Download - absor
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CAPÍTULO 2
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.1. ABSORÇÃO
Os processos de separação constituem um dos aspectos fundamentais
da indústria química. Vários dos processos que se utilizam atualmente são
conhecidos há muito tempo, passando, apenas por modernizações em
função do desenvolvimento associado aos métodos de controle de
processos. As operações unitárias de separação são o coração das
engenharias de processo e química (Garside, 1994). O conhecimento e
domínio destas operações unitárias sempre foram primordiais para que não
houvesse nem perda do produto, nem desperdício de energia, preservando
a economia do processo.
A importância das separações advém do fato de que, para a maioria dos
processos de obtenção dos mais diversos produtos químicos, uma vez
efetuada a reação química principal, quando se sintetizou o composto,
objeto da unidade, requer-se separá-lo, sem perdas, preservando, tanto as
características do produto, quanto a economia do processo produtivo. As
separações envolvidas são operações unitárias cobrindo uma extensa gama
de possibilidades, desde as etapas de purificação do produto – filtração,
evaporação e destilação, seu condicionamento, como, por exemplo, a
precipitação, cristalização, lavagem e secagem, como ainda as separações
requeridas para evitar a emissão de poluentes diversos ao meio-ambiente,
como filtração, separação por ciclones, colunas de absorção, que também
podem ser utilizadas para recuperá-los.
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As operações unitárias convencionais de separação são, em sua
maioria, grandes consumidoras de energia, estimando-se que, de forma
geral, entre 40 e 70 % dos custos de investimento e operacionais sejam
relativos a estas operações unitárias, requerendo ainda continuidade e
intensidade de investimentos, sempre crescentes, levando em conta a
pressão da concorrência, em termos de custos e padrões de qualidade, bem
como o aumento da abrangência e exigência da legislação ambiental
(Technical Insights, 1988).
A maior parte das operações unitárias na indústria química se referem
aos problemas de mudança de composição de soluções e misturas
utilizando métodos que não envolvem reações químicas, podendo ser
totalmente mecânicas, tais como a separação de sólidos suspensos em
líquidos, envolvendo a filtração, ou separando sólidos por diferença
granulométrica, utilizando peneiras. Quando, porém, as operações unitárias
envolvem mudanças nas composições das soluções, elas são conhecidas
como difusionais, ou então operações envolvendo transferência de massa.
É bastante conhecido que, ao final de uma operação envolvendo
métodos mecânicos de separação, a substância tratada estará tecnicamente
pura, ao passo que, se o tratamento ocorrer por métodos difusionais, a
substância tratada não estará totalmente pura, mas impregnada ou
associada a outras substâncias, o que se deve ao caráter de equilíbrio que
caracterizam os métodos difusionais (Treybal, 1980).
As operações difusionais podem, grosso modo, ser classificadas como:
- contato direto de fases miscíveis, de pequena aplicação industrial,
devido à dificuldade de manter gradientes de concentração sem misturar
o fluido; a difusão térmica envolve a formação de uma diferença de
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concentração através de um líquido único ou fase gasosa pela imposição
de um gradiente de temperatura sobre o fluido, tornando então a
separação dos componentes da solução possível, como é o caso, por
exemplo, dos isótopos de urânio, na obtenção do hexafluoreto de urânio
(Treybal, 1980);
- contato de fases miscíveis, separadas por uma membrana,
necessária para evitar a mistura das fases, sendo, contudo, permeável,
aos componentes das soluções, caracterizando os processos difusionais;
comuns para todos os casos de utilização de membranas densas, como,
por exemplo, no caso da permeação gasosa, a permeação de vapores
orgânicos contidos no ar, tornando possível sua recuperação (Amaral,
2008; Amaral, 2009; Braga et alli, 2007; Braga, 2009, Ferraz et alli,
2009), ou então, no caso de processos difusionais envolvendo líquidos
dos dois lados da membrana densa, processo de nano-filtração para a
purificação de corrente constituída de solução aquosa de ácido acético,
na fabricação de acetato de celulose (Nasser & Iacovone, 2000; Nasser
& Taqueda, 2007B), como ainda, para exemplificar processo difusional
envolvendo líquido-vapor, cita-se processo de pervaporação para a
desidratação parcial da massa reacional de produção de metil-iso- butil-
cetona (MIBK) através da hidrogenação de acetona, em reação de
pseudo-equilíbrio, em que a retirada parcial da água, como vapor,
desloca o equilíbrio para o lado do produto, aumentando o rendimento da
reação (Nasser et alli, 2008);
- contato de fases imiscíveis, assinalando a marcante aplicação
industrial de duas das seis diferentes combinações possíveis, que são:
líquido-líquido, em que dos diversos casos cita-se, como exemplo, a
recuperação de ácido acético a baixas concentrações de soluções
aquosas, utilizando a extração com metil–tércio–butil–éter (MTBE), pela
impossibilidade de efetuar destilação direta, devido à baixa volatilidade
relativa de ambos componentes (Nasser & Ramos, 2001), além da
combinação mais comum, gás-líquido, que inclui as operações unitárias
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de destilação e absorção, sendo a primeira caracterizada pela presença
em ambas as fases de todos os componentes da mistura em
quantidades apreciáveis; portanto, a absorção se caracteriza por ter
apenas um ou vários dos diversos componentes das misturas das fases
líquida e gás; por exemplo, se a mistura amônia e ar for colocada em
contato com água, uma boa parte da amônia e praticamente nada do ar
se dissolverá na água, sendo, portanto, uma maneira de separar a
amônia do ar, caracterizando, portanto, a operação de absorção de
amônia na água (D’Andrea et alli, 2008), sendo seu inverso possível,
pela passagem de ar pela solução de amônia em água, ocorrendo a
passagem de alguma quantidade de amônia para o ar, o que caracteriza
a operação de esgotamento (conhecida tecnicamente pelo termo em
inglês, stripping), ou, ainda dessorção (Treybal, 1980).
Esta classificação geral das operações unitárias é muito significativa,
porque define quais fenômenos de transporte de troca de movimento,
massa e energia estão envolvidos, cujo conhecimento é fundamental
para definir o equacionamento que se requer para dimensionar e
especificar os equipamentos requeridos, seqüência esta que caracteriza
a fenomenologia (Bird, 2002).
2.1.1. ABSORÇÃO GERAL
2.1.1.1. DEFINIÇÕES
A absorção gasosa é uma operação unitária difusional em que um ou
vários componentes da mistura gasosa de alimentação se dissolve no
líquido. Consiste na operação inversa ao esgotamento ou dessorção
(“stripping”), utilizada quando se deseja transferir compostos voláteis,
contidos na mistura líquida alimentada para a fase gasosa (Green, 2007).
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Apesar de ambas operações referenciadas se constituírem em
operações unitárias difusionais de separação, diferem da destilação pelo
caráter da separação do componente mais volátil, que, no caso da
destilação, é separado por evaporação total da mistura, seguida de
condensação e refluxo parcial, garantindo a obtenção da pureza adequada
do elemento mais volátil. Ou seja, na destilação, a transferência de massa,
ou processo difusional, ocorre entre a mistura líquida e seu vapor, ao passo
que, tanto na absorção quanto no stripping, a transferência de massa ocorre
entre a fase líquida da mistura e um outro gás.
Na absorção, o soluto, único, ou uma mistura deles, todos em fase
vapor, contidos numa corrente gasosa, são transferidos para a fase líquida
do produto em fase líquida que os absorve. No caso do stripping, o inverso
ocorre, ou seja, o soluto, ou a mistura deles, desta feita em fase líquida, são
transferidos, para o produto gasoso utilizado na operação (Humphrey &
Keller, 1997).
Em comum, ambas as operações unitárias, destilação e absorção, são
representadas como uma seqüência de estágios de equilíbrio entre as fases,
líquida e vapor (ou então outro gás, que não seu vapor, para a absorção), o
que, na prática, ocorre em colunas verticais cilíndricas, nas quais são
instalados dispositivos de contato, tais como pratos ou recheios.
Os fluxos das correntes de gás - vapor e líquido normalmente ocorrem
em contra corrente e os dispositivos garantem superfície de contato e
turbulência necessária para que ocorra transferência de massa e de energia.
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2.1.1.2. APLICAÇÕES
Tanto a absorção como a dessorção ou stripping têm importantes
aplicações na purificação do produto como também em processos de
proteção ambiental. Nesta área, a absorção é muito utilizada para remover
contaminantes de gases, como é o caso da separação de amônia com água
(D’Andrea et alli, 2008). A dessorção ou stripping é comumente utilizado
para remover compostos orgânicos voláteis (VOC’s), tais como o benzeno,
de águas residuárias (Humphrey & Keller, 1997).
A remoção de gás sulfídrico do gás natural por absorção no solvente
mono-di-etanol-amina (MDEA) pode ser feita tanto em colunas providas de
pratos, como de recheios, apesar de que a experiência evidencia que a
utilização de recheios estruturados para esta aplicação resulta em colunas
de menores alturas e diâmetros, desde que a viscosidade do líquido não
seja elevada. Da mesma forma, a desidratação de gás natural utilizando
como solvente o tri-etileno glicol se constitui numa operação de absorção
tradicionalmente realizada em pratos providos de campânulas, que foram
melhorados, seja em termo de eficiência, como de capacidade, pela
substituição dos pratos por recheios estruturados. Cita-se ainda a
recuperação de óxido de etileno, por absorção em água, experiência em que
a substituição de pratos perfurados por recheios estruturados resultou numa
redução de 20% do consumo requerido de água (Humphrey & Keller, 1997).
As diversas utilizações têxteis do acetato de celulose sempre têm em
comum a obtenção de um colódio, extremamente viscoso, resultado da
obtenção de solução homogênea de elevada concentração de sólidos em
acetona, que necessita ser recuperada após a fiação, por razões ambientais
e econômicas. Apesar de existirem unidades fabris que utilizam processos
de recuperação tais como a adsorção em leitos de carvão ativado, a
recuperação da acetona contida no ar que sai da etapa de fiação e das
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etapas subseqüentes da produção, é feita de forma mais econômica e
segura pela absorção da acetona em água fria, alimentada pelo topo das
colunas, que eram originalmente equipadas por pratos perfurados, sendo
atualmente também utilizado o recheio estruturado (Nasser & Taqueda,
2008).
2.1.2. CONCEITOS DE PROJETO
Conforme o explicitado no objetivo específico, o presente trabalho não
pretende conceituar os critérios de projeto de forma exaustiva e completa,
como tão bem realizado em trabalhos de referência (Salvagnini, 1984), mas
tão somente referenciá-los para a aplicação que constitui o objeto do
presente estudo, para que se permita executar a contraposição dos
procedimentos fenomenológicos à pretendida utilização de ferramentas
estatísticas com a finalidade de aumentar a abrangência dos primeiros.
O procedimento de projeto de uma coluna de absorção, comum para os
processos similares de dessorção ou stripping, bem como para a destilação,
requer a determinação do diâmetro e da altura. O diâmetro é função da
capacidade de operação, o que, no caso específico da absorção, é
determinado pela vazão de alimentação da corrente gasosa, contendo o
vapor do produto ou produtos que se deseja esgotar.
De forma geral, simplificada e esquemática, o projeto de uma coluna
envolve várias etapas, conforme o indicado na Figura 2.1.
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Figura 2.1 Etapas fundamentais do projeto de coluna de absorção Fonte: Humphrey & Keller, 1997
Caracterizar alimentaçõesvazões, composições e condições operacionais
Equacionar equilíbrio líquido - vapor
Determinar número de estágios de equilíbrio
Especificar os internos da coluna(pratos ou recheios)
Executar verificação hidrodinâmica%inundação _ pratos
%máxima capacidade operacional _recheios
Determinar diâmetro da coluna
Cálculos de transferência de massaDeterminar a eficiência dos pratos ou recheios
Determinar a altura da coluna
Determinação da vazão de líquido
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Como o escoamento hidráulico do líquido utilizado influi na eficiência dos
pratos ou dos recheios, a verificação hidrodinâmica executada para o
diâmetro calculado, determina a altura da coluna. Através do procedimento
usual, inicia-se a especificação da coluna pela determinação de seu
diâmetro, com base na vazão da corrente gasosa alimentada, impondo-se,
para o interno a ser utilizado, o nível de inundação, para o caso de pratos,
ou, para o caso de recheios, a porcentagem da máxima capacidade
operacional, dada como o nível de perda de carga que se pretende ou com
a qual é permitido trabalhar. Para a especificação dos pratos, impõe-se uma
porcentagem de aproximadamente 80% da capacidade de inundação, ao
passo que, para o caso de utilização de recheios, impõe-se
aproximadamente 70% da máxima capacidade operacional, como sendo a
porcentagem que não compromete o consumo energético da operação.
Concluída esta etapa de verificação hidrodinâmica, bem como o diâmetro
da coluna calculado, utiliza-se o número de estágios de equilíbrio e a
eficiência dos pratos ou recheios, para determinar a altura da coluna. No
caso da coluna de pratos, o espaçamento entre eles ainda possibilita
verificar a ocorrência de inundação pelo vertedouro, que também
compromete a efetividade da coluna.
Da descrição geral, detalha-se a seguir os pontos de maior significado
conceitual, importantes tanto para uma explicação geral, quanto para o caso
específico em estudo.
2.1.3. EQUILÍBRIO LÍQUIDO VAPOR
Para qualquer dos tipos de operação unitárias que envolvam seqüências
de estágios de equilíbrio, como é o caso da absorção, sendo também válido
tanto para o stripping como para a destilação, a escolha do modelo de
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equilíbrio é fundamental. No caso de absorção de voláteis orgânicos,
visando evitar sua emissão à atmosfera, bem como recuperá-los, devido às
baixas concentrações envolvidas, principalmente no topo da coluna, a
coerência do modelo de equilíbrio líquido-vapor deve ser avaliada.
Na fase líquida, forças entre moléculas não esféricas dependem não
somente das distâncias entre seus centros, mas também de sua orientação
relativa, o que é evidenciado, por exemplo, por seus pontos de ebulição,
com relação aos seus pesos moleculares. Soma-se a estas interações
físicas, as químicas, levando à formação de novas espécies moleculares,
como também, de forma freqüente, alterando as propriedades
termodinâmicas das misturas, resultando, no caso de equilíbrio líquido-
vapor, em desvios da idealidade causados pela alteração das volatilidades
dos componentes originais, com conseqüente impacto em suas fugacidades.
As pontes de hidrogênio se constituem num efeito comum de interação
química na termodinâmica das soluções, pois, embora sejam mais fracas
que as ligações covalentes, diminuem a distância entre os centros das
moléculas ligadas, aumentando a polaridade, freqüentemente levando à
formação de complexos, além de persistirem na forma vapor (Prausnitz et
alli, 1999).
O presente trabalho estuda o binário acetona – água. A água e a acetona
são conhecidas por apresentar um equilíbrio líquido-vapor de
comportamento não ideal, explicado e justificado por suas estruturas
moleculares: elevada polaridade da água, devido às ligações angulares
entre oxigênio e hidrogênio e à elevada eletronegatividade do oxigênio,
resultando na ocorrência das pontes de hidrogênio, que explica a elevada
temperatura de ebulição da água, apesar de seu baixo peso molecular.
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A acetona tem um átomo de oxigênio com uma dupla ligação a um
átomo de carbono, não permitindo a formação de ponte de hidrogênio,
apresentando baixa polaridade, resultando numa relativamente baixa
temperatura de ebulição.
Em mistura, as moléculas de acetona rompem as pontes de hidrogênio
entre as moléculas de água, formando novas pontes de hidrogênio entre
suas moléculas e as de água, resultando num comportamento do equilíbrio
líquido-vapor com um desvio positivo, com relação à idealidade,
caracterizado, para pressões próximas à atmosférica, por um
comportamento segundo a lei de Henry para a acetona. Isto fica claro para a
região de baixa concentração de acetona, em que ela se comporta como
qualquer outro gás dissolvido.
Conseqüentemente, para o sistema em estudo, todos componentes se
encontram na fase líquida, cada qual interferindo no comportamento da
outra substância, e, em específico, a presença dos componentes do ar no
sistema de absorção interfere no equilíbrio líquido-vapor da mistura água-
acetona (Prausnitz et alli, 1999).
A modelagem do equilíbrio líquido-vapor de sistemas como o estudado
requerem habilidade de lidar com o desvio da idealidade em ambas fases.
A não idealidade da fase líquida de misturas é equacionada pela análise
de sua fugacidade expressando suas funções de excesso, que relacionam
as propriedades das soluções reais àquelas das soluções ideais, através da
determinação dos coeficientes de atividade, utilizados na equação de
cálculo da energia de Gibbs, cuja exatidão depende da composição e da
variabilidade dos coeficientes com a temperatura e concentração. Contudo,
mesmo se os dados forem extremamente exatos, os resultados são
somente aproximados porque, sem nenhuma informação adicional, as
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equações com dois parâmetros ajustáveis são muito limitadas, como é o
caso de equações como as de van Laar, Margules, Wilson e UNIQUAC.
Para melhor descrever a não idealidade da fase líquida das misturas, se faz
necessário expressão para cálculo da energia de Gibbs que contenha mais
do que os dois parâmetros binários. Este é o caso da equação NRTL, que é
a que melhor se adapta às misturas líquidas não ideais, através da
adequação do parâmetro de não aleatoriedade, que leva apenas em
consideração a natureza do sistema, conferindo a flexibilidade requerida
para representar a forma de excesso da energia de Gibbs, constituindo-se
na equação mais simples e com melhor base teórica, com resultados muito
precisos, aplicável para sistemas binários, ternários e múltiplos (Prausnitz et
alli, 1999, Renon & Prausnitz, 1968).
A não idealidade da fase vapor das misturas é corrigida pela
determinação da fugacidade parcial dos componentes, que expressa sua
dependência pelas interações moleculares através de diferentes equações
de estado. Entretanto, é mais usual o emprego da equação virial de estado
por sua simplicidade. A equação virial de estado é constituída por uma série
exponencial da densidade molar em que os coeficientes viriais dependem
das interações moleculares. Trunca-se usualmente a equação no segundo
coeficiente virial, para o qual os dados experimentais são muito mais
abundantes e precisos. Portanto, as correções da não idealidade da fase
vapor de uma mistura são calculadas a partir de correlações empíricas do
segundo coeficiente virial (Prausnitz et alli, 1999).
Os métodos originalmente utilizados para calcular o segundo coeficiente
virial apresentavam a desvantagem de requererem parâmetros obtidos a
partir de levantamentos de dados, nem sempre precisos ou com resultados
inexatos. A vantagem do modelo Hayden-O’Connel é que a determinação do
segundo coeficiente virial é feita usando apenas as propriedades críticas e a
estrutura molecular, obtendo um método muito mais exato. Esta exatidão é
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ainda aprimorada por levar em consideração os diversos componentes que
influem nas interações moleculares, tais como as que se verificam em
estado livre, em equilíbrio meta-estável, ligações físicas e químicas,
confirmando que a não idealidade de uma mistura gasosa afeta
principalmente o componente mais pesado, que, no caso presente, é a
acetona (Hayden, 1975).
Existem relatos positivos quanto à utilização combinada da equação
Hayden-O’Connel, para a correção da não idealidade da fase vapor de uma
mistura, através da adequação do segundo coeficiente virial, com a correção
de sua fase líquida, utilizando a equação NRTL para misturas em que o
desvio da idealidade na fase vapor é ainda mais significativo, por haver
dimerização, portanto, mais importante do que a complexação descrita para
o sistema estudado (Zhicai, Y. et alli, 1998, Bernatová et alli, 2006), ou
outras referências, em que são relatadas a combinação da equação
Hayden-O’Connel para a fase vapor, com diversos modelos de correção da
não idealidade da fase líquida (Margules, van Laar, Wilson, UNIQUAC e
NRTL), concluindo pelo melhor desempenho da combinação NRTL –
Hayden-O’Connel (Yu et alli, 2001, Chang et alli, 2006). Por fim, cita-se
relato em que a combinação NRTL – Hayden-O’Connel foi utilizada para o
desenvolvimento de processo, como fonte confiável de dados (Wu et alli,
2007).
2.1.4. NÚMERO DE ESTÁGIOS TEÓRICOS
Para a especificação de uma coluna de absorção, independente de ser
equipada de pratos ou recheios, as duas dimensões mais importantes são o
diâmetro e a altura. O diâmetro é o que deve ser inicialmente definido, pois
depende das vazões de alimentação das correntes de gás e líquido, sendo,
todavia, o peso da vazão de alimentação de gás muito mais determinante. A
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altura da coluna depende de uma série de fatores, como, por exemplo, o tipo
de dispositivo de contato, ou seja, pratos ou recheios, que requerem
dimensões características dos internos muito distintas, que muito
influenciam a altura final da coluna (McCabe & Smith, 1987).
Contudo, antes mesmo de definir o tipo de dispositivo de contato, se faz
necessário definir o número de estágios teóricos necessários para efetuar a
absorção requerida.
Um estágio teórico ou ideal é definido como aquele em que o tempo de
contato entre as fases, supondo uma mistura perfeita, seja suficiente para
que as correntes de saída do estágio estejam verdadeiramente em
equilíbrio. Para uma dada mistura binária, expressa graficamente por sua
curva de equilíbrio, e, para uma coluna de absorção ou destilação provida
de um meio de contato definido, representado graficamente por sua linha de
operação, estando relacionado à força motriz requerida para estabelecer o
equilíbrio, o que depende da distância entre a curva de equilíbrio e a linha
de operação, o número de estágios teóricos é, portanto, a quantidade de
estágios requerida para efetuar o serviço proposto, considerada a
composição do soluto na alimentação e a desejada à saída.
Para pratos, a eficiência de um estágio real é expressa pela aproximação
da composição real do soluto na corrente de saída, com relação à
composição de equilíbrio. Para uma coluna de absorção, contando os
estágios de cima para baixo, define-se a eficiência Murphree do prato, EG,
como a expressão de aproximação do equilíbrio com o real, expressa, para
a fase gasosa, como:
*1
1
nn
nnG
YY
YYE
−−=
+
+ (2.1)
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sendo:
Yn – composição do soluto, usualmente expressa pela fração molar do
soluto na corrente gasosa, deixando o prato;
Yn* – composição do soluto na fase gás em equilíbrio com o líquido sobre
o estágio, em que a composição molar do soluto é Xn, constante,
considerando que o líquido esteja perfeitamente agitado;
Yn+1 – composição do soluto na fase gás entrando no prato em estudo,
vinda do prato imediatamente inferior.
Na situação descrita, supondo que o líquido esteja perfeitamente agitado
sobre o prato n, EG é sempre inferior a 1.
O número de estágios reais, NR, é, conseqüentemente obtido pela
relação entre o número de estágios teóricos, NT , e a eficiência.
G
TR E
NN = (2.2)
O cálculo do número de estágios teóricos é muito complexo quando o
número de componentes é grande. No caso de misturas binárias, como a de
acetona e água, utilizada no presente estudo, existem diversos métodos
consagrados, podendo ser rigorosos, de solução trabalhosa, via sucessivas
tentativas e erros, ou simplificados, em que a precisão é mantida, dentre os
quais o método gráfico de McCabe-Thiele (Salvagnini, 1984).
Este método gráfico é o mais empregado e utilizado, principalmente para
a destilação, na determinação do número de estágios de equilíbrio para as
duas partes desta operação unitária, qual seja, a de esgotamento e de
retificação, são também utilizados no caso da absorção, como também para
a dessorção ou stripping, já que ambos se constituem em seqüências de
estágios de equilíbrio, com a diferença que ambas são constituídas de uma
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única parte. Em ambas as operações unitárias, a solicitação inicial é a
mesma, qual seja, a de desenhar a curva de equilíbrio, dada pela equação:
)(* XfY = (2.3)
Esta função é determinada a partir dos dados de equilíbrio X-Y,
disponíveis na literatura (Green, 2007) ou também em bancos de dados
digitais.
O requisito seguinte é o de desenhar a linha de operação, com base nas
informações das vazões das correntes de vapor e líquido. Como estas
vazões variam prato-a-prato, uma generalização usual é a de se trabalhar
com o prato de topo e com o de fundo, tornando então a linha de operação
uma reta. Adotando a forma generalizada, para soluções diluídas a
temperatura praticamente constante e numa coluna na qual a variação radial
na pressão é desprezível (Bennet, 1978), a equação geral que define a linha
de operação é dada por:
V
L
XX
YY
ab
ab =−−
)()(
(2.4)
sendo:
Xa – composição do soluto na fase líquida, no estágio de alimentação;
Xb – composição do soluto na fase líquida, no estágio de saída;
Ya – composição do soluto na fase gasosa, no estágio de alimentação;
Yb – composição do soluto na fase gasosa, no estágio de saída;
L – vazão molar da corrente líquida;
V – vazão molar da corrente gasosa ou vapor.
20
Atualmente, os simuladores permitem obter os dados prato-a-prato,
melhorando a precisão da determinação, tornando as linhas de operação
não lineares.
Com a curva de equilíbrio e a linha de operação disponíveis, o
procedimento é idêntico ao utilizados na destilação, referindo-se, porém, no
presente estudo à absorção. O método consiste em estabelecer os degraus,
a partir da composição de alimentação da corrente gasosa, alimentada à
coluna por sua porção inferior, expressa pela concentração molar do soluto
na alimentação, Ya, traçando uma paralela à abcissa, até que a linha de
operação, em que a intersecção corresponde à composição do soluto na
fase líquida do estágio de equilíbrio de alimentação, expressa por sua
concentração molar, Xa. A partir da intersecção da perpendicular de Xa com
a curva de equilíbrio, traçar uma linha horizontal, portanto, paralela à
abcissa, que, na intersecção com a linha de operação corresponde à
composição na fase gasosa no estágio de equilíbrio imediatamente superior
ao de alimentação, expressa por sua concentração molar Y1. Esta mistura
está em equilíbrio com a fase líquida sobre este estágio, em que a
composição do líquido é expressa por sua concentração molar X1, obtida a
partir da perpendicular ao último ponto de intersecção de X1 à curva de
equilíbrio. A partir desta última intersecção, traçar nova horizontal, paralela à
abcissa, que, na intersecção com a linha de operação, corresponde à
composição na fase gasosa no estágio de equilíbrio imediatamente superior
ao anteriormente descrito, expressa pela concentração molar do soluto Y2.
Da mesma forma que o anteriormente descrito, esta mistura está em
equilíbrio com a fase líquida contida sobre este estágio, em que a
composição do líquido é expressa por sua composição molar X2. A
seqüência descrita é repetida até que a composição especificada do gás à
saída, pelo topo da coluna, expressa pela composição molar do soluto YT,
seja atingida. O número de estágios de equilíbrio para efetuar a operação de
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absorção descrita é dado pelo número de intersecções dos degraus com a
curva de equilíbrio.
A seqüência descrita está ilustrada na Figura 2.2.
Figura 2.2 Determinação gráfica do número de estágios teóricos na absorção.
22
O estágio de equilíbrio, no qual a correntes estão em equilíbrio, é um
padrão, ao qual um estágio real pode ser comparado. Como no prato real o
equilíbrio não é total, mas parcial, define-se como eficiência do dispositivo
de contato o fator de correção utilizado para determinar a altura do recheio
ou o número de pratos reais (Treybal, 1980).
O método gráfico exposto é o básico para misturas binárias, mais usuais
na operação unitária de absorção. Para a destilação, diversos métodos
numéricos foram desenvolvidos a partir do método gráfico de McCabe-
Thiele, com o objetivo de otimizar o número de estágios de equilíbrio. Na
indústria, os diversos simuladores disponíveis contendo algoritmos de
cálculo estágio-a-estágio, são comumente utilizados para determinar o
número de estágios de equilíbrio. Tais simuladores possuem bancos de
dados termodinâmicos, que permitem determinar o equilíbrio líquido vapor,
oferecendo ainda opções que permitem não somente selecionar o tipo de
algoritmo, mas também determinar todos os dados e características do
equilíbrio líquido vapor envolvido. Além do mais, estes simuladores
permitem analisar os dispositivos de contato, incorporando, por exemplo, a
eficiência de pratos reais, permitindo determinar o número de pratos reais,
como ainda análise da hidrodinâmica resultante de sua utilização,
determinando ainda a porcentagem de inundação sobre o prato e nos
vertedouros, como ainda perda de carga através de cada prato, além de no
caso dos recheios, permitir determinar a porcentagem de sua máxima
capacidade operacional e perda de carga, dados que permitem avaliar a
efetividade de sua utilização no processo de absorção em avaliação. Os
usuários destes simuladores necessitam ter uma boa compreensão dos
fundamentos da operação unitária de absorção, para que possam avaliar as
limitações dos métodos e modelos, reconhecendo e identificando os
possíveis erros (Humphrey & Keller, 1997).
23
Para os recheios, a eficiência da transferência de massa é traduzida pela
altura da unidade de transferência, que, no caso da absorção de vapores
orgânicos contidos na fase gasosa por líquidos, é governada pela fase
gasosa, em que a força motriz é a diferença da composição do meio da
corrente de gás alimentada e a composição do vapor em equilíbrio com o
meio da corrente de líquido. A eficiência expressa a mudança da
composição do meio da corrente gasosa com relação à força motriz média e
é representativa do grau de separação requerido (Humphrey & Keller, 1997).
Os diversos fornecedores de recheios desenvolveram suas próprias
correlações, usualmente empíricas, o que se verifica com a Interpacking
(Riemer, 1993, Riemer, 2007, Nasser & Taqueda, 2008). A altura de uma
unidade de troca de massa, H, numa coluna de absorção provida de
recheios, pode ser calculada pela equação:
lmiG
A
YPAK
NH
××= (2.5)
sendo:
KGA – coeficiente de troca de massa, expresso em lbmol/atm.ft³.h;
NA – fluxo molar de A, expresso em lbmol/h;
Ylm – fração molar logarítmica média, expressa por:
( )
−=
o
i
oilm
YY
YYY
ln (2.6)
24
em que , concentração na fase vapor do soluto que está em equilíbrio com
o soluto na fase líquida, no prato i, onde se encontra na concentração ; o
equilíbrio é dado pela relação:
00 XCY ⋅= (2.7)
sendo:
C – constante de equilíbrio.
O KGA, coeficiente de troca de massa, é determinado empiricamente. A
Interpacking desenvolveu seus métodos empíricos de cálculo a partir de
relações empíricas propostas pela Norton Chemical Process Products
(Riemer, 1993, Strigle, 1987, Navaes, 2007).
A expressão empírica do KGA é dada por:
( ) ( ) ( ) fPFLCCAK iC
S
O
G ⋅⋅⋅⋅⋅= − 21,017,'21
3 (2.8)
sendo:
1C - Constante empírica para o binário em estudo;
2C - Constante empírica para o tipo de recheio e sua dimensão;
3C - Constante empírica para o tipo de processo (processo governado
pela fase líquida ou pela fase gasosa);
25
L’ - Taxa de líquido na seção transversal da coluna (ft³/ft².h);
iP - Pressão parcial do vapor do componente absorvido (atm);
f - Grau de conversão, para sistema com reação química (%);
Fs - Fator cinético da fase gasosa (ft/s), expresso por:
( ) 5,OgS dvF ⋅= (2.9)
onde:
v - velocidade da fase gasosa (ft/s);
dg - densidade da fase gasosa (lb/ft³).
Devido ao caráter empírico da Equação 2.8 é pertinente discutir sua
consistência dimensional.
O significado físico da constante 1C , característica de cada binário
estudado, é que para este binário, ela seria idêntica ao coeficiente de
transferência de massa KGA, na condição padrão, isto é, na condição
operacional em que todos os demais componentes da Equação 2.8 sejam
idênticos à unidade. Portanto, na condição padrão, temos:
1CKGa = (2.10)
Para referência, valores de 1C são fornecidos na Tabela 2.1.
26
Tabela 2.1 Valores empíricos de 1C para diversos binários. Fonte: Riemer, 1993.
KGA COMPONENTE ABSORVIDO
SOLVENTERAZÃO MOLAR
SOLUTO/REAGENTEC1
lbmol/ft³.atm.hC3
CO2 NaOH (4%pp) CO2/NaOH = 0,125 0,97
CO2 KOH (4%pp) CO2/KOH = 0,125 1,31
CO2 MEA (17%pp) CO2/MEA = 0,3 3,10
CO2 H2O ---- 2,00
Cl2 H2O ---- 0,10
H2S NaOH (4%pp) S/Na = 0,25 1,94
H2S MEA (17%pp) S/MEA = 0,3 3,40
H2S H2O ---- 0,17
H2S DEA (20%pp) S/DEA = 0,3 2,13
SO2 NaOH (30%pp) S/Na = 1 a 1,2 2,62
SO2 Na2CO3 (11%pp) ---- 0,52
Br H2O ---- 0,20
O2 H2O ---- 0,006
Benzeno Óleo Leve ---- 1,90
MEK H2O ---- 3,00
Cl2 NaOH (5%pp) < 0,95 Cl/Na 10,25
CLO2 H2O ---- 3,07
HCl H2O ---- 10,25
HBr H2O ---- 10,25
HF H2O ---- 10,25
HCN H2O ---- 3,07
HCHO H2O ---- 3,07
SO2 NaOH (4%pp) < 0,5 S/Na 8,71
Br2 NaOH (4%pp) < 0,5 Br/Na 2,77
NH3 H2O ---- 8,20
Acetona H2O ---- 8,00
>10 Controle Filme Gasoso
<4 Controle Filme Líquido
0,05
0,66
Todos os demais componentes da Equação 2.8 são, portanto, fatores de
correção com relação à condição padrão, sendo, conseqüentemente
adimensionais, apesar de serem constituídos de grandezas a serem
informadas com suas dimensões, quando pertinente e para efetuar a
correção, sem, contudo, introduzir qualquer alteração dimensional.
Detalhando os demais componentes da Equação 2.8, temos:
27
2C - constante empírica de correção devido à alteração do tipo de recheio e
sua dimensão, sendo um adimensional, conforme os valores constantes da
Tabela 2.2.
Tabela 2.2 Valores empíricos de 2C para diferentes tipos de recheios de dimensões
diversas. Fonte: Riemer, 1993
TIPO16 5/8
25 1
32 11/4
40 11/2
50 2
70 3 ou 3 1/2
ORDERPAC ---- 1,22 1,05 0,94 0,82 0,67
IMTP ---- 1,00 ---- 0,81 0,67 0,53
HY-PAK ---- 0,82 ---- 0,69 0,59 0,40
Pall Ring Metálicos 1,00 0,85 ---- 0,69 0,62 0,52
Pall Ring Plásticos 0,74 0,64 ---- 0,59 0,51 0,35
Telleretes ---- 0,82 ---- ---- 0,71 0,64
Interlox Plásticos ---- 0,80 ---- ---- 0,53 0,35
Interlox Cerâmicos ---- 0,69 ---- 0,61 0,53 0,37
Raschig Cerâmicos ---- 0,69 ---- 0,61 0,53 0,37
TAMANHO milímetros polegadas
3C - constante empírica de correção devido à alteração de tipos de fluidos,
sendo 0,05 para os de menor coeficiente transferência de massa, que
constituem os binários em que a transferência de massa é governada pelo
filme líquido, e 0,66 para os de maior coeficiente transferência de massa,
que constituem os binários em que a transferência de massa é governada
pelo filme gasoso. Este coeficiente também é um adimensional,
encontrando-se indicado na Tabela 2.1.
( ) 17,' OL - relação da taxa de líquido da condição operacional com a taxa de
líquido da condição padrão, expresso por sua vazão volumétrica, dividida
pela secção transversal da coluna, dimensionalmente expresso por LT-1.
Contudo, a expressão é um adimensional, incluída a exponencial,
28
empiricamente e fisicamente se explicando por: quanto maior a taxa de
líquido, L’ , maior o coeficiente de transferência de massa, KGA, e,
conseqüentemente, melhor a absorção, já que há mais líquido para absorver
a mesma quantidade de gás. Ao contrário, quanto menor a taxa de líquido,
L’ , menor o coeficiente de transferência de massa, KGA, pior a absorção,
havendo menos líquido para absorver a mesma quantidade de soluto.
( ) 3CSF - relação da energia cinética da condição operacional com a da
condição padrão, ambas determinadas pela velocidade da fase gasosa
multiplicada por sua massa específica, elevada ao expoente 3C , conforme já
detalhado, sendo também um adimensional. Fisicamente, explica-se: quanto
mais turbulenta a fase gasosa, usualmente de baixa massa específica,
melhor a absorção.
( ) 21,0−iP - relação da pressão parcial do soluto na condição operacional com
a da condição padrão, também adimensional. Explica-se: quanto menor a
concentração do soluto, maior a correção requerida, para que se mantenha
o coeficiente de troca de massa. Por exemplo, no caso estudado de
absorção de acetona contida no ar, o teor pretendido de 80 ppm de acetona
no ar lavado, o fator de correção requerido é 7,25 [((80 x 10-6)-0,21) = 7,25].
Se for reduzido para 1 ppm, o fator de correção é 18,20 [((1 x 10-6)-0,21) =
18,20)].
f - relação da ocorrência da condição operacional, em que há ocorrência
com a da condição padrão, sem reação química, expresso em percentagem,
idêntico ao fator de conversão; quando não há reação química f = 1.
Justifica-se, portanto, a consistência dimensional da Equação 2.8,
afirmando que, apesar dos cálculos dos fatores de correção requererem a
informação de suas dimensões, por serem relativos à condição padrão, em
29
que a constante 1C foi determinada experimentalmente, sua inclusão é
adimensional.
No caso da utilização de simuladores, obtém-se, a partir da entrada dos
de dados de operação, todos os dados requeridos de processo e hidráulicos
para satisfazer as Equações 2.5 a 2.8 prato a prato, consistindo das
composições molares e mássicas das correntes líquida e gás, como ainda
as vazões volumétricas e mássicas de ambas correntes, como também suas
propriedades físicas e condições operacionais, caracterizando o equilíbrio
líquido-vapor.
Usando a Equação 2.5, calcula-se a altura de uma unidade de
transferência de massa, ou de um prato teórico, designado HTOG, uma vez
que, conforme já mencionado, o processo em estudo, de absorção de
vapores do soluto em líquido usando recheios, é governado pela turbulência
da corrente gasosa e pela pressão parcial da acetona. Como o cálculo é
efetuado prato a prato, determina-se o valor médio de HTOG.
Com este valor, multiplicado pelo número de estágios de equilíbrio
teóricos, obtém-se a altura do leito de recheio a ela correspondente (Nasser
& Taqueda, 2008).
Em sistemas utilizando recheios, em que a taxa de absorção pode ser
aumentada pela utilização de reações químicas, a modelagem, para
determinação da altura da unidade de transferência de massa, requer a
resolução de equações diferenciais complexas, exigindo sistemas
computacionais complexos, o que pode ser significativamente simplificado
pela utilização de métodos numéricos aproximados (Meldon, 1999),
coerentes com o objetivo do presente estudo.
30
Outra abordagem semelhante, se bem que muito mais complexa, mas
certamente mais precisa, consiste na utilização de modelagem por CFD
(Computational Fluid Dynamics) para o cálculo do coeficiente de
transferência de massa, considerando as difusividades radiais e axiais,
melhorando a precisão do cálculo da altura da unidade de transferência de
massa (Liu et alli, 2006).
2.1.5. DISPOSITIVOS DE CONTATO
Neste item, pretende-se fornecer uma descrição razoavelmente
detalhada, porém não minuciosa dos tipos mais comuns de dispositivos de
contato, sobre os quais serão fornecidos alguns detalhes de instalação,
incluindo itens auxiliares, como também uma breve discussão sobre
eficiência e verificação, além de uma comparação entre eles. Por fim, os
outros tipos já em uso, bem como em desenvolvimento, serão descritos de
forma sumária, para referência.
2.1.5.1. PRATOS
2.1.5.1.1. TIPOS (FRI,1966)
Uma classificação inicial se refere ao número de passagens ou passes
da fase líquida sobre o prato, sendo o mais comum utilizar pratos de uma
única passagem, podendo haver, contudo, processos em que até seis
passagens sejam requeridas. Na operação de destilação de solventes, por
exemplo, utiliza-se pratos de passe único na seção de retificação e de duplo
passe na de esgotamento, como uma forma de aumentar o tempo de
residência da fase líquida sobre o prato.
31
Na absorção de solventes em água é comum a utilização de pratos de
duplo passe, pela mesma razão exposta na frase anterior (Nasser, 1997)
Qualquer que seja o tipo de prato de projeto tradicional deve-se também
informar que, independente do número de passagens de líquido sobre o
prato, o fluxo de líquido é cruzado, isto é, se, por exemplo, num prato de
passe simples, o fluxo da fase líquida sobre o prato é da esquerda para a
direita, no prato imediatamente abaixo, o fluxo da fase líquida sobre o prato
ocorre da direita para esquerda. Para o caso de um prato de passe duplo, se
num prato o fluxo da fase líquida sobre o prato é do centro para os lados, no
prato imediatamente abaixo, o fluxo da fase líquida ocorre dos lados para o
centro. Em ambos os casos, a fase líquida flui de um determinado prato para
o imediatamente abaixo por ladrões, ou, como o designado em inglês,
downcomers, no primeiro caso único, sempre mudando de lado, no segundo
caso, quando o fluxo da fase líquida sobre o prato é do centro para os lados,
o prato possui dois ladrões laterais, e, quando o fluxo da fase líquida ocorre
dos lados para o centro, o ladrão é único e central.
Além do número de passes da fase líquida sobre o prato, entende-se por
geometria dos pratos: diâmetro interno da coluna (D), espaçamento entre
pratos (TS), área das seções transversais dos ladrões, área ativa (AA), que é
a área da coluna menos a área dos ladrões, porcentagem de furos (ah), que
é a área dos furos com relação à área ativa, espaço livre entre o vertedouro
e a base do prato (c), comprimento do vertedouro (W e Weff, para
vertedouros inclinados), altura do vertedouro (hw), altura de líquido no ladrão
(DCbk), entre outros (Treybal, 1980). Estas características geométricas
garantem a continuidade do fluxo de ambas as fases, garantindo sua
homogeneidade, mesmo considerando características do sistema, tais como
formação de espuma ou borrifamento, impactando tanto sobre a perda de
carga das correntes líquida e gasosa através do prato, como também sobre
32
sua eficiência operacional, constituindo-se nas únicas que o projetista pode
atuar, com o objetivo de melhorá-la (Salvagnini, 1984).
A Figura 2.3 fornece uma indicação esquemática de algumas destas
características operacionais.
Figura 2.3 (a) Prato perfurado de 1 passe e (b) Comprimento efetivo do vertedouro
A influência do diâmetro da coluna sobre a eficiência do prato é
relevante. Colunas de pequeno diâmetro têm o líquido totalmente
homogeneizado sobre os pratos, apresentando elevadas eficiências, o que
não ocorre nas colunas de grande diâmetro, em que zonas de estagnação,
junto às paredes, podem eventualmente ocorrer, formando caminhos
preferenciais de escoamento de líquido, reduzindo a eficiência.
A influência das condições operacionais de pressão e temperatura sobre
a eficiência não é marcante.
A composição do líquido, determinante sobre as propriedades físicas e a
volatilidade relativa, tem forte influência sobre a eficiência do prato,
explicando porque, ao longo de uma coluna, seja ela de destilação, ou de
(a) (b)
33
absorção, observa-se uma marcante variação, impactando sobre a eficiência
global da coluna.
A influência da formação de espuma sobre a eficiência depende da
velocidade do vapor; se esta for elevada, aumenta a altura da espuma,
tendendo a formar bolhas de vapor maiores, resultando em
descontinuidades, diminuindo a área de troca de massa e,
conseqüentemente a eficiência. Em situações extremas, de elevada
velocidade de vapor, verifica-se a ocorrência de borrifamento de gotículas
na camada superior da camada líquida, também comprometendo a
eficiência. Ao contrário do descrito, caso a velocidade de vapor não seja
excessiva, a presença de espuma promove grande contato entre as fases,
melhorando a eficiência.
A relação entre a tendência de formação de espuma e a tensão
superficial não é evidenciada pela literatura. Em misturas em que o
componente mais volátil apresenta a menor tensão superficial, há o
comprometimento da eficiência. O mesmo pode ser relatado para a
viscosidade, com relação à sua baixa influência sobre a tendência de
formação de espuma, contraposta ao seu impacto sobre a sua eficiência; o
aumento da viscosidade do líquido diminui o coeficiente de transporte de
massa, por diminuir a área interfacial devido ao aumento do tamanho das
bolhas, reduzindo a eficiência (Salvagnini, 1984).
O tipo mais comum entre os pratos usuais e também o mais barato, por
ser o de mais simples construção, é o prato perfurado. Seu funcionamento
se baseia no equilíbrio de pressões entre a altura da camada da fase líquida
sobre o prato, menor que a pressão da corrente gasosa, garantindo que esta
borbulhe na camada líquida, garantindo a troca de massa e de energia. Este
equilíbrio garante que fase líquida só flua de um prato para o imediatamente
34
abaixo pelo vertedouro, não fluindo pelos furos, o que reduziria a eficiência
do prato.
As geometrias típicas de pratos perfurados estão indicadas na Tabela
2.3.
Tabela 2.3 Geometria dos pratos perfurados
Mantidas as relações geométricas indicadas na Tabela 2.3, os pratos
perfurados apresentam como vantagem: bom desempenho, flexibilidade
operacional satisfatória, além do custo mais baixo, tanto de compra como de
manutenção. Estas vantagens justificam sua grande utilização, inclusive
porque são os que melhor se adequam à presença de sólidos. E, como
desvantagem: baixa capacidade, elevada perda de carga, além de
flexibilidade inferior aos demais tipos.
Os pratos providos de campânulas (“bubble cap”) são de antiga
utilização, principalmente nas colunas de destilação. Devido à sua
concepção mecânica mais complexa, são significativamente mais caros,
mas mais efetivos, principalmente quando a vazão de gás é menor. As
campânulas ficam submersas no líquido sobre os pratos; o vapor entra nas
campânulas, mudando então de direção, fluindo através dos rasgos da
Parâmetro Faixa
Diâmetro dos furos, mm 5,1 – 25,4
Área ocupada pelos furos sobre a área ativa, % 6 – 16
Área dos vertedouros sobre a área ativa, % 5 – 30
Relação entre passo dos furos e diâmetro dos furos 2,5 – 4,0
Espaçamento entre os pratos, mm 304,8 – 914,4
Altura do vertedouro, mm 25,4 – 76,2
35
campânula, borbulhando no líquido. Apesar destes pratos serem muito
efetivos, também apresentam como desvantagem a elevada perda de carga.
Têm capacidade superior aos pratos perfurados, sendo, porém ainda baixas.
A Figura 2.4 ilustra a descrição das campânulas.
Figura 2.4 Fotografia de campânulas. Fonte: Riemer, 2007.
Os pratos valvulados são, entre as concepções mais comuns, o de
desenvolvimento mais recente. As válvulas são na verdade tampas presas
ao prato por pernas móveis, presas em suas extremidades. O movimento
das válvulas depende do fluxo da corrente gasosa; se for pequeno, as
válvulas fecham, ao contrário abrem. Este tipo de prato é o de maior
flexibilidade operacional, como também de boa eficiência, o que constitui
sua vantagem. A desvantagem é a mesma dos outros tipos de pratos, além
de serem os mais caros.
36
A título de referência, fornece-se na Figura 2.5 um prato valvulado
desmontado, e a Figura 2.6 detalhes de acessórios de montagem e fixação,
incluindo as válvulas desmontadas.
Figura 2.5 Prato valvulado desmontado. Fonte: Riemer, 2007.
Figura 2.6 Detalhes de acessórios de montagem de prato valvulado. Fonte: Riemer, 2007.
37
Para concluir este item sobre os diversos tipos de pratos, também com o
intuito de situar o local de desenvolvimento do presente estudo, fornece-se
uma visão geral de parte da unidade de recuperação de acetona da
produção de Filter Tow da Rhodia Acetow em Santo André.
Na Figura 2.7, visualiza-se em primeiro plano a nova coluna de
destilação, de 1700 mm de diâmetro e aproximadamente 25 m de altura,
provida de 54 pratos valvulados, sendo 27 de passe simples na seção de
retificação e 27 de passe duplo na seção de esgotamento, em sua fase final
de montagem, o que ocorreu no final do ano de 2000. Vê-se ainda 3
colunas de absorção de 2076 mm de diâmetro e aproximadamente 12 m de
altura, providas de 30 pratos perfurados de duplo passe. Entre elas, por fim,
pode-se ver a coluna de destilação antiga, de 1400 mm de diâmetro e
aproximadamente 22 metros de altura, também provida de 54 pratos
valvulados, em que os 27 pratos da seção de retificação são igualmente de
passe simples e os 27 da seção de esgotamento igualmente de passe
duplo.
38
Figura 2.7 Visão parcial da unidade de recuperação de acetona.
Da nova coluna de destilação, ainda durante a fase de montagem, vê-se,
na Figura 2.8, uma vista superior do prato da seção de retificação, como
ainda, na Figura 2.9, detalhe de fixação e, na Figura 2.10, detalhe de
movimentação das válvulas, fechada (a) e aberta (b).
39
Figura 2.8 Vista superior de prato valvulado durante a montagem.
Figura 2.9 Detalhe de fixação de prato valvulado.
40
Figura 2.10 Detalhes das válvulas (a) fechada e (b) aberta.
Da coluna de destilação antiga, em sua primeira parada após 31 anos de
operação, ocorrida no ano de 2002, vê-se, na Figura 2.11, uma vista geral
de um prato de duplo passe da seção de esgotamento, seguida, na Figura
2.12, de vista aproximada das válvulas, e ainda, na Figura 2.13, da válvula
desmontada, vista de cima (a) e das pernas de sustentação (b).
Figura 2.11 Vista geral de prato de duplo passe da coluna antiga.
(a) (b)
41
Figura 2.12 Vista em detalhe das válvulas da coluna antiga.
Figura 2.13 Detalhe da válvula desmontada (a) superior e (b) pernas.
(a) (b)
42
2.1.5.1.2. EFICIÊNCIA
2.1.5.1.2.1. EFICIÊNCIA GLOBAL DA COLUNA
Para coluna provida de pratos, a definição de eficiência global, a partir da
Equação 2.2, é dada pela relação entre o número ideal de estágios de
equilíbrio e o número real de pratos.
2.1.5.1.2.2. EFICIÊNCIA DOS PRATOS
A eficiência Murphree é a forma mais utilizada de relacionar a
concentração do soluto que realmente sai do prato com a concentração de
equilíbrio que sairia do prato, sendo expressa pela Equação 2.1.
Para que a eficiência operacional da absorção seja razoável, métodos de
cálculo usuais apregoam que as colunas de pratos perfurados sejam
projetadas para 80% da inundação, para a qual a eficiência Murphree é
máxima, caracterizando que a operação da absorção de colunas providas
de pratos seja governada pela corrente líquida (FRI, 1966).
A Figura 2.14 resume o diagnóstico de desempenho de pratos através da
determinação da eficiência Murphree.
43
Figura 2.14 Desempenho de pratos via determinação da eficiência Murphree. Fonte: Humphrey & Keller, 1997.
Além da porcentagem da inundação sobre os pratos, a eficiência
Murphree também é influenciada por outras características geométricas dos
pratos, que influenciam a perda de carga. A altura do líquido nos
vertedouros (DCbk) é outro parâmetro de relevância na verificação
hidrodinâmica, por se constituir na garantia da distribuição uniforme do
líquido sobre o prato, devendo ser cuidadosamente examinado, pois influi
fortemente na eficiência do prato; além de ser influenciado pelo espaço livre
entre o fim do vertedouro e a base do prato (c), não deve ser superior ao
espaçamento entre os pratos (TS), o que seria característico de inundação
pelo vertedouro.
Uma referência experimental da determinação da eficiência do prato em
função da corrente vapor é exposta no trabalho Montagem de Coluna
Experimental de Destilação e Elaboração de Método de Determinação da
Eficiência do Prato (Salvagnini, 1984).
44
Nele, além de toda a detalhada conceituação de caracterização
construtiva dos pratos de colunas, há uma exaustiva e útil discussão sobre
os fatores que influenciaram a eficiência, cobrindo desde os dados
construtivos da coluna, passando pelos fatores operacionais, incluindo
composição, características dos fluidos, incluindo a tendência de formação
de espuma, todos incorporados no presente trabalho, considerada a
importância de sua contribuição.
Com o objetivo de conceituar o método experimental de determinação da
eficiência do prato, foi feito um extenso levantamento de métodos,
evidenciando existirem muitos, sendo em grande parte de boa
fundamentação teórica, mas de aplicação restrita, devido à sua
complexidade, por dependerem de variáveis dificilmente correlacionáveis.
De forma muito didática, foram expostos cronologicamente os diversos
fabricantes que introduziram correlações empíricas de boa reprodutibilidade
para os sistemas de instalações já realizadas, mas que, devido à falta de
critério de extrapolação, levaram muitas vezes a conclusões errôneas.
Seguindo este caminho, a American Institute of Chemical Engineering –
AIChE (Moura, 1970) estabeleceu um método de correlações semi-
empíricas de boa reprodutibilidade, considerando propriedades físicas dos
fluidos envolvidos, dados operacionais, além dos dados construtivos dos
pratos. Estas relações permitem o cálculo do número de unidades de
transferência para as fases gasosa e líquida, bem como, a partir delas, o
número global de unidades de transferência, bem como a eficiência do
prato.
Segue-se detalhado levantamento dos métodos de determinação
experimental da eficiência de pratos, demonstrando claramente o quanto é
representativo fazer esta determinação utilizando três pratos, como o que
melhor reproduz uma coluna industrial, considerando o prato central como o
45
foco da investigação. O reduzido custo da instalação evidenciou-se como
um forte argumento.
Este levantamento referenciado foi ilustrado com a exposição das curvas
características da eficiência do prato em função da concentração, bem como
da vazão de vapor, em experimentação reproduzida e relatada para o
sistema etanol-água. Inicialmente, mantendo a vazão de vapor fixa, foi
determinada a melhor eficiência com relação à concentração molar de
etanol na fase líquida sobre o prato. Em seguida, mantendo esta
concentração aproximadamente constante, a vazão de vapor foi variada,
através do fator F (fator de velocidade de vapor), obtendo uma curva muito
próxima à referência utilizada no referido trabalho, principalmente quando
utilizado diâmetro próximo, conforme é possível observar na Figura 2.15,
que é exatamente a evidência experimental da exposta na Figura 2.14.
Figura 2.15 Curva experimental da eficiência de prato em função do Fator cinético de
alimentação de vapor, comparada com referências de literatura. Fonte: Salvagnini, 1984.
46
2.1.5.2. RECHEIOS
Os recheios têm como característica principal elevada área por unidade
de volume, o que é o ideal para otimizar qualquer processo de transferência
de massa, como é o caso das operações unitárias de destilação e absorção
(Humphrey & Keller, 1997).
A reconhecida vantagem dos recheios sobre os pratos é sua inferior
perda de carga, com relação ao verificado com os pratos. Expressões
utilizadas para o cálculo da perda de carga da corrente gasosa fluindo
através de um leito de recheios secos evidencia que existem dois
componentes, um que determina as perdas de energia viscosa (atrito) e a
outra pela perda resultante do aumento da energia cinética (a diminuição da
pressão ao longo do leito aumenta o volume específico, incrementando a
velocidade), que é muito superior a primeira componente, evidenciando que
o uso de recheios é apropriado para o caso em que o fluido esteja limpo, o
que posteriormente foi confirmado pelo cálculo da perda de carga de uma
corrente gasosa através de leito de recheios molhados (Treybal, 1980). Esta
sensibilidade dos recheios à qualidade do líquido foi confirmada na prática,
demonstrando ser uma desvantagem com relação aos pratos (Santos et alli,
2006, Santos et alli, 2008).
Para que a efetividade de qualquer tipo de recheio seja maximizada, há
necessidade de que a fase líquida “molhe” a superfície do recheio, que
também necessita ter características hidráulicas desejáveis como elevado
teor de espaços vazios, garantindo a livre passagem de ambas as correntes,
líquida e gasosa, concomitantemente à garantia de contato entre elas
(Humphrey, & Keller 1997). Para tanto, a operação unitária de absorção
requer uma taxa de líquido de no mínimo 10 m³/m².h (Riemer, 2007).
47
2.1.5.2.1. TIPOS DE RECHEIOS, INCLUINDO INTERNOS
Uma classificação geral é a de que os recheios podem ser desordenados
ou aleatórios, ou então estruturados.
Os recheios aleatórios podem ser de diversos tipos, como também
construídos de diversos materiais, dependendo de sua aplicação. Os
recheios mais tradicionais são: anéis de Raschig, sela Intalox e sela Berl,
todos originalmente construídos em cerâmica, com a característica principal
de que instalados no leito de recheios, eles não se encaixam entre si,
garantindo uma grande superfície específica.
Os tipos mais novos, mas de aplicação já consagrada, todos metálicos,
são os anéis Pall, as selas Intalox ou anéis IMTP. Tanto estes recheios,
como os tradicionais têm em comum o problema da instalação, os primeiros
por serem frágeis, quebrando-se em caso de manuseio errado, e os
metálicos por se deformarem, perdendo eficiência. Contorna-se este
problema, enchendo a coluna de água, antes de instalar os recheios,
evitando as deformações. Outra limitação é a altura do leito, que, se for
muito elevada, resulta em deformação dos recheios instalados na parte
inferior do leito. A Figura 2.16 ilustra os anéis tipo IMTP.
Figura 2.16 Anéis IMTP metálicos. Fonte: Riemer, 2007.
48
Atualmente, todos estes tipos de recheios são também fabricados em
plástico, o que fornece leveza ao sistema, maior resistência à corrosão,
baixo custo e facilidade de instalação, pela flexibilidade do plástico. A
Figura 2.17 ilustra um anel Pall plástico.
Figura 2.17 Anel Pall plástico. Fonte: Riemer, 2007.
Os recheios estruturados são constituídos de lâminas metálicas
corrugadas de pequena espessura dispostas verticalmente, na direção do
fluxo ascendente da corrente gasosa. As lâminas são ranhuradas, com
inclinação de 45°, e perfuradas de forma descontínu a de tal forma que o
líquido escoe pelas ranhuras, por ação da gravidade, de forma contínua,
formando uma tênue película uniforme sobre as lâminas, facilitando a troca
de massa entre ele e a corrente turbulenta gasosa. Uma vez que o líquido
atinja um furo, muda de direção, o que resulta num aumento de sua
turbulência, sem, contudo, causar nenhuma perda de carga. As lâminas são
soldadas em suas pontas, formando uma estrutura espacial de colméia,
razoavelmente rígidas, mas permitindo o movimento das lâminas com a
turbulência do fluxo gasoso, minimizando a perda de carga. A Figura 2.18
49
ilustra detalhe das lâminas corrugadas de recheio estruturado, construídas
em aço inoxidável e cobre.
Figura 2.18 Detalhes de lâminas corrugadas de recheio estruturado, construídas em aço inoxidável (a) e cobre (b). Fonte: Riemer, 2007.
As lâminas corrugadas e soldadas descritas são fornecidas em camadas
de aproximadamente 190 mm, arranjadas em segmentos, de modo a
permitir sua montagem na coluna, através das bocas de visita. As Figuras
2.19 e 2.20 ilustram camadas segmentadas de recheio estruturado em aço
inoxidável e cobre.
Figura 2.19 Camada segmentada de recheio estruturado, construída em aço inoxidável. Fonte: Riemer, 2007.
(a) (b)
50
Figura 2.20 Camada segmentada de recheio estruturado, construída em cobre. Fonte: Riemer,
2007.
A Figura 2.21 ilustra as camadas de recheios estruturados de pequenos
diâmetros.
Figura 2.21 Camadas de recheio estruturado de pequeno diâmetro. Fonte: Riemer, 2007.
Cada camada é montada com uma defasagem de 30° com relação à
anterior, o que resulta num incremento adicional da turbulência, uma vez
51
mais sem aumentar a perda de carga, garantindo a elevada efetividade do
conjunto (Riemer, 2007).
Os recheios estruturados têm a característica de fornecer a melhor
eficiência de transferência de massa a elevada capacidade, possível de ser
praticada por sua configuração, que impõe perda de carga muito baixa à
corrente gasosa. Esta configuração requer elevada taxa de líquido para
garantir a integridade da tênue película líquida sobre a superfície ranhurada
das lâminas, conforme o descrito. As mudanças de direção descritas
garantem a turbulência requerida ao processo, sem, contudo, causar perdas
de carga ao escoamento da corrente gasosa, que governa o processo,
utilizando este tipo de interno, tornando-o conveniente para situações em
que elevadas vazões de correntes gasosas estão envolvidas, assim como
por sua significativa flexibilidade operacional (Riemer, 2007).
A aplicação de recheios estruturados é crescente, mesmo em melhorias
de colunas, sejam elas de destilação ou absorção, substituindo até mesmo
os recheios aleatórios, indicando aí outra vantagem marcante dos recheios
estruturados, que não se deterioram com o tempo, ao contrário do que
ocorre com os randômicos. Nos últimos anos, a indústria demanda de forma
crescente recheios estruturados de maiores eficiências e de menores perdas
de carga (Launaro, 1999).
O desempenho adequado dos recheios seja na destilação ou na
absorção, depende primordialmente de sua instalação nas colunas, bem
como da instalação dos internos requeridos para sua operação (Treybal,
1980). Para tanto, ambos os tipos descritos, aleatórios ou estruturados
requerem a instalação de suportes apropriados, que não restrinjam a
passagem da corrente gasosa. Os recheios aleatórios requerem a instalação
de limitadores de leito, necessário inclusive para evitar que se percam com a
operação. A Figura 2.22 ilustra um limitador de leito.
52
Figura 2.22 Limitador de leito de recheios aleatórios. Fonte: Riemer, 2007.
A alimentação da corrente gasosa, no caso da absorção, ou de vapor
vivo, no caso da destilação, deve ser feita por meio de injetores adequados,
de diâmetro suficiente para garantir a injeção a baixa velocidade, evitando
assim perdas de cargas localizadas, bem como a formação de caminhos
preferenciais. Estes injetores são constituídos por tubos perfurados em sua
porção inferior que garantem a homogeneidade da alimentação (Riemer,
2007). A Figura 2.23 mostra um injetor em sua posição de operação.
Figura 2.23 Injetor de gás ou vapor. Fonte: Riemer, 2007.
53
A distribuição da corrente líquida deve ser feita de forma a manter a taxa
de líquido uniforme através de toda a seção transversal da coluna. Isto é
garantido pela utilização de tubos alimentadores, providos de ramais, que
distribuem uniformemente o líquido alimentado sobre os pratos
distribuidores, providos de furos, uniformemente distribuídos, através dos
quais o líquido irrigará os recheios. A corrente gasosa flui através de dutos
retangulares, de tal forma que a perda de carga seja desprezível. A Figura
2.24 ilustra um distribuidor de liquido.
Figura 2.24 Distribuidor de líquido. Fonte: Riemer, 2007.
A importância da utilização de distribuidores de líquido no desempenho
de colunas providas de recheios é comprovada pela experiência, como
também por cálculos, como evidenciado em literatura, seja para recheios
randômicos, operando a elevada taxa de líquido (Duss et alli, 2001), como
para recheios estruturados (Dzhonova-Atanasova et alli, 2007).
Para as colunas de absorção, instala-se usualmente um desnebulizador
(demister) acima do prato distribuidor de forma a reduzir o arraste de líquido,
54
que podem ser constituídos de malhas metálicas, poliméricas (a) ou de
placas corrugadas (b), sendo os dois últimos ilustrados na Figura 2.25.
Figura 2.25 Desnebulizador polimérico(a) e placas (b). Fonte: Riemer, 2007.
Dependendo da altura do leito de recheios, há necessidade de instalar
pratos distribuidores de líquido intermediários, de modo a garantir o bom
desempenho dos recheios ao longo de toda a altura do leito.
2.1.5.2.2. VERIFICAÇÃO HIDRODINÂMICA
Com base no exposto no item 2.1.4, referente ao cálculo do número de
estágios de equilíbrio, bem como referenciando à determinação da eficiência
dos pratos, conforme exposto no item 2.1.5.1.2.2, o equivalente para os
recheios seria a verificação hidrodinâmica, observando a porcentagem da
máxima capacidade operacional e confirmando a altura do estágio de
equilíbrio.
(a) (b)
55
O método de verificação hidrodinâmica varia para cada fornecedor,
sendo, de forma geral resultado de equações empíricas. Dependendo da
condição que se deseje verificar, mas, supondo a análise de uma coluna
existente, da qual se toma a altura do leito de recheios, bem como, o que é
o mais usual hoje, tomando os resultados de uma simulação, com a qual foi
determinado o número de estágios de equilíbrio, a partir dos dados de
operação observados. Desta simulação, tomam-se os dados hidráulicos,
com os quais realiza-se a seqüência exposta, para satisfazer as Equações
2.2 a 2.5, prato-a-prato, consistindo das composições molares e mássicas
das correntes líquida e gás, como ainda as vazões volumétricas e mássicas
de ambas correntes, como também suas propriedades físicas e condições
operacionais, caracterizando o equilíbrio líquido-vapor.
2.1.5.3. COMPARAÇÃO PRATOS x RECHEIOS
De forma geral, referencia-se como vantajosa a operação de colunas
providas de recheios, sobre os pratos, desde que o projeto e a implantação
tenham sido feitos de forma criteriosa, principalmente no que se refere à
instalação do distribuidor de líquido. Seguido este item, verifica-se que
usualmente a utilização de recheios resulta em maior capacidade e melhor
eficiência. A maior desvantagem é relativa à limpeza, requerendo, portanto,
qualidade da corrente líquida (Humphrey & Keller, 1997).
2.1.5.4. OUTROS TIPOS DE DISPOSITIVOS DE CONTATO
A literatura cita outros tipos de pratos que, como os de fluxo cruzado,
com diversas variações, mas que não deixam de ser pratos, com
características semelhantes aos já descritos (Humphrey & Keller, 2007).
56
Interessante, contudo, é citar nova tendência de utilizar membranas de
fibra ôca como dispositivo de contato, que se constituem nos contactores a
membranas. O soluto a ser absorvido permeia através das paredes das
fibras ôcas, sendo absorvido pelo fluido posteriormente. Um exemplo citado
é o da absorção de dióxido de carbono, contido em gases de combustão,
que, permeado através das paredes seletivas de membranas de fibra ôca é
absorvido por uma solução de mono-etanol-amina ou 12-amino-2-metil-1-
propanol, resultando em níveis de absorção mais efetivos do que os
verificados por coluna provida de recheios estruturados (de Montigny et alli,
2005).
Outra aplicação se refere à absorção de SO2, gerado nas mais diversas
formas de combustão de combustíveis fósseis, também utilizando os
contactores a membrana, desta feita detalhando-as como hidrofóbicas,
construídas de fluoreto de polivilideno (PVDF), obtida por inversão de fase,
com características morfológicas específicas, em que sua eficiência foi
testada, utilizando diversos líquidos de absorção soluções aquosas de
Na2SO3, Na2CO3, NaHCO3 e NaOH, realizando os ensaios com diversas
concentrações de 0,01 a 2 M, concluindo que uma concentração de até 85%
de SO2 foi obtida com soluções 0,02 M de Na2CO3 (Park et alli, 2008).
Novo relato de utilização de contactores a membrana avaliou a absorção
de H2S em concentrações muito baixas, variando de 18 a 1160 ppm, em N2,
usando como líquido de absorção uma solução aquosa 2 M de Na2CO3,
empregando membrana assimétrica porosa de fluoreto de polivilideno
(PVDF), que se mostrou eficaz de efetuar a completa remoção do soluto,
com baixos tempos de residência, num processo cujo coeficiente de
transferência de massa depende fortemente da pressão da fase gasosa e de
sua vazão (Wang et alli, 2002).
57
Em uma revisão muito mais abrangente (Li & Chen, 2005), também se
referindo à absorção de CO2 em contactores a membrana, se evidenciou
sua diferença, em termos de mecanismos, com os processos de separação
com membranas; nestes há maior ênfase na seletividade da membrana,
sempre a aumentando, com prejuízo da permeabilidade, que é sempre o
mais importante para contactores a membrana, o que torna possível a
utilização de membranas porosas, mais simples e mais econômicas,
garantindo ao sistema:
- maior flexibilidade operacional, o que se constitui num grande
problema das colunas de absorção, principalmente se forem providas de
pratos perfurados, de elevada porcentagem de furos, muito comum, nas
colunas antigas;
- mais econômicos, devido à natureza mais compacta dos sistemas
providos de módulos de membranas, reportando-se, para esta aplicação
estudada, uma redução acima de 70% de tamanho e cerca de 66% em
peso;
- fácil ampliação de escala, característica usual dos sistemas com
membranas, usualmente fornecidos em módulos;
- fácil previsão de performance do sistema industrial, desde que a
membrana tenha sido selecionada de forma adequada, bem como
avaliada experimentalmente.
Este estudo mostrou de forma detalhada que o contactor a membrana
tem um desempenho processual melhor do que as colunas de absorção
providas de pratos, em que líquidos viscosos sejam utilizados como
absorventes, que, para o caso do CO2, se verifica com a mistura água –
glicerol. No caso da coluna de pratos, o aumento da viscosidade afeta tanto
a área interfacial, como o coeficiente de transferência de massa, ao passo
que, no caso do contactor a membrana, somente a transferência de massa.
58
Contudo, a desvantagem dos contactores a membrana diz respeito ao
coeficiente de transferência de massa, usualmente menor que os sistemas
convencionais, devido ao reduzido diâmetro das fibras, resultando em fluxos
laminares. O pequeno diâmetro das fibras e a própria presença da
membrana resultam em aumento da resistência à transferência de massa.
Todavia, a enorme área interfacial do contactor a membrana o torna um
absorvedor mais eficiente.
As fibras ôcas podem ser constituídas de produtos diversos, tais como
polietileno, polipropileno, poli (éter sulfona), poli(dimetil siloxano), entre
outros, dependendo da natureza do líquido absorvente e da temperatura da
membrana.
A transferência de massa deste processo é constituída de três etapas
consecutivas:
- difusão do soluto através da superfície seletiva da membrana;
- difusão do soluto através da espessura da membrana;
- dissolução ou reação química do soluto no liquido de absorção.
Um relato ainda mais prático (Amaral, 2008; Amaral, 2009) se refere à
remoção de CO2 e H2S do gás natural, cuja qualidade é comprometida
pela presença destes compostos. Foram utilizadas membranas densas de
fibras ôcas, diferenciando-se das demais, concluindo, por este fato em si só,
que a absorção química é maior que a absorção física, além de observar
sua maior eficiência em relação à absorção convencional.
As membranas utilizadas são compostas, sendo a base fabricada em
poli(éter sulfona), recoberta por uma fina camada densa de
poli(tetrafluoretileno)_ PES/PTFE.
59
Pelo fato desta referência ser de caráter mais prático, a listagem das
vantagens e desvantagem é feita de forma mais apropriada que a anterior,
como detalhado a seguir e na Figura 2.26:
- maior área de contato por unidade de volume;
- maior flexibilidade operacional, permitindo ajustar as vazões das
correntes gasosa e líquida de forma mais independente e sem
problemas hidrodinâmicos das colunas, tais como a ocorrência de
inundações, choro ou esgotamento;
- ampliação de escala mais fácil, devido ao fornecimento modular das
membranas.
Figura 2.26 Vantagens e desvantagem dos contactores a membrana. Fonte: Amaral, 2008; Amaral, 2009.
Para complementar este item da revisão bibliográfica, relativo aos outros
tipos de dispositivos de contato utilizados em operações unitárias, como a
absorção, objeto deste este estudo, e mais especificamente com relação
aos expostos contactores a membranas, em que a intensificação do
processo é, sem qualquer dúvida, considerada como uma vantagem, é
apropriado referenciar, com base numa experiência citada de permeação de
60
vapores orgânicos através de membranas (Braga et alli, 2007; Braga, 2009),
um estudo em desenvolvimento, que, após a fase exploratória de ensaios
em laboratório, identificou a possibilidade de recuperar acetona, utilizando a
permeação de vapores de acetona através de membranas de fibras ôcas
densas, produzidas em poli (dimetil siloxano)_ PDMS, com 200 µm de
espessura de parede, que se mostraram efetivas na permeação de vapores
de acetona numa corrente de ar, numa concentração de 1 a 2% em massa,
recuperando até 98% da acetona em até 100 módulos de diâmetro 400 mm
e comprimento 700 mm, o que, em termos da referida intensificação não
constituiria uma vantagem com relação à absorção, que para a mesma
vazão (9000 m³/h), duas colunas de absorção são necessárias, sendo a
primeira, amortecedora, requerida devido às flutuações de vazão, de 500
mm de diâmetro e 3000 mm de altura, e a principal, de 1082 mm de
diâmetro e 6630 mm de altura, evidenciando, portanto, que a possibilidade
referente aos contactores a membrana seria provavelmente vantajosa,
apesar de nenhuma verificação experimental tenha sido feita. Contudo,
como usual em processos de separação com membranas e, contrariando o
apregoado em uma das referências de contactores a membrana (Li & Chen,
2005), de que os processos com membranas são de fácil previsibilidade
(Habert et alli, 2006, Nasser & Iacovone, 2000, Nasser & Taqueda, 2006), os
resultados exploratórios citados evidenciam a necessidade de realização de
ensaios em nível piloto, em módulos de 5 e 10 m², com a finalidade inicial de
validar os resultados dos ensaios realizados em laboratório, mas,
principalmente para continuar a levantar dados, que possibilitem a
ampliação de escala, aí incluindo determinar a durabilidade da membrana.
Tendo em vista reduzir o número de módulos, membranas compostas serão
também testadas, considerando película seletiva de 5 µm, o que
provavelmente aumentará a permeabilidade em 10 vezes, permitindo reduzir
o número de módulos requeridos para 10, o que tornaria este processo um
marcante exemplo de intensificação (Schwartz et alli, 2009).
61
Uma tendência recente é a de utilizar membranas impregnadas de íons
metálicos, que formam complexos com o permeado, melhorando sua
integridade mecânica e estabilidade e, principalmente a questão da
ambivalência entre a permeabilidade e seletividade. Usualmente, em
processos de separação com membranas, ao aumento da permeabilidade
corresponde uma diminuição de sua seletividade. O transporte facilitado
através de membranas impregnadas de íons metálicos, com, por exemplo, a
prata, permite que haja a elevação da permeabilidade, como o
correspondente aumento da seletividade. Esta possibilidade já está
comprovada para as separações de misturas orgânicas de olefinas com
parafinas, como a de etileno – etano e propileno – propano, com boa
seletividade e permeabilidade, utilizando membrana impregnada de AgNO3,
sendo vantajosa sobre a destilação convencional, que, pelo fato dos
componentes da mistura terem tamanhos moleculares próximos, têm
propriedades físicas semelhantes e baixas volatilidades relativas,
requerendo elevado número de estágios teóricos (Feng, 2009; Pollo, 2009).
A recuperação de acetona por processos envolvendo transporte facilitado,
utilizando membranas impregnadas de íons prata pode ser igualmente
melhorada, devendo ser investigada.