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História das agências de notícia
Agência Noticiosa 1 Professor mestre Artur Araujo ([email protected])
Antes, alguns lembretes Na primeira aula discutimos como será o curso e os
critérios da avaliação. 8 de abril de 2008 – último dia para entrega da primeira
reportagem. Faltam 42 dias. 15 de abril de 2008 - último dia para entrega da segunda
reportagem. Faltam 49 dias. 22 de abril de 2008 - último dia para entrega da terceira
reportagem. Faltam 56 dias. 29 de abril de 2008 - último dia para entrega da quarta
reportagem. Faltam 63 dias. Prova teórica – 29 de abril. Faltam 63 dias. Trabalho escrito (seminário) – 13 de maio. Faltam 77 dias.
Os alunos precisam se inscrever na lista de discussão do curso.
Recapitulando...
Na aula anterior, estudamos as definições do termo “agência de notícias” e vimos também as diversas formas pelas quais elas são classificadas.
Mercado aquecido, tecnologia disponível
O fenômeno das agências de notícias surgiu na primeira metade do século XIX. Ela foi resultado da ampliação da atividade jornalística na Europa, da sofisticação do sistema financeiro e dos desenvolvimentos tecnológicos ocorridos a partir daquele momento nas tecnologias de informação e comunicação.
O caso Nathan Rothschild
O desenvolvimento dos mercados financeiros no norte europeu no início do século XIX, além da instabilidade política do continente –em função das guerras napoleônicas–, proporcionou a hegemonia financeira da família de banqueiros judeus de origem alemã Rothschild.
Uma batalha perdida?
A fortuna da família Rothschild se consolidou em 1815, na Inglaterra, após a batalha de Waterloo. Waterloo é uma cidade na Bélgica. Lá, o imperador francês Napoleão Bonaparte iria enfrentar os exércitos inglês, prussiano e austríaco. Todos acreditavam que a vitória seria francesa. Por isso, a bolsa de valores de Londres registrou na véspera do confronto uma baixa recorde na cotação das ações.
Pombo-correio Napoleão, porém, foi derrotado. Um oficial britânico,
conhecido do especulador financeiro Nathan Rothschild (1777 - 1836), enviou-lhe um pombo-correio no qual informou ao financista o resultado do conflito.
Imediatamente, ele foi à Bolsa de Valores de Londres e passou a comprar ações de todas as empresas que conseguiu, pois estavam em baixa.
No dia seguinte, com a notícia da vitória inglesa, o mercado acionário teve uma alta extraordinária e Nathan Rothschild tornou-se um dos homens mais poderosos da Inglaterra.
O telégrafo elétrico
Samuel Morse (1791-1872) inventou o telégrafo elétrico em 1837.
A telegrafia era um sistema bidirecional de comunicação e exigiu pesados investimentos para se difundir e popularizar. Terminou se tornando uma rede mundial de comunicação em tempo real.
Samuel Morse
A imprensa e o tempo real
Paralelamente ao desenvolvimento do telégrafo nos EUA, o francês Charles Louis Havas (1783-1858) passou a desenvolver em Paris, a partir de 1832, aquilo que depois seria considerada a primeira agência de notícias do mundo, a Havas, que informava seus clientes sobre o mercado financeiro londrino. A empresa atualmente é conhecida pelo nome de France Presse.
No início, a Havas empregava pombos-correio. A partir de 1849, O empresário passou a usar o telégrafo elétrico. Com isso, o jornalismo entrava na era do tempo real globalizado: um fato ocorrido a centenas ou milhares de quilômetros podia ser notificado na hora.
Charles Havas
Por que a Havas investia em informações econômicas?
Porque o sistema capitalista já funcionava de modo a valorizar a
agilidade de informações e o sucesso de Natan Rothschild
mostrou a importância da presteza na prestação do serviço
jornalístico.
Por que a agência Havas fazia sucesso?
Charles Havas prestava um serviço de qualidade mas, além disso, ele entendeu o potencial produtivo da
horizontalização dos negócios (divisão de trabalho) no ramo jornalístico: manter correspondentes
internacionais mostrava-se uma operação ao mesmo tempo necessária e custosa para as empresas
jornalísticas. O serviço prestado por ele terminou por se tornar atraente para as publicações existentes em Paris.
A agência Associated Press (EUA)
A demanda por notícias confiáveis, quentes e a baixo custo também sensibilizou o mercado jornalístico norte-americano
e, em 1846, estimulados pelo New York Sun, cinco empresas jornalísticas de Nova York (além do título, o
Journal of Commerce, Courier and Enquirer, Herald e Express) criaram uma cooperativa para cobrir a guerra EUA-México (1846-1848). Em pouco tempo, as publicações começaram
a procurar também notícias da Europa e, com veleiros rápidos, iam encontrar navios em alto mar para pegar
notícias e enviá-las aos jornais com rapidez.
A agência Reuters
O jornalista alemão Israel Beer Josaphat, funcionário de Havas em 1848, inspirou-se no modelo de trabalho de seu patrão para criar uma agência de notícias. Mais uma vez, os pombos-correio foram o recurso inicial. Em
1849, inaugurou-se uma linha telegráfica entre Bruxelas, na Bélgica, e Aachen, uma cidade ao
Oeste da Alemanha dominada pelo governo prussiano naquela época.
Bruxelas-Aachen, uma distância de 140 quilômetros
A agência Reuters
O que Israel Beer Josaphat fazia era enviar, via pombos-correio, notícias para
as demais cidades alemãs, principalmente Berlim. Na ocasião,
contudo, a empresa ainda não tinha o nome de Reuters.
Quando a Reuters tornou-se Reuters
De olho em oportunidades de negócios, Israel Beer Josaphat mudou-se para Londres e mudou até de nome: Paul Julius Reuter. Lá, ele fundou,
em 1851, a Agência de Notícias Reuters, especializada em noticiário econômico e
fornecendo informações da Bolsa de Valores de Londres principalmente para a França, tornando-
se assim um concorrente de seu ex-patrão, Charles Havas. A agência Reuters, apesar de sua
origem alemã, é considerada, para efeitos de história, como britânica.
A cobertura do assassinato de Lincoln
A proeza que tornou a agência de notícias Reuters mundialmente respeitada foi a agilidade e excelência na cobertura, em primeira mão, do assassinato do presidente norte-americano Abraham Lincoln, em 1865.
"A Dispatch from Reuters“
Em 1940, Hollywood filmou “A dispach from Reuters”, que narra a história do fundador da agência de notícias. Nela, ele não só é mostrado como herói, como não poderia deixar de ser, como também é apresentado como o inventor do conceito de agência de notícias, o que não é propriamente verdadeiro, como vimos na aula.
Ficha técnica do filme:
Ano: 1940
Diretor: William Dieterle
Ator principal: Edward G. Robinson
Um negócio oligopolizado
O negócio das agências de notícias nasceu oligopolizado. De meados até o fim do século XIX, as empresas dividiram o mundo entre si:
Havas – França, Suíça, Itália, Espanha, Portugal, Egito (com a Reuters), América Central e América do Sul.
Reuter – Império Britânico, Egito (com a Havas), Turquia e Extremo Oriente.
Wolf – Áustria, Alemanha, países Baixos, escandinávia, Balcãs e a Rússia.
Associated Press – EUA.
O “Versalhes” do jornalismo
Os interesses de governo influíam tanto no trabalho das agências de notícias européias que o Tratado de Versalhes (1920), acordo de paz firmado após a I Guerra Mundial, também redesenhou a área de atuação das agências noticiosas.
Enquanto a Reuters e Havas conquistaram mais espaço, a Wolff perdeu áreas de influência.
A primeira agência de notícias brasileira
A primeira agência de notícias brasileira foi a
Agência Americana, em 1913 na cidade de São Paulo. Foi idealizada por Cásper Líbero
(dir.) e Raul Pederneiras (esq.).
O projeto não teve sucesso, mas deixou sementes.
Agência Meridional
A primeira grande agência de notícias brasileira surgiu de fato em agosto de 1931. Era a Agência Meridional.
Criada por Assis Chateaubriand, ela foi usada para distribuir conteúdo nacional e internacional para
diversos jornais do país, principalmente, é claro, os da rede Diários Associados, de Assis Chateaubriand, que
na época era a maior rede de jornais do Brasil. A Agência Meridional existe até hoje e serve
exclusivamente jornais dos Diários Associados.
Agência Estado
Em 1970, foi fundada aquela que é hoje a maior agência nacional, a Agência Estado, que distribui notícias a jornais, rádios, emissoras de televisão e sites que assinam o serviço.
O tema da próxima aula expositiva: a apuração jornalística
Citação do dia Os jornalistas são os trabalhadores manuais, os operários da palavra. O jornalismo só pode ser literatura quando é apaixonado.
Marguerite Duras (1914 -1996)Escritora francesa, jornalista diretora de
filmes