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Page 1: A Questão Feminina Na História Do Brasil

A Questão Feminina na

História do Brasil

Page 2: A Questão Feminina Na História Do Brasil

As mulheres na História e na

Historiografia

A voz dos “vencedores” e dos “vencidos”;

Criação de discurso monofônico;

História política (factual) dos grandes feitos dos grandes homens;

Operários, crianças, escravos, servos e as mulheres eram excluídos da

história;

Justificativa: ausência de fontes (documentos);

Segunda metade do séc. XX há grande mudança de paradigmas:

mulheres passam a ocupar posições institucionais mais importantes;

Necessidade de dar voz aos “sem voz”

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Fator externo – Revolução Cultural e Sexual de 1960/1970 (Maio de 68)

Fator interno – Filosofia Pós-Moderna nas Ciências Humanas

Aparecimento de diversos estudos em História

“Os Excluídos da História” – Michelle Perrot

“"Gender and Genre: Women as Historical Writers, 1400–1820” N. Z. Davis

“Cotidiano e Poder” M. O. Leite da Silva Dias

“Honradas e Devotas” Leila Mezan Algranti

OBS: História da Cultura e das Mentalidades

Perspectiva histórica permite observar a discussão sobre a construção do

Gênero

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Feminismo – Trajetória Histórica (I)

Século XVIII – França

Influenciado pelo Iluminismo, as ideias de cunho feminista passam a ser

formuladas ainda de forma incipiente defendendo a ideia de direitos

naturais idênticos para homens e mulheres acompanhados de

participação política (Olympe de Gouges)

Século XIX – Inglaterra (Feminismo Emancipacionista)

Sufragetes: defesa do sufrágio para as mulheres

Direito ao voto, ao estudo, à herança, à propriedade e ao trabalho

remunerado

Mulheres brancas e de classe média (caráter burguês)

OBS: Stuart Mill e a absorção feminina

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Feminismo – Trajetória Histórica (II)

Século XX – EUA e Mundo (Feminismo Contemporâneo)

Durante as Guerras Mundiais, as mulheres passam a integrar

definitivamente o mercado de trabalho o que tornam mais claras as

diferenças entre homens e mulheres.

Influência da obra “O Segundo Sexo” – Simone de Beauvoir (1949)

“A Mística Feminina” – Betty Friedman

Direito ao Corpo e ao Prazer, oposição à sociedade patriarcal (ex. divórcio

e aborto)

Questionamento das Instituições sociais (Igreja, Estado, Família)

Mulher visível como sujeito

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Feminismo no Brasil (I)

Movimento Feminista acompanha, em certa medida, as grandes ondas

do movimento pelo mundo;

Fim do século XX até 1930: defesa do sufrágio feminino

Movimentos isolados e não de massas

Deolinda Daltro funda o Partido Republicano Feminino (RJ/1910)

Bertha Lutz funda a Liga pela Emancipação Intelectual da Mulher (1919)

1927 – voto feminino no RN é permitido

1932 – Getúlio Vargas promulga decreto-lei permitindo o sufrágio feminino

Década de 1960: direitos políticos, trabalhistas, civis, mas sobretudo

discutiam raízes das desigualdades entre homens e mulheres

Conjuntura da Ditadura Militar leva o movimento feminista a se opor ao

governo

Page 7: A Questão Feminina Na História Do Brasil

Feminismo no Brasil (II)

1962 – Revisão do Código Civil de 1916 que retira a condição subordinada

da mulher casada atribuída também a crianças, silvícolas e alienados

1977 – Promulgada a lei do Divórcio

Década de 1980/1990: criação de vários movimentos feministas e adoção

de reivindicações de caráter social contra a exclusão e pobreza

Page 8: A Questão Feminina Na História Do Brasil

Mulheres e a História Brasileira

“Nós, metade da sociedade humana, desejamos reassumir

direitos que nos foram usurpados e quebrar os vergonhosos

ferros da vil escravidão em que jazíamos (…) por direito

entramos na partilha e glória do Brasil.” (Sentinela da

Liberdade, 1823. Manifesto de 120 mulheres paraibanas)

Anita Garibaldi

Maria Quitéria de Jesus

Page 9: A Questão Feminina Na História Do Brasil

O acesso ao ensino básico só foi permitido em 1827, o acesso à

universidade em 1879;

Diferença entre os currículos para meninos e meninas;

Feminilização da profissão de professor e as Escolas Normais;

Nísia Floresta Augusta

Page 10: A Questão Feminina Na História Do Brasil

“(…) que a mulher se convença de uma vez

para sempre que já é tempo de levantar um

brado de indignação contra o passado

ignominioso de tantas raças malditas. A mulher

também é capaz de grandes e altos

cometimentos. Vinde! Vinde, pois, minhas

amáveis patrícias! Vamos!” (Maria Amélia de

Queiroz, 1884)

Chiquinha Gonzaga

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Maria Lacerda de Moura

Olga Benário Prestes

Page 12: A Questão Feminina Na História Do Brasil

Rachel de Queiroz

Carlota Pereira de

Queiroz

Bertha Lutz

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Leila Diniz

Maria da Penha

Zuzu Angel

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Discussão (I)

Page 15: A Questão Feminina Na História Do Brasil

“Não se nasce mulher,

torna-se mulher.”

(Simone de Beauvoir)

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Discussão (II)

Ai que Saudade da Amélia (Ataulfo

Alves e Mario Lago, 1942)

Nunca vi fazer tanta exigência

Nem fazer o que você me faz

Você não sabe o que é

consciência

Não vê que eu sou um pobre

rapaz

Você só pensa em luxo e

riqueza

Tudo o que você vê, você quer

Ai meu Deus que saudade da

Amélia

Aquilo sim que era mulher

As vezes passava fome ao meu

lado

E achava bonito não ter o que

comer

E quando me via contrariado

dizia

Meu filho o que se há de fazer

Amélia não tinha a menor

vaidade

Amélia que era a mulher de

verdade

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Garota de Ipanema (Tom Jobim e

Vinicius de Moraes, 1962)

Olha que coisa mais linda

Mais cheia de graça

É ela menina

Que vem e que passa

Num doce balanço

A caminho do mar

Moça do corpo dourado

Do sol de Ipanema

O seu balançado é mais que

um poema

É a coisa mais linda que eu já

vi passar

Ah, por que estou tão

sozinho?

Ah, por que tudo é tão triste?

Ah, a beleza que existe

A beleza que não é só minha

Que também passa sozinha

Ah, se ela soubesse

Que quando ela passa

O mundo inteirinho se enche

de graça

E fica mais lindo

Por causa do amor

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Mulheres de Atenas (Chico Buarque, 1976)

Mirem-se no exemplo daquelas mulheres de Atenas

Vivem pros seus maridos, orgulho e raça de Atenas

Quando amadas, se perfumam

Se banham com leite, se arrumam

Suas melenas

Quando fustigadas não choram

Se ajoelham, pedem, imploram

Mais duras penas

Cadenas

Mirem-se no exemplo daquelas mulheres de Atenas

Sofrem pros seus maridos, poder e força de Atenas

Quandos eles embarcam, soldados

Elas tecem longos bordados

Mil quarentenas

E quando eles voltam sedentos

Querem arrancar violentos

Carícias plenas

Obscenas

Mirem-se no exemplo daquelas mulheres de Atenas

Despem-se pros maridos, bravos guerreiros de Atenas

Quando eles se entopem de vinho

Costumam buscar o carinho

De outras falenas

Mas no fim da noite, aos pedaços

Quase sempre voltam pros braços

De suas pequenas

Helenas

Mirem-se no exemplo daquelas mulheres de Atenas

Geram pros seus maridos os novos filhos de Atenas

Elas não têm gosto ou vontade

Nem defeito nem qualidade

Têm medo apenas

Não têm sonhos, só têm presságios

O seu homem, mares, naufrágios

Lindas sirenas

Morenas

Mirem-se no exemplo daquelas mulheres de Atenas

Temem por seus maridos, heróis e amantes de Atenas

As jovens viúvas marcadas

E as gestantes abandonadas

Não fazem cenas

Vestem-se de negro, se encolhem

Se conformam e se recolhem

Às suas novenas

Serenas

Mirem-se no exemplo daquelas mulheres de Atenas

Secam por seus maridos, orgulho e raça de Atenas

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Pagu (Rita Lee, 2000)

Mexo e remexo na inquisição

Só quem já morreu na fogueira sabe o

que que é ser carvão

Eu sou pau pra toda obra

Deus dá asas à minha cobra

Minha força não é bruta

Não sou freira, nem sou puta

Porque nem

Toda feiticeira é corcunda

Nem

Toda brasileira é bunda

Meu peito não é de silicone

Sou mais macho que muito homem

Sou rainha do meu tanque

Sou Pagú indignada no palanque

Fama de porra louca...tudo bem

Minha mãe é Maria ninguém

Não sou atriz

Modelo ou dançarina

Meu buraco é mais em cima

Porque nem

Toda feiticeira é corcunda

Nem

Toda brasileira é bunda

Meu peito não é de silicone

Sou mais macho que muito homem

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Sou Dessas (Valesca Popozuda, 2015)

Sou dessas que fala o que penso bem na tua cara

Sou dessas que nunca levou desaforo pra casa

Sou dessas que se for preciso até falo mais alto

Sou dessas que roda a baiana sem descer do salto

Sou dessas que se arruma toda só pra provocar

Sou dessas que de vez em quando gosta de aprontar

As vezes tomo um negocinho só pra me soltar

Vou te mostrar como se joga se quiser brincar

E se quiser eu dou

Se eu quiser vou dar

Um pouquinho de moral

Mas não pode gamar

Sou dessas de fazer

Sou dessas de zuar

Sou dessas que se amarra

E gosta muita é de

Sou dessas de fazer

Sou dessas de zuar

Sou dessas que se amarra

E gosta muita é de

Desce

Desce

Desce

Sou dessas que fala o que penso bem na tua cara

Sou dessas que nunca levou desaforo pra casa

Sou dessas que se for preciso até falo mais alto

Sou dessas que roda a baiana sem descer do salto

Sou dessas que se arruma toda só pra provocar

Sou dessas que de vez em quando gosta de aprontar

As vezes tomo um negocinho só pra me soltar

Vou te mostrar como se joga se quiser brincar

E se quiser eu dou

Se eu quiser vou dar

Um pouquinho de moral

Mas não pode gamar

Sou dessas de fazer

Sou dessas de zuar

Sou dessas que se amarra

E gosta muito é de

Sou dessas de fazer

Sou dessas de zuar

Sou dessas que se amarra

E gosta muita é de

Desce

Desce

Desce

Page 21: A Questão Feminina Na História Do Brasil

Discussão (III)

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Mulheres Homens

2000 2010 2000 2010

Carteira Assinada 32,7% 39,8% 36,5% 46,5%

16 Anos e Autônomo 16,7% 17,3% 28,2% 24,7%

Participação 50,1% 54,6% 79,7% 75,7%

Mulheres chefe família 22,2% 37,3% - -

“O rendimento médio da população ocupada aumenta com a

idade para ambos os sexos, assim como a desigualdade de

rendimento por sexo. Isso significa que, quando entram para uma

empresa como estagiários, por exemplo, homens e mulheres

recebem o mesmo salário. A diferença passa a existir na medida

em que vão ganhando experiência. Em média, as jovens de 18 a

24 anos de idade recebiam 88% do rendimento dos homens,

enquanto as mulheres de 60 anos ou mais de idade

apresentavam um rendimento equivalente a 64% do rendimento

dos homens nesta faixa etária.”

Page 24: A Questão Feminina Na História Do Brasil

"Homem que bate na esposa tem que ir para a cadeia"

78,1% concordam totalmente

13,3% concordam parcialmente

5% discordam totalmente

2% discordam parcialmente

1,6% se dizem neutros em relação à afirmação

"Dá para entender que um homem que cresceu em uma família

violenta agrida sua mulher"

18,1% concordam totalmente

15,8% concordam parcialmente

54,4% discordam totalmente

9,3% discordam parcialmente

2,4% se dizem neutros em relação à afirmação

"A questão da violência contra as mulheres recebe mais

importância do que merece"

10,5% concordam totalmente

11,9% concordam parcialmente

56,9% discordam totalmente

16,2% discordam parcialmente

4,5% se dizem neutros em relação à afirmação

"Casos de violência dentro de casa devem ser discutidos

somente entre os membros da família"

33,3% concordam totalmente

29,7% concordam parcialmente

25,2% discordam totalmente

9,3% discordam parcialmente

2,5% se dizem neutros em relação à afirmação

2,4% se dizem neutros em relação à afirmação

"A mulher que apanha em casa deve ficar quieta para não

prejudicar os filhos"

7% concordam totalmente

8,5% concordam parcialmente

69,8% discordam totalmente

12,3% discordam parcialmente

2,4% se dizem neutros em relação à afirmação.

"Um homem pode xingar e gritar com sua própria mulher"

3,9% concordam totalmente

4,9% concordam parcialmente

76,4% discordam totalmente

12,8% discordam parcialmente

2% se dizem neutros em relação à afirmação

"A mulher casada deve satisfazer o marido na cama, mesmo

quando não tem vontade"

14% concordam totalmente

13,2% concordam parcialmente

54% discordam totalmente

11,3% discordam parcialmente

7% se dizem neutros em relação à afirmação

"Tem mulher que é pra casar, tem mulher que é pra cama"

34,6% concordam totalmente

20,3% concordam parcialmente

26,4% discordam totalmente

8,9% discordam parcialmente

9,5% se dizem neutros em relação à afirmação

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As mulheres compõem 51,3%

da população brasileira.


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