Download - Aeroespaço 63

Transcript
Page 1: Aeroespaço 63

N o t í c i a s - a n o 1 3 • n 0 6 3

twr do dtcea - ys no controle dos voos da esquadrilha da fumaça

Page 2: Aeroespaço 63

2

04 Reportagem Especial Sustentabilidade no CINDACTA I: um modelo a ser

seguido

Cada vez mais as organizações estão conscientes da

importância de ações de sustentabilidade em suas

práticas de gestão.

09 Reportagem A nova casa do Zagal

Os 4.000 km que separam Fortaleza de Porto Velho

reservam, para um grupo de pessoas, uma dimensão que

extrapola a distância.

14 Reportagem Memórias que o tempo não apaga

Evento em São Paulo faz homenagem e resgata a

história profissional do controlador de tráfego aéreo no

Brasil.

20 Reportagem Tecnologia a serviço da Busca e Salvamento

COSPAR-SARSAT: sistema que utiliza satélites para

detectar e localizar balizas de emergência ajuda salvar

vidas.

25 Reportagem Pontualidade dos voos no Brasil é destaque em

avaliações internacionais

Essa é a constatação do respeitadíssimo estudo da

consultoria britânica OAG, especializada em inteligência

de mercado de aviação.

31 Seção Conhecendo o DTCEA Pirassununga

São mais de 140 mil movimentos aéreos por ano, 120

aeródromos e helipontos sob o controle do DTCEA

Pirassununga.

Informativo do Depar tamento de Controle do Espaço Aéreo - DECEAproduzido pela Assessoria de Comunicação Social - ASCOM/DECEA

Diretor-Geral:Tenente-Brigadeiro do Ar Carlos Vuyk de AquinoAssessor de Comunicação Social e Editor:Paullo Esteves - Coronel Aviador ReformadoChefe da ASCOM1º Tenente Jornalista Glória Galembeck (DRT/PR 05549)Coordenação de pauta e edição:Daisy Meireles (RJ 21523 JP)Redação:1º Tenente Jornalista Glória GalembeckDaisy Meireles (RJ 21523 JP)Denise Fontes (RJ 25254 JP)Daniel Marinho (MTB 25768 RJ)Gisele Bastos (MTB 3833 PR)

Projeto Gráfico/Diagramação:Aline da Silva PreteFotos:Luiz E. Perez (RJ 201930 RF)e Fábio Maciel (RJ 33110 RF)Contatos:Home page: www.decea.gov.brIntraer: www.decea.intraer Email: [email protected]ço: Av. General Justo, 160Centro - CEP 20021-130Rio de Janeiro/RJTelefone: (21) 2101-6942Editada em Março - 2016

ExpedienteNossa capaNa foto de Luiz Eduardo Perez, o destaque para a Esquadrilha da Fumaça recebendo o serviço de navegação aérea em seus voos de instrução da Torre de Controle do Destacamento de Controle do Espaço Aéreo de Pirassununga.

04

14

20

31

Notícias - ano 13 • n 0 63

Page 3: Aeroespaço 63

3

Projeto Gráfico/Diagramação:Aline da Silva PreteFotos:Luiz E. Perez (RJ 201930 RF)e Fábio Maciel (RJ 33110 RF)Contatos:Home page: www.decea.gov.brIntraer: www.decea.intraer Email: [email protected]ço: Av. General Justo, 160Centro - CEP 20021-130Rio de Janeiro/RJTelefone: (21) 2101-6942Editada em Março - 2016

As consequências de nossos investimentos

Dedicação traz grandes resultados e podemos ver

isto nos últimos tempos, como por exemplo no que

diz respeito a pontualidade da nossa aviação em geral.

Construímos na Força Aérea, por intermédio do DECEA,

um ambiente profícuo na gerência do espaço aéreo,

garantindo vantagens operacionais para usuários do

transporte aéreo.

Temos compartilhado informações com

nossos parceiros, utilizando o processo colaborativo

de tomada de decisões. Amadurecemos os processos

e as consequências aparecem, como podemos atestar

na reportagem de Daniel Marinho, que aborda a

constatação de um estudo da consultoria britânica

Official Airline Guide (OAG), especializada em

inteligência de mercado de aviação, declarando que "os

voos no Brasil estão, atualmente, entre os mais pontuais

do mundo".

Temos trabalhado com organizações

comprometidas, bem estruturadas e motivadas para

cumprir além da missão, proporcionando conforto

e qualidade de vida para o efetivo, como é o caso do

CINDACTA I, que implementou um Plano de Logística

Sustentável. Denise Fontes conta os resultados desse

plano, que está promovendo uma reestruturação

profunda e incorporando a sustentabilidade no plano de

trabalho e na cultura organizacional da Unidade e dos

seus DTCEAS subordinados.

Outra reportagem, coberta pela Tenente

Glória Galembeck, é a mudança do Esquadrão Zagal

- de Fortaleza para Porto Velho. A matéria aborda as

consequências da transferência de Estado, que já não

era exatamente uma novidade para os militares nem

para os familiares. Há alguns anos já se sabia que era

algo previsto, mas não quando ia acontecer. A troca de

sede inspirava preocupações para a família Zagal por

variados motivos.

Em outra reportagem de Denise Fontes,

encontramos mais um sucesso dos órgãos operacionais.

Dessa vez na área de busca e salvamento. Temos

investido no desenvolvimento de inúmeros programas

relacionados à implementação de novos sistemas nessa

área. Estamos falando do destaque que o Brasil tem

entre os países que melhor se preparam para atender

às vítimas de acidentes aeronáuticos e marítimos. A

consequência desse investimento é o salto de qualidade

na precisão e na diminuição do tempo da localização do

acidente, contribuindo diretamente para a economia e

a eficiência do emprego dos meios SAR em atendimento

às emergências.

Além de todas essas conquistas, não esquecemos

do nosso passado nem dos nossos pioneiros, que fazem

parte da nossa história e marcaram o controle de

tráfego aéreo no Brasil. Estamos falando do Suboficial

Francisco Drezza, hoje com 92 anos. Em reportagem de

Gisele Bastos, que fez um resgate do passado, trazemos à

tona a criação da primeira torre de controle de São Paulo

e os grandes homens que ajudaram a construir as bases

da profissão de controlador de tráfego aéreo no Brasil.

A seção Conhecendo o DTCEA, de volta nesta

edição, refere-se ao Destacamento de Pirassununga, SP,

que controla cerca de 140 mil movimentos aéreos por

ano. Daisy Meireles destaca na reportagem a prestação

de serviço do DTCEA-YS na área de navegação aérea à

Academia da Força Aérea e à Esquadrilha da Fumaça,

em seus voos de instrução.

Enfim, seguimos em frente com mais uma

edição da Aeroespaço, promovendo nossos serviços

e destacando profissionais que - com iniciativa e

capacidade - atendem aos desafios operacionais do

nosso sistema integrado.

Editorial

Tenente-Brigadeiro do Ar Carlos Vuyk de Aquino Diretor - Geral do DECEA

Page 4: Aeroespaço 63

444

Cada vez mais as organizações estão conscientes da importância de ações de sustentabilidade em suas práticas de gestão, investindo na capacitação de seus profissionais e delegando responsabilidades para disseminar a cultura de sustentabilidade para todos os colaboradores.

Reportagem Especial

4

Sustentabilidade no CINDACTA I:Um modelo a ser seguidoPor Denise FontesFotos: Fábio Maciel

Page 5: Aeroespaço 63

55

Sustentabilidade no CINDACTA I:Um modelo a ser seguidoPor Denise FontesFotos: Fábio Maciel

O desafio é grande e envolve diversas áreas, justamente por isso são

várias as opções para começar a trabalhar este conceito e aderir a

um sistema de gestão mais responsável.

Reafirmando o seu compromisso em gerir os recursos com eficiência,

o Primeiro Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo

(CINDACTA I) – através da Seção de Licitações - implantou o “Plano de

Logística Sustentável (PLS).

O CINDACTA I ingressou no Programa da Agenda Ambiental na Admi-

nistração Pública (A3P), coordenado pelo Ministério do Meio Ambiente, que

tem como objetivo promover a responsabilidade socioambiental nas ativi-

dades do setor público. A unidade recebeu um selo verde pela certificação

na área de meio ambiente, resultado da adesão ao programa.

Baseado nos princípios dos “5 R”: reduzir, reutilizar, recuperar, reno-

var e reciclar, o programa visa promover uma reestruturação profun-

da que incorpore a sustentabilidade no Plano de Trabalho e na cultura

organizacional do CINDACTA I e de seus Destacamentos apoiados. "A

finalidade maior desse programa é promover a conscientização de

uma cultura antidesperdício e a utilização coerente dos recursos natu-

rais e dos bens públicos”, explica a idealizadora do programa, a chefe

da Seção de Licitações, Tenente Jéssica de Fátima Macohin.

O programa foi estruturado em projetos, iniciativas e metas, de cur-

to e médio prazos, a serem implantados até dezembro de 2016. O Plano

é abordado em cinco eixos.

1. uso racional dos recursos naturais e públicos;

2. gestão adequada dos resíduos gerados;

3. qualidade de vida no trabalho;

4. sensibilização e capacitação dos servidores;

5. licitações sustentáveis.

Responsabilidade socioambientalUma das iniciativas é a Coleta Seletiva Solidária. O trabalho é organi-

zado de forma participativa, engajando todos os servidores no cumpri-

mento das ações socioambientais. Lixeiras identificadas para cada tipo

de material foram instaladas em locais de grande circulação do efetivo.

Foi implantado uma central de reciclagem para armazenamento, coleta e

descarte apropriado de papéis, plásticos, metais e vidros.

O lixo é devidamente separado, classificado e recolhido pela Associa-

ção de Recicladores da Candangolândia, que transforma os resíduos em

trabalho e renda.

Segundo a Tenente Macohin, a média mensal de geração de lixo em relação à

papel é de uma tonelada por mês. Com as ações do projeto houve uma redução

substancial do descarte de lixo em razão da reciclagem, bem como economia

dos custos praticados com os serviços terceirizados de destino de resíduos.

Nesta tarefa de conscientizar os servidores civis e militares sobre as práticas

de consumo responsável e o descarte de materiais de forma adequada, as

palestras de sensibilização têm um papel muito importante. No entanto, para

que essas ações tenham êxito, é fundamental o apoio dos líderes, incentivando

as iniciativas e a participação dos colaboradores.

Page 6: Aeroespaço 63

6

Uso racional de copos plásticos

Foram distribuídas canecas e garrafas de água para o efe-

tivo, bem como disponibilizadas canecas em todas as copas

da organização. O consumo de copos plásticos foi reduzido

em 84%. Conforme dados levantados pela Tenente Maco-

hin, a poluição ambiental se desenvolve em cadeia e uma

atitude isolada pode provocar grande dano, como é o caso

do uso de copos descartáveis, material não reciclável que

demora 100 anos para se decompor na natureza.

Implantação do ponto de coleta de pilhas e baterias

Esses materiais são recolhidos pela empresa Zero

Impacto para que seja dada a destinação correta. A

iniciativa evita o desperdício, contribui com a pro-

teção do meio ambiente e proporciona economia de

recursos.

Palestras e eventos para o efetivo da sede e dos Destacamentos apoiados

Essas ações estão garantindo saúde, bem-estar e

qualidade de vida para o efetivo. O comando do

CINDACTA I viu a necessidade de se implantar

programas diversos para que seus funcionários

tivessem o senso de pertencimento do grupo,

trazendo maiores comprometimento e interação

entre eles e a organização.

Tratamento do óleo de cozinha

Visa incentivar o descarte correto de óleo de

cozinha da cantina do CINDACTA I. O óleo é trans-

formado em sabão pelos servidores da empresa

de conservação e limpeza, gerando renda para os

funcionários.

Uma série de outras ações voltadas ao efetivo vem sendo implantada no CINDACTA I

6

Page 7: Aeroespaço 63

7

De acordo com o Suboficial Gilson Fernandes

Queiroz, o objetivo é promover a sustentabilidade, a

consciência em relação à saúde, além da conservação

do meio ambiente. “O programa de coleta de óleo

contribui para preservação dos recursos hídricos e

dos ecossistemas, além de reduzir a quantidade de

gordura no sistema de coleta e tratamento de esgoto,

melhorando sua eficiência”, avalia o militar.

Além dessas ações, a equipe também é responsável

por desenvolver outras etapas do programa, como a

implantação do ponto de coleta de lixo eletrônico. A

lista abrange eletroeletrônicos, material de informá-

tica e eletrodomésticos (com exceção de refrigerado-

res).

“Os resíduos produzidos pelo CINDACTA I são des-

cartados, visando ao tratamento e à descontamina-

ção. Somente depois são transferidos para um aterro

sanitário. Já os resíduos perigosos são destinados às

cooperativas especializadas em cada tipo de mate-

rial”, revela a Tenente Macohin.

Desta forma, o CINDACTA I cumpre o seu papel

de devolver os resíduos sólidos para as empresas de

origem, evitando que eles possam poluir solo, rios,

mares e florestas.

Permite também a economia nos processos produ-

tivos das empresas e cria um sistema de responsabili-

dade compartilhada.

Metas para 2016Implantar 100% da Coleta Seletiva Solidária na sede

e nos Destacamentos, garantindo a sua adoção de

forma efetiva, é a meta do CINDACTA I para 2016.

Na área de contratos, a proposta é ter licitações sus-

tentáveis. “Foi estabelecida a exigência de logística

reversa para materiais que geram resíduos perigosos,

de cadastro das atividades potencialmente poluido-

ras ou utilizadoras de recursos naturais do Instituto

Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais

Renováveis (IBAMA), além de escolha de substitutos

com menor impacto ambiental”, esclarece Tenente

Macohin.

Para a gerente de Projetos e coordenadora do

Programa A3P do Ministério do Meio Ambiente, Ana

Carla Leite de Almeida, é importante mostrar para

7

O programa promove a conscientização de uma cultura antidesperdício

Controle do uso de papel e pontos de coleta de baterias e pilhas

Page 8: Aeroespaço 63

8

a sociedade que as ações sustentáveis adotadas

pelos órgãos públicos contribuem com o meio

ambiente, além de refletirem na diminuição dos

gastos públicos e na melhoria da qualidade de vida

no ambiente de trabalho.

“Quando uma instituição como o CINDACTA I,

que já presta um serviço de excelência e repete

essa ação acrescida de sustentabilidade, serve

de exemplo e pode replicar as suas atitudes para

outras unidades do Comando da Aeronáutica”,

afirma Ana Carla - que acrescentou que essas

práticas têm estimulado e conscientizado servido-

res de todas as patentes para a sustentabilidade.

“Sabemos que esses profissionais multiplicarão

esses conhecimentos além dos limites do quartel”

- finalizou.

Desde a sua criação, o Programa vem obtendo

bons resultados. Foram colocadas em práticas

as iniciativas que estimularam conscientização

e mudanças dos hábitos e comportamentos do

efetivo.

Houve, ainda, uma otimização do uso dos recursos

e redução de desperdício, como controle do uso de

papel, economia do uso de energia e de água, geren-

ciamento dos resíduos e apoio à projetos de recicla-

gem, dentre outras importantes iniciativas.

Em relação à qualidade de vida no trabalho, houve

uma readequação dos equipamentos e locais para

prática de educação física.

Desde que começou a fazer esportes, o Sargento

Luiz Andrade de Oliveira já percebeu melhoras no

seu dia a dia. “Eu era sedentário, após fazer exercí-

cios, me tornei uma pessoa mais ativa, além de estar

me auxiliando na perda de peso”.

O resultado nos mostra que melhorar a qualidade

de vida é primordial e a prevenção é a base para a

saúde do trabalhador. Portanto, essas ações são im-

portantes investimentos na vida do efetivo.

Conscientização e educação são os frutos positivos

do Plano de Logística Sustentável do CINDACTA I

que, em parceria com o Ministério do Meio Ambien-

te, tem contribuído para a excelência dos resultados.

8

Readequação dos equipamentos e locais para a prática de educação física

A utilização coerente dos recursos naturais e dos bens públicos

Page 9: Aeroespaço 63

99

Em janeiro de 2015, parte do efeti-

vo do Quinto Esquadrão do Primeiro

Grupo de Comunicações e Controle

(5º/1º GCC - Esquadrão Zagal), sedia-

do em Fortaleza desde a sua criação,

em 1986, foi transferido para Porto

Velho. O equipamento operado pela

unidade, o Sistema Radar PAR 2000

Transportável, já havia feito a mu-

dança em setembro de 2014, em três

viagens de C-130 Hércules, num total

de 25 toneladas de material.

Essa mudança encontra amparo

na Estratégia Nacional de Defesa

(END) e no Plano Estratégico Militar

da Aeronáutica (PEMAER), que pre-

veem o aumento da presença militar

e do poder dissuasório da Amazô-

nia Ocidental. Alguns anos antes,

em 2009, o Segundo Esquadrão do

Oitavo Grupo de Aviação (2º/8º GAv

- Esquadrão Poti), havia se transfe-

rido de Recife para a Base Aérea de

Porto Velho (BAPV) com a mesma

finalidade.

Reportagem

A nova casa do Esquadrão Zagal

Os quatro mil quilômetros que separam as capitais do Ceará e de Rondônia reservam, para um grupo de pessoas que fez essa travessia, uma dimensão que extrapola a distância física.

9

Por Glória GalembeckFotos: Luiz Eduardo Perez

A notícia da transferência de

Estado não era exatamente uma

novidade para os militares nem

para os familiares. Há alguns anos

já se sabia que era algo previsto, mas

não quando ia acontecer. A troca de

sede inspirava preocupações para a

família Zagal por variados motivos.

Fortaleza é uma cidade de quase dois

milhões e 600 mil habitantes, segun-

do estimativa do Instituto Brasileiro

de Geografia e Estatística (IBGE)

para 2015. Porto Velho possui pouco

mais de 500 mil habitantes. A capital

cearense é litorânea, enquanto a

rondoniense, que tem suas origens

ligadas a criação da Estrada de Ferro

Madeira-Mamoré, em 1907, fica nas

barrancas da margem direita do

Rio Madeira, o maior afluente do

Rio Amazonas. Metrópole e interior.

Praia e floresta. Familiar e desconhe-

cido. São muitas as possibilidades

que permitem polarizar as duas

cidades.

Page 10: Aeroespaço 63

1010

filhos com menos preocupações

financeiras”, avaliou Ibla.

Por ser localidade especial, exis-

te um acréscimo de 20% ao soldo

e, além disso, o tempo se serviço é

contado de outra maneira: a cada

dois anos em Localidade Especial

Categoria A, o militar incorpora

oito meses de serviço.

Munida de informação a res-

peito do que esperava a família

Zagal em Porto Velho, a Tenente

Simone Nunes Motta, psicóloga da

SFTH, realizou uma reflexão sobre

gestão das mudanças e resistência

às mudanças. “O novo pode ser

encarado como ameaça ou como

desafio. Nosso objetivo nesse

trabalho foi o de dar informa-

ções e diminuir a angústia com o

desconhecido, que deixa de sê-lo”,

avaliou.

Em uma dinâmica realizada

nessa atividade, com argila,

surgiram formas como “coração”

e “casa”, o que simboliza uma

aceitação da mudança. O grupo

teve a compreensão de que eles

não iriam morar em uma cidade

precária, e pode desfazer algumas

ideias preconcebidas. O trabalho

foi repetido com o segundo grupo,

que continuou trabalhando em

Fortaleza a fez a mudança no mês

de dezembro de 2015.

O comandante do 5º/1º GCC,

Major Aviador Regilânio Isaí-

as Aguiar de Melo, pertence ao

efetivo da unidade desde o ano

de 2011, quando ingressou como

Operações, durante o comando

do Tenente-Coronel Aviador João

Spencer Ferreira da Costa Junior.

Por essa razão, conhecia bem o

processo da transferência. “O

trabalho da SFTH foi uma expe-

riência muito positiva que pode

etapas. Inicialmente, a equipe foi

a Porto Velho para identificar as

facilidades que a cidade ofere-

ce e os aspectos que podem ser

encarados como problemas. Na

sequência, houve uma reunião

em Fortaleza com os militares

voluntários para a primeira parte

da transferência e seus familiares.

Desse encontro surgiram novas

demandas, que foram pesquisa-

das e informadas ao grupo.

Um exemplo, como parte da re-

sistência dos militares era devido

à preocupação com o futuro pro-

fissional dos cônjuges, a equipe

fez parceria com a regional do Sis-

tema Nacional de Emprego (SINE),

órgão do Ministério do Trabalho e

Emprego.

Todos os aspectos que influen-

ciam a vida cotidiana de uma

família foram pesquisados: acesso

à moradia, rede escolar e de

saúde, oferta de empregos, lazer,

vida noturna, serviços, preços dos

alimentos e condições climáticas.

A experiência do Esquadrão Poti

também serviu de subsídio a esse

trabalho. Um questionário, aplica-

do aos militares que se mudaram

de Pernambuco para Rondônia,

colaborou na identificação dos

aspectos mais sensíveis.

“Desmistificamos Porto Velho

como uma opção de vida ruim.

Em muitos campos, é uma cidade

promissora e que oferece muitas

oportunidades. Tivemos contato

com profissionais de diferentes

regiões que moram lá e estão mui-

to satisfeitos. Porto Velho oferece

algumas vantagens: é uma locali-

dade especial e, por isso, a remu-

neração é maior. É uma boa opção

para quem quer juntar dinheiro,

programar a reserva e criar os

Suboficial F. Sousa e Sargento Soares - Militares voluntários para a primeira parte da transferência

Capitão Braga: acumulando funções por conta do efetivo reduzido

Além dos desafios administra-

tivo e operacional que a mudan-

ça impunha, outros aspectos,

bastante sensíveis, também

seriam objetos de planejamento: a

aceitação e a adaptação do efetivo

e dos familiares. Para minimizar o

impacto negativo, a mudança foi

objeto de um plano elaborado pela

Subdivisão de Fatores Humanos

(SFTH) do Subdepartamento de

Administração (SDAD) do Depar-

tamento de Controle do Espaço

Aéreo (DECEA).

Segundo a assistente social Ibla

de Castella Martins de Azeredo

Bastos Filha, integrante da SFTH,

o trabalho consistiu em algumas

10

Page 11: Aeroespaço 63

11

ser aplicada em outras unidades:

prover as informações antes da

tomada de decisão. A mudança do

Zagal é um marco, algo inédito, e

demonstra a valorização do efe-

tivo por parte do Alto Comando”,

observou o Major Aguiar.

Provisoriamente, o Esquadrão

Zagal funciona em um hangar que

integra as instalações do Segun-

do Esquadrão do Sexto Grupo de

Aviação (2º/6º GAv), o Esquadrão

Guardião. A Comissão de Implan-

tação do Sistema de Controle do

Espaço Aéreo (CISCEA) é a res-

ponsável pela construção da nova

sede, que contará com atualiza-

ções na área de segurança, como

contra incêndio.

OperacionalidadeO Sistema PAR 2000 Transpor-

tável é um radar de aproximação

utilizado pela aviação militar para

realizar aproximações de preci-

são para pouso. Só existem dois

equipamentos como esse no Brasil

- o outro é operado pelo Terceiro

Esquadrão do Primeiro Grupo de

Comunicações e Controle (3º/1º

GCC), Esquadrão Morcego, em Natal

(RN).

O radar do 5º/1º GCC foi trans-

portado em setembro de 2014 e

voltou a operar em junho de 2015.

Nesse período, a equipe de Gradu-

ados de Eletrônica se desdobrou

para encontrar o melhor lugar e

superar as adversidades climáticas.

Para funcionar adequadamente,

o equipamento precisa estar mais

próximo da pista, lateralmente, e

centralizado ao meio da pista, e em

um ponto elevado pelo menos 4,5

metros. O primeiro local buscado

não deu certo, o aterramento não

atendia às necessidades, a localiza-

ção não estava de acordo com as ne-

cessidades e havia muita umidade.

Por essa razão, a oxidação danificou

fontes e módulos de transmissão do

sinal radar. Após insucessos, o pon-

to atual foi encontrado: próximo ao

Posto de Combate a Incêndio (PCI)

da Infraero. Ainda assim, não é o

definitivo, pois dependerá de obras

a serem realizadas.

Em Porto Velho, o Zagal atende ao

Esquadrão Grifo, que opera o A-29

Super Tucano e cumpre o alerta de

defesa aérea. Por ser o PAR 2000T

um radar transportável, destina-se

a apoiar outros esquadrões em ope-

rações militares, como por exemplo,

a Cruzex.

A equipe de serviço que opera

o radar diariamente possui um

Graduado Básico em Eletrônica

(BET) e dois Graduados da especia-

lidade Controle de Tráfego Aéreo

(BCT). Ao BET compete testar todos

os equipamentos que integram o

shelter operacional, antes que o BCT

assuma posição. São consoles de

áudio, de visualização dos dados do

radar, de dados da estação meteoro-

lógica, enlace de fibra ótica e enlace

de micro-ondas. Um gerador de

energia dá apoio à essa estrutura,

em caso de queda do fornecimento

comercial.

"Tudo o que nós temos descoberto de positivo em Porto Velho ganha uma dimensão maior agora."Família Soares

Page 12: Aeroespaço 63

1212

O PAR 2000 T possibilita ao

controlador a visão de um raio de

60 quilômetros para realizar o ser-

viço de recolhimento para aproxi-

mação de precisão.

O Primeiro Sargento BET Edu-

ardo Soares Fernandes passou

alguns meses sem a família em

Porto Velho antes que o enteado

José Henrique, o filho Matheus e a

esposa Suzana, grávida do caçu-

la João, fizessem a mudança. A

opção por ter o bebê em Fortaleza

se deu em função de não saber

ao certo como seria o atendimen-

to médico na nova cidade. João

nasceu em fevereiro de 2015, e o

pai só pode conhecê-lo mais de

um mês depois, quando foi buscar

a família. “Passei o final da minha

gravidez com meus outros dois

filhos, minha mãe e meu irmão

em Fortaleza, sem o meu marido.

Essa fase foi tão difícil para mim

que, depois disso, os outros desa-

fios não pareciam tão grandes”,

afirmou.

Um dos segredos para se adap-

tar à nova vida foi não ter criado

expectativas. “Eu tinha uma visão

muito ruim da cidade e, na cabe-

ça, a memória das enchentes de

2013. Então, tudo o que nós temos

descoberto de positivo, ganha uma

dimensão maior. Nosso plano é

ficar três anos aqui, mas se pre-

cisar ficar quatro, não vai ser um

problema. Não estou contando os

dias para ir embora”, afirmou.

Para a família Soares, o traba-

lho da SFTH do DECEA teve uma

grande importância. “Quando eu

fui à reunião em Fortaleza, percebi

que havia uma preocupação com

a minha família e me senti segu-

ra e amparada”, avaliou Suzana.

“Aqui meus filhos têm uma vida

com mais liberdade e, em família,

temos feito muitos passeios ao ar

livre. Mas passo muito repelente

nas crianças”, afirmou Suzana,

pelo fato de Porto Velho estar em

uma região endêmica de doen-

ças transmissíveis por picada de

mosquito, como chikungunya e

malária.

Quando veio, a notícia da

mudança caiu como uma bomba

na casa do Suboficial BET Fran-

cisco Wellington de Sousa Silva.

A esposa, Mônica Costa de Sousa,

não hesitou: acendeu velas para

Santa Rita de Cássia – a das causas

impossíveis e advogada dos casos

desesperados – orando para que

ficassem em Fortaleza.

A santa não atendeu ao apelo,

mas as coisas acabaram por se

acertar. Após um período de adap-

tação, Mônica e os filhos Welling-

ton Filho e Ulisses estão satisfeitos

com a nova vida. Almoçam todos

os dias com o pai e, aos finais de

semana, vão conhecer os “banhos”

- como são chamados os balneários

que utilizam água dos igarapés.

Uma das maiores diferenças com

relação à vida em Fortaleza é o

tempo que ele passa com a família.

Em Porto Velho, os deslocamentos

são feitos todos com muita rapi-

12

"Após o período de adaptação, passar mais tempo juntos é o que a mudança trouxe de melhor."Família Sousa

Page 13: Aeroespaço 63

1313

dez, as distâncias são curtas e o

trânsito flui. A família toda ganha

em qualidade de vida.

Na vila dos graduados, as espo-

sas se reúnem para fazer bingos e

aulas de zumba. Aos finais de se-

mana, os amigos do esquadrão se

reúnem para um churrasco. A car-

ne em Porto Velho é mais em conta

do que em capitais do Nordeste. As

compras são feitas em feiras livres

ou, melhor ainda, direto na horta.

Algumas coisas eram melhores

em Fortaleza, como, por exemplo,

o nível do ensino. “A escola cobra

menos aqui”, afirmou Mônica.

Com 26 anos de Zagal, o Capitão

CTA Ubirajara Furtado Braga não

pensou duas vezes: ia seguir o seu

esquadrão, mesmo com a opção de

servir no Destacamento de Con-

trole do Espaço Aéreo de Fortaleza

(DTCEA-FZ). Como o efetivo está

reduzido pela metade em Porto Ve-

lho, ele acumula funções de Opera-

ções, Inteligência e Instrução.

A família, formada pela esposa

Joélia Lobo Braga e pelas filhas

Letícia e Lorena, tem a certeza de

que um dia voltará para Fortaleza.

Enquanto isso, todos lidam com as

adversidades do dia a dia. “Como

não tínhamos referência de escola

para as meninas, optamos por

uma rede conhecida. Em abril

já mudei as meninas para outro

colégio, porque vi que estava

muito abaixo do padrão que elas

estavam acostumadas. Mesmo

na escola atual, a cobrança é

menor”, afirmou Joélia, que passa

os cadernos das duas filhas em

revista. A educação faz parte

dos serviços que, na opinião dos

Braga, causou uma decepção.

“Têm lojas que fecham para o

almoço... a rede de saúde não

é muito estruturada. Antes de

vir para cá eu fiz uma imagem

muito ruim, depois melhorou

um pouco, mas ainda é difícil”,

afirmou Joélia.

União ajuda no combate aos incêndios ambientaisUm dos primeiros desafios que a

cidade de Porto Velho impõe para

quem chega são as queimadas, que

ocorrem entre os meses de junho a

setembro. São incêndios ambien-

tais espontâneos que ocorrem em

decorrência das altas temperaturas

associadas ao tempo seco. O fogo

surge onde há vegetação – terre-

nos baldios, os canteiros das vilas

militares, matas – e a fumaça logo

toma conta. Para os moradores, o

principal inconveniente é o proble-

ma respiratório e, para a aviação, a

diminuição na visibilidade.

Para amenizar a situação, não

raro, os moradores das vilas milita-

res se unem na tentativa de contro-

lar os focos que surgem próximo

das casas e dos apartamentos. Nessa

hora, além das mangueiras contra

incêndio, a solidariedade é funda-

mental para melhorar as condições

de todos.

13

"Estamos aprendendo a lidar com as adversidades diárias."Família Braga

Page 14: Aeroespaço 63

1414

Memórias que o tempo não apaga

Reportagem

14

Evento em São Paulo faz homenagem e resgata a história profissional do controlador de tráfego aéreo no BrasilPor Gisele BastosFotos: Fábio Maciel e arquivo da Embry-Riddle Aeronautical University

14

“Atlântica 8003, autorizado para Brasília, nível dois oito zero,

upper alfa três uno dois, saída porto, após decolagem curva a

esquerda, chame controle Rio uno uno nove decimal cinco, acione

código alfa quatro uno zero sete, coteje”.

Page 15: Aeroespaço 63

15

A comunicação ao lado (na abertu-

ra da reportagem) não faz muito

sentido fora do universo da aviação,

mas é parte do dia a dia de pilotos e

controladores de tráfego aéreo, a par-

tir de um órgão de controle. O papel

do controlador – ATCO, do inglês Air Traffic Controller – é o de orientar o

piloto. Essa orientação se dá pela li-

beração de porções de espaços aéreos

que, respeitado pelo piloto, assegurará

a separação entre o conjunto de ae-

ronaves de modo seguro e ordenado.

Autorizações para pouso, autorizações

de tráfego em rota, procedimentos de

descida e aproximação para o pouso

são alguns exemplos de mensagens

trocadas entre pilotos e controladores.

Salvo em condições especialíssimas,

os pilotos em voo raramente avistam

as demais aeronaves voando nas pro-

ximidades. Daí, necessitarem desse

apoio externo.

Os primeiros cursos de formação

datam do início dos anos 1940, quan-

do foram baixadas instruções sobre a

formação de sargentos especialistas

da Aeronáutica. Historicamente, a

época era conturbada por causa da

Segunda Guerra Mundial. Em 1942, o

Brasil declarou guerra aos países do

Eixo - Alemanha, Itália e Japão.

A participação brasileira nessa

guerra gerou aumento na deman-

da pela formação de técnicos no

controle de voo. A Escola de Aviação

Naval e a Escola de Aviação Militar

foram extintas e foi criada a Escola

de Especialistas de Aeronáutica

(EEAR), na Ponta do Galeão, na Ilha

do Governador – Rio de Janeiro.

Recém-inaugurada, a EEAR não

oferecia condições estruturais para

atender à necessidade de formação

de militares e civis. A saída, então,

foi enviar os interessados para os

cursos de formação nos Estados

Unidos, porém, os altos custos de

operacionalização inviabilizaram a

continuidade do processo.

Em 1943, o presidente da Repúbli-

ca, Getúlio Vargas, aprovou o termo

firmado pelo ministro da Aeronáu-

tica, Joaquim Pedro Salgado Filho,

para organização e manutenção de

uma escola técnica de aviação em

São Paulo, com apoio, metodologia,

professores e estrutura provida pela

John Paul Riddle Aviation Technical School (em português, Escola Técni-

ca de Aviação John Paul Riddle), com

sede em Miami - EUA.

A ETAv - Escola Técnica de Avia-

ção - começou a operar em 1943,

para complementar a formação dos

especialistas. Foram oferecidos cur-

sos de controle de tráfego aéreo, de

sistemas hidráulicos, de hélices, de

instrumentos, de motores, de avi-

ões, de manutenção, de reparação e

de operador de link trainer, meteo-

rologia, manutenção de paraquedas,

telegrafia, reparação e operação de

rádio, sistemas elétricos, chapas e

metal, máquinas e ferramentas.

No primeiro ano de funcionamen-

to, quatro mil alunos se matricula-

ram na escola, localizada no Edifício

da Imigração, no bairro do Brás, em

São Paulo. Além das aulas técnicas,

eles recebiam instrução militar,

faziam oficinas e testes psicotéc-

nicos para identificar a vocação de

cada um.

1515

Labace 2015 - oficiais do DECEA presentes à homenagem aos primeiros alunos da ETAv

Page 16: Aeroespaço 63

16

Torre de Controle de São PauloEm outubro de 2015, um evento

reuniu alguns destes profissionais,

pioneiros do controle de tráfego aéreo

no Brasil: Francisco Drezza, Alberto

Bertolucci, Remy Ferreira, Nelson

Perez e Irineu Tonon. Estes militares,

os primeiros alunos da ETAv, foram

condecorados durante a Latin Ame-

rican Business Aviation Conference

& Exhibition (Labace) – maior feira de

aviação executiva da América Latina,

realizada no Aeroporto de Congonhas,

em São Paulo.

A homenagem, promovida pela

Embry-Riddle Aeronautical University,

fez um resgate do passado, trazendo à

tona a criação da primeira torre de con-

trole de São Paulo e os grandes homens

que ajudaram a construir as bases da

profissão de controlador de tráfego

aéreo no Brasil.

Chico Drezza, hoje com 92 anos,

continua sendo reconhecido por seu

legado de trabalho, profissionalismo e

dedicação ao controle de tráfego aéreo

no Brasil. Aluno n° 189 da primeira

turma de controladores, o Suboficial

Francisco Drezza foi admitido na ETAv,

em março de 1944.

O curso de controle de voo tinha a di-

reção de Walter Fields, especialista pela

CAA (Civil Aviation Administration),

organização precursora da Administra-

ção Federal de Aviação (em inglês: Fe-deral Aviation Administration - FAA),

entidade responsável pelos regulamen-

tos da aviação civil nos Estados Unidos.

“Nas aulas, ele transmitia e enfatizava

a responsabilidade que o nosso traba-

lho envolvia: a segurança dos aviões”,

lembra o veterano. A formação abran-

gia, ainda, disciplinas de Meteorologia,

Navegação, Regulamentos e Código Aé-

reo, Áreas de Controle (ACC), Aerovias e

Torre de Controle (TWR).

Drezza entrou na profissão por

insistência da família. Ele já tinha

formação em mecânica industrial pelo

Senai (Serviço Nacional de Aprendiza-

gem Industrial) paulista e trabalhou na

Companhia Paulista de Estrada de

Ferro. Mas o tráfego aéreo mudou sua

história. Sua experiência e seus ensi-

namentos foram fundamentais para a

formação das gerações subsequentes.

Um ano depois, quando se formou

com outros nove militares, em 3 de

março de 1945, foi para o estágio

probatório na Torre de Controle do Rio

de Janeiro - primeira a ser ativada no

Brasil -, para, em seguida, assumir seu

posto na Torre de Controle (TWR) do

Aeroporto de Congonhas, a qual entrou

em operação no dia 27 de maio de 1945.

Havia a estimativa de aumento do

tráfego, de 30 para 200 movimentos

diários.

O Suboficial Drezza é apontado

como um dos fundadores da TWR do

Aeroporto de Congonhas pelo Primeiro

Tenente Especialista de Aeronáutica

Controlador de Tráfego Aéreo Carlos

Heredia. Hoje na reserva, Heredia

afirma que Drezza marcou uma época

e definiu o perfil profissional do con-

trolador de tráfego aéreo brasileiro.

Como tudo começouNos primórdios, a estrutura de traba-

lho era rudimentar, se comparada aos

equipamentos e softwares disponibili-

zados aos profissionais que hoje com-

põem o Sistema de Controle do Espaço

Aéreo Brasileiro (SISCEAB). Bem antes

das consoles X-4000 (dos anos 1980) ou

16

“Não importa quem esteja trabalhando na posição operacional, o padrão deve ser sempre o mesmo e o melhor possível! Sem o crédito dos usuários não seremos reconhecidos e nada será construído. Todos nós somos um só. Nós somos parte do Serviço de Proteção ao Voo (SPV) do Brasil” 'Francisco Drezza

Drezza - aluno da Escola Técnica de Aviação, 1944 (arquivo Embry-Riddle Aeronautical University)

Page 17: Aeroespaço 63

17

do atual Sistema Avançado de Geren-

ciamento de Informações de Tráfego

Aéreo e Relatórios de Interesse Opera-

cional (Sagitario) - que lhe sucedeu -,

era usado um conjunto de estações de

rádio para fins aeronáuticos, mantidos

pela Panair do Brasil.

Heredia explica que as Operações

Panair (PANOP) fornecia aos aviões, por

fonia, informações meteorológicas de

aeródromo e de movimento dos seus

aviões e que os primeiros controladores

foram estes ex-empregados da PANOP,

integrados como funcionários públicos

para atuação na Torre-Rio, como técni-

cos de tráfego aéreo.

A substituição destes para o efetivo

militar (recém-formado na Escola) não

foi um período fácil, por envolver o

diálogo na fonia entre um aviador e um

controlador, ou seja, um oficial e um

graduado. “As autorizações de tráfego

aéreo eram entendidas como quebra de

hierarquia. Os aviadores, nessa época

oriundos do Exército, não aceitavam

receber ordens de subordinados”, lem-

bra Heredia.

Drezza foi fundamental na orien-

tação dos mais modernos neste

obstáculo inicial. Seu conselho era ter

paciência e ânimo para ultrapassar as

incompreensões. Heredia conta que

Drezza aconselhava: "Sejamos inte-

ligentes e prestativos. Eles acabarão

por entender que, para que tenhamos

um serviço confiável, é necessário

que confiem em nós. Façamos isso

acontecer”.

Em 1943, foi instalada em Congo-

nhas a primeira Estação de Comu-

nicações, no então chamado Serviço

de Rotas da Quarta Zona Aérea (SR4),

que englobava os estados de São

Paulo, Paraná, Mato Grosso (antes

da divisão), Goiás e parte de Minas

Gerais (Triângulo Mineiro).

O primeiro radar de São Paulo (e da

América do Sul) foi inaugurado em

1962. Sete anos depois, o SR-4 passa a

se chamar Divisão de Proteção ao Voo

(DPV-4), como um apêndice do então

Quartel General da Quarta Zona

Aérea (QG-4).

A atual denominação "Serviço

Regional de Proteção ao Voo de São

Paulo" (SRPV-SP) seria estabelecida

apenas em abril de 1976, de acordo

com a Portaria Ministerial nº 320.

Heredia conta que entre 1950 e

1951, Drezza trabalhou na antiga

Diretoria de Rotas Aéreas, auxiliando

na interpretação prática dos docu-

mentos de tráfego aéreo, oriundos

da ICAO (Internacional Civil Aviation Organization). A partir de 1951 até

1956, Chico Drezza figurou como

elemento de ligação entre a chefia do

SR4 e as chefias operacionais. Como

bom orientador, frequentou a Torre

de Controle e o Centro de Controle,

instruindo, demonstrando e motivan-

do os grupos de controladores. Suas

palavras eram: “Não importa quem

esteja trabalhando na posição ope-

racional, o padrão deve ser sempre

o mesmo e o melhor possível! Sem

o crédito dos usuários não seremos

reconhecidos e nada será construído.

Todos nós somos um só. Nós somos

parte do Serviço de Proteção ao Voo

(SPV) do Brasil”.

Os pioneiros do controle de tráfego aéreo no Brasil - da esquerda para a direita: Alberto Bertolucci, Irineu Tonon, Moacyr Perez, Remy G. Ferreira e Francisco Drezza (sentado)

Page 18: Aeroespaço 63

18

Tempos difíceisApesar do esmero na função, Dre-

zza explica que havia dificuldades e

limitações aos controladores. Só havia

Tabela do pôr do sol para as capitais,

o que era um problema para o Centro

de Controle (ACC-SP). Na tentativa de

conseguir ajuda, Drezza e um grupo

de controladores foi até o Observa-

tório Astronômico de São Paulo para

aprender a calcular o pôr do sol de cada

localidade através de uma fórmula.

Eles fizeram uma tabela com cálculos

de toda a 4ª Zona Aérea, que represen-

tava quase a metade do Brasil. Naquele

tempo, os voos eram diurnos, porque

à noite não havia balizamento, e sim

um sistema de iluminação instalado

nas pistas dos aeródromos, que ajudava

a orientar aviões em pousos e decola-

gens à noite ou em condições atmosfé-

ricas adversas.

Quando a Torre de Congonhas foi

inaugurada não havia aerovias para

orientar e direcionar a navegação

aérea. “Eu sentia falta de um mapa de

entradas e saídas da área para ter a

certeza da separação entre um avião

pousando e decolando”.

Os primeiros mapas do APP-SP surgi-

ram desta necessidade de cálculos mais

precisos. Drezza começou o desenho

de vários destes mapas: Saída para o

Rio, rumo 090°, via Mogi das Cruzes;

tráfego de chegada e subida para o

Rio no 120° e chegada no 170°, ou com

separação vertical de 1.000 pés.

Convém lembrar que o trabalho

era feito sem o auxílio do radar, os

controladores operavam no método

conhecido como “convencional” ou,

“por procedimento”. Isso equivale

dizer que o controlador emitia as

autorizações de tráfego em função

das posições reportadas pelos pilotos,

cada qual como um elemento de um

mosaico imaginário que o controlador

não via, apenas visualizava a partir de

cálculos de navegação aérea e de seu

conhecimento da área de operação.

“Por tratar-se de uma fase específica e

delicada do voo, a interação do piloto

com o controlador exigia também uma

perfeita coordenação de manobras dos

aviões e inteligência e criatividade por

parte do controlador”, ressalta.

Com seus conhecimentos, Francisco

Drezza e Gregório Manetti, em 1959,

passaram a integrar também a instrução

prática, já preparando o operação por

radar. O objetivo era criar condiciona-

mentos e desenvolver o feeling, que em

português significa sensação, pressenti-

mento, impressão. A ordem era treinar

todos os dias até estar completamente

seguro dos conhecimentos e habilidades.

Atualmente, a formação de con-

trolador dispõe de simuladores e

inúmeros recursos tecnológicos. “A

tela de radar onde foram treinados os

primeiros controladores-radar mos-

trava aviões reais, em pleno voo, com

suas tripulações ansiosas por poder

contar com o novo recurso de controle

de tráfego”, lembra.

Situações inusitadasA abnegação, o comprometimento e

o amor pela profissão de controlador de

tráfego aéreo estão descritas em um li-

vro de memórias, que traz informações

e lembranças de Drezza em seus anos

de profissão, textos que narram fatos

inusitados e peculiares vividos por ele.

Em 1945, por exemplo, Drezza

lembra que no começo das atividades

na Torre de Controle de Congonhas pre-

senciou várias aproximações de aviões

da Vasp, com teto zero. “A rodovia

Bandeirantes era bloqueada e um ra-

diofarol não direcional (NBD) móvel

era montado num jipe, na cabeceira da

pista 14 (atual 17). Nesta época, grande

parte das aeronaves não tinha fonia,

apenas telegrafia. As autorizações para

aproximação IFR (regras de voo por ins-

trumento) eram veiculadas através do

ACC/ZW na frequência 5105kc”, conta.

Outro fato pitoresco, que teve a inter-

venção do controlador foi durante uma

visita do presidente Getúlio Vargas,

em agosto de 1945. Após o pouso do

avião, houve invasão da multidão em

torno da aeronave e muitos entraram

O ministro da Aeronáutica Salgado Filho (à esquerda), ao lado do presidente da República Getúlio Vargas, em 1943, na aprovação do termo firmado para organização e manutenção de uma escola técnica de aviação em São Paulo (arquivo Embry-Riddle Aeronautical University)

Page 19: Aeroespaço 63

191919

na pista. Havia um segundo avião para

pousar com a comitiva do presidente.

Ao visualizar as pessoas na pista, o

piloto queixou-se da impossibilidade de

pousar. A sugestão de Drezza foi: “Que

tal um rasante?”... ao concordar com a

manobra, o piloto conseguiu que a área

fosse rapidamente liberada.

CondecoraçãoTantos anos atuando na Torre de

Controle de São Paulo lhe renderam

elogios e reconhecimento. Em uma si-

tuação de manobra arriscada do piloto,

o controlador Drezza dedicava atenção

para realização do procedimento

conforme regras previstas, e o que ouve

depois de outro piloto foi: “Parabéns,

Controle! Eu não conheço o operador,

porém conheço a sua voz há muitos

anos. E quando a ouço, é tranquilidade

e competência. Boa noite!”

Drezza acredita que o êxito alcança-

do pelos controladores daquela época

deveu-se ao rigor de treinamento, ao

valor profissional das equipes e ao

compromisso firmado entre todos para

vender confiança.

Em maio de 1974, recebeu um telefo-

nema do Aeroporto de Congonhas para

se apresentar com urgência. Ao chegar,

foi informado sobre uma homenagem

do Rotary Club de São Paulo para pre-

miar “Os dez mais do ano”. Na ocasião,

eles queriam premiar um controlador

de voo que representasse a classe. Fez-

-se um plebiscito e todos votaram em

seu nome: “Chico Drezza”, controlador

de voo, símbolo de Congonhas. “Co-

movido, aceitei a nobre incumbência"

- conta orgulhoso.

O padrinho da homenagem, en-

genheiro e professor das Faculdades

Mackenzie, Sr. Henry John Romero

Sanson, disse que era piloto amador

aos sábados e domingos. "Ficava fasci-

nado na escuta do APP-SP com o nosso

19

trabalho, naquela coreografia maluca

dos aviões, no sobe e desce. Ficava

encantado, durante horas, com o nosso

trabalho" - revela.

O troféu, recebido em nome dos

controladores de voo de São Paulo, foi

entregue ao antigo Destacamento de

Proteção ao Voo de São Paulo (DPV-SP)

em outubro de 1994, quando foi insti-

tuído o Dia do Controlador de Voo, pela

Organização da Aviação Civil Interna-

cional (ICAO). Na data desta concessão,

Drezza já tinha sido acometido de para-

plegia degenerativa, o que limitou seus

movimentos. Atualmente, reside em

Alphaville (São Paulo), com a família.

O problema físico jamais foi impedi-

mento para os projetos de Drezza, que

não deixou de ser referência quando o

assunto é controle de tráfego aéreo.

O Departamento de Controle do

Espaço Aéreo (DECEA) endossa o reco-

nhecimento, a importância e o valor

que Drezza teve ao longo de sua vida

na profissão de controlador na Torre,

no APP, no Radar e o que sua dedica-

ção representa para o Brasil e para as

gerações futuras.

Nosso muito obrigado, Suboficial

Francisco Drezza!

Formatura dos alunos da Escola Técnica de Aviação, São Paulo (arquivo Embry-Riddle Aeronautical University)

Na ETAv, as aulas transmitiam e enfatizavam a responsabilidade que o trabalho de controlador de voo envolvia: a segurança dos aviões (arquivo Embry-Riddle Aeronautical University)

Page 20: Aeroespaço 63

202020

COSPAS-SARSAT: sistema que utiliza satélites para detectar e localizar balizas de emergência ajuda a salvar vidas.

Reportagem

Tecnologia a serviço da Busca e SalvamentoPor Denise FontesFotos: Fábio Maciel

20

Page 21: Aeroespaço 63

2121

Das muitas histórias de salvamento, ainda

estão bem vivas na memória dos militares

as missões de busca após o acidente com as

aeronaves da Gol, em 2006, e da Air France, em

2009.

Também é recente e marcante para o Serviço

SAR (busca e salvamento) o resgate do velejador

holandês Ebrahim Hemmatnia, na costa do Rio

Grande do Norte, no dia 30 de janeiro de 2015. A

sua embarcação foi atacada por tubarões e, com

danos no leme, ficou sem controle.

“Fui resgatado em menos de 24 horas depois

que o sinal de emergência de minha embarcação

foi emitido. Os pilotos da FAB pensaram muito

rápido e colocaram uma outra embarcação

próxima a mim até que o navio da Marinha

fosse enviado para me resgatar. Se o Brasil

não tivesse esse sistema, eu não teria

sobrevivido”, conta Ebrahim.

O acidente não terminou em tragédia

graças a um sistema de busca e

salvamento por rastreamento de satélites

21

presente em várias partes do mundo conhecido

como COSPAS-SARSAT - do inglês Search And Rescue Satellite.

“Este sistema permite que tenhamos os dados

de localização e de alertas de emergência com

maior precisão, economia de tempo, além de

aumentar as chances de sobrevivência das

vítimas”, explica o operador do sistema, Sargento

Tiago Wesley Ribeiro.

No caso do Brasil, quando uma baliza é

acionada, o sinal é captado pelo satélite que

o retransmite para as estações receptoras em

terra (LUT), que automaticamente o processam

e enviam sua localização ao Centro Brasileiro

de Controle de Missão (BRMCC), unidade do

Departamento de Controle do Espaço Aéreo

(DECEA).

“O alerta chega ao BRMCC em média de dois

a oito minutos após o acionamento da baliza. A

partir desse sinal é possível saber a localização

e acionar o socorro”, relata o supervisor do

sistema, Sargento Flávio Custódio de Brito.

O COSPAS-SARSAT foi estabelecido após um acordo internacional com o objetivo de salvar vidas através da localização de radiobalizas de emergência

21

Page 22: Aeroespaço 63

222222

Cabe ao BRMCC verificar o sinal de alerta e

transmiti-los aos Centros de Coordenação de

Salvamento Aeronáutico (Salvaero) e/ou Marítimo

(Salvamar), que assumem a missão de prestar o

Serviço de Busca e Salvamento. Se a área detectada

estiver fora dos limites de responsabilidade do

Brasil, o BRMCC retransmite a informação para o

país emérito.

A partir daí, podem ser acionados aeronaves,

embarcações e grupos no solo para a missão

de busca e salvamento. Os Elos de Execução

são formados por 11 Unidades Aéreas (UAe) do

Comando-Geral de Operações Aéreas (COMGAR).

A Força Aérea Brasileira (FAB) possui unidades de

prontidão em Belém (PA), Manaus (AM), Natal (RN),

Salvador (BA), Rio de Janeiro (RJ), Florianópolis (SC),

Santa Maria (RS) e Campo Grande (MS).

O COSPAS-SARSAT foi estabelecido após um

acordo internacional com o objetivo de salvar

vidas através da localização de radiobalizas de

emergência. O sistema é mantido por quatro países

fundadores - Estados Unidos, Canadá, França

e Rússia - e está em operação desde 1982. Até o

momento, cerca de 39 mil vidas foram salvas graças

ao programa COSPAS-SARSAT.

O advento do sistema, implementado no Brasil

em 1985, permitiu a detecção das três balizas de

emergência:

ELT (Emergency Locator Transmitters), para uso em

aeronaves;

EPIRB (Emergency Position-Indicating Radio-Beacon), para emprego em embarcações - exatamente o que

foi utilizado pelo holandês Ebrahim;

PLB (Personal Locator Beacons), para uso individual.

Falsos alertasO Brasil ocupa destaque no cenário internacional

do programa, embora enfrente o obstáculo

cultural dos falsos alertas. Em 2014, o sistema

COSPAS-SARSAT recebeu 1.833 sinais de alerta.

Desses, 99,51% eram falsos.

De acordo com o chefe do BRMCC, Tenente

Roberto de Lima e Souza, os sinais falsos são muito

comuns devido aos testes nos equipamentos

O Brasil se destaca na América do Sul e figura entre os países que melhor se preparam para atender às vítimas de acidentes

aeronáuticos e marítimos

Page 23: Aeroespaço 63

232323

e acionamentos não intencionais. “Por causa

desta elevada taxa de falso alerta, os Salvaeros

são obrigados a investigar cada sinal de

emergência, antes de deslocar as equipes de

busca e salvamento. Os procedimentos incluem a

comunicação com os proprietários de aeronaves,

embarcações, aeroportos, clubes de aviação e

outros meios”, revela o oficial.

Um dos problemas é o registro das balizas,

que pode ser facultativo. A falta de registro não

impede seu funcionamento, mas dificulta os

procedimentos. “Quando a baliza é registrada,

os dados necessários estarão especificados no

formulário, permitindo identificar se o sinal

emitido é verdadeiro, a partir do contato com

o proprietário. Isso evita a perda de tempo

prejudicial ao salvamento”, alerta o Tenente Lima

e Souza.

O BRMCC promove campanhas de

conscientização para o registro. É um serviço

gratuito e pode ser feito através do endereço:

www.brmcc.aer.mil.br

Investimento em tecnologiaCom toda tecnologia de ponta adquirida pelo

DECEA, num país absolutamente controlado pelos

radares, os coordenadores SAR são abastecidos por

uma rede de comunicações que permite planejar

as operações de forma digital e integrada com as

Unidades Aéreas.

A instalação da estação MEOLUT - Terminal de

Usuário Local de Órbita Média - em julho de 2009

- propiciou ao Brasil assumir a quarta posição

no mundo, atrás do Canadá, Inglaterra e França,

a implantar a tecnologia de ponta do Sistema

COSPAS-SARSAT, sendo a única estação instalada

no Hemisfério Sul.

O DECEA utiliza dois tipos de satélites: o LEOSAR

e o GEOSAR - que captam e retransmitem o alerta.

Ambos trabalham de forma complementar.

Enquanto o primeiro localiza o sinal de emergência,

o segundo tem maior agilidade na recepção do

alerta.

Em fase de implantação está uma nova antena

que vai unir as duas tecnologias: o sistema MEOSAR

A estação MEOLUT propiciou ao Brasil assumir a quarta posição do mundo a implantar a tecnologia de ponta do Sistema COSPAS-SARSAT, sendo a única estação instalada no Hemisfério Sul

Page 24: Aeroespaço 63

24242424

- que emprega satélites com

órbitas médias e capacidade

de procurar por sinais de

emergência em um raio muito

maior, isso em comparação com

os satélites de órbita polar baixa

(LEOSAR).

Como resultado, teremos um

salto de qualidade na precisão

e na diminuição do tempo

da localização da posição,

contribuindo diretamente

para a economia e eficiência

do emprego dos meios SAR em

atendimento às emergências.

A homologação do MEOSAR

conta com a participação de

equipes brasileiras. Em 2014,

uma aeronave SC-105 Amazonas

e um helicóptero H-60 Black

Hawk foram empregados para

testar o sinal de balizas em áreas

brasileiras utilizando o novo

satélite.

Segundo o chefe da Subdivisão

de Busca e Salvamento do

Primeiro Centro Integrado de

Defesa Aérea e Controle de

Tráfego Aéreo (CINDACTA I),

Major Aviador Antonio Carlos

Neves Trigueiro, o acionamento

da baliza ELT em voo teve um

reconhecimento internacional

muito significativo: “A intenção

é que depois de homologado

sejam colocados em órbita

2424

72 satélites MEO, com uma

cobertura de 100% do globo

terrestre”.

O grande desafio para 2016

é aumentar o número de vidas

salvas. “Quanto mais rápido

receber o sinal, localizar o

objeto de busca, maior será a

nossa chance de salvar vidas.

Com a implementação do

sistema MEOSAR, a tendência

é que o tempo de resposta seja

muito menor”, afirma o Major

Trigueiro.

Como vimos, o Brasil se

destaca na América do Sul

e figura entre os países que

melhor se preparam para

atender às vítimas de acidentes

aeronáuticos e marítimos. Todos

esses esforços combinados

resultam em uma estrutura

capaz de fazer frente aos

desafios que se apresentam

diariamente ao Serviço SAR

Aeronáutico.

Militares se revezam 24 horas por dia para monitorar cada ocorrência

Radiobalizas de Emergência

Page 25: Aeroespaço 63

25

Cuidado para não quei-

mar a língua. Em 2015,

os dois aeroportos paulistas

embarcaram e desembarcaram

passageiros com mais pontualidade

do que todos esses. Não só eles. Põe

na lista também Dubai, Frankfurt,

Hong Kong, Sidney, Seul, ou qualquer

aeroporto norte-americano: Dallas,

Chicago, Los Angeles, Nova York... you name it!

Essa é a constatação do respeitadís-

simo estudo da consultoria britânica

Official Airline Guide (OAG), especia-

lizada em inteligência de mercado de

aviação, da AXIO Group, com sede em

Londres e escritórios nas principais

capitais do mundo.

O relatório OAG Punctuality League 2015 - On-time performance resultus for airlines and airports, publicado

em janeiro, considerou uma base de

dados de 50 milhões de voos realiza-

dos por mais de 900 companhias aé-

reas em mais de quatro mil aeropor-

tos, o que a permitiu o rastreamento

de cerca de 110 mil voos diariamente.

Informações detalhadas das opera-

ções aéreas mundiais, viabilizadas,

sobretudo pelos dados aferidos pela

Responda rápido: em qual aeroporto os voos são mais pontuais? Changi, o entreposto futurista de Cingapura; Paris-Charles-de-Gaulle, a porta de entrada da França; Heathrow (Londres), o mais movimentado da Europa; Atlanta (EUA), o mais movimentado do mundo, ou algum hub tupiniquim, como Congonhas e Guarulhos?

25

Por Daniel MarinhoFotos: Fábio Maciel

Reportagem

Pontualidade dos voos no Brasil é destaque em avaliações internacionais

Page 26: Aeroespaço 63

26

provedora de informações de voos em

tempo real Flight View, incorporada à

OAG no início do ano passado. O rela-

tório consolidou os registros de pon-

tualidade dos principais terminais e

companhias aéreas conforme o índice

OTP (On-Time Performance): partidas

e chegadas que ocorrem em menos de

15 minutos do horário previsto. Para

2015, a OAG abarcou, pela primeira

vez, estatísticas relativas à aviação

latino-americana, cujas performan-

ces de pontualidade, ao que parece,

andavam um tanto subestimadas.

A conclusão é a de que a navegação

aérea brasileira figura em posição

de prestígio no cenário mundial

no que diz respeito ao assunto.

Segundo o estudo, Congonhas é o

segundo megahub mais pontual do

mundo, com um índice OTMP de

87,8%, seguido por Guarulhos, com

87,47% dos voos partindo no horário

programado em 2015. Atrás apenas do

Aeroporto Internacional de Haneda,

em Tóquio, 91,2%.

Além dos megahubs, aeroportos de

maior número de conexões no plane-

ta, o estudo relaciona três categorias

de aeródromos, conforme o número

de passagens vendidas/ano: grandes

(mais de 20 milhões), médios (entre

dez milhões e 20 milhões) e peque-

nos (menos de dez milhões). Entre os

grandes, Guarulhos se destaca mais

uma vez. O terceiro mais pontual do

mundo, atrás apenas de Munique,

Alemanha e, mais uma vez, Tóquio,

Japão.

O mérito, porém, não é uma prer-

rogativa paulistana. Entre os cerca de

quatro mil aeroportos avaliados, os

internacionais de Porto Alegre (87,6%)

e Curitiba (87,4%) aparecem nas 17ª e

20ª posições no grupo dos pequenos

terminais. Entre os de médio porte es-

tão Congonhas, na 6ª posição (87,8%);

Brasília, em 13º (85,5%); Rio de Janeiro

26

OAG Megahub AirportsTOP MegAhubS

Page 27: Aeroespaço 63

2727

- Galeão, em 20º (83,5%).

A segunda parte do relatório

abrange as companhias aéreas.

Entre as 20 mais pontuais, a Azul

está em terceiro, com 91%, e a Tam,

em sétimo, 89,5%. No ranking espe-

cialmente dedicado às low cost (LCC Category), porém, a Azul surpreende.

Sagra-se como a companhia de baixo

custo mais pontual do mundo, (91%),

seguida pela Gol, em terceiro (86,4%),

e Avianca, na 9ª posição (83,9%). Em

suma, as quatro principais empresas

aéreas brasileiras ficaram entre as

seis transportadoras mais pontuais da

América Latina em 2015.

A constatação de que aéreas e ae-

roportos brasileiros estão entre mais

pontuais do mundo pode até surpre-

ender boa parcela dos brasileiros,

mas, conforme relato da Associação

Brasileira das Empresas Aéreas (ABE-

AR), vem, ano após ano, consolidando-

-se como uma realidade. Dados do

Panorama ABEAR 2014, divulgado

em julho do ano passado, já havia de-

monstrado como as aéreas brasileiras,

por exemplo, são comparativamente

mais pontuais que as concorrentes

americanas.

Na ocasião, o levantamento con-

frontou os indicadores registrados

pelos organismos oficiais brasileiros

com os dados publicados pelo United States Departament of Transportation

(DOT), órgão de governo, regulador

da atividade nos EUA. As principais

aéreas brasileiras obtiveram à época

o índice de pontualidade de 85%

nos voos domésticos, considerando

partidas realizadas em até no máximo

15 minutos depois do horário progra-

mado. Percentual superior aos 78%

contabilizados pelo Departamento de

Transporte dos EUA para as empresas

norte-americanas, pelo mesmo crité-

rio de análise.

Em outro estudo, da norte-america-

Top AirlinesTOP 20 AiRlineS by OTP

Page 28: Aeroespaço 63

2828

na Flight Stats, também especializada

em métricas e estatísticas de trans-

porte aéreo, a pontualidade brasilei-

ra também ganhou notoriedade. O

relatório 2015 On-Time Performance Service Awards Data, que reúne as

maiores e mais importantes compa-

nhias aéreas do mundo, enumera a

TAM como 7ª aérea mais pontual do

mundo e a Avianca, como a 10ª. No

recorte regional (América Latina),

excetuando as Low Cost (Gol e Azul,

por exemplo) TAM e Avianca estão res-

pectivamente em segundo e terceiro

lugar.

A Flight Stats ainda destaca os ae-

roportos Salgado Filho (Porto Alegre),

Afonso Pena (Curitiba) com índices

Airport Departures (pontualidade na

decolagem) acima de 85%.

O aumento na pontualidade dos

voos, evidenciado pelas agências

internacionais, vem se refletindo

aqui, nos últimos anos, nas opera-

ções especiais de feriados. No balan-

ço parcial da "Operação Carnaval

2016", referente aos voos nos sete

aeroportos mais movimentados do

País, de 4 e 10 de fevereiro , o índice

de pontualidade alcançou 93,1% dos

9.473 voos programados. Na última

"Operação Fim de Ano", como é cha-

mado o esquema especial voltado à

alta demanda de passageiros do Natal

e Réveillon, os 15 aeroportos mais

movimentados do Brasil registraram

a melhor média dos últimos nove

anos: 91,9% de pontualidade. Das

55.673 decolagens, realizadas de 10

de dezembro a 10 de janeiro, apenas

8,1% dos voos partiram com atraso.

Percentual de desempenho recorde da

série histórica iniciada em dezembro

de 2007, quando o atraso chegava a -

hoje, inimagináveis - 30% das partidas

realizadas.

Mas o que mudou, desde então? O

que vem alçando os índices de pontu-

alidade dos voos no País a esse cenário

Salão Operacional do CGNA - monitoramento e gestão dos fluxos de tráfego aéreo e balanceamento capacidade x demanda 24 horas por dia.

Índices de pontualidade no Brasil e nos EUA em 2014vOOS dOMeSTiCOS

Fontes: ANAC DOT

Page 29: Aeroespaço 63

29

Exercício de Simulação SAR

29

de destaque internacional?

Para o diretor de Segurança e

Operações de Voo da ABEAR, Ronaldo

Jenkins, em declaração divulgada à

época do lançamento do estudo da

OAG, mais do que o desempenho

de uma ou outra companhia, ou de

um ou outro aeroporto em listas

estatísticas, o que fica evidente para

a atividade é o resultado consolida-

do. "As circunstâncias que afetam

a pontualidade podem variar para

cada companhia em razão do tipo de

serviço, composição da frota, meteo-

rologia das bases de atuação, tráfego

nas rotas operadas, capacidade e

qualidade dos aeroportos envolvidos.

Mas quando olhamos para o conjun-

to das informações e vemos tantas

companhias brasileiras e aeroportos

nacionais em posições de destaque na

comparação com concorrentes fortes

e tradicionais, isso nos mostra que o

trabalho tem caminhado no sentido

correto."

Jenkins elencou o “o trabalho cola-

borativo com o Centro de Gerencia-

mento da Navegação Aérea (CGNA),

o aperfeiçoamento dos processos de

embarque de passageiros, além das

ações preventivas tomadas para os

períodos de maior fluxo de passagei-

ros nos aeroportos, como Carnaval, fe-

riados prolongados e fim de ano entre

as operações que colaboraram para os

resultados.”

Ainda a respeito da pontualidade

nos voos no País, o diretor do Depar-

tamento de Gestão Aeroportuária da

Secretaria de Aviação Civil da Pre-

sidência da República, Paulo Henri-

que Possas, destacou os resultados

recentes como símbolo do patamar de

qualidade das operações do setor. “Os

índices de pontualidade da Operação

Fim de Ano, que é exatamente um

momento de alta demanda, mos-

tram que o desempenho dos nossos

aeroportos não só batem recordes

nacionais como superam marcas de

importantes terminais do mundo.

É um reconhecimento do trabalho

que companhias aéreas, gestores,

operadores e governo vêm fazendo

Page 30: Aeroespaço 63

30

de maneira cada vez mais integrada",

concluiu.

Para o chefe do CGNA, Tenente-Co-

ronel Aviador Luiz Roberto Barbosa

Medeiros, desde a criação da unidade

- subordinada ao Departamento de

Controle do Espaço Aéreo (DECEA) -

em 2007, o Brasil vem consolidando

posição de vanguarda no gerencia-

mento de fluxo de tráfego aéreo, não

se limitando a investimentos em

equipamentos e novas instalações,

mas enfatizando ações de capacitação

especializada.

Até mesmo em face aos eventos

internacionais que o País vem hospe-

dando desde 2012 (Rio + 20, Copa das

Confederações, Jornada Mundial da

Juventude, Copa do Mundo e, agora,

Jogos Olímpicos), a organização vem

focando no treinamento altamente

especializado de pessoal com ações de

benchmarking e intercâmbios inter-

nacionais, incorporando com efici-

ência e flexibilidade o que há de mais

moderno e eficaz no mundo referente

à gestão dos fluxos de tráfego aéreo.

Ações como a implantação da

Célula de Coordenação e

Decisão, onde represen-

tantes de companhias aéreas, admi-

nistradores de aeroportos e outras

organizações da aviação mantém

posto permanente dentro do CGNA

para agilizar procedimentos ope-

racionais, por meio de um processo

de decisão colaborativa e a adoção

de ferramentas e sistemas focados

em gerenciamento de fluxo aéreo,

como o Sistema Integrado de Gestão

de Movimentos Aéreos (SIGMA), tam-

bém são enfatizadas pelo oficial. “O

DECEA, por meio do CGNA, viabilizou

uma integração das organizações

atuantes no transporte aéreo que não

havia dez anos atrás (...) A iniciativa

do CGNA junto à indústria objetiva a

melhoria do gerenciamento de fluxo

de tráfego aéreo por meio de um

maior intercâmbio de informações,

contando com a participação de todos

os envolvidos”, afirmou.

Dado de realidade, endossado pelos

números, os voos no Brasil estão

muito mais pontuais. E, como se vê,

começam a conduzir o País ao topo de

rankings estatísticos, o que certamen-

te surpreende muitos brasileiros.

Isso porque a percepção

coletiva ainda está associada a

experiências do passado quando

o transporte aéreo encarava uma

realidade completamente distinta.

Hoje, agências internacionais

independentes começam a revelar

os resultados positivos de iniciativas

bem-sucedidas. Cada vez mais

perceptíveis entre os usuários do

transporte aéreo, espera-se que

esses resultados de performance

surpreendam também cada vez

menos os brasileiros no futuro.

Porque, com a licença do trocadilho,

no ano que passou, a pontualidade

britânica sobrevoou longe de

Buckinghan. Veio pousar

aqui. Pra brasileiro ver!

Sala Master de Comando e Controle, implementada para integrar e agilizar as operações das organizações de transporte aéreo ao longo dos grandes eventos internacionais sediados no País

Page 31: Aeroespaço 63

313131

Histórico O Destacamento de Controle do Espaço

Aéreo de Pirassununga, DTCEA-YS,

iniciou suas atividades em agosto de

1960, ainda como Núcleo de Proteção ao

Voo, sob a chefia do 1S Q RT TE Nicanor

Maurício. Sua chegada a Pirassununga

coincide com a vinda do Destacamento

precursor da construção da atual Acade-

mia da Força Aérea. Passou a se chamar

Destacamento de Proteção ao Voo de

Pirassununga, ativado em 1979, através

da Portaria 1351/GM3/301079 (Categoria

"A") e mudando para categoria especial

com a Portaria 0007/GM3/040188. A

alteração para o nome atual, DTCEA-YS,

ocorreu com a Portaria 183/GC3/270203.

Está subordinado administrativa-

mente à Academia da Força Aérea (AFA)

e técnica e

operacional-

mente ao Pri-

meiro Centro

Integrado de

Defesa Aérea e

Controle de Tráfego Aéreo (CINDACTA I).

O DTCEA-YS fica no complexo da AFA,

onde estão também outras unidades da

Aeronáutica, como a Fazenda , a Pre-

feitura, o Esquadrão de Demonstração

Aérea e o Grupamento de Apoio.

O DTCEA-YS desempenha sua missão

prestando serviços de controle do espaço

aéreo como elo do SISCEAB e conta com

uma equipe de especialistas em controle

de tráfego aéreo, informações aero-

náuticas, eletrônica, sistemas elétricos,

telecomunicações, meteorologia e admi-

nistração.

PeculiaridadesNo DTCEA-YS os órgãos operacionais

fazem uma jornada diária de 17 horas e

presta serviço de navegação aérea à AFA

e ao Esquadrão de Demonstração Aérea

(EDA), conhecido como "Esquadrilha

da Fumaça", na realização de voos de

instrução nos espaços aéreos dedicados

à essa finalidade. Esses serviços compre-

endem o suporte ao planejamento de voo

através da Sala de Informações Aeronáu-

ticas e da Meteorologia pela observação e

elaboração de previsões meteorológicas.

Seção

Conhecendo o DTCEA -YSPirassununga - SP

São mais de 140 mil movimentos aéreos por ano, 120 aeródromos e helipontos sob o controle do destacamento de Controle do espaço Aéreo de Pirassununga, formado por militares comprometidos com a qualidade do serviço prestado pelo SiSCeAb

31

Por Daisy MeirelesFotos: Luiz Eduardo Perez

Page 32: Aeroespaço 63

32323232

A informação meteorológica é essencial para a segu-

rança das operações aéreas militares. Neste Destacamen-

to, a principal função da meteorologia é o apoio específi-

co aos cadetes e instrutores dos Esquadrões de Instrução

Aérea e Demonstração Aérea (EIA e EDA) da AFA.

Para realizar essa função, é estruturado em dois

órgãos, uma Estação Meteorológica de Superfície (EMS)

e um Centro Meteorológico Militar (CMM). A EMS cole-

ta e divulga dados meteorológicos representativos das

condições do aeródromo e o CMM divulga as informações

meteorológicas, realiza brifim e instrução meteorológica

para os aeronavegantes.

O DTCEA-YS possui duas torres de controle. A primeira

é a TWR-I - que é responsável pelo atendimento às aero-

naves T-27 Tucano do Primeiro Esquadrão de Instrução

Aérea e as demais aeronaves militares ou civis em trânsi-

to pela Academia. A outra é a TWR-II, que presta serviço

às aeronaves T-25 Universal do Segundo Esquadrão de

Instrução Aérea.

O Controle de Aproximação (APP-Academia) é o

5º maior em movimento aéreo em Área de Controle

Terminal do Brasil, ficando atrás somente dos APP-SP,

APP-RJ, APP-BS e APP-BH.

Sob a área de jurisdição do APP Academia existem 120

aeródromos e helipontos. É responsável pelos serviços

de aeródromos de Ribeirão Preto, São José do Rio Preto e

a descida das aeronaves procedentes das regiões norte e

noroeste com destino à Campinas.

A demanda aérea com voo de instrução da AFA é de,

aproximadamente, 57% . Já com a Circulação Aérea Geral

é de 43% do movimento total do APP.

Só em 2014, foram registrados 140 mil movimentos

aéreos em Pirassununga.

A TMA Academia tem como áreas limítrofes: FIR (Re-

giões de Informação de Voo) Brasília e Curitiba; TMA São

Paulo e Bauru.

Atualmente, o APP utiliza o STVD-4000, que encontra-

se em fase de substituição pelo SAGITARIO, a ser

implementada ainda em 2016.

O DTCEA administra três Estações de Apoio ao Contro-

TWR-I

Sala AIS

Seção de Administração

A2229 do EDA

32

Page 33: Aeroespaço 63

33

le do Espaço Aéreo (EACEAs): Ribeirão Preto (radar Star

Cirius/VHF), Gavião Peixoto (KT/VHF) e Rio Claro (NDB).

FacilidadesNo complexo da AFA existem duas escolas públicas

estaduais. Uma creche com ensino fundamental e outra

de ensino médio. Há - ainda - bem próximo ao prédio sede

da AFA, um comércio (reembolsável) com variedade de

produtos fabricados pela Fazenda da Aeronáutica (leite,

doce de leite, iogurte, carnes suína e bovina, pães, café,

açúcar, soja, arroz, feijão) além de produtos de necessida-

de básica.

Mais próximo das vilas há um minimercado com pada-

ria, lanchonete e outras conveniências.

ComandanteO Major QOE CTA Bruno Pinto Barbosa, 48 anos, é natural

de Cruzeiro (SP), casado e pai de dois filhos.

Pirassununga faz parte de seu currículo militar, pois

iniciou a carreira como ATCO, após sair da Escola (EEAR),

no Controle de Aproximação (APP) e nas duas Torres de

Controle do DTCEA (de julho de 1985 a dezembro de 1999).

Em 2000 passou a cursar a CFOE e - após formado - pas-

sou dez anos em São Paulo (capital), no SRPV-SP, chefian-

do a TWR, o APP e a DO-ATM. Voltou a Pirassununga em

2011, quando passou a chefiar a Seção de Operações e em

seguida o APP Academia. Em 2013, passou a comandar o

Destacamento de Pirassununga.

Formado em Administração, pós-graduado em Ad-

ministração Financeira, com MBA em Gestão Pública, o

comandante revela: "Tenho orgulho de ter iniciado aqui a

minha carreira e terminá-la no mesmo DTCEA."

O Major Bruno é assessorado com excelência e efici-

ência em todos os setores do DTCEA. Na Seção Técnica,

o chefe é o 1º Tenente COM Wellington. Na Seção Admi-

nistrativa, quem comanda é o Capitão R1 Ramos. A Seção

de Operações é chefiada pelo Major MET Miguel, que tem

como auxiliar na chefia dos Órgãos Operacionais, o Capi-

tão R1 Wilson. Na Assipacea, o Capitão QOECTA Tonetti dá

as coordenadas.

No APP-YS, o ambiente sterille room é aplicado como doutrina operacional

Seção de Operações

Treinamento dos ATCO na plataforma Sagitario

Seção de Material

33

Page 34: Aeroespaço 63

3434

Major Bruno - Comandante do DTCEA-YS DTCEA-YS ocupa 52 PNR

Vilas HabitacionaisEm Pirassununga, há 546 PNR

para atendimento ao efetivo da

Guarnição de Aeronáutica, sendo

que os militares do DTCEA-YS ocu-

pam 52 deles. O tempo médio de

espera é de seis meses. A maioria

reside em casa própria na cidade.

O Destacamento de Pirassunun-

ga está situado no interior da AFA,

que dista 11km da cidade e a 5km

das vilas dos suboficiais e sargen-

tos.

Pra quem gosta de pedalar, são

15 minutos da vila dos graduados

até o Destacamento. Vale lembrar

que a área total da AFA é de 65 km2.

Uma viatura militar atende aos

horários de expediente e uma

linha regular de ônibus municipal.

Hotel de TrânsitoNa Academia da Força Aérea, a

900 metros do Destacamento, há

um hotel de trânsito, tanto para

oficiais como graduados, com óti-

ma infraestrutura.

Clubes de LazerHá dois clubes no complexo da

AFA: dos oficiais (COAPI) e dos

suboficiais e sargentos (CSSGAP),

ambos localizados nas vilas resi-

denciais respectivas. Na cidade

há outros clubes como o Pirassu-

nunga e o Campo Anhanguera.

A AFA cede um espaço no seu

ginásio, onde funciona o Clube

de Musculação dos Cadetes. A

utilização é exclusiva para asso-

ciados, independente de posto ou

graduação. O clube tem apare-

lhos de qualidade e um ambiente

agradável.

Assistência Médica e OdontológicaToda a Guarnição da Aeronáutica

de Pirassununga é atendida pela

Subdivisão de Saúde, sendo classifi-

cada como segundo escalão reforça-

do de saúde. O efetivo conta, ainda,

Igreja Matriz Senhor Bom Jesus dos Aflitos

Cachoeira das Emas - onde acontece a festa da piracema

Page 35: Aeroespaço 63

35

Clube de Musculação dos Cadetes e Clube dos Oficiais Parque Municipal - completo centro de lazer e recreação com lago, pedalinhos, quiosques e quadras poliesportivas

com uma Odontoclínica.

O apoio externo de saúde está

firmado através de convênios e

credenciamento de hospitais, labo-

ratórios e clínicas para a realização

de consultas e exames. Em casos es-

peciais, há atendimento no NuHASP

(Núcleo do Hospital de Aeronáutica

de São Paulo) e no HFAG (Hospital

da Força Aérea do Galeão).

A CidadePirassununga é considerada a

18ª cidade em qualidade de vida no

Brasil. Tem um clima tropical com

temperatura média de 230 C. O aces-

so rodoviário é pela Rodovia Anhan-

guera (SP-330) ou pela Rodovia dos

Bandeirantes (SP-348). Está distante

da capital paulistana 207km.

Os municípios mais próximos são

Poços de Caldas, Águas de São Pedro,

São Carlos, Campinas e Ribeirão

Preto.

A cidade destaca-se por ser a sede

da AFA, berço da Esquadrilha da Fu-

maça e do 13º Regimento de Cavala-

ria Mecanizada do Exército Brasileiro.

Não tem shopping na cidade, mas

há alguns supermercados conjuga-

dos com galeria de lojas de roupas,

sapatos, farmácias etc.

Estão sendo construídas quatro

salas de cinema em Pirassununga

com previsão de inauguração já em

2016. Mas, na cidade de Leme - dis-

tante 20 minutos de Pirassununga

- tem um cinema.

Na cidade há o Centro Nacional

de Pesquisas e Conservação de Pei-

xes Continentais e muitos pontos

culturais, turísticos e de lazer.

Pirassununga é conhecida, tam-

bém, pela qualidade na produção

de aguardentes de cana-de-açúcar.

A Fazenda da Aeronáutica pro-

duz mais de 200 mil toneladas de

cana-de-açúcar, que incorporam o

processo da produção de biocom-

bustível.

EducaçãoPirassununga conta com

instituições de alto nível

educacional, com diversos sistemas

de ensino (Objetivo, Anglo e COC).

Para formação superior, há

um campus da Universidade

de São Paulo, com cursos de

Medicina Veterinária, Zootecnia

e Engenharia de Alimentos; o

Centro Universitário Anhanguera

(UNIFIAN), a Faculdade de

Engenharia e Agrimensura de

Pirassununga (FEAP) e a Faculdade

de Tecnologia, Ciências e Educação

(FATECE).Teatro Cacilda Becker

Page 36: Aeroespaço 63

Top Related