Actualização do Diagnóstico Social Concelhio – 2010 – Relatório dos Dados Quantitativos
2.8. Igualdade de Oportunidades para o Género
Apesar da Igualdade de Género, não ter sido uma problemática identificada/abordada em sede de
Diagnóstico Social 2006, é contudo traduzida nos diferentes problemas sociais que aí foram abordados e
cujas intervenções delineadas procuraram, sempre que possível, corrigir as assimetrias existentes ao nível
do género.
Contudo, a temática da igualdade de género assume, com toda a certeza, um carácter de transversalidade
nos diferentes domínios da intervenção social nomeadamente, educação, emprego, conciliação entre a vida
profissional e familiar, habitação, cidadania, violência de género, entre outros. Devendo ser delineadas
acções concretas que visem a promoção da igualdade e da qualidade de vida de mulheres e homens ao
nível local, garantindo a sua articulação com os diversos instrumentos de planeamento a nível nacional.
Assim, refere-se a análise deste tema como uma necessidade dado que se perspectiva a igualdade de
género como um dos elementos fundamentais na garantia da coesão social e de uma sociedade
participativa, igualitária e inclusiva ou, numa única referência, uma sociedade mais justa. Está presente
também a noção clara de que o desenvolvimento humano é acompanhado por políticas activas de igualdade.
O século XX, em particular as últimas décadas, foi profícuo em progressos na área social contudo, as
desigualdades baseadas no sexo são ainda persistentes e presentes nas mais diversas esferas da vida das
pessoas e nos mais variados domínios da intervenção política e pública, manifestando-se assim urgente a
sua monitorização e combate.
Para a análise da Igualdade de Género foram definidos vários indicadores, que se agruparam dentro dos
seguintes temas: população; educação; família e participação social.
Objectiva-se com a análise deste tema identificar os aspectos que produzem desigualdades entre mulheres e
homens, através do recurso a informação pertinente e sempre desagregada por sexo, de modo a evidenciar
as disparidades ainda existentes entre os sexos. Procurou-se informação mais actualizada possível contudo,
alguns dados apenas se encontram disponíveis nos resultados dos Censos de 2001, e relativamente a
outros apenas se obteve informação ao nível nacional ou regional, e não local como seria desejável.
Promover a Igualdade de Género implica identificar as diferenças entre homens e mulheres e em todas as
áreas da sociedade.
População
Tomando por base os dados do recenseamento geral da população de 2001 (Censos 2001), o concelho de
Loures contabilizava há 9 anos um total de 199059 habitantes, dos quais 101774 eram do sexo feminino.
Este primeiro dado permite-nos perceber que ainda que seja por uma margem relativamente escassa, a
maioria da população do concelho era constituída por mulheres (51,12%), sendo que a percentagem de
indivíduos do sexo masculino se fixava nos 48,87%. Apenas em 4 das 18 freguesias que compõem o
Concelho o número de mulheres era inferior ao dos homens, a saber: Moscavide, Santo Antão do Tojal,
Unhos e Prior Velho.
Actualização do Diagnóstico Social Concelhio – 2010 – Relatório dos Dados Quantitativos
Pode-se ainda acrescentar que o Concelho de Loures acompanha a tendência demográfica nacional, dado
que a análise do resultado dos Censos de 2001 confirma também a nível nacional um maior número de
mulheres face ao número de homens (51,7% da população nacional em 2001 era do sexo feminino) [Ver
Quadro nº. xxx]
População Residente por sexo e faixa etária
Período: 2001
Âmbito Geográfico: Concelho
Quadro nº. – População Residente (nº.) por sexo e faixa etária, em 2001
Sexo Total De 0 a
14 anos
De 15 a 29 anos
De 30 a 44 anos
De 45 a 59
anos
De 60 a 74
De 75 e mais anos
HM 199059 31510 46150 43586 42646 26289 8878
H 97285 16005 23423 21632 20536 12458 3231
Concelho de Loures
M 101774 15505 23564 22153 22110 13831 5647
Fonte: INE, Censos, 2001
Verifica-se que a diferença de números entre homens e mulheres residentes no Concelho é mais
significativo nas faixas etárias com mais idade.
Nas faixas etárias com 65 ou mais anos o número de mulheres distancia-se muito significativamente dos homens
(3.789).
Actualmente concorrem entre si diversas teorias científicas com teses explicativas em relação ao facto de
aparentemente as mulheres viverem mais anos do que os homens porém, não parece existir ainda consenso se a
origem do fenómeno se deve sobretudo a factores de ordem biológica ou social ou se ao conjunto das duas.
Na análise da população residente pela faixa etária, para além da tendência generalizada para o envelhecimento
populacional, na leitura dos indicadores de género destacam-se as desigualdades entre homens e mulheres nos
grupos etários a partir dos 70 anos.
População Residente com 75 ou mais anos e índice de envelhecimento
Período: 2001
Âmbito Geográfico: Concelho
Actualização do Diagnóstico Social Concelhio – 2010 – Relatório dos Dados Quantitativos
Quadro nº. – População Residente (nº.) por sexo com 75 ou mais anos, em 2001
População (nº.) com Habilitações Literárias ao nível do ensino superior
TOTAL DA POPULAÇÃO De 75 a 79 anos De 80 a 84 anos De 85 ou mais anos Zona Geográfica
H M T H M T H M T H M T
Concelho de
Loures 97285 101774 199059 1805 2.703 4508 899 1.631 2530 527 1.313 1840
Apelação 2990 3053 6043 42 68 110 26 53 79 20 59 79
Bobadela 4180 4397 8577 100 123 223 42 77 119 25 51 76
Bucelas 2358 2452 4810 65 92 157 32 39 71 14 39 53
Camarate 9239 9582 18821 155 236 391 87 155 242 34 108 142
Fanhões 1284 1414 2698 30 57 87 20 27 47 9 18 27
Frielas 1321 1355 2676 11 23 34 13 11 24 7 10 17
Loures 11796 12441 24237 200 312 512 117 201 318 70 175 245
Lousa 1671 1748 3419 61 97 158 24 60 84 25 59 84
Moscavide 5641 6543 12184 257 399 656 133 222 355 79 176 255
Portela 7566 7875 15441 136 164 300 50 107 157 36 100 136
Prior Velho 3375 3308 6683 43 80 123 21 52 73 13 27 40
Sacavém 8527 9132 17659 170 268 438 76 148 224 51 119 170
Santa Iria de Azóia 8740 8831 17571 152 181 333 82 116 198 52 108 160
Santo Antão do
Tojal 2155 2037 4192 69 72 141 27 46 73 9 34 43
Santo António
dos Cavaleiros
10506 11441 21947 97 180 277 46 96 142 23 76 99
São João da Talha 8878 9092 17970 98 177 275 49 113 162 39 88 127
São Julião do Tojal 1774 1826 3600 50 90 140 23 58 81 13 25 38
Unhos 5284 5247 10531 69 84 153 31 50 81 8 41 49
Fonte: INE, Censos, 2001
Verifica-se que o número de mulheres com mais de 75 anos era, em 2001 superior à dos homens em todas as
freguesias, e em algumas, como o caso de São Julião do Tojal ou Prior Velho o número de mulheres era o dobro ou
Actualização do Diagnóstico Social Concelhio – 2010 – Relatório dos Dados Quantitativos
mais do dos homens.
O valor do índice de envelhecimento das mulheres aumentou de 47 para 138 idosas por cada 100 jovens,
reflectindo, nomeadamente, o contínuo aumento da longevidade.
Educação
O direito e a igualdade no acesso à educação encontram-se contemplados na Constituição da República
Portuguesa, no artigo 74.º, onde é estabelecido que “todos têm direito ao ensino com garantia do direito à
igualdade de oportunidades de acesso e êxito escolar”. Para além da Constituição, julga-se pertinente
identificar também a Lei de Bases do Sistema Educativo (Lei n.º 49/2005 de 30 de Agosto) que no seu artigo
3.º alínea j., no que respeita aos princípios organizativos, indica que o sistema educativo se organiza de
forma a "Assegurar a igualdade de oportunidade para ambos os sexos, nomeadamente através das práticas
de coeducação e da orientação escolar e profissional, e sensibilizar, para o efeito, o conjunto dos
intervenientes no processo educativo (...)".
Consagrando-se o acesso à educação como um direito, como referido antes, importa também focar que a
obrigatoriedade com que se reveste actualmente é responsável pela generalização da escolaridade e salda-
se num aumento exponencial da qualificação escolar da população portuguesa. A obrigatoriedade de
frequência escolar quer para rapazes, quer para raparigas permitiu nivelar a qualificação de ambos os sexos,
atenuando as diferenças paradoxais que se registavam anteriormente. Para além do anterior, a participação
das mulheres verificada nas últimas décadas foi responsável pela produção de um aumento significativo da
escolarização da população portuguesa.
Uma rápida consulta aos dados estatísticos do INE permite-nos confirmar que desde o fim da década de 70,
a proporção de mulheres no nível de ensino secundário é maioritária – a relação de feminilidade neste nível
de escolaridade atingiu o valor mais elevado no ano lectivo 1991/92 (56,1%), situando-se em 52,7% no ano
lectivo 2007/2008 (INE – A Mulher na População Portuguesa).
Foram seleccionados apenas os níveis de ensino superiores para se verificar a existência, ou não, de
diferenças entre os homens e as mulheres.
Os dados disponibilizados pelo INE1, ao nível das estatísticas nacionais, constatam que na primeira década
do século XXI a frequência dos cursos do ensino superior era maioritariamente feminina, verificando-se um
ligeiro recuo dessa tendência nos anos lectivos 2000/2001 (57 mulheres por cada 100 estudantes
matriculados) e o ano lectivo de 2008/2009 (53,4 mulheres por cada 100 estudantes matriculados no ensino
superior).
1 Instituto Nacional de Estatística (INE) – Homens e Mulheres em Portugal, Abril 2010
Actualização do Diagnóstico Social Concelhio – 2010 – Relatório dos Dados Quantitativos
Diplomados por Área de Educação e Formação
Período: 2000 a 2007
Âmbito Geográfico: Concelho
Quadro nº. – Diplomados por Área de Educação e Formação e sexo, de 2000-2001 a 2006-2007, concelho de
Loures
Área de Educação e Formação
Sexo 2000-2001
2001-2002
2002-2003
2003-2004
2004-2005
2005-2006
2006-2007
H 1771 2002 1984 1671 1549 1357 1144
M 10343 12098 13015 10485 8701 7582 6116 Educação
Total 12054 14100 14999 12156 10250 8939 7260
H 1583 1753 1889 2023 2056 2156 2592
M 3276 3569 3815 4014 4088 3979 4514 Artes e
Humanidades Total 4859 5322 5704 6037 6144 6135 7106
H 6931 6253 6843 6901 6758 6932 8873 M 12546 12025 12363 12757 12857 13987 16249
Ciências Sociais, Comércio e
Direito Total 19477 18278 19206 19658 19615 20919 25122 H 1411 1616 1741 1994 2059 1907 2340 M 2013 2213 2465 2464 2635 2407 2968
Ciências, Matemática e Informática Total 3424 3829 4206 4458 4694 4314 5308
H 4624 5432 5904 6364 6722 6847 11236 M 2519 2846 3035 3194 3299 3342 4422
Engenharia, Indústrias
Transformadoras e Construção Total 7143 8278 8939 9558 10021 10189 15658
H 586 516 552 518 554 489 597
M 803 817 849 813 805 739 822 Agricultura
Total 1389 1333 1401 1331 1359 1228 1419
H 2107 2086 2089 2354 2747 3212 3276 Saúde e
Protecção Social
M 8085 7769 8486 9289 10745 12450 13307
Actualização do Diagnóstico Social Concelhio – 2010 – Relatório dos Dados Quantitativos
H 1139 1393 1489 1623 1900 1940 2072
M 1463 1710 1992 2204 2512 2502 2748 Serviços
Total 2602 3103 3481 3827 4412 4442 4820
TOTAL 61140 64098 68511 68668 69987 71828 83276
Fonte: INE, Censos, 2001
A análise da área de educação e formação em que os portugueses se formam permite algumas ilações
interessantes.
Nesse sentido, constata-se o aumento do número total de diplomados, dado que no ano lectivo 2000-01 era de 61
140, perfazendo no ano lectivo 2006-07 já 83 276, o que representa mais 22 136 diplomados.
Na desagregação por sexo verifica-se o domínio das mulheres que representam em 2000-01 uma percentagem de
67,2%, para 32,8% de homens.
Em 2006-07 as mulheres continuam a liderar representando percentualmente 61,4% e os homens 38,6%. Aqui
detecta-se um aumento no número de homens diplomados e um recuo significativo do número de mulheres.
Verifica-se que, à excepção da área da educação, todas as áreas sofreram aumento do número de
diplomados.
Na área da educação o recuo foi muito significativo dado que em 2000-01 temos um número de 12054
diplomados e em 2006-07 apenas 7260.
Em termos de crescimento, a área em que o número de diplomados aumentou em maior escala, entre 2000 e
2007, foi a área da engenharia, indústrias transformadoras e construção (7143 diplomados em 2001 para 15
658 em 2007). Apesar do aumento muito significativo, o maior contributo foi dado pelos homens, que passaram de
4624 para 11236, embora o número de mulheres tenha registado aumento, não foi tão evidente como o dos
homens.
Habilitações Literárias segundo o nível de Ensino Superior
Período: 2001
Âmbito Geográfico: Concelho
Quadro nº. – Habilitações Literárias ao nível do ensino superior, por sexo e freguesia, do concelho de
Loures, 2001
População (nº.) com Habilitações Literárias ao nível do ensino superior Zona Geográfica
Bacharelato Licenciatura Mestrado Doutoramento
Actualização do Diagnóstico Social Concelhio – 2010 – Relatório dos Dados Quantitativos
H M T H M T H M T H M T
Concelho de Loures 1669 2042 3711 6046 6895 12941 557 525 1082 234 169 403
Apelação 11 31 42 63 73 136 5 5 10 0 1 1
Bobadela 75 78 153 237 286 523 23 22 45 4 2 6
Bucelas 19 29 48 64 98 162 7 7 14 3 0 3
Camarate 57 65 122 174 202 376 14 12 26 4 5 9
Fanhões 10 16 26 27 47 74 3 1 4 0 1 1
Frielas 7 10 17 32 46 78 2 3 5 2 1 3
Loures 236 332 568 817 993 1810 81 90 171 30 21 51
Lousa 19 17 36 40 51 91 6 4 10 5 1 6
Moscavide 99 126 225 471 534 1005 67 56 123 26 16 42
Portela 350 409 759 1857 1675 3532 168 145 313 93 72 165
Prior Velho 38 47 85 185 233 418 20 16 36 5 4 9
Sacavém 167 144 311 572 687 1259 51 42 93 19 11 30
Santa Iria de Azóia 127 135 262 310 421 731 18 20 38 4 4 8
Santo Antão do
Tojal 17 32 49 53 64 117 5 4 9 2 2 4
Santo António
dos Cavaleiros
281 402 683 800 982 1782 70 69 139 29 18 47
São João da Talha 114 129 243 245 358 603 13 25 38 4 4 8
São Julião do Tojal 14 8 22 26 28 54 0 1 1 2 2 4
Unhos 28 32 60 73 117 190 4 3 7 2 4 6
Fonte: INE, Censos, 2001
No que concerne à formação ao nível do ensino superior dos habitantes do concelho de Loures, verifica-se que
apenas no grau de bacharel e de licenciado o número de mulheres é superior à dos homens. De um total de 3.711
bacharéis identificados nos Censos de 2001 no que respeita à totalidade do concelho de Loures, 2042 eram
mulheres, o que perfaz uma percentagem de 55,02%.
Por sua vez, dos 12.941 licenciados existentes à data, 6.895 eram mulheres, o que corresponde a uma
percentagem de 53,28%.
Ao nível do mestrado, as posições alteram-se, sendo o sexo masculino detentor da maioria – 557 homens com
título de mestre (51,47%), para 525 mulheres (48,53%).
O sexo masculino encontra-se também em superioridade no que respeita ao número de doutorados, registando-se
Actualização do Diagnóstico Social Concelhio – 2010 – Relatório dos Dados Quantitativos
em 2001 um total de 403 doutorados, dos quais 234 eram homens (58,06%).
Em suma, 9.631 das 101.774 residentes do sexo feminino do concelho de Loures possuem ou frequentam um
nível de ensino superior, o que corresponde a uma percentagem de 4,84% da população total. Relativamente ao
sexo masculino, o total de homens que possuem um diploma ou frequentam um nível de ensino superior é de
8506 indivíduos, o que equivale a uma percentagem ligeiramente inferior à feminina, estabelecendo-se nos 4,27%.
Assim conclui-se que na generalidade do concelho do Loures, comparando os sexos feminino e
masculino, no que respeita às habilitações literárias ao nível do ensino superior, são as mulheres que
lideram os números ainda que a diferença entre os sexos a este nível não seja expressiva.
A observação dos dados desagregados ao nível da freguesia evidencia logo à partida um dado relevante, a
freguesia da Portela é a que detém, o maior número de pessoas formadas a nível superior. É na
generalidade a freguesia do concelho de Loures com o maior número de bacharéis – 759, sendo o número de
mulheres com título de bacharel de 409; 3532 era o número de licenciados residentes na freguesia da Portela, dos
quais 1675 eram mulheres (47,42%). A Portela é também a freguesia com o maior número de pessoas com o grau
de mestre – 313 no total, dos quais 145 são mulheres; por fim, e acompanhando a tendência dos números
anteriores, a Portela é também a freguesia com o maior número de pessoas com o grau de doutoramento – 165 no
total, dos quais 72 são mulheres. Curiosamente, nesta freguesia, apenas ao nível do bacharelato, o número de
mulheres portadoras de título académico superior é maior do que o dos homens.
É possível constatar que embora o número maior de portadores de diplomas de graus do ensino superior seja
respeitante ao sexo feminino, na verdade esta maioria oculta um facto, as mulheres diplomadas no concelho de
Loures possuem essencialmente diplomas de bacharelato e licenciatura, encontrando-se na generalidade, o sexo
masculino em maioria no que respeita aos diplomas de mestrado e doutoramento.
O concelho de Loures enquadra-se assim dentro da situação verificada a nível nacional pois, apesar das mulheres
representarem a maioria dos licenciados, a verdade é que a nível do corpo docente nas universidades e na
investigação o número de homens é maior. Esta situação parece contudo estar em mudança dado que, em 1992,
as mulheres doutoradas representavam 33,6% do total, em 2002 eram já 46%, segundo dados do Observatório da
Ciência e do Ensino Superior (OCES).
Família e Participação Social
O objectivo com que neste ponto se analisam diversos parâmetros relacionados com a vida familiar e a
participação social é, essencialmente, inferir a existência, ou não, de desigualdades entre mulheres e
homens neste campo. Numa primeira instância pode-se afirmar, por ser comummente aceite, que
tradicionalmente o homem e a mulher desempenham papeis distintos quer no âmbito da família, quer da
participação social, o que por si só gera diferença. O que se pretende então depreender é se essas
diferenças são geradoras de desigualdade.
De acordo com a definição de família clássica veiculada pelo Instituto Nacional de Estatística, falamos de um
“conjunto de pessoas que residem no mesmo alojamento e que têm relações de parentesco (de direito ou de
facto) entre si, podendo ocupar a totalidade ou parte do alojamento. Considera-se também como família
clássica qualquer pessoa independente que ocupe uma parte ou totalidade de uma unidade de alojamento.”
Actualização do Diagnóstico Social Concelhio – 2010 – Relatório dos Dados Quantitativos
No contexto das famílias clássicas enquadram-se os núcleos familiares, definidos pelo INE como o “Conjunto
de pessoas… entre as quais existe um dos seguintes tipos de relação: casal com ou sem filho(s) não
casado(s), pai ou mãe com filho(s) não casado(s), avós com neto(s) não casado(s) e avô(ó) com neto(s) não
casado(s)”.
A sucessão de mudanças sociais e culturais, aliadas às exigências a que têm hoje de dar resposta levam ao
surgimento das designadas novas famílias ou novos tipos de famílias, que podem ser apontadas como as
que diferem da estrutura clássica. Aqui enquadram-se as famílias que se agrupam ou reagrupam fruto de
situações de divórcio, viuvez, união de facto, adopção, famílias com apenas um progenitor ou apenas um
adoptante.
Muito resumidamente poder-se-ia dizer que o termo família é um conceito instável que se apresenta de
maneira diferente em culturas diferentes, apesar disso, o estereótipo da família nuclear tem sido privilegiado,
ocupando um lugar singular, sobre o grupo familiar. A prova das mudanças que estão a ocorrer no seio da
família são as novas designações a que assistimos – é comum actualmente ouvir-se falar em família
reconstituída, família monoparental, família homossexual, família de adopção, família sem filhos, entre
outras.
A edição da CITE intitulada Boas Práticas de Conciliação entre a Vida Profissional e a Vida Familiar. Manual
para as Empresas sintetiza de uma forma bastante clara algumas das causas que poderão ter estado na
génese das recentes alterações da vida familiar: “(…) Desde a segunda metade do século XX assistiu-se a
um conjunto de importantes transformações nas sociedades industrializadas. Em Portugal, essas mudanças
fizeram-se sentir sobretudo nas últimas três décadas e tiveram grandes repercussões na composição
socioprofissional da população portuguesa, com relevo para a crescente feminização da população activa e
modos de organização da vida familiar” (CITE, p. 5)
Sintetizando as mudanças produzidas na estrutura e dimensão da família, dir-se-ia que são resumidamente a
baixa da natalidade, muito devido à descida da fecundidade2; a redução da nupcialidade3, com o acentuado
recuo matrimonial; o aumento da divorcialidade4, e o adiamento da maternidade, condicionada pelo desejo
de afirmar o estatuto profissional.
Seguidamente analisam-se alguns indicadores que se julga poderem contribuir para a compreensão do
fenómeno da igualdade ou desigualdade no seio da família e ao nível da participação social. Muitos mais
2A fecundidade refere-se à relação entre nascimentos vivos e mulheres em idade reprodutiva. Não confundir fecundidade com
fertilidade. Esta diz respeito ao potencial reprodutivo das mulheres, enquanto aquela é o resultado concreto da capacidade reprodutiva.
3 Número de casamentos realizados em dada época, numa região ou num país.
4 Número de divórcios observado durante um determinado período de tempo, normalmente um ano civil, referido à população média
desse período.
Actualização do Diagnóstico Social Concelhio – 2010 – Relatório dos Dados Quantitativos
poderiam ser considerados contudo, tendo em conta o carácter e os objectivos do presente documento,
restringiu-se o seu número aos seguintes indicadores:
- Dias de dispensa especial para assistência a menores por sexo;
- Famílias unipessoais constituídas por idosos por sexo;
- Famílias clássicas monoparentais por sexo;
- Núcleos familiares monoparentais.
Dispensa Especial para Assistência a menores por sexo
Período: 2006 a 2008
Âmbito Geográfico: Nacional
Quadro nº. – Dispensa Especial para Assistência a Menores por sexo, concelho de Loures
2006 2007 2008 Tipo de Licença
H M T H M T H M T
Beneficiários/as de licença
especial para assistência a menores (nº.)
2.069 34.958 37.027 39.160 2.459 41.619 3.453 46.244 49.697
Duração da Licença especial para assistência a menores (dias)
22.086 423.875 445.961 25.151 467.682 492.833 33.088 518.910 551.998
Fonte: INE, Anual – Instituto de Informática, I.P.
Uma simples e rápida observação ao presente quadro, é suficiente para se perceberem as desigualdades
existentes entre mulheres e homens no que diz respeito à dispensa para assistência a menores.
Uma análise mais atenta permite-nos identificar alguns dados nomeadamente, que em média 95 a 96% das
dispensas especiais para assistência a menores são atribuídas a mulheres e que embora, o número de homens a
gozar a referida dispensa tenha aumentado, o seu acréscimo é quase insignificante, nunca ultrapassando o valor
de 1% de um ano para o outro. Para além disto, o número médio de dias de dispensa gozados pelas mulheres é
sempre superior aos dos homens, fixando-se nos 13.78 dias para as mulheres e nos 12.48 dias para os homens.
Famílias Unipessoais constituídas por idosos
Procedemos agora à apreciação de um outro indicador: as famílias unipessoais constituídas por idosos, por
sexo. Numa primeira fase convém definir-se o conceito de família unipessoal. Entende-se por família
unipessoal as pessoas que vivem sozinhas. Por defeito as causas que levam a que alguém viva só estão
relacionadas com o divórcio, a viuvez, o facto de se ser solteiro. O que se deseja observar são as famílias
Actualização do Diagnóstico Social Concelhio – 2010 – Relatório dos Dados Quantitativos
unipessoais constituídas por idosos, e simultaneamente perceber se a maioria deste tipo de famílias são
constituídas por homens ou mulheres. Para além das causas enumeradas no início do presente parágrafo,
não se pode ignorar o aumento da longevidade associado ao acréscimo da esperança de vida, o que poderá
também estar associado ao aumento de famílias com idosos embora, na obra O Envelhecimento
Demográfico da População Portuguesa no Início dos Anos Noventa, o autor J.M. Nazareth refira que durante
muito tempo se pensou que a explosão demográfica da terceira idade era uma consequência directa do
aumento da esperança de vido contudo, esta hipótese não foi confirmada porque sabe-se actualmente que o
principal factor responsável por este fenómeno é o declínio da natalidade.
Período: 2001
Âmbito Geográfico: Concelho
Quadro nº. – Famílias unipessoais com 65
ou mais anos, por sexo, concelho de
Loures, 2001
Famílias com uma pessoa com 65 ou mais
anos
Zona Geográfica
M F Total
Lisboa 17.639 69.236 86.875
Grande Lisboa 13.092 54.100 67.192
Concelho de Loures 970 3.392 4.362
Apelação 14 60 74
Bobadela 52 161 213 Bucelas 55 132 187
Camarate 85 286 371 Fanhões 24 87 111
Frielas 9 35 44
Loures 95 393 583 Lousa 36 89 125
Moscavide 140 658 798 Portela 39 130 169
Prior Velho 43 144 187 Sacavém 99 340 439 Santa Iria de Azóia 85 210 295
Santo Antão do
Tojal 32 103 135
Santo António
dos Cavaleiros
52 203 255
Período: 2001
Âmbito Geográfico: Concelho
Quadro nº. – Proporção da população a viver só com 65 ou mais anos,
por sexo e freguesias, 2001
Zona Geográfica
População Total da
Freguesia (nº.)
População a viver só com mais
de 65 anos (nº.)
Percentagem Face ao total da freguesia
(%)
Homens (%)
Mulheres (%)
Lisboa 2661850 86875 3.26 20,31 79,69
Grande Lisboa
1947261 67192 3,45 19,49 80,51
Concelho de Loures 199059 4362 2,19 22,24 77,76
Apelação 6043 74 1,22 18,92 81,08
Bobadela 8577 213 2,48 24,42 75,58
Bucelas 4810 187 3,88 29,42 70,58
Camarate 18821 371 1,97 22,92 77,08
Fanhões 2698 111 4,11 21,63 78,37
Frielas 2676 44 1,64 20,46 79,54
Loures 24237 488 2,01 19,57 80,53
Lousa 3419 125 3,65 28,8 71,2
Moscavide 12184 798 6,54 17,55 82,45
Portela 15441 169 1,09 23,08 76,92
Prior Velho 6683 187 2,79 23 77
Sacavém 17659 439 2,48 22,56 77,44 Santa Iria de Azóia 17571 295 1,67 28,82 71,18
Santo Antão do
Tojal 4192 135 3,22 23,71 76,29
Santo António
dos Cavaleiros
21947 255 1,16 20,04 79,6
Actualização do Diagnóstico Social Concelhio – 2010 – Relatório dos Dados Quantitativos
São João da Talha 47 168 215
São Julião do Tojal 23 65 88
Unhos 40 128 168
Fonte: INE, Censos, 2001
São João da Talha 17970 215 1,19 21,87 78,13
São Julião do Tojal 3600 88 2,44 26,14 73,86
Unhos 10531 168 1,59 23,81 76,19
Fonte: INE, Censos, 2001
Verifica-se que no concelho de Loures, existiam em 2001 4.362 idosos a viverem sós. Se tivermos em conta que na mesma
data o concelho registava um total de 199059 habitantes, rapidamente se calcula que 2,19% da população concelhia vivia
sozinha, não esquecendo que estamos a falar de pessoas com mais de 65 anos.
Observando a distribuição dos idosos pelas freguesias, verifica-se que o número de idosos a viverem sós é mais ou menos
proporcional ao total da população da freguesia consequentemente, as freguesias com maior densidade populacional
possuem mais idosos a viverem sós, exceptuando o caso da freguesia de Moscavide que possui um total de 798 idosos a
viverem sós, num total de 12184 habitantes, o que representa percentualmente 6,54% da população da freguesia, valor que
se distancia significativamente em relação ao valor concelhio, que como referido antes é de 2,19%.
Por ser com certeza o dado mais evidente não poderia deixar de ser referido, o desequilíbrio entre o número de homens
(970) e mulheres (3.392) com mais de 65 anos a viverem sós. Podendo existir várias teorias explicativas deste fenómeno,
faz-se referência apenas aos dados que são consensualmente aceites pela generalidade dos investigadores do fenómeno: o
aumento da longevidade feminina face à masculina e, o aparecimento do que se designa de “quarta idade” – que se traduz
na prática no aumento significativo do número de pessoas com mais de 85 anos.
Mais do que observar os dados, importa perceber as consequências dos fenómenos. Relativamente ao acima descrito,
interessa sobretudo ter-se em atenção as implicações do crescente número de idosos a residirem sós, ainda mais quando
esta situação tem uma expressividade tão manifesta no universo feminino. Pelo facto de na generalidade as mulheres
auferirem rendimentos económicos reduzidos, associado ao facto de não disporem de uma economia familiar partilhada,
poderá traduzir-se em graves carências económicas para esta franja da população. Outro dos motivos que se reveste de
particular preocupação são as consequências associadas ao isolamento social e psíquico a que estas mulheres estão
sujeitas, o que poderá ter graves consequências no seu estado de saúde, quer física, quer mental.
As alterações demográficas, independentemente do cenário, deverão ser encaradas como um processo natural e irreversível
nesse sentido, compete-nos a todos, elementos da sociedade, procurar formas de gerir este processo, investindo
continuamente na criação e consolidação das redes de suporte formais e informais5 de apoio aos idosos.
Famílias Clássicas Monoparentais
Tal como visto no ponto anterior, se o número de idosos a viverem sós constitui um desafio em matéria de
novas necessidades de cuidados sociais, a verdade é que não se estabelece como o único, na medida em
5 A Rede de Cuidados Formal constitui-se pelos organismos de ajuda governamentais, isto é, organismos públicos de suporte como por exemplo os centros de dia, lares, apoio domiciliário, centro de noite, etc. A rede de suporte informal, ou também chamada rede natural de ajuda, é constituída pelo companheiro, parentes, filhos, amigos, vizinhos, etc.
Actualização do Diagnóstico Social Concelhio – 2010 – Relatório dos Dados Quantitativos
que existem outras tendências instaladas que poderão ainda vir a aumentar as exigências futuras. É o caso
da transformação das estruturas familiares, em que um dos traços marcantes diz respeito ao aumento das
famílias monoparentais.
Começando pelo conceito, poder-se-á considerar a Família Monoparental como uma “Estrutura familiar onde
uma ou mais crianças vivem apenas com um dos progenitores ou alguém que, na qualidade de tutor,
assume esse papel”. Esta é uma definição entre muitas pois este conceito possui um variado leque de
definições. A situação de monoparentalidade tem adstrita a noção de responsabilidade acrescida, pelo facto
de apenas um dos progenitores ou cuidadores assumir o total encargo pela educação da(s) criança(s). Como
já mencionado anteriormente, a vivência monoparental é, por defeito, consequência de uma situação de
divórcio, viuvez, adopção ou inseminação artificial. Talvez mais importante do que perceber os motivos que
levaram ao surgimento das famílias monoparentais será perceber que consequências acarreta o seu abrupto
crescimento.
Já existem de momento inúmeros estudos cujo objecto são as famílias monoparentais. A partir dos mesmos
procuram-se determinar as principais consequências negativas da existência de apenas um elemento
cuidador/educador. Tomando por exemplo os autores Weintraub e Wolf, podemos enunciar algumas das
principais consequências, a saber: baixos níveis económicos, chegando por vezes a situações de carência;
baixo suporte social fornecido a estes educadores; altos níveis de stress; inexistência de uma rede social de
suporte que apoie o elemento educador. Positivamente, estes autores indicam que se identificaram elevados
níveis de confiança nestas famílias, situação que aparentemente lhes facilita enfrentarem as dificuldades
com maior resistência.
Núcleos familiares monoparentais
Período: 2001
Âmbito Geográfico: Concelho
Quadro nº. – Famílias Clássicas, segundo o tipo de família, concelho de Loures, 2001
Zona Geográfica
Casal “de direito”
com Filhos
Casal “de facto” com
Filhos
Pai com Filhos
Mãe com
Filhos
Avós com
Netos
Avô com
Netos
Avó com
Netos
Lisboa 360674 45569 13461 84042 4268 363 3713
Grande Lisboa
25783 32060 10123 64226 2915 272 2763
Concelho de Loures 28682 3698 1052 5708 276 22 215
Apelação 687 183 38 179 12 0 11
Bobadela 1366 94 39 244 11 0 9 Bucelas 716 43 35 106 5 1 4
Camarate 2556 456 99 600 28 2 26
Actualização do Diagnóstico Social Concelhio – 2010 – Relatório dos Dados Quantitativos
Fanhões 350 28 18 83 2 2 8 Frielas 393 70 13 47 3 0 2 Loures 3770 389 98 590 24 4 18 Lousa 453 43 23 79 6 1 4
Moscavide 1356 133 52 389 31 3 32 Portela 2438 143 96 531 21 2 10 Prior Velho 810 154 51 230 10 0 10
Sacavém 2262 438 102 594 29 1 28 Santa Iria de Azóia 2809 233 79 398 18 1 15
Santo Antão do
Tojal 594 63 15 95 7 0 2
Santo António
dos Cavaleiros
3246 476 113 803 22 2 11
São João da Talha 3024 339 101 393 15 1 11
São Julião do Tojal 419 89 17 83 9 0 3
Unhos 1433 324 63 264 22 2 11
Fonte: INE, Censos, 2001
No quadro acima, facilmente conseguimos identificar a disparidade no número de famílias monoparentais
constituídas por mãe com filhos e pai com filhos.
Existiam no concelho de Loures à data de 2001 1052 núcleos familiares constituídos por pai com filhos, por outro
lado e na mesma data, o número de núcleos de mãe com filhos era de 5798 ou seja, mais do quádruplo do
número dos núcleos apenas com pai e filhos.
Encarando o desenvolvimento de novas formas familiares como a monoparentalidade como sendo já um traço
característico das sociedades actuais, não podemos nunca deixar de reflectir sobre os constrangimentos que lhes
possam estar associados sobretudo, quando nos deparamos com um número tão dispare e elevado de núcleos
constituídos por mãe com filho(s) e, sobretudo num contexto em que se procura por excelência a igualdade de
género, é importante pensar-se que muitas destas mulheres que vivem sós com o(s) filho(s) se confrontam
diariamente com o dilema da conciliação de actividades, pois para além do papel de mãe, tem que responder
perante o papel de profissional, de mulher, de dona de casa, estando na sua dependência quase exclusiva a
educação do(s) filho(s).
A existência de um elevado número de casais, “de direito” ou “de facto” com filhos – correspondendo a um total de
32.378 núcleos; 6.760 núcleos monoparentais de mãe ou pai com filhos; 276 núcleos de avós com netos e 237
núcleos de avô ou avó com netos.
Estes números deverão fazer-nos pensar se o concelho está preparado para apoiar estas estruturas
familiares, isto é, se a resposta concelhia ao nível de serviços e equipamentos de apoio à família são suficientes e
eficazes para ajudarem tão grande número de núcleos familiares que com certeza necessitam de ajuda para
conseguirem conciliar eficazmente as tarefas a que são diariamente chamados a responder, situação que é tanto
Actualização do Diagnóstico Social Concelhio – 2010 – Relatório dos Dados Quantitativos
ou mais complexa quando ambos os progenitores trabalham e, mais ainda, no caso das famílias monoparentais.
SÍNTESE CONCLUSIVA:
Igualdade de Oportunidades para o Género:
A diferença de números entre homens e mulheres residentes no Concelho é mais significativo nas
faixas etárias com mais idade. Nas faixas etárias com 65 ou mais anos o número de mulheres distancia-se
muito significativamente dos homens (3.789). O número de mulheres com mais de 75 anos era, em 2001
superior à dos homens em todas as freguesias, e em algumas, como o caso de São Julião do Tojal (ou Prior
Velho o número de mulheres era o dobro ou mais do dos homens.
O valor do índice de envelhecimento das mulheres aumentou de 47 para 138 idosas por cada 100 jovens,
reflectindo, nomeadamente, o contínuo aumento da longevidade.
Verifica-se que os grupos populacionais mais envelhecidos e a viver só no concelho são compostos
maioritariamente por mulheres, respectivamente, 19.478 e 3.392, acentuando a fragilidade do género
feminino.
Existência de desigualdade ao nível da dispensa de assistência a menores, em média 95 a 96% das
dispensas para assistência a menores são atribuídas a mulheres. Para além disso, o número médio de
dias de dispensa gozados pelas mulheres é sempre superior à dos homens, fixando-se nos 13.78 dias para
as mulheres e nos 12.48 dias para os homens.
No concelho de Loures, existiam em 2001 4.362 idosos a viverem sós, ou seja, 2,19% da população
concelhia com mais de 65 anos vivia sozinha, importa referir que, a proporção de mulheres a viver só é
superior à dos homens em cerca de 55%.
Ao nível da freguesia, verifica-se que o número de idosos a viverem sós é mais ou menos proporcional ao
total da população da freguesia, com excepção da freguesia de Moscavide que possui um total de 798
idosos a viverem sós, num total de 12.184 habitantes, o que representa 6,54% da população da
freguesia, valor que se distancia significativamente do valor concelhio.
Em termos de diplomados por área, verifica-se que, no ano lectivo 2000-01 o número era de 61.140 e no ano
lectivo de 2006-07 era 83.276, um aumento de 22.136.
Na desagregação por sexo verifica-se o domínio das mulheres que representam em 2000-01 uma
percentagem de 67,2%, para 32,8% de homens. Em 2006-07 as mulheres continuam a liderar representando
Actualização do Diagnóstico Social Concelhio – 2010 – Relatório dos Dados Quantitativos
percentualmente 61,4% e os homens 38,6%. Aqui detecta-se um aumento no número de homens
diplomados e um recuo significativo do número de mulheres.
Verifica-se que, à excepção da área da educação, todas as áreas sofreram aumento do número de
diplomados. Na área da educação o recuo foi muito significativo dado que em 2000-01 temos um número
de 12054 diplomados e em 2006-07 apenas 7260.
Em termos de crescimento, a área em que o número de diplomados aumentou em maior escala, entre
2000 e 2007, foi a área da engenharia, indústrias transformadoras e construção (7143 diplomados em
2001 para 15 658 em 2007). Apesar do aumento muito significativo, o maior contributo foi dado pelos
homens, que passaram de 4624 para 11236, embora o número de mulheres tenha registado aumento, não
foi tão evidente como o dos homens.
No que concerne à formação ao nível do ensino superior dos habitantes do concelho de Loures,
verifica-se que apenas no grau de bacharel e de licenciado o número de mulheres é superior à dos
homens.
De um total de 3.711 bacharéis identificados nos Censos de 2001 no que respeita à totalidade do concelho
de Loures, 2042 eram mulheres, o que perfaz uma percentagem de 55,02%. Por sua vez, dos 12.941
licenciados existentes à data, 6.895 eram mulheres, o que corresponde a uma percentagem de 53,28%. Ao
nível do mestrado, as posições alteram-se, sendo o sexo masculino detentor da maioria – 557 homens com
título de mestre (51,47%), para 525 mulheres (48,53%).
O sexo masculino encontra-se também em superioridade no que respeita ao número de doutorados,
registando-se em 2001 um total de 403 doutorados, dos quais 234 eram homens (58,06%).
Em suma, 9.631 das 101.774 residentes do sexo feminino do concelho de Loures possuem ou frequentam
um nível de ensino superior, o que corresponde a uma percentagem de 4,84% da população total.
Relativamente ao sexo masculino, o total de homens que possuem um diploma ou frequentam um nível de
ensino superior é de 8.506 indivíduos, o que equivale a uma percentagem ligeiramente inferior à feminina,
estabelecendo-se nos 4,27%.
Assim conclui-se que na generalidade do concelho do Loures, comparando os sexos feminino e
masculino, no que respeita às habilitações literárias ao nível do ensino superior, são as mulheres que
lideram os números ainda que a diferença entre os sexos a este nível não seja expressiva.
A observação dos dados desagregados ao nível da freguesia evidencia logo à partida um dado relevante, a
freguesia da Portela é a que detém, o maior número de pessoas formadas a nível superior. É na
generalidade a freguesia do concelho de Loures com o maior número de bacharéis – 759, sendo o número
de mulheres com título de bacharel de 409; 3532 era o número de licenciados residentes na freguesia da
Portela, dos quais 1675 eram mulheres (47,42%). A Portela é também a freguesia com o maior número de
pessoas com o grau de mestre – 313 no total, dos quais 145 são mulheres; por fim, e acompanhando a
tendência dos números anteriores, a Portela é também a freguesia com o maior número de pessoas com o
grau de doutoramento – 165 no total, dos quais 72 são mulheres. Curiosamente, nesta freguesia, apenas ao
Actualização do Diagnóstico Social Concelhio – 2010 – Relatório dos Dados Quantitativos
nível do bacharelato, o número de mulheres portadoras de título académico superior é maior do que o dos
homens.
É possível constatar que embora o número maior de portadores de diplomas de graus do ensino superior
seja respeitante ao sexo feminino, na verdade esta maioria oculta um facto, as mulheres diplomadas no
concelho de Loures possuem essencialmente diplomas de bacharelato e licenciatura, encontrando-se na
generalidade, o sexo masculino em maioria no que respeita aos diplomas de mestrado e doutoramento.
O concelho de Loures enquadra-se assim dentro da situação verificada a nível nacional pois, apesar das
mulheres representarem a maioria dos licenciados, a verdade é que a nível do corpo docente nas
universidades e na investigação o número de homens é maior. Esta situação parece contudo estar em
mudança dado que, em 1992, as mulheres doutoradas representavam 33,6% do total, em 2002 eram já 46%,
segundo dados do Observatório da Ciência e do Ensino Superior (OCES).
Podemos concluir que ao analisarmos estes indicadores, se verifica a pertinência de um olhar permanente
sobre as questões da igualdade de género.