Download - Acampamento de Ferias
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FACULDADE BOA VIAGEM
CENTRO DE PESQUISA E PS-GRADUAO EM ADMINISTRAO
MESTRADO PROFISSIONAL EM GESTO EMPRESARIAL
ROSE JAROCKI
A RELAO ENTRE ACAMPAMENTOS EDUCATIVOS DE FRIAS E O
DESENVOLVIMENTO DAS HABILIDADES SOCIAIS, MENTORIA E BENEFCIOS
PARA O MUNDO ORGANIZACIONAL NA PERCEPO DOS EX-ACAMPANTE,
MONITORES E EX-MONITORES
Estudo de Caso Cia do Lazer
RECIFE
2011
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ROSE JAROCKI
A RELAO ENTRE ACAMPAMENTOS EDUCATIVOS DE FRIAS E O
DESENVOLVIMENTO DAS HABILIDADES SOCIAIS, MENTORIA E BENEFCIOS
PARA O MUNDO ORGANIZACIONAL NA PERCEPO DOS EX-ACAMPANTE,
MONITORES E EX-MONITORES
Estudo de Caso Cia do Lazer
Dissertao apresentada ao Centro de Pesquisa
e Ps-Graduao em Administrao da
Faculdade Boa Viagem, como requisito parcial
para obteno do grau de Mestre em Gesto
Empresarial.
Orientadora: Prof Snia Maria Rodrigues
Calado Dias, Ph.D.
RECIFE
2011
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FBV
J 37r
Jarocki, Rose Mary A relao entre acampamentos educativos de frias e o desenvolvimento das habilidades sociais, mentoria e benefcios para o mundo organizacional na percepo dos ex-acampantes, monitores e ex-monitores / Rose Mary Jarocki Recife: O Autor, 2011. 146 folhas : quadros : grficos. Dissertao (mestrado) Faculdade Boa Viagem. Administrao, 2011. Inclui Bibliografia e Anexo.
1. Mentoria 2. Habilidades Sociais 3. Acampamento 4. Formao I. Ttulo
CDU 658
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ROSE JAROCKI
A RELAO ENTRE ACAMPAMENTOS EDUCATIVOS DE FRIAS E O
DESENVOLVIMENTO DAS HABILIDADES SOCIAIS, MENTORIA E BENEFCIOS
PARA O MUNDO ORGANIZACIONAL NA PERCEPO DOS EX-ACAMPANTE,
MONITORES E EX-MONITORES
Estudo de Caso Cia do Lazer
Dissertao apresentada ao Centro de Pesquisa
e Ps-Graduao em Administrao da
Faculdade Boa Viagem, como requisito parcial
para obteno do grau de Mestre em Gesto
Empresarial.
BANCA EXAMINADORA
___________________________________________________
Prof. Snia Maria Rodrigues Calado Dias, Ph, D. (Orientadora)
Faculdade Boa Viagem - FBV
___________________________________________________
Prof. Maria Auxiliadora Diniz de S, D,
Faculdade Boa Viagem FBV (Banca Interna)
___________________________________________________
Prof. Helder Pontes Regis, D. (Banca Externa)
Recife, 23 de agosto de 2011.
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Aos ex, atuais e futuros acampantes, monitores
e funcionrios da Cia do Lazer, amigos que de
variadas formas contriburam para a
concretizao deste trabalho.
Ao meu filho Joo que apesar da pouca idade
soube entender minha ausncia.
Ao meu amor Pedroca pelo carinho e
incentivo em todos os momentos.
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AGRADECIMENTOS
A toda minha famlia por acreditar, apoiar e ajudar na realizao de todos os meus
sonhos, loucuras e metas;
A Snia Calado Dias, que com muito carinho, acolheu minhas idias e possibilitou a
realizao deste trabalho o qual tem um grande significado para a minha vida pessoal e
profissional;
A meus amigos que escutar com tranquilidade e pacincia minhas inquietaes e
descobertas durante todo este processo;
A Deus por, mais uma vez, ter aberto uma grande janela possibilitando a concluso de
mais esta etapa em minha vida;
E a voc que ler e compartilhar saberes que agora fazem parte do seu universo
tambm.
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Como aprendiz, na existncia fui exposto a situaes que constatei: ningum se salva
sozinho somente nos salvamos aos pares ou coletivamente, o que aprendi[...]
Quando o aprendiz est pronto, o mestre pode cair dentro dgua e o aprendiz vai
caminhar sozinho.
O objetivo da co-responsabilidade contm sempre um desafio que no pode ser
enfrentado ou vencido individualmente, somente supervel coletivamente.
Aqui ns sabemos juntos, em co-responsabilidade, construindo o humano e a
humanidade.
(BRUNO SILVEIRA)
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RESUMO
Este trabalho est alicerado em estudo de caso que verificou a ocorrncia de
habilidades sociais por meio de seus constructos: mentoria e analises de benefcios no mundo
organizacional, a partir da percepo de ex-acampantes, monitores e ex-monitores dos
Acampamentos de Frias da Companhia do Lazer. Este estudo traz uma abordagem
quantitativa e qualitativa e utilizou parte de uma pesquisa cientifica j aplicada e validada em
acampamentos de frias nos Estados Unidos, alm de questes abertas sobre mentoria e seus
impactos no mundo organizacional. O mtodo utilizado para coleta de dados foi a survey e
para o processamento dos dados foram anlise estatstica e a anlise de contedo. Os
resultados encontrados constatam a importncia que o acampamento estudado exerceu sobre
os respondentes e como esta experincia impactou de forma positiva a vida pessoal e
profissional desses ex-acampantes da Companhia do Lazer. Os achados contribuem ainda
para o estudo terico de mentoria fora do ambiente organizacional e seus impactos
identificados na vida profissional dos entrevistados. Os resultados revelam a importncia dos
acampamentos na formao de crianas e jovens de forma preventiva e no corretiva como se
tem visto em outros estudos. significativo registrar o alcance dos resultados, pois alm de
responder s questes norteadoras, apontaram outras descobertas de forma transversal.
Palavras-chave: Mentoria. Habilidades sociais. Acampamento. Formao. Mundo
organizacional.
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ABSTRACT
This work is based on a case study that deals with the verification of the occurrence of
social skills through the means of its constructs and mentoring, from the perception of former
campers, monitors and ex-monitor of CIA do Lazer Summer Camps. This study takes a
quantitative and qualitative approach; having its basis on an already applied and validated
scientific research conducted at summer camps in the United States, as well as on open
questions about mentoring and their impact on the organizational world. The method used for
data collection was a survey; the method for data analysis was divided between statistical
analysis and content analysis. The results of this study show the importance of the camping
experience on the interviewers studied, portraying how the experience positively impacted
their personal and professional life. The findings also contribute to the theoretical study of
mentoring outside the organizational environment and its impacts identified in the
professional life of respondents. Given the findings, the importance of summer camps in the
formation of children and adolescents in a preventive rather than corrective way can be
observed in other studies. In addition to the results that served to answer the guiding questions
proposed, other results appeared in an indirect way.
Keywords: Mentoring. Social skills. Camp. Training. Organizational world.
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LISTA DE GRFICOS
Grfico 1- Gnero de Ex-acampantes ....................................................................................... 63
Grfico 2 - Idade Atual ............................................................................................................. 64
Grfico 3 - Idade quando participou do Acampamento ........................................................... 66
Grfico 4 - Quantos Acampamentos j participou ................................................................... 68
Grfico 5 - Quando foi o seu ltimo acampamento.................................................................. 69
Grfico 6 Gnero II................................................................................................................ 70
Grfico 7 - Situao Atual do Monitor em relao a Cia do Lazer .......................................... 71
Grfico 8 - Resultados do Constructo Liderana ..................................................................... 72
Grfico 9 - Liderana ................................................................................................................ 73
Grfico 10 - Liderana na percepo do monitor/ex-monitor .................................................. 74
Grfico 11 - Resultados do Constructo Fazer Amigos ............................................................. 76
Grfico 12 - Fazer Amigos ....................................................................................................... 77
Grfico 13 - Fazer Amigos na percepo do monitor/ex-monitor............................................ 78
Grfico 14 - Resultados do Constructo Conforto Social .......................................................... 79
Grfico 15 - Conforto Social .................................................................................................... 81
Grfico 16 - Conforto Social na percepo do monitor/ex-monitor ......................................... 82
Grfico 17 - Resultados do Constructo Relao de Pares ........................................................ 83
Grfico 18 - Relao de Pares .................................................................................................. 84
Grfico 19 - Relao de Pares na percepo do monitor/ex-monitor ....................................... 86
Grfico 20 - Relao das Habilidades Sociais .......................................................................... 87
Grfico 21 - Lembra-se de algum que, durante o acampamento, marcou positivamente sua
vida ........................................................................................................................................... 89
Grfico 22 - Lembra-se de algum acontecimento, que durante o acampamento, tenha marcado
sua vida ..................................................................................................................................... 91
Grfico 23 - Acampamento ajudou na sua vida profissional na percepo do Ex-acampante . 93
Grfico 24 - Classifique sua experincia no acampamento Cia do Lazer ............................... 95
Grfico 25 - Classificao na percepo dos monitores/ex-monitores..................................... 96
Grfico 26 - Aprendeu algo novo ............................................................................................. 98
Grfico 27 - Melhorou em habilidades ..................................................................................... 99
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LISTA DE QUADROS
Quadro 1 - Domnios e Constructos ......................................................................................... 14
Quadro 2 - Mentoria para Jovens ............................................................................................. 47
Quadro 3 - Habilidades Sociais - Liderana ............................................................................. 56
Quadro 4 - Habilidades Sociais Fazer Amigos ......................................................................... 56
Quadro 5 - Habilidades Sociais Conforto Social ...................................................................... 57
Quadro 6 - Habilidades Sociais Relao de Pares .................................................................... 57
Quadro 7 - Mentoria ................................................................................................................. 57
Quadro 8 - Benefcios no Mundo Organizacional .................................................................... 58
Quadro 9 - Percepo do Monitores ......................................................................................... 58
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SUMRIO
1 INTRODUO .......................................................................................................... 13
1.1 OBJETIVOS ................................................................................................................. 16
1.1.1 Objetivo geral .............................................................................................................. 16
1.1.2 Objetivos especficos ................................................................................................... 16
1.2 JUSTIFICATIVAS ....................................................................................................... 17
1.2.1 Justificativas tericas ................................................................................................. 17
1.2.2 Justificativas prticas ................................................................................................. 18
2 FUNDAMENTAO TERICA ............................................................................. 20
2.1 ACAMPAMENTOS EDUCATIVOS DE FRIAS ..................................................... 20
2.1.1 Acampamentos no Mundo ......................................................................................... 20
2.1.1.1 American Camp Association - ACA ............................................................................ 22
2.2 ACAMPAMENTOS NO BRASIL ............................................................................... 24
2.2.1 Acampamentos no nordeste do Brasil ...................................................................... 26
2.3 HABILIDADES SOCIAIS NO MBITO DO MODELO DA ACA....................... 27
2.4 MUNDO ORGANIZACIONAL E O APRENDIZADO ............................................. 32
2.5 HABILIDADES SOCIAIS ........................................................................................... 34
2.5.1 Habilidade social Liderana ................................................................................... 34
2.5.2 Habilidade social Fazer amigos .............................................................................. 35
2.5.3 Habilidade social Conforto social ........................................................................... 37
2.5.4 Habilidade social Relao de pares ........................................................................ 38
2.6 MENTORIA ................................................................................................................. 40
2.6.1 Funes de mentoria ................................................................................................... 42
2.6.1.1 Funes de carreira ....................................................................................................... 42
2.6.1.2 Funes psicossociais ................................................................................................... 44
2.6.2 Mentoria para Jovens ................................................................................................. 45
2.6.3 Mentoria, acampamentos educativos de frias e o mundo organizacional ........... 48
3 METODOLOGIA ....................................................................................................... 51
3.1 DELINEAMENTO DA PESQUISA ............................................................................ 51
3.1.1 Locus de estudo Cia do Lazer ................................................................................. 51
3.1.2 Populao .................................................................................................................... 54
3.2 INSTRUMENTAO DAS VARIVEIS ................................................................. 55
3.3 COLETA DE DADOS ................................................................................................. 59
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3.3.1 Instrumento ................................................................................................................. 59
3.3.2 Processo ....................................................................................................................... 59
3.4 MTODO DE ANLISE ............................................................................................. 60
3.5 LIMITES E LIMITAES DA PESQUISA ............................................................... 61
3.5.1 Limites ......................................................................................................................... 61
3.5.2 Limitaes ................................................................................................................... 62
4 ANLISE E DISCUSSO DOS ACHADOS ........................................................... 63
4.1 AMOSTRA - EX-ACAMPANTES ............................................................................. 63
4.1.1 Gnero ......................................................................................................................... 63
4.1.2 Idade atual ................................................................................................................... 64
4.1.3 Idade que participou do Acampamento ................................................................... 66
4.1.4 Quantidade de acampamentos que participaram ................................................... 67
4.1.5 Quando foi a ltima temporada ................................................................................ 68
4.2 AMOSTRA MONITORES/EX-MONITORES ........................................................ 70
4.2.1 Gnero ......................................................................................................................... 70
4.2.2 Idade atual ................................................................................................................... 70
4.2.3 Situao atual do monitor em relao a Cia do Lazer ............................................ 70
4.2.4 Formao Acadmica dos Monitores/Ex-Monitores ............................................... 71
4.3 HABILIDADES SOCIAIS NA PERCEPO DOS EX-ACAMPANTES,
MONITORES E EX-MONITORES ........................................................................................ 72
4.3.1 Liderana dentro do contexto do Acampamento..................................................... 72
4.3.2 Fazer Amigos dentro do contexto do Acampamento .............................................. 75
4.3.3 Conforto social dentro do contexto do acampamento ............................................. 79
4.3.4 Relao de Pares dentro do contexto do Acampamento ......................................... 83
4.4 MENTORIA DENTRO DO CONTEXTO DO ACAMPAMENTO ........................... 88
4.5 ACAMPAMENTO E BENEFCIOS PARA A VIDA PROFISSIONAL ................... 92
4.6 O RESGATE DA PERGUNTA DE PESQUISA E OUTROS ACHADOS
RELEVANTES ........................................................................................................................ 95
5 CONCLUSES E SUGESTES ............................................................................ 102
5.1 CONCLUSES .......................................................................................................... 102
5.2 SUGESTES DE PESQUISA E AES ................................................................. 103
5.2.1 Sugestes de pesquisa ............................................................................................... 103
5.2.2 Sugestes de aes ..................................................................................................... 105
REFERNCIAS ................................................................................................................... 107
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APNDICE A - Questionrio de ex-acampantes ................................................................... 114
APNDICE B - Questinario ex-acampantes com mais de 18 anos ..................................... 1270
APNDICE C - Pesquisa monitor e ex-monitor Cia do Lazer/Acampamento ...................... 141
ANEXO A - Pesquisa da ACA ............................................................................................... 120
ANEXO B - Desenvolvimento e aplicao do ndice do desenvolvimento do acampante .... 123
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13
1 INTRODUO
Nos Estados Unidos, todo vero, mais de 10 milhes de crianas pernoitam ou passam
o dia em acampamentos de frias. So espaos patrocinados por igrejas, agencias sem fins
lucrativos para jovens e pela iniciativa privadas de acordo com o Journal of Family Issues
(2007). O volume de instituies com o propsito de acolher essas crianas tem despertado o
interesse dos estudiosos em identificar o impacto destes acampamentos no desenvolvimento
dos jovens e crianas. Smith (2002) ressalta que os lderes e defensores dos acampamentos de
frias organizados acreditam ter criado um ambiente nico para a socializao das crianas.
[...]acampar concede oportunidades para que as crianas se desenvolvam como
pessoas e como membros de grupos, fornecendo experincias no encontradas
comum e facilmente durante as reunies e nas atividades na cidade. O acampar
auxilia no desenvolvimento da engenhosidade, autoconfiana, apreciao e
responsabilidade pelos arredores naturais de uma localidade (EELLS, 1998, p.71).
Muitas pesquisas tm sido desenvolvidas nos Estados Unidos por uma srie de
instituies e associaes para identificar a importncia deste movimento a favor da formao
de jovens e crianas (THE JORNAL OF EXPERIMENTIAL EDUCATION, 2006). A
American Camp Association ACA - anteriormente conhecida como American Camping
Association uma comunidade de profissionais de acampamentos, fundada em 1910 com
intuito de partilhar o conhecimento e experincia garantindo a qualidade dos programas de
acampamento. Reconhecida como uma das maiores autoridades no desenvolvimento da
juventude, a ACA trabalha para preservar, promover e melhorar a experincia do
acampamento (ACA, 2011).
Recentemente a ACA realizou uma pesquisa, conduzida pela Philliber Research
Associaties e com o suporte da Lilly Endowment Inc., denominada Development and
Application of a Camper Growth Index for youth (CGI-C) Desenvolvimento e aplicao do
ndice de crescimento nos acampantes (2000 a 2006) com objetivo principal: 1) medir os
resultados de desenvolvimento na percepo dos acampantes, pais e equipe de trabalho; 2)
saber ainda quais elementos do programa do acampamento foi relacionado ao resultado
apresentado; 3)desenvolver um instrumento de medio e materiais de treinamento para uso
nas avaliaes futuras e; 4) utilizar os dados que promove o papel dos acampamentos no
desenvolvimento da juventude positiva.
O resultado apontou a existncia de quatro domnios que podem ser desenvolvidos nos
Acampamentos de Frias. Estes foram classificados como: Identidade Positiva (IP),
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14
Habilidades Sociais(HS), Habilidades Fsicas e Cognitivas(HFC), Valores Positivos e
Espirituais(VPE). Ainda dentro desta linha, identificou-se mais dez constructos que foram
identificados e reconhecidos como: Liderana(LID), Auto Estima(AE), Valores e
Decises(VD), Fazer Amigos(FA), Espiritualidade(E), Conscincia Ambiental(CA), Conforto
Social(CS), Independncia(IND), Relao de Pares(RP), Aventura e Explorao(AE) - (THE
JORNAL OF EXPERIMENTIAL EDUCATION, 2006).
No entanto, esse estudo ir investigar e avaliar o domnio habilidades sociais e seus
constructos: liderana, fazer amigos, conforto social e relao de pares conforme quadro 01
abaixo. Todo o detalhamento da pesquisa para esse estudo ser apresentado na metodologia.
Sobre a pesquisa realizada pela Philliber Research Associates (2006) afirma-se que este
estudo ir contribuir em muito para os acampamentos e outros tantos programas que visam o
desenvolvimento dos jovens e dar mais suporte tcnico para melhorar os programas de
liderana e oportunidades existentes em todo o mundo.
Quadro 1 - Domnios e Constructos
Pesquisa American Camp Association CGI-C (2005)
DOMNIOS CONSTRUCTOS
HABILIDADES
SOCIAIS Liderana Fazer Amigos Conforto Social Relao de Pares
Fonte: Adaptado pela autora da Pesquisa American Camp Association
No Brasil h pouca, ou nenhuma, bibliografia que retrate a importncia dos
Acampamentos de Frias. Em 1999 foi fundada a Associao Brasileira de Acampamentos
Educativos (ABAE), com sede em So Paulo, tendo como finalidade agrupar, trocar
informaes e compartilhar experincias entre os acampamentos associados. De acordo com
esta instituio dos 400 acampamentos organizados em todo o pas, apenas 15 fazem parte do
seu quadro de associados e nesse perodo nenhuma pesquisa foi realizada para identificar os
benefcios dos acampamentos para os acampantes (ABAE, 2011).
Considerando esta lacuna o presente estudo pretende pesquisar no Brasil um dos
quinze acampamentos associados ABAE, o nico acampamento educativo de frias da
regio nordeste que no tem como foco a religio. O Acampamento Companhia do Lazer,
localizado no municpio de Ipojuca, na Praia de Porto de Galinhas em Pernambuco tem em
sua proposta uma preocupao com a formao verdadeiramente integral, onde corpo e mente
possibilitam movimentos contnuos e sistmicos buscando intencionalmente o aprendizado
em grupo, autoconhecimento, bem estar, construo de amizade, liderana, disciplina,
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15
respeito, experimentao, participao, reflexo, estimulo s relaes, criatividade e
responsabilidade (CIA DO LAZER, 2011).
Dentro desta perspectiva as Habilidades Sociais esto presentes e Freitas (2006)
aponta a infncia como o perodo mais importante para a aprendizagem de habilidades
interpessoais. H evidncias segundo o autor que se a criana amplia o seu repertrio de
comportamentos sociais ter mais possibilidades de desenvolver, futuramente, relaes sociais
mais saudveis e com menor risco de rejeio por seus pares. Acreditando nisto que estudos
sugerem que o desenvolvimento de habilidades sociais na infncia possam constituir um fator
de proteo contra a ocorrncia de dificuldades de aprendizagem e de comportamentos anti-
sociais j que as prticas e valores parentais servem como background cultural e
socioeconmico importantes para a competncia social da criana (DEL PRETTE, DEL
PRETTE, Z. A. P, 2006).
Acreditando ainda que as habilidades sociais, por meio de seus constructos,
contribuam para o crescimento pessoal destes jovens que se pode caracterizar, numa relao
entre pares, a presena de mentoria, possibilitando um relacionamento capaz de alterar vidas e
de inspirar o crescimento, o aprendizado, e o desenvolvimento mutuo. Seus efeitos podem ser
inesquecveis, profundos e duradouros (RAGINS; KRAM, 1985).
As experincias nos acampamentos so diferentes para cada criana, no entanto
evidente que para muitos jovens essa experincia esta na maioria das vezes
associada ao crescimento pessoal dentro dos quatro domnios, identidade positiva,
habilidades sociais, habilidades fsicas e cognitivas, valores positivos e espirituais
(CHENERY, 1990, p.3).
Para Druker (2002) o desenvolvimento pessoal est na busca da excelncia, pois isto
ir trazer a satisfao pessoal e far a diferena na qualidade do trabalho e no mundo dos
negcios, pois sem habilidade no se faz um bom trabalho. Druker (2002) ainda ressalta a
importncia da aquisio das habilidades bsicas que a de proporcionar autoconfiana e
competncia aos iniciantes, para dar-lhes condies, daqui uns anos de ter um bom
desempenho na sociedade ps-capitalista. A sociedade do conhecimento, onde, as pessoas
precisam aprender a aprender est indo ao encontro de quebras de paradigmas onde,
possivelmente em um futuro bem prximo as matrias tenham menos importncia do que a
capacidade do aluno em continuar a aprender e motivar-se para enfrentar durante toda a sua
vida o mundo dos negcios. Ainda necessrio que os alunos adquiram um mnimo de
competncia em habilidades essenciais e transformem-se em alunos que realizam e no
apenas em alunos que obedecem (DRUKER, 2002).
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16
Decerto parte dessa pesquisa cientifica da ACA - CGI-C ser reaplicada, de forma
adaptada, para os ex-acampantes da Cia do Lazer buscando identificar se houve o
desenvolvimento do domnio habilidade social e seus constructos - liderana, fazer amigos,
conforto social e relao de pares e se houve ocorrncia de mentoria durante este processo e
se esta experincia trouxe algum benefcio para a vida profissional do mesmo. vlido
ressaltar que esta pesquisa realizada pelo Philliber Research Associaties j foi validada
corroborando assim para este estudo. Diante a um resultado excelente e uma pesquisa de alto
nvel, esta ferramenta vem reafirmar a importncia dos acampamentos como uma
oportunidade de aprendizagem experimental visando o desenvolvimento positivo dos jovens
(THE JORNAL OF EXPERIMENTIAL EDUCATION, 2006).
Com bases nessas premissas, foi definida a seguinte pergunta de pesquisa: At que
ponto os acampamentos educativos de frias da Companhia do Lazer desenvolvem
habilidades sociais, mentoria e os benefcios para mundo organizacional a partir da percepo
dos ex-acampantes, monitores e ex-monitores?
1.1 OBJETIVOS
1.1.1 Objetivo geral
Avaliar at que ponto os acampamentos educativos de frias da Cia do Lazer
desenvolvem habilidades sociais, mentoria e benefcios no mundo organizacional a partir da
percepo dos ex-acampantes, monitores e ex-monitores.
1.1.2 Objetivos especficos
a) Verificar de que modo ocorre o desenvolvimento de habilidade social liderana na
percepo dos ex-acampantes, monitores e ex-monitores;
b) Verificar de que modo ocorre o desenvolvimento de habilidade social fazer amigos
na percepo dos ex-acampantes, monitores e ex-monitores;
c) Verificar de que modo ocorre o desenvolvimento de habilidade social conforto
social na percepo dos ex-acampantes, monitores e ex-monitores;
d) Verificar de que modo ocorre o desenvolvimento de habilidade social relao de
pares na percepo dos ex-acampantes, monitores e ex-monitores;
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17
e) Verificar de que modo existe a ocorrncia de mentoria e benefcios para o mundo
organizacional percebida pelos ex-acampantes, monitores e ex-monitores;
1.2 JUSTIFICATIVAS
1.2.1 Justificativas tericas
Os Acampamentos de Frias so espaos propcios para pesquisas, pois so, no
mnimo, ambientes curiosos para profissionais das mais diversas reas. Considerando as
contribuies tericas, este estudo trar novos conhecimentos no campo das habilidades
sociais para jovens e crianas dentro dos acampamentos. Na viso de Henderson, Thunder,
Whitaker, Bialeschki, Scanlin (2006) muitas pessoas acreditam no valor da experincia dos
acampamentos como uma oportunidade educacional, mas existem poucos instrumentos
desenvolvidos para avaliar esse desempenho. Alm disso, contribuir com o ambiente
acadmico brasileiro, fornecendo dados sobre mentoria nos programas de acampamentos com
o foco na funo psicossocial considerando ainda a pouca literatura existente sobre o tema
proposto.
Diante do exposto torna-se importante identificar o significado deste estudo para
novos campos de pesquisa. Segundo Chandler e Kram (2007) existe uma necessidade de ao se
discutirem as pesquisas o cenrio nacional deve ser respeitado. Existe ainda um fato
interessante que o grande volume de estudos sobre mentoria natural para jovens sendo o
foco corretivo, a exemplo de programas desenvolvidos em comunidades com jovens em
situao de vulnerabilidade social como Big Brothers, Big Sisters, onde fica estabelecida uma
relao de pares voluntrios (RHODES, SIPE, 2002).
Vislumbrando ainda o mundo organizacional fundamental identificar que no mundo
industrializado de hoje, a produo de bens e servios no pode ser desenvolvida por pessoas
que trabalhem individualmente (CHIAVENATO, 2004). As organizaes so feitas de
pessoas e o impacto que estas organizaes criam sobre a vida das mesmas enorme, pois as
pessoas nascem, crescem, vivem, so educadas, trabalham e se divertem dentro das
organizaes que dependem das pessoas para atingir suas metas e misses (CHIAVENATO,
2004, p. 17). Portanto, fica claro mais uma vez a importncia das relaes dentro das
organizaes, pois o ser humano eminentemente social e interativo, trazendo assim a
importncia de incentivar e motivar essas relaes desde pequeno.
Este estudo torna-se, portanto, relevante diante da ampliao dos conhecimentos
-
18
acadmicos no Brasil despertando novos interesses nas reas de Educao, Mentoria e
Habilidades Sociais dentro dos Acampamentos Educativos de Frias e sua contribuio para o
mundo organizacional como ferramenta de desenvolvimento dos jovens e crianas.
1.2.2 Justificativas prticas
Cada projeto surge de uma idia que nasce na cabea e no corao de quem a pensa.
concebido da observao da realidade/necessidade e se abastece da viso de um futuro. Na
opinio de Minayo (1996, p. 90): nada pode ser intelectualmente um problema, se no tiver
sido, em primeira instncia, um problema na vida prtica.
Dessa forma, as justificativas a seguir podem sugerir maneiras inovadoras de
desenvolver pessoas e suas habilidades sociais. Na primeira fase da vida, segundo Del Prette.
A, Del Prette. Z. A. P (1999) se faz necessrio a ateno para esta habilidade. A possibilidade
de enxergar como melhorar os programas extracurriculares, pois na opinio de Silva (1993), a
educao de boa qualidade deve ser oferecida por educadores de boa qualidade, pois, alm de
um simples produto, a educao uma relao entre pessoas. Perante esta realidade torna-se
imprescindvel ao educador ter presente que a influncia que possa vir a exercer sobre o
educando ser aquela que atinja a identidade dele, a qual, de fato, o que garante um sentido
organizador do eu, do mundo, das relaes. a resposta que se d pergunta: Quem sou eu?
o critrio com que julgamos o mundo e nossas aes, considerando-as necessrias e
possveis (SILVA, 2003).
De acordo com os Parmetros Curriculares Nacionais para a Educao Infantil (PCN,
1998, p. 23):
[...]educar significa propiciar situaes de cuidados, brincadeiras e aprendizagens
orientadas de forma integrada e que possam contribuir para o desenvolvimento das
capacidades infantis de relao interpessoal, de ser e estar com os outros em uma
atitude bsica de aceitao, respeito e confiana, e o acesso, pelas crianas, aos
conhecimentos mais amplos da realidade social e cultural.
No entanto no existem programas efetivos de incentivos pblicos ou privados que
vislumbrem o desenvolvimento pessoal dos jovens.
No contexto do mundo organizacional a grande contribuio prtica perpassa pelo
olhar empreendedor que a corporao exige como perfil para as pessoas que a compe, pois
para Morris (1998), o empreendedorismo trata de sete diferentes tipos de criao no
excludentes entre si: criao de riqueza, de empresas, de inovao, de mudanas, de
-
19
empregos, de valor e de crescimento. J para Lopes (1999) empreendedor um indivduo que
identifica oportunidades e toma iniciativa de reunir, organizar recursos, assumindo uma
quantidade de riscos, envolvendo-se e comprometendo-se com os resultados. Afirma
Dornellas (2000) o empreendedorismo significa fazer algo novo, diferente, mudar a situao
atual e buscar de forma interessante, novas oportunidades de negcio, tendo como foco a
inovao e a criao de valor. Por qualquer dos prismas vale salientar que so as pessoas que
se destacam onde quer que trabalhem e dediquem sua persistncia e capacidade de
reconhecer, avaliar e explorar uma oportunidade para fazer a diferena no mundo dos
negcios.
Assim sendo, dentro de uma perspectiva prtica, ser vinculada possibilidade de
ampliar o mercado de trabalho para profissionais da rea de educao fsica, lazer, turismo,
pedagogia, psicologia, dentre outras. Certamente tambm dar subsdios acadmicos para a
Associao Brasileira de Acampamentos Educativos (ABAE). Por sua vez a Companhia do
Lazer estar alicerada com elementos para fortalecer e ampliar seu empreendimento e, por
conseguinte, atuar como catalisadora contribuindo para o mundo dos negcios.
A seguir a fundamentao terica ser apresentada.
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20
2 FUNDAMENTAO TERICA
Neste captulo so introduzidos os principais conceitos e teorias que daro suporte a
fundamentao terica para este estudo. Inicialmente, ser apresentado um breve histrico
sobre acampamentos no mundo, no Brasil, no Nordeste do pas e ainda o modelo aplicada
pela American Camp Association (ACA) instituio desenvolvedora do ndice de
Crescimento dos Acampantes. Ainda constam neste captulo, as teorias sobre habilidades
sociais e seus constructos, mentoria, mentoria para jovens e o mundo organizacional.
A seguir, um capitulo apresentando acampamentos de frias no mundo, American
Camp Association (ACA), acampamentos no Brasil e no Nordeste.
2.1 ACAMPAMENTOS EDUCATIVOS DE FRIAS
2.1.1 Acampamentos no Mundo
A vida ao ar livre por jovens em pequenos grupos dentro de comunidades maiores de
acampamentos, isolados da distrao da cidade, especialmente selecionadas por suas
habilidades de compreenso e liderana o conceito americano de acampamento
(CARLSON, 1986).
O acampamento americano ideal fornece um ambiente educativo que um dos
meios mais favorveis possveis para ajudar a juventude a crescer, desenvolver e
alcanar a compreenso de si mesmo e um senso de responsabilidade pelos outros e
pelo meio ambiente (CARLSON, 1986, p. 4).
O mesmo autor ainda ressalta a herana vinda dos ndios, pois aqueles que
exploraram, colonizaram e tiraram proveito da antiga Amrica tinham uma atitude
ambivalente quanto aos ndios americanos. Temiam e, por vezes, os detestavam. Diante dos
sentimentos que os ndios americanos haviam sido mal compreendidos e subestimados na
poca da colonizao Ernest Thompson (1986) incluiu vrios aspectos teis e pitorescos da
vida indgena em sua organizao para meninos. Ele enfatizou as virtudes da honestidade e
franqueza, da vida ao ar livre, conselhos ao redor de fogueiras e danas indgenas. Esta
herana vinda dos ndios persiste em muitos programas de acampamentos at hoje. [...]os
acampamentos de vero so a maior contribuio para a educao que a Amrica do Norte
tem dado ao mundo. (ELLIOT, 1916, p. 91).
Este movimento espalhou-se rapidamente pela Europa, sia, Amrica do Sul, Pacfico
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Sul e frica e em cada local. Segundo Carlson (1986) com o passar do tempo, percebeu-se
que os acampamentos organizados poderiam tambm servir para propostas diferenciadas e
especificas. Nos pases comunistas, por exemplo, este tipo de atividade era utilizado como
forma de doutrinar o comunismo: j em alguns pases usavam o mesmo a favor da religio
para captarem novos fiis; tambm foi usado com fins polticos, visando propagao de
ideais (EELLS, 1986).
Entretanto, deve-se ainda destacar nomes que fizeram a histria dos acampamentos
que so citados no livro Histria de Acampamento Organizado: os primeiros cem anos de
Eleanor P. EElls como Frederick Willian Gunn, educador norte-americano, nascido em
Washington em 1816, falecido em 1881, que com seus mtodos diferentes e acolhedores
realizou a primeira experincia registrada em acampamentos juntamente com a sua mulher,
em 1861, levando toda a escola a uma viagem de duas semanas em Long Island Sound. Gunn
conhecido como o pai do acampamento organizado (EELLS, 1986).
To importante quanto seus antecessores, Ernest Balch, com suas fortes convices
missionrias desenvolveu acampamentos organizados e em 1881 precedeu regras e objetivos
escritos, conhecido tambm como pai do movimento de acampamentos organizados. Balch
escreveu que o seu acampamento existia para: 1) o desenvolvimento de um senso de
responsabilidade no menino, tanto para si como para os outros e 2) uma apreciao pelo valor
do trabalho (BENSON; GOLDBERG, 1951).
O movimento de Escoteiros conhecido como Escotismo teve grande contribuio na
histria dos acampamentos com suas metodologias diferenciadas que utilizavam a forma
humana circular do incio da reunio. Assim como a disposio circular das barracas nos
acampamentos escoteiros de todo o mundo, se repete h mais de 100 anos, desde 1907,
quando o general ingls Robert Baden-Pawell, ou simplesmente B-P, como chamado pelos
escoteiros, reuniu um grupo de 21 jovens e alguns auxiliares na pequena Ilha de Brownsea,
que fica na costa da Inglaterra, no Canal da Mancha onde organizou o primeiro acampamento
escoteiro, em agosto 1907 (EELLS, 1986).
Baseado no pensamento de que a ocasio seria ideal para pr em prtica um mtodo de
atividades ao ar livre que contribuiriam para a educao de jovens, B-P enviou, ento, uma
carta para alguns pais e mes conhecidos seus: "Me proponho a realizar um acampamento
com meninos selecionados, para que aprendam Escotismo durante uma semana, nas prximas
frias de agosto" (BP apud EELS, 1986, p. 34). O primeiro acampamento escoteiro foi um
sucesso e Baden-Powell percebeu que as atividades ao ar livre exerciam forte atrao sobre os
jovens de todas as classes sociais, que aprendiam tcnicas e, ao mesmo tempo, eram educados
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para uma vida futura como cidados dignos (EELLS, 1986).
Resumindo ento, a trajetria dos primeiros cem anos de acampamentos segundo
Phyllis M.Ford (1986) conclui-se que os acampamentos ao longo destes cem anos vieram
atender uma serie de necessidades da sociedade e em sua primeira fase teve como proposta
fundamental a preocupao em atender a realidade educativa, ociosidade das frias de vero
e necessidade de um retorno a natureza, respondendo assim aos movimentos da educao
progressista.
No entanto, os acampamentos firmados durante a Primeira Guerra Mundial (1914 a
1918) ofereciam programas baseados no patriotismo. J os acampamentos na poca da Grande
Depresso (1929) se tornaram acampamentos de trabalho simples, custo baixo e ensinamentos
de trabalhos teis. Os acampamentos nascidos na Segunda Guerra Mundial (1939 a 1945)
viraram jardins de vitria e acolhiam refugiados da Europa, ensinado a fazer sabo e aulas
de primeiros socorros. Com a chegada dos anos 50 e a preocupao com a forma fsica,
trouxeram programas fsicos, iniciados os anos 60 e a preocupao ambiental foram
desenvolvidos programas ecolgicos.
Lamentavelmente, durante estes cem primeiros anos nenhuma pesquisa documentou
satisfatoriamente o valor do acampamento organizado, mesmo tendo trazido para os Estados
Unidos e, por conseguinte, ao mundo, um enigma nico e de difcil compreenso, mas
tambm forte e poderoso, o qual persiste como fora social transformadora ( EELLS, 1986).
A seguir breve histrico sobre a American Camp Association (ACA), sua importncia
para o mundo dos acampamentos e sua pesquisa.
2.1.1.1 American Camp Association - ACA
Nos Estados Unidos existe uma instituio, sem fins lucrativos, denominada American
Camp Association (Associao Americana de Acampamentos). uma comunidade de
profissionais da rea de acampamentos que, h cem anos, se uniu para partilhar o
conhecimento e a experincia e garantir a qualidade dos programas de acampamento (ACA,
2011). Como uma das maiores autoridades no desenvolvimento da juventude a ACA trabalha
para preservar, promover e melhorar a experincia do acampamento.
A associao tem como misso: atender os acampamentos comprometidos com a
segurana, carinho ao ambiente; cuidar e criar modelos competentes de adultos; experincias
adequadas e saudveis ao desenvolvimento; servio comunidade e ao mundo natural;
oportunidades de liderana e crescimento pessoal; descoberta a educao experiencial, e
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oportunidades de aprendizagem; excelncia e a melhoria contnua de autoconhecimentos;
ACA Programa de Acreditao (ACA, 2011).
No que concerne ao significado que estas instituies tm diante deste movimento
vlido dizer que ultrapassa geraes e barreiras culturais. Chenery (1999) alega de forma
muito simples a importncia destas instituies utilizando a seguinte argumentao:
O que estou dizendo para voc e para os tomadores de deciso entre voc e
ao seu redor que o que voc faz muito importante, e claramente algo
para comemorar. Em face de crises de coragem, esperana e amor,
acampamentos ensinam coragem, esperana e amor. A comunidade, o
programa, a beleza da paisagem natural nos acampamentos capacita e inspira
os jovens a fazer uma diferena positiva no seu prprio futuro e o de seus
semelhantes. Certamente esse o objetivo da educao (CHENERY, 1999,
p. 6).
A American Camp Association (ACA) por meio de suas aes apresentou uma
pesquisa independente realizada em 2004 (THE JOURNAL OF EXPERIMENTIAL
EDUCATION, 2006). Este estudo de investigao resultou na maior pesquisa j realizada nos
Estados Unidos at ento. Os resultados confirmaram que os acampamentos constroem muitas
das habilidades necessrias para preparar os acampantes para assumir papis de adultos bem
sucedidos. Os pais, acampantes, e os monitores, independentemente registraram crescimento
em reas como a auto-confiana, aprender novas habilidades, conviver com os outros, fazer
amigos, e tomar decises saudveis. Na verdade, o acampamento oferece experincias de
crescimento para os jovens que podem colher resultados com a idade adulta (THE JORNAL
OF EXPERIMENTIAL EDUCATION, 2006).
A pesquisa da ACA aps toda a reviso de literatura e de todos as escalas e teorias
revisadas, foi aplicada em 92 acampamentos em mais de 50 localidades dos Estados Unidos,
mais de 3 mil famlias participaram desta pesquisa e cerca de 2 mil acampantes entre 08 a 14
anos responderam os questionrios. A ferramenta final da ACA ficou com 52 itens sendo 47
relacionados com os domnios e a diferena com dados demogrficos. A pesquisa optou
tambm por utilizar apenas uma escala Likert de 4 pontos, porque partiram do princpio que
uma escala de 4 pontos seria mais visvel e mais fcil para as crianas responderem. Essa
tarefa foi realizada por pesquisadores associados com a ACA. O Camper Frowth Index for
Youth (CGC-I) ou o ndice de Crescimento do Acampantes, foi projetado em pr, durante e
aps seis meses da primeira entrevista. A Lilly Endowment, Inc. recebeu a concesso e a
empresa independente Philliber Research Associates foi assegurada de realizar a coleta de
dados e anlise. (DEVELOPMENT AND APPLICATION OF A CAMPER GROWTH
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INDEX FOR YOUTH, 2006).
Existem outras entidades e estudiosos responsveis pela acreditao de todos os tipos
de acampamentos nos Estados Unidos. A American Camp Associates (ACA), j acreditou
mais de 2.300 acampamentos em todo o pas que visam fornecer ambientes seguros, modelos
positivos de adultos, educao experencial e experincias de crescimento humano. Por
conseqncia desta chancela existe atualmente mais de 7.000 programas para crianas e
jovens que tm a oportunidade de aprender lies poderosas em comunidade, construo do
carter, desenvolvimento de competncias, e uma vida saudvel - lies que no podem ser
aprendidas em nenhum outro lugar (ACA, 2011).
O prximo item abordar a trajetria dos acampamentos organizados no Brasil.
2.2 ACAMPAMENTOS NO BRASIL
No Brasil, o Movimento Escoteiro chegou em 1910, mesmo ano em que Baden-Powell
decidiu pedir afastamento do exrcito ingls para se dedicar exclusivamente ao Escotismo.
Baden-Pawell percebeu que poderia ser mais til ao seu pas instruindo a nova gerao para
uma boa cidadania, ao invs de preparar homens adultos para uma futura guerra. Ele faleceu
em 1941 (JAROCKI, 2007)
Os acampamentos no Brasil tm seu primeiro registro por volta de 1927, segundo
dados da Associao Crist de Moos, (ACM, 2003) que o nome da ramificao brasileira
da The Young Men's Christian Association (YMCA), uma organizao fundada em 6 de
junho de 1844, em Londres, por um jovem chamado George Williams. Na ocasio, o objetivo
era oferecer aos jovens que chegavam para trabalhar em Londre, uma opo de vida,
incentivando a prtica de princpios cristos, atravs de estudos bblicos e oraes. A proposta
da YMCA era incomum poca, pois propunha uma ruptura nas rgidas separaes entre
denominaes crists e classes sociais que delineava a sociedade inglesa do momento. Com
uma proposta diferenciada disposta incluso de qualquer homem, mulher, ou criana,
independentemente de raa, religio ou nacionalidade. A nfase no contato social tambm foi,
desde o incio, uma caracterstica da associao (ACM, 2011).
Atualmente a ACM adota uma abordagem multidisciplinar, visando ao
desenvolvimento espiritual, intelectual e fsico. Esta abordagem representada na marca da
ACM/YMCA pelo tringulo vermelho, simbolizando a misso de construir um esprito, corpo
e mente saudveis (ACM, 2011). De acordo com Silva (2003), essa associao sem fins
lucrativos, guiava-se pelos modelos americanos, onde se trabalhavam valores advindos do
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cristianismo, juntamente a educao integral e a recreao.
Por volta dos anos 40 surgia uma instituio de muita importncia, o Acampamento
Paiol Grande SP, que representou um marco. um dos mais antigos acampamentos do
Brasil, considerada uma escola de referncia para todos que atuam nesta rea. O Paiol Grande
surgiu em 1946 como o primeiro acampamento tcnico educacional do Brasil, atravs de seus
idealizadores Luiz Dumont Villares, Erico Stickel, Job Lane, Alfredo Veloso, Otvio Lotufo,
dentre outros. Suas primeiras instalaes foram construdas entre as dcadas de 40 e 50.
Desde o incio, a espiritualidade era componente integral da programao, importante legado
dos Padres Oblatos de Maria Imaculada. H registros do primeiro Acampamento no Paiol
Grande no ano de 1948 (PAIOL GRANDE, 2011).
Foi introduzido no acampamento um modelo educacional onde, alm de estarem em
contato com a natureza, os jovens encontravam um ambiente sadio e um clima de fraternidade
e amizade. O lema do acampamento, desde a sua concepo, Educar Brincando e desde
ento, os jovens no aprendem as coisas atravs de palestras ou aulas, mas sim pela vivncia
com outros jovens no dia-a-dia, pelas brincadeiras, prticas desportivas, atividades culturais,
entre outras. Esse trabalho desenvolvido pelo Paiol Grande visa colaborar na formao dos
jovens, auxiliando-os a valorizar o equilbrio entre o comunitrio e o individual. Em 1960 o
Acampamento Paiol Grande tornou-se uma Fundao (PAIOL GRANDE, 2011). De acordo
com Pereira (1998), antes mesmo da dcada de 40, as igrejas evanglicas utilizavam-se de
atividade semelhante na qual o contedo era apenas espiritual visando manter os jovens longe
dos folguedos carnavalescos.
Entre as dcadas de 60 e 80 muitos movimentos espalharam-se pelo Brasil. Uma serie
de organizaes que tinham como proposta os acampamentos, multiplicaram-se: A Mocidade
para Cristo ligada Youth Christ (YFC), de origem americana instalou-se em Belo
Horizonte/MG, Palavra da Vida, ligada Word of Life (WOL), tambm de origem americana,
se fixou em Atibaia/SP, Janz Team, de origem Alem, se instalou em Gramado/RS e o
Acampamento MAB, de origem sua, localizado em Cosmpolis/SP alm de outros
organizaes de menor porte (PEREIRA, 1998). relevante registrar que todas as
organizaes supracitadas encontram-se em pleno funcionamento (JANZTEAM;
PVNORDESTE; MPC; MAB, 2011).
Corroborando com Baden Powell (1941) que afirma se queremos que nossos jovens
sejam felizes, devemos lev-los a praticar o bem ao prximo e cultivar as relaes, a
apreciao da natureza, sendo assim as historias e sonhos de alguns idealizadores de
acampamentos perpassam por esta ideologia de vida (RIBEIRO, 2007), o Acampamento
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Nosso Recanto, conhecido como NR, fundado em julho de 1953, nasceu em meio a um lugar
aconchegante, cheio de rvores frutferas e apenas uma pequena casa e alguns galpes. Uma
idia feliz de um idealista que jamais poderia imaginar, naquela poca, o quo importante o
NR seria na vida de tantos jovens, que durante todos esses anos vm freqentando o espao.
Assim, o Professor Affonso Maurcio Vivolo, o Safo para os mais prximos, deu incio a esse
que seria tambm um dos mais importantes lugares de formao de jovens lderes do Brasil
(ACAMPAMENTO NOSSO RECANTO, 2011).
Ao longo de 30 anos de existncia muitas conquistas foram alcanadas e desafios
foram superados at que em 1988 era inaugurado o NR2 (MG), a Fazenda, um lugar mgico
que marcou geraes de acampantes. Abriga at hoje, nas frias, a turma maiores, para jovens
de 11 a 16 anos. O NR2 cresceu tendo em sua filosofia a formao fsica e espiritual dos
jovens. Desenvolve a convivncia social, o esprito de cooperao, a independncia e o amor
natureza. Oferece oportunidades para o desenvolvimento de suas potencialidades e um
treinamento de liderana. Exercita-os no cumprimento dos deveres e na defesa de seus
direitos (ACAMPAMENTO NOSSO RECANTO, 2011).
Na opinio de Stoppa (2001), o olhar diferenciado para este negcio impulsionou uma
dezena de novos espaos, ampliando sua atuao atravs de uma proposta e filosofia voltadas
para a educao atravs do lazer.
H em todo o Brasil, principalmente na Regio Sudeste do Pas, a presena de uma
centena de espaos de lazer chamados de acampamentos de frias e, em alguns
casos, de acantonamentos de frias, que so locais destinados a receber grupos de
crianas e adolescentes nos perodos de frias escolares ou, ainda, grupos de escolas,
igrejas, famlias e empresas em outras pocas do ano (STOPPA, 2004, p. 9).
At onde ento, os acampamentos chegaram e qual a realidade deste projeto no
nordeste do pais? O prximo item ir trazer a realidade no Nordeste do Brasil.
2.2.1 Acampamentos no nordeste do Brasil
Ao passo que no Sul e Sudeste do pas j existiam organizaes estabelecidas o
primeiro registro no Nordeste foi datado em 1971 com o Acampamento Palavra da Vida
Nordeste (Word of Life - WOL), iniciado o ento seminarista Abner Assis, convidou George
Theis e Steve Peterson (missionrios americanos que trabalhavam na Orao pela Vida - OPV
em So Paulo) que aceitaram e vieram a Recife para comear o primeiro acampamento no
Nordeste do Brasil (PALAVRA DA VIDA, 2011).
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Em 1973, foram doadas Palavra da Vida as terras de um orfanato, onde hoje
funciona toda a estrutura do acampamento e da organizao. Naquele ano, oficialmente,
iniciou-se o Ministrio Palavra da Vida Nordeste, cuja proposta resulta numa ferramenta
eficaz na vida de jovens, adolescentes, crianas e famlias. Em um ambiente de contato com a
natureza e infra-estrutura mpar no Nordeste, este ministrio tem sido instrumento de grande
importncia para novos seguidores do Evangelho de Cristo na regio (PALAVRA DA VIDA,
2011).
H ainda outra importante referncia no Nordeste que o Acampamento Ministrio
Centralizado na Bblia (MCB) que surgiu com trabalho de acampamentos semestrais voltados
para Adolescentes e Jovens. Hoje, alm desse ministrio, outros esto em pleno
funcionamento como: Ministrio Clube Bblico, Acampamento Criana Carente e
Evangelismo no Interior. O objetivo desse ministrio o alcance de Crianas e Adolescentes
nas escolas pblicas e municipais de Pernambuco. Atinge crianas e adolescentes carentes,
cerca de 5.423 pessoas, com a ajuda de voluntrios, alguns em tempo integral e outros, parcial
(MINISTERIO CRISTO DA BBLA, 2011).
Existe ainda registro do primeiro acampamento privado do Nordeste, sem vinculo com
nenhum credo religioso, localizado em Pernambuco, que tem desenvolvido aes desde 1989.
Este acampamento conhecido como Acampamento Companhia do Lazer ser o instrumento
deste estudo e ser abordado com mais detalhes na metodologia (CIA DO LAZER, 2011).
O item seguinte ir contextualizar a pesquisa modelo da ACA e como a mesma foi
desenvolvida, assim como sua importncia para o setor.
2.3 HABILIDADES SOCIAIS NO MBITO DO MODELO DA ACA
A American Camp Association (ACA) atravs de suas aes para o crescimento da
juventude com a experincia do acampamento veio apresentar uma pesquisa independente
realizada em 2004. O estudo concluiu a maior investigao dos resultados dos acampantes j
realizados nos Estados Unidos, com mais de 5.000 famlias entre pais e acampantes e 92
acampamentos em todo os Estados Unidos (DEVELOPMENT AND APPLICATION OF A
CAMPER GROWTH INDEX FOR YOUTH, 2006).
Essa pesquisa foi desenvolvida por uma equipe de pesquisadores e estudiosos.
Publicada no The Journal of Experiential Education; 2006; 29, 1; ProQuest Central
recebendo o nome original de Development and Application of a Camper Growth Index for
Youth. Grandes pesquisadores participaram deste trabalho como: Henderson, Karla
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A;Thurber, Christopher A;Leslie Schueler Whitaker;Bialeschki, M Deborah;Scanlin,
(DEVELOPMENT AND APPLICATION OF A CAMPER GROWTH INDEX FOR
YOUTH, 2006).
No incio de 2000 um grupo de profissionais com experincias em pesquisa de campo
no tema desenvolvimento da juventude, formou a Comisso de Pesquisa da ACA. A equipe
da ACA iniciou 20 visitas informais nos acampamentos e conversou com funcionrios e
acampantes aps esta visita foi documentado o resultado encontrado em campo (ACA
Research Interim Report, 2000). A comisso de investigao analisou uma serie de
instrumentos como, por exemplo, auto conceitos, escalas, avaliaes e controle de raiva, mas
no conseguiu encontrar parmetros especficos que fossem comuns aos acampamentos.
Com base em uma reviso dos dados da ACA e literatura examinada, quatro domnios
principais evoluram e representaram os resultados dos programas mais procurados para os
acampamentos. Quatro domnios foram identificados: Identidade Positiva; Habilidades
Sociais; Valores Positivos e Crescimento Espiritual e Habilidades Fsicas e Cognitivas
(DEVELOPMENT AND APPLICATION OF A CAMPER GROWTH INDEX FOR
YOUTH, 2006).
A pesquisa da ACA aps toda a reviso de literatura e de todos as escalas e teorias
revisadas foi aplicada em 92 acampamentos em mais de 50 localidades dos Estados Unidos,
mais de 3 mil famlias participaram desta pesquisa e mais de 2 mil acampantes entre 08 a 14
anos responderam aos questionrios. A ferramenta final da ACA ficou com 52 itens sendo 47
relacionados com os domnios e a diferena com dados demogrficos. Os pesquisadores
optaram por utilizar apenas a escala Likert de 4 pontos porque partiram do princpio que uma
escala de 4 pontos seria mais visvel e mais fcil para as crianas responderem. Essa tarefa foi
realizada por pesquisadores associados com a ACA. O Camper Frowth Index for Youth
(CGC-I) ou o ndice de Crescimento do Acampantes, foi projetado antes, durante e aps seis
meses da primeira entrevista. A Lilly Endowment, Inc. recebeu a concesso e a empresa
independente Philliber Research Associates foi assegurada a realizar a coleta de dados e
anlise. (DEVELOPMENT AND APPLICATION OF A CAMPER GROWTH INDEX FOR
YOUTH, 2006).
O modelo tambm forneceu uma maneira de analisar vrios elementos do
desenvolvimento da juventude positiva. O trabalho do instituto de pesquisa tem sido
amplamente utilizado pela organizao de outros jovens que vem a experincia nos
acampamentos fonte eficaz de contribuio para formao de adultos bem sucedidos
(CAMPING MAGAZINE, 2001).
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Portanto, esta pesquisa da ACA analisou o processo de desenvolvimento e as
propriedades psicomtricas do instrumento ndice de Crescimento dos Acampantes (CGC-I).
Esta medida foi destinada a medir os resultados de experincias nos acampamentos entre os
jovens (DEVELOPMENT AND APPLICATION OF A CAMPER GROWTH INDEX FOR
YOUTH, 2006).
Diante a um resultado excelente e uma pesquisa de alto nvel esta ferramenta, vem
reafirmar a importncia dos acampamentos como uma oportunidade de aprendizagem
experimental visando o desenvolvimento positivo dos jovens (DEVELOPMENT AND
APPLICATION OF A CAMPER GROWTH INDEX FOR YOUTH, 2006).
Para os acampamentos organizados este momento foi de fundamental importncia. At
ento no existia um instrumento de largura e comprimento suficientemente adequado para
fazer esta mensurao de forma clara e objetiva. Este instrumento nico, personalizado,
confivel e vlido media os constructos para desenvolvimento dos jovens de forma jamais
vista at ento (DEVELOPMENT AND APPLICATION OF A CAMPER GROWTH INDEX
FOR YOUTH, 2006).
Os resultados confirmaram que os acampamentos constrem muitas das habilidades
necessrias para preparar os acampantes para assumir papis de adultos bem sucedidos. Os
pais, acampantes, e os monitores, independentemente registraram crescimento em reas como
a auto-confiana, aprender novas habilidades, conviver com os outros, fazer amigos, e tomar
decises saudveis. Na verdade, o acampamento oferece experincias de crescimento para os
jovens que podem colher resultados com a idade adulta (DEVELOPMENT AND
APPLICATION OF A CAMPER GROWTH INDEX FOR YOUTH, 2006).
O desenvolvimento da juventude engloba esforos para criar organizaes e
comunidades que suportem a oferta e a oportunidade necessria para ir alm da preveno e
uma juventude capaz de mover-se em direo a vida adulta. Especialistas em
desenvolvimento da juventude tm indicado que, alm de uma escola competente, os jovens
precisam experimentar oportunidades para crescer fisicamente, emocionalmente, civicamente
e desenvolver competncias sociais atravs do suporte da famlia, comunidade e outras
instituies incluindo os programas de acampamentos. H evidncias que projetos bem
implementados e uma juventude centrada em programas conscientes usando o modelo de
desenvolvimento de juventude resulta em frutos positivos tanto para os jovens como para as
suas comunidades (DEVELOPMENT AND APPLICATION OF A CAMPER GROWTH
INDEX FOR YOUTH, 2006).
As habilidades sociais e seus constructos que sero abordados nesta pesquisa tm sido
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considerados como fatores determinantes para a qualidade de vida de muitas pessoas. Por
conseguinte o indivduo pode desenvolver relaes interpessoais mais satisfatrias, maior
realizao pessoal, sucesso profissional, alm de melhor sade fsica e mental.
Habilidades Sociais (HS) o domnio que rene nossas competncias e formas de nos
comportar perante as situaes do cotidiano. O campo terico-prtico das habilidades sociais
teve origem na Psicologia Clnica e do Trabalho como afirma Del Prette. A, Del Prette.Z.A.P
(2006) e na base do desenvolvimento desse campo encontram-se os conceitos de habilidades
sociais e competncia social. No Manual de avaliao e treinamento das habilidades sociais,
Vicente Caballo (2003) afirma que habilidades sociais so comportamentos que ajudam o
indivduo a lidar com situaes em que: a) ele deve interagir com ao menos um outro
indivduo; b) para chegar a um resultado desejado e c) cumprir os itens anteriores mantendo
sua auto-estima e uma boa relao com quem interage.
O desempenho social refere-se emisso de um comportamento ou seqncia de
comportamentos em uma situao qualquer. J o termo habilidades sociais aplica-se
noo de existncia de diferentes classes de comportamentos sociais no repertrio
do individuo para lidar com as demandas das situaes interpessoais. A competncia
social tem sentido avaliativo que remete aos efeitos do desempenho das habilidades
nas situaes vividas pelo individuo (DEL PRETTE, Z, A, P; DEL PRETT, A,
2001, p. 31).
Em suma podemos concluir com a exemplificao de Jos Humberto da Silva sobre a
resenha Psicologia das Habilidades Sociais (2003), que as habilidades sociais esto
diretamente ligadas s conexes com o cotidiano. Esta habilidade facilmente percebida
quando um amigo lhe pede algo emprestado e voc se sente constrangido em negar o pedido
ou disfarando sua pouca vontade, cede solicitao emprestando. Quando ainda algum
entra na sua frente naquele fila em que voc j aguarda a sua vez h muito tempo, e voc se
sente na obrigao de se defender. So situaes do cotidiano que atravs de seu
comportamento estabelecem-se as habilidades sociais (SILVA, 2003).
Muitos problemas humanos poderiam ser evitados, segundo Caballo (2006) se as
habilidades sociais fossem percebidas e tratadas na infncia. Dentro da perspectiva da
juventude importante perceber alguns aspectos que podem contribuir de forma positiva para
a construo das relaes com o seu eu, com a famlia, com a sociedade civil e com as
relaes de pares.
Diante do mundo globalizado e cheio de influncias fica claro que no s a famli e a
escola so responsveis pela educao das crianas e jovens, mas tambm a percepo do
mundo e dos outros ir influenciar suas relaes e sentimentos. Para Druker (2002) a
-
31
percepo o ponto de partida dentro das organizaes, pois a preocupao com os
cenrios vai ao encontro da percepo que temos do mundo e do outro.
vlido enfatizar que a percepo entendida por meio de vrios olhares e dentro de
muitos reas. A psicologia social que um ramo da psicologia que se preocupa com a maneira
pela qual os pensamentos, sentimentos e comportamentos dos indivduos so inlfuenciados
por outra pessoas, um deles. A percepo perpassa por vrios processos que podem
interferir na formao de impresses sobre o outro e sobre o mundo, como: defeitos com
aparncia fsica, onde claro que no se deve julgar um livro por sua capa, esquemas
cognitivos que so estruturas que orientam o processamento das informaes e que as pessoas
usam estes esquemas para se organizarem no mundo social, esteretipos, que so convices
amplamente sustentadas de que as pessoas tm certas caractersticas porque fazem parte de
um determinado grupo e ainda a subjetividade na percepo da pessoa, que ocorre quando as
pessoas estimam que encontraram mais caractersticas sociais do que aquilo que realmente
viram e por fim a perspectiva evolucionista sobre a tendenciosidade na percepo da pessoa,
onde afirmam que os seres humanos so programados pela evoluo para classificar as
pessoas como membro do mesmo grupo o qual se identifica ou de um grupo externo com o
qual no identifica-se (WEITEN, 2010).
Provalvemente, para se entender o sentido da percepo vrios fatores devero ser
ponderados. Tuan (1980) afirma que: a percepo uma atividade, um estender-se para o
mundo. Os orgos dos sentidos pouco eficazes quando no ativamente usados (TUAN, 1980,
p. 75). Portanto, fica claro que a percepo um processo em que as pessoas tomam
conhecimento de si e do mundo a sua volta. Robbins (1943) define ainda como sendo um
processo pelo qual os indivduos se organizam e interpretam suas impresses sensoriais com
finalidade de dar sentido ao meio ambiente.
Assim, se habilidades sociais tm uma relao com comportamentos e atitudes, ento a
forma como a percepo se manifesta no indivduo implicar em todo este processo de
reconhecimento de habilidades sociais, sendo uma ferramenta fundamental nos
relacionamentos, pois agua a interpretao de sinais interiores e exteriores, provoca reflexes
crticas gerando nas pessoas a necessidade de reavaliar suas prprias crenas como
mecanismo de preservao da qualidade de vida e da sua identidade humana. A famlia sendo
caracterizada como um sistema onde todos os seus membros se influenciam reciprocamente
pertence ao mais amplo sistema da sociedade e suas mltiplas influncias. De acordo com Del
Prette. A. e Del Prette (2001) a criana expressa emoes e emite comportamentos deste o
nascimento at a mais tenra idade que so gradativamente modelados por seus pais.
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Todavia para efeitos do atual estudo sero utilizados os quatro constructos
estabelecidos pela pesquisa da ACA, por meio da percepo dos acampantes e dos monitores
para avaliar as habilidades sociais que so: liderana, fazer amigos, conforto social e relao
de pares e ainda a sua percepo em relao ocorrncia de mentoria e os benefcios que esta
relao causou dentro de sua vida profissional.
O prximo tpico discorre sobre a importncia do aprender dentro das organizaes e
sua co-relao com os acampamentos de frias da Companhia do Lazer.
2.4 MUNDO ORGANIZACIONAL E O APRENDIZADO
Notria velocidade das mudanas organizacionais ocorridas nas ltimas dcadas tem
deixado o mundo acadmico e os empreendedores atentos a seus impactos. De acordo com
Honrio e S (2010) as constantes mudanas e inovaes tm exigido dos membros
envolvidos uma necessidade frequente de aprendizagem com uma perspectiva no campo
acadmico assim como na prxis organizacional. Os autores ainda afirmam que as interaes
sociais encontram novas possibilidades de desenvolvimento, vislumbrando caminhos
diferentes para os indivduos e construindo conhecimentos, mudando a si e aos outros em
termos de habilidades, conhecimentos e atitudes a partir do encontro com a diversidade de
concepes.
Se uma organizao constituda por pessoas, o seu sucesso perpassa pelo conjunto de
sucesso de seus integrantes. Corroborando com S, Oliveira e Honrio (2004) o sucesso de
uma organizao depende tanto do seu projeto, quanto de suas qualidades tcnicas e humanas.
Entretanto, so estas ltimas as responsveis pelo carisma, dinamismo, intuio, idias e
inovaes. Diante desta realidade percebe-se o valor da construo das relaes para o
crescimento das organizaes e enxerga-se claramente a essencial contribuio que Ragins e
Kram (1988) trouxeram para o mundo corporativo quando afirmaram que o processo de
mentoria dentro das empresas desenvolvido por meio de relaes e capaz de provocar
mudanas na vida e transformar grupos, despertando o mesmo para o aprendizado e o
desenvolvimento dos envolvidos, tornando esta experincia marcante, consistente e
duradoura.
Uma organizao moderna no pode mais acreditar que possa funcionar apenas com
pessoas que pensam e outras que s fazem o que lhes mandam. Atualmente as organizaes e
as comunidades onde quer que estejam inseridas no s necessitam de um nvel de
conhecimento e habilidades de todos os seus integrantes como tambm o desenvolvimento da
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independncia, autoconfiana, segurana pessoal e capacidade de exercitar a liderana de
forma empreendedora. Todos so desafiados a serem empreendedores e a produzir novos
significados, novos valores, conquistando resultados efetivos para as empresas (SEBRAE,
2011).
De acordo com Jarocki (2007) se a educao a chave que abre possibilidades de se
transformar o homem annimo, sem rosto, naquele que sabe que pode escolher, que ele
sujeito participante de sua reflexo, da reflexo do mundo e da sua prpria histria,
assumindo a responsabilidade dos seus atos e das mudanas que fizer acontecer, entende-se a
importncia da preocupao de educar para a vida logo da infncia, pois para Freire (1979) as
relaes no se do apenas com os outros, mas se do no mundo e pelo mundo.
Dentro deste contexto, os acampamentos podem contribuir no desenvolvimento das
capacidades de apropriao e conhecimento das potencialidades corporais, afetivas,
emocionais e ticas, para a formao de crianas felizes e saudveis. Assim, uma das misses
dos acampamentos construir um cidado pleno, a fim de que ele se reconhea como tal e
prepar-lo para a vida. Druker (2002) afirma que o mais importante dentro das empresas so
as pessoas e para que a verdadeira liderana acontea no necessrio estar pautada em traos
comuns de personalidade e muito menos em carisma, preciso estar pautada em
responsabilidade, trabalho e confiana.
Nesse vis percebe-se a relevncia do aprender sempre e das relaes como fator
preponderante do sucesso do profissional e das empresas. Ento, se a educao pode ser
encarada como uma proposta vivida e uma grande aventura, os acampamentos tornam-se
ambientes perfeitos para essa experincia, desenvolvendo habilidades, valores,
conhecimentos, aprendizado, criatividade, comprometimento e uma diversidade de atividades,
construdas pelo prazer e pela brincadeira, que sua principal linguagem para adquirir novas
situaes e criar outras regras, desenvolvendo vrios aspectos sociais, emocionais, cognitivos,
motores e trazendo o mundo simblico para bem perto, ao mesmo tempo no se desfazendo
do real (JAROCKI, 2007).
Ao longo do prximo tpico ser apresentado o constructo liderana, fazendo uma
leitura do mesmo e sua relao com os acampamentos de frias.
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2.5 HABILIDADES SOCIAIS
2.5.1 Habilidade social Liderana
Liderana tem sido um tema de muito investigado no campo da psicologia social e
comportamental. Com o passar do tempo, a pesquisa e a literatura sobre liderana evoluram
muito, no entanto boa parte buscou explicar os comportamentos dos lderes em face de seus
subordinados, ao invs de examin-los no contexto maior de suas organizaes. (BOWDITH,
BUONO, 2004). Para os autores a chave est nas definies de liderana, pois uma relao
entre pessoas s quais a influncia faz parte do processo e a liderana s possvel quando
existem liderados, ou seja, no h lderes sem seguidores.
Ainda para Bowdith e Buono (2006) as pesquisas sobre liderana podem ser agrupadas
em trs categorias: a abordagem do trao, a perspectiva comportamental ou funcional, e o
ponto de vista situacional ou contigencial. Este constructo vem sendo estudado desde a
antiguidade. Hoje o mundo acadmico est repleto das mais diversas definies e teorias e
apesar destas estarem bem disseminadas, nenhuma delas parece explicar, por si s, toda a
dinmica subjacente liderana.
De acordo com Minicucci (1995) pesquisas iniciais sobre liderana focalizavam o
prprio lder com a sua personalidade, e tinha-se a impresso que a eficcia de sua liderana
poderia ser explicada isolando suas caractersticas psicolgicas e fsicas. Isto o diferenciava
dos demais membros do grupo, todavia, estes estudos no produziram os resultados esperados
e no existe prova confivel quanto existncia de caractersticas universais de liderana j
que os lderes no funcionam isoladamente e esto dentro do contexto social, cultural e fsico.
A liderana tem vrias facetas e para cada situao existe um determinado tipo de
papel a ser exercido. Petterson e Seligman (2004) reconhecem a liderana enquanto qualidade
pessoal e referem-se a uma constelao de atributos cognitivos integrados a temperamentos
que promovam uma orientao para influenciar e ajudar os outros com direes e motivaes
para se obter o sucesso coletivo. Desta forma, os indivduos com esta predisposio almejam
atuar como dominantes por meio de relacionamentos e situaes sociais ressaltando ainda,
que liderana intrisicamente um fenmeno social.
Um lder atento com sculo XXI deve estabelecer novos paradigmas e criar diferentes
habilidades para ser reconhecido como tal. De acordo com Robbins (2005) liderana a
capacidade de influenciar um grupo para alcanar uma meta. O autor tambm ressalta que
necessrio incorporar alguns elementos da inteligncia emocional como a autoconscincia,
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autogerenciamento, automotivao, empatia, habilidades sociais e que o conjunto destes
elementos potencializar o desempenho deste profissional para uma forma satisfatria.
A falta de consenso sobre o assunto desperta para o aprofundamento da discusso, mas
para efeito do estudo que hora se apresenta ser considerado que liderana : ... o carter
evolutivo das idias mais aceitas; algo situacional, dinmico e profundamente ligado
natureza humana (FIORELLE, 2007, p. 200).
Dentro desta perspectiva concluiremos que liderana no concedida conquistada
atravs de atitudes e comportamentos positivos. Carnegie (1981) caracteriza alguns princpios
de uma boa liderana que so facilmente percebidas nos acampamentos como uma apreciao
sincera, conversar sobre erros, falar sobre suas falhas antes de falar das outras, perguntar ao
invs de dar ordens, permitir que cada indivduo se defenda, elogiar todo e qualquer
progresso, ser sincero em seus elogios e proporcionar uma boa reputao para a pessoa. No
existem receitas para que a liderana acontea e sim comportamentos e atitudes transformadas
em aes.
Os acampamentos neste aspecto desenvolvem a liderana a partir do momento em que
estabelecem responsabilidades, confiana, respeito e obrigaes para as crianas e jovens
assim como feito pelos familiares em casa. O comportamento de cada um que ir
diferenci-lo dos outros sendo um lder ou no (YOUTH DEVELOPMENT OUTCOMES OF
THE CAMP EXPERIENCE, 2006).
Questo Norteadora 1
De que modo ocorre o desenvolvimento de habilidade social liderana na percepo dos
ex-acampantes, monitores e ex-monitores?
Na sequncia o constructo fazer amigos, tecendo uma leitura do mesmo e sua
relao com os acampamentos de frias.
2.5.2 Habilidade social Fazer amigos
Cientistas sociais tm analisado a amizade entre crianas e adolescentes durante um
sculo ou mais. Hartup, Bukowski e Newcomb (1998) acreditam que a relao social de
crianas e adolescentes est centrada em seua amigos, bem como em seus familiares. E ainda
importante estar ciente de que a amizade deve ser considerada com um olhar
multidimensional, pois h na amizade mais do que ter amigos e que todas as amizades no so
iguais; que a amizade envolve a interao social que so, por vezes, afirmando, mas s vezes
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contrapondo, para que diferentes benefcios e responsabilidades possam derivar de ter que
seus amigos esto, e que a amizade pode ser descrita em diversas maneiras alm do tempo que
as crianas passam juntas ou a intimidade de suas trocas sociais (HARTUP; BUKOWSKI;
NEWCOMB, 1998, p. 2).
Portanto o significado de fazer amigos extremamente valioso na infncia. Estas
relaes na primeira fase da vida so fatos marcantes no desenvolvimento de habilidades
sociais na vida adulta e que ter amigos geralmente uma boa coisa na experincia da
criana (HARTUP, BUKOWSKI E NEWCOMB, 1998, pg 05).
Porque amigos so importantes para as crianas e adolescentes? Mooney e Laursen
(2005) afirmam que essa estima durante a infncia possibilita experincias que so cruciais e
normativas para a cognio, emoo e para o desenvolvimento de habilidades sociais.
Primeiramente a amizade se faz importante porque atravs dos amigos que acontece o
suporte social, pois grande parte do tempo das crianas acontece fora do ambiente familiar.
Esses laos tambm permitem uma possibilidade de explorar as emoes do mundo e
por fim, a amizade nesta fase da vida o primeiro relacionamento em que a criana comea a
preocupar-se e entender o outro respondendo e entendendo os sentimentos e problemas do
outro. De acordo com Hartup (1992) a essncia da amizade est associada reciprocidade,
comprometimento e a interao que existe na relao. Algumas pesquisas apontam que a
amizade exerce uma srie de funes na vida das crianas, tais como recursos emocionais,
cognitivos, habilidades sociais bsicas e percussoras de uma relao subseqente.
A amizade enquanto recurso emocional favorece a criana a possibilidade de conhecer
novas pessoas, enfrentar problemas e explorar um ambiente diferente do qual j se encontra
inserida, essas relaes apiam o processo de diverso e podem proteger as crianas diante de
problemas adversos como conflitos familiares, fracasso escolar, doenas, dentre outros.
Amigos quanto recurso cognitivo para a resoluo de problemas e aquisio de conhecimento.
Como habilidade social bsica a comunicao social, a cooperao e a gesto de conflitos so
mais facilmente resolvidas no ambiente entre amigos. Ainda como uma relao subseqente
as amizades so pensadas para serem modelos para as relaes posteriores (HARTUP, 1992).
Os relacionamentos construdos nos acampamentos ajudam a minar os esteretipos e
contribui com a verdade, respeito e ajudam as pessoas sentirem-se melhores com elas
mesmas. Ideologicamente os acampamentos criam uma cultura de fazer amigos
independentemente de panelinhas, bulling e materialismos (YOUTH DEVELOPMENT
OUTCOMES OF THE CAMP EXPERIENCE, 2006). Para Furnman (1998) em qualquer
caso, as percepes das crianas tendem a moldar o curso das relaes, tanto por interferir no
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seu prprio comportamento e nas suas interpretaes do comportamento de seus parceiros.
Os acampamentos de frias favorecem a criao da harmonia e de novas amizades e
valorizam vrios destes comportamentos supracitados. Desta forma positiva, se constri o
desenvolvimento das crianas e adolescentes, pois estudos correlatos mostraram que as
crianas que tm amigos so mais competentes socialmente do que crianas que no tm. As
crianas com muitos amigos desenvolvem caractersticas desejveis, incluindo a amizade,
cooperativismo, o altrusmo, a boa perspectiva de resultados e a auto-estima (NEWCOMB;
BAGWELL, 1998).
Valores, comportamentos, atitudes e aes efetivas contemplam o sucesso de uma
amizade. A essncia da comunicao bem sucedida pode ser o incio de uma grande amizade
e essa harmonia a habilidade de entrar no mundo de algum para fazer esse algum sentir
que voc o entende.
Questo Norteadora 2
De que modo ocorre o desenvolvimento de habilidade social fazer amigos na percepo
dos ex-acampante, monitores e ex-monitores?
A seguir, uma explanao sobre o constructo conforto social, fazendo uma leitura do
mesmo e sua relao com os acampamentos de frias.
2.5.3 Habilidade social Conforto social
A convenincia e conforto social um dos mais interessantes campos da vida. A
histria da humanidade a histria da produo de regras de convvio coletivo. Segundo
Maputo (2011) os indivduos inscrevem-se em limites suportveis, limites supostos, retiram-
se ou escondem-se da sua periculosidade. O desconforto individual gerado em mltiplas
situaes tem como contrapartida o conforto social, que esto de acordo com as regras do
viver coletivo e de acordo com o particular de grupos e estatutos.
A competncia de utilizar as habilidades sociais no cotidiano a favor de um bem
comum uma tarefa aparentemente simples, mas nem sempre conquistada e utilizada de
forma adequada. Del Prette. A e Del Prette. Z. A. P. (2011) destacam as habilidades sociais da
seguinte forma: habilidades de comunicao (fazer e responder perguntas, dar e pedir
feedback, elogiar, iniciar, manter e encerrar conversao); habilidades de civilidade (dizer por
favor, agradecer, apresentar-se, cumprimentar); habilidades assertivas de enfrentamento ou
defesa de direitos e de cidadania (expressar opinio, discordar, fazer e recusar pedidos,
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interagir com autoridades, lidar com crticas, expressar desagrado, lidar com a raiva do outro,
pedir mudana de comportamento, etc.); habilidades empticas e de expresso de sentimento
positivo e outras duas mais abrangentes que foram nomeadas como habilidades sociais
profissionais ou de trabalho (coordenao de grupo, falar em pblico), e as habilidades sociais
educativas de pais, professores e outros agentes envolvidos na educao ou treinamento. Na
base de qualquer desempenho socialmente competente, destaca-se a automonitoria, enquanto
habilidade geral de observar, descrever, interpretar e regular pensamento, sentimentos e
comportamentos em situaes sociais (DEL PRETTE.A, DEL PRETTE, Z, A, P, 2001).
De acordo com Tasa Grn (2008), habilidades sociais (HS) so comportamentos que
os indivduos precisam aprender para conviver bem em sociedade, incluindo as habilidades de
comunicao, resoluo de problemas e cooperao. No prestar ateno, ou melhor, no
valorizar esse desenvolvimento e no corrigi-los a tempo podem gerar obstculos para a
interao social produtiva do individuo e valorizar a importncia destas experincias para as
crianas em acampamentos pode fortalecer e aflorar esta habilidade, pois Silva (2003)
recomenda que toda e qualquer ao educativa subsista de uma viso de homem que fruto
de uma escolha fundada em valores, contribuindo para que se formem cidados participativos,
crticos, atuantes.
Isto exposto, percebe-se a relao com este constructo dentro dos acampamentos. Por
meio de uma ao intencional, estas relaes so favorecidas nestes programas e comum
escutar dos acampantes que eles se sentem melhores nestes ambientes do que na escola ou na
vizinhana sendo um grande indicador que sentir-se bem consigo, com o seu corpo e com os
amigos faz parte do constructo conforto social (YOUTH DEVELOPMENT OUTCOMES OF
THE CAMP EXPERIENCE, 2006).
Questo Norteadora 3
De que modo ocorre o desenvolvimento de habilidade social conforto social na percepo
dos ex-acampantes, monitores e ex-monitores?
O prximo tema aborda o constructo relao de pares, fazendo uma leitura do
mesmo e sua relao com os acampamentos de frias.
2.5.4 Habilidade social Relao de pares
Criana e adolescente dedicama um tempo significativo do seu dia na companhia de
amigos. As habilidades e interaes sociais so consolidadas atravs da