Download - Agroindústria Famíliar
Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas
Ano 7 • nº1063
Setembro/2013
Araçuaí
É com muita simplicidade, carinho e dedicação que seu Afonso Silva e Dona Alcimar Silva, da comunidade Baixa Quente, município de Araçuaí abriu as portas do seu canto acolhedor para compartilhar sua experiência de vida. Casados há 29 anos, pais de 06 filhos, sendo 05 mulheres e 01 homem, o casal vive sozinho em sua pequena propriedade, uma vez que os filhos já estão criados e a maioria vive na cidade.
Eles sempre lidaram com o trabalho no campo, e relatam que desde 1982, ano em que se casaram, têm uma sintonia muito grande com o trabalho na terra e é dela que
tiram seu meio de sobrevivência.
Seu Afonso conta que trabalhou por mais de 20 anos com o barro, fazia telhas e tijolos de maneira artesanal para comercializar na própria comunidade e nas cidades mais próximas.
“Contei com ajuda dos meus irmãos e vizinhos, éramos 10 pessoas, tudo era muito difícil, mas eu conseguia mantê-los só com a venda dos produtos que a gente fazia. Porém ao passar dos anos, os tijolos industriais começaram a tomar o lugar dos artesanais e, infelizmente, não consegui manter a produção e tive que acabar com a olaria. Lembro que foi difícil para todo mundo, mas graças a Deus as coisas foram se ajeitando, e em 2004 minha vida começou a tomar um rumo diferente, comecei a mini fábrica de cana-de-açúcar” relata seu Afonso
“Tudo começou com um carrinho de mão, trabalhei muito tempo com ele, levando e buscando as hortaliças, ia a pé mesmo, logo depois comprei um burro, e com o lucro do trabalho comprei uma charrete e mais um burro para ajudar a carregar tudo que eu extraia da minha propriedade, só que ao passar do tempo não estava dando, foi quando comprei uma moto, para atender todos os pedidos. Hoje em dia tenho um carrinho que me ajuda muito, arrumo tudo dentro dele e levo para as escolas, para feira, e as encomendas que tenho se não fosse o carro eu não daria conta de desenvolver as entregas, não foi nada fácil, mas eu não desisti”, relata seu Afonso com um sorriso gratificante.
Dona Alcimar, além de cuidar da casa e do quintal, ela trabalha em todas as etapas da produção dos doces, desde a fase inicial que é cortar e moer a cana, até a final que é ensacar para o consumo. Seu Afonso diz que sem ela seria impossível dar conta de todos os processos.
Quintal agroecológico do seu Afonso e dona Alcimar
Agroindústria Familiar
Os dois produzem rapaduras, rapadurinhas e
“tijolo” (um doce, típico da região do
Jequitinhonha, feito do melado da cana, mamão e
amendoim, sua textura é diferentes da rapadura).
70% (setenta por cento) da produção são entregues
nas escolas pelo Programa Nacional de
Alimentação Escolar (PNAE), do Governo Federal,
que é um programa que garante que no mínimo
30% dos alimentos comprados para as escolas
sejam da agricultura familiar. O objetivo é atender
às necessidades nutricionais dos alunosdurante
sua permanência em sala de aula.
A matéria-prima para a produção a (Cana) é encontrada uma parte em sua propriedade,
como a quantidade não é suficiente para produção planejada, ele negocia uma boa parte
com o cunhado e dois amigos que além de ajudá-los é um incentivo para sua própria
produção.
O tempo do casal é dividido na mini fábrica de cana-de-
açúcar e seus derivados e no rico quintal onde eles
tiram os produtos para consumo, e para a
comercialização na feira.
Os trabalhos que eles realizam em sua propriedade é
feito com água de um riacho, que passa próximo a casa
dele.
Seu Afonso diz que sua produção garante não só
alimentação da sua família, mas também dos seus
pequenos animais, ele usa os restos das hortaliças e da
cana que sobram da produção para alimentá-los.
Nos sábados, que são os dias da feira, Seu Afonso sai as 05h da manhã para levar os
produtos para serem comercializados na feira local de Araçuaí. Hortaliças em variedade,
mandioca, batatas doces, legumes, e diversos tipos de fruticultura, em maior quantidade
“citrus” (laranja, tangerina e limão), além dos doces que produzem. Seu Afonso diz que às
vezes já vai para a cidade com os produtos
encomendados, quando chega só faz a entrega, ele
diz que às vezes é uma luta, porque um quer, o
outro também e acaba rápido, nem sempre dá pra
todo mundo. Esclarece ele com um sorriso.
“Tudo que faço é com muito esforço, meu maior
sonho é ter condições de ampliar minha mini
fábrica, com equipamentos adequados, e poder
gerar renda como antes, não só pra minha família,
mas para poder beneficiar outras famílias também,
para que elas possam viver aqui em nossa
comunidade com dignidade”. Finaliza seu Afonso.
Plantação de Hortaliças
Rapaduras prontas para consumo
Rapadurinhas, para merenda escolar.
RealizaçãoApoio