Download - Acabamentos Em Calças Jeans de Senhora
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UNIVERSIDADE DA BEIRA INTERIOR Engenharia
Acabamentos em calas jeans de senhora
Estimulao da circulao sangunea atravs de micro emulses
Cludia Pereira Santos
Dissertao para obteno do Grau de Mestre em
Design de Moda (2 ciclo de estudos)
Orientador: Prof. Doutor Jos Mendes Lucas
Covilh, Outubro de 2011
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Agradecimentos
Ao longo do processo de realizao deste trabalho, tive a ajuda de vrias pessoas que direta
ou indiretamente contriburam para a sua conceo e s quais desejo apresentar os meus
sinceros agradecimentos.
Em primeiro lugar gostaria de prestar um agradecimento especial ao Prof. Doutor Jos Mendes
Lucas por toda a compreenso, apoio e disponibilidade prestados na orientao da
dissertao, mesmo nos seus momentos mais difceis.
A todo o Departamento de Cincias e Tecnologias Txteis, pela facilidade de acesso e
disponibilidade aos laboratrios, sala de CAD e Confeo.
diretora de curso, Prof. Doutora Madalena Pereira, pelas sugestes e preocupaes
constantes com o decorrer do trabalho.
Ao Prof. Jlio Torcato, pelo fornecimento do denim.
empresa Horquim Representaes Lda., e em especial Eng Emlia Quelhas Costa pelo
fornecimento das micro-emulses.
Prof. Doutora Maria Jos Geraldes, pela conduo de ensaios do desenvolvimento
experimental deste trabalho.
Ao Departamento de Qumica, e em especial ao Dr. Rogrio Manuel Simes pela
disponibilidade e amabilidade demonstrada.
Aos meus amigos, pela amizade e preocupao demonstrada ao longo da realizao deste
trabalho.
minha me e irmo, por tudo o que sou hoje.
Muito obrigado a todos.
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Resumo
Hoje em dia, o vesturio no assume simplesmente a funo de cobrir o corpo para ocultar a
nudez e proteger do frio ou do calor. A esta funo bsica do vesturio associa-se a funo do
sculo XXI, que a de interao no dia-a-dia do seu utilizador. O acesso rpido informao
e as tecnologias do futuro trazem consigo mudanas constantes no comportamento do
consumidor, tornando-o mais exigente e ansioso por novidades. Sendo assim, percebe-se a
necessidade da diferenciao, inovao e acrscimo de valor nos produtos de design de moda.
Em virtude do aumento da esperana de vida e das exigncias do dia-a-dia moderno, o
Homem preocupa-se cada vez mais com questes ligadas sade e bem-estar. A tecnologia
txtil j responde ao tratamento teraputico de muitas patologias, contudo, em ambiente
hospitalar. O conceito de design est aos poucos a ser introduzido na utilizao de txteis
inteligentes em vesturio de dia-a-dia, e acredita-se que introduzir um novo lifestyle num
futuro prximo, onde vesturio de uso dirio ter funo teraputica.
As doenas venosas, vulgarmente conhecidas como m-circulao sangunea, so
extremamente relevantes e de grande impacto social e psicolgico. A insuficincia venosa
para muitos pacientes significado de dor, perda de mobilidade e diminuio da qualidade de
vida. As tendncias de moda ditadas em cada estao acabam por gerar comportamentos de
uso de vesturio que so muitas vezes prejudiciais sade dos consumidores. As mulheres so
quem mais sofrem com este problema, agravando muitas vezes o seu estado de sade pelo
uso de calas jeans muito apertadas.
Foi estudada a possibilidade de interao dos acabamentos txteis para o alvio da m
circulao sangunea. Desenvolveram-se estudos que fossem capazes de, certa forma, provar
a presena de compostos medicinais com reconhecida ao drenante e tonificante do sistema
circulatrio em emulses j existentes no mercado txtil, assim como o seu grau de
durabilidade em ganga. Elaborou-se, por fim, um modelo de cala jeans que pudesse
sustentar o foco do presente trabalho. Posto isto, esta dissertao foi elaborada de modo a
poder aliar o design de moda a uma preveno e alvio dos sintomas da m circulao
sangunea durante o processo de uso de calas jeans.
Palavras-chave
Design de moda, doenas venosas, qualidade de vida, acabamentos txteis, jeans
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Abstract
Nowadays, the clothing does not assume simply the function of covering the body to hide the
nakedness and protect from the cold or heat. To this basic function of clothing it is associated
the function of the 21st century, which is the interaction in the daily life of its user. Quick
access to information and technologies of the future bring constant changes in consumer
behavior, making it the most demanding and keen for news. Thus, we understand the need
for differentiation, innovation and increased value in fashion design products.
Because of increased life expectancy and the demands of modern life, the man worries
increasingly with questions related to the health and well-being. The textile technology
already responds to therapeutic treatment of many diseases, however, in the hospital
environment. The design concept is gradually being introduced in the use of smart textiles in
clothing of the day to day, and it is believed that will introduce a new lifestyle in the near
future, where everyday clothing will have therapeutic function.
Venous diseases, commonly known as bad blood circulation, are extremely relevant and of
great psychological and social impact. The venous insufficiency is for many patients meaning
of pain, loss of mobility and decreased quality of life. Fashion trends dictated each season
ultimately generate usage behaviors of clothing that are harmful to the health of consumers.
Women are those who are suffering with this issue, often exacerbating his state of health by
wearing very tight jeans.
It was studied the possibility of interaction of textile finishes for the relief of poor blood
circulation. Studies that have been developed were able to somehow prove the presence of
medicinal compounds with toning and draining action recognized of circulatory system in
emulsions already on the market, as well as their degree of durability on denim. Finally, it
was developed a type of jeans that could sustain the focus of this work. That said this
dissertation was prepared in order to ally with the fashion design prevention and relief of
poor blood circulation when wearing jeans.
Keywords
Fashion Design, venous diseases, life quality, textile finishes, jeans
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ndice
Agradecimentos ............................................................................................... iii
Resumo .......................................................................................................... v
Abstract........................................................................................................ vii
Lista de Figuras.............................................................................................. xiii
Lista de Tabelas e Grficos ................................................................................ xv
Lista de Acrnimos.......................................................................................... xvii
Captulo 1 - Introduo ...................................................................................... 1
1.1 Enquadramento do trabalho ......................................................................... 3
1.2 Objetivos ................................................................................................ 3
1.3 Metodologia adotada .................................................................................. 4
Captulo 2 - Mercado do design de calas jeans ....................................................... 5
2.1 Funes do design de moda .......................................................................... 7
2.2 Origem da cala denim ............................................................................... 8
2.2.1 Denim ............................................................................................... 9
2.2.2 Corante ndigo .................................................................................. 10
2.2.3 A cala jeans .................................................................................... 10
2.3 Carter simblico das calas jeans ............................................................... 10
2.3.1 Cala jeans para o pblico feminino ........................................................ 11
2.3.2 Mercado de luxo do jeans ..................................................................... 12
2.3.2.1 Marcas mais caras de jeans na atualidade ............................................... 14
2.3.2.2 Prospeo de mercado ...................................................................... 17
2.4 Identidade do jeans ................................................................................. 17
2.4.1 Evoluo das modelagens ..................................................................... 18
2.5 Lavagens e acabamentos ........................................................................... 23
2.5.1 Principais processos de lavagem ............................................................. 24
2.6 Tendncias denim S/S 2011 e A/W 2012 ......................................................... 25
2.6.1 Tendncias denim S/S 11/12 ................................................................. 26
2.6.1.1 WGSN ........................................................................................... 26
2.6.2 Tendncias denim A/W 11/12 ................................................................ 29
2.6.2.1 Collezioni Sport&Street, n61, A/W 11/12 .............................................. 29
2.6.2.2 View2, n10 A/W 11/12 ..................................................................... 30
2.7 Acabamentos funcionais no mercado do jeans ................................................. 31
2.7.1 Pesquisa de mercado .......................................................................... 31
Captulo 3 Sistema cardiovascular .................................................................... 35
3.1 Corao ................................................................................................ 37
3.1.1 Anatomia do corao .......................................................................... 37
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3.1.2 Ciclo cardaco: sstoles e distoles .......................................................... 38
3.1.3 Vlvulas do corao ............................................................................ 39
3.2 Fisiologia da circulao ............................................................................. 40
3.2.1 Sangue arterial e venoso ...................................................................... 40
3.2.2 Circulao no corao sistema arterial e sistema venoso ............................. 40
3.2.3 Circulao no corpo - circulao sistmica e circulao pulmonar ................... 41
3.2.4 Presso arterial ................................................................................. 42
3.2.5 Fluxo e resistncia sangunea ................................................................ 42
3.2.6 Frequncia cardaca ........................................................................... 43
3.2.7 Microcirculao ................................................................................. 43
3.3 Vasos sanguneos ..................................................................................... 43
3.3.1 Artrias ........................................................................................... 44
3.3.2 Veias .............................................................................................. 45
3.3.3 Capilares sanguneos ........................................................................... 46
3.4 Distrbios do sistema venoso ...................................................................... 47
3.4.1 Vlvulas e retorno venoso .................................................................... 47
3.4.2 Sistema venoso profundo e sistema venoso superficial .................................. 48
3.4.3 Varizes ou veias varicosas..................................................................... 50
3.4.3.1 Telangiectasias ............................................................................... 50
3.4.3.2 Varizes primrias ............................................................................. 51
3.4.4 Tromboses venosas ............................................................................. 51
3.4.4.1 Trombose venosa superficial: tromboflebite ........................................... 51
3.4.4.2 Trombose venosa profunda: embolia pulmonar ........................................ 52
3.4.5 Insuficincia venosa crnica .................................................................. 52
3.4.6 Fatores de risco das doenas venosas ...................................................... 52
3.5 Tratamentos disponveis ............................................................................ 54
3.5.1 Escleroterapia ................................................................................... 54
3.5.2 Cirurgia ........................................................................................... 54
3.5.3 Conteno elstica ............................................................................. 55
3.5.4 Medicamentos/terapias adjuvantes ......................................................... 56
Captulo 4 Plantas com ao venotnica ............................................................ 59
4.1 Plantas de menor ao .............................................................................. 61
4.1.1 Ruscus (Ruscus hypoglossum) ................................................................ 62
4.1.2 Videira (Vitis vinfera)......................................................................... 62
4.1.3 Mirtilo (Vaccinium myrtillus L.) ............................................................. 62
4.1.4 Gengibre (Zingiber officinale) ............................................................... 63
4.1.5 Hamamlia (Hamamelis) ...................................................................... 63
4.1.6 Centela (Centella asiatica L.) ................................................................ 63
4.1.7 Hera (Hedera hlix L.) ........................................................................ 64
4.2 Plantas mais utilizadas .............................................................................. 64
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4.2.2 Castanha-da-ndia (Aesculus hippocastanum L.) .......................................... 65
4.2.1 Ginkg (Ginkgo biloba L.) ..................................................................... 66
4.3 Ao dos flavonides ................................................................................ 67
4.3.1 Tcnica de caracterizao de princpios ativos dos extratos ........................... 69
Captulo 5 Desenvolvimento experimental .......................................................... 71
5.1 Metodologia ........................................................................................... 73
5.2 Seleo dos materiais ............................................................................... 73
5.2.1 Substrato txtil ................................................................................. 73
5.1.2 Micro emulses .................................................................................. 74
5.2 Processo de aplicao das micro emulses ...................................................... 74
5.2.1 Procedimentos .................................................................................. 75
5.3 Medio de propriedades trmicas ............................................................... 75
5.3.1 Procedimentos .................................................................................. 76
5.3.2 Resultados obtidos ............................................................................. 77
5.3.3 Anlise dos resultados ............................................................................ 77
5.4 Simulaes de lavagem ............................................................................. 77
5.4.1 Procedimentos .................................................................................. 78
5.5 Espetroscopia no UV-VIS ............................................................................ 79
5.5.1 Procedimentos .................................................................................. 79
5.5.3 Anlise e discusso dos resultados .......................................................... 80
5.6 Prottipo .............................................................................................. 84
5.6.1 Desenho tcnico ................................................................................ 84
Captulo 6 Concluses .................................................................................... 85
6.1 Consideraes finais ................................................................................. 87
6.2 Projees futuras ................................................................................. 88
Referncias Bibliogrficas................................................................................. 89
Anexos ......................................................................................................... 97
Glossrio .................................................................................................... 99
Fichas de segurana das micro-emulses ............................................................ 101
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Lista de Figuras
Figura 2.1 Primeiros mineiros a usar calas denim
Figura 2.2 Modelo de overall waist e rebite no bolso traseiro das Levis
Figura 2.3 A cala denim mostrou resistir e durar s condies de uso nas minas
Figura 2.4 Marlon Brando e James Dean, smbolos da poca.
Figura 2.5 Marylin Monroe em vrios momentos de uso do jeans
Figura 2.6 Brooke Shilds na primeira campanha da Calvin Klein de jeans
Figura 2.7 Jeans mais caros do mundo: Levis, Gucci, Roberto Cavalli
Figura 2.8 Exemplos de acabamentos diferenciados
Figura 2.9 As tribos sociais e o jeans
Figura 2.10 Modelo capri e modelo skinny
Figura 2.11 Vrios cortes de calas femininas
Figura 2.12 Tipos de calas jeans em vrias tribos sociais
Figura 2.13 Lavagens manuais dadas aos jeans
Figura 2.14 Pedras usadas em lavagens de denim: pedra-pomes, cenazita e perlite
Figura 2.15 Tendncias 11/12 de lavagens e acabamentos
Figura 2.16 Tendncias vero 11/12 denim1
Figura 2.17 Tendncias vero 11/12 denim2
Figura 2.18 Tendncias vero 11/12 denim3
Figura 2.19 Tendncias inverno 12 denim
Figura 2.20 Tendncias inverno 11/12 denim
Figura 2.21 The Push Up Collection
Figura 2.22 Eve Lerock Anticelulite
Figura 2.23 Recarga comercializada para a Eve Lerock Anticelulite
Figura 3.1 Anatomia interna e externa do corao
Figura 3.2 Fases do ciclo cardaco
Figura 3.3 Sistema de vlvulas do corao, sstole e distole ventricular
Figura 3.4 Circulao no corao
Figura 3.5 Circulao sistmica e circulao pulmonar
Figura 3.6 Circulao sistmica e circulao pulmonar
Figura 3.7 Tipologias de vasos sanguneos: veias, artrias e capilares
Figura 3.8 Anatomia da parede normal da artria
Figura 3.9 Corte de uma artria
Figura 3.10 Diferenas anatmicas entre artrias e veias
Figura 3.11 Corte transversal de uma veia
Figura 3.12 Corte de uma veia com vlvula venosa
Figura 3.13 Vasos sanguneos da perna - veias e artrias
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Figura 3.14 Sistemas venoso superficial, profundo e das veias perfurantes
Figura 3.15 Veia dilatada
Figura 3.16 Telangiectasia
Figura 3.17 Variz primria
Figura 3.18 Escleroterapia
Figura 3.19 Diferena entre o uso e no uso de meia de compresso
Figura 3.20 Comprimentos das meias de compresso
Figura 4.1 Vrias plantas com efeito venotnico
Figura 4.2 Folhas, frutos e sementes da castanha-da-ndia
Figura 4.3 Folhas de ginkg no vero e no outono
Figura 4.4 Utilizao das folhas de ginkg em chs
Figura 5.1 Substrato txtil utilizado nos ensaios laboratoriais
Figura 5.2 Fulard utilizado para as impregnaes do denim
Figura 5.3 Equipamento Alambeta, para medio das propriedades trmicas
Figura 5.4 Equipamento Linitest, para a simulao de lavagem
Figura 5.5 Equipamento espetrofotmetro UV-VIS
Figura 5.6 Ilustrao de modelo de cala jeans
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Lista de Tabelas e Grficos
Tabela 2.1 Requisitos de uso da cala jeans
Tabela 2.2 Valorizao do corpo atravs da modelagem
Tabela 3.1 Classificao clnica da IVC (CEAP)
Tabela 3.2 Classificao dos tipos de compresso elstica
Tabela 4.1 Venotnicos mais utilizados para a IVC em produtos naturais
Tabela 4.2 Principais classes de flavonides e descrio das suas caractersticas bsicas
Tabela 4.3 Resultados experimentais das principais propriedades trmicas
Tabela 5.1 - Resultados experimentais das principais propriedades trmicas
Tabela 5.2 Ciclos de lavagem e respetivas referncias
Grfico 5.1 Absorvncia dos banhos de lavagem do denim padro (solues diludas)
Grfico 5.2 Absorvncia dos agentes SML/RO e SML/G em soluo pura (solues diludas).
Grfico 5.3 Banhos de lavagem denim padro e impregnado. Padro: 6 e 22h; Impregnado:
1, 6 e 22h de lavagem (solues sem diluio)
Grfico 5.4 Absorvncia dos banhos de lavagem do agente SML/G (solues diludas)
Grfico 5.5 Absorvncia dos banhos de lavagem do agente SML/RO (solues diludas)
Grfico 5.6 Lavagem durante 1h do denim j lavado anteriormente (solues no diludas)
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Lista de Acrnimos
AV Auricoventriculares
BASF Badische Anilinfarben-und Sodafabrik
CE Comisso E
CEAP Clinica, Etiolgica, Anatmica, Patofisiolgica
CO Algodo
DCTT Departamento de Cincias e Tecnologias Txteis
FP Farmacopeia Portuguesa VIII
IVC Insuficincia Venosa Crnica
IVP Insuficincia Venosa Profunda
NPD National Purchase Diary
OMS Organizao Mundial de Sade
PA Poliamida
TVP Trombose Venosa Profunda
UBI Universidade da Beira Interior
UV lcera Venosa
UV-VIS Ultravioleta - Visvel
WGSN Worth Global Style Network
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Captulo 1 - Introduo
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1.1 Enquadramento do trabalho
Devido postura vertical e ao estilo de vida sedentrio, os seres humanos so os nicos seres
vivos a quem as doenas venosas acometem. Estas constituem um grave problema de sade
pblica, no s pela sua alta incidncia, mas pelo seu impacto socioeconmico.
Na Europa, segundo um estudo desenvolvido1, um em cada dois adultos apresentam sintomas
e/ou sinais de doenas venosas. Alm de que esta doena contribui para uma menor
qualidade de vida eleva, ainda, a taxa de absentismo2 laboral. Segundo a Fundao europeia
para a melhoria das condies de vida e de trabalho (1997) as duas mil maiores empresas de
Portugal perderam 7,731 Milhes de dias de trabalho em resultado de doena. Assim, cr-se
que em parte destes dados se encontrem dificuldades relacionadas com problemas de
circulao sangunea.
A crescente preocupao de bem-estar e o aumento da qualidade de vida da humanidade em
geral justificam a pertinncia que existe na atuao do design de moda em conjunto com o
txtil, na rea da sade. O txtil, alm de ser uma segunda pele, cada vez mais interage com
o utilizador acrescentando ao vesturio funes de vrias ordens.
Cr-se que haja produtos para acabamentos em vesturio que permitam a preveno e alvio
das doenas venosas. Tambm se coloca aqui a problemtica das tendncias ditadas pelo
mundo da moda que levam ao incentivo do uso de vesturio muito apertado, como o caso
das calas em denim, substrato txtil escolhido para este trabalho.
1.2 Objetivos
- Entender o mercado em expanso dos tratamentos funcionais em jeans e como o design e a
tecnologia txtil podem ajudar a melhorar a qualidade de vida dos utilizadores com
problemas venosos.
- Identificar o modo de ao das micro emulses selecionadas para o desenvolvimento
experimental;
- Identificar a presena dos compostos facilitadores da circulao sangunea nas emulses,
assim como a sua solidez s lavagens no denim;
- Identificar o tipo de modelagem mais correto para a ao mais eficaz do acabamento
funcional estudado e design de modelo de cala jeans de acordo com as tendncias do
momento.
1 Segundo Nicolaides, Allegra, Bergan, Bradbury, & Cairols (2008) 2 Hbito de no comparecer, de estar ausente, in http://www.priberam.pt/
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1.3 Metodologia adotada
Este trabalho desenvolveu-se em vrias fases, algumas das quais decorreram em simultneo.
1. Pesquisa de mercado dos acabamentos com tratamentos funcionais em jeans;
2. Pesquisa das causas das doenas venosas;
3. Seleo das emulses txteis de ativao da circulao sangunea;
4. Escolha do tipo de tecnologia para aplicao das emulses;
5. Estudo da presena dos produtos e do grau de eficcia da sua libertao/fixao;
6. Estudo do tipo de modelagem a aplicar no modelo de cala jeans;
7. Execuo de um prottipo.
A pesquisa de mercado dos acabamentos funcionais em jeans permitiu saber o que se
encontram as empresas a conceber e para que pblicos-alvo. Puderam-se identificar as
oportunidades de negcio inerentes a perspetivas futuras. A pesquisa focou-se no mercado
feminino, por ser o pblico-alvo deste trabalho.
A pesquisa acerca das causas das doenas venosas permitiu entender como se processa todo o
mecanismo da m circulao e as premissas de atuao dos produtos existentes no mercado
para o alvio e preveno dos sintomas associados doena.
A escolha das emulses utilizadas para as impregnaes no substrato txtil deu-se pelo estudo
anterior, que era complementado por uma srie de produtos naturais que tm ao drenante
e tonificante do sistema circulatrio.
A aplicao das emulses deu-se atravs da fulardagem, que foi o mtodo em que se
entendeu haver maior absoro das mesmas.
O estudo da presena dos flavonides venotnicos nas emulses foi feito aps consulta de
literatura, que permitiu identificar a espectroscopia no UV-VIS como tecnologia detetora dos
mesmos. O grau de eficcia da libertao/fixao do produto no substrato txtil foi estudado
durante vrios ciclos de lavagem e posteriormente avaliada a sua ausncia/presena.
Foi feito um estudo ao nvel da modelagem de calas jeans que permitisse um maior grau de
eficcia possvel de ao do tratamento aplicado.
Por fim, seguiu-se a concretizao do prottipo.
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Captulo 2 - Mercado do design de calas jeans
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Captulo 2 Mercado do design de calas jeans
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Segundo Klaus Krippendorf (2007) A preocupao inicial dos designers com a funcionalidade,
utilidade e com produtos universalmente atrativos, descreve apenas uma frao do que os
designers tm de encarar hoje em dia (pag.19). Isto deve-se mudana dos objetivos de um
mercado que inicialmente tinha por objetivo sobretudo a produo, para um mercado que
visa desde algum tempo o utilizador.
O design difere da arte neste sentido. Como condio bsica para o sucesso de qualquer
produto de vesturio tem que haver uma simbiose entre este e o utilizador, ou seja, as roupas
devem oferecer aos utilizadores a capacidade de projetarem os seus sonhos e fantasias,
mesmo que aparentemente desfasados (Jones, 2005).
2.1 Funes do design de moda
Buchannan (1989) fala que os produtos de design para alm da ideia semitica tm uma
componente retrica associada, em que todos os objetos comunicam influenciando a nossa
vida atravs do lado emocional e psicolgico. O vesturio assume, particularmente 3 tipos de
funo: esttica ou plstica, operativa ou prtica e por fim a funo simblica.
Funo esttica ou plstica Carateriza-se pela qualidade do vesturio se afirmar pela sua
aparncia exterior atravs de caratersticas formais e expressivas. A funo esttica de uma
roupa adquire, portanto um teor comunicativo. Na medida em que este teor assume
importncia num dado contexto e momento, o valor esttico tem o seu expoente mximo
ligado a um contexto de efemeridade. As coisas s podem ser compreendidas inseridas na
histria e num dado lugar. O vesturio pode indiciar a importncia social e econmica ou o
status, servir de expresso individual no que toca ao pudor ou impudor (Barnard, 2003).
Funo operativa ou prtica - O valor operativo ou prtico traduz a necessidade que uma
pea de roupa tem de preencher um dado requisito prtico e/ou de proteo. Aqui, a funo
esttica encontra-se na lgica da existncia de cada pormenor, criando ordem, harmonia e
equilbrio. Tem um teor racional e nunca deve ser subestimada (Jones, 2005, p. 24). Deve-se
tentar implementar a este tipo de vesturio uma linha de design para a permanncia, pois o
design eficaz permite a sua criao para a perenidade.
Funo Simblica - Por ltimo, existe o valor simblico que se traduz em atributos que fazem
com que os objetos tenham conotaes diversas, de ordem social, religiosa, poltica ou
outras. Tanto pode ser o resultado de um styling, do kitsch ou de tendncias de mercado, o
que muitas vezes no significa inovao. Serve para uma diferenciao social, de acessrio e
adorno. O vesturio com esta funo muito presente tende a ter um grau de efemeridade,
pois utilizado de acordo com estados emocionais que podem ser volteis, ou pelo contrrio,
como peas a conservar para alm dos tempos, por se traduzirem como marcos de momentos
especficos da vida. Esta conceo encontra-se de acordo com Zaccai (1995) que define que o
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Captulo 2 Mercado do design de calas jeans
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desejo de querer ou no um objeto de cariz emocional. O utilizador cria uma relao
baseada na emoo em que gostar ou no gostar no implica a funcionalidade do objeto.
2.2 Origem da cala denim
Segundo consta na histria da moda, o aparecimento da cala denim baseou-se numa
necessidade de funo operativa e/ou funcional. Levi Strauss, imigrante alemo, chega a S.
Francisco, nos EUA, em 1853 e inicia um negcio de venda de material para mineiros.
Os mineiros encontravam-se em plena poca da febre do ouro e o seu trabalho fazia com que
os bolsos das calas de algodo se descosessem por completo e os componentes se
desagregassem facilmente pela fraca resistncia ao rasgo do tecido. O resultado era a queda
de todo o ouro que guardavam nos bolsos, e assim a perda de horas de trabalho. Diz-se que
Strauss, pela proximidade que mantinha com os trabalhadores, se aproveitou do facto de ter
um tecido comummente utilizado para coberturas de tendas de campanha ou de vages de
minrio, mas que no conseguia vender, para fazer pares de calas. Acredita-se que Strauss
estava de tal forma desesperado em se desfazer desse material, que criou esta inovao,
sabendo tirar partido da crise das duas partes envolvidas (Lv & Huiguang, 2007).
Levi Strauss transformou todo o seu stock em calas para o trabalho nas minas, tendo-se estas
tornado no uniforme de trabalho dos mineiros. Estes ficaram muito contentes e satisfeitos por
sentirem o seu vesturio a funcionar como uma ajuda ao desempenho laboral.
Figura 2.1 Primeiros mineiros a usar calas denim
Retirado de http://colunistas.ig.com.br/modamasculina/ em 27/5/2011
Conta-se que em 1860, um dos mineiros se queixou a Jacob Davis, um alfaiate, que os bolsos
se rasgavam ao fim de um tempo de uso. Outra historia fala que fora a mulher de um
lenhador, vizinha de Davis, que lhe pediu um par de calas duradouras pelo que este
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Captulo 2 Mercado do design de calas jeans
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introduziu a aplicao de rebites3 de cobre nas laterais dos bolsos, para as calas terem maior
resistncia ao rasgo (Mahlmeister, 2009). Surge, assim um forte concorrente para Strauss, que
a 5 de julho de 1872 lhe envia uma carta afirmando ser o inventor das calas denim e
sugerindo uma parceria onde partilhariam a patente (Lv & Huiguang, 2007).
Figura 2.2 Modelo de overall waist e rebite no bolso traseiro das Levis
Retirado de Jeans (2007), em 7/6/2011
Esta parceria surgiu em maio de 1873. Levi Strauss e Jacob Davis adquiriram recursos
econmicos e tecnologia industrial para a produo em srie. Registam a marca Levis como
marca e comearam a produzir o overall waist o famoso e eterno modelo 501. Tinha um
bolso traseiro com um desenho a imitar a silhueta de uma guia, um bolso de relgio, com
uma fileira de botes de presso na braguilha, os rebites de cobre e um cinto com botes
para suspensrios (Mahlmeister, 2009).
2.2.1 Denim
Cerca de 1792, em Maryland, Inglaterra, comea-se a fabricar o denim. Este era um tecido
em algodo teia e trama, com estrutura de sarja. O azul ndigo surge nos fios da teia
enquanto que os da trama se mantm brancos. Era conhecido como toile de Nimes (daqui
provm o termo denim) e apresentava caractersticas de elevada durabilidade e por esse
motivo era utilizado para cobrimentos de carroas e toldos.
Com o avano da tecnologia txtil, o denim passou a ser fabricado com uma mistura de fibras
de algodo e polister, o que deu maior durabilidade trama (Catoira, Moda Jeans: Fantasia
Esttica sem Preconceitos, 2009).
3 Aviamento de metal geralmente colocado nas extremidades dos bolsos para dar maior resistncia ao uso.
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Captulo 2 Mercado do design de calas jeans
10
2.2.2 Corante ndigo
O denim era tingido com um corante azul, proveniente de extratos de plantas orientais, a
indigfera e a isati tinctoris, da o nome associado ao azul tpico do denim, o azul ndigo.
Este corante natural fora patenteado na alfndega de Gnova no ano de 1140. Posteriormente
surgiu o corante sinttico, mais rentvel do ponto de vista econmico e mais sustentvel pois
gasta menos recursos e tambm menos poluente no seu fabrico. Foi patenteado pela Badische
Anilinfarben-und Sodafabrik (BASF), em 1897 (Catoira, Jeans: A Roupa que Transcende a
Moda, 2006). Nesta data, a ndia britnica vendeu mundialmente 10.000 toneladas de ndigo
natural. J a Alemanha vendeu 600.000. A 1911, o ndigo natural desceu para 860 toneladas
em vendas e a Alemanha aumentou para 22.000. Isto mostra a rpida aceitao do corante
artificial e por outro lado a rpida demanda neste corante, gerada pelo fabrico de calas
denim (Heller, 2007).
2.2.3 A cala jeans
Jeans foi o nome pelo qual a cala denim ficou conhecida em Itlia, onde o corante natural
da cor ndigo foi patenteado. O marinheiros de Gnova utilizavam como uniforme uma cala
de nominada Genoese ou Genes. Porm, s apos 1920 se comeou a utilizar frequentemente
este termo (Lv & Huiguang, 2007).
2.3 Carter simblico das calas jeans
O jeans percorreu um largo caminho desde que foi inventado, no sculo XIX, at ao final dos
anos 70, quando incorporou o signo social (Catoira, Moda Jeans: Fantasia Esttica sem
Preconceitos, 2009, p. 42). De incio o jeans tinha uma funo meramente prtica e era usado
em minas do oeste americano. Surgiu como uniforme de trabalho (fig.2.3), privilegiando-se as
questes utilitrias, ou seja, tinha que cumprir uma srie de requisitos prticos e de proteo
para o melhor desempenho possvel em ambiente laboral.
Figura 2.3 A cala denim mostrou resistir e durar s condies de uso nas minas
Retirado de Jeans (2007), em 7/6/2011
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Captulo 2 Mercado do design de calas jeans
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Desde os primeiros pares de jeans que haviam valores agregados aos mesmos, como por
exemplo, os rebites em cobre, que reforavam os bolsos. Posto isto, pode-se concluir que os
jeans foram projetados para responder a uma funo de carter meramente utilitrio. No
entanto, o carter simblico do vesturio no esttico, alterando ao longo da sua vida as
simbologias enquanto produto (Monteiro, 2011).
Com as duas guerras mundiais acontecem grandes mudanas sociais, polticas e econmicas.
No primeiro ps-guerra, a partir de 1920, a sociedade americana enche-se de alegria de viver
e altera o seu modo de vida, passando a dar bastante importncia s atividades de lazer. A
dana, a rdio, a arte e o cinema vm introduzir o conceito de vida bomia. O papel da
mulher tambm se modificou pois esta tinha deixado de ser apenas uma dona de casa para
passar a desempenhar funes no trabalho externo e a interagir na sociedade bomia. Com
este novo estilo de vida, a mulher alterou gradualmente o seu guarda-roupa para tipologias
mais prticas (Catoira, Jeans: A Roupa que Transcende a Moda, 2006).
No cinema, os filmes de western, as atrizes introduziram o conceito de divas e retratavam o
glamour e o romantismo da poca, e os cowboys, que eram verdadeiros heris. Cavalgavam,
tinham aspeto de bad boys e usavam calas jeans. O cinema influenciou a moda de rua, que
comeou a entender como os heris do cinema agiam sob o imaginrio feminino. A funo
atrativa e de seduo da cala jeans foi acoplada funo prtica. James Dean, Elvis Presley
e Marlon Brando so smbolos dos heris e da juventude moderna.
Figura 2.4 Marlon Brando e James Dean, smbolos da poca.
Retirado de Jeans (2007), em 12/6/2011
2.3.1 Cala jeans para o pblico feminino
At a mulher iniciar o uso da cala jeans, foi preciso haver mudanas sociais muito
importantes. Durante a segunda guerra mundial, os homens foram requisitados, o que fez com
que no houvessem trabalhadores em nmero suficiente nas fbricas. A mulher teve que
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Captulo 2 Mercado do design de calas jeans
12
tomar o seu comando, dando-se incio sua emancipao. Esta passava a desempenha novas
funes, alm de continuar a ser dona de casa e me. Por isto, as saias e os vestidos deixam
de ter pertinncia pois no cumpriam a funo operativa e prtica em contexto de uniforme
de trabalho.
A Levis, prevendo haver uma nova necessidade de uso, para um sexo diferente, lanou a
Lady Levis 701, em 1935. Esta cala estava consciencializada para a necessidade de uma
nova modelagem, que se adequasse ao corpo feminino. O jeans feminino transps
rapidamente o contexto laboral, passando a ser um vesturio feminino urbano, com uma
aparncia afastada da masculina. As divas da poca como Marilyn Monroe e Jayne Mansfield
incorporaram o uso de calas jeans apertadas, atribuindo a conotao de sensualidade a
estas. Vendo esta tendncia do triunfo da identificao da moda atravs da indstria do
cinema, a Wrangler e a Lee introduziram novidades em modelagens e cores diferentes
capazes de exaltar a sensualidade das peas (Guerrezi, 2008).
Figura 2.5 Marylin Monroe em vrios momentos de uso do jeans
Retirado de http://carolinafaggion.wordpress.com/2009/09/ em 23/9/2011
Nos anos 50/60 o jeans passou a ser a tipologia de vesturio dos jovens de ento. A moda
marginal passa a assumir-se entre as vrias tribos sociais que emergem a um ritmo alucinante.
A imagem rebelde de quem vestia calas jeans azuis manteve-se at dcada de 70. Este era
bastante popular, contudo continuava nestes dois mercados: classes operrias e jovens
revolucionrios (Pendergast & Pendergast, 2004). Homens e mulheres vestiam jeans.
2.3.2 Mercado de luxo do jeans
Na dcada de 70 d-se uma revoluo: o jeans aparece pela primeira vez em colees de
design de autor. A Calvin Klein desfila o primeiro jeans, o que indignou as mentes mais
conservadoras do mundo fashion, pois este produto era associado a uma classe social
proletria e de parcas posses econmicas. Introduzir este produto num mercado de luxo,
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Captulo 2 Mercado do design de calas jeans
13
gerou portanto, um choque, devido ao papel social atribudo de que usasse calas jeans. O
vesturio tem uma outra funo que a de definio das posies de status4 de um indivduo.
Atravs de um dado vesturio podem-se indicar ou definir os papis sociais de cada um
(Barnard, 2003).
Figura 2.6 Brooke Shilds na primeira campanha da Calvin Klein de jeans
Retirado de Encyclopedia of Clothing and Fashion (2005) em 12/6/2011
Para Monteiro, (1997) A roupa smbolo de status e diferenciao social e da diferenciao
dentro do prprio grupo. Atravs dos tempos, seus significados mudaram mas o requinte
social que representa est cada vez mais presente e serve como apelo de vendas (pag.3).
Pode-se dizer, atravs da afirmao anterior, que se associou a cala jeans a um pblico-alvo
abastado e com status social, para que gradualmente se torna-se uma pea comum a todas as
classes. Deu-se a hegemonia do jeans.
O jeans de luxo veio introduzir novas funes do vesturio cala jeans. Esta afirmou-se
como um produto de estilo, alm do seu carter utilitrio. As tradicionais calas jeans comuns
eram denominadas de blue jeans, pelo motivo bvio de serem de cor azul ndigo. Com esta
nova estratgia de marketing reinventaram-se novos conceitos, novas silhuetas e novas
paletas de cor. Surgiram as skinnies, que realavam as curvas do corpo feminino, associou-se
o elastano aos fios de algodo, novos tons surgiram para quebrar a monotonia do azul ndigo e
introduziram-se aos poucos acabamentos com diversos tipos de lavagem (Breward, Eicher,
Major, & Tortora, 2005).
Nesta fase, vrias foram as marcas de design de autor ligadas cala jeans. Ej Gitano,
Jordache, Guess, Girbaud, Sergio Valente, Chic, Zena e Sassoon, que vendo o sucesso da
Calvin Klein, investiram no negcio das calas jeans.
Num clebre anncio da Calvin Klein, em 1980, Brooke Shields declarou, de forma sedutora,
"No h nada entre mim e as minhas Calvin". O anncio foi controverso, o que levou a que as
vendas de jeans desta marca disparassem, comprovando-se assim a teoria de Monteiro (2007).
4 O status ou estatuto social o lugar, a importncia, o prestgio atribudos a algum na sociedade.
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Captulo 2 Mercado do design de calas jeans
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Com o aumento de vendas, houve uma queda de preos, logo uma democratizao do uso do
jeans em praticamente todo o mundo.
Nos anos 80 introduz-se uma inovao na cala jeans, marcada por uma nova necessidade.
introduzido o fio de elastano, que veio proporcionar maior conforto por se adaptar melhor
silhueta e maior facilidade em se vestirem modelos skinny. Deu-se incio a uma srie de
outras inovaes, como os vrios processos de lavagem que concebiam a cala jeans o
requisito de efeitos diferenciados.
2.3.2.1 Marcas mais caras de jeans na atualidade
Segundo Gabrielle Coco Chanel5, "o luxo uma necessidade que inicia quando a necessidade
acaba. Esta afirmao mostra o lado da busca incessante por novidades no mundo da moda.
De fato, mesmo tendo sido dita no incio do sculo XX, aquando o boom do luxo como
mercado de moda, uma expresso que continua adequada, e que mostra que o fator
diferenciao muito importante no comportamento de compra do consumidor de moda.
Nos dias de hoje existem algumas marcas de jeans de alta-costura. Os elementos
diferenciados torna-os um must-have para as classes sociais com maior poder de compra.
Estes so atrados pelas variadas opes de customizao, com adornos de bordados,
swarovkis, rebites em platina com diamantes incorporados, alm de excelentes tecidos e
acabamentos diferenciados. Os preos de um par de calas chegam a custar tanto como um
carro de luxo, ou at mais. Descrevem-se, a seguir as 10 marcas de jeans mais caras
existentes e as vantagens competitivas que apresentam entre si.
Secret Circus
Esta a marca de jeans que encabea o top. Os criadores desta marca apostam na ideia de
que os diamantes so os melhores amigos de uma rapariga6, apenas transpondo os locais
tpicos do seu uso para um bolso de trs de uma cala, por exemplo. Tm uma coleo
prpria de diamantes de alta qualidade, para customizao das calas que produzem. Estima-
se que o par de calas mais caro encabeou 8,949,740.08 EUR.
Trashed Denim Jeans
a marca de design de jeans para homem mais cara, de Dussault Apparels. So decoradas
com ouro, rubis e diamantes e so submetidas a 13 ciclos de lavagem, seguidos de
tingimentos entre eles. Cada par est avaliado em 1,820,470.97 EUR.
Levi Strauss & Co.
5 Coco Chanel foi uma importante designer, que introduziu o conceito de prt-a-porter. 6 Diamonds are a girls best friend de Marilyn Monroe
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Captulo 2 Mercado do design de calas jeans
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O terceiro lugar dos jeans mais caros vai para um par que remonta dcada de 80. Estes
jeans, que so um original do modelo Levi 501, foram vendidos em leilo no eBay em 2005 por
uma quantia que se traduz hoje em dia em 474,782.97 EUR.
Escada
Umas calas de luxo da Escada permitem selecionar todos os detalhes e estilos que a
imaginao desejar. O preo final fixado em conformidade. O modelo mais caro at hoje
vendido era personalizado com cristais Swarovski e custou 74,300.86 EUR.
Figura 2.7 Jeans mais caros do mundo: Levis, Gucci, Roberto Cavalli
Retirado de http://amazing.funnydreams.net/ em 12/7/2011
Gucci
Esta marca tem uma grande procura pela sua identidade, ligada elegncia e
intemporalidade. Trabalha com modelos de jeans regulares que so sujeitos a acabamentos
que lhes conferem um estilo junky. Em 1998, a Gucci entrou para o Guiness World Records
com o modelo Gucci Jeans Genious, o mais caro at ento. Era rasgado, coberto de missangas
africanas e com um ar gasto. Foram vendidos por mais de 30,592.58 EUR.
APO Jeans
Esta marca trabalha com a diferenciao de escolha dos materiais dos rebites, em ouro,
prata, platina ou diamantes. Estes podem incluir-se no lugar de botes, por exemplo. Alem
disso, os forros dos bolsos so em seda pura e o zper7 polido e banhado tambm em
materiais nobres. A APO define o seu jeans como premium, pelo que tambm o preo
acompanha esta tendncia. Oferecem uma garantia de um prestigiado joalheiro de Nova
Iorque para que o investimento esteja protegido. Esto avaliadas em cerca de 30,591.87 EUR.
7 Fecho de correr.
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Captulo 2 Mercado do design de calas jeans
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Roberto Cavalli Jeans
Iniciou-se no segmento de jeans femininos e alargou-se para o segmento infantil e masculino.
conhecido pela cala justa, de cintura baixa e alta para as mulheres. Muitas celebridades
como Jennifer Lopez e o elenco de Sex in the City8 elegem como favorita esta marca. Existem
modelos desta marca a 8,884.15 EUR.
Ernest Sewn
Trabalha com o made measure, isto , cada para de jeans feito medida do utilizador
proporcionando um ajuste perfeito. So elaborados com lotes raros de denim e tingidos
artesanalmente, o que os torna nicos. Estimam-se em cerca de 8,736.46 EUR.
Figura 2.8 Exemplos de acabamentos diferenciados
Retirado de http://amazing.funnydreams.net/ em 12/7/2011
Dolce & Gabbana
Esta marca tem um status muito afirmado entre as celebridades. Um dos toques finais o
logtipo da marca em ouro e um patch de couro rosa que permite fazer a identificao da
marca. Vo at 8,881.90 EUR e em verses limitadas o que faz haver listas de espera para a
sua aquisio.
7 For All Mankind conhecida pelo tecido de alta qualidade e corte excecional. O corte
destas peas garante a iluso de pernas mais finas e ancas menos largas. Existem em
diferentes cores, texturas e designs. Os preos variam de algumas centenas de euros at
linha de topo que pode chegar 8,733.37 EUR.
8 Famosa srie televisiva.
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Captulo 2 Mercado do design de calas jeans
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Atravs desta sntese, podemos verificar que o mercado de luxo aposta na customizao como
item primordial. Cada par de calas nico, assim como cada utilizador. Os pblicos-alvo
mais abastados so, ento atrados pela individualizao. Para Marc Jacobs9, A forma como
defino o luxo no o tecido ou a fibra ou a quantidade de detalhes em ouro na pea... Essa
uma definio antiga. Para mim, luxo tem a ver com agradar a si mesmo e no se vestir para
os outros". Podemos entender, que existe uma contradio entre a satisfao pessoal e
consumo conspcuo10, o que torna uma das oportunidades de negcio no mundo do luxo
corrompido de hoje em dia. A definio de luxo j no , portanto, a mesma (Thomas,
2008).
2.3.2.2 Prospeo de mercado
Segundo dados do NPD11, em 2005, o volume de vendas deste mercado de luxo de calas jeans
duplicou em relao ao ano anterior. Existem dados mais recentes que mantm esta
tendncia de procura de consumo. O mercado premium do denim tem evoludo de forma
muito positiva, o que fez ter havido um aumento de empresas a trabalh-lo. Assim, exige-se
s empresas que criem novas estratgias capazes de atingir vantagens competitivas:
introduo de novas sub-linhas de jeans e o estudo de novos nichos de mercado, com
diferentes anseios, capazes de gerar atratividade no mercado. Deve-se apostar na
criatividade e anteviso de necessidades de um dado nicho de mercado (Church, 2007).
2.4 Identidade do jeans
Desde o seu aparecimento at aos dias de hoje, que a cala jeans inventou e reinventou
novas silhuetas, cortes, formas e cores que se localizam num dado espao temporal e social.
O jeans, ao longo da sua evoluo, nunca perdeu a funo primordial de cobrir o corpo e de
ser um tipo de vesturio de cariz prtico, de fcil manuteno e resistente.
Com mais de um sculo e meio, o jeans um verdadeiro identificador social e de pertena
grupal (Catoira, Moda Jeans: Fantasia Esttica sem Preconceitos, 2009). Mostrou-se ser um
item com caractersticas perenes pois nunca deixou de atender s necessidades de
individualidade de cada ser e conseguiu ser um denominador comum a todas as tribos sociais.
Por detrs do processo de compra de vesturio encontram-se vrias condicionantes pois a
aparncia no pode, desvincular-se da realidade econmica, industrial, comercial e do
marketing, que a base de apoio de toda a dinmica do mercado regido por vrias
estratgias. As tendncias de mercado, identificadas pelos profissionais da moda ditam as
escolhas dos clientes. importante que os profissionais do txtil e do vesturio antecipem
tendncias futuras de consumo.
9 Antigo diretor criativo da Louis Vuitton e recm da Dior (aps sada controversa de John Galliano). 10 Distinto. 11 National Purchase Diary, empresa de pesquisa de mercado.
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Captulo 2 Mercado do design de calas jeans
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De acordo com Catoira (2009)
a sociedade consumista quer novidades, e a indstria, para no perder a participao no
mercado, precisa inovar no produto e tambm na comunicao. O comportamento
motivacional dos indivduos explicado pelas necessidades humanas. Essa motivao
resultado de estmulos que agem sobre os indivduos, levando-os ao. O consumo uma
das caractersticas das sociedades ocidentais capitalistas que, motivadas ou estimuladas
por necessidades internas ou externas, buscam a satisfao dos seus desejos. (pp. 98,99)
Alguns dos principais requisitos que o consumidor busca no ato de compra, mesmo que
involuntariamente, esto expressos na Tabela 2.1
Tabela 2.1 Requisitos de uso da cala jeans
Adaptado de Moda Jeans: Fantasia Esttica sem Preconceitos em 18/09/2011
Requisitos de uso Estmulo da Compra
Cor
Tendncia/moda;
Coordenao com peas e acessrios
Modelagem
Tendncia;
Bitipo;
Conforto/flexibilidade;
Coordenao com peas e acessrios.
Composio
Maciez, leveza e toque;
Qualidade, conforto e durabilidade.
Acabamentos
Agregam valor;
Conceito de pea nica;
Diferenciao do produto;
Nichos de mercado.
2.4.1 Evoluo das modelagens
As calas jeans j foram alvo de vrias modelagens, que pelo carter cclico da moda se
reinventaram e se introduziram, novamente como tendncia num dado momento da histria.
Quando o jeans surgiu, e visto que era de carter meramente utilitrio, a sua silhueta era
ampla, o cs elevava-se at cintura e eram pouco ajustadas.
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Captulo 2 Mercado do design de calas jeans
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O primeiro modelo surgiu em 1873 e perdura at aos dias de hoje, embora tenha sido alvo de
vrias adaptaes12 (Lv & Huiguang, 2007). O five pockets, da Levis apresenta caractersticas
comuns em todos os vrios modelos, como o corte reto, o design quadrado, solto e cmodo e
cs pela linha da cintura.
Figura 2.9 Vrios modelos da Levis 501
Adaptado de Jeans (2007), em 29/6/2011
Os anos 50 marcaram a histria do jeans de forma significativa, pois a mulher entrou neste
mercado, levando ao ajuste da modelagem. A silhueta era mais marcada e afinada e a cintura
permanecia subida. O mercado feminino sempre foi mais exigente do que o masculino, o que
fez com que os criadores de moda ousassem mais e criassem uma maior variedade de escolha,
iniciando-se o conceito de diferenciao do produto (Guerrezi, 2008). Marylin Monroe foi a
precursora desta nova tendncia de uso de calas jeans ajustadas ao corpo. A cala five
pockets tambm foi usada, contudo, o modelo preferido era o capri (fig.2.12).
Nos anos 60, o jeans incorporou o artesanato, atravs de bordados e desenhos recortados. O
modelo mais importante foi o cigarrette13, e quem o eternizou foi a diva do cinema Audrey
Hepburn.
Os anos 70 foram marcados pela atitude irreverente e jovial, era a poca dos hippies. Calas
pantalonas (fig.2.14) e boca-de-sino estavam no guarda-roupa de todos os jovens da poca.
Em suma, foi a dcada das calas de boca nos mais diversos estilos, do folk, chique ou
clssico.
12 Desde 1873 a 2003, a Levis criou 13 designs de jeans 501. 13 Modelo de jeans antecedente s skinnys. Justos, mas no coleantes devido a inexistncia da aplicao do elastano.
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Captulo 2 Mercado do design de calas jeans
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Figura 2.10 Modelo capri e modelo skinny
Retirado de http://www.lycrafuturedesigners.com/ em 2/6/2011
O elastano surge nos anos 80 aplicado ao jeans, o que proporciona um maior conforto e
facilidade de vestir s calas justas. Foi uma grande revoluo para a indstria do jeans pois
trouxe as calas skinnys ao mercado. nesta dcada que a Gucci se comea a segmentar nas
colees de jeans e o denim aparece em quase todas as peas de vesturio e no apenas em
calas (Catoira, Jeans: A Roupa que Transcende a Moda, 2006).
Ao fim de mais de uma dcada de tendncia de uso de jeans com vrias lavagens, o denim viu
um retorno ao estilo clssico, o jeans escuro. Este foi visto como intelectual e irnico, um
retrocesso deliberado. Os estilos de hip-hop do incio dos anos 1990 foram caracterizados por
tamanhos over-sized, baggy jeans de cintura baixa, com os cintos de fivela prateada
incorporados. Com base em estilos populares entre as tribos do hip-hop, as marcas de
sportswear urbano como FUBU, Rocawear e Phat Farm sobressaram. Tambm as marcas de
luxo como Tommy Hilfiger e Polo Jeans se incorporaram nesta tendncia (Breward, Eicher,
Major, & Tortora, Volume 2: Fads to Nylon, 2005).
Os anos 90 tornam-se revivalistas, porm, com valor acrescido no que toca a detalhes
funcionais e utilitrios. As silhuetas recebem influncias militares ou detalhes desportivos. A
Gucci reviveu o jeans bordado usado anteriormente. Os detalhes tnicos como as penas,
missangas, bordados franjas retomam em fora. O blue jeans deu lugar a novas cores, como o
preto, verde e o rosa, que nunca superaram o primeiro. Em 1999, Levi Strauss and Co. lanou
a linha Red, uma gama de jeans de altos preos e estilo vintage. Tambm a Lee seguiu esta
tendncia, levando o jeans s suas razes (Breward et al.,Volume 2: Fads to Nylon, 2005). As
modelagens mais vendidas eram de cintura subida e corte reto.
No incio do sculo XXI viveu-se uma nova prosperidade nas vendas a retalho da moda. O
rpido avano tecnolgico dos tecidos aumenta a gama dos tecidos sintticos e cria as
microfibras e os tecidos inteligentes tornando as roupas mais prticas e confortveis. Dior,
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Captulo 2 Mercado do design de calas jeans
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Chanel e muitas outras marcas incorporam o denim de forma permante nas suas colees de
prt-a-porter. O denim um clssico, uma tendncia perene.
Figura 2.11 Vrios cortes de calas femininas
Adaptado de Jeans: a roupa que transcende a moda (2006) em 3/7/2011
Figura 2.12 Tipos de calas jeans em vrias tribos sociais
Adaptado de Jeans: a roupa que transcende a moda (2006) em 3/7/2011
Em concluso, denota-se que em termos de modelagem, a cala jeans varia ao nvel da altura
do gancho, com a cintura alta ou descida. Varia em largura, com calas retas, largas, skinny
ou boca-de-sino. Por fim, varia em termos de comprimento, que vai desde o joelho at aos
calcanhares. Temos por ltimo os tipos de calas com tipologias mais marcadas e que esto
associadas a tribos sociais.
Os critrios de procura do mercado do jeans alteram-se e renovam-se ciclicamente ao nvel
das formas e cores, contudo, com a crescente evoluo tecnolgica, novas necessidades
surgem.
Five Pockets Skinnys Pantalonas Cintura alta Baggy New Hippy
Roqueira Cowboy Hippy Punk Yuppie Skater
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Captulo 2 Mercado do design de calas jeans
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Hoje, o consumidor encontra-se bastante sensivel para a sustentabilidade, edies especiais e
limitadas com lavagens e cortes nicos, e preferencialmente cortes que valorizem ou
disfarem certas zonas do corpo. Estamos neste momento numa corrida a favor da busca da
eterna juventude e sade e da busca da modelagem perfeita que encaixe de forma perfeita.
Segue abaixo uma tabela com as vrias caractersticas das calas jeans e como podem
valorizar diferentes bitipos.
Tabela 2.2 Valorizao do corpo atravs da modelagem
Adaptado de Moda Jeans: Fantasia Esttica sem Preconceitos em 21/09/2011
Caractersticas da cala reas destacadas
Cintura alta
Cintura baixa
Alternativa para troncos alongados;
Valoriza quem tem ancas estreitas.
Boca larga
Calas skinnys
Ideal para quem tem os tornozelos grossos;
Ampliam as ancas e afinam as pernas.
Cs largo Para quem tem pouca cintura.
Calas retas Para parecer mais magra pois afinam a regio das ancas e quadris.
Lavagens escuras
Lavagens localizadas
Enxugam as formas e afinam a silhueta;
Para quem tem ancas estreitas.
Cintura baixa e gancho curto Valorizam ancas.
Curtas - corsrios Para quem tem tronco curto pois equilibra propores.
Bolsos diagonais, lapelas e modelos com elastano
Para aumentar os glteos. Efeito push-up
Solta, bolsos traseiros baixos ou sem eles, lavagem escura
Para diminuir os glteos. Efeito push-in.
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Captulo 2 Mercado do design de calas jeans
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2.5 Lavagens e acabamentos
Desde o incio da criao que o jeans j incorporava lavagens, embora no fossem efetuadas
de forma propositada. As primeiras calas elaboradas com denim foram utilizadas pelos
velejadores da marinha genovesa. Estes sujeitavam as suas calas a vrias situaes de uso,
em estado molhado e em estado seco, e enrolavam as pernas das suas calas diariamente,
para que tivessem os movimentos de subida ao convs mais facilitados. Estas calas iriam ser
branqueadas, pela gua do mar, pela lixivia e pelo arrastamento pelas redes por trs do
navio. Neste ponto de vista possvel ver como a histria do uso importante e contribuiu
desde o seu incio para as lavagens e acabamentos das calas jeans (Mahlmeister, 2009).
Foi na dcada de 60 que o beneficiamento atravs das lavagens comeou a ganhar forma. Os
hippies, viram que atravs do uso produziam efeitos nos seus jeans devido ao desgaste da
pea. Vendo o potencial do jeans no que toca a efeitos visuais, comearam a efetuar lavagens
caseiras, atravs do uso de hipoclorito de sdio. Logo em seguida, tendo a indstria verificado
esta tendncia, aproveitou-a e massificou-a.
As indstrias iniciaram a sua atividade dos acabamentos de desbotamento ou envelhecimento
das peas atravs de produtos qumicos e da pedra-pomes, que viria mais tarde a dar lugar
argila nodulizada durante o processo de lavagem, para proporcionar o desgaste do tecido
(Mahlmeister, 2009). O aspeto usado e desgastado obtido, na maioria das vezes por
processos manuais e muitas vezes so feitos antes dos processos de lavandaria, contribuindo
para a diferenciao.
Figura 2.13 Lavagens manuais dadas aos jeans
Retirado de Design de Moda ps-moderno: o jeans como referncia (2009) em 22/6/2011
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Captulo 2 Mercado do design de calas jeans
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2.5.1 Principais processos de lavagem
As diferenas de tons das calas jeans azul ndigo so derivadas de processos de lavandaria.
importante, neste contexto, referir que o denim em bruto comercializado sem nenhum
acabamento, ou apenas com amaciantes para que se entendam as diferenas entre os vrios
processos. Mahlmeister (2009) define alguns:
Destroyed
uma lavagem feita com corrosivos qumicos que permite colocar rasges e cores aleatrias,
atravs de pr-tingimentos antes da lavagem.
Dirty wash
efetuada em jeans com base ndigo mdia (atravs de pr-lavagem stone-wash), com
sobreposio de tinta em tom caqui, o que d a sensao de envelhecido. Pode ser aplicado
sobre a pea j pronta.
Stone-wash
A grande maioria dos jeans tem este processo. So utilizados alguns tipos de abrasivos,
normalmente pedras com ou sem associao de qumicos. A pedra-pomes, indicada para
tecidos mdios e pesados, a pedra cenazita, para tecidos mdios e pesados e, por ltimo, a
perlite e ps abrasivos para desgaste de denim mais leve e delicado.
Figura 2.14 Pedras usadas em lavagens de denim: pedra-pomes, cenazita e perlite
Retirado de Design de Moda ps-moderno: o jeans como referncia (2009) em 21/6/2011
Acid-Wash
feita com qumicos de alta densidade que so borrifados no jeans acabado de forma
irregular, para proporcionar lavagens apenas em algumas zonas. Pode ser auxiliado atravs de
Tie- Dye14 .
14 Tie- Dye: ver glossrio.
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Captulo 2 Mercado do design de calas jeans
25
Mdium Distressed
Lavagem destinada a denim sem pr-branqueamentos. Leva um tratamento de amaciamento,
para ser mais fcil o lixamento manual a que sujeito.
Second Hand
Aparncia de cala jeans j utilizada. Stone-washes localizados em zonas onde ocorre
desgaste durante o processo de uso de uma cala jeans sem lavagens.
Figura 2.15 Tendncias 11/12 de lavagens e acabamentos
Retirado de View2, n10 e Sports&Street, n58 em 17/10/2011
Temos ainda outras lavagens no especificadas como a Fire-Wash, Silver-Black, Snow-Wash,
Overdie, entre tantas outras.
2.6 Tendncias denim S/S 2011 e A/W 2012
importante para o designer de moda estar atento s principais tendncias junto dos
mercados internacionais, para poder competir e qui associar vantagem competitiva a uma
tendncia de consumo que se esteja a verificar. O designer de moda tem ao seu dispor um
conjunto de ferramentas que permitem antever oportunidades de negcio latentes.
Para esta subseco consultaram-se websites de marcas especficas, bem como, revistas de
tendncias internacionais. So elas a Collezioni Donna, n 143 e 144; Collezioni Trends, n94;
Collezioni Sport&Street n58 e 61 e View2 n10 e 11. Tambm foi consultada a base de dados
da Worth Global Style Network (WGSN).
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Captulo 2 Mercado do design de calas jeans
26
2.6.1 Tendncias denim S/S 11/12
2.6.1.1 WGSN
Figura 2.16 Tendncias vero 11/12 denim1
Retirado de WGSN em 17/10/2011
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Captulo 2 Mercado do design de calas jeans
27
Figura 2.17 Tendncias vero 11/12 denim2
Retirado de WGSN em 17/10/2011
1) Jeans sem lavagem e escuros;
2) Macaces;
3) Lavagem Acid-Wash e Cloudy-Wash;
4) Bolsos descosidos e aplicaes;
5) Efeito couro;
6) Modelos vintage15;
7) Patchwork16;
8) Denim total;
9) Coletes de lavagens claras;
10) Modelos skinny, com barra dobrada.
15 Vintage uma tendncia retrgrada, efeito dado por tecidos desgastados. Aparncia de antigo. 16 Tcnica onde so utilizados retalhos de tecidos sobre uma dada pea.
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Captulo 2 Mercado do design de calas jeans
28
2.6.1.2 Collezioni Donna, n144, S/S 2011
Figura 2.18 Tendncias vero 11/12 denim3
Retirado de Collezioni Donna, n144, s/s 2011 em 25/09/2011
1) Efeitos cromticos antagnicos;
2) Cala skinny;
3) Gtico, punk;
4) Envelhecimentos;
5) Coletes e cales;
1) 1) 2)
3) 4) 5)
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Captulo 2 Mercado do design de calas jeans
29
2.6.2 Tendncias denim A/W 11/12
2.6.2.1 Collezioni Sport&Street, n61, A/W 11/12
Figura 2.19 Tendncias inverno 12 denim
Retirado de Collezioni Sport&Street, n61, A/W 11/12 em 25/09/2011
1) Casacos em denim;
2) Macaces;
3) Dobras dos jeans;
4) Vestidos;
5) Calas skinny;
1) 2) 3)
4) 5)
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Captulo 2 Mercado do design de calas jeans
30
2.6.2.2 View2, n10 A/W 11/12
Figura 2.20 Tendncias inverno 11/12 denim
Retirado de View2, n10 em 25/09/2011
1) Dobras dos jeans;
2) Novas cores;
3) Padres;
4) Acabamentos com efeito de amassado e vincos;
3)
1) 1)
2)
2)
4)
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Captulo 2 Mercado do design de calas jeans
31
2.7 Acabamentos funcionais no mercado do jeans
Os acabamentos txteis so muito importantes na indstria txtil, na medida em que vo
muito alm do fator esttico, atrs falado. A vasta oferta de tecnologias permite o aumento
das pesquisas nesta rea para a elaborao de tecidos funcionais e inteligentes, focados em
nichos de mercado. O setor do desporto e artigos mdicos so os de maior relevncia nesta
rea.
Os processos de ultimao, permitem tambm, um acrscimo de valor atravs da
funcionalizao com produtos no microencapsulados, geralmente associados a amaciadores;
com a tecnologia de microencapsulao, com a utilizao de ciclodextrinas e por ltimo, com
nano acabamentos17. As microcpsulas oferecem vantagens em relao s micro emulses no
tempo de vida do agente ativo, que so mais resistentes face aos agentes exteriores e
libertam de forma gradual o composto.
2.7.1 Pesquisa de mercado
Na parte experimental, so utilizados extratos de plantas incorporados em micro emulses de
silicone que combatem a m circulao. importante fazer uma pesquisa de mercado sobre o
que j existe, para entender como trabalhado, e para que mercados. uma tarefa difcil
saber as especificaes dos produtos empregues pois so dados confidenciais, para no
permitir a fuga de informao e aumento da competitividade nos mercados.
No mercado j existem algumas marcas de jeans a trabalhar com o conceito de incorporao
de loes para a pele, com efeitos hidratantes, cicatrizantes e regenerantes; e do combate
celulite, com micro emulses de cafena.
Pela pesquisa efetuada, todos os tratamentos incorporados em calas jeans remetem para as
questes de culto da beleza e do corpo, pois apenas foram encontradas aplicaes no domnio
anti celulite.
De fato, a maior tendncia de vendas no mercado mais jovem, a quem preocupa em maior
percentagem o culto do corpo perfeito. A tendncia do perfect-fit tem aumentado a cada
dia. Existem hoje em dia modelos de cala jeans para dar a sensao de aumento dos glteos
e de diminuio, push-up e efeito push-in, atravs de sistemas de cortes e pinas anatmicas
cuidadosamente estudados. As empresas, vendo o aumento substancial destas linhas de
produto, esto agora a incorporar produtos que prometem atenuar/prevenir os sinais visuais
interditantes imagem de um fsico perfeito.
17 Segundo dados do Citeve no seminrio Inovao no Setor Txtil e do Vesturio. Ideias&Oportunidades, a 15 de setembro de 2005.
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Captulo 2 Mercado do design de calas jeans
32
Ao nvel do mercado portugus, temos a Tiffosi Jeans a trabalhar com o conceito da cala anti
celulite, com sistema de recarga do produto aps algumas lavagens. Insere-se na coleo The
Push Up Collection Push Up Tiffosi. Segundo a marca, estes jeans contm creme anti
celultico. O objetivo o uso continuado da cala de modo a que se possa diariamente
absorver o creme. Como qualquer produto, vai perdendo as suas propriedades, pelo que
necessrio efetuar uma nova fixao do produto atravs do processo de esgotamento, feito
em casa, numa mquina de lavar. Trs uma ficha de segurana de aplicao do produto, que
ao fim de 30 lavagens, a temperatura baixa (40).
Figura 2.21 The Push Up Collection
Retirado de http://www.tiffosi.com/ 30/08/2011
Existe em Itlia uma marca de jeans, a Lerock, que se uniu a Lucas Berti18 e desenvolveu a
linha de jeans Eve Lerock, Anti celulite. As calas combinam um design anatmico e um
composto ativo desenvolvido e patenteado em exclusivo para a marca. Esta marca fornece no
site bastantes informaes acerca das instrues de uso e manuteno da cala, assim como
especificaes das composies da micro emulso impregnada.
Figura 2.22 Eve Lerock Anticelulite
Retirado de http://www.lerock.it/ em 20/10/2011
18 Lucas Berti dono da empresa Cristall em Itlia. Com bastante experincia em txtil, trabalhou em marcas como a Diesel e Parasuco.
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Captulo 2 Mercado do design de calas jeans
33
O modelo Eve Lerock combina trs componentes ativos: a escina, cafena e vitamina E. No
captulo 4 fala-se da escina como composto venotnico. O produto aplicado no avesso do
denim para permitir um maior contato com a pele.
A marca garante que aps 28 dias a cala reduz o volume da cintura at 1,8cm, das ancas ate
1,6cm quando seguidas as recomendaes de uso: as calas devem ser vestidas por 28 dias,
com intervalos a cada seis dias para lavar a pea, o que perfaz um ciclo de uso. O tratamento
mostra efeitos aps quatro ciclos.
Figura 2.23 Recarga comercializada para a Eve Lerock Anticelulite
Retirado de http://www.lerock.it/ em 20/10/2011
O produto tem um tempo de permanncia, assim como na cala da Tiffosi. Segundo a marca,
terceira lavagem (recomenda-se que sejam feitas a 30), as microcpsulas perdem 30% da
eficcia. Por isso, vendido em separado o kit de recarga, que pode ser comprado
separadamente. A cala entrou no mercado em maio de 2010.
Estas duas marcas mostram como h a possibilidade de entrada de mercado desta nova linha
de pensamento dos designers de moda e engenheiros txteis, em que se coloca o vesturio a
favor da cosmtica e no caso concreto do presente trabalho, da sade. De fato, a pertinncia
deste breve estudo era entender o que j estava a ser feito no mbito das associaes de
micro emulses ao mercado do jeans.
Em seguida, inicia-se o captulo 3, que explica toda a dinmica do funcionamento da
circulao sangunea, do ponto de vista da medicina.
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34
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Captulo 3 Sistema cardiovascular
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36
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Captulo 3 Sistema cardiovascular
37
O sistema cardiovascular, tambm denominado por sistema circulatrio, o responsvel pelo
transporte do sangue por todo o corpo, fornecendo desta forma oxignio, calor, substncias
nutritivas e hormonas aos tecidos para o exerccio das suas atividades vitais. Tambm executa
a funo de transportar os produtos finais do metabolismo at aos rgos responsveis pela
sua eliminao.
O transporte do sangue, rico em oxignio e nutrientes, assegurado pelos elementos que
integram o sistema circulatrio, sendo eles, o corao, que a bomba propulsora do sangue,
e as artrias, veias, capilares e vasos sanguneos, que so as vias que o sangue percorre
(Souza & Elias, 2006).
3.1 Corao
3.1.1 Anatomia do corao
O corao situa-se na parte superior da cavidade do peito, um pouco esquerda e tem,
aproximadamente, o volume de um punho (Soares & Ferreira, 2000). um rgo muscular e
cavitrio que exerce a funo de bombeamento contnuo do sangue pela extensa rvore
circulatria que o compe. O corao considerado a bomba propulsora ideal para o sistema
circulatrio, com capacidade de ejeo de volumes de sangue variveis (Malaghini, 1999).
Como pode ser observado na figura abaixo, o corao constitudo por quatro
compartimentos: duas aurculas (9) e (11) e dois ventrculos (10) e (12). As aurculas so as
cmaras de receo do sangue e os ventrculos as cmaras de expulso. As aurculas situam-se
na zona superior do corao e so menores que os ventrculos (Gonalves, 2007).
Figura 3.1 Anatomia interna e externa do corao
Retirada de http://www.reocities.com/~malaghini/coracao.html em 06/04/2011
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Captulo 3 Sistema cardiovascular
38
As cmaras supra indicadas exercem funes especficas na circulao sangunea: enquanto
cada aurcula bombeia sangue apenas para o ventrculo imediatamente abaixo dele, o
ventrculo direito bombeia sangue para os pulmes, e o esquerdo, para todas as partes do
corpo.
3.1.2 Ciclo cardaco: sstoles e distoles
O corao constitudo por trs camadas, sendo elas: o pericrdio, que a membrana dupla
que reveste externamente, o endocrdio, que reveste internamente e o miocrdio, que o
msculo responsvel pelas contraes do corao. Existem dois momentos de ao do
miocrdio: a sstole, em que se d a contrao do miocrdio e a distole que o momento de
relaxamento.
O ciclo cardaco corresponde a um batimento cardaco completo. Para este se dar incluem-se
quatro eventos mecnicos: a contrao auricular (sstole auricular), o relaxamento auricular
(distole auricular), a contrao ventricular (sstole ventricular) e o relaxamento ventricular
(distole ventricular) (Souza & Elias, 2006).
O ciclo inicia-se com a sstole auricular. As aurculas esto cheias de sangue e as suas paredes
contraem-se simultaneamente, bombeando o sangue para os ventrculos abaixo delas atravs
das vlvulas auricoventriculares (AV). Para receber o sangue das aurculas, os ventrculos
devem estar relaxados, isto , em distole. Portanto, a sstole auricular ocorre
simultaneamente distole ventricular. Uma vez cheios, os ventrculos contraem-se (sstole
ventricular), o que faz as vlvulas AV se fecharem, impedindo que o sangue retorne para as
aurculas.
Figura 3.2 Fases do ciclo cardaco
Traduzida de http://vivoenelterceroi.wordpress.com/2011/04/page/2/ em 10/04/2011
Vlvula Mitral
Sstole
Movimento de contrao
Distole
Sstole auricular Sstole ventricular
Distole Aurculas
Veia Cava
Ventrculos Vlvula Tricspide
Veias pulmonares
Artria aorta
Artria
pulmonar
Mov. de relaxamento
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Captulo 3 Sistema cardiovascular
39
O sangue sai, ento, atravs de grandes vasos ligados aos ventrculos. Do ventrculo direito
parte o tronco pulmonar, que se ramifica nas artrias pulmonares, as quais conduzem sangue
para os pulmes; do ventrculo esquerdo parte a artria aorta, que conduz sangue para todas
as demais partes do corpo. A sequncia completa de distoles e sstoles das cmaras
cardacas constitui o ciclo cardaco.
3.1.3 Vlvulas do corao
O sangue no corao flui na mesma direo derivado a um sistema de quatro vlvulas de
sentido nico atuando no fechamento das cmaras do corao no tempo devido do ciclo
cardaco (Zaret & Moser, 1992).
Durante a sstole ventricular, a vlvula artica e pulmonar abrem-se, permitindo que o sangue
seja bombeado para o sistema circulatrio pulmonar e geral. As vlvulas mitral e tricspide
mantm-se fechadas. Na distole ventricular, as vlvulas artica e pulmonar fecham-se, ao
invs da mitral e tricspide que se mantm abertas, permitindo ao sangue fluir das aurculas
aos ventrculos (Pblico - Comunicao Social, S.A., 2006).
Figura 3.3 Sistema de vlvulas do corao, sstole e distole ventricular.
Retirada de Atlas do Corpo Humano Sistemas (II) (2006) em 08/05/2011
A funo das vlvulas pulmonar e artica impedir o retorno do sangue para os ventrculos,
de onde saiu. Quando o sangue sai, as vlvulas so empurradas contra as paredes arteriais,
no dando resistncia ao fluxo de sangue, em contrapartida, se este regressar ao corao as
vlvulas fecham-se (Pblico - Comunicao Social, S.A., 2006).
Vlvula pulmonar
(aberta)
Vlvula pulmonar
(fechada)
Vlvula artica
(fechada) Vlvula artica
(aberta)
Vlvula tricspide
(aberta)
Vlvula tricspide
(fechada)
Vlvula mitral (aberta)
Vlvula mitral (fechada)
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Captulo 3 Sistema cardiovascular
40
3.2 Fisiologia da circulao
O sangue que circula pelo corpo entra no corao pelas veias cavas, que vo ter aurcula
direita. A veia cava superior contm o sangue que circulou pela cabea, braos e parte
superior do tronco e a veia cava inferior traz o sangue que circulou pelas pernas e pela parte
inferior do tronco. O sangue que circulou pelos pulmes retorna ao corao por duas veias
pulmonares que desembocam no trio esquerdo.
3.2.1 Sangue arterial e venoso
O sangue o meio lquido que flui pelo sistema circulatrio entre os diversos rgos
transportando nutrientes, hormonas, eletrlitos, gua, resduos do metabolismo celular e
outras substncias (Gonalves, 2007).
O sangue transporta oxignio dos pulmes aos tecidos, que libertado nos capilares
sanguneos. O teor de oxignio esgota-se no sangue, dando lugar ao dixido de carbono. Este
e os demais resduos resultantes do metabolismo celular so eliminados atravs do suor, da
urina ou fezes e da respirao (Souza & Elias, 2006).
O termo sangue arterial no significa sangue que circula nas artrias, mas sim sangue rico em
oxignio. De fato, o sangue arterial circula nos dois tipos de vasos, artrias e veias. J o
sangue venoso circula nas artrias pulmonares e pobre em oxignio e rico em dixido de
carbono.
3.2.2 Circulao no corao sistema arterial e sistema venoso
Existem dois tipos de circulao no corao, a venosa, em que o sangue rico em CO2
(produzido na respirao celular), e a arterial, em que o sangue rico em O2 (gerado nos
pulmes). Do lado direito do corao apenas passa sangue no oxigenado, ao invs do lado
esquerdo, onde h a passagem de apenas sangue oxigenado. No ocorre, portanto, interao
de sangue oxigenado e no oxigenado.
Figura 3.4 Circulao no corao
Retirada de www.serdigital.com.br/ em 11/05/2011
Corpo Pulmo
Pulmo Corpo
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Captulo 3 Sistema cardiovascular
41
3.2.3 Circulao no corpo - circulao sistmica e circulao pulmonar
A circulao sistmica ou grande circulao a fase principal da circulao do sangue, em
que este, saindo do ventrculo esquerdo pela aorta, chega atravs das artrias e dos capilares
aos tecidos e regressa, atravs das veias, at s duas cavas, que o conduzem aurcula
direita, de onde passa ao ventrculo direito. Na grande circulao h a oxigenao dos
tecidos.
J a circulao pulmonar ou pequena circulao a fase pulmonar da circulao do sangue
onda h a participao da troca de gases nos alvolos. O sangue sai do ventrculo direito,
passa pelos pulmes para ser oxigenado e, aps atravessar as quatro veias pulmonares, volta
ao corao, penetrando pela aurcula esquerda, de onde passa ao ventrculo esquerdo (Soares
& Ferreira, 2000).
Existe, ainda, a circulao colateral que apenas ativada quando a circulao principal est
comprometida, ou quando existe uma reduo de fluxo numa determinada zona do corpo.
Figura 3.5 Circulao sistmica e circulao pulmonar
Retirada de http://www.afh.bio.br/cardio/Cardio3.asp em 11/05/2011
Circulao Pulmonar
Circulao Sistmica
Sangue rico em O2 e pobre em CO2
Sangue pobre em O2 e rico em CO2
Artria
Veia
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Captulo 3 Sistema cardiovascular
42
3.2.4 Presso arterial
A presso arterial corresponde fora que o sangue exerce sobre as paredes das artrias. No
sistema cardiovascular a fora da presso ditada pela contrao do corao, havendo uma
quebra continua desta fora desde o ventrculo esquerdo at aos tecidos e destes at
aurcula direita do corao. Depende, ainda, do volume de sangue e da elasticidade das
artrias (Pblico - Comunicao Social, S.A., 2006).
O sangue, ao ser bombeado pelos ventrculos, entra nas artrias sob presso. As paredes
arteriais relaxam e aumentam de volume, o que faz diminuir a presso no seu interior. Se as
artrias no relaxarem o suficiente, a presso do sangue pode elevar-se. A presso regulada
para que se garanta fora impulsiva suficiente, caso contrrio, o crebro e os tecidos no
recebero uma irrigao adequada e para impedir um esforo acrescido do corao, que
aumenta o risco de danos vasculares.
3.2.5 Fluxo e resistncia sangunea
O sangue composto por elementos que no tm uma distribuio molecular homognea. O
plasma tem molculas dissemelhantes e outros elementos de diferente volume. Assim, o
sangue tem um fluxo no laminar e com fatores de turbulncia causados pelas curvaturas e
angulaes ao longo da rvore vascular (Pereira & Henriques, 2006). Abaixo mostrado um
esquema que representa as diversas lminas de um lquido em fluxo laminar no interior de um
vaso, submetido presso P. A viscosidade do lquido determina a facilidade com que as
lminas deslizam umas sobre as outras.
Figura 3.6 Circulao sistmica e circulao pulmonar
Retirada de Fundamentos da Circulao Extracorprea (2006) em 11/05/2011
Ao volume de sangue que se movimenta entre dois pontos de um vaso, num determinado
perodo de tempo, chamamos de fluxo cardaco. Quanto maior for a presso a impulsionar o
fluxo de sangue, maior ser a sua velocidade.
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Captulo 3 Sistema cardiovascular
43
Quando o sangue circula no interior de um vaso, existe uma fora perpendicular direo do
fluxo do lquido, a presso. A oposio a esta fora a resistncia. O fluxo do sangue no
interior do vaso depende da relao entre a presso e a resistncia.
Esta depende de trs fatores: viscosidade do sangue, cujo aumento gera a resistncia ao
fluxo, o comprimento do vaso e o seu raio. Durante o fluxo d-se o contato do sangue com as
paredes dos vasos, assim, quanto maior for a rea da superfcie do vaso onde o sangue circula
maior ser a resistncia. A rea de superfcie depende do raio e do comprimento do vaso
sanguneo (Souza & Elias, 2006).
3.2.6 Frequncia cardaca
O nmero de ciclos cardacos que ocorrem em determinado intervalo de tempo, denomina-se
de frequncia cardaca, ou ritmo cardaco. o nmero de vezes que o corao bate durante
um minuto. Numa pessoa com um estado geral de sade bom, a frequncia da pulsao
entre as 60 e 70 pulsaes por minuto. No entanto, pode-se dizer que esta varia de acordo
com o grau de atividade fsica da pessoa, de entre outras coisas (Pblico - Comunicao
Social, S.A., 2006).
3.2.7 Microcirculao
a circulao que ocorre em vasos sanguneos de menores dimenses, como o caso das
arterolas, capilares e vnulas. A funo da microcirculao a realizao de trocas de
substncias entre os capilares e os tecidos.
A troca de substncias entre os capilares e os tecidos ocorre em dois mecanismos, sendo eles
a difuso e a filtrao. Na difuso d-se a passagem de substncias atravs da membrana do
capilar. A filtrao consiste na passagem das substncias no sentido do capilar para os tecidos
(Pereira & Henriques, 2006).
3.3 Vasos sanguneos
Os vasos sanguneos integram uma rede complexa, atravs da qual o sangue flui
continuamente. O sangue, com o impulso dado pelo corao, flui pelas artrias, que se
ramificam pela totalidade dos tecidos do corpo a cabea e os braos, os rgos internos e as
extremidades inferiores (Pblico - Comunicao Social, S.A., 2006). Estas ramificaes vo
adquirindo de forma progressiva, menor dimetro, dando assim lugar na parede