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A questão ambiental

A capacidade do ser humano de alterar a natureza cresceu muito a partir da Revolução Industrial. Este processo teve início há mais ou menos 200 anos, na Inglaterra, que foi o primeiro país a gerar energia em larga escala, utilizando suas grandes reservas de carvão. E foi a partir da produção da energia elétrica que o desenvolvimento tecnológico ganhou forte impulso.

Com o passar dos anos, foram criados milhares de materiais sintéticos que, na sua maioria, não entram no ciclo da natureza, acumulando-se no meio ambiente. Muitos demoram centenas de anos para se decompor, outros simplesmente não se decompõem.

Os avanços tecnológicos possibilitaram cada vez mais o acesso dos indivíduos a bens de consumo. O aumento do consumo incentivou o aumento da produção, fechando um ciclo, que tem como conseqüência a degradação ambiental.

Surgiu então a necessidade da busca de soluções para minimizar os impactos provenientes da poluição crescente. Movimentos, organizações e países no mundo inteiro iniciaram ações de preservação ambiental. Organizaram-se as grandes conferências e foram firmados tratados internacionais para controle da poluição. Historicamente podem ser lembrados os eventos abaixo

1968: Conferência sobre a Biosfera - UNESCO; 1971: Clube de Roma - Limites do crescimento; 1972: I Conferência Mundial sobre o Meio Ambiente - ONU; 1990: Ano Internacional do Meio Ambiente - ONU; 1991: II Conferência Internacional da Indústria sobre Gerenciamento Ambiental

- Câmara Internacional do Comércio (ICC). Conselho Empresarial para o Desenvolvimento Sustentável;

1992: Conferência Rio 92 - Agenda 21.

O que foi a Rio 92

Conferência da ONU sobre o meio ambiente e desenvolvimento. Reuniu no Rio de Janeiro, entre os dias 3 e 14 de junho de 1992, representantes de 170 países. Resultados:

Atenção para as questões ambientais, AGENDA-21, um plano de ação para o séc. XXI, Acordos, tratados e convenções sobre o Meio Ambiente, Deixou claro necessidade de um novo estilo de vida - DESENVOLVIMENTO

SUSTENTÁVEL

O que é Agenda 21

É um plano de ação para o séc. XXI, visando a sustentabilidade da vida na terra. É uma estratégia de sobrevivência. Nos seus 40 capítulos, trata de:

Dimensões econômicas e sociais;

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Conservação e manejo de recursos naturais; Fortalecimento da comunidade; Meios de implementação.

Alguns conceitos

Os termos mais utilizados no estudo das questões de meio ambiente são apresentados a seguir:

Meio ambiente (lei 6 938/81)

Conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem física, química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas.

Circunvizinhança em que uma organização opera, incluindo ar, água, solo, recursos naturais, flora, fauna, seres humanos, e suas inter-relações.

Poluição (lei 6 938/81)

A degradação da qualidade ambiental resultante de atividades que direta ou indiretamente:

o prejudiquem a saúde, a segurança e o bem-estar da população; o criem condições adversas às atividades sociais e econômicas; o afetem desfavoravelmente a biota; o afetem as condições estéticas ou sanitárias do meio ambiente; o lancem matéria ou energia em desacordo com os padrões ambientais

estabelecidos.

Poluição (impacto ambiental)

Qualquer modificação do meio ambiente, adversa ou benéfica, que resulte, no todo ou em parte, das atividades produtos ou serviços de uma organização. O que é desenvolvimento sustentável

A maior parte da sociedade humana vive como se fosse a última geração. O desenvolvimento sustentável é uma proposta de combinar as necessidades de produção e desenvolvimento com a preservação e reposição dos recursos naturais, ou seja, satisfazer as demandas atuais sem comprometer a qualidade de vida das futuras gerações.

O DS busca compatibilizar as necessidades de desenvolvimento das atividades econômicas e sociais com as necessidades de preservação ambiental.

O DS é aquele que atende às necessidades do presente sem comprometer a possibilidade de gerações futuras atenderem às suas próprias necessidades

Questões ambientais globais

Atualmente a degradação ambiental é perceptível em qualquer parte do mundo. Exemplos conhecidos desta degradação são:

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a chuva ácida: resultante da queima de combustíveis fósseis (carvão ou derivados de petróleo) liberando óxidos de nitrogênio (NxOy) e enxofre (SOx) que, combinados com a água, formam os ácidos nítrico (HNO3) e sulfúrico (H2SO4) presentes nas precipitações de chuva, alterando a composição química do solo e das águas, destruindo florestas e lavouras, atacando estruturas metálicas, monumentos e edificações;

a poluição da água e solo: o lançamento de efluentes domésticos e industriais sem tratamento no solo e corpos hídricos polui o solo e a água. Os poluentes podem eventualmente atingir grandes áreas, com óbvio prejuízo à saúde e ao meio ambiente.

o efeito estufa: fenômeno natural que regula a temperatura da Terra e vem sendo intensificado devido ao aumento da concentração de gases (como dióxido de carbono, óxido nitroso, metano e os clorofluorcarbonos)na atmosfera, provenientes da queima de combustíveis (petróleo, gás, carvão), queima de áreas florestais e agrícolas (queimadas), emissão de gases industriais, fermentações e fertilizantes agrícolas, causando o aumento das temperaturas da Terra e consequente elevação do nível dos oceanos;

a degradação da camada de ozônio: reduzindo a filtragem da radiação ultravioleta e ameaçando a vida em nosso planeta. É provocado pela emissão do CFC, gás utilizado até pouco tempo nos trocadores de calor de sistemas de refrigeração e sprays.

os acidentes ecológicos: acidentes em setores produtivos e de transporte podem lançar grandes quantidades de substâncias nocivas no meio ambiente, provocando sérios impactos ambientais. São exemplos os recentes derrames de petróleo da Petrobrás no Paraná e Rio de Janeiro.

a falta de saneamento básico (abastecimento de água, tratamento de esgoto e coleta de lixo): associada ao problema de escassez de moradia, especialmente nos países pobres, onde constitui-se causa de 30% das doenças.

Os efeitos dos problemas ambientais apontados

elevação do nível dos oceanos; perda da biodiversidade – extinção de espécies vivas (1,7 milhões identificadas)

e de ecossistemas; aumento dos casos de câncer; prejuízos na agricultura; riscos de envenenamento agudo de humanos e animais; tendência ao aumento de catástrofes naturais como enchentes e secas; epidemias de doenças infecto-contagiosas.

Aspectos Legais

Princípios

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Abaixo são reproduzidas algumas das diretrizes básicas da legislação brasileira que regem e controlam as questões ambientais.

O princípio básico de preservação ambiental está expresso em artigo da Constituição Brasileira. Reproduzimos abaixo este artigo.

Nossa legislação ambiental está entre as mais avançadas do mundo. São leis que afetam as atividades econômicas do país e o dia a dia de cada cidadão brasileiro. Entretanto são pouco conhecidas pelo grande público e, talvez por isso, pouco aplicadas.

Órgãos Regulamentadores

O Ministério de Meio Ambiente, como órgão superior tem a atribuição geral do controle, gerenciamento e fiscalização das questões ambientais. A este ministério estão ligados : O CONAMA e o IBAMA, que atuam a nível nacional além de suas ramificações a nível estadual e municipal (veja organograma).

A organização e detalhes de atribuições executivas destes órgãos podem ser acessadas no site do ministério do meio ambiente:www.mma.gov.br

Legislação e Normas

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Normas Ambientais

O Brasil possui um conjunto de normas sob forma de Resoluções do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), que definem padrões de qualidade do ar, padrões de emissão, normas e procedimentos para o controle das fontes de poluição.

Alguns trechos importantes da Legislação:

SOBRE CRIMES AMBIENTAIS:

COMENTÁRIO: A Lei dos Crimes Ambientais reordena a legislação ambiental brasileira no que se refere às infrações e punições. A partir dela, a pessoa jurídica, autora ou co-autora da infração ambiental, pode ser penalizada, chegando à liquidação da empresa, se ela tiver sido criada ou usada para facilitar ou ocultar um crime ambiental. Por outro lado, a punição pode ser extinta quando se comprovar a recuperação do dano ambiental e - no caso de penas de prisão de até 4 anos - é possível aplicar penas alternativas. Para saber mais: o IBAMA tem, em seu site, um quadro com as principais inovações desta lei, bem como de todos os vetos presidenciais. A íntegra do documento pode ser consultada no endereço:www.mma.gov.br/port/ASCOM/leidanat.html

SOBRE A PROTEÇÃO DAS FLORESTAS:

SOBRE O LICENCIAMENTO DE EMPRESAS NO ESTADO DE SANTA CATARINA.

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Impacto Ambiental

Introdução - Definição

Os impactos ambientais são ocasionados por confrontos diretos ou indiretos entre o homem e a natureza. Exemplos bem conhecidos de impacto ambiental são os desmatamentos, as queimadas, a poluição das águas, o buraco na camada de ozônio, entre outros.

Segundo a Norma ISO 14001, Impacto Ambiental é qualquer modificação do meio ambiente, adversa ou benéfica, que resulte, no todo ou em parte, das atividades, produtos ou serviços de uma organização. Juridicamente, o conceito de impacto ambiental refere-se exclusivamente aos efeitos da ação humana sobre o meio ambiente. Portanto, fenômenos naturais como tempestades, enchentes, incêndios florestais por causa natural, terremotos e outros, apesar de provocarem as alterações ressaltadas não caracterizam um impacto ambiental. Um exemplo de impacto ambiental gerado pelas atividades industriais, através das emissões gasosas, é a chuva ácida. Chuva ácida: a queima do carvão e de combustíveis fósseis e os poluentes industriais lançam dióxido de enxofre (SO2) e de nitrogênio (NO2) na atmosfera. Esses gases combinam-se com o hidrogênio presente na atmosfera sob a forma de vapor de água. O resultado são as chuvas ácidas: as águas de chuva, assim como a geada, neve e neblina, ficam carregadas de ácido sulfúrico e/ou ácido nítrico. Ao caírem nas superfícies, alteram a composição química do solo e das águas, atingem as cadeias alimentares, destroem florestas e lavouras, atacam estruturas metálicas, monumentos e edificações. Veja como ocorre esse fenômeno.

Histórico

Em nível mundial, o conceito de impacto ambiental sob termos jurídicos data do período da revolução industrial e tem sido alterado de forma dinâmica. Fato que se deve aos diferentes tipos de atividades humanas que podem dar origem a materiais e/ou

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energias que afetam o meio ambiente. No entanto, a adoção de sistemáticas para a avaliação de impactos ambientais teve início somente na década de 60. Um dos países pioneiros na determinação de dispositivos legais para a definição de objetivos e princípios da política ambiental foi os Estados Unidos. O que se deu por meio da Lei Federal denominada "National Environment Policy Act - NEPA" aprovada em 1969. Diante dos reflexos da aplicação do NEPA, organismos internacionais como ONU (Organização das Nações Unidas), BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) e BIRD (Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento) passaram a exigir em seus programas de cooperação econômica a observância dos estudos de avaliação de impacto ambiental. No Brasil, no âmbito federal, o primeiro dispositivo legal associado a Avaliação de Impactos Ambientais deu-se por meio da aprovação da Lei Federal 6.938, de 31.08.1981. Esta Lei estabelece a Política Nacional do Meio Ambiente e estabelece o SISNAMA - Sistema Nacional de Meio Ambiente - como órgão executor. Desta forma, passou-se a exigir que todos os empreendimentos potencialmente impactantes procedessem, dentre outras obrigações: (a) a identificação dos impactos ambientais; (b) a caracterização dos efeitos negativos; (c) a definição de ações e meios para mitigação dos impactos negativos. A avaliação dos Impactos Ambientais é um instrumento de política ambiental formado por um conjunto de procedimentos capaz de assegurar, desde o início do processo, que se faça um exame sistemático dos impactos ambientais de uma proposta e suas alternativas e que resultados sejam apresentados de forma adequada ao público e aos responsáveis pela tomada de decisão. Segundo o inciso III do artigo terceiro da Resolução CONAMA 237/97

Os possíveis impactos das etapas de produção em empresas do setor Metal Mecânico e o controle desses impactos, são abordados na sessão Tecnologias Ambientais.

Licenciamento Ambiental

O licenciamento ambiental no Brasil dá-se mediante a concessão de três tipos de Licenças. Estas são denominadas: Licença Prévia, Licença de Instalação e Licença de Operação, as quais podem ser expedidas isoladamente ou sucessivamente. Isto dependerá da natureza, características e fase da atividade em análise. Veja detalhes destas Licenças Documentação de Licenciamento Os principais documentos empregados em Processos de Licenciamento Ambiental no Brasil, são: o EIA/RIMA, o PCA/RCA e o PRAD.

EIA/RIMA - Estudos de Impactos Ambientais/Relatório de Impacto Ambiental - aplicado aos empreendimentos e atividades impactantes citados no segundo artigo da Resolução CONAMA 001/86. O EIA, fundamentalmente, trata do estudo detalhado sobre os impactos ambientais associados a um dado tipo de empreendimento. Neste caso, em sua elaboração são utilizados diversos recursos

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científicos e tecnológicos. Fato que resulta na elaboração de textos técnicos com farto jargão técnico. Deste modo, o EIA presta-se a análises técnicas a serem elaborados pelo Órgão Licenciador. Enquanto o RIMA, que é um resumo do EIA, deve ser elaborado de forma objetiva e adequada à compreensão por pessoas leigas. Cópias do RIMA devem ser colocadas à disposição de entidades e comunidades interessadas. Veja a Estruturação do EIA/RIMA

PCA/RCA - Plano de Controle Ambiental acompanhado do Relatório de Controle Ambiental – é exigido para empreendimentos e/ou atividades que não têm grande capacidade de gerar impactos ambientais. Porém, a estruturação dos documentos possui escopo semelhante ao do EIA/RIMA. Neste caso, não são necessários grandes níveis de detalhamento.

PRAD - Plano de Recuperação de Áreas Degradas instituído pelo Decreto Federal 97.632, de 10.04.1989, define em seu Artigo Primeiro que "Os empreendimentos que se destinam à exploração dos recursos minerais deverão, quando da apresentação do Estudo de Impacto Ambiental - EIA e do Relatório de Impacto Ambiental - RIMA, submeter à aprovação do órgão ambiental competente, plano de recuperação de áreas degradas".

Indústria e Meio Ambiente

Toda atividade humana, principalmente de caráter empresarial, tem efeitos ambientais. Há algumas décadas, a geração de poluentes pelas empresas era entendida como uma conseqüência inevitável nos processos industriais, o que provocou um grau de deteriorização ambiental acentuado em muitas regiões do mundo.

Em 1972 a ONU organizou a I Conferência Mundial sobre o Meio Ambiente, que resultou na criação de órgãos de proteção ambiental em diversos países. Durante muito tempo estes órgãos se ocupavam apenas de fiscalizar o atendimento dos padrões ambientais estabelecidos. Por sua vez as empresas potencialmente poluidoras estavam preocupadas unicamente em atender à legislação ambiental. À medida que os problemas ambientais ficaram mais evidentes e a idéia de qualidade total no setor produtivo ganhou consistência, se percebeu que o controle de impactos ambientais só seria efetivo através de um Sistema de Gestão Ambiental.

Ao mesmo tempo o foco do controle ambiental migrou das tecnologias de tratamento de fim de tubo para a ações dentro do setor produtivo, através de Programas de Prevenção da Poluição e da adoção de Tecnologias Limpas.

Algumas empresas começaram a perceber que gerar resíduos é sinônimo de perdas econômicas a longo prazo, pois isto representa:

Perda de insumos, isto é, desperdício de matérias primas, água e energia; Gastos adicionais com o tratamento, armazenamento e disposição final dos

resíduos; Risco potencial à saúde pública e ao meio ambiente: resíduos podem provocar

graves acidentes ambientais quando manuseados, tratados, ou dispostos de forma inadequada.

Enfim, parece claro que uma boa conduta ambiental já é imperativa no setor industrial. A seguir serão abordados os temas relacionados à indústria e o controle ambiental.

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Gestão Ambiental

Gestão Ambiental é o controle dos impactos ambientais provocados por uma atividade empresarial qualquer. A implementação de um Sistema de Gestão Ambiental (SGA) constitui uma estratégia para que o empresário, em processo contínuo, identifique oportunidades de melhorias que reduzam os impactos das atividades de sua empresa sobre o meio ambiente.

A tendência atual é que as empresas façam do seu desempenho ambiental um fator diferencial no mercado. O que significa, em alguns casos, adotar requisitos internos até mais restritivos que os legalmente impostos no país.

O Sistema de Gestão Ambiental, conforme a série ISO 14000, fundamenta-se na adoção de ações preventivas à ocorrência de impactos adversos ao meio ambiente. Trata-se de assumir uma postura pró-ativa com relação às questões ambientais.

Os 5 princípios do SGA são:

1. Conhecer o que deve ser feito, definindo sua política de meio ambiente; 2. Elaborar o Plano de Ação para atender aos requisitos de sua política

ambiental; 3. Assegurar condições para o cumprimento dos objetivos e metas ambientais

e implementar as ferramentas de sustentação necessárias; 4. Realizar avaliações qualitativas e quantitativas periódicas do desempenho

ambiental da empresa; 5. Revisar e aperfeiçoar a política do meio ambiente, os objetivos e metas

ambientais e as ações implementadas para asseguar a melhoria contínua do desempenho ambiental da empresa.

A figura abaixo representa a seqüência de etapas da implementação do SGA em uma empresa. O modelo tem a forma espiral porque, após a série de etapas relacionadas, a retroalimentação do sistema faz com que cada ciclo se desenvolva em um plano superior de qualidade. O objetivo do SGA é assegurar a melhoria contínua do desempenho ambiental da empresa.

Uma etapa importante do processo de implantação do SGA é a Auditoria de Efluentes. Podemos dividir esse processo em 4 etapas: diagnóstico e preparação; balanço de massa, identificação de alternativas e plano de ação . A figura abaixo representa essas etapas.

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Balanço de massa pode ser definido como uma contabilização precisa das entradas e saídas de uma operação. Aqui apresenta-se os procedimentos para compilação e administração dos dados de entrada e saída. Este procedimento pode ser aplicado para desenvolver o balanço de massa de uma planta, um processo ou uma operação unitária.

Produção mais Limpa e Prevenção da Poluição

A Produção Mais Limpa (P+L) é a aplicação contínua de uma estratégia ambiental preventiva, integrada aos processos, produtos e serviços, para aumentar a ecoeficiência e reduzir os riscos ao homem e ao meio ambiente. Sua adoção requer mudanças de atitude, garantia de gerenciamento ambiental responsável, criação de políticas nacionais direcionadas e avaliação de alternativas tecnológicas. A P+L aplica-se a:

Processos produtivos: conservação de matérias-primas e energia, eliminação de matérias-primas tóxicas, redução da quantidade e da toxidade dos resíduos e emissões;

Produtos: redução dos impactos negativos ao longo do ciclo de vida de um produto (desde a extração das matérias-primas até sua disposição final);

Serviços: incorporação de preocupações ambientais no planejamento e entrega dos serviços.

A prevenção da poluição é um processo associado à P+L. É a utilização de processos, práticas, materiais, produtos ou energia que evitem ou minimizem a geração de poluentes e resíduos na fonte de geração e reduzam os riscos globais para a saúde humana e para o ambiente.

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Normas ISO 14000

A série ISO 14000 é um conjunto de normas que buscam a boa prática de gerenciamento ambiental, gerenciamento este entendido como um processo gradual e contínuo de melhorias ambientais. Aceito internacionalmente, tem caráter voluntário, não havendo instrumentos legais que obriguem sua adoção pelas empresas.

A ISO 14000 pode ser adotada pela empresa como um todo, ou em uma de suas unidades, como vem ocorrendo em grandes corporações. A finalidade é prevenir - através de um Sistema de Gestão Ambiental - os eventuais danos ambientais provocados pelos processos produtivos e pelos produtos colocados no mercado de consumo. Um dos estímulos para empresas buscarem esta certificação está na pressão internacional por produtos ecologicamente mais corretos. Como as questões ambientais transcendem as fronteiras geográficas e influenciam as relações de comércio internacional, as empresas interessadas em corresponder aos novos padrões globais de comércio foram as primeiras a reconhecer a existência de um consumidor mais consciente e da nova realidade de proteção ambiental. Para tanto, começaram se estruturar, visando reduzir as pressões ambientais negativas de seus produtos e processos. A série ISO 14000 é um dos instrumentos que responde a esta demanda.

Origem do nome ISO "Isos", em grego, significa igual. Mas o nome ISO 14000 relaciona-se à sigla da ISO - International Organization for Standardization, federação internacional civil de organizações de normalização. Com sede em Genebra, Suíça, esta organização de caráter privado é composta por cerca de 120 países membros, representados em grande parte por instituições governamentais ou organizações ligadas ao poder público. A missão desta federação é promover o desenvolvimento da normalização através de acordos técnicos globais publicados como normas internacionais. A ISO produz normas numeradas de forma crescente, divididas em séries. Uma das séries mais conhecidas é a 9000, voltada à qualidade. A série 14000 está reservada para as normas ambientais.

Como uma empresa implanta a ISO 14000 Pode-se dizer que a série ISO 14.000 divide-se em dois grandes blocos. O primeiro, direcionado à organização empresarial. O segundo, voltado ao produto. No total são seis áreas, identificáveis pelos dois algarismos finais. Por exemplo, a certificação ISO 14001 refere-se ao Sistema de Gestão Ambiental. A ISO 14.040 indica as normas de Avaliação do Ciclo de Vida do Produto. Até o momento, só uma parte destas normas estão em vigor.

O processo de certificação começa pelo comprometimento da direção da empresa e pela contratação de uma empresa certificadora credenciada. A certificadora ajudará a empresa candidata à certificação na elaboração do diagnóstico ambiental de todos seus setores. A partir disso, define-se a política de meio ambiente da empresa, traçando-se seu plano de ação.

O pré-requisito para receber a certificação é estar em conformidade com a legislação ambiental do país. A partir disto, estabelecem-se metas e objetivos de melhorias ambientais graduais para todos os setores da empresa. Periodicamente, serão feitas avaliações qualitativas e quantitativas do desempenho ambiental, revisando-se a política

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ambiental, de modo a assegurar a melhoria contínua do desempenho da empresa nesta área.

As normas da ISO são definidas por TCs - Comitês Técnicos, que tratam de diferentes assuntos. O TC 1, primeiro Comitê Técnico, foi criado em 1947 para padronizar parafusos utilizados pela indústria automobilística, permitindo o intercâmbio deste produto. O TC 207 foi instituído em março de 1993 para definir as normas internacionais na temática ambiental.

Quem representa a ISO no Brasil A representante da ISO no Brasil é a ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas. Em 1994 criou-se dentro da ABNT, o GANA - Grupo de Apoio à Normalização Ambiental, hoje transformado no CB-38 - Comitê Brasileiro de Gestão Ambiental. Este grupo tem representantes dos diversos setores da economia brasileira, como CNI - Confederação Nacional das Indústrias, FIESP - Federação das Indústrias do Estado de São Paulo, Associação Nacional de Exportação, Instituto Brasileiro de Siderurgia e BNDES - Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social. O CB-38 avalia os documentos elaborados pelos grupos de trabalho, ou sub-comitês da ISO, para apontar eventuais divergências entre as normas propostas e as leis brasileiras ou as convenções internacionais firmadas pelo país. Procura também evitar que normas estabelecidas pela série ISO 14.000 privilegiem práticas e tecnologias acessíveis apenas aos países do Primeiro Mundo. Ou seja, o CB-38 analisa se e como cada norma da ISO poderia prejudicar a competitividade brasileira no mercado internacional. As normas da ISO são aprovadas

Para atingir o status de Norma Internacional da ISO, os documentos elaborados pelos Grupos de Trabalho têm de passar por seis etapas, num processo que dura em média três anos:

Proposta de texto, Rascunho do trabalho, Elaboração de uma proposta de norma para cada assunto, Votação nos sub-comitês técnicos, Transformação do texto em um rascunho de norma internacional, Discussão e votação do comitê coordenador e comitê técnico.

Certificações e Rótulos Ambientais

As normas ambientais internacionais são recentes e têm um ponto comum: são de iniciativa voluntária. Constituem, na verdade, uma diversidade de propostas, definidas por diferentes organizações e voltadas a campos como sistema de gestão ambiental, rotulagem ambiental (para que o consumidor identifique produtos ambientalmente amigáveis), e certificações para setores produtivos específicos.

Na década de 1990 surgiram pelo menos três conjuntos de normas para empresas, de uso voluntário, relacionadas à gestão ambiental: a BS 7750, a EMAS e ISO 14001. Um dos pontos comuns é que as três devem ser introduzidas por meio de um processo formal de certificação.

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BS 7750 Em 1992 a Bristish Standart Institution, entidade inglesa de normalização, desenvolveu a BS 7750, um sistema de normas de gestão ambiental para empresas do Reino Unido.

EMAS Em 1994, a União Européia publicou uma regulamentação para todos os seus países-membros, criando uma norma para sistemas de gestão ambiental, como parte do seu EMAS -"Esquematização da Gestão e Auditoria Ambiental".

ISO 14000 A ISO - International Standart Organization -"Organização Internacional de Normalização" desenvolveu sua própria norma, a ISO 14001, a partir da instalação do Comitê Técnico 207, em 1993. A ISO 14001 é a única considerada como de âmbito intercontinental, tendo em vista o número de países que participam da instituição. Por exemplo, o Comitê 207 conta com representantes de mais de 50 países, dentre os quais o Brasil, além de 17 países observadores.

Rotulagem Ambiental A rotulagem ambiental constitui um serviço prestado ao consumidor, de informação sobre a performance ambiental do produto e dos processos usados na sua fabricação. Deve constar na embalagem do produto, ou no próprio produto. Assim, ajuda a orientar a escolha dos consumidores, ao incluir dados sobre o desempenho ambiental ao lado de itens como preço, riscos à saúde, qualidade e quantidade.

A ISO 14000 insere-se neste contexto, sendo regra para as empresas certificadas divulgarem este fato em todos os seus produtos.

Os principais objetivos da rotulagem ambiental são:

Aumentar a consciência dos consumidores, produtores, distribuidores e demais envolvidos sobre os propósitos de um programa de rotulagem;

Incrementar a consciência e conhecimento sobre aspectos ambientais dos produtos que recebem o rótulo;

Influenciar positivamente os consumidores na escolha dos produtos que causem menos impacto ao meio ambiente;

Influenciar os produtores a substituirem processos e produtos danosos ao meio ambiente.

Gerenciamento de Resíduos

Entende-se por resíduo toda e qualquer matéria que compõe o rejeito de um processo. Em uma industria, tudo que não seja produto final pode ser considerado resíduo. Atualmente, muitos resíduos são tratados como sub-produtos, retornando ao ciclo de produção ou tornando-se insumo para outra atividade industrial.

Todo processo produtivo exige matéria-prima, água e energia. Pensando dessa forma, todo resíduo gerado pode ser considerado como perda ou desperdício de matéria-prima. Uma primeira abordagem para o gerenciamento de resíduos passa pelo uso racional de matéria-prima, água e energia e o reuso-reciclagem dos sub-produtos.

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O gerenciamento de resíduos deve basear-se em ações preventivas preferencialmente às ações corretivas e deve ter uma abordagem global, considerando que os problemas ambientais e suas soluções estão determinados não apenas por fatores tecnológicos mas também por questões econômicas, físicas, sociais, culturais e políticas.

Após esgotadas as possibilidades de reaproveitamento e redução na geração de resíduos, os mesmos devem ser encaminhados para tratamento e destinação final adequados. Existem instalações próprias para tratamento de cada tipo de resíduo (sólido, líquido, gasoso), conforme mostra a figura abaixo. Cada tipo de tratamento será detalhado em módulos específicos desta sessão de material didático.

Tipos de resíduos da indústria metal mecânica

Os resíduos são gerados em todos os setores e processos da atividade industrial e podem se apresentar na forma de gases, cinzas, óleos usados e graxas, ácidos, borrachas, escórias metálicas, vidros, cerâmicas, etc. Muitos desses resíduos são tóxicos.

A figura abaixo representa os principais setores e processos de indústrias metal-mecânicas. Passando com o mouse sobre a figura você verá os principais resíduos gerados em cada etapa:

Resíduos Sólidos Industriais

Segundo as normas da ABNT, resíduos sólidos industriais são todos os resíduos no estado sólido ou semi-sólido resultantes das atividades industriais, incluindo lodos e determinados líquidos, cujas características tornem inviável seu lançamento na rede pública de esgotos ou corpos d´água ou que exijam para isso soluções técnica e economicamente inviáveis.

Classificação

Segundo a Norma ABNT NBR 10 004 de 09/1987, os resíduos sólidos industriais são classificados nas seguintes classes:

a) Resíduos de Classe I - Perigosos - Resíduos que, em função de suas propriedades físico-químicas e infecto-contagiosas, podem apresentar risco à saúde pública e ao meio ambiente. Devem apresentar ao menos uma das seguintes características: inflamabilidade, corrosividade, reatividade, toxicidade e patogenicidade.

b) Resíduos de Classe II - Não Inertes - Aqueles que não se enquadram nas classificações de resíduos classe I ou classe III. Apresentam propriedades tais como: combustibilidade, biodegrabilidade ou solubilidade em água.

c) Resíduos de Classe III - Inertes - Quaisquer resíduos que submetidos a um contato estático ou dinâmico com água, não tenham nenhum de seus componentes solubilizados a concentrações superiores aos padrões de potabilidade de água definidos pelo Anexo H da Norma NBR 10.004.

Tratamento de Resíduos Sólidos

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É comum proceder ao tratamento de resíduos industriais com vistas à sua reutilização ou pelo menos à sua inertização. Dada a diversidade destes resíduos, não existe um processo de tratamento pré-estabelecido, havendo sempre a necessidade de realizar pesquisas e desenvolvimento de processos economicamente viáveis.

1. Incineração

A incineração é um processo de queima controlada na presença de oxigênio, no qual os materiais à base de carbono são reduzidos a gases e materiais inertes (cinzas e escórias de metal) com geração de calor. Esse processo permite a redução em volume e peso dos resíduos sólidos em cerca de 60 a 90%. Normalmente, o excesso de oxigênio empregado na incineração é de 10 a 25% acima das necessidades de queima dos resíduos.

Em grandes linhas, um incinerador é um equipamento composto por duas câmaras de combustão, onde na primeira câmara os resíduos sólidos e líquidos são queimados à temperatura variando entre 800 e 1.000 °C. Na segunda câmara, os gases provenientes da combustão inicial são queimados a temperaturas da ordem de 1.200 a 1.400 °C. Os gases da combustão secundária são rapidamente resfriados para evitar a recomposição das extensas cadeias orgânicas tóxicas e em seguida tratados em lavadores, ciclones ou precipitadores eletrostáticos, antes de serem lançados na atmosfera através de uma chaminé.

Como a temperatura de queima dos resíduos não é suficiente para volatilizar os metais, estes se misturam às cinzas, podendo ser posteriormente separados destas e recuperados para comercialização.

Para os resíduos tóxicos contendo cloro, fósforo ou enxofre, além da necessidade de maior permanência dos gases na câmara (cerca de dois segundos), são necessários sofisticados sistemas de tratamento para que estes possam ser lançados na atmosfera.

Já os resíduos compostos apenas por átomos de carbono, hidrogênio e oxigênio necessitam somente um sistema eficiente de remoção do material particulado expelido juntamente com os gases da combustão.

Existem diversos tipos de fornos de incineração. Os mais comuns são os de grelha fixa, de leito móvel e o rotativo.

Veja abaixo uma ilustração de um incinerador de forno rotativo:

Suas grandes vantagens são:

garantia da eficiência de tratamento, quando em perfeitas condições de funcionamento;

redução substancial do volume de resíduos a ser disposto (cerca de 95%).

Suas principais desvantagens são:

custo operacional e de manutenção elevado;

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manutenção difícil, exigindo trabalho constante de limpeza no sistema de alimentação de combustível auxiliar, exceto se for utilizado gás natural;

elevado risco de contaminação do ar devido a geração dioxinas da queima de materiais clorados;

risco de contaminação do ar pela emissão de materiais particulados; elevado custo de tratamento dos efluentes gasosos e líquidos (águas de

arrefecimento das escórias e de lavagem de fumos.

Observa-se que a incineração não resolve integralmente o problema da destinação dos resíduos, havendo a necessidade de se providenciar uma disposição final adequada para as cinzas e para o lodo resultante do tratamento dos gases.

2. Aterro industrial

É uma alternativa de destinação de resíduos industriais, que se utiliza de técnicas que permitem a disposição controlada destes resíduos no solo, sem causar danos ou riscos à saúde pública, e minimizando os impactos ambientais.

Essa técnica consiste em confinar os resíduos industriais na menor área e volume possíveis, cobrindo-os com uma camada de material inerte na conclusão de cada jornada de trabalho ou intervalos menores, caso necessário.

Os aterros industriais são classificados nas classes I,II ou III, conforme a periculosidade dos resíduos a serem dispostos. Os aterros Classe I podem receber resíduos industriais perigosos; os Classe II, resíduos não-inertes; e os Classe III, somente resíduos inertes.

Célula é módulo de um aterro industrial que contempla isoladamente todas as etapas de construção, operação e controle exigidas para um aterro industrial.

2.1 - Localização de Aterros de Resíduos Industriais Perigosos: deverão ser selecionados, preferencialmente, áreas naturalmente impermeáveis, para construção de aterros de resíduos industriais. Estas áreas se caracterizam pelo baixo grau de saturação, pela relativa profundidade do lençol freático e pela predominância, no subsolo, de material argiloso.

Não é possível instalar aterros industriais em áreas inundáveis, de recarga de aqüíferos, em áreas de proteção de mananciais, mangues e habitat de espécies protegidas, ecossistemas de áreas frágeis ou em todas aquelas definidas como de preservação ambiental permanente, conforme legislação em vigor.

Deverão ser respeitadas as distâncias mínimas estabelecidas em norma, a corpos d'água, núcleos urbanos, rodovias e ferrovias, quando da escolha da área do aterro.

A construção de aterros em áreas cujas dimensões não possibilitem uma vida útil para o aterro igual ou superior a 20 (vinte) anos, não deverá ser executada.

.2 - Impermeabilização Inferior: os aterros industriais deverão possuir sistema duplo de impermeabilização inferior composto de manta sintética sobreposta a uma cama de argila compactada, de forma a alcançar coeficiente de permeabilidade menor ou igual a 1,0 x 10-7 cm/s, com espessura mínima de 60 centímetros, devendo ser mantida uma

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distância mínima de 2 metros entre a superfície inferior do aterro e o nível mais alto do lençol freático.

Sobre o material sintético deverá ser assentada uma camada de terra com espessura mínima de 50 centímetros. Na escolha da manta sintética a ser aplicada, deverão ser observados os seguintes aspectos:

resistência química aos resíduos a serem dispostos, assim como o envelhecimento à ozona, à radiação, à ultra violeta e aos microorganismos, essas características devem ser comprovadas através de ensaios de laboratório;

resistência à intempéries para suportar os ciclos de umidecimento; secagem; resistência a tração, flexibilidade e alongamento, suficiente para suportar os

esforços de instalação e de operação; resistência à laceração, abrasão e punção de qualquer material pontiagudo ou

cortante que possa estar presente nos resíduos; facilidade para execução de emendas e reparos em campo, em quaisquer

circunstâncias.

O sistema duplo de impermeabilização deverá ser construído de modo a evitar rupturas devido a pressões hidrostáticas e hidrogeológicas, condições climáticas, tensões da instalação, da impermeabilidade ou aquelas originárias da operação diária.

O sistema duplo de impermeabilização deverá ser assentado sobre uma base ou fundação capaz de suportá-lo, bem como resistir aos gradientes de pressão acima e abaixo da impermeabilização de forma a evitar sua ruptura por assentamento com pressão ou levantamento do aterro.

2.3 - Impermeabilização Superior (Cobertura Final): quando do fechamento de cada célula de um aterro industrial, a impermeabilização superior a ser aplicada deverá garantir que a taxa de infiltração na área seja tão pequena quanto possível. Desta forma, esta impermeabilização deverá ser no mínimo tão eficaz quanto o sistema de impermeabilização inferior empregado.

O sistema de impermeabilização superior deverá compreender das seguintes camadas, de cima para baixo:

1. camada de solo original de 60 (sessenta) centímetros, para garantir o recobrimento com vegetação nativa de raízes não axiais;

2. camada drenante de 25 (vinte e cinco) centímetros de espessura, com coeficiente de permeabilidade maior ou igual a 1,0x10-3cm/s;

3. manta sintética com a mesma especificação utilizada no sistema de impermeabilização inferior;

4. camada de argila compactada de 50 (cinqüenta) centímetros de espessura, com coeficiente de permeabilidade menor ou igual a 1,0 x 10-7cm/s.

Veja abaixo a sequência de execução de um aterro industrial:

3. Reciclagem de Resíduos Sólidos

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A reciclagem em geral trata de transformar os resíduos em matéria-prima, gerando economias no processo industrial. Isto exige grandes investimentos com retorno imprevisível, já que é limitado o repasse dessas aplicações no preço do produto, mas esse risco reduz-se na medida em que o desenvolvimento tecnológico abre caminhos mais seguros e econômicos para o aproveitamento desses materiais.

Para incentivar a reciclagem e a recuperação dos resíduos, alguns estados possuem bolsas de resíduos, que são publicações periódicas, gratuitas, onde a indústria coloca os seus resíduos à venda ou para doação.

Padronização de Recipientes de Materiais Recicláveis

O Conselho Nacional do Meio Ambiente – CONAMA publicou no dia 19 de junho de 2001, no Diário Oficial, a Resolução nº 275, de 25 de abril de 2001, que define as cores que serão utilizadas nos recipientes de materiais recicláveis. O objetivo da decisão é estabelecer um padrão nacional de cores e adequá-lo aos padrões internacionais.

As cores padronizadas são:

4. Outros processos de tratamento

Outros processos comuns de tratamento são:

neutralização, para resíduos com características ácidas ou alcalinas; secagem ou mescla, que é a mistura de resíduos com alto teor de umidade com

outros resíduos secos ou com materiais inertes, como serragem; encapsulamento, que consiste em revestir os resíduos com uma camada de resina

sintética impermeável e de baixíssimo índice de lixiviação; incorporação, onde os resíduos são agregados à massa de concreto ou de

cerâmica em uma quantidade tal que não prejudique o meio ambiente,ou ainda que possam ser acrescentados a materiais combustíveis sem gerar gases prejudiciais ao meio ambiente após a queima;

Efluentes Industriais

Introdução

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A grande diversidade das atividades industriais ocasiona durante o processo produtivo, a geração de efluentes, os quais podem poluir/contaminar o solo e a água, sendo preciso observar que nem todas as indústrias geram efluentes com poder impactante nesses dois ambientes. Em um primeiro momento, é possível imaginar serem simples os procedimentos e atividades de controle de cada tipo de efluente na indústria. Todavia, as diferentes composições físicas, químicas e biológicas, as variações de volumes gerados em relação ao tempo de duração do processo produtivo, a potencialidade de toxicidade e os diversos pontos de geração na mesma unidade de processamento recomendam que os efluentes sejam caracterizados, quantificados e tratados e/ou acondicionados, adequadamente, antes da disposição final no meio ambiente.

Os efluentes industriais

De acordo com a Norma Brasileira — NBR 9800/1987, efluente líquido industrial é o despejo líquido proveniente do estabelecimento industrial, compreendendo emanações de processo industrial, águas de refrigeração poluídas, águas pluviais poluídas e esgoto doméstico. Por muito tempo não existiu a preocupação de caracterizar a geração de efluentes líquidos industriais e de avaliar seus impactos no meio ambiente. No entanto, a legislação vigente e a conscientização ambiental fazem com que algumas indústrias desenvolvam atividades para quantificar a vazão e determinar a composição dos efluentes industriais.

As características físicas, químicas e biológicas do efluente industrial são variáveis com o tipo de indústria, com o período de operação, com a matéria-prima utilizada, com a reutilização de água etc. Com isso, o efluente líquido pode ser solúvel ou com sólidos em suspensão, com ou sem coloração, orgânico ou inorgânico, com temperatura baixa ou elevada. Entre as determinações mais comuns para caracterizar a massa líquida estão as determinações físicas (temperatura, cor, turbidez, sólidos etc.), as químicas (pH, alcalinidade, teor de matéria orgânica, metais etc.) e as biológicas (bactérias, protozoários, vírus etc.).

O conhecimento da vazão e da composição do efluente industrial possibilita a determinação das cargas de poluição / contaminação, o que é fundamental para definir o tipo de tratamento, avaliar o enquadramento na legislação ambiental e estimar a capacidade de autodepuração do corpo receptor. Desse modo, é preciso quantificar e caracterizar os efluentes, para evitar danos ambientais, demandas legais e prejuízos para a imagem da indústria junto à sociedade.

Alternativas de tratamento

A prevenção à poluição refere-se a qualquer prática que vise a redução e/ou eliminação, seja em volume, concentração ou toxicidade, das cargas poluentes na própria fonte geradora. Inclui modificações nos equipamentos, processos ou procedimentos, reformulação ou replanejamento de produtos e substituição de matérias-primas e substâncias tóxicas que resultem na melhoria da qualidade ambiental.

Qualquer que seja a solução adotada para o lançamento dos resíduos originados no processo produtivo ou na limpeza das instalações, é fundamental que a indústria

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disponha de sistema para tratamento ou condicionamento desses materiais residuais. Para isso é preciso que sejam respondidas algumas perguntas, como:

a) Qual o volume e composição dos resíduos gerados? b) Esses resíduos podem ser reutilizados na própria indústria? c) Esse material pode ser reciclado e comercializado? d) Quanto custa coletar, transportar e tratar esses resíduos ? e) Existe local adequado para destino final desses resíduos ?

Processos de tratamento

A tabela abaixo lista as operações usualmente empregadas para os diferentes tipos de contaminantes existentes nos efluentes industriais.

 

Os processos de tratamento utilizados são classificados de acordo com princípios físicos, químicos e biológicos:

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Processos físicos: dependem das propriedades físicas do contaminante tais como, tamanho de partícula, peso específico, viscosidade, etc. Exemplos: gradeamento, sedimentação, filtração, flotação, regularização/equalização, etc.

Processos químicos: dependem das propriedades químicas dos contaminantes o das propriedades químicas dos reagentes incorporados. Exemplos: coagulação, precipitação, troca iônica, oxidação, neutralização, osmose reversa, ultrafiltração.

Processos biológicos: utilizam reações bioquímicas para a eliminação dos contaminantes solúveis ou coloidais. Podem ser anaeróbicos ou aeróbicos. Exemplo: lodos ativados, lagoas aereadas, biodiscos (RBC), filtro percolador, valas de oxidação, reatores sequenciais discontinuos (SBR).

O tratamento físico-químico apresenta maiores custos, em razão da necessidade de aquisição, transporte, armazenamento e aplicação dos produtos químicos. No entanto, é a opção mais indicada nas indústrias que geram resíduos líquidos tóxicos, inorgânicos ou orgânicos não biodegradáveis.

Normalmente, o tratamento biológico é menos dispendioso, baseando-se na ação metabólica de microrganismos, especialmente bactérias, que estabilizam o material orgânico biodegradável em reatores compactos e com ambiente controlado. No ambiente aeróbio são utilizados equipamentos eletro-mecânicos para fornecimento de oxigênio utilizado pelos microrganismos, o que não é preciso quando o tratamento ocorre em ambiente anaeróbio.

Apesar da maior eficiência dos processos aeróbios em relação aos processos anaeróbios, o consumo de energia elétrica, o maior número de unidades, a maior produção de lodo e a operação mais trabalhosa justificam, cada vez mais, a utilização de processos anaeróbios. Assim, em algumas estações de tratamento de resíduos líquidos industriais estão sendo implantadas as seguintes combinações:

unidades anaeróbias seguidas por unidades aeróbias; unidades anaeróbias seguidas de unidades físico-químicas.

Operações de tratamento físico-químico

Oxidação de cianetos Para eliminar os cianetos presentes nos efluentes, há a necessidade de previamente oxidá-los pela ação de oxidantes fortes, como o hipoclorito de sódio, em meio alcalino, que se pode obter através da adição de soda cáustica.

Redução de cromo hexavalente Este processo é efetuado por adição de um agente redutor, como o bissulfito de sódio, num meio ácido, como o ácido sulfúrico, necessário para se dar a reação.

Homogeneização e Neutralização Nesta etapa procede-se à homogeneização dos diferentes tipos de efluentes e ao ajuste de pH de forma a serem criadas as condições necessárias à precipitação dos metais pesados. Normalmente, dão entrada nesta operação os efluentes da linha de oxidação de

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cianetos, de redução de cromo e restantes efluentes, ácidos e alcalinos, com metais pesados.

Floculação Nesta operação adiciona-se ao efluente homogeneizado uma substância floculante para que assim se verifique a aglutinação dos flocos de menores dimensões de forma a ficarem mais densos e com maior velocidade de sedimentação.

Decantação É nesta fase que se dá a separação dos flocos sólidos em suspensão que se formaram na fase anterior, por sedimentação, num decantador de tipo lamelar.

Desidratação mecânica Por este processo, consegue-se uma lama desidratada com uma percentagem de humidade em torno dos 35%. Para tal, pode recorrer-se a filtros banda por placas. As lamas com origem nesta operação, são recolhidas em recipientes tipo big-bag, sendo levados para uma zona de armazenagem temporária de lamas.

Operações unitárias, processos e sistemas de tratamento usados para remover a maior parte dos contaminantes encontrados em efluentes:

Os tratamentos do tipo físico-químico aplicam-se na depuração de águas residuárias geradas, normalmente, pelos processos de tratamento de superfícies e podem ser agrupados nos seguintes processos:

1. Operações de óxido-redução o Redução de Cr VIo Oxidação de ions ferrosos, cianetos e matéria orgânica

2. Operações de neutralização e precipitação o Hidróxidos metálicoso Sulfatos, fosfatos e fluoretos

3. 3.Operações de floculação e decantação 4. 4.Operações de desidratação de lamas

Objetivos do tratamento físico-químico:

Recuperação de algumas substâncias Recuperação de metais pesados por precipitação química Diminuir a perigosidade e a toxicidade Oxidação de cianetos obtendo cianatos Redução do Cromo (VI) para Cromo (III)

Substâncias susceptíveis de sofrer tratamento físico-químico

Ácidos e bases Resíduos contendo metais pesados (Fe, Cu, Ni, Cr, Zn, Pb) Resíduos contendo cianetos (CN)

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Os resíduos que necessitam sofrer este tipo de tratamento físico-químico são originados por empresas que fazem o tratamento de superfície, tal como as cromagens, pinturas, latonagens, zincagens, etc.

O tratamento de superfície consiste num tratamento químico que utiliza produtos químicos que são nocivos e agressivos para a natureza como por exemplo os banhos tóxicos, que podem conter ácidos, cromo (VI) e/ou cianetos.

O próprio tratamento físico-químico origina lamas com metais pesados que têm que ser enviadas para aterros controlados para resíduos industriais perigosos.

Infelizmente, existe ainda um número considerável de empresas que continuam a despejar, de uma forma irresponsável , resíduos classificados como perigosos para o solo e/ou para a água sem sofrerem o adequado tratamento físico.

A figura abaixo representa uma Estação de Tratamento de Efluentes (ETE) de processo físico-químico.

Impacto Ambiental

Na implantação e operação de indústrias, é importante considerar que a utilização das potencialidades advindas dos recursos hídricos (energia, transporte, matéria-prima etc.) é um benefício inquestionável e único, mas precisa ser acompanhada do uso racional da água, sendo por isso fundamentais a redução e o controle do lançamento de efluentes industriais no meio ambiente, como uma das formas de cooperação e participação no desenvolvimento sustentável. Cabe ao setor industrial a responsabilidade de minimizar ou evitar que o processo produtivo acarrete em impactos ambientais.

O lançamento indevido de efluentes industriais de diferentes fontes ocasiona modificações nas características do solo e da água, podendo poluir ou contaminar o meio ambiente. A poluição ocorre quando esses efluentes modificam o aspecto estético, a composição ou a forma do meio físico, enquanto o meio é considerado contaminado quando existir a mínima ameaça à saúde de homens, plantas e animais.

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Controle de Poluentes Atmosféricos

Fontes de poluição atmosférica

A atmosfera é uma massa de gases onde permanenetemente ocorrem reações químicas. Ela absorve uma variedade de sólidos, gases e líquidos provenientes de fontes naturais e industriais, que podem se dispersar, reagir entre si ou com outras substâncias já presentes na atmosfera.

As fontes de emissão de poluentes podem ser as mais variadas possíveis. Pode-se considerar dois tipos básicos de fontes poluição: ESPECÍFICAS e MÚLTIPLAS.

As fontes ESPECÍFICAS são FIXAS em determinado território, ocupam na comunidade área relativamente limitada e permitem uma avaliação individual. As indústrias são exemplos de fontes específicas de poluição.

As fontes MÚLTIPLAS podem ser FIXAS ou MÓVEIS, geralmente se dispersam pela comunidade, oferecendo grande dificuldade de serem avaliadas uma a uma. Um exemplo de fonte múltipla são os veículos automotores.

Neste módulo trataremos sobre as FONTES INDUSTRIAIS de poluição atmosférica.

A quantidade e qualidade dos poluentes emitidos por este tipo de fonte dependem de vários fatores relacionados à fabricação. As matérias-primas e combustíveis envolvidos no processo, a eficiência do processo, o produto fabricado e o grau de medidas de controle de emissões influem diretamente no tipo e concentração do poluente expelido.

A tabela abaixo lista alguns dos principais poluentes atmoféricos provenientes de fontes industriais:

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Padrões de qualidade do ar

O padrão de qualidade do ar define legalmente as concentrações máximas de um componente gasoso presente na atmosfera de modo a garantir a proteção da saúde e do bem estar das pessoas. Os padrões de qualidade do ar são baseados em estudos científicos dos efeitos produzidos por poluentes específicos e são estabelecidos em níveis que possam propiciar uma margem de segurança adequada.

Através da Portaria Normativa nº 348 de 14/03/90 e da Resolução CONAMA nº 003 de 28/06/90 o IBAMA estabelece os padrões nacionais de qualidade do ar. No Brasil são estabelecidos dois tipos de padrões de qualidade do ar: os primários e os secundários.

Os Padrões Primários de Qualidade do Ar são as concentrações de poluentes que se ultrapassadas poderão afetar a saúde da população. Podem ser entendidos como níveis máximos toleráveis de concentração de poluentes atmosféricos, constituindo-se em meta de curto e médio prazo.

São Padrões Secundários de Qualidade do Ar as concentrações de poluentes atmosféricos abaixo das quais se prevê o mínimo efeito adverso sobre o bem estar da

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população, assim como o mínimo dano à fauna, flora, materiais e ao meio ambiente em geral. Podem ser entendidos como níveis desejados de concentração de poluentes, constituindo-se em meta de longo prazo.

São poluentes padronizados no Brasil:

partículas totais em suspensão fumaça dióxido de enxofre (SO2) partículas inaláveis monóxido de carbono (CO) ozônio (O3) dióxido de nitrogênio

A CONSTITUIÇÃO BRASILEIRA/1988 estabelece o direito da população de viver em um ambiente ecologicamente equilibrado, caracteriza como crime toda ação lesiva ao meio ambiente, determina a exigência de que todas as unidades da Federação tenham reserva biológica ou parque nacional e todas as indústrias potencialmente poluidoras apresentem estudos sobre os danos que podem causar ao meio ambiente. Ainda se faz necessário eaborar leis que regulamentem os dispositivos constitucionais.

A Resolução CONAMA nº 005/89 institui o PRONAR – Programa Nacional de Controle da Qualidade do Ar.

A Resolução CONAMA nº 18/86 estabelece o PROCONVE – Programa de Controle do Ar por Veículos Automotores.

A Resolução CONAMA nº 008/90 estabelece o limite máximo de emissão de poluentes do ar (padrões de emissão) em fontes fixas de poluição.

Medidas de controle da poluição atmosférica

Fases do processo de poluição do ar

Fonte das imagens: Digital Vision

Métodos de controle da poluição do ar:

1. MEDIDAS INDIRETAS:

Impedir a geração do poluente:

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substituição de matérias-primas e reagentes: eliminação da adição de chumbo tetraetila na gasolina, uso de resina sintética ao invés de borracha na fabricação de escovas de pintura, etc.

mudança de processos ou operação: utilização de operações contínuas automáticas, uso de sistemas completamente fechados, condensação e reutilização de vapores (indústria petrolífera), processos úmidos ao invés de secos, etc.

Diminuição da quantidade de poluentes gerados:

operar com os equipamentos dentro da capacidade nominal boa operação e manutenção de equipamentos produtivos adequado armazenamento de materiais pulverulentos mudança de processos, equipamentos e operações mudança de combustíveis

Diluição através de chaminés elevadas: os fatores a serem considerados neste caso são relacionados com o processo, a fonte geradora de poluentes e às condições meteorológicas.

Adequada construção (layout) e manutenção dos edifícios industriais:

armazenamento de produtos adequada disposição de resíduos sólidos e líquidos

Planejamento territorial: localização seletiva fonte/receptor.

2. MEDIDAS DIRETAS:

Concentração dos poluentes na fonte para tratamento efetivo antes do lançamento na atmosfera

Retenção do poluente após geração através de equipamentos de controle de poluição do ar (ECP)

3. EQUIPAMENTOS DE CONTROLE DE POLUIÇÃO DO AR (ECP)

Classificação

Os equipamentos de controle são classificados primeramente em função do estado físico do poluente a ser considerado. Em seguida a classificação envolve diversos parâmetros como mecanismo de controle, uso ou não de água ou outro líquido, etc.

Equipamentos de controle de material particulado:

Coletores secos Coletores mecânicos inerciais e gravitacionais Coletores mecânicos centrífugos (ciclones) Precipitadores dinâmicos secos Filtro de tecido (filtro-manga), precipitador eletrostático seco

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Coletores úmidos:

torre de spray (pulverizadores) lavador ciclônico lavador venturi lavadores de leito móvel

Equipamentos de controle para gases e vapores:

adsorventes absorventes incineração de gás com chama direta incineradores de gás catalíticos tratamento biológico

Ventilação industrial

Ventilação pode ser definida como a movimentação intencional de ar de forma planejada a fim de atingir um determinado objetivo. Essa movimentação pode ser feita por meios naturais ou mecânicos.

O ar sempre se movimenta da zona de maior pressão para a zona de menor pressão, portanto um projeto correto de diferenciais de pressão no sistema é de fundamental importância para o seu funcionamento. Projetar um sistema de ventilação industrial consiste basicamente em três problemas:

1. Determinação da vazão de ar necessária e o esquema da distribuição do ar no recinto a ser ventilado.

2. Projeto e cálculo das redes e dutos3. Seleção de ventiladores ou de qualquer outro sistema de movimentação de

ar (convecção natural)

Os sistemas de ventilação se classificam como: ventilação geral (natural ou mecânica), que é aquela que ventila o ambiente como um todo, chamada Ventilação Geral Diluidora (VGD) e Ventilação Local Exaustora (VLE) que retira as substâncias emitidas diretamente do local de geração, conduzindo-os para a atmosfera externa.

Ventilação Geral Diluidora:

Este método de ventilação consiste simplesmente em passar uma corrente de ar externo não contaminado através do recinto a ser purificado, eliminando (reduzindo a concentração) de substâncias indesejáveis. O uso de ventilação geral diluidora é sempre mais econômico no caso de várias fontes contaminantes em baixas concentraçõe. No caso de ser produzido no ambiente um contaminante indesejável, mesmo a concentrações mínimas, o fator econômico deixa de ser o mais importante.

A ventilação geral diluidora pode ser usada tanto para ambientes normais como para ambientes industriais. No caso de ambientes industriais é usada para remover contaminantes, calor ou ambos.

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A simples renovação de ar no ambiente não significa que este se tornará salubre, sendo necessário que o ar seja distribuído de forma que a taxa de contaminante seja a mesma em todos os pontos.

A ventilação geral diluidora não é recomendada para substâncias altamente tóxicas (TLV ≤ 100 ppm).

Limites de tolerância (TLV – Threshold Limit Value):

O TLV refere-se às condições limites de qualidade do ar em ambientes de trabalho e representa os valores sobre os quais acredita-se que a quase totalidade dos trabalhadores possa ser repetidamente exposta sem efeito adverso à saúde. Por causa da grande variação de suscetibilidade individual, uma pequena porcentagem destes trabalhadores pode experimentar descomforto com algumas substâncias em concentrações iguais ou abaixo do valor limite. O TLV refere-se à concentração média, em tempo, para um dia normal de trabalho (8 horas) ou uma semana (40 horas).

Os TLVs são definidos anualmente pela ACGIH (American Conference of Governamental Industrial Hygienists) através de experiências. Estes valores devem ser utilizados apenas como referência.

Ventilação Local Exaustora:

A ventilação local exaustora capta os poluentes diretamente na fonte evitando a dispersão dos mesmos no ambiente de trabalho. Este tipo de ventilação é mais adequado à proteção da saúde do trabalhador.

Um sistema de ventilação local exaustora é composto de:

Captores: pontos de entrada dos poluentes mais gás carreador (em geral o ar) no sistema.

Dutos: têm a função de transportar os poluentes. Podem ser divididos em tramos, duto principal e chaminé.

Filtro: equipamento destinado à limpeza do ar exaurido antes de seu lançamento na atmosfera. Inclui tudo que é necessário para o seu funcionamento, como por exemplo, trocadores de calor e pré-filtragem (pré-coletor). A presença do filtro no sistema dependerá das normas locais de controle de poluição.

Conjunto ventilador-motor: fornece a energia necessária para movimentar o fluido e vencer todas as perdas de carga do sistema.

Chaminé: é a parte final do sistema cuja finalidade é o lançamento do gás transportador mais a emissão residual na atmosfera.


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