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AGRONEGÓCIOS

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Conselho Editorial EAD Dóris Cristina Gedrat (coordenadora) Mara Lúcia Machado José Édil de Lima Alves Astomiro Romais Andrea Eick

Obra organizada pela Universidade Luterana do Brasil. Informamos que é de inteira responsabilidade dos autores a emissão de conceitos. A violação dos direitos autorais é crime estabelecido na Lei nº .610/98 e punido pelo Artigo 184 do Código Penal.

Edição Revisada

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APRESENTAÇÃO

Este livro tem por finalidade ajudar o leitor a entender os aspectos envolvidos no agronegócio brasileiro, como suas especificidades e potencialidades. O Brasil figura como um dos grandes players no mer-cado agroalimentar e por isso, faz-se necessário, cada vez mais, discu-tir os assuntos ligados ao agronegócio.

Este setor é responsável por muitos empregos diretos e indiretos, haja vista que o Brasil tem características que o levam a ser um país voltado a agricultura. Neste sentido, o agronegócio brasileiro tem evoluído sensivelmente ao longo dos últimos anos. Este desenvolvimento deve-se a um incremento na tecnologia aplicada, aliada a um maior desen-volvimento dos recursos humanos, cada vez mais capacitado, ao seu clima favorável, assim como uma grande extensão de terras agricultu-ráveis.

As projeções realizadas por especialistas da área garantem que esta expansão continuará a ocorrer e que o país figurará como um dos principais fornecedores mundiais de alimento.

Em se tratando de mercado interno, o consumidor brasileiro não ape-nas busca por uma maior qualidade nos produtos agroalimentares como também anseia por novos produtos. Esta mudança deve-se a uma melhoria na condição socioeconômica da população e a um maior acesso a informação. Devido a isso, a indústria agroalimentar precisa estar atenta as demandas do mercado, para responder o mais rápido possível às mudanças e continuar competitiva, seja no mercado inter-no, seja no externo.

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SOBRE O AUTOR

Dione Carina Francisco

É graduada em Medicina Veterinária pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS (2000) com especialização em Controle de Qualidade em Carnes, Leite, Ovos, Pescado e derivados pela Universi-dade Federal de Lavras –UFLA (2003) e é Mestre em Agronegócios pelo Centro de Estudos e Pesquisa em Agronegócios –CEPAN-UFRGS (2004). Atuou junto ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abasteci-mento, e, após, iniciou a carreira docente junto a Universidade Estadu-al do Rio Grande do Sul – UERGS (2004-2009) e a Universidade Lute-rana do Brasil –ULBRA onde leciona atualmente. É consultora de em-presas na área de implementação de programas de qualidade em ali-mentos.

Marcelo Silveira Badejo

Possui graduação em Engenharia Agrícola pela Universidade Luterana do Brasil (1998), mestrado em Agronegócios pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (2000) e doutorado em Agronegócios pela Uni-versidade Federal do Rio Grande do Sul (2005). Foi professor na U-NOESC (2005 -2006) nas disciplinas de gestão de custos, estratégia em agronegócio e mercados futuros e opções agropecuárias. Na Universi-dade Estadual do Rio Grande do Sul (2006-2008) atuou principalmente nos seguintes temas: gestão estratégica, gestão de custos - cadeia de valor e análise de cadeias produtivas. Atualmente é professor da FURG.

Sílvia Helena Galvão de Miranda

Possui graduação em Engenharia Agronômica- ESALQ-USP (1990) e Mestrado (1997) e doutorado (2001) em Economia Aplicada pela E-SALQ/USP. Atualmente é Professora Doutora – Departamento de Economia, Administração e Sociologia (LES) – ESALQ/USP, nas disci-plinas de Economia e Gestão do Agronegócio, Economia Internacional

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e Política e Planejamento Econômico, Pesquisadora no Centro de Estu-dos Avançados em Economia Aplicada (CEPEA):Coordenadora técni-ca do projeto Indicador de Preços do Arroz em Casca do RS – CEPE-A/ESALQ/BM&F. Pesquisadora nas áreas de economia internacional (Política Comercial - Barreiras sanitárias, técnicas e ambientais), agro-negócio e economia dos recursos naturais.

Valquiria Prezotto Ximenes

É graduanda em Ciências Econômicas na ESALQ/USP, desenvolvendo iniciação científica na área de economia internacional, no tema de barreiras sanitárias.

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SUMÁRIO

1 CONCEITOS E ESPECIFICIDADES DO AGRONEGÓCIO ........................................ 13

1.1 Visão sistêmica do agronegócio ............................................................... 14

1.2 Agribusiness (Agronegócios) ................................................................... 15

1.3 Commodity System Approach ................................................................... 15

1.4 Análise de Filière (Cadeia Agroindustrial) ................................................ 15

1.5 Sistema Agroindustrial (SAI) ................................................................... 17

1.6 Clusters .................................................................................................. 17

1.7 Redes ..................................................................................................... 17

1.8.Complexo Agroindustrial ......................................................................... 18

Ponto Final ................................................................................................... 18

Atividades .................................................................................................... 18

2 PANORAMA DO AGRONEGÓCIO BRASILEIRO ................................................... 20

Ponto Final ................................................................................................... 26

Atividades .................................................................................................... 27

3 MARKETING VOLTADO AO AGRONEGÓCIO........................................................ 29

3.1 Processamento de Informação................................................................. 33

3.2 Aprendizagem ......................................................................................... 33

3.3 Percepção dos alimentos pelos consumidores .......................................... 34

Ponto Final ................................................................................................... 37

Atividades .................................................................................................... 37

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4 DESENVOLVIMENTO DE NOVOS PRODUTOS AGROALIMENTARES ....................... 39

Ponto Final ................................................................................................... 47

Atividades .................................................................................................... 48

5 CERTIFICAÇÃO DE PRODUTOS AGROALIMENTARES ......................................... 50

5.1 Rótulo .................................................................................................... 51

5.2 Pureza .................................................................................................... 51

5.3 Produtos orgânicos ................................................................................. 52

5.4 Certificação interna ................................................................................ 52

5.5 Indicação geográfica .............................................................................. 52

Ponto Final ................................................................................................... 58

Atividades .................................................................................................... 58

6 PROGRAMAS DE QUALIDADE EM AGROINDÚSTRIAS ........................................ 60

6.1 Boas práticas de fabricação .................................................................... 60

6.2 Análise de perigos e pontos críticos de controle ........................................ 62

6.3 Programa 5S em agroindústrias ............................................................... 66

6.4 Norma ISO 22000 – Sistema de Gestão da Segurança Alimentar ............... 67

Ponto Final ................................................................................................... 68

Atividades .................................................................................................... 68

7 CANAIS DE DISTRIBUIÇÃO NO AGRONEGÓCIO ................................................. 70

Ponto Final ................................................................................................... 77

Atividades .................................................................................................... 78

8 A IMPORTÂNCIA ECONÔMICA DOS IMPACTOS DA INTRODUÇÃO DE PRAGAS EXÓGENAS NO BRASIL ...................................................................................... 79

8.1 Arcabouço legal sobre o assunto .............................................................. 80

8.2 O comércio internacional e o risco de entrada de pragas ........................... 82

8.3 Histórico de doenças que entraram no Brasil e prejuízos causados ............ 84

8.4 Estrutura da defesa sanitária no país ....................................................... 86

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Ponto Final ................................................................................................... 87

Atividades .................................................................................................... 87

9 GESTÃO DE CUSTOS NO AGRONEGÓCIO .......................................................... 89

9.1 Contabilidade de custos .......................................................................... 90

9.2 Método de gestão de custos ABC – Custeio Baseado em Atividades ........... 93

9.3 Aplicação do Método ABC ....................................................................... 94

Ponto Final ................................................................................................... 96

Atividades .................................................................................................... 96

10 COOPERATIVISMO NO AGRONEGÓCIO ........................................................... 98

10.1 Agropecuária Carolina: um caso de sucesso ............................................. 102

Ponto Final ................................................................................................. 103

Atividades .................................................................................................. 104

CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................ 105

REFERÊNCIAS NUMERADAS ............................................................................ 106

REFERÊNCIAS ................................................................................................ 110

GABARITO ...................................................................................................... 118

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1 CONCEITOS E ESPECIFICIDADES DO AGRONEGÓCIO

Dione Carina Francisco

Este capítulo objetiva colocar o leitor a par das correntes teóricas exis-tentes e sua utilização para a compreensão e desenvolvimento das cadeias agroindustriais.

Os cenários atuais da produção nacional e comércio internacional expressam o significativo aumento da participação das cadeias produ-tivas agroindustriais no Produto Interno Bruto Brasileiro e nas suas exportações, implicando em posições de destaque para o país no ran-king de fornecedores de alguns produtos no mercado externo. Contu-do, a globalização de capitais, tecnologias e mercadorias tem intensifi-cado a concorrência e exigido das empresas uma busca constante de melhoria de desempenho para tornar-se ou manter-se competitiva em seu segmento de atuação.

Com isso, o foco das empresas agropecuárias modifica-se da produção – ou seja, busca de melhoria técnica e redução de custos – para o con-sumo – busca de maior conhecimento do mercado e das preferências do consumidor (porque o último torna-se mais exigente em relação aos produtos que adquire).

O nível de competitividade alcançado por uma empresa depende de fatores internos - sua capacidade gerencial e operacional - e externos – relacionados às condições macroeconômicas no ambiente em que esta atua, como: contexto institucional, regulatório, infraestrutural e social do país onde está radicada e dos países com os quais transaciona; ca-racterísticas da demanda e da concorrência no setor.

O desempenho de atividades econômicas do setor agroindustrial, em particular, depende de condições climáticas já que os tipos de solos e características climáticas determinam a aptidão natural de um local para certos cultivos, criações ou atividades extrativistas, embora a tecnologia possa viabilizar a adaptação de espécies e de sistemas de produção às condições naturais.

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Em função da sua importância e das particularidades das atividades integrantes do Agronegócio, este vem despertando o interesse e dedi-cação de esforços de governantes, pesquisadores e profissionais. Cabe colocar que o setor tem algumas especificidades, tais como a sazonali-dade da produção, a perecibilidade dos produtos e a influência de fatores biológicos, que repercutem na produção animal e vegetal.

A sazonalidade da produção refere-se aos períodos de safra e entressa-fra, quer dizer, períodos em que há um aumento da produção interca-lando com períodos com pouca produção, o que faz com que os preços oscilem, sendo maiores na entressafra, como determina a lei de oferta e demanda; já no período de safra observa-se um decréscimo do valor pago pela produção. Para que não faltem produtos no mercado, há uma necessidade de investimentos em estocagem e conservação, mui-tas vezes necessitando transformar a matéria-prima em produto aca-bado.

A perecibilidade é outro fator que distingue o agronegócio dos demais setores. Após a colheita ou abate as matérias-primas iniciam um pro-cesso de deteriora, sendo necessário interferir nestes processos naturais para diminuir ou cessar este fenômeno. Há alguns alimentos que têm uma durabilidade de meses, semanas e outros de horas caso não seja realizado nenhum tipo de processo para conservá-lo.

Mais um dos fatores que diferenciam o agronegócio, é a questão da sanidade, seja ela vegetal, seja ela animal. As questões sanitárias inter-ferem na produtividade e também nas questões de comércio interna-cional, o que se chama de barreiras técnicas, ou barreiras não tarifárias. Conforme a Organização Mundial de Comércio (OMC), “barreiras técnicas às exportações são barreiras comerciais derivadas da utiliza-ção de normas ou regulamentos técnicos não transparentes ou que não se baseiem em normas internacionalmente aceitas ou, ainda, decorren-tes da adoção de procedimentos de avaliação da conformidade não transparentes e/ou demasiadamente dispendiosos, bem como de ins-peções excessivamente rigorosas” (AliceWeb,2009).

1.1 Visão sistêmica do agronegócio

Para que se compreenda na sua totalidade o agronegócio, é preciso compreender os componentes que dele fazem parte, assim como as inter-relações existentes entre os elos. Só assim é que políticas públicas e estratégias para cada setor podem ser formuladas. Esta visão sistêmi-ca permite analisar os setores a montante e a jusante da produção a-gropecuária, ou em outras palavras, pode-se analisar os fatores “antes da porteira” e “depois da porteira”.

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Os setores que fazem parte antes da porteira são aqueles necessários à produção, como insumos, máquinas, fertilizantes, medicamentos de uso veterinário, sementes. Já os setores depois da porteira englobam as atividades de beneficiamento, armazenamento, industrialização, dis-tribuição. Pode-se considerar ainda um setor dentro da porteira, com atividades voltadas a produção propriamente dita.

A seguir serão apresentadas as correntes metodológicas mais utilizadas no agronegócio.

1.2 Agribusiness (Agronegócios)

Conforme John Davis e Ray Goldberg1, o conceito de “agribusiness” ou agronegócios, é “a soma das operações de produção e distribuição de suprimentos agrícolas, das operações de produção nas unidades agrí-colas, do armazenamento, processamento e distribuição dos produtos agrícolas e itens produzidos a partir deles”. Corrobora com esse con-ceito Rastoin2, ao conceituar agribusiness como “um conjunto agregado de firmas envolvidas no processo de produção e distribuição de ali-mentos”.

A partir do termo agribusiness, derivaram-se outros, posto que este não considerava todos os atores. Daí surge a necessidade de um termo mais abrangente, que contemple até o consumidor final e não termine na agroindústria.

1.3 Commodity System Approach

Segundo Zylbersztajn3, a Commodity System Approach (CSA) parte da teoria neoclássica sobre o conceito matriz insumo-produto. Entretanto, Batalha4 coloca que Goldberg ao utilizar o conceito de CSA introduz o paradigma clássico da economia industrial – estrutura, conduta, de-sempenho.

1.4 Análise de Filière (Cadeia Agroindustrial)

De acordo com Morvan5, a abordagem de filière é uma ferramenta de análise prestigiada de uma grande parte da Escola Francesa de Eco-nomia Industrial; é um instrumento que sugere a imagem de atos su-cessivos, de estados a percorrer, de um modo de percurso obrigatório para atender um certo alvo. Conforme Rainelli e Morvan6, há cinco grandes concepções de filière, as quais são:

• A primeira diz respeito sobre a dimensão técnica da série de ope-rações conduzidas de uma matéria-prima a um produto final. A-

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qui, privilegiam-se as características exteriores à análise econômi-ca stricto-sensu e que dependem dos conhecimentos técnicos e ci-entíficos. A modificação da técnica de produção sobre um dado estágio da filière exerce efeitos sobre a série de operações, o produ-to final sendo considerado unicamente como resultado de um processo técnico. Em um dado produto podem coexistir várias filières.

• As estratégias dos agentes econômicos: as firmas exercem uma dominação sobre o conjunto de estados de produção através dos capitais e também de outros ativos. A filière serve então de refe-rência para analisar as estratégias das empresas. A abordagem mais geral diz respeito à existência da firma e suas fronteiras pela comparação de dois modos alternativos de organização das trocas: o mercado e a organização hierárquica, através das transações, corresponde na perspectiva da filière, à integração vertical, a análi-se das estratégias das empresas em termos de integração, quais as condições à montante ou à jusante, estuda a rentabilidade compa-rada das firmas integradas e especializadas.

• A filière como uma modalidade de corte do sistema produtivo: faz referência às relações de compra e venda existentes entre os ramos da economia, representadas por um tabela de entradas-saidas. Consiste em estudar as redes de trocas interindustriais ao interior das quais se executam as filières.

Segundo Morvan7, filière é uma sucessão de operações de transforma-ções dissociáveis, separáveis e ligadas entre elas por encadeamentos de técnicas. Pode-se mudar este espaço de técnicas através dos conheci-mentos científicos dominantes e da organização das relações de traba-lho. Esta abordagem de filière leva a admitir que a produção de um bem resulta de uma sucessão de operações em que cada uma delas constitui um estado necessário para a operação do estado seguinte. Dentro desta ótica é possível, a partir da descrição das etapas de pro-dução de carne de frangos, apontar os pontos críticos de perda de informação.

Conforme Farina e Zylberstajn8, entre as diversas diferenças entre o CSA e visão de filières está o fato de que o primeiro tende a focalizar em estudos mais recentes a importância do consumidor, visão não compartilhada pelo enfoque de filiéres. Além disso, o CSA defende o poder de mercado, enquanto a visão de filiéres aponta para alternati-vas de maior regulação e intervenção estatal.

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Para Souza9, “cadeia agroalimentar a uma série de conjuntos interati-vos envolvendo os fornecedores de serviços, insumos e máqui-nas/implementos, os sistemas produtivos agropecuário e agroflorestal, a indústria de processamento e transformação, a distribuição e o con-sumo final de alimentos”. Souza10 diz ainda que “O ponto central des-sa contribuição é o argumento de que o setor agropecuário pode ser decomposto em cadeias ou subsetores, cada uma das quais podendo ser conceitualmente distinta pela sua atenção a um determinado pro-duto, desde sua criação até o ponto do seu consumo.”

1.5 Sistema Agroindustrial (SAI)

Segundo Batalha11, o Sistema Agroindustrial (SAI) é considerado o conjunto de atividades concorrentes para a produção de produtos agroindustriais, desde a produção de insumos até a chegada do produ-to final ao consumidor. O conceito de SAI aproxima-se da definição de agribusiness. O SAI é composto por seis conjuntos de atores, quais se-jam: agricultura, pecuária e pesca; indústria agroalimentar; distribui-ção agrícola e alimentar; comércio internacional; consumidor; indús-trias e serviços de apoio.

1.6 Clusters

Pode-se definir cluster como sendo um aglomerado de empresas líde-res nos seus ramos em que há o apoio de outras empresas que forne-cem produtos e serviços. O que acontece em um cluster é que as rela-ções (inclusive de proximidade) permitem uma produção maior e melhor, obtendo assim um custo menor para o cluster todo.

No agronegócio o estudo de clusters mostra as inter-relações existentes entre cadeias em um espaço delimitado. Tomando-se como exemplo a cadeia de suínos, esta precisa da cadeia de insumos para fabricação de ração, sendo que estas empresas ainda fabricam outros produtos como óleo de soja e assim por diante. Em clusters é possível ter uma aprovei-tamento melhor dos produtos e subprodutos gerados pelas cadeias que dele participam.

1.7 Redes

Busch, citado por Souza12, As inter-relações dentro das cadeias agroa-limentares se constituem em redes, entendidas como um conjunto relacional de pessoas, animais, plantas, solo, meio ambiente, insumos, instituições, mercado de ciência e tecnologia, que se mantém unidos

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através do processo de negociação, persuasão e coerção para produção e processamento de produtos do setor agropecuário.

1.8.Complexo Agroindustrial

De acordo com Silva13, o primeiro autor a usar o termo complexo agro-industrial (CAI) no Brasil foi Alberto Passos Guimarães. Para ele, o CAI é uma integração técnico-produtiva, a qual está relacionada com o setor industrial a montante e a jusante.

Conforme Delgado14, o CAI brasileiro opera integrado com o Estado, derivando os grupos econômicos de capitais integrados. A regulação do Estado figura entre estes grupos de capitais, administrando os fi-nanciamentos.

Ponto Final

Como pode ser observado, há várias correntes metodológicas existen-tes. A aplicação de cada uma delas depende do objetivo a ser estuda-do, isto é, se o que se pretende é entender todos os elos ou estudar apenas uma parte da cadeia.

Indicações Culturais

Os livros na área de agronegócios que conceituam e abordam questões relacionadas a aplicação destas metodologias estão indicados a seguir:

BATALHA, M. O. (Org.). Gestão do agronegócio: textos selecionados, São Carlos: Ed.Ufscar, Ed.1, 2005.

CALADO, A. C. Agronegócio. São Paulo: Ed.Atlas, 2008.

ZYLBERSZTAJN, D.; NEVES, M. F.; NEVES, E. M. Agronegócio do

Brasil, São Paulo: Saraiva, 2006.

Atividades

1) Com relação aos clusters é possível afirmar: a) Que eles apenas existem na cadeia automobilística. b) Apenas o elo transformador da cadeia tem um aumento do

seu lucro. c) Há um melhor aproveitamento de produtos e subprodutos

das cadeias participantes do cluster. d) Apenas a e c estão corretas. e) Apenas a e b estão corretas.

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2) Em se tratando de filiére é correto afirmar: a) um conjunto constituído por um grupo de agentes concernes

a um produto agroalimentar, desde a produção até o consu-mo, e pelas relações que os entrelaçam.

b) filière é uma sucessão de operações de transformações disso-ciáveis, separáveis e ligadas entre elas por encadeamentos de técnicas.

c) filière é uma sucessão de atividades estreitamente imbricadas, ligadas verticalmente e que tem como objetivo principal res-ponder as necessidades dos consumidores.

d) apenas as alternativas a e c estão corretas. e) apenas as alternativas a, b e c estão corretas.

3) Por que é importante conhecer as especificidades do agronegócio? a) Devido a sazonalidade que exige que métodos de conservação

e estocagem sejam utilizados para atender sempre a deman-da.

b) Porque é necessário conhecer as doenças que acometem as produções agropecuárias, para prontamente interferir e solu-cionar o problema.

c) Devido a perecibilidade, que faz com que métodos de conser-vação ou transformação devam ser utilizados nas matéria-primas.

d) Apenas as alternativas a, b e c estão corretas. e) Nenhuma das alternativas está correta.

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2 PANORAMA DO AGRONEGÓCIO BRASILEIRO

Dione Carina Francisco

O agronegócio brasileiro tem um papel relevante em termos mundiais e para o desenvolvimento socioeconômico do país. Segundo dados do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), o Brasil possui 13% de toda a água doce disponível no planeta e 388 milhões de hectares de terras agricultáveis; soma-se a isso chuvas regulares e energia solar abundante, fatores que conseguem explicar o sucesso e o crescimento da atividade agropecuária no país.

Estas características fazem com que o Brasil figure como um dos mais importantes países produtores e fornecedores de alimentos. Frente a isso, vários produtos agropecuários fazem parte da pauta de exporta-ção do país. De acordo com dados da Controladoria Geral da União1 “As exportações do agronegócio brasileiro totalizaram, em 2008, US$ 71,806 bilhões, atingindo um crescimento de 22,9% em relação a 2007. O superávit comercial do setor foi de US$ 59,986 bilhões. O setor teve uma participação de 36,3% do total das exportações brasileiras”.

Segundo o MAPA2, o desempenho do agronegócio brasileiro pode ser atribuído ao preço das principais commoditiesa, o que vem acontecendo desde 2003. A diminuição do estoque de grãos em nível internacional somado a um aumento da demanda de países em desenvolvimento também são apontados como fatores que impulsionaram as exporta-ções brasileiras. A produção agrícola também tem outra utilização que tem aumentado a sua demanda: a produção de biocombustíveis.

Os principais produtos da pauta de exportações do agronegócio brasi-leiro continuam a ser o complexo de soja e o de carnes. Com relação ao de soja, comparando-se as exportações entre os anos de 2007 e 2008, o setor cresceu 58% (de US$ 11,381 bilhões para US$ 17,980 bilhões), em função principalmente da variação positiva dos preços. Os valores exportados de soja em grãos e de farelo de soja cresceram às taxas de

a São matérias-primas em estado bruto ou pouco processadas, como soja, café

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63,3% e 47,5%, respectivamente. O volume exportado de soja em grãos aumentou 3,3% (de 23,7 milhões de toneladas para 24,5 milhões de toneladas). As receitas de exportações de óleo de soja aumentaram 55,3% (de US$ 1,7 bilhão para US$ 2,7 bilhões) impulsionadas pelo aumento de preços, uma vez que a quantidade exportada diminuiu 1,1%. O farelo de soja também apresentou redução na quantidade de 1,5%, passando de 12,4 milhões de toneladas para 12,3 milhões de toneladas.3

De acordo com o MAPA4, o setor de carnes foi responsável por um acréscimo de 28,8% na receita, passando de US$ 11,3 bilhões em 2007 para US$ 14,5 bilhões em 2008. O impulso foi dado pelo setor avícola, enquanto as carnes bovina e suína apresentaram uma queda na quan-tidade, de 20,4% para a carne bovina e 15,3% para a carne suína, embo-ra o aumento de preços tenha compensado a queda no volume. O valor das exportações do setor sucroalcooleiro apresentou um cresci-mento de 19,7% entre 2007 e 2008. A quantidade de álcool exportada teve um acréscimo de 45%, enquanto a quantidade de açúcar exporta-da manteve-se estável, em torno de 19,5% milhões de toneladas.

De acordo com dados do MAPA5, outros produtos contribuíram para o aumento das exportações do agronegócio em 2008: café (22,4%; de US$ 3,9 bilhões para US$ 4,7 bilhões); produtos florestais (5,7%; de US$ 8,8 bilhões US$ 9,3 bilhões); fumo e seus produtos (21,6%; de US$ 2,2 bilhões para US$ 2,7 bilhões); e lácteos (80%, de 299 milhões para US$ 541 milhões).

Conforme dados do Conselho Nacional da Pecuária de Corte6 (2009), o rebanho bovino brasileiro era composto de 157,8 milhões de cabeças no ano de 1998, passando a 191,2 milhões em 2008. Já o abate de bovinos passou dos 30,2 milhões em 1998 para 40,5 milhões em 2008, e o con-sumo per capita que em 98 era de 35,8 Kg, passou para 37kg em 2008.

Embora tenha ocorrido um incremento no consumo e na produção de carne bovina brasileira, vários problemas afetaram em nível mundial o mercado desta carne, como a Encefalopatia Espongiforme Bovina (BSE), a qual teve como consequência uma diminuição da confiança por parte dos consumidores, principalmente o europeu (o que faz com que as carnes de aves e suínos tenham uma demanda maior). Neste sentido, a bovinocultura brasileira foi privilegiada, devido ao fato de produzir o chamado “boi verde”, o que culminou com a chegada do Brasil como maior exportador de carne bovina.

Os fatores que agem nesse sentido são a posição privilegiada por di-versidade climática, extensão territorial, qualidade edáfica, adaptabili-

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dade da raça zebuína aos trópicos e vocação do criador. Em 2000, têm-se 200 milhões de hectares de pastagens sendo utilizados, 1,8 milhão de propriedades, sete milhões de empregos, 700 empresas industriais de processamento, 100 de armazenagem e 55 mil pontos de comércio varejista. Além disso, o custo de produção no Brasil é 60% mais baixo que o australiano e 50% menor que o americano.

Neste sentido, há algumas iniciativas para divulgar a produção de novilho precoce, com vistas a atender o mercado cada vez mais exigen-te. Alianças mercadológicas parecem ser uma opção interessante para a cadeia bovina, entretanto, alguns problemas podem surgir, e devem ser observados. Conforme Espírito Santo7, são essas as dificuldades:

• Baixa integração frigorífico-produtor - relação adversária e de desconfiança.

• Pouco incentivo pago ao produtor - o consumidor ainda não tem informações suficientes quanto à qualidade das carnes e por isso adquire o produto pelo preço, impossibilitando o pagamento de prêmios satisfatórios aos produtores.

• Para o frigorífico - não cumprimento da entrega de animais con-forme a escala de abates negociada, reduzindo o volume de pro-duto entregue ao supermercado e dificultando as negociações. A-lém disso, o pequeno volume de animais abatidos, aliado ao prê-mio pago aos produtores, elevou os custos do novilho precoce e desestimulou a participação dos frigoríficos, que normalmente trabalham com margem mínima de lucro.

• Supermercados - têm menor interesse no dianteiro, restringindo sua aquisição, além de não repassar o prêmio pago pelos frigorífi-cos aos produtores, apesar do aumento de vendas constatado na gôndola.

Embora o País tenha alcançado tal posição, há inúmeros problemas que devem ser sanados, tais como a efetiva implementação da rastrea-bilidade. Para Perosa8, a cadeia da carne bovina caracteriza-se geral-mente por relações de conflito e oportunismo, sendo composto de segmentos fragmentados, sem um poder que sistematize e ordene as relações ao longo da cadeia.

Segundo Neves9, há na cadeia bovina um oportunismo nas relações contratuais e no tratamento do mercado e uma reduzida agressividade em marketing em negociações internacionais. Estes problemas coloca-ram o Brasil em desvantagem competitiva nos mercados internacionais

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por diversos anos, fazendo com que bilhões fossem perdidos. Os preju-ízos já causados a todo o sistema produtivo são enormes, pois, além das perdas tangíveis de volumes de exportação, devem ser considera-dos também os danos à imagem e reputação da pecuária nacional.

Entretanto, segundo o referido autor, a pecuária tem deixado de ser uma atividade com forte componente especulativo, passando a exigir ganhos de eficiência em todo o processo, surgindo a necessidade dos produtores e frigoríficos adaptarem-se a esta nova realidade sob pena de saírem do mercado.

Estes novos requerimentos começaram a surgir, principalmente, a partir da Portaria 304 de 1996 do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), que instituiu o Programa de distribuição de carnes bovina e bubalina, com a obrigatoriedade da distribuição ao comércio varejista de carne previamente embalada e identificada e a adoção da padronização dos cortes, a qual culminou com a Portaria nº 5, de 8 de novembro de 1988 do MAPA sobre a Padronização de cortes de carne bovina.

Após surgiu a necessidade da rastreabilidade, imposta, principalmen-te, pelos importadores de carnes, devido a incidentes como a BSEb. A rastreabilidade é definida pela ISO 900010 como a capacidade de encon-trar a história, o uso e a localização de um produto, por meio de uma identificação registrada.

De acordo com Yugue11, além de motivos técnicos, há três argumentos que justificam a utilização de sistemas de rastreabilidade. O primeiro é que seu emprego é um valor agregado e recurso de diferenciação do produto, por meio da certificação de origem e rotulagem. O segundo argumento diz respeito à proteção às exportações, por meio de infor-mações e respostas precisas e rápidas aos frequentes questionamentos sobre as condições de manufatura e distribuição em toda a cadeia produtiva, sabendo-se que meras desconfianças podem levar ao cance-lamento de muitos contratos e, evidentemente, dificultar o fechamento de outros. O terceiro é a relação de confiança que todas as empresas devem manter com os consumidores, cada vez mais conscientes de seus direitos e prerrogativas, exigentes e predispostos a reconhecer e valorizar a postura das organizações que o respeitam como cidadão.

De acordo com Chiocchetta e Santos Filho12, a avicultura é um dos setores que mais investem em equipamentos, tecnologias, inovação,

b BSE-Encefalopatia Espongiforme Bovina ou Doença da Vaca Louca. Acometeu centenas de pessoas na União Européia, levando muitas ao óbito.

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manejo e sanidade. As características deste setor são: alta competitivi-dade (inclusive entre países), extremamente tecnificado e sujeito a constantes mudanças na demanda, visto que as preferências do con-sumidor moderno mudam rapidamente.

Segundo Lima, Siqueira e Araújo13, ao final da década de 50, o Brasil começou a importar as linhagens híbridas americanas de frangos. O manejo e alimentação destes animais tiveram que ser modificados para atender as exigências destes frangos mais produtivos. Na década de 70, a indústria de frangos brasileira cresceu em média 12% a.a., sendo que os principais investimentos ocorreram na região Sul, uma região de grande produção de milho e de crescente produção de soja.

Conforme os referidos autores, a primeira metade da década de 80 foi um período de baixo crescimento da produção, decorrente da recessão na economia brasileira. Entretanto, o crescimento das exportações compensou esta queda. Nos dias de hoje, o segmento avícola é alta-mente competitivo, sendo que o alto nível tecnológico alcançado pela avicultura nacional, notadamente a de corte, colocou a atividade em posição privilegiada em relação a outras atividades pecuárias desen-volvidas no Brasil, com nível de produtividade internacional. Os Esta-dos Unidos são, ainda hoje, os maiores produtores de carne de frango, seguidos pela China e em terceiro lugar pelo Brasil. Com relação a exportação de carne de frango, o Brasil assume a liderança, com os EUA em segundo lugar e a União Européia em terceiro.

O consumo de carne de frango também é expressivo no mercado in-terno, o qual está na faixa dos 35kg per capita/ano, conforme dados da ABEF14. Os principais produtores brasileiros são os Estados do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.

Segundo Lima, Siqueira e Araújo15, a preferência do consumidor brasi-leiro tem sido por produtos frescos, partes congeladas e alimentos industrializados de conveniência. Devido a este tipo de demanda, as empresas têm oferecido produtos prontos para coser, produtos semi-preparados, que reduzem o tempo de dedicação caseira no preparo dos alimentos, produtos prontos para consumo, cozidos ou assados, cujo mercado cresce apesar da também crescente oferta de alimentos em redes de fast-food.

Esta breve contextualização da avicultura serve para demonstrar a importância desta atividade para o agronegócio brasileiro. De acordo com Zanatta16, essa capacidade está relacionada ao elevado grau de coordenação da cadeia agroindustrial, ou seja, à presença de uma es-trutura contratual, que permite a obtenção regular e padronizada de

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matéria-prima a preços muito mais estáveis do que os praticados no mercado interno.

A forma contratual permite planejar as exportações com antecedência e executá-las com eficiência, garantindo matéria-prima padronizada e não sujeita às oscilações de preço do mercado doméstico, além de facilitar a transferência de tecnologia e ajudar a suprir a escassez de crédito dos produtores. Ao contrário do que acontece no complexo agroindustrial da carne bovina, frigoríficos de carne de frangos, nos principais países produtores, trabalham em grande parte integrados à produção de frangos.

Ainda conforme o referido autor, ao contrário do que acontece no complexo agroindustrial da carne bovina, frigoríficos de carne de fran-gos, nos principais países produtores, trabalham em grande parte integrados à produção de frangos e têm na adoção de novas tecnologi-as um dos fatores mais importantes para a competitividade da cadeia. Sua relevância, contudo, está diretamente relacionada ao controle exercido pela indústria processadora como parte de sua estratégia de obtenção de matéria-prima de acordo com suas exigências. Nesse sen-tido, o papel dos produtores se reduz a aplicar um pacote tecnológico embutido nos insumos e meios de produção transferidos pela indústria integradora.

Com relação ao setor suinícola, de acordo com dados da ABCS17, o rebanho suíno brasileiro está concentrado na região sul, seguida pela reigão sudeste e centro-oeste. Conforme dados da Porkword18, a dis-ponibilidade interna de carne suína teve um comportamento decres-cente até 2005, de um lado, devido à forte expansão das exportações e, de outro, pelo aumento da oferta de carnes substitutas a preços mais atrativos para os consumidores, forçando a demanda doméstica encur-tar 16,0%. No entanto, nos últimos dois anos o consumo interno se recuperou, voltando a se situar no potencial entre 13,0 e 14,0 quilos per capita. Em termos mundiais, os maiores produtores são a China, União Européia, Estados Unidos e Brasil. O Brasil tem na Rússia o maior destino das suas exportações.

De acordo com Luz19, a comercialização de carne suína está merecendo bastante atenção no contexto socioeconômico brasileiro. É uma ativi-dade caracterizada por utilizar uma mão de obra familiar bastante significativa, muito embora tenha gerado nos últimos anos cerca de 2,5 milhões postos em trabalho direto e indireto, apenas na região Sul, São Paulo e Minas Gerais. Conforme Luz20, a cadeia suinícola ainda é reco-nhecida como o segmento do complexo agroindustrial que mais sofre com oscilação de preços. Os frigoríficos e as indústrias de ração e in-

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sumos possuem meios para se protegerem contra essas perdas econô-micas, recaindo todo o ônus sobre o produtor, que é quem sofre as maiores consequências.

Para a autora, um dos problemas apresentados pela cadeia é a gestão, na qual há a necessidade de uma avaliação, controle e gerenciamento, de forma eficaz, das atividades na propriedade, com o engajamento de todas as pessoas envolvidas, para que as oportunidades oferecidas sejam aproveitadas.

Conforme Gomes et al., citado por Luz21, a suinocultura brasileira apresenta grande variabilidade quanto a sistemas de produção utiliza-dos. As diferenças ocorrem mais acentuadamente entre as regiões geográficas brasileiras e também dentro das microrregiões. Existem propriedades que possuem raças especializadas na produção de carne e que são direcionadas à comercialização dos animais, onde os animais são alojados em instalações que variam de simples a sofisticadas, são alimentados com rações balanceadas e utilizam técnicas adequadas de manejo e de sanidade. Nessa categoria encontram-se tanto as proprie-dades familiares quanto as do tipo empresas rurais. Então fica a per-gunta:

Quais desses tipos de produção seriam os mais adequados a realidade brasileira?

Ponto Final

O agronegócio brasileiro atingiu os patamares atuais frente a investi-mentos em equipamentos, recursos humanos e também frente ao mar-keting exercido pelo governo brasileiro junto aos demais países. O fato de o país ter uma grande extensão de terras e processos de produção ainda extensivos, como no caso da bovinocultura de corte, faz com que, aos olhos dos países importadores, nossos produtos sejam vistos como de melhor qualidade, sendo produzidos com respeito ao meio-ambiente.

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Indicações Culturais

Sites

Ministério da Agricultura, pecuária e Abastecimento - MAPA

Disponível em: <http://www.agricultura.gov.br>

União Brasileira de Avicultura

Disponível em: <http://www.uba.org.br>

Associação Brasileira Ind Prod Exp Carne Suína

Disponível em: <http://www.abipecs.org.br>

Sugerimos ao leitor acessar os sites indicados para ter acesso a estatís-ticas e também a legislação vigente do setor.

Livros

ARAÚJO, M. J. Fundamentos de Agronegócios. 2. ed. São Paulo: A-tlas, 2005.

BATALHA, M. O. (Coord). Gestão do Agronegócio: textos seleciona-dos. São Carlos: UFSCAR, 2005. 19.

Os livros indicados abordam os fundamentos do agronegócio o que ajuda no entendimento do desenvolvimento deste setor no Brasil.

Atividades

1) O desenvolvimento do agronegócio brasileiro pode ser atribuído a quais fatores? a) A boa parte das terras que são, na sua maior parte, agricultá-

veis. b) Aos recursos humanos disponíveis, que são capacitados para

desenvolverem atividades no setor. c) Ao clima que ajuda na produção de grãos e na criação de a-

nimais de produção. d) Aos investimentos realizados em equipamentos e tecnologia e) Todas as alternativas anteriores estão corretas.

2) Com relação as exportações de produtos agroindustriais brasilei-ros:

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a) No caso da carne de aves, o Brasil exporta essa carne porque o consumo não tem aumentado ao longo dos anos.

b) O complexo soja tem verificado um aumento do preço dessa commodity em nível internacional.

c) O maior comprador de carne suína brasileira é a União Euro-peia, devido a falta de espaço observados naqueles países pa-ra a criação desses animais.

d) A carne bovina não figura entre os principais produtos da pauta de exportações brasileiras devido a queda do consumo após o episódio da doença da ‗vaca louca”.

e) O álcool ainda não é exportado porque a maioria dos países não tem tecnologia para utilização deste biocombustível.

3) Em se tratando da cadeia bovina de corte é correto afirmar:

a) Pode ser comparada a cadeia de aves, devido ao grau de inte-gração vertical.

b) É uma cadeia com assimetria de informações, devido a não in-tegração.

c) O corte dianteiro tem o mesmo valor que os cortes do traseiro, o que melhora a comercialização.

d) Os frigoríficos conseguem repassar ao supermercado a quan-tidade pretendida em função do recebimento correto do nu-mero de animais.

e) Todas as alternativas estão corretas.

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3 MARKETING VOLTADO AO AGRONEGÓCIO

Dione Carina Francisco

O marketing permite descobrir as necessidades, os desejos e as prefe-rências dos consumidores e, portanto, deve ser também aplicado ao agronegócio. Neste capítulo serão tratados o comportamento do con-sumidor, o processo de decisão de compra e a percepção que os con-sumidores tem a respeito dos alimentos.

De acordo com Rosa1, antes de abordar o marketing em si, é preciso ter a noção de mercado, o qual é a interação entre vendedores e compra-dores, no qual uma empresa oferta um produto que satisfaz uma ne-cessidade, embora para o consumidor o produto não seja algo apenas tangível, mas ele procura também a satisfação ao adquirir determinado produto.

Para Rosa2, o produto pode ser dividido em atributos e benefícios, sendo o primeiro um conjunto de características técnicas do produto, isto é, são tangíveis, passíveis de serem quantificadas e verificadas. Neste caso, o consumidor observa a parte física do produto. No caso dos benefícios, estes são as vantagens oferecidas por determinado produto, sendo intangíveis, qualitativas e subjetivas; é constatado na demonstração do produto. Para as empresas o importante é conhecer totalmente os benefícios que seu produto pode oferecer, com vistas a satisfação do seu cliente. Para isto é importante conhecer o comporta-mento do consumidor.

Segundo Engel, Blackwell e Miniard3, o comportamento do consumi-dor pode ser definido como “as atividades diretamente envolvidas em obter, consumir e dispor de produtos e serviços, incluindo os processos decisórios que antecedem e sucedem estas ações”.

Para Kotler, citado por Pinheiro4, desejos e necessidades dos consumi-dores. Ainda, o comportamento do consumidor é uma área interdisci-plinar, envolvendo métodos de várias áreas do conhecimento.

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Segundo Pinheiro et al.5, o comportamento do consumidor é a soma dos processos cognitivos, motivacionais e emocionais, sendo verificado tanto antes quanto depois da aquisição e consumo dos produtos. De acordo com Engel, Blackwell e Miniard6, os consumidores são influen-ciados por inúmeros fatores e determinantes no momento de decisão. Entre eles estão as diferenças individuais, influências ambientais e processos psicológicos. Esta é a teoria comportamental, surgida a par-tir da psicologia, como alternativa para a compreensão dos fatores cognitivos, motivacionais e emocionais. É ainda a partir da psicologia que surgem as teorias psicanalítica e cognitivista.

O processo de decisão é influenciado pelas diferenças individuais, fatores ambientais e fatores psicológicos. Cada um desses itens será explorado a seguir. Engel, Blackwell e Miniard7 colocam que há algu-mas categorias que norteiam as características individuais: os recursos do consumidor, as atitudes e a motivação.

Conforme Schiffmam e Kanuk8, a teoria econômica caracteriza a toma-da de decisão do consumidor como sendo racional, tendo este modelo sido chamado de teoria do homem econômico ou teoria da racionalidade econômica. Para que este comportamento racional fosse possível, seria necessário que o consumidor estivesse ciente de todas as alternativas de produto disponíveis, conseguisse distinguir em cada alternativa os benefícios e desvantagens e identificasse a melhor escolha. As críticas feitas a esse modelo devem-se ao fato de as pessoas serem limitadas, e os consumidores agirem em um mundo imperfeito.

Ainda sobre este tema, Pinheiro et al.9 consideram a teoria da raciona-lidade econômica limitada, exatamente porque não leva em considera-ção as diferenças individuais, sociais e culturais que permeiam o com-portamento do consumidor. Corroborando esta ideia, Engel, Blackwell e Miniard10 colocam que a decisão baseada nos recursos do consumi-dor envolve a renda, o tempo e os recursos cognitivos, os quais não são processados de maneira perfeita.

A atitude compreende três componentes, o cognitivo, o afetivo e o conativo. No comportamento cognitivo estão o conhecimento e as crenças. No afetivo encontram-se os sentimentos de uma pessoa em relação ao objeto da atitude. O componente conativo diz respeito à ação ou comportamento com relação ao objeto.

Para Schiffman e Kanuk11, motivação “é a força motriz interna dos indivíduos que os impele à ação. Esta força é produzida por um estado de tensão, que existe em função de uma necessidade não satisfeita. A motivação exerce um ´empurrão´ no indivíduo para ele se engajar em

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um comportamento que ele espera que vá satisfazer uma necessidade, e, então, reduzir a tensão”. A necessidade pode ser primária ou secun-dária.

As influências ambientais que afetam o processo decisório são a cultu-ra, a classe social, a influência pessoal e a família. Para Cuche12, a cul-tura é utilizada para pensar a unidade na diversidade da humanidade de outra maneira diferente da questão biológica. Permite ao homem poder adaptar-se ao meio, a si mesmo, as suas necessidades e aos seus projetos, por conseguinte, a cultura possibilita a transformação da natureza.

Para Rocha e Christensen13, a visão antropológica do comportamento do consumidor ajuda o marketing a compreender três aspectos:

a) entender as semelhanças e diferenças entre culturas e de que manei-ra isto impacta sobre o comportamento do consumidor;

b) compreender as semelhanças e diferenças entre subculturas e sua relação com a cultura maior em que estão inseridas;

c) entender as peculiaridades de cada cultura e dos elementos que a compõem.

Conforme Schiffman e Kanuk14, os antropólogos acreditam que haja três maneiras de aprendizagem cultural. A primeira seria a aprendiza-gem formal, na qual as pessoas da família, estas tendo mais idade, ensinam aos mais jovens como se comportar. A aprendizagem infor-mal é a que ocorre por meio da imitação, isto é, crianças imitam o comportamento de pessoas selecionadas, tais como família e amigos. Por último, tem-se a aprendizagem técnica, em que professores ensi-nam as crianças. O marketing muitas vezes é utilizado como aprendi-zagem informal, já que oferece modelos de comportamento a serem imitados.

Para Rocha e Christensen15, a cultura está permanentemente adaptan-do-se e ajustando-se, dependendo de três processos para o desenvol-vimento de novos padrões culturais: o acaso, a invenção e a imitação de outras culturas. Conforme Schiffman e Kanuk16 (2000), subcultura são subgrupos de uma sociedade, e consistem de pessoas parecidas com relação as suas origens étnicas, seus costumes e a maneira de se comportar. Os referidos autores definem subcultura como “um grupo cultural distinto que existe como um segmento identificável dentro de uma sociedade maior e mais complexa”.

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Rocha e Christensen afirmam17 que os membros de uma subcultura têm em comum com o restante da sociedade alguns padrões da cultura geral e partilham entre si alguns padrões específicos. O estudo das subculturas é importante devido aos padrões de consumo serem dife-rentes nas diversas regiões do Brasil, tendo destaque os hábitos ali-mentares.

De acordo com Engel, Blackwell e Miniard18, as classes sociais podem ser entendidas como divisões homogêneas numa sociedade, em que indivíduos ou famílias partilham valores parecidos. Estas pessoas apresentam comportamentos semelhantes devido a sua situação eco-nômica. Para os autores supra citados, as variáveis de maior importân-cia no estudo do comportamento do consumidor são: ocupação, de-sempenho pessoal, interações, posses orientações de valor e consciên-cia de classe. Conforme Schiffman e Kanuk19, as variáveis socioeconô-micas são de grande valia para a pesquisa do comportamento do con-sumidor. Estas são índices de variável única, na qual se encontram:

• Ocupação: muito bem aceita, implica em status ocupacional. Sua importância reside no fato que algumas profissões são mais recep-tivas a alguns produtos que outras.

• Instrução: a probabilidade de uma pessoa com maior nível de instrução ser melhor paga, faz com que exista uma estreita relação entre o nível de instrução e a renda do domicílio.

• Renda: a renda individual ou familiar é uma variável muito utili-zada para aproximar-se da condição da classe social. Entretanto, deve-se levar em consideração que a diferença de valores é um fa-tor importante para discriminar a classe social entre as pessoas e não o quanto elas ganham.

Segundo Silva e Batalha20, uma das preocupações das empresas agro-industriais diz respeito à tentativa de descobrir quais são as necessida-des dos consumidores atuais e potenciais e como satisfazê-las por intermédio de seus produtos e/ou serviços. Schiffman e Kanuk21 afir-mam que o processo de formação de opinião ocorre quando uma de-terminada pessoa influencia de maneira informal as ações ou atitudes de outras.

E de acordo com Engel, Blackwell e Miniard22, existe um grupo de referência, o qual pode ser uma pessoa ou grupo de pessoas que influ-encia o comportamento de outrem. Estes grupos fornecem padrões e valores que podem determinar como uma determinada pessoa pensa e se comporta. A família interfere no comportamento do consumidor

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devido ao fato que alguns produtos são adquiridos por uma unidade familiar e porque os membros da família influenciam as decisões de compra.

O autor ainda diz que há, no mínimo, cinco papéis exercidos pelos membros da família nas decisões de consumo, quais sejam:

• Iniciador: inicia na família o pensamento a respeito da compra de determinado produto e coleta as informações a respeito do mes-mo;

• Influenciador: os participantes da família o procuram para estabe-lecer os critérios que deverão usar para a compra;

• Decisor: escolhe como o dinheiro será gasto;

• Comprador: desempenha o papel de agente de compras; vai a loja ou procura os fornecedores;

• Usuário: pessoas que usam o produto.

Os processos psicológicos básicos que norteiam a decisão do consumi-dor são: o processamento de informação e a aprendizagem.

3.1 Processamento de Informação

Para Engel, Blackwell e Miniard23, pode-se definir como o “processo pelo qual um estímulo é recebido, interpretado, armazenado na me-mória e mais tarde recuperado”. De acordo com o autor, há cinco está-gios básicos no processamento de informações no modelo de William McGuire, que são:

• Exposição: estímulo que ativa um ou mais sentidos da pessoa;

• Atenção: capacidade de processar o estímulo recebido;

• Compreensão: interpretação do estímulo;

• Aceitação: impacto persuasivo do estímulo;

• Retenção: transferência do estímulo para a memória.

3.2 Aprendizagem

A aprendizagem, de acordo com Engel, Blackwell e Miniard24, é um processo no qual a experiência muda o comportamento e/ou atitudes.

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Insere-se neste conceito a abordagem cognitiva, na qual a aprendiza-gem é refletida por mudanças no conhecimento, valorizando os pro-cessos mentais que geram tal mudança. Em contrapartida, a aborda-gem behavorista interessa-se apenas pelos comportamentos observá-veis, considerando apenas as associações entre estímulos e respostas.

3.3 Percepção dos alimentos pelos consumidores

Humbert25 diz que a nutrição na história da humanidade sempre foi mais que um provedor de energia. Ela compreende não só as necessi-dades fisiológicas, mas sua dimensão simbólica e imaginária é um aspecto fundamental da relação que se estabelece entre os homens e os alimentos.

Conforme Proença26, há irregularidades em, praticamente, todos os grupos de alimentos, desde excesso de agrotóxicos em produtos vege-tais, até parasitas e drogas veterinárias em produtos animais. Com relação aos alimentos industrializados, as preocupações devem-se ao uso de aditivos aprovados em alguns países e proibidos em outros. Um dos tópicos mais controversos nesta questão envolve a manipula-ção genética dos alimentos, visando melhorar tanto seu rendimento e resistência a pragas quanto sua composição nutricional. Neste sentido, há uma tendência mundial que é a introdução do conceito de rastreabi-lidade do alimento e uma maior exigência com relação à rotulagem alimentar. O conceito de rastreabilidade envolve a recomposição da história do produto alimentício, com identificação e registro de cada etapa do processo.

Kohlrausch, Campos e Selig27 nos informam que em uma pesquisa sobre a importância do selo ambiental em produtos orgânicos, consta-tou –se que a maioria dos entrevistados sabia o que era um selo ambi-ental, entretanto, não sabiam identificá-lo no rótulo. Ao serem pergun-tados se fazia diferença no processo de compra um produto apresentar selo ambiental, 73% dos entrevistados responderam afirmativamente. Destes, 34% acredita que o selo apresenta credibilidade, garantia, con-fiança e segurança. Outros 21% acreditam que o selo deixa o consumi-dor mais informado e mostra a realidade do produto.

São poucas as pesquisas realizadas no Brasil sobre consumo de pro-dutos diferenciados no mercado. Estaria aí um nicho de mercado?

Para Oliveira e Thébaud-Mony28, a alimentação pode ser vista sob diferentes perspectivas, sendo as principais abordagens: a relação entre

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oferta e demanda (escassez ou excesso de alimentos), comportamento dos preços dos alimentos, renda dos consumidores, composição dos alimentos em termos de teor de proteínas, lipídios, carboidratos, vita-minas, minerais e fibras, destacando sua importância para a saúde, relações entre organização social do trabalho e acesso aos alimentos, diferenciação do consumo como decorrente da renda, ritmo e estilo de vida do indivíduo (perspectiva social); gostos e preferências, hábitos, tradições culinárias, repulsões, ritos e tabus - aspecto simbólico da alimentação. No Brasil, comumente se debate a situação alimentar na perspectiva do abastecimento em termos de: produção insuficiente e/ou associação entre fome/ desnutrição à má distribuição de renda. O desafio reside em integrar a tal abordagem puramente econômica, elementos capazes de diagnosticar a situação alimentar a partir da evolução dos hábitos e das necessidades alimentares da população.

Neste sentido, Spers29 diferencia a segurança alimentar da segurança do alimento, tendo o primeiro um enfoque quantitativo, relativo ao abastecimento adequado da população e que pode ser obtida pelo aumento da renda familiar, por exemplo. Já o segundo tem um enfo-que qualitativo, que é a garantia de o consumidor adquirir produtos com qualidade adequadas as suas necessidades, é a confiança do con-sumidor em consumir um alimentos saudável, sem riscos a sua saúde.

Para Delapierre e Michalet, citados por Wilkinson30, a demanda dos consumidores é capaz de interferir na esfera produtiva em função da eliminação de duas fontes de limitações: as tecnologias avançadas transformaram as condições de acesso aos insumos e técnicas de pro-cessamento (materiais novos, biotecnologia), reduzindo as limitações a desenhos de novos produtos. Além disso, os novos padrões organiza-cionais de terceirização levaram ao surgimento de um setor especiali-zado de serviços ao produtor, permitindo a mobilização sucessiva de competências variadas afinadas com as mudanças nos padrões da demanda; isto faz surgir, conforme Gaffard, citado por Wilkinson31, um novo relacionamento consumidor-produtor, no qual a inovação consegue interagir com a demanda aparente do consumidor.

Para Garcia32, a estandardização das práticas e do comportamento alimentar facilitam as mudanças na alimentação, que vão incorporan-do-se ao modo de vida. As mudanças nas práticas alimentares ocorrem devido a pressões pelo poder aquisitivo, publicidade e praticidade, as quais são representadas pela incorporação de novos alimentos, formas de preparo, compra e consumo. No início da década de 90, com a aber-tura de mercado, houve um crescimento considerável nas importações de alimentos no Brasil em especial produtos alimentares industrializa-

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dos, embutidos e os alimentos congelados, que são um exemplo de produtos que poupam serviço e facilitam o trabalho doméstico.

Segundo estudo de Francisco33 com consumidores de carne de frango da cidade de Porto Alegre, despertou a atenção o fato de os empana-dos estarem ganhando espaço na geladeira dos gaúchos, sendo mais consumidos que o frango inteiro. A praticidade deste tipo de produto, por serem pré-cozidos e muitas vezes embalados um a um, facilitam a conservação, além do seu custo, que ao longo dos anos se vem redu-zindo, pode explicar essa mudança.

Em seus estudos sobre os hábitos alimentares dos brasileiros, Bleil34, coloca que realmente o brasileiro está consumindo mais alimentos congelados e industrializados.

Francisco35 fez um comparativo com o marketing, a indústria avícola e a política econômica brasileira. Segundo a autora, o marketing e a avicultura brasileiros passaram por várias fases juntamente com a mudança de perfil do consumidor. Na década de 60/70, o Brasil estava em crise política e econômica com um aumento na inflação; nesta épo-ca começa a decrescer percentualmente a população. O marketing estava voltado para as vendas e a avicultura brasileira começava a utilizar a tecnologia disponível, apresentando um frango não tão gor-do quanto desejava o consumidor.

Já em 70/80, o crescimento é baixo com posterior diminuição frente a crise do petróleo, com retomada da inflação. O produto frango é então ofertado como um produto pequeno, congelado e de pele branca. Os anos 80/90 caracterizaram-se pelos altos índices inflacionários entre 80 e 83, havendo uma recuperação entre 84 e 86. O PIB que em 81 apre-sentou um crescimento de 33%, em 90 cai para 4,6%. O marketing segue com foco no “produto” e a avicultura oferece produtos em peda-ços e carne desossada.

A década de 90 iniciou com uma reforma monetária na qual se obser-vou uma diminuição do dinheiro em circulação no país. O PIB começa a apresentar uma ligeira recuperação e o marketing começa a voltar-se para o cliente, enquanto que a avicultura percebe que o consumidor quer um produto de qualidade.

Com essas colocações, é possível afirmar que o consumidor brasileiro está preocupado com questões que vão desde o processo produtivo do alimento até questões ambientais e também está mais preocupado em adquirir um alimento que melhore sua condição física; além disso, o

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produto precisa ter uma embalagem atrativa e deve ser prático de utilizar.

Ponto Final

Como pode ser observado no texto, o marketing também é importante na indústria de alimentos. O entendimento dos fatores que levam os consumidores a comprarem um alimento ou outro, assim como a esco-lha de uma marca em detrimento de outra é essencial para uma em-presa garantir o seu espaço no mercado ou expandir. As pesquisas de mercado ajudam as empresas a posicionarem bem seus produtos e lançarem alimentos que o mercado demanda, com características espe-cíficas, como peso, tamanho do produto, embalagens inteligentes e assim por diante. O não conhecimento do consumidor pode levar um produto a ser lançado e logo ser retirado do mercado, gerando prejuí-zos importantes para a indústria. Cabe aos profissionais da área inves-tirem no conhecimento do seu público salvo.

Indicações Culturais

DE BORTOLI, E. C. O mercado de carne ovina no Rio Grande do Sul

sob a ótica de diversos agentes. 2008. 140 f. Dissertação (Mestrado em Agronegócios) – Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2008.

MINADEO, R. Gestão de Marketing: fundamentos e aplicações. São Paulo: Atlas, 2008.

FRANCISCO, D. C., NASCIMENTO, V. P., LOGUERCIO, A., CA-MARGO, L. Caracterização do consumidor de carne de frango da

cidade de Porto Alegre. Ciência Rural, v.37, p.253 - 258, 2007.

Existem inúmeros livros, dissertações e teses na área de pesquisa de consumidor, essas sugestões, podem ajudar o leitor a entender o con-sumidor e utilizar as ferramentas disponíveis para descobrir quem é o seu público alvo.

Atividades

1) Os objetivos do marketing no agronegócio são: a) Descobrir as demandas do mercado de alimentos. b) Pesquisar novos nichos de mercado. c) Colocar no mercado produtos alimentícios mais fáceis de se-

rem preparados. d) Responder as mudanças observadas no consumidor.

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e) Todas as alternativas acima estão corretas.

2) Com relação ao comportamento do consumidor pode-se afirmar que: a) A cultura não interfere não processo decisório de compras de

alimentos. b) A família interfere no processo decisório de compras de ali-

mentos. c) A classe social interfere no processo decisório de compras de

alimentos. d) As alternativas b e c estão corretas. e) As alternativas a e c estão corretas.

3) É possível afirmar com relação a percepção do consumidor sobre os alimentos que: a) Os consumidores estão preocupados em saber a história do

produto, por isso o conceito de rastreabilidade vem ganhando espaço na indústria de alimentos.

b) Produtos orgânicos são vistos, pela maioria dos consumido-res, como produtos mais seguros.

c) O consumidor de alimentos cada vez mais tem informações sobre como os alimentos são produzidos, o que leva a uma mudança na relação produtor-consumidor.

d) As alternativas a, b e c estão corretas. e) Apenas a alternativa c está correta.

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4 DESENVOLVIMENTO DE NOVOS PRODUTOS AGROALIMENTARES

Dione Carina Francisco

As constantes inovações tecnológicas e exigências do mercado referen-tes a qualidade e preço demandam a elaboração de novos produtos. Inovação adquire várias conotações; para Chiavenato1, ela está relacio-nada a novidades, isto é, elaborar produtos ou serviços diferentes dos existentes, por meio de inovações de processos ou de métodos de tra-balho.

Para Santini, Souza Filho e Bánkut2, a inovação é uma mudança técni-ca, seja ela radical, seja ela incremental. As radicais são eventos descon-tínuos, que implicam em mudança técnica e organizacional de um sistema produtivo. A introdução desse tipo de inovação implica em novas bases de produção, diferentes das até então empregadas. Por outro lado, as incrementais ocorrem normalmente de forma contínua e referem-se a melhorias nos produtos, processos organizações e siste-mas de produção existentes.

Machado3 cita como exemplo de mudança de natureza incremental a indústria de carnes, em que as inovações tecnológicas do produto visam a satisfazer as necessidades dos consumidores direcionadas à solução de trade-offs entre sabor, textura, cor, rapidez e conveniência no consumo, qualidades nutricionais, possibilidades de conservação e facilidades na distribuição. Conforme a autora, a acumulação paulatina de conhecimentos também incrementais no nível do que já existia em termos de processo de produção, foram sendo incorporados:

1 - adaptação de técnicas já conhecidas de conservação (cura, defuma-ção, congelamento) para o processamento de alimentos em grande escala, mediante o desenvolvimento de equipamentos específicos e a ampliação do campo de conhecimento científico no apoio às tecnologi-as de conservação;

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2 - desenvolvimento de novas técnicas de conservação (irradiação e desidratação a frio), no âmbito mais geral da indústria de alimentos, com algumas inovações radicais originárias de programas de P&D.

Conforme Gouveia4, as inovações na indústria alimentícia são majori-tariamente incrementais. De acordo com Airton Vialta, vice-diretor do Instituto de Tecnologia de Alimentos (Ital), as grandes inovações ocor-rem principalmente na área de formulação de ingredientes e aditivos, alimentos funcionais, transgênicos e embalagens. "Os novos aromas, corantes, amidos modificados, enzimas e moléculas, criados pela in-dústria de ingredientes e aditivos, assim como os microorganismos probióticos, antioxidantes, imunopeptídeos, isoflavonas e outros com-ponentes que caracterizam os alimentos como funcionais representam a maioria das inovações em alimentos".

A inovação demanda tempo, conhecimento, produção de ideias, dis-ponibilidade de tecnologia, dimensão de mercado e acompanhamento das mudanças ocorridas neste. O desenvolvimento de novos produtos faz-se mediante a criação de um projeto que consiste na obtenção de informações provenientes do mercado e posterior materialização de um modelo físico, com processamento de ideias, conceitos e necessi-dades.

O processo de desenvolvimento de produtos deve ser dividido em etapas, as quais identificarão o nível de estágio de desenvolvimento do produto. Para Hart5, um dos modelos mais conhecidos de desenvolvi-mento de novos produtos é o de Booz Allen Hamilton, o qual atribui algumas etapas na estratégia de novos produtos: Geração de idéias, Filtragem de idéias, Desenvolvimento e teste do conceito, Análise do negócio, Desenvolvimento e teste do produto, Teste de marketing, Lançamento.

Conforme a autora, este modelo foi revisto e dele surgiu o processo Stage-Gate ™ (Estágio-Portal), que contempla: geração e filtragem de ideias, investigação preliminar, investigação detalhada, desenvolvi-mento, teste e validação, lançamento do produto.

Para Hart6, o desenvolvimento de novos produtos precisa ser incorpo-rado à estratégia e à cultura da organização. Cabe salientar que o de-senvolvimento de novos produtos é arriscado e caro. Devido a este fato, deve estar contemplado na estratégia de desenvolvimento de novos produtos quantos projetos devem ser financiados e qual o nível de inovação tecnológica pretendida. Somente projetos alinhados com a estratégia devem ser iniciados, em função da probabilidade de sucesso

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ser mais alta. Hart7 detalha as etapas do desenvolvimento de novos produtos :

a) Geração de ideias: significa, na realidade, gerenciar ideias por meio de identificação de fontes. Esta etapa do processo tem como objeti-vo desenvolver um banco de ideias que se enquadrem na estratégia de novos produtos da organização. Elas podem ser provenientes de dentro ou de fora da empresa, como dos departamentos técnicos de projeto e engenharia, como pela área comercial, de vendas, que está exposta a ideias dos clientes e concorrentes.

b) Filtragem: avaliação das ideias geradas. A opinião da empresa é levantada junto aos departamentos de P&D, vendas, financeiro, produção e marketing para avaliar se a ideia é exequível.

c) Desenvolvimento e teste de conceito: após a etapa de filtragem, a ideia e transformada em conceito, o que requer uma tomada de de-cisão com relação ao conteúdo e a forma da ideia.

d) Análise do negócio: tomada de decisão com relação à continuação ou não do projeto. Leva-se em consideração informações de análise de mercado, com detalhamento do mercado potencial total, a esti-mativa de participação no mercado, produtos concorrentes, preço provável, entre outros. Ainda se estabelecem aspectos técnicos, cus-tos, implicações na produção e gerenciamento de fornecedores. As informações do mercado podem ser obtidas de dados primários ou secundários. Os dados primários são obtidos pela própria empresa ao fazerem uma pesquisa de marketing diretamente com o público alvo. Já os dados secundários são obtidos de fontes externas, como pesquisas de marketing realizadas por instituições de ensino, dados da população em fontes governamentais, como o IBGE, por exem-plo.

e) Desenvolvimento e teste do produto: nesta etapa são elaborados protótipos físicos do produto. O produto é avaliado quanto ao seu desempenho funcional. Após o desenvolvimento do protótipo são realizadas as alterações da especificação ou das configurações de fabricação que são elaboradas e incorporadas. O produto deve ser testado com clientes potenciais para avaliação geral do produto de teste.

f) Teste de marketing: são testes realizados em pequenas escalas com clientes. O produto é testado com relação a atividades que compre-endem o lançamento no mercado: testes de venda, propaganda, promoção de vendas, incentivos ao distribuidor e relações publicas.

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g) Lançamento: último estágio; são tomadas decisões quanto a quando lançar o produto, onde lançá-lo, como e para quem. Neste estágio utilizam-se as informações já adquiridas nos estágios anteriores pa-ra ajudar na tomada de decisões.

Os novos produtos podem ser destinados a atender uma necessidade ainda não experimentada pelo mercado. Neste caso, o sucesso espera-do é maior, em razão da maior diferenciação entre os produtos, mas os riscos e os custos para a empresa também são elevados. O desenvolvi-mento também pode ser destinado para satisfazer uma necessidade já existente, como projetos de extensão da linha tradicional de produtos, os quais estão ultrapassados e não atendem de maneira satisfatória as necessidades dos consumidores. Essa categoria de produção não re-quer mudanças na linha de produção ou na compra de novos equipa-mentos, podendo trazer mudanças no material utilizado, acarretando aumento na vida de prateleira dos alimentos, na simplicidade do uso e nas informações do rótulo, assim como modificações de peso e volu-me.

Os novos produtos podem também incluir o reposicionamento do produto no mercado, em busca de novos nichos, ou utilização diferen-te da inicialmente adotada, como no caso dos alimentos funcionais. Cabe nesse momento abordar um pouco mais a questão dos alimentos funcionais, frente a seu crescimento no mercado atual.

Segundo Flores8, o termo alimento funcional foi utilizado pela primeira vez no Japão, em 1980. Este se refere a produtos alimentícios que pro-vem ao organismo uma vantagem de saúde adicional a função que cumprem seus nutrientes. Com o desenvolvimento dos alimentos funcionais a relação alimentos-saúde toma uma dimensão não de me-dicamentos, mas de produtos para a prevenção de enfermidades, sen-do os lácteos os mais comuns no mercado como veículos de elementos para diminuir o risco de desenvolvimento de certas enfermidades.

Os produtos lácteos têm feito parte dos hábitos alimentares de vários povos e têm o propósito de nutrir, mas agora têm sido estudados sob a perspectiva de se identificar certos componentes que têm uma função específica sobre a saúde do ser humano. Além disso, outro aspecto que tem despertado interesse especial é a adição de uma substância, de um nutriente ou de uma bactéria benéfica ao leite ou seus derivados para que sirva de veículo e atue especificamente sobre a saúde humana. Aqui se inicia o desenvolvimento e uso de bactérias probióticas, com vários produtos já encontrados no mercado.

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Abarca9, ao estudar a cadeia da cana de açúcar brasileira, constatou as seguintes inovações tecnológicas: automação, melhoramento genético, monitoramento por satélite, fermentação contínua e novos produtos. Com relação a novos produtos, o autor cita o desenvolvimento da tecnologia de adição da vitamina ao açúcar, a usina Açúcar Guarani lançou, em agosto de 1996, o açúcar vitaminado, enriquecido com vita-mina A, produto que constitui-se em um complemento alimentar, além de reforçar a dieta das crianças. A usina Companhia Albertina Mercan-til e Industrial lançou, desde o início de 1997, o Sucaretto, açúcar cristal extrafino que dispensa o uso de açucareiro, isto constitui na prática a introdução de um açucareiro descartável. A mesma usina, Companhia Albertina Mercantil e Industrial, continuou inovando e apresentou ao mercado, em janeiro de 1998, o Sucaretto Light, produto que acrescenta a vantagem de conter somente a metade das calorias dos açúcares tradicionais.

Kotler10 cita que a empresa de consultoria Booz, Allen & Hamilton identificou a existência de seis categorias de novos produtos, quais sejam:

a. Produtos novos para o mundo: produtos novos que criam um merca-do totalmente novo, inexistente até então.

b. Novas linhas de produtos: os novos produtos permitem a penetração da empresa em um mercado já existente, mas não ocupado pela mes-ma.

c. Acréscimo as linhas de produtos já existentes: estes produtos com-plementam as linhas de produtos de uma empresa.

d. Melhorias/revisões de produtos existentes: os novos produtos me-lhoram o desempenho ou aumentam a percepção de valor e substitu-em produtos existentes.

e. Reposicionamento: produtos que já existem que são colocados em novos segmentos ou mercados.

f. Reduções de custos: novos produtos que apresentam resultados se-melhantes, mas com custos mais baixos.

Em se tratando de alimentos, a inovação se traduz em um produto único e distinto e, por isso, o consumidor está disposto a pagar um valor premium pela diferenciação. Para Kuhn11 as vantagens da inova-ção em alimentos são: produto único-estabelecimento do preço, lide-rança do mercado (market share), margem de ganho, constrói a lealdade

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do cliente, obtém benefícios de aprendizagem durante o trajeto inova-tivo, cria novos segmentos de mercado.

As desvantagens, segundo Kuhn12, seriam as seguintes: incerteza sobre a direção em que ira o mercado e a tecnologia, altos custos de desen-volvimento, riscos financeiros e tecnológicos, riscos de imitadores próximos.

Corrobora com essa ideia Pessoa e Martins13 ao afirmarem que:

[...] pelo fato de as características do novo produto serem, no estágio inicial do produto, não padronizáveis, os insumos e as especificações finais do produto e do mercado se mostrarão sujeitos a grandes alterações. Decorre disso que os produtores se veem a defrontar com condições bastante incertas no que tange: à escolha dos insumos mais adequados e à melhor forma de combiná-los na produção; à definição das especificações do produto final e quais produtos terão êxito na seleção pelo mercado; às dimensões finais do mercado consumidor; e às respostas competitivas das firmas rivais.

Por outro lado, a inovação é um agente que auxilia ou garante uma atuação no mercado internacional. Curty14 corrobora com essa ideia: “o domínio de mercado não está associado restritamente à matéria prima, mas principalmente à capacidade de transformação dessa substância bruta em produtos (bens ou serviços) passíveis de comercialização, difusão e utilização.”

Existem prós e contras que devem ser levados em consideração ao se optar pelo desenvolvimento de novos produtos, o qual depende de fatores internos e externos a organização. De acordo com Grunet et al.15, a principal fonte de vantagem competitiva de uma empresa reside na inovação. Para isso é preciso que as organizações disponham de ativos para a inovação não só de aplicação em P&D; estes ativos são chamados pelo autor de inovativos e compreendem os recursos e ca-pacidades necessários à produção de novas ou aperfeiçoadas tecnolo-gias, isto é, ao desenvolvimento de novos produtos ou processos. Para Christensen16 existem quatro grupos de ativos:

• Ativos para a pesquisa científica: envolvem tanto a pesquisa básica, de natureza pré-competitiva e aplicada, quanto a pesquisa industrial, fornecedora de insumos diretos para utilização no de-senvolvimento de novos produtos.

• Ativos para inovação de processo: compreendem os recursos e capacidades tangíveis utilizados para as inovações de processos, quanto as capacidades sistêmicas envolvidas no desenvolvimento de produção e logística, controle de qualidade e layout.

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• Ativos para inovação de produtos: são os recursos e capacidades necessários ao desenvolvimento de novos produtos, como a enge-nharia de produto.

• Ativos relativos ao design estético: têm como função unir as ca-racterísticas técnicas e funcionais do produto com os atributos de marketing.

Com relação a rotulagem de alimentos, esta é, como já dito, uma forma de comunicação com o consumidor, na qual vai se passar informações com relação ao produto, vai ser fazer propaganda do produto e, ainda, é onde se complementa o relacionamento com a empresa. Há várias legislações que devem ser observadas ao se confeccionar o rótulo de alimentos. Estas dependem da categoria do alimento, se está registrado no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) ou se tem registro na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA).

O art. 79617 do Regulamento de Inspeção Industrial de Produtos de Origem Animal (RIISPOA) determina que: os rótulos devem OBRI-GATORIAMENTE conter as seguintes indicações:

1. nome verdadeiro do produto em caracteres destacados, uni-formes em corpo e cor, sem intercalação de desenhos e outros dizeres;

2. nome da firma responsável;

3. nome da firma que tenha contemplado operações de acondi-cionamento, quando for o caso;

4. carimbo oficial da Inspeção Federal;

5. natureza do estabelecimento, de acordo com a classificação oficial prevista neste Regulamento;

6. localização do estabelecimento, especificando o Município e Estado, facultando-se declaração de rua e número;

7. marca comercial do produto;

8. algarismos correspondentes à data de fabricação dispostos em sentido horizontal ou vertical;

9. pesos: líquido e bruto;

10. fórmula de composição ou outros dizeres;

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11. a especificação de Indústria Brasileira.

De acordo com Machado18, a embalagem pode ser considerada como um conjunto de atividade de design e fabricação de um recipiente ou envoltório para um produto. Conforme legislação do MAPA, as emba-lagens utilizadas não devem conferir substâncias tóxicas aos alimentos; ainda, servem de interface entre o ambiente e o produto e deve ser levado em consideração, no momento da escolha da embalagem, a possibilidade de contaminação do produto, danos por impacto, com-pressão e outros.

Os tipos mais comuns de materiais utilizados em embalagens na in-dustria alimentícia são:

a) Metal: latas utilizadas para conservas de carnes e produtos cárneos.

b) Filmes flexíveis: entende-se como qualquer embalagem de material que não é rígido; utiliza-se o termo “filme flexível” para polímeros plásticos não fibrosos. Ex: polietileno

c) Papéis e papelão: no formato de caixa ou embalagens cartonadas; são facilmente combinadas com outros materiais.

d) Embalagens ativas: atuam liberando aroma, promovendo a remo-ção de O², removem odores.

Há três tipos de embalagens em alimentos:

1. embalagem primária: contato direto com o alimento,

2. embalagem secundária: protege uma embalagem primária/ agrupa várias unidades e

3. embalagem terciária: agrupa produtos.

Como dito anteriormente, existem legislações especificas para os pro-dutos alimentícios e estas ainda devem estar em acordo com o código de defesa do consumidor. Os produtos ou serviços devem ser ofereci-dos com informações claras e completas, em língua portuguesa, refe-rente a características do mesmo, como quantidade, composição, prazo de validade, garantia, preço, nome do fabricante e endereço e, ainda, eventuais riscos que possam apresentar a saúde e segurança dos con-sumidores.

Os prazos para reclamação variam conforme o produto alimentício, podendo abranger um prazo de 30 a 90 dias. A reclamação deve ser

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documentada por escrito, com aviso de recebimento ou cópia protoco-lada para se comprovar em juízo que a reclamação ocorreu dentro do prazo.

A propriedade industrial é uma forma de direito concedido pelos governos para o uso comercial de criações inéditas. A patente é a for-ma legal de concessão do privilégio a pessoa física ou jurídica pela criação de algo novo e que tenha aplicação prática em alguma ativida-de industrial. No Brasil, o órgão responsável é o Instituto Nacional de Propriedade Intelectual (INPI).

Existem três modalidades de patentes no Brasil:

1. Patentes de invenção: a invenção deve originar um produto inovador e que represente um avanço em relação ao conheci-mento existente. A inovação deve ultrapassar os limites da concepção puramente teórica e possibilitar sua materialização em aplicação industrial.

2. Modelo de utilidade: enquadram-se nessa categoria objetos e processos já existentes que, ao serem modificados, possam de-sempenhar melhor a função a que se destinam. O design de uma embalagem enquadra-se nessa situação.

3. Desenho industrial: refere-se a aparência estética original aplicada a um produto industrial que o diferencia dos demais.

O detentor de qualquer modalidade de patente assegurará o monopó-lio de sua produção e utilização por vinte anos para patente de inven-ção, quinze anos para modelo de utilidade e dez anos para desenho industrial. Após esses períodos, a tecnologia cai em domínio público e pode ser usada livremente. O processo de pedido de proteção é conta-do a parir da data do pedido e geralmente é solicitado pelo próprio autor da invenção. O processo de obtenção é burocrático e demanda cerca de três anos. A publicação do pedido de privilégio poderá ser antecipada a pedido do solicitante.

Ponto Final

O desenvolvimento de novos produtos é uma demanda do consumi-dor, cada vez mais ávido por mudanças nos alimentos. Estas mudan-ças têm levado a diminuição do ciclo de vida dos produtos. Empresas que não investem em desenvolvimento de novos produtos muitas vezes perdem mercado. É importante lembrar que o desenvolvimento não será necessariamente do produto, mas pode ser uma variação do

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mesmo para atingir outros nichos de mercado. A empresa deve estru-turar um plano estratégico para não fugir dos seus objetivos ao criar produtos novos.

Indicações Culturais

IRIGARAY, H. A.; VIANNA, A.; NASSER, J. E.; LIMA ,L. P. M. Gestão

e Desenvolvimento de produtos e marcas. Rio de Janeiro: FGV, 2004

JURAN,J.M. A qualidade desde o projeto: novos passos para o plane-jamento da qualidade em produtos e serviços. São Paulo: Pioneira, 2004.

VARGAS, R. V. Gerenciamento de projetos. 6. ed. Rio de Janeiro: Brasport, 2005.

As obras indicadas apresentam os conceitos e fundamentos, bem co-mo, apoiam e descrevem as etapas de desenvolvimento de produtos.

Atividades

1) A respeito das inovações é correto afirmar que: a) Em alimentos observa-se apenas inovações radicais. b) É comum na indústria de carnes inovações do tipo incremen-

tal. c) As principais inovações em alimentos acontecem com produ-

tos embutidos. d) As inovações do tipo radicais acontecem com produtos ali-

mentícios destinados a crianças. e) Nenhuma das alternativas acima estão corretas.

2) Sobre o desenvolvimento de novos produtos é possível afirmar que: a) Não necessariamente precisa constar no planejamento estra-

tégico da empresa. b) Todas as ideias devem ser aproveitadas. c) Uma das etapas prevê o desenvolvimento e teste do conceito. d) Não é necessário fazer um teste antes da colocação do produ-

to no mercado. e) A análise do negócio é a primeira etapa para o desenvolvi-

mento de um produto.

3) Os novos produtos são lançados visando: a) Apenas atingir nichos de mercado. b) Apenas para satisfazer uma necessidade de mercado.

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c) Apenas reposicionar os produtos no mercado já existentes. d) Atingir nichos de mercado e reposicionar produtos já existen-

tes. e) Atingir nichos de mercado, ou satisfazer necessidades, ou, a-

inda, reposicionar produtos em um mercado já existente.

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5 CERTIFICAÇÃO DE PRODUTOS AGROALIMENTARES

Dione Carina Francisco

Os produtos alimentícios normalmente são vendidos como commoditi-es, ou quando são industrializados, muitas vezes, o consumidor não consegue perceber diferenças importantes entre marcas, como indica o estudo de Francisco1 com consumidores de carne de frango, os quais não são fiéis à marca. As certificações de produtos são uma maneira de demonstrar ao consumidor um diferencial entre produtos, agregando valor a estes. Oyarzún2 cita que a forma visível como um produto mostra que foi verificado, é mediante a presença de um selo, símbolo de qualidade ou de um logotipo.

Mas que produtos podem ser certificados? Um produto típico de uma região, isto é, diferenciado do padrão, e especificado como sendo úni-co, original, com uma identidade de seu local de origem. De acordo com Caldas et al.3,

a utilização de denominações de origem pressupõe a delimitação de territórios onde a produção, as práticas culturais, as produções máximas, os sistemas de elaboração, o controle de qualidade, a base tecnológica, a qualificação profissional, o marketing, os critérios de produção e elaboração, a configuração territorial, reunidos numa marca, garantem a especificidade da região e a fazem diferenciar-se de outras regiões produtoras, podendo também designá-las como uma marca ou grife do território.

São um meio eficaz de identificação e asseguram a qualidade dos pro-dutos, garantem a sua procedência e firmam uma relação de confiança entre o consumidor e o produtor.

Para Nassar4, a certificação oferece procedimentos e padrões básicos que permitem às empresas gerenciar o nível de qualidade dos seus produtos e garantir os atributos dos mesmos, criando um instrumento de exclusão e seleção de firmas e produtos. No caso do consumidor, esta serve de mecanismo de redução de informações assimétricas. Segundo o autor, a certificação só ocorrerá se houver cooperação e

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coordenação entre as empresas, o que não influencia no poder de con-corrência individual nem prejudica os consumidores. Perrier-Cornet e Sylvander5 corroboram com Nassar, ao afirmarem que as filières po-dem ser analisadas como processos de cooperação econômica, em um dado território, entre os agentes que se organizam e elaboram regras com vistas a obter uma vantagem competitiva coletiva, na qual cada um também se beneficiará individualmente. Esta vantagem competiti-va coletiva é obtida sobre outros agentes que não se beneficiam daque-la localização e/ou não aderem às regras estabelecidas. Neste modo de organização econômica, existe a instituição de barreiras a entrada nas filières constituídas. A certificação pode ser dividida em dois tipos, segundo Nassar6:

• certificação coletiva: é coordenada por um órgão certificador espe-cializado, como as AOCs francesas;

• certificação interna: associada a subSAGs estritamente coordena-dos; são sistemas criados para reduzir custos de transação, nor-malmente frente aos fornecedores; geralmente são específicas da empresa em questão. Como exemplo, tem-se a rede de supermer-cados francesa Carrefour, com seu sistema “cadeia de qualidade”.

Conforme Nassar7, há outra maneira de classificar os sistemas de certi-ficação, que é pelo objetivo pretendido. Existem os seguintes grupos de certificação: rótulo (padrão de processo), sanidade, denominações de origem, indicação geográfica, pureza, socioambiental, produtos orgâ-nicos, certificação interna. Neste capítulo, será abordada com maior profundidade a denominação de origem.

5.1 Rótulo

Entre os principais produtores avícolas, certamente a França constitui o melhor modelo de produção de alta qualidade, respeitando normas rígidas e com rastreabilidade em toda a cadeia produtiva. O sistema de produção semi-intensivo certificado pelo Ministério da Agricultura e da Pesca Francês com o selo “Label Rouge” (selo vermelho) existe há quase 40 anos, sendo certamente o melhor exemplo de organização afim de obter um produto diferenciado que apresenta qualidade supe-rior a um outro similar dito “standard”.8

5.2 Pureza

Aqui tem-se o caso do café brasileiro, com o selo de pureza, certificado pela Associação Brasileira do Café (ABIC). Conforme a ABIC9, o pro-grama de certificação do café surgiu para “resgatar a credibilidade do

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produto, a partir do Programa de Autofiscalização e do lançamento do Programa Permanente de Controle da Pureza de Café.” Este programa atesta que o café é livre de impurezas ou que estas estão dentro das normativas existentes.

5.3 Produtos orgânicos

Os sistemas de produção estão em conformidade com os princípios da agricultura orgânica. De acordo com Nassar10, o selo é emitido por organizações privadas, como a Associação de Agricultura Orgânica e o Instituto Biodinâmico. Segundo Gregory11, neste caso, o processo é certificado. Para a certificação de alimentos orgânicos consideram-se aspectos como a não utilização pesticidas artificiais, herbicidas ou fertilizantes, a criação extensiva dos animais de produção, a não utili-zação de medicações como antibióticos, se os animais tiveram acesso a pasto orgânico, entre outros. Para Branche12

a certificação da produção orgânica tem como objetivo principal, mostrar e comprovar aos consumidores as diferenças que estes produtos possuem, em relação aos produtos convencionalmente cultivados. A certificação busca a construção de garantias ao consumidor de que o produto tem origem realmente orgânica. A forma como esta certificação é realizada é de fundamental importância, pois é este processo e a forma como ele é desenvolvido que proporcionará uma maior ou menor confiabilidade.

5.4 Certificação interna

De acordo com Nassar13, ocorre quando uma empresa avalia que as alternativas existentes no mercado não satisfazem suas exigências, principalmente em relação ao padrão de qualidade de seus fornecedo-res. Com isso cria-se normas próprias. A empresa organiza parceiros e desenvolve, em conjunto, canais de distribuição e padrões de qualida-de alternativos, como o caso já citado da rede Carrefour.

5.5 Indicação Geográfica

Conforme o INPI14, indicação geográfica é “a identificação de um pro-duto ou serviço como originário de um local, região ou país, quando determinada reputação, característica e/ou qualidade possam ser vin-culadas essencialmente a esta sua origem particular. Em suma, é uma garantia quanto a origem de um produto e/ou suas qualidades e carac-terísticas regionais.” Ainda segundo o INPI, a indicação geográfica pode ser de duas espécies:

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• Indicação de procedência- IP: caracterizada por ser o nome geo-gráfico conhecido pela produção, extração ou fabricação de de-terminado produto, ou pela prestação de dado serviço, de forma a possibilitar a agregação de valor quando indicada a sua origem, independente de outras características.

• Denominação de origem – DO: cuida do nome geográfico que designe produto ou serviço cujas qualidades ou características se devam exclusiva ou essencialmente ao meio geográfico, incluídos fatores naturais e humanos.

Percebe-se com esta conceituação que a indicação geográfica, além de identificar o produto o diferencia dos demais e aumenta seu valor agregado. Um exemplo bem conhecido são os vinhos franceses, que possuem uma identificação de origem controlada (Appellation d´Origine Contrôlée- AOC), a qual designa um produto com características ou qualidade determinada pela localização geográfica.

A resolução INPI 07515 determina que para realizar o registro de um produto com indicação de procedência é necessário comprovar, além da delimitação da área geográfica:

• elementos que comprovem ter o nome geográfico se tornado co-nhecido como centro de extração, produção ou fabricação do pro-duto ou de prestação do serviço;

• elementos que comprovem a existência de uma estrutura de con-trole sobre os produtores ou prestadores de serviços que tenham o direito ao uso exclusivo da indicação de procedência, bem como sobre o produto ou a prestação do serviço distinguido com a indi-cação de procedência; e

• elementos que comprovem estar os produtores ou prestadores de serviços estabelecidos na área geográfica demarcada e exercendo, efetivamente, as atividades de produção ou de prestação do servi-ço;

Conforme a mesma resolução, para pedido de certificação de origem faz-se necessário:

• descrever as qualidades e características do produto ou do serviço que se devam, exclusiva ou essencialmente, ao meio geográfico, incluindo os fatores naturais e humanos;

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• descrever o processo ou método de obtenção do produto ou do serviço, que devem ser locais, leais e constantes; ter os elementos que comprovem a existência de uma estrutura de controle sobre os produtores ou prestadores de serviços que tenham o direito ao uso exclusivo da denominação de origem, bem como sobre o pro-duto ou a prestação do serviço distinguido com a denominação de origem; e

• ter elementos que comprovem estarem os produtores ou prestado-res de serviços estabelecidos na área geográfica demarcada e exer-cendo, efetivamente, as atividades de produção ou de prestação do serviço.

De acordo com Coutinho16,

o selo de Denominação de Origem promove a construção de uma qualidade e um mercado diferenciado, associando as características dos produtos às singularidades naturais, culturais, organizacionais e tecnológicas do território. O processo de diferenciação através da Denominação de Origem implica na estruturação de redes locais de produção, promovendo o desenvolvimento local sustentado. É um processo complexo: havendo uma dimensão organizacional, pela mobilização das redes de produção, e uma dimensão jurídica, amparada por acordos internacionais.

Conforme Oyarzún17, a União Europeia possui três correntes de selos para produtos e alimentos de origem agropecuária: Indicação Geográ-fica Protegida (IGP) e a Denominação de Origem Protegida (DOP); Especialidade Tradicional Garantida (ETG); Agricultura Ecológica. Estes selos garantem condições comuns e controladas para os produtos comercializados. O objetivo desses selos, respaldados por uma legisla-ção comum para todos os Estados membros, é harmonizar a proteção de autenticidade do produto no âmbito da União Europeia e de pro-porcionar um enfoque uniforme, ante a disparidade de práticas que existiam em cada Estado membro.

De acordo com a Comissão Europeia, citada por Oyarzún18, as regula-mentações que normatizam o uso destas classificações foram redigidas em 1992, a fim de apoiar o desenvolvimento e proteção dos produtos da agroindústria, estimular a produção agrícola variada, proteger o abuso e a imitação de nomes de produtos e para ajudar o consumidor, dando-lhe informação relacionada com o caráter específico dos produ-tos.

A Denominação de Origem Protegida garante que o produto que tenha este selo tenha sido produzido, transformado e elaborado em uma região geográfica determinada, com conhecimentos específicos reco-nhecidos e comprovados. Já a Indicação Geográfica Protegida garante

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que o produto que leva este selo apresenta um vínculo com o meio geográfico em ao menos uma etapa do seu desenvolvimento (produ-ção, transformação ou elaboração). Com relação à Especialidade Tradi-cional Garantida, esta garante que o produto que leva este selo apre-senta uma composição tradicional ou é elaborado segundo um método de produção tradicional.

Conforme Silva e Batalha19, o certificado de appellation d’origine contro-lée designa a origem controlada de um produto que se origina de um determinado país, região geográfica ou localidade a qual lhe confere características especiais e exclusivas oriundo dos valores histórico-culturais e da credibilidade absorvida ao longo do tempo. Esse reco-nhecimento oficial surgiu na Europa, em 1958, com as assinaturas do acordo de Lisboa, norteado pelos seguintes princípios:

1. Denominação geográfica de uma região, com seus fatores naturais e humanos que marcam e personalizam o produto;

2. O país de origem é aquele onde está situada a região ou loca-lidade cujo nome constituiu a denominação que deu fama ao produto;

3. Uniformidade da produção, pois mesmo existindo mais de um método de produção, eles estão ligados por certa homo-geneidade de características;

4. Regime de produção, visto que há regras específicas de pro-dução e características qualitativas mínima dos produtos;

5. Constância das características que conferem qualidade ao produto;

6. Volume de produção, pois há um limite de produção por hectare que tem relação com a qualidade do produto.

Como visto, a França é um país com tradição na proteção e na promo-ção de seus produtos alimentícios. De acordo com Bérard e Marche-nay20, as autoridades francesas tem institucionalizado ferramentas voluntárias, representadas por selos de qualidade que garantem ao consumidor uma característica de qualidade determinada e validam seu valor agregado. Isto remete a noção de terroir, termo intraduzível em diversos países. No século XIII o terroir significava espaço de terra, de território; igualmente no século XVIII ele designa terroir como o local do ponto de vista de suas aptidões agrícolas, especificamente a terra apta a produção de uva. O conceito foi elaborado cientificamente

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no final do século XIX, instaurando a noção de vocações da terra. Sen-do assim, o terroir é anterior ao homem, que apenas revela suas poten-cialidades. Do conceito de terroir evoluiu-se para a indicação geográfi-ca, a qual engloba o produto, o saber, as práticas técnicas utilizadas, sendo indissociavelmente ligado ao terroir.

Caldas21, cita outros exemplos de países que fazem uso de selos de denominação de origem para seus produtos. Um deles é a tequila, produzida na zona limitada de el agave azul tequilana Weber no México, sendo protegida pela propriedade industrial mexicana.

Com relação a América Latina, Oyarzún22 afirma que a agroindústria rural latino-americana elabora uma série de produtos alimentícios que mantém autenticidade e originalidade ligadas às circunstâncias sociais, culturais e de disponibilidade de recursos naturais. Caldas23 cita algum destes produtos: no Peru, tem-se o caso do Pisco, denominação exclu-siva para os produtos obtidos da destilação dos caldos resultantes unicamente da fermentação de uva madura, elaborada na costa dos estados de Lima, Ica, Arequipa, Moquegua e nos vales de Locumba, Sama e Caplina do Departamento (estado) de Tacna. Na Bolívia, o produto chamado de Singani é o único a ter certificado de denomina-ção de origem. É uma aguardente obtida pela destilação de vinhos de uva moscatel fresca, produzida, destilada e engarrafada nas zonas de produção de origem da região de Potosí. Na Venezuela, o Chuao tem status de produto com certificado de origem. O produto é o cacau pro-veniente da zona de Chuao.

Em se tratando especificamente de Brasil, tem-se o caso da cachaça, denominação típica e exclusiva da aguardente de cana produzida no Brasil, com graduação alcoólica de 38% a 48% em volume, a 20º Celsi-us, obtida pela destilação do mosto fermentado de cana-de-açúcar, conforme decreto nº 4.04224, publicado no Diário Oficial de 21 de de-zembro de 2001.

Para Soratto e Horii25, “qualquer produtor de cachaça no Brasil poderá solicitar a certificação, sendo que, no âmbito do Sistema Brasileiro de Avaliação da Conformidade (SBAC), esta certificação é voluntária e somente pode ser concedida por organismos de certificação de produ-tos (OCP) com competência técnica reconhecida pelo INMETRO, que por sua vez é o gestor deste sistema”.

Segundo os mesmos autores, a certificação da cachaça traz inúmeras vantagens para todos os elos da cadeia:

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1. incentivo à melhoria contínua da qualidade da bebida e do processo de produção;

2. indicação formal de que o produtor atende a requisitos de saúde, segurança, meio ambiente e responsabilidade social;

3. agregação de valor às marcas, aumentando a competitividade dos produtores;

4. facilitação da entrada do produto em novos mercados inter-nos e externos; e

5. informação e proteção do consumidor facilitando decisões de compra.

Outro produto com certificado de indicação geográfica (indicação de procedência), são os vinhos produzidos na região do Vale dos Vinhe-dos (RS), concedido em 2002 pelo INPI. De acordo com Gollo e Viana de Castro (ano-ver sober), as indicações geográficas brasileiras produ-zem efeitos no desenvolvimento regional, à medida que aumentam a satisfação do produtor ao sentir sua propriedade valorizada, por ver seus produtos comercializados com um selo da região em que mora e produz. Isso estimula maiores investimentos na área de produção e possibilita incrementar atividades de enoturismo; tem-se, ainda, o aumento do valor agregado desses produtos e/ou maior facilidade de colocação no mercado, melhora e torna mais estável a demanda do produto, à medida que cria confiança no consumidor.

Ainda considerando os benefícios para o desenvolvimento local, Toni-etto26 lista as mudanças observadas no Vale dos Vinhedos após a certificação de origem:

• as propriedades vitícolas tiveram uma valorização da sua área geográfica, além da melhora na produção das uvas;

• houve um aumento no número de vinícolas e no padrão tecnoló-gico das mesmas;

• e conscientização com relação ao meio ambiente, observada na redução do uso de defensivos químicos.

O café produzido no Cerrado Mineiro é outro exemplo de produto brasileiro com certificado de origem, tendo sido a primeira indicação geográfica de café do mundo, com aprovação no ano de 2005, que abrange municípios localizados no Triângulo Mineiro, Alto Paranaíba, Noroeste de Minas e parte do São Francisco. Conforme Souza e Saes27,

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os representantes dos produtores de café da Região do Cerrado viram na certificação uma perspectiva de apropriação da quase renda decor-rente da qualidade do produto da região que estava sendo absorvida por segmentos a montante da produção.

De acordo com Souza28, a indicação avançou na área do Cerrado devi-do à alta qualidade do café e habilidades sociais estratégicas, como a união e complementaridade de esforços dos cafeicultores.

Ponto Final

Cada vez mais, os produtos alimentícios com algum tipo de certificado têm sido mais valorizados pelos consumidores, os quais percebem valores afetivos naquele alimento, ou de qualidade, ou ainda de pre-servação do meio ambiente. A certificação de produtos não só aumenta o valor agregado dos produtos como também, ajuda no desenvolvi-mento local, gerando um maior numero de empregos diretos e indire-tos. Devido a sua diversidade cultural e de regiões o Brasil tem um potencial enorme nesta área.

Indicações Culturais

Site

INPI

Disponível em: <http://www.inpi.gov.br>.

Um dos melhores sites nessa área é o do INPI, onde se encontra passo a passo a maneira de certificar produtos.

Livro

BATALHA. M. O. (Org.). Gestão agroindustrial. São Paulo: Atlas, 2007. v. 1.

Este livro descreve a trajetória e os benefícios da certificação de produ-tos.

Atividades

1) A certificação de indicação geográfica (procedência) obtida pelos vinhedos produzidos no Vale dos Vinhedos (RS) acarretou: a) Uma melhoria na percepção do produto, o que leva a um au-

mento no seu valor. b) Um incremento no desenvolvimento local.

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c) Investimentos na área de turismo da região. d) Melhoria na qualidade das uvas produzidas. e) Todas as alternativas estão corretas.

2) Para obter um produto obter certificado de indicação geográfica é necessário: a) Ter sido produzido, transformado e elaborado em uma região

geográfica determinada, com conhecimentos específicos reco-nhecidos e comprovados.

b) garantir que o produto que leva este selo apresenta um víncu-lo com o meio geográfico em ao menos uma etapa do seu de-senvolvimento (produção, transformação ou elaboração).

c) garantir que o produto que leva este selo apresenta um víncu-lo com o meio geográfico em ao menos uma etapa do seu de-senvolvimento (produção, transformação ou elaboração).

d) as alternativas b e c estão corretas. e) Nenhuma das alternativas anteriores está correta.

3) Com relação a certificação da cachaça brasileira é correto afirmar: a) Há um incentivo para a melhoria da qualidade do produto

em função da certificação. b) Não ajuda a abrir novos mercados. c) Não agrega valor a marca, já que o consumidor não percebe

diferença entre produtos certificados e não certificados. d) Não induz a uma melhoria no processo de fabricação. e) Todas as alternativas estão corretas.

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6 PROGRAMAS DE QUALIDADE EM AGROINDÚSTRIAS

Dione Carina Francisco

A preocupação mundial com a segurança alimentar, as normas e sis-temas de qualidade têm mudado a forma como os consumidores veem os produtos alimentícios. O consumidor atual está preocupado com a qualidade destes produtos, com o modo de produção, com o bem – estar animal e com o meio ambiente. Deseja um alimento que seja benéfico para sua saúde, livre de perigos microbiológicos, químicos e físicos, além de proporcionar elementos que melhorem sua condição corporal, como vitaminas, carboidratos, acrescido de preço acessível.

Definir qualidade não é uma tarefa fácil, embora a palavra/termo seja demasiadamente utilizada. Para Chiavenato1, existem vários significa-dos, conforme o ponto de vista. Conforme o autor, na ótica de um engenheiro, significa adequação a especificações do projeto ou padrões de referência. A qualidade do produto será maior quanto mais ele se aproximar dos padrões e especificações adotados. No caso de um esta-tístico, significa o menor desvio padrão em relação a uma medida usada como referência; já para uma dona de casa, a qualidade é o a-tendimento às suas necessidades.

Para as empresas do ramo agroindustrial, qualidade é o atendimento a normas e padrões, mas também é o atendimento às necessidades e aos desejos de seus consumidores. Há alguns sistemas que são adotados por estas organizações para garantir a inocuidade dos alimentos e também atender as expectativas dos seus consumidores, tais como: Boas Práticas de Fabricação (BPF), Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle (APPCC ou do inglês HACCP), 5 S e a Norma ISO 22000.

6.1 Boas Práticas de Fabricação

As Boas Práticas de Fabricação (BPF) podem ser definidas como o conjunto de procedimentos adequados envolvendo atos operacionais, ambientes de produção, produção, matéria-prima, insumos e o próprio

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homem, objetivando a obtenção de um produto final que atenda aos conceitos éticos e morais.

Os estabelecimentos elaboradores/industrializadores de alimentos devem, preliminarmente à introdução do sistema APPCC, estabelecer as Boas Práticas de Fabricação, que conforme a Portaria n° 3682 do MAPA de 04 de setembro de 1997, tem que apresentar instalações sanitariamente adequadas, isto é, o fluxograma deve permitir que as matérias-primas não entrem em contato com o produto acabado.

É importante que as boas práticas de higiene sejam executadas ao longo de todo o processamento do alimento, desde a recepção até a expedição. De acordo com Quittet e Nelis3, o método dos “5 M” de Ishikawa demonstra perfeitamente as fontes possíveis de contamina-ção: matérias, meio, materiais, mão de obra e método.

As boas práticas de fabricação dependem das pessoas que realizam as tarefas. Por isso, o pessoal que trabalha em agroindústrias/restaurantes deve ser qualificado para desempenhar as atividades. Todos os proce-dimentos devem ser escritos e compreendidos por todos. O responsá-vel pelo estabelecimento deve ter um número suficiente de pessoas qualificadas. As responsabilidades devem ser distribuídas conforme a aptidão dos colaboradores, sem sobrecarregar ninguém. As atribuições de cada colaborador devem ser especificadas, escritas e ficar em local visível.

Os conteúdos que devem ser abordado no Manual de Boas Práticas de Fabricação são os seguintes:

• projetos dos prédios e instalações: fluxograma sem retorno de MP ou produtos acabados; materiais utilizados na construção devem facilitar a higienização da planta e operações sanitárias;

• potabilidade da água: condutas que permitam manter ou atingir um nível satisfatório de qualidade da água, conforme normativas em vigor;

• limpeza e conservação de instalações hidráulicas, pisos e paredes, terrenos, instalações elétricas, tratamento de lixo;

• recebimento de matérias-primas e estocagem - áreas apropriadas para estoque de matéria-prima (separado de outros produtos), embalagens, produto acabado, produtos químicos (produtos de higienização, entre outros);

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• qualidade da matéria-prima e ingredientes: neste item é descrito como será realizada a seleção de fornecedores e os quesitos que cada um deve cumprir;

• higiene pessoal: limpeza de mãos, hábitos higiênicos, controle de doenças, uso de uniformes, toucas e calçados adequados (que permitam a limpeza adequada para evitar contaminação da planta e dos produtos);

• controle integrado de pragas: controle químico e barreiras físicas que devem ser adotadas para impedir a entrada de insetos, roedo-res e pássaros;

• projeto sanitário dos equipamentos: inclui materiais usados para a fabricação dos equipamentos, os quais não podem transmitir ne-nhum tipo de resíduo para os alimentos;

• manutenção preventiva dos equipamentos: para não haver passa-gem de partes de equipamentos para o alimento e para a melhor utilização destes, faz-se necessário ter um programa de manuten-ção preventiva;

• limpeza e sanificação: de equipamentos e utensílios;

• calibração dos instrumentos: é preciso realizar a calibração perió-dica dos instrumentos de controle de temperatura, pressão, peso e outros;

• programa de recolhimento (recall): procedimentos escritos, im-plantados pela empresa para assegurar o recolhimento do lote de um produto de forma eficiente e rápida sempre que se fizer neces-sário;

As Boas Práticas de Fabricação (BPF) são pré-requisitos fundamentais, constituindo-se na base higiênico-sanitária para implantação do Siste-ma APPCC.

6.2 Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle

O sistema de Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle (APPCC) nasceu nos EUA no final dos anos 60 e de acordo com Quittet e Nelis4, tinha como ponto principal a fabricação de alimentos destina-dos à nutrição dos astronautas, a fim de prevenir toxinfecções alimen-tares.

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A Companhia Pillsbury foi escolhida pela NASA por ter sido a única empresa que apresentou um sistema de garantia de qualidade em todo o processo de produção e, não apenas, controle de produto final. Isto é, a partir deste programa de qualidade, foi possível controlar cada etapa do processo dos alimentos, de modo a garantir um suprimento de alimentos seguros.

Em inglês este conceito significa Hazard Analysis Critical Control Point (HACCP) e é um sistema com fundamentos científicos e caráter sistê-mico, o qual permite identificar perigos específicos e medidas para seu controle com a finalidade de garantir a inocuidade alimentar e pode ser aplicado desde o produtor até o consumidor final. O Sistema APPCC é baseado em um sistema de engenharia conhecido como Análise dos Modos e Efeitos de Falha, do inglês Failure, Mode and Effect Analysis (FMEA) em que se observa, em cada etapa do processo, aquilo que pode sair errado, juntamente com as prováveis causas e efeitos; e, a partir daí, são estabelecidos os mecanismos de controle.

Segundo Hobbs e Roberts5, a abordagem de APPCC avalia os riscos potenciais da operação com alimentos e decide que áreas que são críti-cas para a segurança do consumidor. Após a identificação, os pontos críticos de controle podem ser monitorados e/ou corrigidos. Devido à importância da geração de alimentos inócuos a saúde, o governo brasi-leiro juntamente com a iniciativa privada desenvolveu desde 1991 a implementação em caráter experimental do HACCP e, em 1998, insti-tuiu, através da Portaria n° 46 de 10 de fevereiro6, o sistema de Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle juntamente com o Manual Genérico de Procedimentos de APPCC para Indústrias de Produtos de Origem Animal.

As etapas do sistema APPCC serão descritas a seguir, e foram basea-das em Quittet e Nelis7 e no Codex Alimentarius8.

De acordo com Quittet e Nelis9, a primeira etapa do sistema é constitu-ir a equipe APPCC, a qual deve obter o engajamento por parte da direção, sendo uma condição sine qua non para o resultado do estudo. A equipe é constituída de pessoas da empresa que possuem conheci-mentos específicos e experiência apropriada a respeito do produto, isto é, os empregos da produção, das embalagens, da engenharia e da qualidade e, em grandes empresas, poderá haver pessoas de fora, como consultores. A estrutura da equipe deve ser funcional e não hierárquica. A equipe deve compreender um coordenador e um secre-tário técnico.

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As informações que serão utilizadas para implementar o programa devem ser confiáveis, utilizando-se bibliografia científica e técnica, centros de pesquisa, bases de dados, os serviços oficiais, a regulamen-tação, os guias de boas práticas de fabricação. É necessário ter acesso, na fase de iniciação, a dados epidemiológicos, comerciais, problemas econômicos, logísticos e administrativos.

A segunda etapa, conforme o Codex Alimentarius10, consiste na descri-ção completa do produto, incluindo informações sobre a composição, estrutura física/química (Aw, pH,etc), tratamentos para destruição de micro-organismos (térmicos, congelamento), embalagem, durabilida-de, condições de armazenamento e sistema de distribuição. A terceira etapa refere-se à determinação do uso a qual o produtor destina-se, que é baseado nos usos do produto previsto pelo usuário ou consumi-dor final.

A construção de um diagrama de fabricação constitui a quarta etapa do processo, e conforme Quittet e Nelis11, é necessário decompor o processo de fabricação em etapas para construir o diagrama, descre-vendo o processo desde a entrada da matéria-prima e ingredientes até à distribuição, a venda e a entrega ao cliente, passando etapa por eta-pa.

O passo seguinte é a confirmação in situ do diagrama de fluxo, no qual a equipe confronta as informações que ela dispõe com a realidade; a verificação tem que ser efetuada sobre a totalidade das etapas de fabri-cação, desde a recepção das matérias-primas até a etapa de distribui-ção. Feito isto, os erros devem ser mencionados a fim de poder corrigir os documentos incorretos ou incompletos.

De acordo com o Codex Alimentarius12, enumerar todos os possíveis perigos relacionados com cada fase, executar uma análise de riscos e estudar as medidas para controlar os perigos identificados é a sexta etapa. Para realizar uma análise de perigos, é necessário incluir: a pro-babilidade de que surjam perigos e a gravidade de seus efeitos preju-diciais à saúde; avaliar quantitativamente e qualitativamente a presen-ça destes perigos; levar em consideração a sobrevivência ou prolifera-ção dos microorganismos, a produção ou persistência de toxinas, subs-tâncias químicas ou agentes físicos nos alimentos. Após esta avaliação, a equipe determina as medidas de controle para cada perigo, sendo possível haver mais de uma medida de controle.

Segundo Quittet e Nelis13, a próxima etapa é a determinação dos pon-tos críticos de controle (PCC), que podem ser uma etapa, um ponto, um procedimento ou um risco inaceitável que pode ser eliminado ou

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reduzido. Para cada etapa de produção, é necessário determinar se ela é um PCC ou não. A identificação dos pontos críticos tem como objeti-vo principal conduzir os operadores a desenvolver e formalizar as medidas preventivas, que é a oitava etapa.

Conforme o Livro Branco de Segurança Alimentar14, a análise de riscos compreende três elementos: determinação do risco (assessoramento científico e análise de dados), gestão do risco (regulamentação e con-trole) e processo de comunicação sobre o risco. Depois da identificação dos PCC, se estabelecem limites críticos para cada ponto crítico, isto é, atribui-se um valor que separa o aceitável do inaceitável, corresponde aos valores extremos aceitáveis para garantir a qualidade do produto.

O Codex Alimentarius15 informa que a nona etapa estabelece um sistema de vigilância para cada PCC, na qual a equipe descreve os métodos de mensuração que permitem assegurar-se que os limites críticos não serão ultrapassados. Com esta vigilância, pode-se detectar a perda de controle de um PCC, sendo o ideal proporcionar esta informação a tempo, para fazer correções que permitam assegurar o controle do processo. O estabelecimento de um plano de ações corretivas também é uma etapa importante, à medida que se formulam medidas especifi-cas para cada PCC do sistema, em caso de ultrapassagem dos limites críticos.

Para Quittet e Nelis16, a descrição das ações corretivas devem compre-ender a natureza do desvio, a causa dos desvios, os métodos e técnicas para estabelecer a ação corretiva, os modos operacionais, o tratamento dos produtos defeituosos e o registro dos resultados. Conforme o Co-dex Alimentarius17, a penúltima etapa aborda a questão do estabeleci-mento de procedimentos de comprovação; para determinar se o siste-ma de APPCC funciona de maneira eficaz, podem-se utilizar métodos, procedimentos e ensaios de comprovação e verificação. Por último, deve-se estabelecer um sistema de documentação e registro eficaz e preciso.

Além de melhorar a inocuidade dos alimentos, a aplicação do APPCC oferece mais algumas vantagens como a facilitação da inspeção pelas autoridades de regulamentação e promove o comércio internacional, graças ao aumento da confiança na inocuidade dos alimentos. De a-cordo com Quittet e Nelis18, o sistema APPCC apresenta inúmeras vantagens, como atender à regulamentação e às exigências dos consu-midores, reforçar o sistema de qualidade, favorecer a concepção de novos produtos ou procedimentos, além de resolver problemas pontu-ais, sendo muito útil para a resolução de problemas microbiológicos, determinando a causa do problema.

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O Codex Alimentarius19 cita que é de máxima importância a cooperação entre produtor primário, indústria, grupos comerciais, organizações de consumidores e autoridades competentes. Deve-se oferecer capacitação conjunta do pessoal da indústria e os organismos de controle, visando a fomentar e manter um diálogo permanente para a melhor aplicação prática do sistema APPCC. Como suporte para o sistema APPCC, tem-se as Normas ISSO, que são procedimentos aplicados para garantir que os produtos fabricados tenham as mesmas características e o mesmo padrão de qualidade.

6.3 Programa 5S em Agroindústrias

O programa 5S surgiu no Japão depois da Segunda Guerra Mundial, porque, naquela época, as fábricas japonesas eram desorganizadas. Hoje, quando se pensa em organização e limpeza lembra-se do exem-plo japonês. Esse País só conseguiu esta fama graças ao Programa 5S. Conforme Lapa20, antes de pensar no programa 5S é preciso observar alguns pré-requisitos:

1. Disciplina: exigir de si mesmo o melhor.

2. Perseverança: para acreditar que está no caminho certo, pois alguns resultados serão alcançados de imediato, outros só se-rão conseguidos com a manutenção do programa.

3. Autocontrole: para não desistir quando surgirem os primeiros obstáculos.

4. E, além de tudo isto, é necessário ter consciência de que o maior responsável pelo seu sucesso é você mesmo!

De acordo com Lapa21 , o cinco S é originário das seguintes palavras japonsesas:

• SEIRI: Organização (Senso de Utilização)

• SEITON: Arrumação (Senso de Organização)

• SEISO: Limpeza (Senso de Limpeza)

• SEIKETSU: Padronização (Senso de Saúde)

• SHITSUKE: Disciplina (Senso de auto-disciplina)

O Programa 5S é um conjunto de cinco conceitos simples que, ao serem praticados, são capazes de modificar o seu humor, o seu ambiente de

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trabalho, a maneira de conduzir suas atividades rotineiras e as suas atitudes. De acordo com Valle22 visa conduzir a empresa com ganhos efetivos de produtividade.

6.4 Norma ISO 22000 – Sistema de Gestão da Segurança Alimentar

A "International Standartization Organization" (ISO) é uma organiza-ção não governamental que estabelece normas técnicas desenvolvidas e avaliadas no âmbito de competência de suas delegações nacionais. A sede é em Genebra (Suíça) e tem reconhecimento e aceitação interna-cional. A adoção destas normas é de livre adesão por parte das empre-sas.

Antes da ISO 2200, a normalização ISO tratava do sistema de gestão da qualidade da empresa, e não das especificações dos produtos fabrica-dos pela mesma. Ela garantia que os produtos fabricados tinham as mesmas características e o mesmo padrão de qualidade, mas não esta-va incluída a legislação sobre programas de qualidade de alimentos exigidos pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Com o advento da série ISO 22000 os consumidores são beneficiados devido à conformidade dos produtos com padrões internacionais, além de a norma assegurar a qualidade e a inocuidade dos produtos ao incorporar como pré-requisito o APPCC e, consequentemente o pro-grama de BPF. Segundo a NBR ISO 2200023, a estrutura da norma é a seguinte:

1. Objetivo;

2. Referência normativa;

3. Termos e definições;

4. Sistema de Gestão da Segurança de alimentos;

5. Responsabilidade da Direção;

6. Gestão dos Recursos;

7. Planejamento e realização dos produtos seguros;

8. Validação, verificação e melhoria do sistema de gestão da segurança dos alimentos.

Esta estrutura permite um encontro entre a gestão administrativa e a gestão da qualidade, permitindo que a organização coloque no merca-

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do um produto com melhor aceitação e com valor agregado diferenci-ado. É importante lembrar que o primeiro passo é a implementação das BPF´s e do APPCC.

Ponto Final

A qualidade deve ser a base de qualquer indústria de alimentos, visto que neste setor trabalha-se diretamente com a saúde pública. A quali-dade deve iniciar no projeto da indústria, desde a planta do estabele-cimento, passando pelos equipamentos a serem utilizados, matérias-primas e, principalmente, deve ser a filosofia da empresa, em que todos estejam envolvidos, tanto a alta diretoria quanto os colaborado-res que executam as atividades diretamente com o alimentos. Empre-sas que não primam pela qualidade tendem a perder espaço no merca-do.

Indicações Culturais

ANDRADE, N. J.;MACEDO, J. A. Higienização na indústria de ali-

mentos. São Paulo: Varela, 1992.

CONTRERAS, C.C. et al. Higiene e sanitização na industria de carnes

e derivados- São Paulo: Livraria Varela, 2002.

FRANCISCO, D. C., PINTO, A. T. Boas práticas de fabricação:quais os benefícios obtidos com a sua implementação?. cadeia do leite. porto alegre, p.08 - 08, 2008.

As obras indicadas abordam os conceitos e fundamentos, bem como descrevem passos para a implementação de programas de qualidade.

Atividades

1) Com relação ao programas de qualidade pode-se afirmar que: a) Não há uma hierarquia de implementação. b) Os consumidores atuais não valorizam produtos produzidos

em indústrias que tem programas de qualidade implementa-dos.

c) Para implementar o APPCC é necessário ter a ISO 22000 já implementada.

d) Para implementar o APPCC é necessário ter BPF implemen-tado.

e) De acordo com a legislação vigente, todas as empresas devem implementar a ISO 2000.

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2) Em se tratando do programa APPCC: a) Um dos objetivos é prevenir as toxinfecções alimentares, ga-

rantindo assim a saúde do consumidor. b) Nesse sistema são avaliados os riscos potenciais da operação

com alimentos e decide-se que áreas que são críticas para a segurança do consumidor.

c) É necessário construir um diagrama de fabricação e, após, ve-rificá-lo in situ, para não esquecer nenhum detalhe.

d) O programa facilita a inspeção pelas autoridades de regula-mentação e promove o comércio internacional.

e) Todas as alternativas acima estão corretas.

3) São pontos em comum em programas de qualidade: a) Não exigem disciplina na implementação. b) Não é preciso investimento inicial. c) É preciso haver comprometido da direção. d) Após a implementação não requerem revisão. e) Os funcionários não precisam ter acesso aos documentos re-

digidos.

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7 CANAIS DE DISTRIBUIÇÃO NO AGRONEGÓCIO

Dione Carina Francisco

O conceito de cadeia de suprimentos originou-se do conceito de cadeia de valor de Porter, o qual é o conjunto de atividades criadoras de va-lor, desde a matéria-prima básica, passando pelos fornecedores de componentes intermediários, até o produto final entregue ao consumi-dor. Conforme Porter1, “toda empresa é uma reunião de atividades que são executadas para projetar, produzir, comercializar, entregar e sustentar seu produto. Todas estas atividades podem ser representa-das, fazendo-se uso de uma cadeia de valores”.

Para Lummus e Vokurka2, a cadeia de suprimentos envolve os agentes da produção e distribuição do produto final, os fornecedores e os clien-tes, incluindo intermediários. Beamon3 corrobora com essa ideia, ao afirmar que a cadeia de suprimentos é um conjunto de processos inte-grados, envolvendo a transformação da matéria-prima até a entrega dos produtos finais aos consumidores. Para Stern4 ao se abordar a cadeia de suprimentos é preciso definir um canal de distribuição, o qual é “um conjunto de organizações interdependentes envolvidas no processo de tornar o produto ou serviço disponível para consumo ou uso”.

Há vários membros em um canal de distribuição, sendo os principais os fabricantes, os intermediários (atacadistas, varejistas) e consumido-res finais. Em cadeias agroindustriais, pode-se dizer que os principais membros são os seguintes: produtores, agroindústria transformadora, atacado, varejo e consumidores finais (empresas ou consumidor indi-vidual). O tamanho do canal varia conforme a habilidade dos partici-pantes. Alguns canais não possuem todos os membros e outros possu-em mais do que um intermediário. Em cadeias que não estão bem estruturadas é comum ter um intermediário entre os produtores e a indústria de transformação, aumentando o tamanho do canal e dimi-nuindo a margem de lucro dos produtores.

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Os intermediários possuem várias funções, tais como: venda dos pro-dutos junto aos clientes, compra de produtos variados para revenda, armazenamento dos produtos, mantendo os estoques para oferecer aos consumidores quando estes precisarem, distribuição, a qual compra em grandes quantidades e vende ao consumidor final e transportado-res, que fazem a movimentação física dos produtos.

De acordo com Aravechia e Pires, as muitas empresas têm implemen-tado uma série de práticas eficazes na cadeia de suprimentos, as quais objetivam a simplificação e a obtenção de cadeias produtivas mais eficientes. Dentre essas práticas pode-se destacar a (Pires, 1998):

• reestruturação e consolidação do número de fornecedores e clientes, implicando sua redução e aprofundamento das relações com o conjunto de empresas com as quais realmente se deseja desenvolver relacionamentos colaborativos e com resultado sinérgico;

• divisão de informações e integração da infraestrutura com clientes e fornecedores, propiciando entregas just-in-time e redução dos níveis de estoques. A integração de sistemas computacionais e a utilização de sistemas, como o Electronic Data Interchange (EDI), entre fornecedores, clientes e operadores logísticos podem permitir a prática, por exemplo, da reposição automática do produto na prateleira do cliente. A utilização de representantes permanentes (in plant representatives) junto aos clientes pode facilitar, dentre outros aspectos, o melhor balanceamento entre as necessidades dos mesmos e a capacidade produtiva do fornecedor;

• resolução conjunta de problemas e envolvimento dos fornecedores desde os estágios iniciais do desenvolvimento de novos produtos;

• concepção de produtos que facilitem o desempenho da logística da cadeia produtiva e escolha de um operador eficiente para administrá-la;

• compatibilização da estratégia competitiva e das medidas de desempenho da empresa à realidade e aos objetivos da cadeia produtiva.

• Uma questão importante a ser considerada na cadeia de suprimentos é a informação entre os elos da cadeia estudada. O processo de troca de informações é vital para o desempenho das organizações. Conforme Galtier et al(2002), a informação é transmitida pelos processos de negociação e de troca, neste sentido, a forma da rede de trocas tem um papel crucial, visto que ela determina a arquitetura dos canais pelos quais circulam os fluxos de informação. Segundo o mesmo autor, os diferentes atores dispõem de informações partidas ou mesmo errôneas, podendo induzir os demais ao erro, difundindo em cascata uma informação falsa.

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Freitas (2003) define a informação como um processo no qual a empre-sa informa-se a respeito dela mesma e de seu ambiente, e pode ser subdividido em quatro funções:

• Criação das informações – coleta, aquisição e captação;

• Comunicação das informações: circulação, transmissão e difusão;

• Tratamento das informações: transformação, utilização e interpretação;

• Memorização das informações.

Já a palavra “informações”, de acordo com este autor, deve ser entendida como o resultado o processo de informação. E o sistema de informação refere-se à logística necessária para que o processo de informação seja realizado.

A tecnologia da informação (TI), conforme Keen (1996), é a soma dos computadores com as telecomunicações e os recursos de informação. É preciso considerar como elementos da informação o Sistema de Informação Marketing (SIM), Electronic Data Interchange (EDI), Efficient Consumer Response (ECR), entre outros. Cada um destes sistemas será descrito a seguir.

De acordo com Freitas (1993), o SIM liga os profissionais da gestão ao ambiente, isto é, os dados do ambiente são transmitidos ao sistema, que o transforma em informações para o pessoal de marketing. Já MALHOTRA (2001) caracteriza o SIM como um conjunto de procedimentos que objetivam gerar, analisar, armazenar e distribuir informações aos responsáveis pela área de marketing.

Conforme Keen(1996), o EDI consiste na troca eletrônica de dados, que elimina etapas intermediárias em processos que transmitem instruções e documentos em papel. É muito utilizado em transações entre empresas, sendo uma ferramenta de competitividade na tecnologia da informação. Para Treillon et al (1996), o EDI revolucionou a comunicação entre as empresas, tornando-se um ponto de passagem obrigatório para as empresas produtoras de produtos frescos. São múltiplos benefícios que se consegue com este sistema: ganho de tempo, redução dos custos, clarificação das relações entre as empresas e melhora da gestão financeira.

De acordo com Yugue5, “A estruturação de dados por meio de padrões de mensagens acordados implica que os dados ou informações a serem trocados sejam reconhecíveis em conteúdo, significado e formato, permitindo que sejam processados automaticamente de forma inequí-voca por computadores. Os três componentes básicos de um sistema EDI são mensagens padronizadas, software tradutor e comunicação”.

Segundo Francisco6, as empresas devem preocupar-se com os progra-mas de qualidade, com o seu sistema de informação e, principalmente, devem buscar informações sobre a demanda, conhecendo as preferên-cias do consumidor e os fatores que afetam o processo decisório de

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compra. A evolução do consumo fez com que um interlocutor direto das empresas alimentícias também evoluísse: a distribuição. O varejo, em termos mundiais e tratando especificamente de alimentos, apresen-tou mudanças significativas nas últimas décadas. Passou-se da venda de produtos agroindustriais em feiras livres, quitandas e armazéns para mercados, supermercados e, atualmente, hipermercados. O varejo é diferenciado do atacado por vender diretamente ao consumidor final, enquanto o atacado vende para outros intermediários do canal. Os motivos que levaram o varejo a sofrer modificações importantes são diversos e serão abordados ao longo deste capítulo.

A distribuição pode ser considerada como o conjunto de operações e atividades que são exercidas entre a produção das mercadorias até a colocação das mesmas em circulação, e o momento que chegam ao consumidor.

Conforme Treillon e LeCompte7, a mudança da distribuição foi uma das revoluções econômicas e culturais mais importantes do século XX, particularmente nas décadas de 70 e 80. Os autores ao estudarem a cadeia de distribuição de alimentos francesa, colocam que os hiper-mercados, como grandes organizações incorporam os pequenos mer-cados e que na França esse acontecimento foi particularmente severo. O resultado disso é que os hipermercados conseguem obter as melho-res condições de compra e negociar promoções e ações comerciais atrativas frente aos pequenos mercados, haja vista que as vendas des-tas grandes redes é infinitamente maior que os pequenos mercados.

Já nos anos 90, houve quatro tendências maiores que caracterizaram a distribuição. Continuou o crescimento dos hipermercados e estes al-cançaram uma posição dominante sobre os preços, a comunicação, a promoção, o merchandising, enfim, sobre o marketing global.

No Brasil, o sistema de autosserviço em alimentos data da década de 50. Esta mudança surge em virtude das inovações realizadas na área de alimentos, que para Berlik8 são :

decorrentes do maior acesso à informática e telecomunicações, dando maior competitividade às indústrias de alimentos e aos distribuidores. Analisando-se os dados brasileiros do período se observa uma intensa concentração nos principais ramos da indústria e do varejo. Essa concentração foi intensificada pela entrada de novos players no mercado em decorrência da expansão dos investimentos das multinacionais para a América Latina.

De acordo com Berlik9, com a instalação dos supermercados alguns elementos fundamentais da sua gestão, como ocorria na Europa, influ-enciaram diretamente o mercado de alimentos e começaram a ser im-

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plementados, entre estes a estrutura departamentalizada, autosserviço, organização e gestão de Recursos Humanos e a baixa margem aliada a alta rotação de estoques. Nos anos 90, o setor supermercadista se con-solidou, sofrendo fusões e aquisições. Senhoras10 cita que a internacio-nalização das empresas acirrou a concorrência em níveis mundiais e isso ajudou a mudar o varejo de alimentos, em que se observa atual-mente uma concentração de grandes empresas nesse ramo. Para Mc-Goldrick11, os varejistas aumentaram seu poder atravessando frontei-ras nacionais, o que foi acompanhado por investimentos em equipa-mentos e um gerenciamento capacitado.

Segundo Saab et al.12, o processo de concentração no setor de hiper e supermercados brasileiros continua com a aquisição de redes menores pelas maiores empresas. Esta concentração do setor tem permitido incrementos no resultado operacional das cadeias de supermercados, por meio da redução de despesas e dos custos com aquisição de mer-cadorias, esta última obtida basicamente em função da negociação de preços com os fornecedores.

Belik13 ao estudar a comercialização de frutas, verduras e legumes coloca que as redes de supermercados estão buscando trabalhar o fornecedor destas mercadorias, visando a obtenção de um produto padronizado em termos de qualidade e com regularidade no forneci-mento. Isto leva as grandes redes a procurarem intensificar as marcas próprias, o que aumenta a margem de lucro e fideliza o produtor. Com relação a marcas próprias, Wilder14 coloca que “esta estratégia busca aumentar o poder de força dos supermercados junto aos principais fornecedores e oferecer aos clientes produtos que podem chegar a ser 30% mais baratos em relação à marca líder”.

Ao curso dos dez últimos anos, o crescimento do mercado de produtos com marcas próprias sofreu uma aceleração. As marcas próprias ocu-pam hoje uma posição importante no mercado de numerosas categori-as de produtos alimentícios. Esta progressão dos produtos com marcas próprias pesa sobre os resultados das indústrias promotoras de suas marcas próprias. Mas o que leva a produção de marcas próprias? Mui-tas vezes os produtores não têm a capacidade de levar o seu produto até o consumidor final, em função de ser grande o número de produto-res e cada um ter uma produção pequena. Isto faz com que o elo pro-dução não consiga desempenhar a função de levar os seus produtos ao mercado, e neste caso, é interessante para o varejo apoderar-se desta atividade e, consequentemente, aumentar seu poder na cadeia.

As principais motivações dos distribuidores para o desenvolvimento de marcas próprias são as seguintes:

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• obtenção de preços baixos ao consumidor;

• melhoria das margens de lucro;

• reforço na imagem;

• fidelização do consumidor.

Estas motivações levam a dois tipos de argumentos econômicos que concerne as relações verticais entre produtores e distribuidores e a concorrência entre distribuidores. O desenvolvimento das marcas próprias incitam o consumidor a não trocar de rede por ali encontrar sua marca preferida, o que reforça o poder de negociação do distribui-dor.

A produção das marcas próprias fica a cargo dos parceiros escolhidos pelo varejo, como um número determinado de produtores ou ainda a agroindústria processadora. As marcas próprias são usadas como estratégia para fortalecer a imagem da empresa aliado a uma obtenção de preço mais baixo ao consumidor final. As marcas próprias podem levar o nome da rede de varejo ou não, pode haver uma linha de pro-dutos com um outro nome. Estes produtos são encontrados para co-mercialização apenas na rede.

Para a empresa parceira na produção de marcas próprias, uma das motivações é o aumento de faturamento. Além disso, tem-se a garantia de recebimento e a utilização da planta processadora, sem ficar com capacidade ociosa. O desenvolvimento das marcas próprias pelos distribuidores aumenta, como já dito, o poder da distribuição. Os pro-dutos de maior consumo que não levam mais a marca do produtor, mas tem associado o nome da rede que os comercializa e estão presen-tes em muitas cadeias de distribuição no Brasil. A introdução das mar-cas próprias pode ser interpretada como um meio do varejo restringir o acesso de produtores ao mercado, já que os produtores têm contra-tos, muitas vezes, de exclusividade com tais redes.

Segundo Bergès-Sennou15, com relação ao produtor, o distribuidor ao introduzir uma marca própria, concorre com o fornecedor, o que leva a um reforço do seu poder de negociação na relação com o produtor numa estrutura vertical. A teoria utilizada nesta situação é de uma estrutura vertical, composta de um produtor e de um distribuidor, todos os dois em situação de monopólio. O produtor produz um bem de alta qualidade dado um custo marginal constante. Ele vende este bem ao distribuidor a um certo preço alto, o qual também tira sua margem. Com isso, o preço ao consumidor resulta de uma dupla mar-

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gem. Em efeito, cada ator tira partido de seu poder de mercado. Esta situação é desfavorável para os consumidores e também para a estru-tura vertical, em razão da má coordenação entre produtor e distribui-dor.

Se o distribuidor introduz um novo bem, substituto do bem existente, pode-se ter então um aumento do lucro do distribuidor em detrimento ao do produtor e uma redução da dupla margem de lucro. Em efeito, a concorrência exercida pelo novo bem limita o poder de mercado do produtor.

A importância das marcas próprias varia conforme o país, segundo a categoria de produtos. Alguns fatores explicam essa penetração das marcas próprias no mercado, como a oferta (estrutura de oferta, capa-cidade de entrar em um mercado, política de inovação) e as caracterís-ticas da demanda. Por exemplo, produtos que nos quais os atributos de confiança são importantes, como alimentos infantis, é um mercado difícil de haver penetração de marcas próprias.

Para Souza e Nemer16, os produtos marca própria podem ser ainda elementos de diferenciação entre distribuidores. Considerando-se produtos agroalimentares, onde acordos de exclusividade são raros, com a ausência de marcas próprias, os distribuidores vendem sempre as mesmas marcas. Deste ponto de vista, eles não são diferenciáveis. A introdução de marcas próprias funciona, então, como um elemento de diferenciação entre os concorrentes varejistas. As marcas próprias podem ser classificadas em quatro tipos conforme a estratégia:

1. Produtos com o nome do distribuidor: ocorre uma transfe-rência da imagem do distribuidor para o produto. Uma das empresas que usa esta estratégia é o Carrefour.

2. Produtos com nomes distintos do nome do distribuidor: esta estratégia é usada quando o distribuidor trabalha com públi-cos distintos, na qual cada marca terá seu próprio nome. Não utiliza o prestígio da imagem do distribuidor.

3. Marca exclusiva: um determinado fabricante vende exclusi-vamente para uma rede de distribuição. Utiliza o prestígio da imagem ou nome do fabricante da marca.

4. Marca licenciada: utiliza o nome de alguma pessoa famosa ou de personagem conhecido.

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Na maioria das vezes, o distribuidor adota uma posição de empresa seguidora com relação aos produtos de marca própria. Isso faz com que não tenham que investir em desenvolvimento de novos produtos, deixando isto a encargo das empresas inovadoras. O que tem se obser-vado na atualidade é que as marcas próprias tem concorrido direta-mente com as empresas inovadoras, tendo conquistado um espaço grande nas gôndolas dos super e hipermercados.

Conforme a ABRAS17, a estimativa da participação dos produtos mar-cas próprias nas vendas dos supermercados deve chegar a 15% até 2012. Na Inglaterra, essa representatividade é de 39% e, nos Estados Unidos, de 19%. O aumento das vendas de produtos de marca própria demonstra a evolução constante da inovação e dos processos de quali-dade da indústria fornecedora dos supermercados e o aumento da confiança do consumidor nessas mercadorias. De acordo com pesqui-sas realizadas, as classes A e B estão mais acostumadas com as marcas próprias, embora os consumidores das faixas C e D estejam ampliando a procura pelos itens.

Ainda de acordo com a ABRAS18, o consumidor brasileiro possui uma boa imagem com relação as marcas próprias. Os requisitos mais valo-rizados são: embalagem (66%), qualidade (63%), exposição (62%), preço (58%) e variedade (52%). O levantamento da LatinPanel aponta que os consumidores de marcas próprias normalmente comparam mais o preço entre marcas (66%) do que dos produtos entre lojas (55%). Diferentemente dos que disseram não comprar marca própria, que preferem avaliar os preços dos itens preferidos entre lojas (70%) do que entre as marcas (58%).

Ponto Final

Neste capítulo foi possível observar a importância do varejo na distri-buição de alimentos. É crescente o número de produtores ou indústrias de transformação que firmam contratos com super e hipermercados, fornecendo produtos com padrões de qualidade já determinados pelo varejo. Isto é bom para o consumidor, que encontra no mercado pro-dutos mais padronizados e com melhor qualidade. Muitas vezes, para as empresas que processam produtos com as marcas próprias também diminuem a ociosidade da planta processadora. Entretanto, isto dimi-nui a margem de lucro do produtor e também da indústria processa-dora, pois as marcas próprias competem diretamente com produtos com outras marcas.

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Atividades

1) Sobre a questão dos intermediários no canal de distribuição é possível dizer que: a) Sem eles não há como comercializar alimentos. b) Quanto maior o numero de intermediários maior é o lucro de

cada elo da cadeia. c) O tamanho do canal varia conforme a cadeia estudada, assim

como é variável o número de intermediários. d) Um canal de distribuição dever ter dois intermediários: o ata-

cado e o varejo. e) O canal de distribuição de alimentos possui apenas o varejo

como intermediário entre o produtor e o consumidor.

2) As marcas próprias são um fenômeno bastante estudado em fun-ção de: a) terem aumentado a participação nas gôndolas dos supermer-

cados. b) As empresas fabricantes desses produtos utilizarem a sua re-

putação para promover a imagem dos produtos marca pró-pria.

c) Não concorrem diretamente com outras marcas. d) Haver uma fidelização cada vez maior, por parte dos consu-

midores, as marcas próprias. e) As alternativas a, b e d estão corretas.

3) A respeito do varejo é correto afirmar: a) O fenômeno de expansão dos supermercados iniciou no Bra-

sil. b) Os hipermercados obtêm as melhores condições de compra

quando comparados a pequenos mercados. c) No mercado brasileiro também verificam-se fusões e aquisi-

ções de empresas pelos hipermercados. d) Apenas as alternativas b e c estão corretas. e) Apenas as alternativas a e b estão corretas.

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8 A IMPORTÂNCIA ECONÔMICA DOS IMPACTOS DA INTRODUÇÃO DE PRAGAS EXÓGENAS NO BRASIL

Sílvia Helena Galvão de Miranda

Valquiria Prezotto Ximenes

Ao longo das últimas décadas, o comércio agrícola mundial cresceu, refletindo-se na importância que as negociações multilaterais, regio-nais e bilaterais assumem, do ponto de vista econômico e sociopolítico. Conjunturalmente, eventos de diversas naturezas podem causar cho-ques relevantes do comércio ou acentuar movimentos já observados, tanto em termos de padrão quanto de volumes e valores transaciona-dos. Recentemente, o destaque foi para eventos sanitários que afetaram o comércio de produtos agroindustriais. Ilustram os casos de vaca louca na Europa e de gripe aviária na Ásia.

Dados da Organização Mundial do Comércio – OMC1 mostram que o Brasil detinha cerca de 4,3% de participação das exportações agrícolas internacionais, no ano de 2007, e que seu crescimento entre 2000 a 2007 foi de 18%. Apesar de parecer uma parcela relativamente modesta, para o País o agronegócio representou cerca de 34,7%a das exportações brasileiras totais em 2007. Por sua vez, este desempenho é reflexo da magnitude desse setor na economia nacional, já que correspondeu a 25,1% do PIB nacional, em 2007, segundo dados do CEPEA.

Neste contexto, e assumindo que os consumidores se tornam cada vez mais conscientes e críticos em relação a sua segurança alimentar, em quantidade e em qualidade de produtos, é evidente que os conflitos envolvendo temas sanitários, fitossanitários e técnicos sejam crescentes no âmbito da regulação nacional e internacional. Mesmo que o desem-penho exportador indique volumes crescentes de produtos agropecuá-rios comercializados no mercado internacional, o Brasil enfrenta diver-sas barreiras sanitárias e fitossanitárias, que dificultam a distribuição

a Elaborado com base em dados do AliceWeb (www.aliceweb.desenvolvimento.gov.br) e CEPEA, abrangendo os seguintes capítulos do Sistema Harmonizado: 01-24, 28-33, 35, 38, 41,42,44, 47-53, 56-58, 60-63, 84, 87, 89, 90 e 94.

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de seus produtos, deprimem seus preços e, muitas vezes, a própria imagem do País e de suas empresas.

Muitos desses entraves comerciais existem pela dificuldade de consen-so técnico e legal na regulação internacional sobre o tema sanitário e fitossanitário, muitas vezes, originadas das diferenças tecnológicas e de cultura entre os países. Outras vezes, os entraves são políticos, refle-tindo os interesses comerciais dos grupos nacionais. A dificuldade de desenhar acordos sanitários para as carnes suína e bovina é um exem-plo mencionado pelo MDIC2, decorrentes de complicações em se esta-belecer correspondência nos procedimentos de verificação sanitária (Aliceweb, 2009)

O tema sanitário compreende diversos tópicos de importância na polí-tica brasileira para o agronegócio. De um lado, claramente, tem-se a ação da ação pública na área sanitária, tendo como um dos principais objetivos o controle de doenças e pragas no território nacional, o que contempla, inclusive, a entrada de patógenos vindos de outros países. De outro, a negociação dos conflitos com os países parceiros comerci-ais.

Esses desafios são enfrentados através de um papel regulador do Esta-do na área sanitária, embora também, hoje, venham mais e mais en-volvendo a participação ativa do setor privado, que é exigido em ter-mos de observância da legislação em vigor do Brasil e comprometi-mento com os requisitos dos países compradores. Sobretudo, levando-se em consideração os compromissos assumidos junto aos fóruns mul-tilaterais, especialmente o da Organização Mundial do Comércio (OMC).

Assim, neste capítulo, pretende-se retratar este importante tema, com enfoque econômico, bem como ilustrar os casos de introdução de pra-gas exógenas relevantes e da natureza de seus impactos, com finalida-de de tecer algumas considerações sobre os desafios na definição de políticas. A ideia é apresentar um breve diagnóstico, com base na lite-ratura existente, em um esforço de reunir conteúdos ainda esparsos no Brasil, que tratem de ambos os contextos conjuntamente, o técnico-sanitário e o econômico.

8.1 Arcabouço legal sobre o assunto

A vertente agrícola da Organização Mundial do Comércio (OMC), que sucedeu o General Agreement on Tariffs and Trade (GATT), a partir de 1995, é uma das mais recentes em termos de formalização. É marcada pela criação do Acordo Agrícola (AA) e a implementação do Acordo

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para Aplicação de Medidas Sanitárias e Fitossanitárias (SPS), ambos a partir do final da Rodada Uruguai, em 1993, consolidadas pela assina-tura do Acordo de Marraqueche, no ano seguinte.

Segundo com Miranda3, o Acordo SPS aplica-se a todas as medidas sanitárias e fitossanitárias que possam afetar o comércio direta ou indiretamente e prevê que os países possam adotá-las na medida em que sejam necessárias para a proteção da vida ou da saúde humana, da animal ou da vegetal e desde que as mesmas não sejam inconsistentes com os princípios do Acordo.

Não é fácil avaliar quando uma exigência sanitária pode ser conside-rada protecionista, propriamente dita, e não só “protetora”. Ou seja, quando uma medida sanitária pretensamente alega um argumento de proteção da saúde humana, animal ou vegetal, mas na verdade consis-te em uma política comercial e protecionista em seu fim último. Se-gundo Miranda et al.4, os países mais prejudicados com esse tipo de política são aqueles em desenvolvimento. Os autores justificam que os países desenvolvidos têm maior participação no desenho das normas internacionais. Assim, as referências internacionais pouco refletem as necessidades ou as condições dos países em desenvolvimento. Conse-quentemente, estes devem arcar com os custos adicionais de ajusta-mento impostos por tais medidas.

Estudo recente de Lawley5 aponta que as inspeções nas fronteiras dos Estados Unidos são usadas para proteger produtores domésticos da competição estrangeira, independente do dano esperado pela introdu-ção de espécies exóticas através da importação. Entre 1984 e 2001, o Animal and Plant Health Inspection Service (APHIS), que pertence ao Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), intercep-tou cerca de 42 mil pragas acionáveis por ano (McCullough et al, cita-do por Lawley6). Há evidências de que as inspeções na fronteira são influenciadas também por considerações sobre os termos de troca no comércio.

É interessante destacar que, no Artigo 6º, o Acordo SPS estabelece a Regionalização, provisão particularmente relevante para países de grande extensão rural e diferentes realidades como é o caso do Brasil. A regionalização prevê a possibilidade de um país ter áreas reconheci-das como livres de doenças ou de baixa prevalência por parte de orga-nismos de referência e aceitas por seus parceiros comerciais.

Outro instrumento de destaque para a política de defesa sanitária de um país e o gerenciamento das questões sanitárias, e que pode contri-buir para dirimir dúvidas sobre a diferenciação entre barreiras de

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proteção daquelas medidas com objetivos de proteção legítimos, é a Análise de Risco de Pragas (APR). Pela ARP7 é possível “identificar as pragas e/ou vias de interesse e avaliar o risco, com fim de identificar opções de manejo do risco”, instituindo condições fitossanitárias para o comércio internacional de produtos vegetais e protegendo o agrone-gócio de problemas decorrentes da entrada de pragas.

No âmbito da OMC, os órgãos internacionais OIE (Organização Mun-dial para a Saúde Animal), a Convenção Internacional de Proteção das Plantas (CIPV) e o Codex Alimentarius são responsáveis por estabelecer as referências internacionais em termos de saúde animal, fitossanidade e segurança do alimento (food safety). Estabelecem os critérios e parâ-metros que permitem avaliar o status dos países quanto a determina-das doenças, de acordo com tais normas internacionais. A identificação e a harmonização desses critérios é importante como elemento facilita-dor do livre comércio.

8.2 O comércio internacional e o risco de entrada de pragas

Em geral, no Brasil, em termos econômicos a literatura em comércio internacional discute a questão sanitária com o enfoque de país expor-tador de produtos do agronegócio. Entretanto, o controle da entrada de possíveis pragas exóticas no território é objeto de grande importân-cia para a defesa sanitária, tendo em vista os riscos crescentes que a globalização comercial e a circulação de pessoas representam do ponto de vista sanitário.

Segundo o Ministério do Meio Ambiente8, a Convenção sobre Diversi-dade Biológica (CDB) define “espécie exótica” como toda espécie en-contrada fora de seu habitat natural e “espécie exótica invasora” se tal espécie causar danos a ecossistemas ou a espécies nativas. Muitas das espécies exógenas invasoras, como são denominadas, hoje presentes no Brasil, foram introduzidas pelo próprio intercâmbio comercial entre os países, proposital ou acidentalmente.

O comércio contribui consideravelmente, e as facilidades de comunica-ção e tecnológicas, ao reduzir as barreiras geográficas, promovem maior intercâmbio, elevando os riscos de que os organismos vivos migrem para novos ecossistemas, resultando em rápida disseminação, principalmente ao não encontrarem seus predadores naturais. As es-pécies invasoras, consideradas exóticas, podem causar prejuízos não só para as culturas comerciais, agrícolas e pecuárias mas também para a própria diversidade biológica, claramente um risco ambiental. O tu-

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rismo também é uma atividade que ampliou os riscos, já que a circula-ção das pessoas e dos bens carregados por estes como souvenir pode, por si só, disseminar esporos de fungos, ácaros e outros agentes.

Em decorrência da entrada de invasoras, diversos impactos diretos e indiretos podem ser observados. Dentre os principais, destacados na literatura, cita-se a queda na produtividade das culturas, chegando mesmo à sua total destruição; o acréscimo dos custos de manejo para o controle da praga; e o comprometimento da permanência das culturas em algumas regiões. O aumento nos custos pode trazer consequências sociais de difícil quantificação, pois dificulta para o pequeno agricultor manter sua lavoura. Além disso, há os impactos econômicos indiretos, causados pela degradação ambiental causada pela utilização mais intensiva de inseticida ou de outros defensivos.

Outro custo que deve ser adicionado a esta lista é o que tange direta-mente ao setor público, que diante dos eventos fitossanitários e sanitá-rios, se defronta com aumento na demanda por serviços relacionados ao controle de doenças e pragas, elaboração e implementação de pro-gramas para erradicação, e outras decorrências. Portanto, a entrada desses patógenos acaba gerando um custo adicional para controle e monitoramento das culturas, que poderia ser minimizado através da prevenção. Outro elo que pode ser amplamente afetado é o da comer-cialização agrícola. A propagação de doenças reflete-se na perda física de produtos, podendo resultar até em restrições às exportações de um determinado produto, ou de outros, que possam ser considerados veículos de transmissão, prejudicando a pauta de comércio.

Segundo Oliveira9, pesquisas agrícolas bem fundamentadas e políticas públicas para proteção das riquezas do país e para reduzir pressões de barreiras comerciais são necessárias. Atenta para a importância da conscientização da população quanto aos riscos de introdução no país de vegetais ou de seus produtos, potenciais veículos de pragas rele-vantes, como já ocorreu no passado com o bicudo do algodão e a fer-rugem da soja. Um caso recente que deve preocupar o Brasil é o do ácaro Raoiella indica que atinge o coco, o dendê, e diversas frutíferas e flores, e que está presente na Venezuela, com elevado risco de introdu-ção no Brasil.

No Brasil, há poucos dados sistematizados, sobre este tema, que avali-em as perdas, os custos de controle ou os de prevenção. Segundo o Ministério do Meio Ambiente10, estudos realizados nos Estados Uni-dos, Reino Unido, Austrália, África do Sul, Índia e Brasil afirmam que os prejuízos econômicos anuais causados pelas pragas introduzidas

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nas plantações, pastagens e áreas florestais giram em torno de US$ 250 bilhões.

Tendo em vista o nível dos prejuízos, é evidente a necessidade de discutir medidas de prevenção para os países, bem como suas próprias estruturas de defesa sanitária. Neste contexto, um elemento essencial para a prevenção é conhecer as diversas e inesperadas formas como uma praga pode ser introduzida em um país: nos cascos de navios, amostras de solo, animais e plantas, embalagens, lixos, máquinas, embalagens, souvenires, alimentos, roupas dos transeuntes, entre ou-tros.

8.3 Histórico de doenças que entraram no Brasil e prejuízos causados

É interessante descrever sucintamente parte da história do Brasil em termos de introdução de pragas exógenas e das consequências que acarretaram para o agronegócio nacional, evidenciando seus prejuízos econômicos, e, sempre que possível, os sociais e ambientais.

A primeira praga considerada é a Ferrugem Asiática da soja, facilmen-te disseminada pelo vento, chegou ao Brasil na safra de 2001/2002, entrando no Paraná. No ano seguinte, já era encontrada em pratica-mente todos os estados produtores da cultura, exceto em Roraima e Pará. Atualmente, apenas Roraima não foi afetada. Segundo o Consór-cio antiferrugem11, na safra de 2001/02 o custo da ferrugem asiática foi de US$177 milhões. Apenas seis anos depois, na safra de 2007/2008, esse montante subiu para US$ 2,38 bilhões, sendo US$ 1,97 bilhão apenas em gastos com controle, correspondendo ainda a uma perda em produtividade estimada em 418,5 mil toneladas.

A vassoura-de-bruxa, uma das principais doenças do cacaueiro, é causada pelo fungo Crinipellis perniciosa (Stahel) Singer, descrito pela primeira vez no Suriname em 1895. Desde o século XIX, a doença ocor-re na região Amazônica e só foi observada no Sul da Bahia em 1989, alastrando-se rapidamente pelo ar e pela chuva. Segundo Oliveira e Luz12, a doença pode causar 90% de perdas na produção, às quais somam-se as implicações sociais, como a alteração no uso da terra, a venda de propriedades, a redução do nível de emprego nas regiões produtoras e os danos ambientais.

O Bicudo do Algodoeiro, que entrou no Brasil em 1983, no estado de São Paulo, provavelmente em material vegetal importado. Originário do México ou da América Central, espalhou-se rapidamente pelo Bra-

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sil. Freire e Beltrão13 estimaram que para seu controle o custo de pro-dução encarece em US$ 45,00/hectare. Outros efeitos apontados são a queda na área plantada e o abandono da terra por parte dos pequenos agricultores. Segundo a Fundação Bahia14, “a primeira constatação da praga na Bahia aconteceu no ano de 1986, no município de Santa Brí-gida, região nordeste do Estado, causando forte redução da produção, de 200 mil toneladas para 90 mil toneladas/ano, com enorme impacto na economia regional”. Assim, para controlar o bicudo na safra 2001/02, no oeste da Bahia, eram necessárias em torno de 6 a 10 aplica-ções de inseticidas, e houve perdas de 5 a 25% da produtividade local.

Os citros são exemplos bastante ilustrativos de setor que se defronta com perdas importantes devido à introdução de pragas exógenas, já que esta espécie foi alvo de invasão por diversas pragas nas últimas décadas. É o caso do Cancro Cítrico, causado por bactéria presente no país desde 1957, quando foi detectada na região de Presidente Pruden-te - SP. Seus principais vetores são o trânsito humano entre as lavouras e o vento. Como não responde bem a tratamentos com defensivos agrícolas, a forma mais eficiente de eliminação é a erradicação das plantas. Orientações dos órgãos internacionais de referência em fitos-sanidade prevêem limitações ao comércio dos frutos cítricos origina-dos de áreas infectadas.

De acordo com a Fundecitrus15, outra doença que atinge os citros é a Mosca Negra, que pode ser encontrada em mais 300 espécies de plan-tas, tais como videiras, cafeeiros, mangueiras, mamoeiros e pereiras. A sua principal forma de disseminação é por material vegetal transpor-tado pelo homem. Entretanto, uma vez estabelecida em uma área, a mosca pode voar para os pomares vizinhos. O principal prejuízo acar-retado para a cultura é a perda de produtividade, que gira em torno de 20 até 80%. Os danos que essa doença pode causar são o aumento no custo de produção, a perda de competitividade e, consequentemente, de mercados compradores. Segundo Malavasi16, as perdas podem variar de 2,5% na cultura do caju, fruta-pão e acerola até 50% para a carambola. Na América Latina, a perda anual estimada chegaria a US$ 25,3 milhões ou a US$ 67,1 milhões, caso a banana também se tornasse uma hospedeira. Desse montante, só no Brasil, essa perda seria de US$57,6 milhões. Comparativamente, o custo previsto para a erradica-ção da mosca na região é de US$ 9 milhões.

Segundo o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento17 o :

estabelecimento da praga nos pomares comerciais representaria um retrocesso no sistema de produção integrada da fruta, que tem reduzido em até 70% o número de aplicações de inseticidas. Nos países onde está presente, o custo para o seu controle

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é equivalente a R$ 850,00/ha/ano, independente das perdas de pelo menos 5% da produção (o que representaria no Brasil, perdas de 50 mil toneladas de frutas). Outro aspecto, diz respeito à perda de mercados externos pelas barreiras fitossanitárias impostas e às exigências quanto ao nível de resíduos de agrotóxicos nas frutas.

8.4 Estrutura da defesa sanitária no país

Os países apresentam estruturas distintas nos serviços oficias de defesa sanitária. No contexto das políticas de defesa sanitária, um dos indica-dores a ser avaliado de forma concreta é o de gastos públicos nessa área. Dados obtidos no orçamento do Ministério da Agricultura, Pecu-ária e Abastecimento18 (MAPA), divulgados pelo Tesouro Nacional, permitem avaliar a evolução dos gastos sanitários e sua alocação. Os valores apresentados incluem prevenção, controle e erradicação de pragas de diversas culturas e doenças de animais, vigilância, inspeção e fiscalização de vegetais e animais, e contribuição para organismos internacionais de combate as diversas pragas introduzidas.

Nota-se que até 2008 aumenta a parcela destinada aos gastos sanitários autorizados e aos gastos sanitários executados no total da alocação do orçamento do MAPA, bem como o montante total autorizado para gastos nesse item.

Embora a cada ano cresça a quantia destinada aos gastos autorizados, nota-se que de 2004 a 2008 diminuiu a porcentagem dos gastos sanitá-rios autorizados que foram efetivamente executados. Em 2004, o execu-tado representou 76% do autorizado, enquanto em 2008, apenas 65,2%.

No MAPA, o Departamento de Sanidade Vegetal (DSV) é responsável, principalmente, por elaborar e fiscalizar as normas fitossanitárias na-cionais, como a vigilância fitossanitária, prevenção e controle de pra-gas e fiscalização do trânsito de vegetais. Além disso, esse departa-mento é responsável por representar o país em negociações de acor-dos, tratados ou convênios internacionais de interesse na área de Sani-dade Vegetal.

Tendo em vista a discussão sobre as pragas exóticas que já foram in-troduzidas no país, citam-se alguns exemplos de instrumentos legais adotados pelo MAPA para defesa sanitária. Ilustrativamente, tem-se o arcabouço legal referente às exigências, critérios e métodos utilizados pela Campanha Nacional de Cancro Cítrico (CANECC), que estabelece que para se erradicar a bactéria, podem ser utilizados quatro procedi-mentos, dependendo das condições da plantação e do grau de conta-minação da doença. Ressalta-se que o FUNDECITRUS foi criado em

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1977 com o objetivo de auxiliar a CANECC no combate ao Cancro Cítrico. A parceria da iniciativa privada, FUNDECITRUS, junto com o Ministério teve bons resultados, sendo que atualmente é responsável pelo monitoramento de pragas e doenças, também a geração e difusão de novas tecnologias para o setor.19

Para ações mais efetivas e eficazes na defesa sanitária, em algumas circunstâncias, as decisões e o estabelecimento de planos e programas requerem a interação entre países, em geral, vizinhos de fronteira. Ainda uma vez, volta à tona a discussão sobre as diferenças nos siste-mas de defesa sanitária.

Ponto Final

É sabida que as discussões sobre medidas sanitárias e fitossanitárias tomam proporções ainda maiores em um país como o Brasil, cuja im-portância do comércio agrícola e a relevância do país para a manuten-ção desse comércio é de destaque. Nesse âmbito, afirma-se que identi-ficar previamente pragas e doenças exógenas capazes de dificultar o comércio internacional, aumentando as barreiras comerciais, represen-ta uma melhor oportunidade de se constituir políticas para a manuten-ção dessa atividade. Além disso, é preciso fortalecer os procedimentos desenvolvidos pelos organismos internacionais, harmonizando o co-mércio como um todo.

É, pois, relevante avaliar os impactos causados pelas pragas já intro-duzidas do país, a fim de se mostrar a importância de adotar políticas que minimizem o risco de entrada de novas pragas no país. As ações nesse contexto, podem ser tanto preventivas, como corretivas, uma vez instalado o problema, e, não raras vezes, as ações corretivas são mais onerosas, seja para o setor privado, seja para o governo, em suas diver-sas instâncias.

Há poucas pesquisas no País relacionando os aspectos econômicos da entrada de pragas exógenas com o comércio internacional e as políticas de defesa agropecuária. Ademais, os aspectos socioambientais pouco têm sido considerados nas decisões e nos estudos que buscam mensu-rar os impactos de forma clara e objetiva. Uma das razões para tal pode ser o fato que tais trabalhos exigem grande interdisciplinaridade nos estudos e conclusões.

Atividades

1) As medidas sanitárias e fitossanitárias podem afetar o comércio direta ou indiretamente, e serem consideradas legítimas ou ilegí-

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timas do ponto de objetivos. Em que situação, poderiam ser con-sideradas barreiras comerciais ilegítimas: a) quando visam à proteção do território nacional de pragas. b) quando visam à proteção da saúde humana ou dos rebanhos. c) quando visam à proteção dos produtores dos países que as

impõem. d) quando visam à proteção da saúde do consumidor, da sani-

dade animal e da fitossanidade dos cultivos.

2) Segundo a Convenção sobre Diversidade Biológica (CDB), espécie exótica invasora é: a) toda espécie encontrada em outros países. b) toda espécie tida como diferente das demais e que causa da-

nos a ecossistemas. c) toda espécie encontrada fora de seu habitat natural. d) toda espécie encontrada fora de seu habitat natural, que causa

danos a ecossistemas ou a espécies nativas.

3) Qual das alternativas abaixo compreende apenas organismos internacionais de referência técnica para as questões sanitárias e fi-tossanitárias: a) APHIS/USDA, Codex Alimentarius, OMC. b) APHIS/USDA, OIE e Codex Alimentarius. c) Codex Alimentarius, OIE e CIPV. d) Fundecitrus, OIE e OMC. 77.

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9 GESTÃO DE CUSTOS NO AGRONEGÓCIO

Marcelo Silveira Badejo

Nas diversas cadeias produtivas agroindustriais, em cada elo as em-presas industriais, comerciais, bem como as propriedades rurais so-frem pela falta de articulação para tomar suas decisões de forma mais estratégica e conjunta, uma vez que se ocupam dos mesmos produtos de forma diferente e interdependente.

O que ocorre de fato é uma sequência de atividades que ultrapassam as fronteiras de cada empresa e que representam os esforços de vários setores correlatos e interligados em suas próprias cadeias produtivas. Dessa forma, a redução de custos em uma atividade do início de uma cadeia poderá elevar sobremaneira os custos em outras atividades da industrialização ou comercialização do produto final.

Gerenciar os custos de produção é uma tarefa importante para os inte-ressados em aumentar seus lucros mas também é importante aos que buscam a simples continuidade de seus negócios, de sua sobrevivência no meio rural. No Brasil, a capacitação gerencial em cadeias agroindus-triais geralmente apresenta grandes diferenças entre os diversos seto-res em que atuam os agentes: indústria de insumos, produção primária agropecuária ou agrícola, frigoríficos, agroindústrias e varejo. Isto não ocorre com a mesma intensidade em outras cadeias produtivas com maiores investimentos em tecnologia, como é o caso das cadeias auto-motiva e eletrônica, onde os agentes são, em sua maioria, empresas com estruturas de gestão profissional.

Segundo Carrieri, Aguiar e Moura1, o processo de tomada de decisão do pequeno agricultor no Brasil, responsável por uma parcela signifi-cativa da produção nacional, porém, é baseado em uma racionalidade própria, que não se determina em função da lucratividade simples-mente, mas, sim, em decorrência da satisfação social ou mesmo subsis-tência do grupo familiar. O pequeno produtor, a princípio, não cogita a mudança de ramo ou setor em que atua. Muitas vezes, nasce na pró-

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pria propriedade e tem como única habilidade laboral a produção agrícola.

Todavia, os demais setores das cadeias produtivas são mais concentra-dos, mais conscientes do impacto do aumento da concorrência e estão atuando de maneira profissional na busca de remunerar seus ativos. Os fabricantes de insumos e equipamentos agrícolas, bem como boa parte do setor varejista são geralmente grandes corporações, com suas expectativas de ganho relacionadas aos investimentos mundiais. En-quanto que do outro lado da porteira, na busca da sobrevivência, exis-te pouca preocupação quanto a manutenção de matas nativas e práti-cas agrícolas conservacionistas como o uso racional de agrotóxicos. Os setores são interdependentes e caso um fracasse pela falta de remune-ração adequada, os demais também sucumbirão por falta de matérias-primas ou de clientes.

A apuração dos custos de produção pelos métodos tradicionais é inefi-ciente para a tomada de decisões estratégicas das cadeias produtivas se comparado aos métodos modernos que ultrapassam as fronteiras das empresas. Dessa forma, neste capítulo será apresentado o método do custeio baseado em atividades – ABC, que é muito útil para analisar as cadeias produtivas agroindustriais com suas peculiaridades. Contudo, alguns termos técnicos devem estar entendidos.

9.1 Contabilidade de Custos

Expressões como Contabilidade Financeira, Contabilidade de Custos e Contabilidade Gerencial, muitas vezes, ficam difíceis de serem diferen-ciadas. Segundo Martins2,

até a Revolução Industrial (século XVIII), quase só existia a Contabilidade Financeira (ou geral), que, desenvolvida na era mercantilista, estava bem estruturada para servir as empresas comerciais. Para a apuração do resultado de cada período, bem como para o levantamento do balanço em seu final. [...] Todos os gastos eram automaticamente apropriados como despesas do período, independente da venda ou não de mercadorias. [...]. Já na Contabilidade de Custos Industrial, passaram a compor o custo do produto os valores dos fatores de produção utilizados para sua obtenção, deixando-se de atribuir aqueles outros que na empresa comercial já eram considerados como despesas do período de sua incorrência: despesas administrativas, de vendas e financeiras. [...] A Contabilidade de Custos acabou por passar, nessas últimas décadas, de mera auxiliar na avaliação de estoques e lucros para importante arma de controle e decisão gerenciais.

De acordo com Iudícibus3, dentre várias aplicações, a contabilidade de custos existe, principalmente, para fornecer informações contábeis e

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financeiras, subsidiando a decisão entre alternativas. O autor afirma que o processo de tomada de decisão requer informações financeiras, que não são facilmente encontradas nos registros da contabilidade tradicional. Na melhor das hipóteses, os registros usuais requerem um esforço extra de classificação, agregação e refinamento, para poderem ser utilizados em tais decisões. Alguns conceitos importantes para o entendimento são:

a) Ativo: em contabilidade são os bens e direitos que a empresa tem num determinado momento, resultante de suas transações ou eventos passados da qual futuros benefícios econômicos podem ser obtidos. Exemplos de ativos incluem caixa, estoques, equipamentos e prédios.

b) Passivo: ele corresponde ao saldo das obrigações devidas, o inverso do ativo. Exemplos de passivos são as contas a pagar e as dívidas e empréstimos contraídos em bancos ou demais credores.

c) Gasto: é um conceito muito amplo, todo e qualquer tipo de dispêndio realizado pela empresa que gera o reconhecimento contábil da dívida assumida ou da redução do ativo da empresa.

d) Custo: é um gasto de recursos aplicados na produção de um bem ou serviço. Exemplo de custo é o combustível consumido no preparo do solo.

e) Perda: é consumo de bens de forma anormal. Também existem perdas dentro da normalidade, ou as quebras como são chamadas, que são consideradas custos. Por exemplo, uma colheitadeira opera com uma perda de 3 a 6 % por debulha de grãos ou ineficiência do sistema consideradas ótimas para a tecnologia disponível.

f) Desembolso: é o pagamento propriamente dito, o momento em que o recurso é disponibilizado, o ato de saída do dinheiro do caixa.

g) Custo direto: é aquele que pode ser diretamente relacionado com o produto. Por exemplo, a embalagem de um produto que pode ter seu custo diretamente relacionado ao produto.

h) Custo indireto: é o tipo de custo que exige mecanismos de rateio/rastreamento para ser relacionado com o produto/serviço. Por exemplo, o custo com administração de uma indústria que deve ser relacionada com os diversos produtos das linhas de produção.

i) Custo fixo: é aquele que é fixo no tempo e variável por unidade. Por exemplo o custo com mão de obra para o plantio é fixo em função do tempo, o funcionário receberá por mês o seu salário fixo. Porém, por unidade de área é variável, em função de diversos fatores aquele funcionário poderá ter plantado uma área menor ou maior se tiver chovido muito, se a máquina tiver necessitado de reparos e houver muitas paradas.

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j) Custo variável: é variável no tempo, mas é fixo por unidade. Por exemplo, o custo da embalagem é fixo por unidade de produto embalado, mas é um custo que dependendo da produção do período será maior ou menor em função da quantidade de unidades produzida naquela época.

k) Custo de depreciação: é perda de valor do bem por seu uso ou efeito do tempo. Um exemplo seria um equipamento de informática que perde seu valor em função das novas tecnologias que surgem constantemente.

l) Custo de oportunidade do capital: é o rendimento alternativo ao recurso financeiro. Por exemplo, caso não fosse alocado o recurso na compra de sementes e insumos para uma lavoura de milho, o quanto esse dinheiro renderia numa aplicação financeira é o custo de oportunidade deste capital.

m) Direcionadores de custos: são as variáveis que alteram o custo da unidade produzida. Para Porter4, “os condutores dos custos são as causas estruturais do custo de uma atividade, podendo estar mais ou menos sobre o controle de uma empresa”. Por exemplo, o direcionador de custo na atividade transporte da produção é o custo do combustível, ou seja, o mais relevante custo da atividade. Tento controle deste custo, os demais são secundários.

n) Atividade: em termos de análise estratégica a atividade é o mmc, o mínimo múltiplo comum da empresa. É a combinação de recursos materiais, humanos, tecnológicos e financeiros para produzir os bens. As atividades são necessárias para o desenvolvimento dos processos, que vêm a ser a cadeia de atividades correlatas. A empresas são sequências de atividades, primárias ou secundárias, por exemplo, numa produção leiteira a atividade ordenhar as vacas pode ser considera uma atividade principal e a atividade de limpeza do ubre da vaca uma atividade secundária. A atividade secundária é de grande importância, mas está vinculada a outra atividade de maior dimensão. O somatório destas atividades primárias e secundárias é que agrega valor ao produto. São estas mesmas atividades as geradoras do custo total de produção.

o) Cadeia de valor: é a sequência de atividades por onde um produto passa até chegar ao cliente final. Os fornecedores possuem, segundo Porter5, cadeias de valor (valor “corrente acima”) que, através da execução de suas atividades, agregam valor e custos ao produto assim, os fornecedores podem influenciar o desempenho das empresas de várias formas. Por outro lado, o produto pode passar ainda pelas cadeias de valores dos canais. Os canais, por sua vez, podem executar outras atividades nos produtos, agregando valor e custos aos mesmos, afetando o comprador e a própria empresa.

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9.2 Método de Gestão de Custos ABC – Custeio Baseado em Atividades

O Custeio Baseado em Atividades ou “Activity-based-costing” é o método de controle de custos que em um primeiro momento atribui os custos às atividades, passando, a seguir, a repassar estes custos das atividades aos produtos, seguindo critérios de graus de utilização que cada produto exige das atividades. Conforme Ching6, “o ABC é um método de rastrear os custos de um negócio ou departamento para as atividades realizadas e de verificar como estas atividades estão rela-cionadas para a geração de receitas e consumos de recursos. E avalia o valor que cada atividade agrega para a performance do negócio ou departamento”. Ou seja, permite avaliar como as atividades estão gerando custos e agregando valor.

O método ABC, com sua abordagem de direcionadores de custos, é capaz de auxiliar o gestor a decidir sobre questões estratégicas da empresa, pois, na medida em que surgem as mudanças no ambiente competitivo, alguns direcionadores se mostram mais importantes do que outros e as alterações se fazem mais evidentes. Também, pensar de maneira estratégica nos resultados da empresa passa, necessariamente, pela busca do entendimento da formação do custo dos produtos ao longo de sua produção. Isto deve ser feito dentro de uma só firma ou de uma sequência de firmas, compondo uma cadeia de valor do pro-duto ou cliente - o que é uma outra abordagem do ABC.

Um dos mais importantes benefícios do custeio baseado em atividades, segundo Ostrenga7, é a sua capacidade de acompanhamento das ações da empresa, através de estimativas dos custos necessários para melho-rar seu desempenho. As informações geradas a partir do entendimento das atividades tornam conhecidos, também, os custos da má qualida-de, facilitando, assim, a comunicação das prioridades à gerência. Se-gundo Martins8, “uma das grandes vantagens do ABC frente aos sis-temas de custos mais tradicionais, é que ele permite uma análise que não se restringe ao custo do produto, sua lucratividade ou não etc., mas permite que os processos que ocorrem dentro da empresa também sejam custeados”.

Pelo fato de o ABC ser um método voltado ao desmembramento das empresas em suas atividades relevantes, ele pode ser usado, também, para avaliar a cadeia de valor dos produtos, ultrapassando as frontei-ras organizacionais em sua análise. O termo cadeia de valor foi criado para caracterizar o fato de os produtos e seus custos extravasarem as fronteiras da empresa, como se cada empresa fosse apenas parte de

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uma cadeia de valor dos produtos. Dessa forma, os elos que ligam uma empresa a outra são as atividades de entrega e recebimento dos produ-tos e representam um ambiente rico para inovações em gestão de pro-cessos.

Um exemplo marcante de administração de elos verticais no agronegó-cio é o da cadeia produtiva das frutas para conserva da região de Pelo-tas, no Rio grande do Sul. Uma falha na administração de um elo neste caso gerou consequências indesejadas ao setor durante o seu período de maior crescimento. Neste caso, o pêssego industrializado exigia uma classificação minuciosa que incluía descartes de frutas defeituosas e padronização por tamanho. Grandes quantidades de mão de obra foram empregadas na indústria, ocasionando êxodo rural e aumento das periferias da cidade. Contudo, as quantidades de pêssegos descar-tados eram enormes, gerando problemas com a fiscalização ambiental, multas e investimentos diversos.

Porém, se a seleção tivesse sido terceirizada para o produtor, esta ati-vidade representaria um incentivo pela remuneração ampliada e a possibilidade de utilização de mão de obra de toda a família, inclusive de idosos por não exigir vigor físico. Bastaria, para tanto, que a indús-tria realizasse treinamentos, controles e acompanhamentos individuais e periódicos.

Um pêssego estragado na cidade é um problema, mas dentro de uma propriedade é alimento para animais ou, no mínimo, material orgânico para adubação dos solos. Assim a importância estratégica da adminis-tração dos elos verticais, que ligam atividades entre empresas de um mesmo segmento, se faz presente nas mais diversas situações. E uma das formas de sua manifestação pode ser percebida na relação da ca-deia de valor com o custo. Segundo Porter9, uma análise significativa dos custos examina, portanto, os custos dentro das atividades e não os custos da empresa como um todo, pois só com o foco nas atividades é que podem ser percebidos os elos.

9.3 Aplicação do Método ABC

A aplicação do método ABC deve atender no mínimo dois pressupos-tos que são o levantamento e criação do mapa de atividades, o cálculo do custo da atividade.

9.3.1 Levantamento e criação do mapa de atividades

Esta etapa da aplicação do ABC se concentra naquilo que as pessoas fazem, isto é, suas atividades. Não diz respeito aos projetos que elas

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executam, nem para que elas o fazem, simplesmente o que elas fazem. Não se deve confundir a atividade com a descrição das funções ou responsabilidades, pois atividades consomem recursos para produzir resultado físico. Deve-se, então, sumarizar as atividades e listá-las num relatório (espécie de dicionário de atividades), para que haja uma defi-nição comum a todos interessados. Segundo Ching10, esse dicionário deve ser usado para uniformizar o entendimento do que é cada ativi-dade. Para esta tese, além do mapa das atividades, foi criado um di-cionário das atividades. Este tem por objetivo apresentar o que é feito em cada atividade da cadeia produtiva estudada.

9.3.2 Cálculo do custo da atividade

Ching11 diz que com base na lista de atividades e nas despesas da área este passo explica como rastrear as despesas para as atividades, para se chegar, por fim, ao custo de cada uma delas. O rastreamento dos cus-tos da área para as atividades pode ser feito com um método simples e eficiente, investigando cada categoria de custo, através de entrevistas com os empregados e revisando eventuais registros mantidos para identificar a atividade que causou aquele custo. Nem todos os custos, porém, podem ser rastreados diretamente para as atividades. Este é o caso dos custos de suporte da área, que devem ser alocados seguindo o critério do grau de utilização.

Um exemplo da aplicação do ABC no agronegócio poderia ser com a criação de um mapa e dicionário de atividades da produção de rosas de corte que é composta por 5 atividades:

1. Irrigação/fertirrigação: esta atividade consiste primeiramente na identificação da necessidade de ser feita a irrigação. A fer-tirrigação, consiste na adição de adubos químicos à água, uti-lizando o mesmo sistema de equipamentos da irrigação.

2. Colheita e podas: a colheita é feita diariamente na época da safra. Essa atividade consiste na observação visual humana de todas as plantas da estufa e imediata identificação e corte dos botões que estão no ponto de colheita. A poda preventiva é feita no momento após a colheita.

3. Aplicação de defensivos agrícolas: aplicar defensivos agríco-las consiste em dosar e misturar com água os produtos quími-cos e aplicar nas roseiras.

4. Aeração da estufa: as rosas são atacadas por fungos. A forma de propagação dos fungos é por esporos e o meio de contami-

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nação é o ar. Dessa forma, a importância de uma ótima aera-ção é vital para o perfeito desenvolvimento das roseiras.

5. Transporte dos botões: o preparo para o transporte é feito a partir dos feixes de botões cortados, contados, emparelhados pelo caule e acondicionados em uma caixa plástica com água até uma altura aproximada de 10 centímetros.

Com o mapa das atividades definido, é obedecido, segundo CHING12, ao critério de 20/80, em selecionando 20% das atividades que represen-tam 80% dos recursos e da importância da área. Foi desprezado o res-tante das atividades por não interferirem no resultado final da análise.

Ponto Final

A gestão de custos é tão importante para o produtor rural das pequena propriedade quanto para o empresário rural que estão limitados quan-to à tomada de decisões estratégicas para seu negócio, fixados por relações oligopolísticas.

São os setores situados a montante e, principalmente, a jusante do complexo rural que realmente decidem o que produzir, quanto produ-zir, como produzir, quanto pagar e a que preço vender. Daí a necessi-dade de munir-se de técnicas modernas de gestão, geradoras de infor-mações em áreas estratégicas como a de custos que permitam a tomada de decisões mais seguras para atuar no mercado mundial que está cada vez mais competitivo.

Indicações Culturais

SCHMIDT, P. História do Pensamento Contábil. Porto Alegre: Book-man, 2000.

SHANK, J. K; GOVINDARAJAN, V. A Revolução dos Custos. 4. ed. Rio de Janeiro: Campus, 1997.

Os livros indicados abordam detalhadamente os assuntos tratados neste capítulo.

Atividades

1) O que é e para qual finalidade foi desenvolvida a contabilidade financeira?

2) O que é e para que foi desenvolvida a contabilidade de custos?

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3) O que é custo fixo? Exemplifique.

4) O que é custo direto? Exemplifique.

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10 COOPERATIVISMO NO AGRONEGÓCIO

Dione Carina Francisco

O início do cooperativismo mundial deu-se em 1884 em ROCHDALE (Inglaterra), em que 27 tecelões e 1 tecelã, fundaram um armazém comunitário, com capital inicial de 28 libras, representando uma libra cada cooperado.

De acordo com a OCB1, a cultura da cooperação teve início no Brasil, desde a época da colonização portuguesa. Esse processo emergiu no Movimento Cooperativista Brasileiro surgido no final do século 19, estimulado por funcionários públicos, militares, profissionais liberais e operários, para atender às suas necessidades.

A primeira cooperativa de consumo de que se tem registro no Brasil, data de 1889 em Ouro Preto (MG) denominada Sociedade Cooperativa Econômica dos Funcionários Públicos de Ouro Preto. Depois, se expandiu para Pernambuco, Rio de Janeiro, São Paulo, Rio Grande do Sul, além de se espalhar em Minas Gerais.

Em 1902, surgiram as cooperativas de crédito no Rio Grande do Sul, por iniciativa do padre suíço Theodor Amstadt. A partir de 1906, nasceram e se desenvolveram as cooperativas no meio rural, idealizadas por produtores agropecuários. Muitos deles de origem alemã e italiana. Em 1969 foi criada a Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB).

A Lei 5.5764/71 disciplinou a criação de cooperativas, porém restringiu a autonomia dos associados, interferindo na criação, funcionamento e fiscalização do empreendimento cooperativo. A limitação foi superada pela Constituição de 1988, que proibiu a interferência do Estado nas associações, dando início à autogestão do cooperativismo.

Mas o que são cooperativas? São um sistema econômico-social, auto-gerido em bases democráticas, operacionalizado por meio da ajuda mútua, destinado à satisfação das necessidades econômicas dos mem-bros. Conforme orientação para constituição de cooperativas da orga-nização das Cooperativas Brasileiras – OCB, cooperativa é “uma socie-dade de, no mínimo (20) pessoas físicas, com um interesse em comum,

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economicamente organizada de forma democrática, isto é, com a parti-cipação livre e igualitária dos cooperantes, aos quais presta serviços, sem fins lucrativos”.

A função do cooperativismo é de articular, orientar e coordenar a par-ticipação através da organização, considerando que a estratégia de organizar os produtores seja a participação. Ao mesmo tempo, se cons-trói o caminho (organização) e se alcança os objetivos de realização da vontade do grupo (participação).

Os princípios segundo a Aliança Cooperativa internacional são os seguintes (OCEPAR,2009)

1º Princípio: Adesão Livre e Voluntária

• As cooperativas são organizações voluntárias, abertas a todas as pessoas aptas a utilizar seus serviços e assumir responsabilidades como associados, sem discriminação social, racial, política, religio-sa e de sexo. O princípio da porta aberta, todavia, não deve ser tomado com um sentido absoluto.

2º Princípio: Gestão Democrática pelos Cooperados

• As cooperativas são organizações democráticas, controladas por seus associados, que participam ativamente na formulação de suas políticas e na tomada de decisões. A gestão democrática é a essên-cia operacional do cooperativismo.

3º Princípio: Participação Econômica dos Cooperados

• Os cooperados contribuem equitativamente para o capital de suas cooperativas e o controlam democraticamente. Pelo menos parte deste capital é, normalmente, propriedade comum da cooperativa. Os associados recebem, habitualmente, uma limitada remunera-ção - se houver - ao capital subscrito.

• Os excedentes são destinados a um ou mais dos seguintes objeti-vos:

• Desenvolvimento de suas cooperativas, eventualmente por inter-médio da criação de reservas, parte das quais, pelo menos será in-divisível.

• Benefício dos associados, na proporção de suas transações com a cooperativa.

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• Apoio a outras atividades aprovadas pelos associados.

4º Princípio: Autonomia e Independência

• As cooperativas são organizações autônomas, de ajuda mútua, geridas pelos seus membros. Se firmarem acordos com outras or-ganizações - incluindo instituições públicas - ou recorrerem a capi-tal externo, devem fazê-lo em condições que assegurem o controle democrático pelos seus associados e se mantenha a autonomia das cooperativas.

5º Princípio: Educação, Formação e Informação

• As cooperativas promovem a educação e a formação dos seus associados, eficazmente para o desenvolvimento das suas coope-rativas.Informam o público em geral, particularmente os jovens e os líderes de opinião, sobre a natureza e as vantagens da coopera-ção.

Com relação às associações, há diferenças entre estas e as cooperativas. Quanto aos objetivos de uma cooperativa e uma associação, percebe-se que são praticamente os mesmos, porém na cooperativa são mais a-brangentes. As cooperativas de produtores visam a congregar todos os agricultores, prestando-lhes os serviços de crédito, transporte, armaze-nagem, classificação, padronização e comercialização da produção. Podem realizar isso devido sua natureza jurídica, por serem constituí-das para fins econômicos e não econômicos, mais especificamente na realização de atos cooperativos (que se assemelham aos atos de associ-ações sem fins lucrativos) e os não cooperativos (que se assemelham aos atos de uma sociedade de capital, com finalidade de lucros).

Oliveira2 diz que, em uma cooperativa, o associado adquire suas fer-ramentas, insumos, defensivos, produtos veterinários, entre outros, tudo sem margem de lucro. O associado para obter os mesmos benefí-cios de uma cooperativa, paga apenas uma taxa de serviço. A coopera-tiva liberta o produtor do intermediário, pois passa a ser através dela um instrumento de compra e comercialização de seus produtos. As sobras são repassadas no final do exercício anual sobre o total de ope-rações que o cooperado mantém com sua cooperativa.

Quanto às obrigações fiscais e tributárias, há uma grande semelhança nas duas formas de organização, porém, a cooperativa recolhe os tribu-tos somente quando realiza operações com terceiros, os chamados atos não cooperativos, ficando o produtor isento de impostos, conforme lei que rege o ato cooperativo.

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Segundo Martinez e Pires3, nos entornos rurais, em função de sua configuração como organização socioeconômica de natureza democrá-tica, ajustando-se perfeitamente aos postulados do desenvolvimento rural. Para García-Gutiérrez4, a cooperativa compreendida como uma empresa, traz implícita a ideia de que os membros participam da estru-tura financeira, da atividade produtiva e do processo de tomada de decisões da organização.

Pires5 nos informa que um estudo comparativo entre cooperativas agrícolas no vale do São Francisco nordeste brasileiro e leste do Que-bec no Canadá, indicou que, nos dois países em questão as cooperati-vas estão expostas a tensões políticas, sociais e econômicas que são comuns ao agronegócio, e que as possibilidades e os limites de circula-ção das commodities agrícolas se dão a partir do jogo de relações, ex-presso entre as imposições produtivas globais e capacidade de respos-tas em nível local. Assim, o contraste observado entre realidades dis-tintas, como o leste canadense e o nordeste brasileiro, em termos de organização, desenvolvimento e resultados econômicos, obtidos pelas cooperativas, confirma a capacidades de cooperativismo servir como instrumento de organização dos produtores e da comercialização, nas mais diversas situações.

Dados da OCB6 demonstram que o número de cooperativas agropecu-árias em atividade no Brasil são 1611, com quase 970 mil associados e gera em torno de 135 mil empregos diretos nas cooperativas Em 2008 o faturamento das cooperativas alcançou cerca de R$ 83 bilhões, o que corresponde a um crescimento próximo de 15% do registrado em 2007. As regiões Sul e Sudeste se mantiveram na liderança na representação do faturamento bruto do cooperativismo. O setor agropecuário foi responsável por 20% deste faturamento. As cooperativas também são responsáveis pela exportação de produtos do agronegócio. O comple-xo soja foi o principal produto, respondendo por 34,89% do total ex-portado em 2008. Quanto ao volume exportado, os valores passaram de 1,42 milhão de toneladas para 1,68 milhão de toneladas. O segmen-to das carnes aparece foi o segundo maior exportador dentre os produ-tos das cooperativas, com total de US$ 410,94 milhões e volume expor-tado de 194,40 mil toneladas. Neste segmento, as carnes de aves res-ponderam por 53% do total das carnes no primeiro semestre de 2008. Em terceiro lugar aparece o complexo sucroalcooleiro, com 22,09% das exportações. Os produtos que compõem este grupo somaram US$ 410,68 milhões e volume de 1,02 milhão de toneladas.

A seguir será mostrado um case de sucesso de uma propriedade que faz parte de uma cooperativa.

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10.1 Agropecuária Carolina: Um caso de sucesso

De acordo com Krug7, desde 1988, a família Ruppenthal, proprietária da Agropecuária Carolina, localizada no município de Quinze de No-vembro/RS, trabalha com êxito na atividade leiteira. Para alcançar os resultados que a unidade produtora apresenta, foi necessário uma mudança na cultura do negócio.

Há cinco anos a consultoria prestada pelo SEBRAE/RS e a cooperativa COTRIBÁ permitiu fortalecer a cadeia produtiva. Entre as várias ações realizadas na propriedade, o programa permitiu definir políticas de gerenciamento e estabelecer uma missão, que resume-se:

• Políticas de Gerenciamento: Praticar uma agropecuária sustentá-vel, visando a preservação do ambiente e o desenvolvimento de talentos humanos, a fim de aumentar a competência da proprie-dade.

• Missão: Produzir leite e grãos de qualidade, garantindo a saúde e satisfação dos trabalhadores e clientes.

A agropecuária é classificada como pequena empresa rural, tendo uma área de 63 hectares próprios e 8 ha arrendados, distribuídos da seguin-te forma: 8 ha de mata nativa, 3 ha de reserva legal, 18 ha para produ-ção leiteira, 9 ha para cultivo de milho, 33 ha para cultivo de soja, sen-do que no inverno essas áreas são exploradas com trigo, aveia, azevém e nabo para realização da rotação de cultura. O melhoramento genético baseado em inseminação artificial possibilitou a conquista de animais puros por cruza, com isso o aumento nos coeficientes de produção (idade ao primeiro parto, intervalo entre partos e sazonalidade de produção) e padrão racial.

Trabalha com o correto manejo alimentar, seguindo dieta baseada em forrageiras e suplementação com silagem de milho e concentrado pro-téico de 20%. Oferece aditivos tamponantes e alcalinizantes misturados ao concentrado e sais minerais de acesso livre no cocho. O manejo sanitário das novilhas e animais de produção segue criteriosamente as recomendações do médico veterinário responsável. A produção de leite por ano é de 322.993 litros, a média é de 27,65 l/vaca/dia e 17.944 l/ha, com lotação animal de 3,33 vacas/ha.

A produção cresceu de 2000 a 2007 em 142.091 mil litros, representan-do um crescimento anual de 44% na produção. Um dos pontos interes-santes da propriedade da família Ruppenthal é pouca variação da produção mensal, pois é comum a produção ter uma sazonalidade alta

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na produção de leite, tendo em determinadas épocas mais ou menos produção devido ao clima, pastagens ou mesmo variação de preços.

No caso dos Ruppenthal essa sazonalidade é muito pequena variando 2,58% durante a safra e entressafra. Um dos índices econômicos é o faturamento por animal ano, que fica em R$ 6.281,55 valor bruto tendo como custo de produção R$ 3.309,15 obtendo um lucro liquido de R$ 2.972,4 animal/lactação/ano. Nos coeficientes de reprodução os animais estão sendo inseminados com 14,5 meses pesando em torno de 180 kg, já sua idade de parição chega aos 23,5 meses de idade com 550 kg de peso vivo em média, desta forma seu intervalo entre partos está em 12,83 meses utilizando-se de 1,87 doses de sêmen por prenhes.

Ponto Final

O cooperativismo tem um papel de extrema importância no agronegó-cio brasileiro. Como podemos averiguar, as cooperativas tem partici-pação não só no mercado interno, como no externo, constituindo fonte importante de geração de renda.

Indicações Culturais

Sites

Organização das Cooperativas Brasileiras - OCB

Disponível em: <http://www.ocb.org.br>

Portal do Cooperativismo

Disponível em: <http://www.portaldocooperativismo.org.br >

Os sites indicados tratam especificamente do assunto cooperativismo e trazem dicas e informações importantes para as Cooperativas.

Livros

PROTIL, R. M.; ZAMBALDE, A. L. (Org.). Tecnologia da informação

no agronegócio cooperativo. Curitiba: Champagnat; Lavras: SBI-Agro, 2003.

São poucos os livros que abordam exclusivamente o cooperativismo no agronegócio, entre eles as obra indicada, que trata de Tecnologia da Informação, assunto extrema importância para o setor.

Page 104: Agro Negocios

104

Atividades

1) São princípios do cooperativismo: a) Promover a formação dos seus cooperados. b) Os excedentes só podem ser destinados ao desenvolvimento

da cooperativa. c) Os excedentes não podem ser destinados aos cooperados. d) As cooperativas só podem ser dirigidas por profissionais con-

tratados para tal função. e) Apenas convidados de cooperados podem fazer parte de uma

cooperativa.

2) É correto afirmar sobre as cooperativas agropecuárias: a) São responsáveis por uma parcela dos produtos exportados. b) Apenas no setor de carnes é que se observa a participação de

cooperativas nos produtos exportados. c) São as principais fornecedoras de soja. d) Todas elas apresentam prejuízos. e) Não geram empregos indiretos.

3) Ainda com relação as cooperativas agropecuárias a) Ajudam os produtores a se organizarem e, assim, facilita a co-

locação dos seus produtos no mercado. b) Apenas grandes produtores fazem parte dessas cooperativas. c) Os cooperados participam da tomada de decisões. d) Apenas as alternativas a e c estão corretas. e) Apenas as alternativas a e b estão corretas.

Page 105: Agro Negocios

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O agronegócio brasileiro em passado por inúmeras transformações ao longo dos anos, tornando-se cada vez mais competitivo no mercado internacional. Esta transformação está sendo possível graças a inúme-ros fatores, tais como, condições climáticas, grande extensão de terras agricultáveis, investimentos em equipamentos e recursos humanos.

Entretanto, para se manter e expandir no mercado é preciso, ainda, investir em qualidade nas empresas, por meio da adoção de um ou mais programas de qualidade, continuar investindo nos colaboradores das empresas, capacitar mais o produtor rural, por meio de assistência técnica e ações de extensão realizadas por instituições de ensino e governamentais.

Há também uma carência de informações sobre o mercado interno, quem é e quais são os desejos dos consumidores brasileiros. É de ex-trema importância o uso de pesquisas de marketing para se descobrir os potenciais do mercado interno, haja vista que se trata de um país de extensões continentais.

Cabe ainda investir em inovações no setor, produzindo produtos que mais se adéquem às necessidades dos brasileiros; já não se pode mais pensar que brasileiro valoriza apenas preço; há outros atributos do produto que são valorizados por muitos consumidores, os quais não encontram produtos diferenciados para comprar. Devido a estes fatos, o Brasil é um dos países que menos tem patentes registradas. Isto de-monstra o pouco investimento em desenvolvimento de novos produ-tos, o que se traduz por empresas que utilizam como estratégia a imi-tação.

Como visto, há um caminho bastante longo a ser percorrido para ga-rantir o título de grande fornecedor de alimentos no mundo, mas isso é possível com maiores investimentos na área.

Page 106: Agro Negocios

REFERÊNCIAS NUMERADAS

Capítulo 1

1 JOHN DAVIS; RAY GOLDBERG, 1957.

3 ZYLBERSZTAJN, 1995.

4 BATALHA, 2005.

5 MORVAN, 1991.

6 RAINELLI, MORVAN 1991

7 MORVAN; 1991.

8 FARINA; ZYLBERSTAJN, 1998.

9 SOUZA, 1997.

10 SOUZA, 1997.

11 BATALHA; 2001.

12 SOUZA, 1982.

13SILVA, 1991.

Capítulo 2

1 CGU, 2009.

2 MAPA 2009

3 MAPA, 2009

4 MAPA, 2009

5 MAPA, 2009

6 Conselho Nacional da Pecuária de Corte, 2009.

7 ESPÍRITO SANTO, 2001.

8 PEROSA, 1999.

9 NEVES, 2002.

10 ISO 9000. 1 referencia da pag 98

11 YUGUE, 2003.

12 CHIOCCHETTA; SANTOS FILHO, 2001

13 LIMA; SIQUEIRA; ARAÚJO, 1995.

14 ABEF, 2009

15 LIMA; SIQUEIRA; ARAÚJO, 1995.

16 ZANATTA, 2002.

17 ABCS (2009)

18 PORKWORD, 2007.

19 LUZ, 2001.

20 LUZ, 2001.

21 LUZ, 2001.

Capítulo 3

1 ROSA, 2004.

2 ROSA, 2004.

3 ENGEL; BLACKWELL; MINIARD, 2000, p. 4.

4 PINHEIRO; et al., 2004.

5 PINHEIRO; et al., 2004.

6 ENGEL; BLACKWELL; MINIARD, 2000.

7 ENGEL; BLACKWELL; MINIARD, 2000.

8 SCHIFFMAM; KANUK, 2000.

9 PINHEIRO; et al., 2004.

10 ENGEL; BLACKWELL; MINIARD, 2000.

11 SCHIFFMAM; KANUK, 2000. p. 60.

12 CUCHE, 1999.

13 ROCHA; CHRISTENSEN, 1999.

14 SCHIFFMAN; KANUK , 2000.

15 ROCHA; CHRISTENSEN, 1999.

16 SCHIFFMAN; KANUK, 2000.

17 ROCHA; CHRISTENSEN, 1999.

18 ENGEL; BLACKWELL; MINIARD, 2000.

19 SCHIFFMAN; KANUK, 2000.

20 SILVA; BATALHA, 2001.

Page 107: Agro Negocios

107

21 SCHIFFMAN; KANUK, 2000.

22 ENGEL; BLACKWELL; MINIARD, 2000.

23 ENGEL; BLACKWELL; MINIARD, 2000.

24 ENGEL; BLACKWELL; MINIARD, 2000.

25 HUBERT, 2000.

26 PROENÇA, 2003.

27 KOHLRAUSCH; CAMPOS; SELIG, 2004.

28 OLIVEIRA; THÉBAUD-MONY, 1997.

29 SPERS, 2003.

30 DELAPIERRE E MICHALET, CITADOS POR WILKINSON

31 GAFFARD, CITADO POR WILKINSON

32 GARCIA, 2004.

33 FRANCISCO, 2004.

34 BLEIL, 1998.

35 FRANCISCO, 2004.

Capítulo 4

1 CHIAVENATO, 2005

2 SANTINI; SOUZA FILHO; BÁNKUT, 2006.

3 MACHADO, 1998

4 GOUVEIA, 2005

5 HART, 2005.

6 HART, 2005.

7 HART, 2005.

8 FLORES, 2008.

9 ABARCA, 1999.

10 KOTLER, 1994.

11 KUHN, 2008.

12 KUHN, 2008.

13 PESSOA E MARTINS, 2007.

14 CURTY, 2005

15 GRUNET; et al., 2005.

16 CHRISTENSEN, 1995.

17 Regulamento da Inspeção Industrial e Sanitária de Produtos de Origem Animal, 1952.

18 MACHADO, 1998.

Capítulo 5

1 FRANCISCO, 2004.

2 OYARZÚN, 2002.

3 CALDAS,2005.

4 NASSAR, 2003.

5 PERRIER-CORNET; SYLVANDER,2000

6 NASSAR 2003

7 NASSAR 2003

9 ABIC, 2003.

10 NASSAR, 2003

11 GREGORY, 2000

12 BRANCHE, 2004

13 NASSAR, 2003

14 INPI, 2009

15 INPI, 2009.

16 COUTINHO, 2003

17 OYARZÚN, 2002

18 OYARZÚN, 2002

19 SILVA; BATALHA, 2001.

20 BÉRARD; MARCHENAY, 1995.

21 CALDAS, 2005

22 OYARZÚN, 2002

23 CALDAS, 2005

24 DECRETO Nº 4.042

25 SORATTO; HORII 2007

26 TONIETTO, 2003

27 SOUZA E SAES, 2000

28 SOUZA 2006

Capítulo 6

1 CHIAVENATO, 2005.

2 MAPA, 1997.

3 QUITTET; NELIS 1999

4 QUITTET; NELIS 1999

5 HOBBS; ROBERTS 1999

6 BRASIL, 1998.

7 QUITTET; NELIS 1999

8 CODEX ALIMENTARIUS 1997

Page 108: Agro Negocios

108

9 QUITTET; NELIS 1999

10 CODEX ALIMENTARIUS 1997

11 QUITTET; NELIS

12 CODEX ALIMENTARIUS, 1997

13 CODEX ALIMENTARIUS, 1997

14 COMISIÓN DE LAS COMUNIDADES EUROPEAS, 2000.

15 CODEX ALIMENTARIUS,1997

16 QUITTET; NELIS 1999

17 CODEX ALIMENTARIUS 1997

18 QUITTET; NELIS 1999

19 CODEX ALIMENTARIUS, 1997

20 LAPA, 1998.

21 LAPA, 1998.

22 VALLE, 2000

23 NBR ISO 22000

Capítulo 7

1 PORTER 1989

2 LUMMUS, VOKURKA, 1999

3 BEAMON 1999

4 STERN, 1996, p. 1.

5 YUGUE, 2003.

6 FRANCISCO, 2004

7 TREILLON; LECOMPTE, 1996.

8 BERLIK, 1999.

9 BERLIK, 1999.

10 SENHORAS, 2007

11 MCGOLDRICK, 2005

12 SAAB, et al., 2000.

13 BELIK ,1999.

14 WILDER, 2003.

15 BERGÈS-SENNOU, et al., 2007.

16 SOUZA; NEMER, 1993

17 ABRAS, 2009.

18 ABRAS, 2009.

Capítulo 8

1 Aliceweb 2009

2 Aliceweb,2009.

3 MIRANDA, et al., 2004.

4 MIRANDA, et al., 2004.

5 LAWLEY, 2008.

6 MCCULLOUGH ET AL. 20066, CITADO POR LAWLEY, 2008

7 MAPA, 2009.

8 MMA, 2008.

9 OLIVEIRA 2004

10 MMA, 2008.

11 CONSÓRCIO ANTI-FERRUGEM, 2008.

12 OLIVEIRA; LUZ, 2005.

13 FREIRE; BELTRÃO, 2006.

14 FUNDAÇÃO BAHIA , 2008.

15 FUNDECITRUS, 2009.

16 MALAVASI, 2001

17 MAPA, 2008.

18 MAPA, 2008.

19 FUNDECITRUS, 2009.

Capítulo 9

1 CARRIERI; AGUIAR; MOURA, 1991.

2 MARTINS, 2000, p. 19.

3 IUDÍCIBUS, 2004.

4 PORTER, 1989, p. 62.

5 PORTER, 1989.

6 CHING, 1997.

7 OSTRENGA, 1994.

8 MARTINS, 2000, p. 313.

9 PORTER, 1989.

10 CHING, 1997, p. 89.

11 CHING, 1997, p. 91.

12 CHING, 1997.

Capítulo 10

1 OCB, 2009.

2 OLIVEIRA, 1984.

3 MARTINEZ; PIRES,1999.

4 García-Gutiérrez, 1995.

Page 109: Agro Negocios

109

5 PIRES, 1999.

6 OCB, 2009.

7 KRUG, 2009.

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Page 118: Agro Negocios

GABARITO

Capítulo 1

1. C – 2. E – 3. D

Capítulo 2.

1. E – 2. B – 3. B

Capitulo 3

1. E – 2. D – 3. D

Capitulo 4

1. B – 2. C – 3. E

Capitulo 5

1. E – 2. D – 3. A

Capitulo 6

1. D – 2. E – 3. C

Capitulo 7

1. A – 2. E – 3. D

Capitulo 8

1. C – 2. D – 3. C

Capitulo 9

1. A contabilidade financeira busca apurar resultados simples para conferencia de estoques e lucros. Muito utilizada nas atividades comerciais teve inicio no mercantilismo quando as pequenas empresas apuravam seus resultados subtraindo do preço de venda o quanto tinham desembolsado para adquirir o item e colocar a venda sem a preocupação de entendimento da formação do custo deste item.

Exemplo: 5.000 (cinco mil) sacos de semente milho foram entregues pelo agricultor ao comerciante pelo valor de R$ 35,00 (trinta e cinco reais) cada saco e posteriormente serão vendidos por R$ 60,00 (sessenta

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reias) aos clientes. O comerciante tem apenas um funcionário que custa para a empresa R$ 2.000,00 (dois mil reais) por hora trabalhada. Ao final do mês o comerciante soma quantos sacos de milho foram vendidos e divide o número de sacos vendidos pelo salario do funcionário para saber qual será o seu custo. E multiplicando o preço de venda pelo numero de sacos vendidos ele chegará ao seu faturamento. A diferença entre eles é o seu resultado.

Dessa forma:

Custo com materia prima= 5.000 x R$ 35,00 = R$175.000,00

Custo total = R$175.000,00 + 2.000,00 = 177.000,00

Faturamento com a venda = 5.000 x R$ 60,00 = R$ 300.000,00

Resultado = R$ 300.000,00 – R$ 177.000,00 = R$ 123.000,00

2. Com a revolução industrial as industrias passaram a necessitar de sistemas que gerenciassem seus custos de forma mais complexa, uma vez que as manufaturas possuiam gastos para transformação tão importantes quanto a materia-prima. A contabilidade de custos é responsável por tentar explicar o acontecimento dos fenômenos, que implicam ou envolvem dispêndios às empresas. A contabilidade de custos existe, principalmente, para fornecer informações contábeis e financeiras, subsidiando a decisão entre alternativas

3. Custo fixo é aquele que é fixo no tempo e variável por unidade. Um exemplo é o custo com mão-de-obra para o plantio que é fixo em função do tempo, mas não em função da área que será plantada que pode variar em função de externalidades.

4. Custo direto é aquele que pode ser diretamente relacionado com o produto. Por exemplo, a embalagem de um produto que pode ter seu custo diretamente relacionado ao produto.

Capitulo 10.

1. A – 2. A – 3. D 106


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