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A RESISTÊNCIA E PERMANÊNCIA DE HOMENS E MULHERES NO ESPAÇO RURAL ALICERÇADA PELA MANDIOCULTURA E PELA
PRODUÇÃO DE IGUARIAS DERIVADAS DA MANDIOCA
Alana Franco Leite Universidade Federal de Sergipe - UFS/GRUPAM
Sônia de Souza Mendonça Menezes Universidade Federal de Sergipe - DGE/UFS/GRUPAM
Resumo
Em meio às diversificadas temáticas discutidas na sociedade e no âmbito acadêmico atualmente, evidenciam-se as questões de gênero, isto é, como atuam homens e mulheres em espaços imbricados por relações sociais, econômicas, políticas e culturais. Deste modo, através do levantamento bibliográfico, da análise qualitativa e quantitativa de dados primários e secundários, este artigo vem apresentar resultados pautados no projeto de pesquisa PIBIC/CNPq¹, cujo qual discute a permanência de homens e mulheres no espaço rural, e suas trocas de papéis para a criação de novas estratégias de geração de renda relacionadas à mandiocultura e a produção de iguarias derivadas da mandioca, bem como o fortalecimento da identidade desses pequenos grupos locais através desses alimentos identitários no município de Aquidabã no Estado de Sergipe. Palavras-chave: Espaço Agrário. Gênero. Mandiocultura. Iguarias Derivadas da Mandioca e Renda.
Introdução
As transformações as quais foram submetidas as sociedades ao longo de toda a evolução
civilizatória do homem deixaram marcas positivas e negativas nos aspectos econômico,
político, social e cultural. Todavia, o mundo chegou a um estágio tal que a
modernização – que foi pensada, reformulada e materializada – não atende a demanda
dessas populações e principalmente o bem-estar das mesmas.
A modernização tecnológica que foi sendo inserida gradualmente reflete os impactos de
um sistema que se preocupou demasiadamente em superfaturar, deixando a mercê
questões fundamentais ligadas a agricultura que afetam diretamente os indivíduos,
principalmente aqueles ligados ao trabalho na terra.
Destarte, procuramos analisar questões de gênero que envolve a terra, o alimento e
identidade de produtores (as) e comerciantes de iguarias derivadas da mandioca
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ressaltando a importância desses produtos, visto que, até os anos 1980 apresentavam
exclusivamente valor de uso tendo em vista que o destino dos mesmos estava
relacionado ao consumo familiar. Após a referida década com a modificação no uso das
terras e nas relações de trabalho, quando o espaço agrário sofre uma reconfiguração, os
mesmos passam a ter valor de troca e a comercialização das iguarias cresce de acordo
com a demanda do mercado consumidor que não desapareceu e continua aumentando.
Vários estudos comprovam que essa reconfiguração do espaço rural propiciou uma
imposição dos novos em detrimento aos antigos hábitos alimentares, tentando substituir
não só os próprios alimentos, mas sim toda uma riqueza cultural adquirida a partir das
relações sociais e pela relação homem/natureza. Hernández: (2005, p. 135,), explica
essas questões: A menor separação desses produtos em relação a essa cultura faz pressupor a perda de sentido até a um ponto em que eles não se pareçam com alimentos, mas com ‘artefatos’, ‘plásticos’ e ‘sem alma’. O desenhista F. Jegou (1991) diz que a indústria proporciona um fluxo de alimentos sem memória, no qual a dimensão simbólica da alimentação já não é o resultado de um lento processo de sedimentação entre o homem e seu alimento, mas preexiste a ele. Assim, os ‘novos alimentos’ podem ser classificados no limite do comestível, e sua ingestão mostra-se cheia de riscos.
Com o objetivo de analisar a resistência e permanência de homens e mulheres, a troca
de papéis, e o fortalecimento da identidade de camponeses no espaço rural através da
criação de novas estratégias de reprodução social, calcadas na mandiocultura, como
também na produção de iguarias derivadas da mandioca no município de Aquidabã no
Estado de Sergipe, iniciamos a pesquisa com trabalho de campo no meio rural e urbano
do referido município, alicerçado pela revisão bibliográfica.
Como resultados após inquirir diferentes grupos sociais, órgãos e instituições
envolvidas nesse contexto, constatamos a permanência desses sujeitos e dessa atividade
no espaço rural aliada à manutenção da tradição repassada de geração-a-geração, no
tocante ao modo de produzir iguarias derivadas da mandioca e a demanda do mercado
consumidor, que fortalece o movimento, ainda que de forma involuntária de um dos
cultivos mais antigos relatados na história do nosso país.
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Questões de gênero que envolve a terra, o alimento e a identidade
As mudanças realizadas no espaço agrário do nosso país, principalmente após a década
de 1970, calcadas na busca pela modernização da agricultura, a qual discutem autores
como Graziano da Silva (1999) e Marafon (1998), revelam uma (re)estruturação de
muitos elementos que compõem este espaço atingindo todas as escalas geográficas,
porém em proporções diferenciadas.
Estas proporções evidenciam um mister de alterações historicamente e geograficamente
concretizadas, imbuídas de relações outras passíveis de interferências políticas,
econômicas, sociais e culturais. Como demonstram Santos et. al. (2011, p. 78)
enfatizando a nova roupagem do espaço agrário brasileiro imposta pelos interesses do
modo de produção vigente:
Surge outra forma de produção no campo brasileiro, caracterizada pela concentração de terra e pelo uso intenso de tecnologias, financiamento e uso intensivo de insumos agrícolas. Essa forma de produção coloca em risco a forma de produzir herdade de geração após geração pela população rural, que, com seus costumes e crenças, revela o seu modo particular de usar a terra.
Nesta direção, incentivados pelos discursos governamentais para um desenvolvimento
promissor no campo, somados as ilusórias políticas públicas de beneficiamento e
financiamento através de créditos agrícolas, muitos camponeses sofrem até os dias
atuais pela fragmentação e/ou perda da terra, do trabalho e, simultaneamente, do
simbolismo embutido nestes elementos.
Em pesquisas realizadas por Ellen Woortmann e Klass Woortmann (1997) a nível
nacional e local é possível perceber nitidamente o modo de vida desses camponeses e a
relação trabalho-terra-simbolismo, que remete a toda uma estrutura formada a partir de
processo já relatado anteriormente e, sobretudo, formada pelo aspecto cultural ao qual
estavam envolvidas essas famílias.
Ao analisar e fazer um comparativo do modo de vida desses camponeses na pesquisa
citada dos autores apontados em parágrafo anterior com a realidade recente de alguns
municípios sergipanos, e nesse caso especificamente Aquidabã, observa-se que a
divisão e funcionalidade, relativas ao controle (questões de gênero), das áreas
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pertencentes ao sítio (propriedade) foram modificadas ao longo de pouco mais de uma
década.
O espaço rural de Sergipe relatado pelos autores via de regra era dividido em mato,
capoeira, chão-de-roça ou malhada, pasto, casa de farinha, a casa e o quintal. Dentre
esses espaços somente a casa e a casa de farinha eram controladas pela mulher, embora
parte do quintal pudesse ser trabalhado pela mesma (esse de fato não era considerado
trabalho, pois o que dali resultasse era voltado pro auto-consumo), os demais espaços
eram comandados pela figura masculina mais experiente da família. Isto é, verifica-se
uma hierarquização, segundo o gênero, nas relações e divisões de trabalhos
estabelecidos pelo homem. Assim, cabia ao mesmo o trabalho braçal na propriedade,
restando à mulher as tarefas domésticas como arrumar a casa, cuidar dos filhos, e
fundamentalmente cozinhar.
Atualmente, com o avanço da pecuária e o incentivo ao plantio de monoculturas nestes
espaços, a situação se encontra de outra forma. Observa-se uma maior concentração de
terra por produtor, consequentemente poucos camponeses conseguiram se desenvolver,
estes compram trabalho temporário ou permanente, e assim passam a ter a condição de
fazendeiro; muitos outros camponeses ou pequenos proprietários que ainda detinham
uma parcela de terra foram forçados a vender parte destas; e outros foram
desapropriados, causando o movimento migratório para a área urbana da cidade, sendo
que destes últimos, denominados agora lavradores urbanizados, pouquíssimos
conseguem vender sua mão-de-obra na área rural, ou seja, alguns homens trabalham
como diaristas nas grandes propriedades rurais (BRANDÃO, 1981).
Entrelaçando ainda mais as discussões trazidas pelos autores com a realidade vivida no
campo hoje, percebemos que para sobreviver às alterações causadas pela redução de
terras para plantio de culturas de subsistência (na própria propriedade) e a falta de
trabalho direto na terra em outras propriedades (atividades do gênero masculino), esses
indivíduos passam a criar novas estratégias de reprodução. Dessa maneira, um elemento
crucial da estruturação do modo de vida rural chama bastante atenção, e é, justamente, a
divisão do trabalho relacionada à questão de gênero na família, discutida por
Woortmann e Woortmann (1997), Bourdier (1999), Claval (1999) e Menezes (2009),
uma vez que o trabalho passa então por uma redefinição e ressignificação das funções
antes impostas a homens e mulheres participantes daquele universo.
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Em outras palavras, os homens fazem uma nova divisão do trabalho deixando claro que
ainda eles assumem o topo da hierarquia familiar, assim sendo, a este também agora
compete o comando de algumas atividades antes incumbidas às mulheres. No entanto, é
importante frisar que não é qualquer atividade, mas sim, aquelas outrora definidas como
atividades invisíveis de mulheres invisíveis (ABDALA, 2008), ligadas à comida e
cultura de uma classe reprimida e desvalorizada. Estas atividades passaram por uma
ressignificação cultural e consequentemente ganharam valor no comércio local.
Porque se pensarmos na sociedade de algumas décadas atrás, ao homem não era
admitido cozinhar a não ser quando esse assumia um cargo de chef de restaurantes
renomados [ibidem], isto é, ainda que assumisse alguma atividade destinada às
mulheres, esta atividade não poderia deixar de enaltecer a masculinidade e a relativa
submissão de mulheres, fato que na época contribuía para a formação do ego e da
identidade masculina.
Entretanto, na verdade, nos espaços assumidos pela figura feminina, esta sempre se
caracterizou pelo modo sublime e essencial de participar das relações, sejam estas
produtivas, afetivas, entre outras. Mergulhemos nos pensamentos de autoras como
Carvalho (2008), Oliveira e Vela (2008) e Woortmann e Woortmann (1997) para afirmar
tal alegação quando estas enfatizam que às mulheres cabiam além de cozinhar, escolher
os pratos e a composição dos pratos (a relação de fortes ou fracos) servidos à família,
criar doces e quitutes, apreender e repassar o saber-fazer, este último ponto muito
importante para manter as tradições e o conhecimento.
Destarte, percebe-se que apesar da figura masculina estar sempre associada ao comando
da produção e comercialização, a mulher sempre está por perto acompanhando todo o
processo, pois ela é peça chave como mão-de-obra e detentora do saber-fazer, ou seja,
as duas figuras são dotadas de poder, cujos quais estes poderes ora representam os lados
de um conflito, ora representam a força da família.
Um exemplo concreto dessas afirmações é a produção de iguarias e quitutes, no caso
estudado aqui os derivados da mandioca, antes somente produzidos pelas mulheres no
espaço rural (Canesqui 2005), pois tinham valor de uso, e após todas essas mudanças
esses produtos passam a ter valor de troca, alicerçados por uma comercialização
crescente permitida pela demanda do mercado consumidor atual.
Neste sentido, a partir das análises feitas das alterações no espaço agrário, das questões
de gênero e da criação de novas estratégias de reprodução social, notamos que foram
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construídas relações identitárias fortes desses grupos sociais (produtores(as) e
consumidores(as)) em relação aos espaços vivenciados resultando na formação de
territórios, relações essas abordadas e teorizadas por vários autores sob a denominação
identidades territoriais. A esse respeito Haesbaert (2004, p. 339) assinala:
[...] não há indivíduo ou grupo social sem território, quer dizer, sem relação de dominação e/ou apropriação do espaço, seja ela de caráter predominantemente material ou simbólico [...]”, e mais, que o “território cultural ou simbólico cultural” [...] prioriza a dimensão simbólica e mais subjetiva, em que o território é visto, sobretudo como apropriação/valorização simbólica de um grupo em relação ao seu espaço vivido [...]
Em síntese, fazemos das palavras de Raffestin (1993, p. 143) as nossas:
[...] O território se forma a partir do espaço, é o resultado de uma ação conduzida por um ator sintagmático (ator que realiza um programa) em qualquer nível. Ao se apropriar de um espaço concreta ou abstratamente (por exemplo, pela representação), o ator “territorializa” o espaço [...]
Logo, os atores sociais da nossa pesquisa empírica (mandiocultores(as) e/ou
produtores(as) de derivados da mandioca) ao apropriar o espaço e aproveitar os recursos
que dispõem fundamentados nos saberes transmitidos por gerações, criam atividades
autônomas na busca da reprodução social e econômica. Desse modo, alicerçados pelas
redes de sociabilidade, eles constroem o território.
Através de técnicas, saberes e memórias transmitidas por gerações, esses grupos locais
produzem uma territorialidade, e constituem uma prova antagônica do movimento que
ressaltava a desterritorialização. Isto é, as práticas tradicionais mantidas ou reinventadas
sobrevivem ao tempo e às modificações do espaço e cultura, não desapareceram. Em
oposição a homogeneização elas resistem, fundamentada pelo movimento que busca o
resgate e a valorização de elementos que compõem suas identidades. Tal discussão será
apresentada a seguir a partir dos resultados da pesquisa empírica realizada nos
territórios do Médio e Alto Sertão de Sergipe.
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A resistência de homens e mulheres no campo através da mandiocultura e das iguarias derivadas da mandioca
Localizado no Território do Médio Sertão Sergipano, o município de Aquidabã
apresenta uma economia baseada no setor terciário com um expressivo crescimento das
atividades comerciais, seguido pela agropecuária e pelo setor industrial, este último
cresce timidamente no cenário da economia local.
A agricultura neste município ainda se faz presente como um dos meios de
sobrevivência da população local e resistência dos mesmos no espaço rural, apesar dos
dados estatísticos, coletados no IBGE, mostrarem um leve predomínio da população
urbana contabilizando 57,1%, sobre a população rural representada pelos 42,9% da
população total.
Continuando a discussão feita por Leite e Menezes (2012) a prova da permanência e
resistência desses camponeses pode ser percebida pelo cultivo da mandiocultura e suas
características na região, tendo toda uma particularidade e singularidade que contribuiu
e continua contribuindo, ainda que de forma branda, para o desenvolvimento social,
econômico e cultural local.
Por muitas décadas Aquidabã foi considerado um dos maiores produtores do Estado de
Sergipe, se colocando entre os cinco primeiros do ranking estadual em área plantada,
área colhida e quantidade produzida de mandioca, segundo dados da produção agrícola
municipal disponibilizados no site do IBGE. Entretanto, a partir do ano de 2005 esse
cultivo vem sofrendo oscilação e declínio (gráfico 01) devido a vários fatores de ordem
natural, política, econômica e cultural.
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Gráfico 01: Área plantada e área colhida de mandioca em Aquidabã 1990-2010.
Fonte: IBGE, Pesquisa realizada no banco de dados obtidos no SIDRA. 2012.
Atualmente o cultivo desse tubérculo compreende uma área de 500 hectares,
possibilitando a produção de 15.000 mil quilos por hectare de diversas variedades. Via
de regra essa produção se destina ao auto-consumo, e principalmente a venda ou
utilização do excedente para a produção de farinha e iguarias derivadas da mandioca
(beijus, pé-de-moleque, macasado) pelos próprios produtores/comerciantes da
localidade. Todavia, essa produção e manutenção também vêm se mostrando
comprometidas pelas problemáticas enfrentadas por estes indivíduos.
De acordo com entrevista realizada com os técnicos da EMDAGRO - Empresa de
Desenvolvimento Agropecuário responsável pela região, as variedades do tubérculo são
originárias da espécie Manihot Esculenta Crantz, e dentre as variedades comestíveis
mais cultivadas na região – isto é, que possuem um teor mais baixo de ácido cianídrico
– são encontradas a Caravela, Aramaris, Kiriris, Rainha da mesa, Unha e Pretinha. No
entanto, a variedade predominante é a Caravela, que se caracteriza por ser menos
tolerante à doença bacteriana que assola a plantação causando a podridão radicular do
tubérculo, e a consequente baixa na qualidade do produto, resultando na perda da maior
parte da produção.
Por volta do ano 2000 foi feita a distribuição em Aquidabã de mudas mais tolerantes
(Aramaris) pela Embrapa Tabuleiros Costeiros atuante em Sergipe em parceria com a
Embrapa Cruz das Almas - BA, esta última especializada no cultivo de mandioca.
Contudo, essa variedade não se disseminou na região de forma esperada pelos técnicos,
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o que nos leva a apontar a não aceitação de uma cultura exterior e estranha aos
produtores de mandioca daquela região.
O cultivo intensivo da variedade “Caravela” nessas áreas, juntamente com a falta de
práticas de conservação do solo como o pousio, rotação de culturas e adubação (química
ou orgânica), vem causando a limitação do solo. Haja vista que o órgão governamental
responsável por dar assistência técnica direta aos agricultores, a Emdagro, não dispõe de
um quadro de funcionários suficientes para conscientizar, capacitar e assistir esses
produtores, essa situação se deve ao motivo de não haver concurso público para suprir
essas vagas deficientes há anos.
Outro ponto alegado como causa para a redução do plantio desse cultivo diz respeito ao
acesso à terra devido à modificação no uso das terras após a expansão pecuária, uma vez
que anteriormente parte das terras destinava-se aos cultivos por meio das relações de
parceria (a terra era cedida para as roças e com dois anos de uso pelo lavrador, deixava
o pasto formado). Com a expansão da pecuária os proprietários não cedem a terra aos
lavradores (meeiros e parceiros). Dessa forma, a terra disponível para o plantio desse
alimento reduz-se e esses trabalhadores passam a vender sua mão-de-obra (diarista em
grandes propriedades).
Além da expansão da pecuária outra atividade tem contribuído para a redução do cultivo
da mandioca, trata-se do avanço rápido e recente (cerca de dez anos) da cultura do
abacaxi (gráfico 02), principalmente nos povoados Papel de Santo Antônio, Papel de
Santa Luzia, Papel dos Dias, Campo Redondo, Moita Redonda, Saco de Areia e
Segredo. Impulsionada pelas políticas públicas e o uso das técnicas agrícolas como a
correção dos solos da região e inserção de mudas geneticamente modificadas.
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Gráfico 02: Área plantada de abacaxi e mandioca em Aquidabã 1990-2010.
Fonte: IBGE, Pesquisa realizada no banco de dados obtidos no SIDRA. 2012.
O abacaxi encontrado é o “Pérola”, derivado da espécie Ananas comosu, possui um
ciclo médio de desenvolvimento entorno de 14 a 18 meses, e se caraceteriza por
adaptar-se bem às condições de baixa umidade, fator favorável às condições
edafoclimáticas do município. Dados da produção agrícola municipal (Emdagro) do
ano de 2012 revelam a ocupação de cerca de 230 hectares de área plantada dessa
variedade de abacaxi, com a capacidade de gerar 26.000 mil frutos por hectare ou
39.000 mil quilos por hectare no município supracitado. Estes produtos são destinados à
venda na feira local por 1,50 reais cada e repassado também ao atravessador por 1,00
real, que por sua vez fará a revenda no CEASA na capital do Estado.
Diferentemente do caso da mandiocultura, para o cultivo de abacaxi nos anos de 2007 e
2008 a Emdagro chegou a promover reuniões com palestras sobre temas envolvendo
técnicas agrícolas, comercialização e associativismo, além de cursos e treinamentos para
esses camponeses, com o objetivo de incentivar a produção tendo em vista a demanda
do mercado consumidor e do setor industrial.
Entretanto, o não acompanhamento rotineiro por parte dos técnicos para com os
produtores de abacaxi, além da não conscientização do próprio produtor, está causando
problemas no desenvolvimento do cultivo.
Dentre as problemáticas, ressaltamos uma doença fúngica chamada Fusariose capaz de
danificar a polpa do fruto. É identificada por liberar uma secreção com aparência de
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resina, que por sua vez torna o consumo desse alimento impróprio ao consumidor,
resultando na perda de grande parte da produção.
Inadequadamente, para tentar sanar esses problemas e para aumentar a quantidade de
frutos produzidos em um curto período de tempo, o produtor aplica – sem conhecimento
prévio do dano a ser causado ao produtor e consumidor – herbicidas e fungicidas nas
plantações, como relata o técnico da Emdagro:
“Medidas profiláticas de controle da fusariose podem ser adotadas como: cata e retirada da área de plantas doentes para queima e seleção criteriosa das mudas, escolhendo plantas sadias de lavouras pouco atacadas pelo fungo, o que não acontece. Cerca de 7 a 10 meses após o plantio, é feita a indução floral com o Ethrel, para garantir a frutificação homogênea para colheita por igual. Este produto também é utilizado para amarelecimento da casca, mesmo com a fruta verde, para parecer maduro, no entanto, não há respeito do prazo de carência, prejudicando a saúde do consumidor” (Entrevista realizada em 06/2012)
O motivo pelo qual a cada ano há o aumento da produção e do número de camponeses
adeptos ao plantio do abacaxi, além dos incentivos governamentais por interesses de
uma política voltada para o sistema agroindustrial, se dá pela rentabilidade deste
alimento, isto é, há um retorno de mais de 100% sobre o capital aplicado, sem esquecer
que não demanda tanto trabalho como a mandiocultura.
Ao entrevistar a camponesa L. sobre o crescente número de produtores de abacaxi no
município de Aquidabã, constatamos esse aumento aliado a utilização de agrotóxicos e
ao declínio do cultivo da mandiocultura, relatados no trecho abaixo:
“A maioria das pessoas aqui planta tudo abacaxi. As casas de farinha estão quase tudo fechando, porque o pessoal tão deixando muito de plantar mandioca. E o abacaxi planta, passa veneno. O negócio é o veneno, passou o veneno tá limpinha! (sem pragas na plantação) ... Aqui nós plantava mandioca, morria mais da metade, aí nós paremos e tamos tentando plantar abacaxi para ver se melhora (condições financeiras) ... A mandioca estava morrendo, e a pessoa tira para fazer farinha e beiju, dá mais trabalho” (Entrevista realizada em 06/2012)
Essa nova territorialidade no município cresce, e a previsão é que continue galgando
índices cada vez mais altos de produção e concentração de terras na agricultura local,
tendo em vista que aproximadamente 35.000 mil mudas de uma nova variedade de
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abacaxi chamada “Vitória”, originária do Estado do Espírito Santo, porém gerada in-
vitro, estão em fase de observação para testar o desempenho da planta na região.
Dentre suas vantagens destaca-se uma maior resistência à fusariose, além da facilidade
no manuseio da planta e na limpeza do área por não conter espinhos. Em breve as
mesmas serão distribuídas entre os associados (aqueles já cadastrados na Associação de
Produtores de Abacaxi em Aquidabã e Gracho Cardoso) e inseridas no mercado
sergipano, porém ainda não se sabe se terá aceitação pelo consumidor.
Ainda vale ressaltar que as políticas de crédito agrícola se apresentam nesse cenário de
forma desigual, pois são oferecidos inúmeros tipos de crédito para esses pequenos
produtores de abacaxi, custeados principalmente pelo Banco do Brasil e Banco do
Nordeste. Enquanto isso, para os produtores de mandioca não se percebe esse tipo de
incentivo, e nem mesmo a procura por parte desses mandiocultores, isso evidencia: No que diz respeito às caracetrísticas de seus processos produtivos, estes são marcados pela economia de subsistência, em que a produção é determinada por questões singulares ligadas às necessidades versus possibilidades, destacando-se as dificuldades enfrentadas por esses grupos no campo econômico, sobretudo no que se refere ao acesso ao crédito e ao reconhecimento de suas formas de organização” (SANTOS et al., 2011, p. 80)
Apesar do declínio da mandiocultura, da limitação das terras, e do avanço de outras
culturas na região, constatamos a resistência dessa população no espaço rural calcada na
tradição da produção das iguarias derivadas da mandioca. Durante a pesquisa de campo
visitamos os povoados Moita Redonda, Saco de Areia e Segredo no município de
Aquidabã, nos quais observamos a concentração de grupos familiares produtores dos
derivados da mandioca. Ainda identificamos nas feiras dos Territórios do Alto e Médio
Sertão Sergipano os referidos produtores/comerciantes oriundos de Aquidabã.
Nas feiras do Alto e Médio Sertão Sergipano as diversas iguarias derivadas da mandioca
são comercializadas aos sábados (Itabi, Nossa Senhora de Lourdes, Nossa Senhora da
Glória, Monte Alegre e Canindé), aos domingos (Graccho Cardoso e Cumbe), às
segundas-feiras (Porto da Folha, Poço Redondo e Nossa Senhora das Dores), e às
quartas-feiras (Gararu). Esses produtores/comerciantes residem nos citados povoados de
Aquidabã e deslocam-se às 4 horas da manhã nos dias de feira, retornando a sua
residência por volta das 16 horas.
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Figura 01: Fluxo dos derivados da mandioca produzidos em Aquidabã/SE.
Feira de Aquidabã
Município de AquidabãMunicípios onde os feirantes oriundos de Aquidabã comercializam iguarias de mandioca
Intensidade do fluxo migratório de comerciantes de iguarias derivadas da mandioca
Lagarto
Carira
Gararu
Poço R edondo
Estância
Tobias Barreto
Capela
Porto da Folha
Japoatã
Simão Dias
Itabi
Pacatuba
Itabaian inha
FreiP au lo
Aq uidabã
Canind é de SãoFranci sco
Itabaiana
Siri ri
Poço Verde
Arauá
Indiaroba
São Cri stóvão
Sal gado
Japaratuba
Nos sa Senhora da Glóri a
Neó polis
B oqui m
Riachão do Dantas
P irambú
Pi nhão
Ribeiróp olis
C rist inápol is
Canh oba
Tomar do Geru
Cumbe
Feira Nova
Monte Al egre de Sergi pe
Santa Luzia do Itanhy
GrachoCardoso
Laranjeiras
P ropri á
Maruim
M acambira
Umbaúb a
Brejo Grande
Malhad or
ItaporangaD´Ájud a
Aracaj u
Nossa Senhoradas Do res
Nos sa Senh oraAp areci da
Campo doBrito Sant o Amaro
das BrotasAreia Branca
Telha
Muribeca
Riachuelo
Moi ta Bon itaP edraMole
SãoDomingos
SãoM igueld oAleixo
DivinaPasto ra
SãoFrancisco
Nossa Senh orado Soco rro
Ro sáriod o Catete
Barra dosCoqueiros
Cedro deSão João
Carmópol is
Ilha dasFlores
Malhadados Bois
Pedrin has
Santa Rosade Lima
Nossa Senhorade Lo urdes
SantanadoSão
Francisco
AmparodoSão
Francisco
Área d e Litígio
Gal. Maynard
0 10 20 km
ESTADO DE SERGIPE
Fluxo da comercialização dos produtores de iguarias derivadas da mandiocaAquidabã-SE 2011/2012
Fonte: Pesquisa de Campo, 2011/2012
Constatamos que entre os responsáveis pela produção de iguarias alguns são
camponeses que dedicam parte do seu tempo à lavoura da mandioca em
estabelecimentos rurais com dimensão inferior a 10 hectares, e outros produtores que
compram a matéria-prima por não ter mais esse acesso à terra . De acordo com esses
atores a renda obtida com a comercialização é superior à agricultura e a mesma
contribui para reforçar a continuidade e a permanência da família no meio rural.
Os produtores das referidas iguarias elaboram esses produtos por um período superior a
20 anos ou mais, como afirmou um produtor que produz por cerca de 40 anos pé-de-
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moleque de massa puba, os beijus (coco, massa, tapioca molhada), macasado (doce e
salgado), bolachinhas de goma, bombocado, bolos de puba, macaxeira, milho e ovos.
Nas entrevistas os produtores ressaltavam a importância dessa atividade que envolve
não só a família, mas outros membros que mantêm uma relação de proximidade desde a
colheita até a comercialização e consumo. A produtora Maria José afirmou:
“aprendi a fazer os beijus com minha família; duas filhas me ajudam no processo de produção dos produtos e eu dou parte da minha renda a elas, pois as mesmas não tem outro trabalho; ganho cerca de trezentos reais por feira e muitas das coisas (eletrodomésticos) que tenho na minha casa foram adquiridos com esse trabalho”. (Entrevista realizada em 01/2012)
Percebemos que eles/elas utilizam as mesmas receitas na elaboração das iguarias
repassadas pelos parentes. Mesmo aqueles que não participam de todo o processo de
produção, ou seja, desde a plantação da mandioca, eles conseguem resgatar a tradição e
repassar para seus filhos ou parentes, contribuindo para o fortalecimento do círculo de
ligação familiar, para a construção de identidades, e para a transformação destas
iguarias em uma fonte de renda, que será revertida para sobrevivência do grupo
familiar. Logo, essa atividade ainda se faz presente no meio rural, e é considerada de
extrema importância diante da escassez de postos de trabalho no município. Os
produtores ressaltam a importância da atividade em relação à independência e
autonomia uma vez que a exercem com liberdade, sem patrão.
Na feira do município de Monte Alegre constatamos a presença de um grupo de
vendedores dessas iguarias formado por dois irmãos e um tio, os quais alegam somar-se
tanto na produção, quanto na comercialização, para que o lucro obtido seja dividido em
partes iguais para todos os membros do grupo. Tal fato denota o apoio da rede familiar
similares às redes de sociabilidade “[...] que expressam e condicionam as redes de
relações sociais, de vizinhança, de parentesco, de amizade [...]” (SERPA 2005, p. 213).
Corroborando com essa discussão Menezes (2009, p.165) afirma “as redes sociais, de
sociabilidade ou do cotidiano, são horizontais, apresentam forte poder de coesão social,
cultural e territorial e viabilizam a persistência do agricultor familiar”. Essa coesão
social e cultural é visível entre esses produtores das iguarias.
Os mesmos informaram que plantam pouca mandioca, pois a roça é dividida com outras
plantações como a de milho e de feijão utilizada para o consumo familiar, logo,
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precisam adquirir a mandioca com outros camponeses de Aquidabã no verão e
principalmente no inverno.
Relataram que produzem essas iguarias acerca de 20 a 25 anos, e que aprenderam com
os pais, desde a infância, primeiro olhando os pais na concretização da atividade e
depois começaram a ser inseridos no processo de produção. Ao atingir certa maturidade
eles passaram a produzir de forma autônoma, e atualmente esta atividade é responsável
pela geração de renda, essencial para a sobrevivência do grupo familiar. Eles afirmam
que essa tradição foi repassada e outros parentes também elaboram as iguarias derivadas
da mandioca e as comercializam em outras feiras do Estado, como a de Porto da Folha.
Utilizam cerca de 100 a 150 kg de mandioca semanalmente para elaborar os derivados.
O trabalho é realizado pela mão-de-obra familiar envolvendo todos os membros
homens, mulheres e crianças com atividades divididas de acordo com a faixa etária e o
gênero.
Sobre a questão de gênero é importante enfatizar a reestruturação da hierarquia familiar
em alguns casos quando o homem assume o processo de produção das iguarias, em
primeiro lugar atrelado a falta do espaço na propriedade (terra para plantar) destinado a
mão-de-obra masculina – muito bem descrito por Woortmann e Woortmann (1997) – e
em segundo lugar, pelo caráter de valor de troca assumido pelos produtos quando da
comercialização. Isto é, no referido município é perceptível o envolvimento dos homens
na produção das iguarias, tendo em vista a renda percebida com tal atividade, e o
domínio destes na comercialização. Entretanto, também foi visualizado o apoio das
mulheres na comercialização em alguns casos, como também em outros,
predominantemente, o domínio e a supervisão destas na produção.
Quanto à demanda das iguarias, em todas as feiras, os comerciantes ressaltam que a
clientela é fiel e a procura aumenta quando nos municípios existem algumas
festividades, principalmente no São João – manifestação cultural na qual se evidencia o
consumo de alimentos tradicionais como os derivados da mandioca e do milho.
Os consumidores, em sua maioria adultos e idosos, ressaltam que o consumo desses
produtos se faz desde a infância, é uma tradição adquirir as iguarias nas feiras tendo em
vista que na atualidade eles não têm condições de produzir, em decorrência da escassez
de casas de farinha e do tempo, pois estão ocupados com outras atividades. Ainda
asseveram que os jovens por frequentarem em menor intensidade a feira adquirem os
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produtos de forma reduzida, porém, os idosos e adultos ressaltam que os seus filhos e
netos consomem nas residências esses produtos identitários.
Nos povoados encontramos àqueles feirantes os quais entrevistamos nas feiras, e
pudemos comprovar de fato a maior parte do ciclo de produção que eles relataram
durante as entrevistas. Observamos desde as condições de vida as quais se encontram
esses grupos sociais até a produção dos quitutes.
Nos reduzidos estabelecimentos rurais, os membros da família, parentes, fortalecidos
pelas relações de compadrio, todos reunidos na casa de farinha, cada um é incumbido de
uma função (descascar e ralar o coco, misturar os ingredientes, enformar, fazer as
iguarias) sob a supervisão de um membro geralmente esse é o adulto ou um idoso com
faixa etária superior aos 50 anos.
A percepção cultural desses produtores é tão diversificada que eles reconhecem o tempo
certo para plantar, colher – é importante ressaltar que o tempo não está relacionado ao
fator meteorológico, e sim ao fator religioso como comentam [ibidem], quando os
mesmos associam o tempo bom às bênçãos divinas e o mal tempo ao castigo pela
agressão do homem à natureza –, reconhecem o tipo de alimento que serve para fazer as
iguarias, como é o caso da diferenciação entre a macaxeira e a mandioca, se a massa
preparada está no ponto exato para ser colocado para assar, entre outros saberes. Todos
esses conhecimentos revelam a aproximação do produto e do produtor, relações que
emanam o sentimento de pertencimento à terra, e ao saber-fazer passado de geração-a-
geração.
Considerações Finais
Constatamos a partir dessa pesquisa em Aquidabã que a permanência desses homens e
mulheres no espaço rural se dá pela resistência da mandiocultura e da produção de
iguarias derivadas da mandioca, tanto para os que não possuem, quanto para aqueles
que ainda detêm pequenas parcelas de terras cultivadas com a mandioca, pois o
beneficiamento se dá de várias formas, apesar das inúmeras problemáticas encontradas
no município.
Por ser considerado um alimento “forte” para o nordestino, ou seja, de sustância,
(WOORTMANN e WOORTMANN 1997) as técnicas, os ensinamentos, as memórias,
as receitas e principalmente o saber-fazer de pessoas idosas são repassados por gerações
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para os mais jovens no âmbito familiar, como também entre vizinhos e amigos a partir
das relações imbuídas por sentimento de afetividade e proximidade, formando redes de
sociabilidade cada vez mais extensas.
Nesta perspectiva, por um lado, observa-se a tendência a homogeneização do espaço
agrário através do incentivo aos cultivos de monoculturas, como também uma
influência cultural que permite a reestruturação dos hábitos alimentares padronizados e
alimentos a serem consumidos, e por outro, contraditoriamente, observamos a
resistência de pequenos produtores ressignificando seus modos de vida e assim criando
estratégias de reprodução social, a partir de cultivos de subsistência de alimentos
fortemente enraizados, que continuam demandados pelos consumidores nos diferentes
territórios nesse mundo globalizado.
Nesse ínterim, é fundamental a percepção sobre o papel assumido pelos homens quando
da apropriação do saber-fazer das iguarias derivadas da mandioca, visto que estas antes
tinham o valor de uso, então esse saber pertencia somente as mulheres, e quando passam
a ter valor de troca há essa inversão de papéis. E sobre o papel determinado às mulheres
mostrando sempre esse caráter de coadjuvantes nos processo que envolvem a terra, a
produção e a comercialização de produtos.
Notas:
_____________________________ 1 Projeto PIBIC/CNPq intitulado “Permanência e resistência da produção de iguarias derivadas da mandioca: a tradição como estratégia na geração de renda de grupos rurais e urbanos nos municípios de Aquidabã e Itabaiana.
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