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A propensão a pagar por leitura das famílias brasileiras: uma análise a partir das

Pesquisas de Orçamentos Familiares (POFs) entre 1996 e 2009

Palavras-chave: Leitura, dispêndio, pesquisa de orçamentos familiares, modelos probits

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1. Introdução

A sociedade globalizada em que vivemos atualmente exige de seus cidadãos uma

capacidade reflexiva e uma absorção de conhecimentos mais acelerada, a fim de que a

adaptabilidade às tecnologias insurgentes não seja uma barreira ao desenvolvimento. Não

obstante, as capacidades, reflexivas e críticas, são alcançadas além de outros meios, mas

também através do hábito da leitura. A atualização cultural, o próprio prazer ou gosto

proveniente de se adquirir um novo conhecimento sem precisar ir muito longe, a exigência

acadêmica pela leitura de textos técnicos, os motivos de cunho estritamente religiosos, a

atualização profissional e as exigências exercidas pelo trabalho estão entre alguns dos motivos

que levam o indivíduo a recorrer à leitura (FERREIRA, 1984; LASTRES; ALBAGLI, 1999).

Através do PNC (Plano Nacional da Cultura) instituído pela Lei 12.343 no ano de

2010 e do PNLL (Plano Nacional do Livro e Leitura) disposto por meio do decreto No. 7.559

do ano de 2011, o Governo Federal buscou contribuir executando ações incentivadoras à

cultura visando obterem consonância uma maior democratização desta. No entanto, antes

disso nenhum projeto com tamanha abrangência havia sido alvo de discussão na pauta

governamental brasileira.

A importância da leitura e a maior valorização desta prática observada no decorrer dos

anos desde 2001, de acordo com certos critérios, são ilustradas pelas três edições da pesquisa

“Retratos da Leitura no Brasil”, realizadas pela Instituição Pró-livro. Empreendida pela

primeira vez em janeiro de 2001, a referida pesquisa buscou revelar os hábitos de leitura dos

brasileiros e procurou montar uma base de dados com vistas a fornecer informações para o

planejamento do mercado e para o fomento de políticas públicas no Brasil.

As três edições da pesquisa foram feitas respectivamente nos anos de 2001, 2007 e

2011, e por sua vez revelaram uma crescente aderência ao hábito da leitura por mulheres e

homens brasileiros, com destaque para as mulheres que constituem atualmente um promissor

público alvo de editores, escritores e livrarias. Desde então, as regiões brasileiras foram

analisadas por meio de amostragem populacional e segregações visando identificar o perfil

dos leitores. Quesitos como região federativa, escolaridade e renda familiar constituem

critério de análise para a pesquisa ao longo das três edições. Entre os resultados mais

importantes, concluiu-se que quanto maior o grau de instrução, mais livros o indivíduo lê por

ano, e que as classes B e C possuem mais leitores que não leitores.

Relatório realizado pela FENAPRO (Federação Nacional das Agências de

Propaganda) em 2010 visou identificar o perfil dos leitores no Brasil, de acordo com a região,

faixa de renda familiar, preferência por gênero literário (periódicos ou livros) e frequência da

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leitura entre os entrevistados. Entre os principais resultados, Sul e Sudeste estavam à frente

das demais regiões quando se fala em leitura de jornais e revistas. Os indivíduos na faixa

etária entre 25 e 39 anos (50%) costumam ler jornal em maior proporção, enquanto o público

mais jovem, 16 a 24 anos (44,6%) costuma ler revistas. Para 47,1% dos entrevistados, ler

livros faz parte dos seus hábitos cotidianos, sendo que, destes, 29,7% leem apenas aos finais

de semana e 17,4% cultivam o hábito da leitura diária. Observou-se também que na faixa de

renda familiar mais alta (mais de 10 salários mínimos) a proporção de leitura de livros

alcançou 67% dos entrevistados; já a leitura de jornais correspondeu a 65,2%, e revistas,

59,1% (FENAPRO, 2010).

Estudos, como os supracitados, visando identificar o comportamento, bem como o

perfil econômico do leitor brasileiro e os possíveis impactos sofridos por estes mediante as

mudanças nos cenários: econômico, social, cultural e da educação no Brasil são ainda

escassos na literatura tanto nacional quanto internacional, apesar de constituírem valioso

instrumental quando da formulação de políticas públicas. Este fato, serviu de motivação para

a elaboração do presente trabalho.

Um aspecto também bastante curioso levantado por pesquisas é a diferença da

dedicação à leitura dada por homens e mulheres. Madalozzo (2008) menciona que dados

divulgados pelo INEP (Instituto Nacional de Educação e Pesquisa) comprovam o melhor

desempenho de meninas em disciplinas como língua portuguesa e literatura se comparadas

aos meninos que cursam as mesmas séries escolares. Com isso, levanta-se o debate entre a

diferença entre os gêneros e suas respectivas demandas por leitura, fato que será discutido em

seção futura.

O presente trabalho intenta, pois, dadas as motivações supracitadas, observar por meio

dos microdados obtidos das POFs (Pesquisa de Orçamentos Familiares) para os anos de 1996,

2003 e 2009 quais são os determinantes demográficos, socioeconômicos e regionais que

contribuem para o dispêndio com leitura pelos indivíduos nas principais regiões

metropolitanas brasileiras, acrescidos Distrito Federal e Goiânia. Mais especificamente,

pretende-se estimar as probabilidades dos indivíduos despenderem com jornais e revistas,

com livros e finalmente a disposição a pagar também por livros técnicos e didáticos. Uma das

hipóteses que norteia esse trabalho é que o país tem vivido um momento econômico bastante

distinto daquele de décadas passadas. Com a implementação do Plano Real em 1994 e a

estabilidade da moeda, novas gerações de indivíduos experimentaram um quadro econômico

até então inédito no país. Esse aspecto foi e é de importância relevante na vida das famílias,

dado que o controle sustentado da inflação permite ao chefe de família planejar por prazos

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maiores seu orçamento doméstico em função da renda obtida, melhorando o bem-estar através

do consumo de produtos nunca antes consumidos como: livros, internet, viagens e etc.

Espera-se que através das análises propostas seja possível inferir certos “padrões de

consumo” de leitura. E se esta segregação de padrões se deu com a finalidade de identificar as

principais variáveis determinantes para a demanda de livros em cada porção da população

(levando em consideração gênero, renda, grau de escolaridade e etc), o que poderá ser um

valioso subsídio quando da formulação de novas políticas de incentivo e democratização da

leitura.

Este artigo encontra-se estruturado em cinco seções, sendo a primeira esta, que

constitui breve introdução acerca do assunto. A Seção 2 descreve as fontes de dados utilizadas

no estudo, encerrando com a estratégia empírica empregada. Na Seção 3, apresenta-se uma

análise preliminar dos dados. As estatísticas das variáveis utilizadas na estimação do modelo

econométrico e os resultados encontrados são apresentados na Seção 4. Finalmente, na Seção

5, são apresentadas as considerações finais advogadas pelos autores.

2. Dados e estratégia empírica

Os dados a serem utilizados referem-se aos microdados das três últimas edições da

Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF), realizadas pelo IBGE nos períodos outubro/1995–

setembro/1996, julho/2002–junho/2003 e maio/2008–maio/2009. As POF levantam

informações sobre as condições do domicílio como: abastecimento de água, infraestrutura

sanitária, número de cômodos, número de famílias (unidades de consumo) residindo no

mesmo espaço domiciliar. Também são levantadas as características dos indivíduos como:

sexo, nível de instrução, idade, frequência à escola, peso, altura e posição na família (chefe,

cônjuge, filho, outro parente, agregado, pensionista, empregado doméstico e parente do

empregado doméstico); há também informações sobre as despesas com melhoria (reforma) do

domicílio, bens duráveis, etc.

De particular interesse para este estudo são as informações detalhadas sobre gastos

com leitura, além das informações sobre gastos mensais e recebimentos salariais e não

salariais. Como as informações coletadas podem ter períodos de referência distintos, desde

sete dias até 12 meses, dependendo da natureza do registro, o IBGE disponibiliza coeficientes,

que permitem que os valores sejam convertidos para valores anuais, ou seja, colocados em

bases comparáveis (IBGE, 2010).

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Foram entrevistadas 16.013 unidades domiciliares em 1995/96, 48.470 em 2002/03 e

55.970 em 2008/09, sendo que a primeira POF cobriu apenas as nove regiões metropolitanas1,

Goiânia e Distrito Federal. Em função das variações dos preços nominais que ocorrem ao

longo do período da coleta, geralmente 12 meses, o IBGE disponibiliza um deflator, referido à

data de referência da pesquisa pré-definida pelo Instituto2. Com isso, é possível comparar e

analisar os registros em valores reais de acordo com o mês base definido pelo IBGE. A

definição das amostras respectivas partiu do Censo Demográfico de 1991, no caso da POF

1995/96, e do Censo Demográfico de 2000 para as duas últimas edições (IBGE, 2004; IBGE

2010). Os fatores de expansão baseiam-se na Contagem Populacional de 1996 e no Censo

Demográficos de 2000.

O dispêndio com leitura, a ser investigado pelo estudo, está presente no questionário

de despesa individual das POFs. Cada bem despendido identificado através de um código,

assim como seu respectivo valor pago ambos disponíveis nos microdados da pesquisa, foram

então agrupados em três categorias, a saber: 1) jornais e revistas não técnicas, 2) livros não

técnicos, e 3) livros técnicos ou didáticos. O Quadro 1no apêndice ilustra quais produtos

foram considerados na análise dentro de cada grupo.

A escolha do método a ser utilizado se deu com base na própria natureza dos dados.

Por exemplo, ao estimar modelos de acesso a um produto ou serviço espera-se que nem toda a

população queira fazê-lo, pois não possuem a necessidade de assim proceder (ANDRADE;

LISBOA, 2001). Na literatura, essas respostas nulas são interpretadas com um processo de

escolha individual e ao usar métodos mais tradicionais na análise de regressão como o

conhecido mínimos quadrados ordinários (MQO), o resultado é a produção de estimativas

inconsistentes e viesadas (GREENE, 2003). Portanto, como as variáveis dependentes a serem

utilizadas nas regressões são binárias, isto é, assumem valores 0 ou 1, modelos de estimação

não-lineares denominados probits ou logits são adequados a estes casos.

Para o presente trabalho, o uso desses métodos implica em medir apenas a

probabilidade (intenção) de efetuar algum dispêndio com produtos relacionados à leitura, e

não a quantidade (dos valores pagos) que está sendo consumida pelos indivíduos. Nesse

último caso, procedimentos econométricos que levem ao conhecimento não somente das

quantidades consumidas, mas também das observações censuradas como os procedimentos de

Heckman de seleção amostral são mais adequados (CAMERON; TRIVEDI, 2005).

1 Belém, Fortaleza, Recife, Salvador, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, São Paulo, Curitiba e Porto Alegre. 2 As datas de referência são 15 de setembro de 1996, 15 de janeiro de 2003 e 15 de janeiro de 2009.

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Considere um vetor x que seja constituído de um conjunto de fatores exógenos que

explicam a decisão de um indivíduo i efetuar o dispêndio com leitura ou não. Esses fatores

constituem-se como variáveis dependentes dentro do modelo.

Se o indivíduo efetuou gasto com leitura, o valor da variável dependente assume valor

“1”; caso contrário, assume valor “0”.

Assim, dado que o vetor x de variáveis exógenas procura explicar a decisão do

indivíduo e os parâmetros βs refletem o impacto das mudanças em x na probabilidade de

efetuar o gasto ou não com material de leitura, essa probabilidade pode ser medida como:

Pr(Y=1) = F(β'x)

ou

Pr(Y=0) = 1 – F(β'x).

Neste caso, define-se a esperança de Y como sendo:

E(Y) = Pr(Y=1) = F(B’x)

onde F(·) é a função que segue uma distribuição normal.

A estimação dos parâmetros é então feita utilizando-se o método de máxima

verossimilhança, em que a função de verossimilhança é dada por:

Pr(𝑌1 = 𝑦1, 𝑌2 = 𝑦2, … , 𝑌𝑛 = 𝑦𝑛) = ℒ =∏[𝐹(𝛽′𝑥𝑖)]𝑦𝑖[1 − 𝐹(𝛽′𝑥𝑖)]

1−𝑦𝑖 .

𝑛

𝑖=1

O efeito que uma mudança de qualquer característica presente no vetor x causa à

probabilidade de Yi=1 não é β, mas sim a função de densidade da distribuição normal f vezes

β, isto é:

𝜕𝐸(𝑌)

𝜕𝑥= 𝑓(𝛽′𝑥)𝛽

o qual é denominado efeito marginal (Greene, 2003).

3. Análise preliminar dos dados

A Tabela 1 apresenta a população total do Brasil e o percentual do número de homens

e mulheres que efetuaram algum dispêndio com leitura (jornais e revistas, livros não técnicos

e livros didáticos/técnicos) entre os anos de 1996, 2003 a 2009. Ressalva-se que para o

primeiro ano analisado a população considerada na pesquisa, 1996, referia-se às nove regiões

metropolitanas apenas, enquanto que, para 2003 e 2009 a população representa todos os

estados da federação.

TABELA 1 População total e percentual do número de pessoas que gastaram com algum tipo de leitura

entre 1996 e 2009 segundo o gênero.

1996

2003

2009

Regiões Homens Mulheres

Homens Mulheres

Homens Mulheres

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Centro-Oeste 1,275,653 1,392,854

5,937,835 5,997,632

6,758,475 7,053,501 Nordeste 3,807,865 4,177,163

23,687,392 24,613,767

25,943,686 27,434,459

Norte 451,188 491,741

6,813,299 6,613,619

7,696,164 7,613,271 Sul 2,545,538 2,733,908

12,570,177 12,847,258

13,205,412 14,130,772

Sudeste 13,932,158 15,527,816

36,051,676 37,679,817

38,871,968 40,875,539 Total 22,012,402 24,323,482

85,060,378 87,752,094

92,475,706 97,107,541

Percentual de Leitores

Homens Mulheres

Homens Mulheres

Homens Mulheres Norte 11,9% 10,4%

12,5% 12,4%

8,2% 9,5%

Nordeste 9,3% 8,1%

13,1% 14,7%

11,2% 13,6% Sudeste 12,4% 11,3%

11,6% 13,6%

10,3% 12,9%

Sul 16,0% 14,2%

14,1% 14,3%

12,5% 13,2% Centro-Oeste 17,7% 10,5%

18,7% 18,4%

12,3% 13,6%

Total 15,6% 10,5%

15,5% 16,0%

11,5% 13,2% Fonte: Microdados das POFs (elaboração dos autores).

Pela Tabela 1, observa-se que o percentual de leitoras em 2009 suplantou o percentual

de leitores masculinos analisado em todas as regiões, o que inverte a tendência apresentada

pelos primeiros anos pesquisados, 1996 e 2003, à exceção da região Centro-Oeste em 2003. A

exemplo pode-se observar os dados da região Sudeste que iniciaram com um percentual de

11,6% de homens leitores contra 13,6% de leitoras em 2003, e em 2009 esses números

passaram para 10,3% e 12,9%, respectivamente. Observa-se que durante esse período, houve

queda no número de pessoas efetuando algum gasto com leitura, mas, no entanto, o percentual

de leitores mulheres continuou sendo superior ao percentual de leitores homens.

Várias hipóteses podem ser levantadas, incluindo a de que as mulheres passaram a

frequentar mais livrarias como uma forma de incentivar seus filhos e apresentá-los ao hábito

da leitura, o que foi levantado como ponto a ser discutido pela última edição da pesquisa

realizada pelo Instituto Pró-livro.

Um tipo de leitura que também parece cativar mais o gênero feminino é a literatura

religiosa e de auto-ajuda. A literatura bem como as artes desde os primórdios são a esperança

em se articular o sentimento de existência dos seres humanos. São ainda, a esperança de que

se controle os sentimentos que tornam os indivíduos antissociais, e também uma forma de

redimir as mulheres de sua condição subalterna, para que estas desenvolvam o

autoconhecimento e renovem sua religiosidade. Talvez tal fato explique a maior procura das

mulheres por títulos literários de auto-ajuda e relacionados à religião seja ela qual for

(RÜDIGER, 1995).

ATabela 2 ilustra para diferentes classes de renda os gastos mensais com leitura a

preços constantes de 2013. A soma de todos os gastos mensais monetários éusada como

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aproximação da renda monetária e foi usada para agrupar as famílias em oito classes de renda

(octils). Pela abertura da Tabela 2, quando se observa as rendas médias mensais das diferentes

classes, pode-se observar que em todos os anos analisados, das faixas renda mais baixas para

as médias, houve aumentos relativos dos gastos em R$/mês com leitura superiores aos

aumentos relativos observados na renda média mensal. Uma hipótese a ser levantada é a de

que aumentos dos gastos com leitura destas classes seria resultado do maior acesso à

educação tanto dos chefes de família quanto de seus descendentes/dependentes (BARROS;

LAM, 1993). TABELA 2

Gasto Mensal Domiciliar (R$) e Gasto Mensal em Material de Leitura (R$) por Classe de Renda (R$ = Base 2013A) no Brasil entre 1996 e 2003.

Classes de Renda

R$ Média Mensal

R$ Gasto Mensal com

leitura

1996 B Jornais

e Revistas Livros Livros Didáticos

Octil1 356,73 1,43 65,1% 15,7% 19,2% Octil2 759,00 4,16 68,3% 9,2% 22,4% Octil3 1.131,20 7,64 69,3% 16,7% 14,1% Octil4 1.562,06 10,50 66,5% 17,8% 15,6% Octil5 2.051,86 13,73 53,3% 25,1% 21,7% Octil6 2.960,63 28,93 60,8% 21,0% 18,2% Octil7 4.953,20 50,07 46,6% 30,8% 22,6% Octil8 14.369,71 96,00 41,8% 38,9% 19,3%

R$ Média Mensal

R$ Gasto Mensal com

leitura

2003

Jornais e Revistas Livros Livros

Didáticos Octil1 528,92 2,14 24,7% 15,9% 59,5% Octil2 1.111,44 5,60 29,0% 26,0% 45,0% Octil3 1.529,89 9,51 50,5% 19,1% 30,5% Octil4 2.035,73 12,10 42,6% 29,1% 28,3% Octil5 2.716,03 19,76 42,4% 30,8% 26,8% Octil6 3.713,13 29,74 39,9% 33,4% 26,8% Octil7 5.642,05 45,80 37,4% 39,4% 23,2% Octil8 12.826,57 91,07 34,5% 40,1% 25,4%

R$ Média domiciliar

R$ Gasto Mensal com

leitura

2009

Jornais e Revistas Livros Livros

Didáticos Octil1 534,75 1,71 47,8% 14,8% 37,4% Octil2 1.085,35 4,27 48,8% 21,6% 29,6% Octil3 1.487,12 6,71 47,5% 27,2% 25,3% Octil4 1.942,84 9,35 46,1% 26,6% 27,3% Octil5 2.501,65 14,28 44,3% 32,1% 23,6% Octil6 3.379,92 18,52 44,7% 29,8% 25,5% Octil7 5.092,95 36,91 42,1% 34,3% 23,6% Octil8 12.699,57 65,93 31,8% 42,6% 25,6%

AValores atualizados utilizando o deflator de rendimentos da PNAD-INPC (Corseuil&Foguel, 2002) Fonte: www.ipeadata.gov.br

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B Inclui nove regiões metropolitanas, acrescido do DF e Goiânia. Fonte: Microdados das POFs (elaboração dos autores).

A Tabela 2 permite observar também a probabilidade da existência de um ponto de

saciedade no consumo destes produtos entre as maiores classes de renda e algumas classes

intermediárias, já que aumentos da renda familiar destas cresceram em maior proporção que

os gastos com leitura. À medida que uma pessoa vai consumindo quantidades adicionais de

dado bem, a utilidade que vai se obtendo dessas porções marginais de consumo, crescendo

inicialmente até que se atinja o máximo, acaba por diminuir também marginalmente até

desaparecer (lei da utilidade marginal decrescente). Quando a utilidade marginal se torna

nula, diz-se que o indivíduo atingiu seu ponto de saciedade ou de saturação pelo consumo do

bem em questão (PINDYCK; RUBINFIELD, 2013). Essa hipótese poderá ser corroborada

pelo modelo econométrico proposto.

O nível de escolaridade é apontado pelas pesquisas do Instituto Pró-livro como fator

determinante para a quantidade de leitura que cada indivíduo realiza em média. Referido

estudo em sua 3ª edição, aponta que pessoas com nível superior de educação leem mais livros

por ano que as pessoas com menor grau de escolaridade. Essa afirmação é corroborada com a

análise da Tabela 3, em que se observa que entre leitores e não leitores, aqueles têm em média

mais anos de estudo que estes. Outrossim, verifica-se que, de forma prevalecente, as mulheres

leitoras possuem maior grau de instrução que os homens também leitores. A essas

constatações pode-se atribuir o fato de que mulheres com mais anos de escolaridade têm o

hábito da leitura como uma forma de influenciar seus filhos, ou ainda pode-se dizer que este

hábito é decorrente da maior inserção no mercado de trabalho.

Os dados das PNADs também corroboram que a escolaridade média dos homens tem

sido ligeiramente inferior à das mulheres em razão dos primeiros entrarem mais precocemente

no mercado de trabalho. Em 2003, a escolaridade média das mulheres com 10 anos ou mais

era de 7,7 anos, e subiu para 8,9 anos em 2013. Já para os homens da mesma faixa etária, a

escolaridade média passou de 7,4 anos para 8,5 anos (IBGE, 2003; IBGE, 2013).

TABELA 3 Escolaridade média (anos de estudo) entre leitores e não leitores por classes de renda e por

gênero entre 1996A e 2009 no Brasil.

Classes de Renda Homens

Mulheres Leitores Não Leitores

Leitores Não Leitores

Octil1 Em 1996 7,19 4,54

8,00 4,73

Em 2003 5,21 2,90

5,47 3,17 Em 2009 5,72 3,71

6,22 4,11

Octil2

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10

Em 1996 8,91 5,35

8,57 5,58 Em 2003 6,31 3,84

6,92 4,32

Em 2009 7,06 4,82

7,83 5,24 Octil3

Em 1996 8,49 5,69

9,18 6,17 Em 2003 7,07 4,41

7,50 4,66

Em 2009 7,77 5,44

8,56 5,77 Octil4

Em 1996 9,63 6,21

9,31 6,77 Em 2003 7,79 4,86

8,06 5,06

Em 2009 8,75 5,72

8,86 6,26 Octil5

Em 1996 9,52 6,94

10,14 7,02 Em 2003 8,67 5,50

9,00 5,77

Em 2009 9,40 6,30

9,75 6,71 Octil6

Em 1996 10,82 7,08

10,79 7,51 Em 2003 9,67 5,73

9,84 6,35

Em 2009 9,99 6,94

10,76 7,17 Octil7

Em 1996 11,60 8,08

12,33 8,72 Em 2003 10,85 6,85

11,32 6,74

Em 2009 10,88 7,76

11,20 7,88 Octil8

Em 1996 13,15 8,73

12,96 9,36 Em 2003 12,61 7,97

12,38 7,94

Em 2009 12,37 8,63

12,56 8,54 A Inclui nove regiões metropolitanas, acrescido do DF e Goiânia. Fonte: Microdados das POFs (elaboração dos autores).

Um aspecto a ser considerado entre as mulheres e seus gastos com leitura diz respeito

à sua também maior dedicação a assuntos domésticos. De Almeida et al. (2014) verificam que

as mulheres empregam maior parte de seu tempo às atividades que envolvem filhos e lar

quando comparadas a seus cônjuges. Tal dispensa maior de tempo permite que se associe

também uma maior destinação de suas rendas aos cuidados de filhos e lar, provendo a estes

insumos necessários ao bem-estar e aprimoramento, respectivamente.

Conforme constatam Barros e Lam (1993) pessoas com rendas mais elevadas possuem

níveis de escolaridade também mais elevados, existindo assim entre as duas variáveis--renda e

escolaridade--uma relação de forte causalidade, uma vez que indivíduos com maior renda

disponível podem investir mais em aprimoramento e educação e em decorrência disto podem

auferir rendas ainda maiores. A exemplo, como explicitado pela Tabela 3, para a oitava classe

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de renda os homens leitores em 2009 apresentavam em média 12,37 anos de escolaridades

enquanto que os da classe de renda mais baixa apresentavam 5,72.

O tipo de leitura também difere quando se separa a população por gênero e renda.

Relatório de pesquisa elaborado pela FENAPRO em 2010 afirma que dos leitores de jornais e

revistas, aproximadamente, 25% disse ter o hábito diário da leitura destes, enquanto que 30%

disse o fazer semanalmente apenas. E isso difere do gasto que é realizado com livros

(didáticos e não didáticos), geralmente irregular, ou que pelo ao menos não segue

periodicidade tão determinada. Pessoas de rendas mais baixas, ainda segundo este relatório,

geralmente, preferem se atualizar por meio da mídia televisiva e radiológica. Ademais, vale

salientar o papel que a internet exerceu contribuindo para a diminuição do consumo por

produtos impressos (Lourenço, 2004).

Baseado ainda no que foi descrito por Lourenço (2004), assistindo às mudanças e ao

surgimento das tecnologias da linguagem oral e escrita, bem como dos tipos móveis de

tecnologias eletrônicas, espera-se que estes irão alterar o modo de transmissão de

informações, de leitura de histórias e de formação de culturas na sociedade, e até mesmo as

preferências dos agentes. Grande parte da população na pesquisa da FENAPRO disse preferir

acessar jornais e revistas por meio de seus exemplares online, por motivos de comodidade e

até mesmo preço.

A Tabela 4, que separa os tipos de leitura por gêneros, mostra que o gasto mensal a

preços constantes de 2013 com revistas é maior para os homens de todos os octils de renda

analisados em relação as mulheres nos três anos das POFs. No que diz respeito a livros

didáticos, as mulheres só não superam os homens com seus gastos relativos a este gênero de

literatura nos níveis de renda 7 e 8 em 1996, 4 e 8 para o ano de 2003 e 1, 5, 7 e 8 no ano de

2009.

TABELA 4 Gasto médio por mês (R$ de 2013b) por tipo de leitura e por gênero entre 1996A e 2009.

1996 Homens

Mulheres

Classes de Renda Revistas Livros não didáticos

Livros Didáticos Revistas Livros Livros

Didáticos

Octil1 12,22 1,87 2,96 6,76 3,62 3,28 Octil2 16,26 1,42 3,35 10,16 2,63 6,58 Octil3 20,29 4,58 3,11 15,23 4,09 4,56 Octil4 21,03 3,88 3,22 12,82 5,68 5,24 Octil5 16,65 5,55 6,27 15,36 10,09 6,88 Octil6 29,99 6,81 8,69 28,42 14,57 8,91 Octil7 33,38 16,88 14,47 19,29 19,63 11,66 Octil8 41,20 38,74 20,72 38,75 35,37 15,64

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2003 Homens

Mulheres

Classes de Renda Revistas Livros não didáticos

Livros Didáticos Revistas Livros Livros

Didáticos

Octil1 2,24 1,36 4,39

1,97 1,35 5,79 Octil2 4,03 2,99 4,74

2,97 3,06 6,22

Octil3 9,04 3,34 4,31

7,46 2,73 5,23 Octil4 8,40 4,08 5,02

6,09 5,44 4,53

Octil5 11,98 7,02 5,53

7,57 6,75 6,32 Octil6 15,33 11,54 8,05

9,18 9,70 8,59

Octil7 16,73 14,12 8,93

15,35 19,36 11,02 Octil8 24,45 31,42 17,46

22,63 21,47 16,94

2009 Homens

Mulheres

Classes de Renda Revistas Livros não didáticos

Livros Didáticos Revistas Livros Livros

Didáticos

Octil1 5,46 2,07 4,08

2,81 2,10 3,38 Octil2 6,75 2,52 3,79

4,95 3,45 4,28

Octil3 8,81 4,64 4,63

5,88 5,34 4,79 Octil4 9,16 5,49 4,98

7,04 5,75 6,37

Octil5 12,72 10,36 7,01

7,79 7,39 6,10 Octil6 13,89 8,99 7,96

9,62 9,99 8,30

Octil7 21,14 17,17 14,37

14,07 15,74 8,35 Octil8 21,94 31,35 19,68

16,34 27,03 15,57

A Inclui nove regiões metropolitanas, acrescido do DF e Goiânia. BValores atualizados utilizando o deflator de rendimentos da PNAD-INPC (CorseuilFoguel, 2002) Fonte: www.ipeadata.gov.br

Fonte: Microdados das POFs (elaboração dos autores).

Para o ano de 2009 as classes de renda em que os homens suplantaram as mulheres no

consumo de livros não didáticos foi coincidente às classes que sobressaíram quando da análise

sobre os livros didáticos. Nos anos de 1996, que abrange as 9RMs, Goiânia e DF, as mulheres

só tiveram seus gastos inferiores aos dos homens em literatura não didática quando nas

classes 3 e 8, e para o ano de 2003, que cobres todos os estados, isso se já se deu na maioria

das classes, sendo estas 1, 3, 5, 6 e 8.

Outro conceito bastante interessante de ser aplicado a análises do tipo renda versus

consumo é o de elasticidade renda da demanda. A elasticidade-renda da demanda mede, por

sua vez, a variação percentual na quantidade demandada de um bem dada uma variação

percentual na renda do consumidor em questão. A variável renda analisada pela Tabela 5 foi

convertida para escala logarítmica, no intuito de facilitar a interpretação de seus coeficientes

após a realização dos testes econométricos. Realizando esta conversão, estes coeficientes

passam a ser vistos como variaç. es percentuais (GUJARATI, 2000).

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Na Tabela 5, que relaciona renda e consumo das classes selecionadas usando deste

conceito de elasticidade explicado podemos observar que para as faixas de renda 3 e4,

aumentos de 1% nas respectivas rendas correspondem a aumentos maiores que 1%nos gastos

com leitura. Quando se observa a variação da demanda por leitura das faixas1, 2, 5, 6, 7e 8

vê-se variações, porém, menores que para as faixas precedentes, abaixo de 1%. O que se pode

constatar, a partir destes números, é que aumentos de 1% nas rendas destas últimas faixas não

impactam na mesma proporção suas expensas com leitura.

TABELA 5 Elasticidade Renda da demanda por leitura por classes de renda.a

Todas

Octils

1 2 3 4 5 6 7 8

Ln(Renda) 0,73*** 0,44*** 0,85*** 1,006*** 1,025*** 0,78*** 0,90*** 0,97*** 0,32***

(0,011) (0,127) (0,341) (0,411) (0,417) (0,469) (0,194) (0,169) (0,042)

Binárias Região Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim

Ano Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim

N 23,818 1,642 1,862 2,287 2,589 2,421 4,040 4,068 4,909

r2 0,17 0,11 0,04 0,06 0,02 0,02 0,03 0,02 0,02

F 710,86*** 30,23*** 12,34*** 22,31*** 9,16*** 8,59*** 20,78*** 13,22*** 18,04***

*p< 0.10, **p< 0.05, ***p< 0.01 a Modelo de regressão linear especificado como Log (Gastos com leitura em R$) = α + β(log da Renda em R$) + e. Os Erros padrões reportados são robustos para heterocedasticidade e estão abaixo dos coeficientes entre parênteses.

O descrito pela Tabela 5 corrobora constatação previamente relatada pela Tabela 2, em

que se chegou à conclusão de que mesmo tendo suas rendas aumentadas os indivíduos não

empregam estes excedentes na mesma proporção em consumo de livros ou qualquer outro

gênero de leitura, isso sendo reforçado pela teoria da saciedade (PINDYCK; RUBINFIELD,

2013).

A demanda por leitura poderá ser elástica (sensível à variável em questão, renda),

inelástica (insensível à renda) ou unitária (a variação da quantidade se dará na mesma

proporção que a variação da renda das faixas). Em decorrência disto de acordo com a Tabela

5 conclui-se que para as classes representadas pelos octils 1, 2, 5, 6 e 8 têm-se uma demanda

por leitura menos elástica que para as classes 3, 4 e 7, sendo a 3 bastante próxima da

elasticidade unitária.

Na Figura 1, que ilustra a distribuição dos gastos com leitura por idade (homem versus

mulher) para os três anos da POFs, mas considerando apenas as 9RMs, DF e Goiânia. O que

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se pode observar é que para o ano de 1996o dispêndio com leitura pelas mulheres entre 20 e

40 anos superou o dispêndio dos homens dentro da mesma faixa etária.

FIGURA 1 Distribuição dos gastos com leitura por idade em 1996, 2003 e 2009 por gênero nas 9RMs, DF e

Goiânia. (1995) (2003)

(2009)

Fonte: Microdados dasPOFs (elaboração dos autores).

Em 2003, é interessante observar que homens e mulheres apresentam demandas por

leitura análogas em volume até a idade de 25 anos. No intervalo entre 25 e 40 anos as

mulheres suplantam a demanda masculina, que a partir dos 40 por sua vez supera a demanda

feminina. Tal como observado para 1996, a partir dos 85 anos as demandas se igualam entre

os gêneros.

Por fim, em 2009, até os 20 anos de idade as linhas que representam homens e

mulheres se apresentam sobrepostas o que traduz demandas bastante parecidas. Dos 15 aos 25

anos homens superam mulheres e dos 30 até os 40 essa tendência se inverte, o que coloca as

mulheres como maiores demandantes pelos produtos relacionados à leitura nesta faixa etária.

A demanda análoga entre os gêneros se inicia a partir dos 40 e vai até os 65, idade em que os

homens parecem se dedicar mais à demanda literária, reduzindo aos 75, onde a partir de então

igualam-se novamente às mulheres.

Ponto em comum entre os dois últimos anos da análise, 2003 e 2009, é que o ápice da

demanda por leitura para os dois gêneros se encontra próximo à idade de 20 anos. Enquanto

que para o ano de 1996, esse ponto culminante se dava mais tardiamente próximo aos 40 anos

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de idade. Esta constatação pode sinalizar uma tendência de “rejuvenescimento e precocidade”

dos leitores, o que pode se traduzir em uma maior aderência ao hábito da leitura durante a

vida madura destes indivíduos.

4. Resultados

A Tabela 6mostra a média e o desvio padrão das variáveis dependentes e

independentes utilizadas no modelo econométrico adotado. Relembrando que todos os valores

apresentados foram expandidos pelo fator de expansão (pesos) das amostras definidas pelo

IBGE e disponíveis nos microdados das POFs. Para este exercício, foram considerados

somente indivíduos com 10 anos ou mais de idade, e que possuíam no mínimo 1 ano de

estudo, completados ou não. Ademais, considerou-se apenas os residentes das 9RMs,

acrescidos DF e Goiânia para as POFs 2003 e 2009, já que a primeira edição da POF 96

utilizada cobria apenas essas localidades.

TABELA 6 Média e desvio padrão das variáveis.

Variáveis Definição das Variáveis

1996 2003 2009

Dependentes Média D.P. Média D.P. Média D.P.

Jornais e Revistas = 1 se gastou com jornais e revistas 0,07 0,26 0,07 0,25 0,09 0,28 Livros = 1 se gastou com livros não técnicos 0,09 0,29 0,19 0,39 0,13 0,34 Livros técnicos = 1 se gastou com livros técnicos 0,04 0,20 0,10 0,30 0,07 0,25

Independentes

Gasto per capita† = Gasto mensal familiar/número de componentes da família£ 932,00 2.833,06 846,81 1.160,47 972,69 1.577,77

Moradores = Número de pessoas na família 4,61 2,21 4,27 1,92 3,90 1,78

Chefe = 1 se é chefe do domicílio 0,40 0,49 0,35 0,48 0,38 0,48

Cônjuge = 1 se é conjugue 0,20 0,40 0,22 0,42 0,23 0,42

Filhos = 1 se é filho 0,30 0,46 0,33 0,47 0,31 0,46

Outros = 1 se é outros parentes ou agregado no domicílio 0,10 0,30 0,10 0,30 0,09 0,28

Sexo = 1 se é do sexo masculino 0,49 0,50 0,48 0,50 0,47 0,50

Chefe_trab = 1 se chefe possui ocupação (trabalha) 0,88 0,49 0,83 0,38 0,79 0,41

Cônjuge_trab = 1 se cônjuge possui ocupação (trabalha) 0,42 0,49 0,57 0,50 0,56 0,50

Filhos_trab = 1 se filho possui ocupação (trabalha) 0,36 0,48 0,46 0,50 0,43 0,49

Outros_trab = 1 se outros parentes ou agregado no domicílio possuem ocupação (trabalha) 0,34 0,47 0,48 0,50 0,43 0,50

Educação 3 = 1 se tem entre 1 e 3 anos de estudo 0.10 0.31 0,11 0,32 0,09 0,29

Educação 7 = 1 se tem entre 4 e 7 anos de estudo 0.33 0.47 0,35 0,48 0,28 0,45

Educação 12 = 1 se tem entre 8 e 12 anos de estudo 0.45 0.50 0,47 0,50 0,48 0,50

Educação 15 = 1 se tem acima de 12 anos de estudo 0.12 0.32 0,07 0,26 0,15 0,35

Cartão = 1 se tem cartão de crédito 0,21 0,41 0,26 0,44 0,35 0,48

Internet = 1 se no domicílio tem internet 0,02 0,13 0,08 0,27 0,10 0,30

Idade = idade do indivíduo 35,12 16,69 33,69 16,03 36,20 16,90 Norte = 1 se reside na região Norte 0,09 0,28 0,08 0,27 0,07 0,26 Nordeste = 1 se reside na região Nordeste 0,36 0,48 0,32 0,47 0,26 0,44

Sudeste = 1 se reside na região Sudeste 0,28 0,45 0,34 0,47 0,40 0,49

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Sul = 1 se reside na região Sul 0,14 0,34 0,19 0,39 0,12 0,33

Centro-Oeste = 1 se reside na região Centro-Oeste 0,14 0,34 0,08 0,27 0,14 0,35 †Valores atualizados utilizando o deflator de rendimentos da PNAD-INPC (Base=2013) (Corseuil&Foguel, 2002) £Foi considerado como unidade familiar aquela com uma ou mais unidades de consumo (IBGE, 2010). Fonte: Microdados das POFs (elaboração do autores).

Na Tabela 7 estão apresentados: coeficientes, erros padrões, efeitos marginais e testes

das equações propostas (dispêndio com jornais e revistas, com livros, e com livros técnicos)

dos modelos probits que foram estimados agregando as três edições das POFs. Variáveis

binárias foram usadas para controle temporal dos dados. É importante ressaltar também que

os efeitos marginais reportados são as probabilidades, como demostrado na Seção 2.

TABELA 7

Resultados dos Modelos Probits se o indivíduo efetuou algum dispêndio em jornais e revistas, ou em livros, ou em livros técnicos e seus efeitos marginais (dy/dx).

Jornais e Revistas Livros Livros Técnicos

Coef dy/dx Coef dy/dx Coef dy/dx Log do (gastos per capita)

1,2154*** 0,11893 0,6842*** 0,11020 0,6643*** 0,05999 (0,0694) (0,0598) (0,0709)

Log do (gastos per capita)2

-0,0689*** -0,00675 -0,0318*** -0,00512 -0,0325*** -0,00294 (0,0047) (0,0041) (0,0048)

Moradores -0,0615*** -0,00601 -0,0331*** -0,00534 0,0110*** 0,00099 (0,0039) (0,0031) (0,0033) Chefe 0,3066*** 0,03203 0,3088*** 0,05229 0,3737*** 0,03670 (0,0297) (0,0259) (0,0312) Cônjuge -0,0719** -0,00680 -0,0969*** -0,01503 0,0155 0,00141 (0,0325) (0,0266) (0,0315) Outros -0,1308*** -0,01172 -0,1216*** -0,01832 -0,1181*** -0,00982 (0,0404) (0,0290) (0,0369) Sexo 0,2152*** 0,02125 -0,1409*** -0,02264 -0,1034*** -0,00932 (0,0145) (0,0119) (0,0147) Chef_trab -0,0113 -0,00110 -0,0366* -0,00582 -0,0487** -0,00431 (0,0191) (0,0191) (0,0235) Cônjuge_trab 0,0940*** 0,00979 0,1833*** 0,03251 0,1644*** 0,01662 (0,0290) (0,0241) (0,0282) Filhos_trab 0,1176*** 0,01240 0,2483*** 0,04527 0,0223 0,00204 (0,0258) (0,0197) (0,0251) Outros_trab 0,2295*** 0,02677 0,3059*** 0,05913 0,0822* 0,00793 (0,0487) (0,0365) (0,0474) Educação 3 -0,7155*** -0,04429 -0,7347*** -0,07942 -0,5353*** -0,03385 (0,0353) (0,0287) (0,0348) Educação 7 -0,4528*** -0,03919 -0,6019*** -0,08465 -0,3924*** -0,03174 (0,0221) (0,0194) (0,0230) Educação 12 -0,1769*** -0,01719 -0,3524*** -0,05613 -0,3115*** -0,02787 (0,0177) (0,0158) (0,0189) Cartão 0,1337*** 0,01386 0,1953*** 0,03363 0,1259*** 0,01203 (0,0142) (0,0126) (0,0152) Internet -0,0403 -0,00383 0,0485** 0,00805 0,0598** 0,00566 (0,0261) (0,0220) (0,0261) Idade 0,0233*** 0,00228 -0,0017 -0,00028 0,0160*** 0,00145 (0,0022) (0,0020) (0,0030)

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Idade2 -0,0002*** -0,00002 -0,0001*** -0,00001 -0,0003*** -0,00003 (0,0000) (0,0000) (0,0000) Norte 0,1916*** 0,02142 0,0225 0,00366 0,1389*** 0,01386 (0,0255) (0,0227) (0,0289) Nordeste -0,2142*** -0,01978 0,0822*** 0,01349 0,2167*** 0,02091 (0,0206) (0,0164) (0,0214) Sudeste 0,2302*** 0,02426 -0,0562*** -0,00893 0,1785*** 0,01709 (0,0182) (0,0161) (0,0208) Centro-Oeste -0,0419* -0,00399 -0,2631*** -0,03709 0,0816*** 0,00776 (0,0230) (0,0207) (0,0256) Binárias Ano Sim Sim Sim Constante Sim Sim Sim N 112,605 112,605 112,605 r2 0.13 0.10 0.09 Teste de razão verossimilhança

6.658*** 8.338*** 3.915***

***, **, * Significante ao nível de 1%, 5%, e 10%, respectivamente. a Erros Padrões robustos para heterocedasticidade estão entre parênteses abaixo dos coeficientes.

O teste de razão de verossimilhança, que testa se todos os coeficientes de inclinação

são iguais azero, foi estatisticamente significativo para cada equação ao nível de 1%,

indicando que as variáveis pré-escolhidas explicaram satisfatoriamente o dispêndio com

leitura dos três grupos de produtos, a saber:1) jornais e revisas, 2) livros não técnicos, e 3)

livros técnicos ou didáticos.

A renda per capita foi calculada dividindo a soma de todos gastos mensais monetários

pelo número de pessoas presentes na família, e foi por fim transformada em valores

logarítmicos para melhor ajustamento do modelo. O coeficiente dessa variável foi

estatisticamente significativo e positivo em todas as três equações estimadas. Os resultados

sinalizam que aumentos na renda (1%) aumentam a probabilidade de despender com jornais e

revistas em 12%, com livros em 11% e com livros técnicos em 6%. Portanto, pode-se sugerir

que, com tudo mais permanecendo constante, ganhos adicionais na renda provenientes do

trabalho ou de programas de transferência de renda, geram impacto sobre o consumo de livros

que será bem maior que o mesmo sobre jornais, revistas e livros técnicos.

Os resultados negativos dos coeficientes da renda per capita ao quadrado, para os três

grupos de leitura, também se mostraram estatisticamente significativos ao nível de 1% e

permitiram corroborar a hipótese de que substanciais aumentos de renda sinalizam que o

indivíduo pode ter atingido seu ponto de saciedade ou de saturação pelo consumo do bem de

leitura em questão, mantendo o resto constante.

Para os três grupos de produtos de leitura analisados, observou-se que a probabilidade

de o chefe da família destinar suas expensas a este é maior do que a propensão a consumir

pelos filhos (variável omitida) com níveis de probabilidade oscilando entre 3% e 5%. Um

efeito oposto foi observado para os cônjuges com uma probabilidade de despenderem com

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jornais e revistas 0,68% menor e com livros 1,5% menor do que a dos filhos. Por outro lado,

para livros técnicos a probabilidade dos cônjuges gastarem com estes produtos é positiva, no

entanto, o coeficiente não se mostrou significativo aos níveis estatísticos de probabilidade de

1%, 5% ou 10%.

Como apresentado na seção anterior, observou-se que as mulheres têm despendido

mais com leitura que os homens, principalmente com livros não técnicos. Pelos resultados

econométricos, com tudo mais permanecendo constante, conclui-se que de fato, existe uma

probabilidade dos homens gastarem em jornais e revistas 2,12% maior que as mulheres, e no

que diz respeito a livros não técnicos essa probabilidade se inverte e passa ser 2,26% menor

para os homens.

É senso comum, que a maior parte dos cônjuges de chefes de família sejam

representados pelas mulheres. Na amostra usada pela presente análise, 93,5% (dado não

mostrado na Tabela 6) dos cônjuges eram formados por mulheres, e entre estes, o número de

indivíduos trabalhando aumentou de 42% para 56% nas 11 áreas da pesquisa entre 1996 e

2009. Os resultados mostraram que quando os cônjuges trabalham existe uma probabilidade

ainda maior de consumo. No caso dos livros, por exemplo, essa é 3,25% maior que o daqueles

que não trabalham. Entre os filhos que trabalham essa probabilidade de consumo de livros

também aumenta para 4,4% em relação àqueles que não trabalham.

Os resultados observados, de certa forma, já eram bastante esperados, uma vez que a

leitura está relacionada à cultura e ao acúmulo de conhecimento, na maior parte das vezes

exigidos pelas empresas e escolas. No entanto, para os chefes que trabalham, observou-se que

existe uma probabilidade menor em 0,6%, de comprar livros não técnicos e menor em 0,43%

de comprar livros técnicos ou didáticos, se comparados àqueles que não trabalham. Uma das

hipóteses seria a falta de tempo disponível para leitura entre os que trabalham. O coeficiente

para jornais e revistas também se mostrou negativo, entretanto não estatisticamente

significativo aos níveis de até 10% de rejeição da hipótese nula, isto é, no caso do coeficiente

ser diferente de zero.

Como esperado, os resultados mostraram que quanto maior for o nível de escolaridade,

maior será também a aquisição de material de leitura. Esse resultado foi observado para as

três categorias de produtos de leitura analisados. A variável omitida (educação 15) considerou

todos indivíduos que possuem 12 anos ou mais de estudo, sendo equivalente ao nível

universitário.

Os resultados dos efeitos marginais mostram também que quanto menor o nível de

escolaridade menor é a propensão a consumir objetos relacionados à leitura de todos os tipos.

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No entanto, ao aumentar o nível de escolaridade os aumentos na probabilidade em despender

com jornais e revistas e livros não técnicos são proporcionalmente maiores do que a

disposição a pagar por livros técnicos.

O uso do cartão de crédito como moeda virtual se expandiu significativamente nas

duas últimas décadas. Os dados da Tabela 6 mostram que nas 9RMs, DF e Goiânia, os

usuários de cartão aumentaram de 21% para 35% entre 1996 e 2009. Pelos resultados

econométricos pode-se observar que quem possui cartão possui também maior probabilidade

de gastar com material de leitura do que aqueles que não o tem. Entre os produtos

selecionados, no que diz respeito aos gastos com livros, por exemplo, essa probabilidade é a

maior em torno de 3,4%. Com o grupo de jornais e revistas e com o grupo de livros técnicos

as probabilidades são em torno de 1,3% e 1,2%, respectivamente.

Observou-se que o hábito de se gastar com algum material relacionado à leitura ainda

é bastante distinto entre as regiões. Por exemplo, ao olhar para jornais e revistas, existe uma

probabilidade 2% menor de consumir esses itens por parte da população de leitores nas três

RMs (Fortaleza, Recife e Salvador) da região Nordeste quando estes são comparados aos

indivíduos residentes nas duas RMs (Curitiba e Porto Alegre)da região Sul (variável omitida).

Por outro lado, entre os residentes nas três RMs (Belo Horizonte, Rio de Janeiro e São Paulo)

do Sudeste a probabilidade se apresenta positiva em favor destes em torno de 2,4%. Para os

habitantes da região Centro-Oeste, que abarca DF e Goiânia, a probabilidade também é

menor, em 0,4%, enquanto que para os residentes do Norte (RM de Belém), é maior em 2,4%

comparados aos da região Sul.

Quanto ao dispêndio relacionado a livros, os resultados sinalizam que a probabilidade

de se consumir itens desse grupo é menor entre os residentes nas RMs do Sudeste (0,9%) e

Centro-Oeste (3,7%) comparativamente aos residentes das RMs do Sul. Para os indivíduos

residentes nas RMs nordestinas considerados pelo estudo, a probabilidade de despender com

livros é 1,35% maior em relação aos residentes do Sul. Esse resultado pode estar refletindo a

melhoria da infraestrutura de novas lojas, a presença de mais livrarias nas cidades ou até

mesmo o acesso a maior variedade de livros disponíveis em bancas de jornais nessas capitais,

hipóteses a serem investigadas por estudos futuros.

5. Conclusão

Diante das análises construídas no presente trabalho concluiu-se que a renda é fator

bastante determinante quando se observa as características do consumo por materiais

relacionados à leitura. O aumento real da renda das famílias brasileiras apesar de menor nestes

últimos anos se traduz em ganhos de poder de compra, uma vez que se vive uma estabilidade

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da moeda nacional, e um maior acesso às linhas de crédito incluindo o crédito estudantil. Com

isso o padrão de consumo das famílias vem melhorado tanto quantitativamente quanto

qualitativamente, visto que as classes mais baixas tiveram pela primeira vez acesso a bens que

antes eram imanentes a classes mais altas.

A demanda por leitura seja ela técnica, cultural ou meramente informativa, também

estabelece ligações fortes com o nível de educação formal possuído pelo leitor. E outra

característica também bastante pujante é a diferença do padrão de consumo entre os gêneros

feminino e masculino. Dentre as regiões brasileiras pôde-se observar diferenças nos padrões

de consumo, o que traduz claramente as disparidades regionais em matéria de: educação,

acesso a certos bens de consumo e até mesmo preferencias ligadas estritamente a

características culturais.

Em suma, a influência dos fatores relacionados à renda, à escolaridade, ao incentivo

exercido pelos pais e pessoas mais próximas e a todos demais fatores que ficaram fora do

escopo deste trabalho, mas que, no entanto, contribuem para o aumento da demanda por

leitura são de extrema importância e suas análises mais aprofundadas merecem a dedicação de

trabalhos futuros. Os determinantes do consumo por leitura são instrumentos valiosos de

políticas públicas e permitem até mesmo a detecção de falhas diversas que sejam referentes ao

sistema de ensino, ao acesso à cultura e até mesmo a problemas estruturais do país.

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