos de campo e de laboratório (GC = γd campo / γdmax. )x100.
Deve-se obter sempre valores de grau de compactação superiores a 95%.
- Caso estas especificações não sejam atendidas, o solo terá de ser revolvido, e uma
nova compactação deverá ser efetuada.
Para a determinação da umidade no campo utiliza-se normalmente o umidímetro
denominado "Speedy". Este aparelho consiste em um recipiente metálico,
hermeticamente fechado, onde são colocadas duas esferas de aço, a amostra do solo da
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qual se quer determinar a umidade e uma ampola de carbureto (carbonato de cálcio
(CaC2)). Para a determinação da umidade, agita-se o frasco, a ampola é quebrada pelas
esferas de aço e o CaC2 combina-se com a água contida no solo, formando o gás
acetileno, que exercerá pressão no interior do recipiente, acionando o manômetro
localizado na tampa do aparelho. Com o valor de pressão medido, os valores de umidade
são obtidos através de uma tabela específica, que correlaciona a umidade em função da
pressão manométrica e do peso da amostra de solo (ver fig. 9.17).
Existem outros métodos também utilizados para determinar a umidade no campo, tais
como a queima do solo com a utilização de álcool ou de uma frigideira. Quando possível,
deve-se procurar utilizar a estufa. Outros métodos ainda de utilização não muito difundida,
estão ganhando espaço no mercado. Destaca-se aí o uso de equipamento micro-ondas,
onde a umidade do solo pode ser determinada em cerca de meia hora e a sonda de
nêutrons, equipamento bastante utilizado na área agrícola para medidas de teores de
umidade do solo.
Para a determinação do peso específico seco do solo compactado, os métodos mais
empregados são o do frasco de areia e a cravação de um cilindro de volume interno
conhecido na camada de solo compactada. No caso do frasco de areia, faz-se um
cavidade na camada do solo compactado, extraindo-se o solo e pesando-o em seguida.
Para se medir o volume da cavidade, coloca-se o frasco de areia com a parte do funil para
baixo sobre a mesma e abre-se a torneira do frasco, deixando-se que a areia contida no
frasco encha a cavidade por completo. O volume de areia que saiu do frasco é igual ao
volume de solo escavado, de modo que o peso específico do solo pode ser determinado.
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A fig. 9.18 apresenta uma seqüência de passos adotados na cravação de um cilindro
rígido em uma camada de solo compactada. Após a cravação, o solo é rasado e o peso
do cilindro mais o solo é determinado.
Uma outra forma de se verificar a resistência do solo compactado é através da cravação
da Agulha de Proctor, que consiste de uma haste calibrada a qual está ligada a um
êmbolo apoiado sobre uma mola. Este aparelho permite medir o esforço necessário para
fazer penetrar a agulha na camada compactada. Os valores de resistência obtidos nesse
ensaio são utilizados no controle da compactação em campo.
- Influência do Número de Passadas do Rolo Com o progresso da compactação em campo, o número de passadas do rolo vai
perdendo a sua eficiência na compactação do solo. Deste modo, a compactação dos
solos em campo é definida para um determinado número de passadas, normalmente
inferior a 10. Este número dependerá do tipo de solo a ser compactado, do tipo de
equipamento disponível, e das condições particulares de cada caso. No caso de grandes
obras, empregam-se geralmente aterros experimentais para se determinar o número
ótimo de passadas do rolo.
Em geral, 8 a 12 passadas do rolo em uma camada de solo a ser compactada é
suficiente.
Caso com 15 passadas não se atinja o valor do peso específico seco determinado, é
recomendável que se modifique as condições antes fixadas para a compactação.
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8.12. Índice de Suporte Califórnia (ISC) O Índice de Suporte Califórnia é utilizado como base para o dimensionamento de
pavimentos flexíveis. Para a realização do ensaio de ISC, são confeccionados corpos de
prova no valor da umidade ótima (wot), utilizando-se três diferentes energias de
compactação (a maior energia empregada sendo aproximadamente igual à energia do
Proctor modificado). O ensaio ISC visa determinar:
- Propriedades expansivas do material.
- Índice de Suporte Califórnia.
Para a determinação do Índice de Suporte Califórnia teremos que passar por três fases
anteriores: a execução de um ensaio de compactação, na energia do Proctor Modificado,
a preparação dos corpos de prova, o ensaio de expansão e finalmente o ensaio de
determinação do Índice de Suporte Califórnia ou CBR ("California Bearing Ratio"),
propriamente dito.
8.12.1. Ensaio de Compactação Este ensaio é realizado de maneira similar àquela apresentada para o ensaio de
compactação na energia do Proctor Normal. Neste caso, as dimensões do cilindro de
compactação geralmente utilizadas são dadas pela fig. 9.19 e a energia de compactação
empregada corresponde à do Proctor Modificado (vide tabela 9.1, coluna AASHTO).
Antes de começar a execução do ensaio, coloca-se um disco espaçador no cilindro de
compactação, conforme demostrado na fig. 9.19, cuja função é permitir a execução dos
ensaios de expansão e CBR.
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O solo a ser utilizado na compactação do corpo de prova deve passar pela malha de
19mm (3/4") e ser moldado na umidade ótima determinada anteriormente.
8.12.3. Ensaio de Expansão Após concluída a preparação do corpo de prova, retira-se o disco espaçador, inverte-se o
cilindro e coloca-se a base perfurada na extremidade oposta. No espaço vazio deixado
pelo disco espaçador encaixa-se um dispositivo com extensômetro a fim de se determinar
as medidas de expansão sofridas pelo solo.
São colocados também sobre o corpo de prova um contrapeso não inferior a 4,5kgf que
simulará o peso do pavimento a ser construído sobre este solo. O conjunto desta forma
preparado é colocado num tanque d'água por um período de quatro dias. Durante este
período, são feitas leituras no extensômetro de 24 em 24 horas.
Algumas especificações adotadas para os solos a serem utilizados na construção de
pavimentos flexíveis são:
- Subleitos: Expansão < 3%
- Subbases: Expansão < 2%
8.12.4. Determinação do CBR ou ISC O Índice de Suporte Califórnia representa a capacidade de suporte do solo se comparada
com a resistência à penetração de uma haste de cinco centímetros de diâmetro em uma
camada de pedra britada, considerada como padrão (CBR = 100%).
O ensaio é realizado colocando-se o molde cilíndrico (corpo de prova e contrapeso) em
uma prensa, onde se fará penetrar um pistão de aço a uma velocidade controlada e
constante, medindo-se as penetrações através de um extensômetro ligado ao pistão,
como demonstra a fig. 9.20. Três corpos de prova são preparados na umidade ótima com
12, 26 e 55 golpes, determinando-se o valor de γd obtido para cada corpo de prova. Após
a imersão em água durante quatro dias, mede-se, para cada corpo de prova, a resistência
à penetração de um pistão com φ = 5 cm, a uma velocidade de 1,25 mm/min, para alguns
valores de penetração pré-determinados (0,64mm; 1,27; 1,91; 2.54; 3,81; 5,08mm; etc.).
Os valores de resistência ao puncionamento assim obtidos, para os valores de
penetração de 0,1" e 0,2", são expressos em percentagem das pressões padrão
(correspondentes a um ensaio realizado com pedra britada), sendo que o CBR é então
calculado através das relações abaixo, adotando-se o maior valor encontrado para cada
corpo de prova. Nas eqs. 9.3 e 9.4, os valores das pressões estão expressos em kgf/cm2,
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sendo 70 kgf/cm2 o valor da pressão padrão para uma penetração de 0,1" e 105 kgf/cm2 o
valor da pressão padrão para uma penetração de 0,2".
Com os valores obtidos dos três corpos de prova traça-se o gráfico apresentado na fig.
9.21. O valor do Índice de Suporte Califórnia é determinado como sendo igual ao valor
correspondente a 95% do γdmax determinado para a energia do Proctor Modificado. O valor
de Índice de Suporte Califórnia assim obtido é utilizado para avaliar as potencialidades do
solo para uso na construção de pavimentos flexíveis. A eq. 9.5, por exemplo, apresenta
uma correlação empírica utilizada para se estimar, a partir do I.S.C., o módulo de
elasticidade do solo.
Figura 8.20 - Equipamento utilizado na determinação do ISC ou CBR. Apud Vargas (1977).
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9. INVESTIGAÇÃO DO SUBSOLO
9.1. Introdução
Qualquer projeto de engenharia, por mais modesto que seja, requer o conhecimento
adequado das características e propriedades dos solos onde a obra irá ser implantada. As
investigações de campo e laboratório requeridas para obter os dados necessários para
responder a
essas quest es são chamadas de exploração do subsolo ou investigação do subsolo.
Os principais objetivos de uma exploração do subsolo são:
- determinação da profundidade e espessura de cada camada do solo e sua extensão na
direção horizontal;
- determinação da natureza do solo: compacidade dos solos grossos e consistência dos
solos finos;
- profundidade da rocha e suas características (litologia, mergulho e direção das
camadas, espaçamento das juntas, planos de acamamento, estado de decomposição);
- localização do nível d'água (NA);
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- obtenção de amostras (deformadas e/ou indeformadas) de solo e rocha para
determinação das propriedades de engenharia;
- determinação das propriedades "in situ" do solo por meio de ensaios de campo.
O programa de investigação do subsolo deve levar em conta o tipo e a importância da
obra a ser executada. Isso quer dizer que, determinadas estruturas como túneis,
barragens e grandes edificações exigem um conhecimento mais minucioso do subsolo do
que aquele necessário à construção de uma pequena residência térrea, por exemplo. É
importante ressaltar, que mesmo para estruturas de pequeno porte é extremamente
importante o conhecimento adequando do subsolo sobre qual está se trabalhando, pois a
negligência na obtenção dessas informações podem conduzir a problemas na obra com
prejuízos de tempo e recursos para recuperação. Usualmente, a estimativa de custo de
um programa de investigação do subsolo está entre 0,5 a 1% do custo da construção da
estrutura, sendo a percentagem mais baixa referente aos grandes projetos e projetos sem
condições críticas de fundação e a percentagem mais alta ligada a projetos menores e
com condições desfavoráveis.
Um programa de investigações deve ser executado em etapas, quais sejam:
a) Reconhecimento: nesta etapa procura-se obter todo o tipo de informação necessária
ao desenvolvimento do projeto, através de documentos existentes (mapas geológicos,
fotos aéreas, literatura especializada) e visita ao local.
b) Prospecção: obtém-se, nesta etapa, as características e propriedades do subsolo, de
acordo com as necessidades do projeto ou do estágio em que a obra se encontra.
Assim, a prospecção pode ser divida em fase preliminar, complementar e localizada. A
fase de prospecção preliminar deve fornecer os dados suficientes para a localização das
estruturas principais e estimativas de custos. Nesta fase serão executados os ensaios in
situ e retirada de amostras para investigação por meio de ensaios de laboratório, etc.
Na fase complementar, como o próprio nome já indica, são feitas investigações adicionais
com o objetivo de solucionar problemas específicos. Finalmente, a fase de prospecção
localizada, deverá ser realizada quando as informações obtidas nas fases anteriores são
insuficientes para um bom desenvolvimento do projeto. Usualmente, os métodos de
prospecção do subsolo para fins geotécnicos usados na etapa de prospecção se
classificam em métodos diretos (poços, trincheiras, sondagens a trado, sondagens de
simples reconhecimento, rotativas e mistas), métodos semidiretos (Vane test, CPT e
ensaio pressiométrico) e métodos indiretos ou geofísicos. Além desses, temos a coleta de
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amostras indeformadas por meio de blocos indeformados ou por meio de amostradores
de parede fina. A seguir esses métodos serão apresentados.
c) Acompanhamento: Esta etapa tem a finalidade de avaliar o comportamento previsto e
o desempenhado pelo solo, sendo geralmente feita através de instrumentos instalados
antes e durante a construção da obra para a medida da posição do nível d'água, da
pressão neutra, tensão total, recalque, deslocamento, vazão e outros.
9.2. Métodos de prospecção geotécnica 9.2.1. Métodos diretos São perfurações executadas no subsolo destinadas a observar diretamente as diversas
camadas do solo, em furos de grande diâmetro, ou obter amostras ao longo do perfil, em
furos de pequenos diâmetros. Os métodos diretos podem ser classificados em manuais
(poços, trincheiras e sondagem a trado) e mecânicos (sondagem a percussão, rotativa e
mista).
9.2.1.1. Poços Os poços são perfurados manualmente com o auxílio de pás e picaretas, sendo a
profundidade máxima limitada pela presença do nível d'água ou desmoronamento das
paredes laterais. O diâmetro mínimo do poço deve ser da ordem se 60cm, para permitir a
movimentação do operário dentro do mesmo. Os poços permitem, através do perfil
exposto em suas paredes, um exame visual das camadas do subsolo e de suas
características de consistência e compacidade, bem como, a coleta de amostras
indeformadas na forma de blocos (ver item 10.2.1.7).
10.2.1.2. Trincheiras São valas escavadas mecanicamente por meio de escavadeiras. Permitem um exame
visual e contínuo do subsolo, segundo uma direção e permitem, também, coleta de
amostras deformadas e indeformadas.
10.2.1.3. Sondagem à trado A sondagem a trado é uma perfuração executada manualmente no subsolo com o auxílio
de trados, (fig. 10.1). A perfuração é feita com os operadores girando a barra horizontal
acoplada à haste vertical do trado, em cuja extremidade oposta encontra-se o elemento
cortante (broca ou cavadeira). A cada 5 ou 6 rotações, o trado deve ser retirado a fim de
remover o material acumulado em seu corpo, o qual deverá ser colocado em sacos
plásticos devidamente etiquetados.
Esse material pode ser usado no laboratório para identificação visual e táctil das camadas
e determinação da umidade do solo.
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A sondagem a trado é, usualmente, utilizada em investigações preliminares do subsolo,
até uma profundidade da ordem de 10m e acima do NA. Tem como principal vantagem a
de ser um procedimento simples, rápido e econômico. Porém as informações obtidas são
apenas do tipo de solo, espessura de camada e posição do lençol freático, sendo também
possível a coleta de amostra deformadas e acima do NA. Esse processo de perfuração
não deve ser usado para solos contendo camadas de pedregulhos, matacões, areias
muito compactas e solos abaixo do nível d'água.
9.2.1.4. Sondagem a percussão ou de simples reconhecimento (SPT) É o método de sondagem mais empregado no Brasil, principalmente em prospecção do
subsolo para fins de fundações. Permite tanto a retirada de amostras deformadas e
determinação do NA, quanto a medida do índice de resistência a penetração dinâmica
(SPT), o qual é usado para obter, através de correlações, o comportamento de resistência
ao cisalhamento do solo, dentre diversos outros parâmetros do solo. Além disso, é um
ensaio de baixo custo, simples de executar, permitindo, ainda, a obtenção de informações
do estado de consistência e compacidade dos solos.
O procedimento do ensaio é normalizado pela ABNT através da norma NBR 6484/80. O
equipamento para execução da sondagem à percussão é constituído de um tripé
equipado com roldanas e sarilho que possibilita o manuseio de hastes metálicas ocas, em
cujas extremidades fixa-se um trépano biselado (faca cortante) ou um amostrador padrão
(fig. 10.2). Fazem parte do equipamento, tubos metálicos com diâmetro nominal superior
ao da haste de perfuração, coxim de madeira, martelo de ferro com 65kg para cravação
das hastes e dos tubos de revestimento, sendo este último destinado a revestir as
paredes do furo a fim de evitar instabilidade. O equipamento possui, ainda, um conjunto
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motor-bomba para circulação de água no avanço da perfuração, bem como amostrador
de parede grossa, trados cavadeira e espiral e trépanos.
O amostrador padrão ou amostrador Terzaghi-Peck, o único que deve ser usado no
ensaio, possui três partes, engate, corpo e sapata. É constituído de tubos metálicos de
parede grossa com corpo bipartido e ponta em forma de bisel (fig. 10.3). O engate tem
dois orifícios laterais para saída da água e ar e contém, interiormente, uma válvula
constituída por esfera de aço inoxidável.
A fig. 10.4 mostra um corte do amostrador padrão indicando suas principais dimensões.
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Em linhas gerais, o procedimento de execução de sondagens de simples reconhecimento
é um processo repetitivo, de modo que em cada metro de solo, são realizadas três
operações, abertura do furo (perfuração), ensaio de penetração e amostragem, as quais
serão comentadas a seguir. Em cada metro, faz-se, inicialmente, a realização do ensaio
de penetração dinâmica e amostragem, envolvendo 45 cm de solo ao total, sendo
posteriormente realizado o avanço por escavação do furo por um comprimento igual a
55cm. A fig. 10.5 mostra um esquema de execução da sondagem. Nos primeiros 45 cm é
conveniente que o ensaio de penetração não seja realizado.
Figura 9.5- Esquema de realização do ensaio de SPT.
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a) Perfuração: A perfuração é iniciada com o trado cavadeira de 100mm de diâmetro, até
a profundidade de 1 metro, instalando-se o primeiro segmento do tubo de revestimento. A
partir do segundo metro e até atingir o nível d'água a perfuração deverá ser feita com
trado espiral.
Abaixo do NA, a abertura do furo passa a ser feita por processo de lavagem por
circulação de água, usando o trépano como ferramenta de escavação. A lama, resultante
da desagregação do solo e água injetada, retornará à superfície pelo espaço anelar
formado pelo tubo de revestimento e hastes de perfuração, sendo depositada em um
reservatório próprio. Durante a lavagem, o mestre sondador ficará observando, na saída,
as amostras de lama para identificar possível mudança de camada de solo. O processo
de lavagem por circulação de água permite um rápido avanço do furo, sendo por isso
preferido pelas equipes de perfuração. Deve-se ressaltar contudo, que esse procedimento
não deve ser usado acima do NA, pois dificulta a determinação do nível d'água e altera as
características geotécnicas dos solos. Atingida a cota de ensaio, por qualquer dos
procedimentos, o furo deverá estar bem limpo para a realização do ensaio de penetração.
b) Ensaio de penetração: Atingida a cota de ensaio, conecta - se o amostrador padrão
às hastes de perfuração, posicionando-o no fundo do furo de sondagem. Em seguida, a
cabeça de bater é posicionada no topo da haste e o martelo é apoiado suavemente sobre
essa peça, anotando-se a eventual penetração do amostrador. A partir de um ponto fixo
qualquer, por exemplo o tubo de revestimento, marca-se na haste de perfuração um
segmento de 45cm dividido em três trechos de 15cm. O ensaio de penetração consiste na
cravação do amostrador no solo através de quedas sucessivas do martelo de 65kg,
erguido até a altura de 75cm e deixado cair em queda livre, como mostrado na fig. 10.6.
Procede-se a cravação de 45cm do amostrador, anotando-se, separadamente, o número
de golpes necessários à cravação de cada 15cm do amostrador.
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O resultado do ensaio de penetração será expresso pelo índice de resistência à
penetração dinâmica (N), conhecido como SPT (“Standard Penetration Test”). O SPT é
dado pela soma do número de golpes necessários para cravar os 30cm finais do
amostrador padrão.
c) Amostragem: A cada metro de profundidade, são coletadas amostras pela cravação
do amostrador padrão com o objetivo de identificar o solo "in situ" e/ou, posteriormente,
no laboratório para esclarecimento de dúvidas que por ventura venha a ocorrer. As
amostras obtidas são deformadas e comprimidas em função do impacto de cravação e
são adequadas apenas para caracterização e identificação táctil visual do solo. 106
Com a amostra colhida no amostrador e com o valor o SPT (soma dos número de golpes
para cravar os 30cm finais do amostrador) fazem-se a identificação e classificação do
solo, de acordo com a ABNT - NBR 7250/80, utilizando testes tácteis-visuais com a
finalidade de definir as características granulométricas, de plasticidade, presença
acentuada de mica, matéria orgânica e cores predominantes. De acordo com a norma
acima, o nome dado ao solo não deverá conter mais do que duas frações e sugere as
cores: branco, cinza, preto, marrom, amarelo, vermelho, roxo, azul e verde, podendo-se
usar claro e escuro, para o máximo de duas cores e o termo variegado quando não
houver duas cores predominantes.
Introdução à Energia, Regulação e Mercado 94
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Com o valor do SPT obtido em cada metro, os solos são classificados, quanto a
compacidade (solos grossos) e consistência (solos finos), conforme mostram as Tabelas
10.1 e 10.2. Nestas tabelas também estão apresentados os valores estimados de ângulo
de atrito, densidade relativa e resistência de ponta do cone (vide item 10.2.2.1), (qc), para
os solos arenosos e estimativa da resistência a compressão simples (Su), para os solos
argilosos.
As correlações existentes entre o SPT e a consistência das argilas, principalmente as
argilas sensíveis, podem estar sujeitas a erros, em virtude da mudança de
comportamento da argila em função de cargas dinâmicas e estáticas, provocando o
amolgamento (destruição da estrutura) e consequentemente modificando sua resistência
à penetração. Além disso, é importante ressaltar que os valores de N podem ser alterados
por fatores ligados ao equipamento usado, técnica operacional, bem como erros
acidentais. Os fatores ligados ao equipamento são:
- Forma, dimensões e estado de conservação do amostrador. O amostrador deve ter,
rigorosamente, as dimensões indicadas pela norma. Quanto maior a sua seção ou mais
espessa sua parede, maiores serão os índices de resistência à penetração obtidos.
Conforme discutido na capítulo de origem e formação dos solos, o uso do equipamento de
SPT em solos residuais jovens ou saprolíticos pode acarretar na perda da afiaçãodo bisel
do amostrador, resultando em uma maior dificuldade de cravação do mesmo e na
obtenção de valores de SPT superiores aos devidos para estas camadas.
Introdução à Energia, Regulação e Mercado 95
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- Estado de conservação das hastes e uso de hastes de diferentes pesos. Hastes com
massa maior levam a índices maiores, por absorver uma maior quantidade da energia
aplicada. As hastes devem ter massa variando entre 3,2 a 4,4kg/m.
- Martelo não calibrado e natureza da superfície de impacto (ferro sobre ferro). O coxim de
madeira deve estar, sempre, em boas condições, não deverá ocorrer golpes metalmetal.
- Diâmetro do tubo de revestimento: quanto maior o diâmetro do tubo de revestimento
maior a alteração que o solo, abaixo da ponta do tubo, poderá sofrer. Os tubos de
revestimento devem ser de aço, com diâmetro nominal interno de 67mm ou 76mm.
Os fatores ligados a técnica de operação são os seguintes:
- Variação da energia de cravação: o martelo deve cair em queda livre de uma altura
constante (75cm). É muito comum, com o transcorrer do dia, haver uma tendência, devido
ao cansaço, da altura de queda ir diminuindo e com isso aumentando-se os valores dos
índices;
- Processo de avanço da sondagem, acima e abaixo do nível d'água subterrâneo.
Conforme já comentado, a lavagem por circulação de água somente é permitida abaixo
do NA, devendo-se acima do NA usar o trado espiral.
- Má limpeza do furo. Presença de material no interior da perfuração. Furo não alargado
suficientemente para a livre passagem do amostrador.
Quanto aos erros acidentais, refere-se a erros na contagem do número de golpes, sendo
a maioria cometidos devido ao baixo nível de escolaridade do pessoal do grupo. São os
mais difíceis de serem constatados.
Os resultados de uma sondagem deverão ser apresentados em forma de relatório
contendo o perfil individual de cada furo, com as cotas, diâmetro do tubo de revestimento,
posições onde
foram recolhidas amostras, posição do N.A., resistência a penetração (SPT) e descrição
do solo, bem como um corte longitudinal (seção), onde podem ser evidenciadas as
seqüências prováveis das camadas do subsolo. O relatório fornecerá dados gerais sobre
o local e o tipo de obra, descrição sumária do equipamento e outros dados julgados
importantes. A fig. 10.7 apresenta um perfil individual de sondagem à percussão e a fig.
10.8, um perfil associado do subsolo. Na figura 10.8, o termo P/45 indicam uma
penetração de 45 cm devida apenas ao peso próprio da composição, sem a necessidade
de execução de qualquer golpe.
Introdução à Energia, Regulação e Mercado 96
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Considerações sobre o ensaio SPT Critérios de paralisação da sondagem a) quando em 3m sucessivos, se obtiver índices de
penetração maiores do que 45/15 (quarenta e cinco golpes para os quinze primeiros cm
de penetração);
b) quando, em 4m sucessivos, forem obtidos índices de penetração entre 45/15 e 45/30;
c) quando, em 5m sucessivos, forem obtidos índices de penetração entre 45/30 e 45/45.
d) Caso a penetração seja nula em 5 impactos do martelo, o ensaio deverá ser
interrompido, não havendo necessidade de obedecer o critério estabelecido acima. No
entanto, se esta situação ocorrer antes de 8,0m de profundidade, a sondagem deverá ser
deslocada até o mínimo de 4 vezes em posições diametralmente opostas, distantes 2,0m
da sondagem inicial.
e) Atingida a condição de impenetrável à percussão anteriormente descrita, a mesma
poderá ser confirmada pelo ensaio de avanço por lavagem, por 30minutos, anotando-se
os avanços para cada período de 10 minutos. A sondagem será dada como encerrada
quando nessa operação forem obtidos avanços inferiores a 5cm em cada período de
10minutos, ou quando após a realização de 4 ensaios consecutivos não for alcançada a
profundidade de execução do ensaio penetrométrico seguinte.
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Introdução à Energia, Regulação e Mercado 98
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Espaçamento entre cada sondagem
O espaçamento ou o número de sondagens e sua distribuição em planta dependerá do
tipo, tamanho da obra e da fase em que se encontra a investigação do subsolo.
Praticamente, é impossível estipular o espaçamento entre as sondagens antes de uma
investigação inicial, pois este será em função da uniformidade do solo. Quando a
estrutura tem sua localização bem definida dentro do terreno, a ABNT (NBR 8036) sugere
o número mínimo de sondagens a serem realizadas, em função da área construída,
conforme mostra a Tabela 10.3. Os furos devem ser internos à projeção da área
construída. Quando as estruturas não estiverem ainda localizadas, o número de
sondagens deve ser fixado, de modo que, a máxima distância entre os furos seja de 100m
e cobrindo, uniformemente, toda a área. A sondagem deverá ser executada até o
Introdução à Energia, Regulação e Mercado 99
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impenetrável ao amostrador ou até a cota mais baixa da isóbara igual a 0,10p, estimada
pelo engenheiro projetista da fundação, para o caso de fundações rasas.
Observação do nível d'água
Durante a execução da sondagem são feitas as determinações do nível d'água,
registando-se a sua cota e/ou a pressão que se encontra em campo (verificação da
existência de artesianismo). Quando detectar um grande aumento da umidade do solo
retirado com o trado helicoidal, a perfuração deverá ser interrompida e passa-se a
observar a elevação da água no furo até a sua estabilização, efetuando-se leituras a cada
5 minutos, durante 30 minutos. As leituras são efetuadas utilizando um pêndulo ou pio
elétrico. Sempre que houver paralisação dos serviços, antes do reinicio é conveniente
uma verificação da posição do nível d'água.
9.2.1.5. Sondagem rotativa A sondagem rotativa é empregada na perfuração de rochas, matacões e solos de alta
resistência. Tem como objetivo principal a obtenção de testemunhos (amostras de rocha)
para identificação das descontinuidades do maciço rochoso, mas permite ainda a
realização de ensaios "in situ", como por exemplo o ensaio de perda d'água ou infiltração.
O equipamento para a realização da sondagem rotativa compõe-se de uma haste
metálica rotativa dotada, na extremidade, de uma ferramenta de corte, denominada coroa,
bem como de barriletes, conjunto motor-bomba, tubos de revestimento e sonda rotativa.
As sondas rotativas imprimem o movimento de rotação, recuo e avanço nas hastes.
Introdução à Energia, Regulação e Mercado 100
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Através desse movimento, a coroa, que é uma peça constituída de aço especial com
incrustações de diamante ou vídia nas extremidades, vai desgastando a rocha e
permitindo a descida do tubo de revestimento e alojamento do testemunho no interior do
barrilete. As hastes são ocas, para permitir a injeção de água no fundo da escavação a
fim de refrigerar a coroa e carregar os detritos da perfuração até superfície. A utilização
de tubos de revestimento é indispensável quando as paredes do furo apresentarem-se
instáveis, com tendência ao desmoronamento, pondo em risco a coluna de perfuração. Os
revestimentos também são necessários quando se atravessa uma formação fraturada ou
muito permeável, causando perdas consideráveis de água de circulação. Os
revestimentos são tubos de aço com paredes finas mas de elevada resistência mecânica,
com comprimento de 1 a 3m, rosqueados nas extremidades.
A execução da sondagem rotativa consiste basicamente na realização de manobras
consecutivas de movimento rotativo para o corte da rocha. O comprimento da manobra é
determinado pelo comprimento do barrilete, em geral 1,5 a 3,0m. Terminada a manobra, o
barrilete é retirado do furo e os testemunhos são cuidadosamente retirados e colocados
em caixas especiais com eparação e obedecendo a ordem de avanço da perfuração.
Os resultados da sondagem são apresentados na forma de um perfil individual de cada
furo, contendo cotas e descrição dos testemunhos. A descrição dos testemunhos inclui a
classificação litológica (gênese, mineralogia, textura e cor), o estado de alteração da
rocha e o grau de fraturamento.
O estado de alteração é um fator qualitativo e subjetivo para expressar o grau de
alteração da rocha, a saber: rocha extremamente alterada ou decomposta, muito alterada,
medianamente alterada, pouco alterada.
O grau de fraturamento é expresso através do número de fragmentos por metro, o qual é
obtido dividindo-se o número de fragmentos recuperados em cada manobra pelo
comprimento da manobra. O critério adotado na classificação é o seguinte:
- ocasionalmente fraturada: 1 fratura/metro
- pouco fraturada: 1 - 5 fraturas/metro
- medianamente fraturada: 6 - 10 fraturas/metro
- muito fraturada: 11 - 20 fraturas/metro
- extremamente fraturada: > 20 fraturas/metro
- em fragmentos: pedaços de diversos tamanhos
Atualmente tem-se utilizado um parâmetro chamado RQD (Rock Quality Designation),
para expressar a qualidade das rochas. O RQD é dado pela relação entre a soma dos
Introdução à Energia, Regulação e Mercado 101
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comprimentos dos testemunhos com mais de 10cm dividido pelo comprimento da
manobra. A Tabela 10.4 apresentada a classificação da rocha em função do RQD.
9.2.1.6. Sondagem mista Sondagem mista é aquela em que são executados os processos de percussão
associados ao processo rotativo. Os dois métodos são alternados de acordo com as
camadas do terreno. É recomendada para terrenos com presença de blocos de rocha,
matacões, sobrejascentes a camadas de solo. A maioria dos casos de sondagem mista
inicia-se, pelo método à percussão, atingindo o impenetrável por esse método, reveste-se
o furo e passa-se ao processo rotativo. Quando ocorre novamente a mudança de material
(rocha para solo), interrompe-se a manobra e o furo prossegue por percussão com
medida do índice de resistência à penetração. Os resultados são apresentados conforme
já comentado anteriormente para cada caso.
9.2.1.7. Amostragem A amostragem é o processo de retirada de amostras de um solo com o objetivo de avaliar
as propriedades de engenharia do mesmo. As amostras obtidas podem ser de dois tipos:
amostras deformadas e indeformadas.
Amostras deformadas. As amostras deformadas são aquelas que conservam as
composições granulométrica e mineral do solo "in situ" e se possível sua umidade natural,
entretanto, a sua estrutura foi perturbada pelo processo de extração. São obtidas por
meio de pás,
picaretas, TR dos e amostradores de parede grossa. As amostras deformadas são
utilizadas para execução dos ensaios de caracterização do solo (granulometria, limites de
consistência, massa específica dos sólidos), ensaios de identificação táctil - visual, ensaio
de compactação e moldagem de corpos de prova, sob determinadas condições de grau
de compactação e teor de umidade.
Introdução à Energia, Regulação e Mercado 102
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Amostras indeformadas. São aquelas que conservam tanto as composições
granulométrica e mineral do solo, quanto o teor de umidade e a estrutura. O termo
indeformada quer dizer que a amostra foi submetida ao mínimo de perturbação possível,
pois qualquer método amostragem sempre produz uma modificação no estado de tensão
o qual está submetido essa amostra. As amostras indeformadas são usadas na execução
de ensaios de laboratório para obtenção dos parâmetros de resistência ao cisalhamento e
compressibilidade do solo. Podem ser obtidas por meio de blocos indeformados ou por
meio de amostradores de parede fina.
10. BIBLIOGRAFIA CONSULTADA AASHTO - American Association for State Highway and transportation officials. Standard specifications for transportation materials and methods of sampling and testing. Specifications, part 1 and tests, part 2, Washington, 1978. ABNT NBR 10838 - Solo - Determinação da massa específica aparente de amostras indeformadas, com o emprego de balança hidrostática ABNT NBR 10905 - Solo: ensaio de palheta in situ. ABNT NBR 12004 - Solo - Determinação do emax de solo não coesivo. ABNT NBR 12051 - Solo - Determinação do emin de solo não coesivo. ABNT NBR 3406/91 - Solo: Ensaio de Penetração do Cone in situ (CPT). ABNT NBR 5734 - Peneiras para ensaios. ABNT NBR 6122 (antiga NB 12) - Projeto e execução de fundações. ABNT NBR 6457 - Amostras de solo - Preparação para ensaios de compactação e caracterização. ABNT NBR 6459 - Solo - Determinação do Limite de Liquidez. ABNT NBR 6484/80 - Execução de Sondagens de Simples Reconhecimento dos Solos. Método de Ensaio. ABNT NBR 6491 - Reconhecimento e amostragem para fins de caracterização de pedregulho e areia. ABNT NBR 6497 - Levantamento geotécnico. ABNT NBR 6502 - Rochas e solos - Terminologia (1995). ABNT NBR 6508 - Grãos que passam na # 4,8mm, determinação da massa específica. ABNT NBR 7180 - Solo - Determinação do Limite de Plasticidade. ABNT NBR 7181 - Solo - Análise granulométrica. ABNT NBR 7182 - Solo - Ensaio de compactação. ABNT NBR 7183 - Solo - Determinação do limite e relação de contração. ABNT NBR 7250 - Identificação e descrição de amostras de solos obtidas em sondagens de simples reconhecimento dos solos.
Introdução à Energia, Regulação e Mercado 103
Curso de especialização em PCHs CERPCH/UNIFEI/FUPAI
ABNT NBR 8036 - Programação de sondagens de simples reconhecimento dos solos para fundações de edifícios. ABNT NBR 9603 - Sondagem à trado. ABNT NBR 9604 - Abertura de poço e trincheira de inspeção em solo com retirada de amostras deformadas e indeformadas. ABNT NBR 9820 - Coleta de amostras indeformadas de solo em furos de sondagem. ABNT NBR 9941 - Redução de amostra de campo de agregados para ensaio de laboratório. ASTM - ASTM Natural building stones; soil and rocks. Annual book of ASTM standards, part 19, Philadelphia, 1980. BARATA, F. E. Propriedades mecânicas dos solos. Ed. Livros técnicos e científicos S.A. Rio de Janeiro, 1984. BUENO, B. S. & VILAR, O. M. Mecânica dos solos. Gráfica EESC/USP, vols. 1e 2. São Carlos, 1985. CAPUTO, H. P. Mecânica dos solos e suas aplicações. Ed. Livros técnicos e científicos S.A, Vols. 1, 2 e 3. Rio de Janeiro, 1981. CASAGRANDE, A. Classification and identification of soils. Transactions, ASCE, vol. 113, pp. 901-930, 1948. CRIAG, R. F. Soil mechanics. Chapman & Hall, London, 1992. DE LIMA, M. J. C. P. Prospecção geotécnica do subsolo. Livros Técnicos e Científicos Editora S.A, 1983 GIACHETI, H. L. (1991). Estudo Experimental de Parâmetros Dinâmicos de Alguns Solos Tropicais do Estado de São Paulo. São Paulo, 1991, v.1, 232p. Tese (Doutoramento) - Escola de Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo. HOLTZ, R. & KOVACS. An introduction to Geotechnical Engineering. Prentice Hall, New Jersey, 1981. LAMBE, T. W. & WHITMAN, R. V. Soil Mechanics. John, Wiley & Sons, Inc. New York, 1969. MACHADO, S. L. Alguns conceitos de mecânica dos solos dos estados críticos. Gráfica EESC/USP. São Carlos, 1997. NOGUEIRA, J. B. BUENO. Mecânica dos solos. Gráfica EESC/USP. São Carlos, 1988. NOGUEIRA, J. B. Mecânica dos solos - Ensaios de laboratório. Gráfica EESC/USP. São Carlos, 1995. ORTIGÃO, J. A. R. Introdução à mecânica dos solos dos estados críticos. Ed. Livros técnicos e científicos S.A, Rio de Janeiro, 1993. PERLOFF, W. & BARON, W. Soil Mechanics. John, Wiley & Sons, Inc. New York, 1976. PINTO, C. S. Curso básico de Mecânica dos Solos. Oficina de textos, São Paulo, 2000. SANCHES, C. P. & SILVA, A. J. P. Caminhos Geológicos da Bahia. Convenio: PETROBRÁS/SBG/CPRM/GOVERNO DA BAHIA, s. d.. www.geocities.com/sbg-bahia. SKEMPTON, A. W. The colloidal activity of clays. III ICSMFE, Vol. 1, pp. 143-147, 1953.
Introdução à Energia, Regulação e Mercado 104
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UFBA/DCTM - Notas de aula do Setor de Geotecnia do DCTM, elaborada pelos professores Evangelista Cardoso Fonseca, João Carlos Baptista e Roberto Guimarães. VARGAS, M. Introdução à mecânica dos solos. Ed. Mcgraw-Hill, USP, 1977. VELLOSO, D. A e LOPES, F. R. Fundações - Critérios de projeto, Investigação do sub-solo e fundações superficiais. 2. ed. COPPE/UFRJ, Rio de Janeiro, 1996. VENKATRAMAIAH, C. Geotechnical Engineering. John, Wiley & Sons, Inc. New York, 1993.
Introdução à Energia, Regulação e Mercado 105
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PRÁTICAS LABORATORIAIS DE MECÂNICA DOS SOLOS
1. PERFIL DO SOLO
1.1 INTRODUÇÃO
O solo, devido a sua origem, apresenta diversos horizontes que se diferenciam pelas suas
propriedades. Essas diferenças auxiliam na distinção das classes de solo. “ Assim, a descrição de
perfil de solo é essencial para a taxonomia destes e para a avaliação da aptidão para fins
agrícolas, florestais ou outros usos”. (NETO et al , 1999).
Segundo NETO et al (1999), os perfis do solo devem ser descritos em trincheiras,
entretanto, para informações preliminares, podem ser usados barrancos ou cortes de estrada.
Para realizar a descrição dos perfis registram-se informações sobre a paisagem,
localização e características morfológicas como textura, estrutura, consistência, cor, etc.
A cor é uma característica facilmente observada em uma análise de perfil, separando os
seus diversos horizontes. Por isso, ela é utilizada para a classificação de solos desde a
antigüidade. A cor fornece, também, informações qualitativas sobre a composição mineralógica, a
presença de matéria orgânica e o ambiente de formação do perfil do solo.
A determinação da cor é padronizada internacionalmente pela Carta de Munssel. Nesta
carta encontram-se diversas páginas e cada uma delas representa um matiz do vermelho (5R)
ao amarelo (5Y).
1.2 OBJETIVOS
O objetivo desta prática é apresentar um perfil de solo presente em um corte de estrada,
separando diversos horizontes pela cor.
1.3 MATERIAS UTLIZADOS
Amostras de solo Carta de Cores de Munssel pisset contendo água.
Introdução à Energia, Regulação e Mercado 106
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2. COLETA DE AMOSTRAS DE SOLOS 2.1 INTRODUÇÃO A coleta de amostra de solo varia de acordo com os objetivos da análise que se pretende realizar. No entanto, mesmo com os diversos objetivos, deve-se dividir a área em porções homogêneas quanto ao relevo, tipo de drenagem e uso do terreno. A partir das amostras coletadas pode-se também, avaliar as propriedades . Algumas propriedades utilizam terra destorroada e outras dependem de amostras com sua estrutura original. Por isso, as amostras são divididas em:
a) amostras deformadas: não é necessário preservar o arranjamento natural do solo b) amostras indeformadas: onde se procura preservar as relações entre espaços dos poros e
material sólido, mantendo a estrutura original.
2.2 OBJETIVOS
Esta prática tem por objetivo a correta coleta, preparação e armazenamento das amostras
de solo para posteriores análises.
2.3 MATERIAIS UTILIZADOS
sacos plásticos etiquetados faca trado martelo pedológico peneira de malha de 2mm
2.4 METODOLOGIA
O primeiro passo a ser seguido é a limpeza da área de coleta das amostras. Em seguida, separam-se os horizontes do perfil, baseando-se em suas propriedades morfológicas, e inicia-se a coleta a partir do horizonte mais profundo para o mais superficial.
Quando for utilizado o trado, deve-se fazer raspagem superficial da vegetação no local de coleta e diferenciar as amostras em função da variação vertical das propriedades do solo, anotando-se as respectivas propriedades”. (NETO et al, 1999).
Finalmente para amostras deformadas do solo, segue-se o procedimento abaixo: 1) Etiquetar os sacos plásticos 2) registrar informações sobre o local de coleta (talhão, parcela, perfil, horizonte, etc.) e data da
amostragem. 3) coletar cerca de 1 Kg de solo, ou trado, no caso de terreno. 4) coletar cordões para observação posterior de propriedades morfológicas, e 5) levar para o laboratório, espalhando-as em bandejas ou jornais. Deixá-las secando
naturalmente (TFSE) por um período mínimo de 48 horas. Após a secagem, passar as amostras em peneiras de 2 mm de malha e armazená-las em recipientes adequados para posteriores análises.
Introdução à Energia, Regulação e Mercado 107
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3. DETERMINAÇÃO DA UMIDADE DO SOLO
3.1 INTRODUÇÃO
A água, se não for o principal, é um dos principais elementos encontrados no meio
em que vivemos. Dentre outras funções, ela “atua na formação do solo, pois é um dos mais ativos
agentes do intemperismo das rochas e minerais” (FERREIRA & DIAS, 1999).
Segundo NUNES (1958), o solo é constituído por partículas sólidas e de poros
cheios de ar, de água ou de ambos. A água é retida nos poros devido as forças de adsorção,
adesão e coesão, exercidas pelo solo; além do fato de que a sua molécula é composta de um
dipolo elétrico e a partícula do solo é eletricamente carregada.
A água retida nos poros se torna um importante veículo para o fornecimento de
nutrientes aos vegetais em crescimento, além de “controlar dois outros componentes, essenciais
ao crescimento normal aos vegetais: o ar e a temperatura do solo” (BUCKMAN & BRADY, 1967)
3.2 OBJETIVOS
Estas práticas têm por objetivos a determinação do teor de umidade presente na
amostra de solo.
3.3 MATERIAS UTLIZADOS
Cápsula Metálica balança técnica espátula pinça de metal estufa dessecador.
3.4. METODOLOGIA
Após a coleta e o correto armazenamento da amostra, pode-se realizar, em
laboratório, a determinação da umidade. Neste, a amostra úmida é colocada em cápsula metálica
Introdução à Energia, Regulação e Mercado 108
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numerada e de peso previamente conhecido (T). Em seguida, pesa-se o conjunto cápsula e
amostra úmida (Pu) e o transfere para a estuda a 105 – 110 ºC, por 24 horas. Após esse período,
retira-se a amostra e a deixa esfriar no dessecador. Efetua-se, então, a pesagem do conjunto
cápsula e amostra seca (Ps). O cálculo do teor de umidade é dado pela fórmula seguinte e é dita
umidade atual:
Mu = massa da amostra úmida = Pu – T (g)
Ms = massa da amostra seca = Ps – T (g)
100*[%]Ms
MsMuUa −=
Para se obter a umidade higroscópica ou residual, deve-se repetir o procedimento
acima. Porém, a amostra deve ser seca ao ar (terra fina seca ao ar – TFSA) e peneirada em
peneira com malha de 2 mm. As fórmulas são:
100*[%]
][][
TFSETFSETFSAUH
gTPsTFSEgTPuTFSA
−=
−=−=
Os resultados das determinações analíticas em laboratório devem ser expressos em % de
terra fina seca em estufa (TFSE). Como o manuseio da amostra de TFSE é bastante
problemático, visto que, ao ser retirada da estufa esta tem a capacidade de reidratar-se, emprega-
se um fator de correção. Este fator de correção é utilizado na correção dos resultados de análises
de solo feitas em TFSA para TFSE a 105ºC. Assim, tem-se:
TFSETFSAfc =
(uma casa decimal)
(três casas decimais)
Introdução à Energia, Regulação e Mercado 109
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3.5. RESULTADOS
UMIDADE ATUAL
Horizonte Pu [g] Ps [g] T [g] Ua [%]
UMIDADE HIGROSCÓPICA E FATOR DE CORREÇÃO
Horizonte Pu [g] Ps [g] T [g] Uh [%] fc
4. DETERMINAÇÃO DA TEXTURA E ÍNDICE DE FLOCULAÇÃO DO SOLO
- MÉTODO DA PIPETA -
4.1. INTRODUÇÃO
Sendo uma característica física bem estável, a “textura do solo apresenta a distribuição
quantitativa das partículas do solo quanto ao tamanho” (FERREIRA & DIAS, 1999), logo, é uma
característica de grande importância para a descrição, identificação e classificação do solo.
Segundo ANDRADE & SOUZA (1999), as três frações texturais do solo são: areia, silte e argila.
Para a quantificação destas frações texturais efetua-se uma análise granulométrica,
expressa em percentagem de cada fração em relação a fração total de terra fina seca em estufa
(TFSE).
A análise granulométrica favorece a identificação da classe textural, através do Diagrama
Triangular representada na FIGURA 4.1.
Introdução à Energia, Regulação e Mercado 110
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FIGURA 4.1 – Representação da classe textural do solo no Brasil pelo Diagrama Triangular (utilizado pela EMBRAPA)
Introdução à Energia, Regulação e Mercado 111
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4.2. OBJETIVOS
- Quantificação, em termos percentuais, das frações de argila, silte e areia nas amostras
coletadas.
- Identificação da classe textural dessas amostras, a partir do Diagrama Triangular.
- Determinação da porcentagem de argila floculada e índice de floculação
4.3 MATERIAIS UTILIZADOS
amostra de TFSE solução NaOH 1N balança dispersor elétrico agitador manual proveta de 1000 ml pipeta de 10 ml termômetro cadinho pisset contendo água destilada peneira de malha 0,053 mm estufa e dessecador.
4.4 METODOLOGIA
O método utilizado nesta prática para a separação de frações granulométricas é o Método
da Pipeta, mais trabalhoso e de melhor precisão.
Primeiramente, pesar 10 g de TFSE. Transferir a amostra para o copo do agitador elétrico,
com a ajuda de um pisset. Adicionar cerca de 150 ml de água destilada e 10 ml de NaOH 1N
(para a determinação de argila total). Deixar essa solução descansando por 15 minutos.
Decorrido esse tempo, agitar a solução por mais 10 minutos no dispersor elétrico e
transferi-la para a proveta de 1000 ml. Deve-se efetuar uma lavagem correta do copo, evitando
perdas das partículas do solo.
Completar o volume da proveta com água destilada, homogeneizar cuidadosamente a
solução com o agitador manual durante 1 minuto e medir a temperatura de suspensão. Com a
informação da temperatura, determina-se o tempo de sedimentação das frações silte e areia,
segundo a Lei de Stokes:
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onde: T – tempo de sedimentação (s);
η – viscosidade da água (de acordo com a temperatura);
h – altura de queda convencionada = 5 cm;
Dr – densidade real da partícula = valor médio de 2,65 g/cm3;
Df – densidade da água (de acordo com a temperatura);
g – aceleração da gravidade = 981 cm/s;
r – raio da menor partícula a se sedimentar = 0,0001 cm.
A TABELA 5.1, abaixo, relaciona a temperatura medida com os valores da viscosidade da
densidade da água.
TABELA 4.1 – Variação da viscosidade e densidade da água com a temperatura TEMPERATURA (ºC) VISCOSIDADE (Poise) DENSIDADE (g/cm3)
10 0.01307 0.99973
11 0.01271 0.99963
12 0.01235 0.99953
13 0.01202 0.99941
14 0.01169 0.99927
15 0.01139 0.99913
16 0.01109 0.99897
17 0.01081 0.99880
18 0.01053 0.99863
19 0.01027 0.99844
20 0.01002 0.99823
21 0.00978 0.99802
22 0.00955 0.99780
23 0.00933 0.99757
24 0.00911 0.99733
2r.g).DfDr.(2h.η.9
=T
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25 0.00890 0.99708
26 0.00871 0.99681
27 0.00851 0.99654
28 0.00833 0.99626
29 0.00815 0.99598
30 0.00798 0.99568
31 0.00781 0.99537
32 0.00765 0.99506
33 0.00749 0.99473
34 0.00734 0.99440
35 0.00719 0.99406
Para facilitar a análise utiliza-se o tempo médio da TABELA 4.2, seguinte, de acordo com a
temperatura medida.
TABELA 4.2 – Variação do tempo de sedimentação com a temperatura
TEMPERATURA (ºC)
TEMPO TEMPERATURA (ºC) TEMPO
10 5h11´ 23 3h43´
11 5h03´ 24 3h38´
12 4h55´ 25 3h33´
13 4h47´ 26 3h28´
14 4h39´ 27 3h24´
15 4h33´ 28 3h19´
16 4h26´ 29 3h15´
17 4h20´ 30 3h10´
18 4h12´ 31 3h07´
19 4h06´ 32 3h03´
20 4h00´ 33 2h58´
21 3h54´ 34 2h55´
22 3h48´ 35 2h52´
Após o tempo total de sedimentação, pipetar uma alíquota de 10 ml da suspensão,
colocando-se a pipeta no centro da proveta e a 5 cm da marca de 1000 ml. Em seguida, transferir
essa alíquota para um cadinho metálico previamente pesado e levar para a estufa, a 105ºC por 24
horas.
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A suspensão restante deve ser, então, passada por uma peneira de malha 0,053 mm, lavando-a em água corrente para eliminar a argila e o silte. O material retido na peneira é a fração areia. Transferir a areia retida na peneira para cadinho, previamente pesado, com o auxílio de um pisset. Levar à estufa a 105ºC por 24 horas. Finalmente, após as 24 horas, esperar esfriar em dessecador e obter o peso da argila e da areia.
Repetir a análise sem a utilização do NaOH e determinar o teor de argila dispersa em água
e calcular o índice de floculação
4.5. RESULTADOS
O cálculo dos percentuais de cada fração é dado pelas relações abaixo:
10 g de TFSE ----------- 1000 ml
x ----------- 10 ml
x = 0,1 g de TFSE
0,1 g de TFSE ----------- peso da argila + NaOH
100 g de TFSE ----------- w
w (%) = 1000 (peso da argila + NaOH)
Sabe-se que 1N de NaOH = 40 g/L.
40 g de NaOH ----------- 1000 ml (no preparo da solução)
x ----------- 10 ml
x = 0,4 g de NaOH
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0,4 g de NaOH ----------- 1000 ml (diluído na proveta)
y ----------- 10 ml (pipetado)
y = 0,004 g de NaOH
0,1 g de TFSE ----------- 0,004 g de NaOH
100 g de TFSE ----------- z
z = 4% de NaOH
Logo:
% de Argila = w – 4%
Os mesmos passos devem ser seguidos para o cálculo da percentagem de areia. Porém,
para uma melhor compreensão e facilidade nos cálculos, será utilizada a forma simplificada
dessas relações. Assim:
% de Argila = 1000 x (peso da argila – 0,004)
% de Areia = 10 x peso da areia
% de Silte = 100 – (%Areia + %Silte)
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5. DENSIDADE DO SOLO
- MÉTODO DO ANEL VOLUMÉTRICO -
5.1.INTRODUÇÃO
Conhecida como densidade global ou densidade aparente, a densidade do solo expressa a
relação existente entre a massa de sólidos e o volume total do solo, incluindo o espaço ocupado
pela água e pelo ar.
Ela é “uma propriedade física que reflete o arranjamento das partículas do solo, que por
sua vez define as características do sistema poroso” (FERREIRA & DIAS JR., 1999). Dessa
forma, depende da estrutura, da umidade, da compactação e do manejo do solo. Dependendo da
estrutura, a densidade do solo pode variar de 0,9 a 1,5 g/cm3.
Segundo NETO et al. (1999), é imprescindível que a amostra analisada seja uma amostra
indeformada, pois para a determinação da densidade, deve-se determinar o volume total de poros
presentes no solo.
5.2. OBJETIVOS
O objetivo desta prática é a determinação da densidade do solo.
5.3. MATERIAIS UTILIZADOS
amostra indeformada de solo balança cápsula metálica paquímetro cilindros de alumínio amostrador de UHLAND pisset facas ou espátulas estufa e dessecador. enxadão
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5.4. METODOLOGIA
Dentre os vários métodos para a determinação da densidade do solo, será adotado o
método do anel volumétrico.
Com o auxílio de um paquímetro, determina-se a altura e o diâmetro (em cm) do cilindro de
alumínio. Com esses dados, obtém-se o volume do cilindro, que posteriormente será ocupado
pelo solo. No caso, este será o volume total do solo (Vts, em cm3).
Em campo, acoplar o amostrador de UHLAND no cilindro de alumínio e, cravar o conjunto
no perfil, de forma que todo o cilindro seja ocupado pelo solo. Assim, será
obtida uma amostra indeformada. Caso o solo esteja muito seco, pode umidecê-lo com o auxílio
de um pisset.
Após a coleta, retirar o amostrador, e raspar o excesso de solo que se encontra fora do
cilindro utilizando uma faca ou uma espátula. Transferir o conteúdo desse cilindro para uma
cápsula metálica , previamente pesada (T), e levar para a estufa a 105ºC, por 24 horas. Decorrido
este tempo, deixar esfriando em dessecador e pesar a amostra (PS).
Em seguida, determina-se a densidade do solo utilizando-se as equações abaixo:
Vts = Vsólidos + Vporos = Vcilindro PVC = (π.d2.h)/4
Ms = Ps – T
Ds= Ms/Vts
onde: Ds – Densidade do solo (g/cm3)
Ps – peso da amostra seca em estufa + peso da cápsula metálica (g);
T – Peso da cápsula metálica (g);
Ms – massa do solo seco (g);
d – diâmetro do cilindro de alumínio (cm);
h – altura do cilindro de alumínio (cm);
Vts – volume total do solo (cm3).
-
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AMOSTRA PS (G) T (G) MS (G) D (cm) H (cm) VTS (cm3) DS (g/cm3)
6. ETERMINAÇÃO DOS LIMITES DE LIQUIDEZ E DE PLASTICIDADE DOS ÍNDICES DE PLASTICIDADE E DE CONSISTÊNCIA
6.1. INTRODUÇÃO
A consistência do solo é definida como sendo a manifestação das forças de coesão
e adesão, as quais são verificadas devido a variação do teor de umidade do solo. “Portanto,
modificações na consistência do solo, devido a variação do teor de umidade, afetará diretamente
a resistência do solo ao preparo, bem como a sua capacidade suporte de carga e sua resistência
a compressão” (DIAS JR., 1996).
A consistência é determinada por limites, os quais são teores de umidade que
separam os estados de consistência de um solo. Desse modo, o Limite de Liquidez (LL), separa o
estado liquido do plástico e o Limite de Plasticidade (LP) separa o estado plástico do sólido. Além
disso, chama-se índice de plasticidade (IP) o intervalo de umidade o qual o solo se encontra no
estado plástico.
Os limites de liquidez e plasticidade associados com o índice de plasticidade
possibilitam a determinação do índice de consistência. O índice de consistência é utilizado para
estimar a consistência das argilas, conforme TABELA 6.1 e o índice de plasticidade conforme
TABELA 6.2.
TABELA 6.1 – Estimativa da Consistência pelo índice de consistência
CONSISTÊNCIA ÍNDICE DE CONSISTÊNCIA
Mole < 0.5
Média 0.5 a 0.75
Rija 0.75 a 1.0
Dura > 1.0
Fluído denso < 0
Estado plástico < 0 > 1
Estado semi sólido ou sólido > 1
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TABELA 8.2 – Estimativa do índice de plasticidade
CONSISTÊNCIA ÍNDICE DE PLASTICIDADE
Não plástico IP = 0
Pouco plástico IP>1<7
Plasticidade média IP > 7<15
Muito plástico IP> 15
6.2. OBJETIVOS
O objetivo desta prática é a determinação dos limites de liquidez e de plasticidade,
além dos índices de plasticidade e de consistência.
6.3. MATERIAS UTLIZADOS
Limite de liquidez
amostra de solo balança cápsula metálica espátula peneira de 0.42mm proveta de 25 ml estufa dessecador cronômetro pisset cápsula de porcelana aparelho de Casa Grande cinzel curvo.
Limite de Plasticidade
amostra de solo peneira de 0.42mm placa esmerilhada balança cápsula metálica espátula estufa bastão cilíndrico demonstrativo pisset cápsula de porcelana
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6.4 METODOLOGIA
Limite de Liquidez
Primeiramente, deve-se passar a amostra do solo em uma peneira com malha de
0.42mm. Pesar cerca de 100 g e transferir para a cápsula de porcelana. Com o auxílio de uma
proveta, acrescentar cerca de 30 ml de água e homogeneizar a amostra com a espátula.
Espalhar essa amostra na concha do aparelho de Casagrande, de forma a ocupar
2/3 de sua área. A amostra deve, também, apresentar cerca de 1 cm de profundidade no centro
da concha. Com o cinzel curvo efetuar uma canelura no centro da amostra. Girar a manivela do
aparelho de modo a obter 2 golpes por segundo (utilizar o cronômetro) até que as bordas
inferiores da canelura se encontrem. O número de golpes deve estar entre 12 e 32.
Em seguida, deve-se coletar uma amostra transversal à canelura no ponto de
encontro das bordas, com cerca de 1 cm. Colocar essa pequena amostra numa cápsula metálica,
previamente pesada (T), efetuar o peso úmido (Pu) e levar para a estufa a 105ºC.
Repetir o procedimento por, pelo menos, mais três vezes acrescentando água
gradativamente. Ou seja, na primeira repetição acrescentar 1 ml de água; na segunda, 2 ml e na
terceira, 3 ml. Após 24 horas, efetuar o peso seco (Ps) de todas as cápsulas e determinar a
umidade.
Com os valores obtidos de umidade e números de golpes, deve-se confeccionar um
gráfico de nº de golpes X umidade. O eixo X (nº de golpes) deve estar em escala logarítmica.
Obtendo a equação característica da curva, determina-se o LL, o qual é a umidade obtida para 25
golpes.
Limite de Plasticidade
Peneirar a amostra de solo em peneira com malha de 0.42mm e pesar cerca de 15
g. Transferir essa amostra pra uma cápsula de porcelana e adicionar água para obter uma massa
homogênea. A umidade deve favorecer a formação de uma “bolinha”.
Com os dedos, comprimir essa “bolinha” sobre uma placa de vidro esmerilhada,
formando um bastão cilíndrico de 3 a 4 mm de diâmetro (a exemplo do bastão demonstrativo) até
se quebrar. Retirar uma pequena porção do cilindro, colocar em cápsula metálica previamente
pesada (T), efetuar o peso úmido (Pu) e levar para a estufa a 105ºC.
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Repetir o procedimento por, pelo menos, mais três vezes, adicionando água. Após
24 horas, efetuar o peso seco (Ps) e determinar a umidade.
O LP será a média aritmética de todas as umidades determinadas.
Com os valores do LL e do LP, pode-se determinar o índice de plasticidade (IP) pela fórmula:
LPLLIP −=
Desse modo, é possível a determinação do índice de consistência:
IPUaLLIC −
=
6.5. RESULTADOS
LIMITE DE LIQUIDEZ
HORIZONTE:
Nº da cápsula T(g) Pu(g) Ps(g) Ua(%) Nº de golpes Água (ml)
LL=
LIMITE DE PLASTICIDADE
HORIZONTE:
Nº da cápsula T(g) Pu(g) Ps(g) Ua(%)
LP =
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ÍNDICE DE PLASTICIDADE
IP =
ÍNDICE DE CONSISTÊNCIA
HORIZONTE:
LL LP IP Ua (%)
IC =
Consistência =
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ANDRADE, H. & SOUZA, J. J. (1999). “Solos: Origem, Componentes e Organização”, UFLA/FAEPE, Lavras, p. 118-119.
BUCKMAN, H. º & BRADY, N. C. (1967). “Natureza e propriedades dos solos”, Livraria Freitas bastos S.A., São Paulo, pp 30 e 190.
DIAS JR, M. R., (1996). “Notas de aulas de Física do Solo – Curso de Pós-graduação em Solos e Nutrição de Plantas”, UFLA/FAEPE, Lavras.
EMBRAPA – CNPS (1997). “ Manual de Métodos e Análise de Solos” , 2ª ed., Rio de Janeiro.
FERREIRA, M. M. & DIAS JR, M. S. (1999). “Física do solo”, UFLA/FAEPE, Lavras.
INSTITUTO MILITAR DE ENGENHARIA – Departamento de Engenharia de Fortificação e Construção. “Caracterização e Classificação de Solos”, aulas práticas de determinação de umidade.
MARSHALL, T. J. Taure, developmentand significance of soil structure. In: NEALE, G. J (ed.) Trans. of joint meeting of comissions IV e V (ISSS) Palmerston North, New Zeland, 1962. p. 243 – 247.
NETO, A. R.; LIMA, E.; ANJOS, L. H. C. & PEREIRA, M. G. (1999). “Roteiro de aulas práticas de morfologia e física do solo”, 3ª edição, ed. Seropédica.
NUNES, A. J. C. (1958). “Curso de Mecânica dos Solos e Fundações”, Ed. Globo, 1ª ed., Porto Alegre, pp. 18 e 28.
SIQUEIRA, J. O.; MOREIRA, F.M.;GRISI, B. M.; HUNGRIA, M.; ARAÚJO, R. S. Microrganismos e Processos Biológicos do solo: perspectiva ambiental. Brasília: EMBRAPA, 1994. 142p. (EMBRAPA. Documento, 45)