UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
ESCOLA DE COMUNICAÇÕES E ARTES
DEPARTAMENTO DE RELAÇÕES PÚBLICAS, PROPAGANDA E TURISMO
A LINGUAGEM, A CULTURA E A COMUNICAÇÃO DE VIGOSTKI A SILVERSTONE
Guilherme Iwegawa Sugio
Heitor Begliomini Tolisano
Isabela Pagliari Brun
Janaina de Azevedo Adão
Júlia Isabel Miranda Travaglini
Em cumprimento às exigências da disciplina
“Língua Portuguesa, Redação e Expressão Oral I” ministrada
pela Professora Dra. Roseli A. Fígaro Paulino
São Paulo
MAIO / 2011
UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
ESCOLA DE COMUNICAÇÕES E ARTES
DEPARTAMENTO DE RELAÇÕES PÚBLICAS, PROPAGANDA E TURISMO
LÍNGUA PORTUGUESA, REDAÇÃO E EXPRESSÃO ORAL I
PROFESSORA DRA. ROSELI A. FÍGARO PAULINO
A LINGUAGEM, A CULTURA E A COMUNICAÇÃO DE VIGOSTKI A SILVERSTONE
Trabalho referente à disciplina de Língua Portuguesa, Redação e Expressão Oral I do
Departamento de Relações Públicas, Propaganda e Turismo da Escola de Comunicações e Artes
da Universidade de São Paulo.
Orientado pela Profa. Dra. Roseli A. Fígaro Paulino.
Realizado pelos alunos Guilherme Iwegawa Sugio (Publicidade e Propaganda), Heitor Begliomini
Tolisano (Relações Públicas), Isabela Pagliari Brun (Publicidade e Propaganda), Janaina de
Azevedo Adão (Relações Públicas), Júlia Isabel Miranda Travaglini (Publicidade e Propaganda).
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MAIO / 2011
Sumário
A linguagem a partir de Leontiev e Vigotski____________________________________________04
Os elementos da linguagem e a intrigante figura de Kaspar Hauser__________________________07
As atribuições sociais da linguagem – o estudo sociolinguístico_____________________________09
A análise do discurso______________________________________________________________11
Referências bibliográficas__________________________________________________________12
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A linguagem a partir de Leontiev e Vigotski
O enfoque geral dos nossos estudos universitários é a comunicação, que pode ser descrita
como o complexo processo em que emissor e receptor realizam uma troca de informações através
de meios e mensagens. Dentro do grande campo da comunicação, existem os estudos da
linguagem e da produção de discursos. Estes dois elementos, orbitados pela sociolinguística, as
experiências pessoais cotidianas e o conteúdo apresentado em aula, serão os norteadores das
análises contidas na presente contribuição acadêmica.
O psicólogo e professor russo Lev Vigotski foi o grande pioneiro dos estudos da linguagem.
Em sua obra, o autor firma o conceito de funções, que foi determinante para estruturação de seu
estudo. Tais funções podem indicar tanto uma estrutura, ou um órgão, ou algo parecido que
possibilitaria desempenhar a atividade a que corresponde, quanto indicar a própria atividade.
Função, enquanto entidade, é “uma espécie de eixo em torno do qual giram as principais idéias
que constituem sua importante contribuição ao conhecimento do ser humano”, como descreve
Angel Pino no ensaio “Linguagem, cultura e cognição”. Uma importante característica das funções
é que elas são de natureza semiótica. Isso significa que elas são operadoras de signos, o qual tem o
papel de converter as significações sociais que eles representam em significações especiais.
Vigotski define dois tipos de funções, as superiores e as elementares. A contraposição entre
esses dois tipos tem um sentido diferente, de oposição, sim, mas também de relação lógica. As
funções superiores não são originadas pelas funções elementares e não estão ligadas a entidades de
qualquer tipo como órgãos ou estruturas, porém, indiretamente se relacionam a eles. As funções
superiores servem-se das funções biológicas para funcionar e estas estão ligadas a órgãos do
corpo.
Alexis Leontiev, em sua obra “O desenvolvimento do psiquismo”, explica que os órgãos dos
sentidos estão igualmente aperfeiçoados sob a influência do trabalho e em ligação com o
desenvolvimento do cérebro. Assim, é possível concluir que as funções superiores também estão
relacionadas com o desenvolvimento do cérebro e com o crescimento do ser humano perante a
sociedade. Esse desenvolvimento vai do concreto para o abstrato, do objeto particular para a
relação com o mundo.
As funções superiores são relações sociais internalizadas, ou seja, aquelas traduzem no
mundo privado ou no mundo da subjetividade a significação que estas relações têm no mundo
público, ou seja, a razão ou lei social que as constitui.4
A palavra dirigida de uma pessoa a outra, que se constitui em sujeito, cria uma relação. E
para que a palavra não ressoe como eco de si mesma, é necessário que produza outra palavra que
se contraponha a ela, fazendo com que seja possível o diálogo que origina essa relação. “Existe
uma relação sólida entre a variação dos modos de funcionar dos seres humanos e a multiplicidade
de sentidos que eles atribuem às suas ações em razão da necessidade de interpretar as
circunstâncias ou contexto em que elas são realizadas”, explica Pino.
Segundo Leontiev, a linguagem e a palavra surgem a partir da obrigação da comunicação a
partir da realização do trabalho pelos homens. No trabalho, os homens entram forçosamente em
relação, em comunicação uns com os outros. Assim Pino e Leontiev estão falando da mesma
coisa, com abordagens diferentes e concordam entre si quando afirmam que a linguagem surge da
necessidade da comunicação entre duas ou mais pessoas. A comunicação é necessária visto que os
homens estão inseridos em uma sociedade, seja pelo trabalho ou não. A linguagem é produto da
atividade de trabalho e criadora de cultura, ou seja, a cultura surge da evolução fisiológica e até
psíquica humana.
Leontiev afirma ainda que a consciência individual do homem só poderia existir nas
condições em que existe a consciência social. A consciência é o reflexo da realidade, refratada
através do prisma das significações e dos conceitos lingüísticos, elaborados socialmente e Pino
explica que as funções, defendidas por Vigotski, são relações sociais que traduzem no mundo
privado ou no mundo da subjetividade a significação que estas relações têm no mundo público,
assim como a consciência de Leontiev.
O desenvolvimento da consciência é considerado determinado pelo desenvolvimento
autônomo das funções isoladas. A relação entre duas funções determinadas nunca varia. Por
exemplo, a percepção está ligada de maneira idêntica à atenção, a memória à percepção, o
pensamento à memória.
A consciência, estudada por Leontiev, se compara ao pensamento, estudado por Vigotski.
Esse autor, afirma que o pensamento é “fala menos som”, ou seja, uma fala internalizada, assim
como a consciência individual é uma relação internalizada.
Vigotski afirma, então, que a união viva de som e significado é o que constitui a palavra.
Essa união é fragmentada em duas partes que se mantém unidas apenas pelas conexões
associativas automáticas. É no significado da palavra que o pensamento e a fala se juntam em
pensamento verbal. A palavra é, portanto, uma operação do pensamento. É no significado onde se
encontram as respostas às questões sobre a relação entre o pensamento e a fala.
Cada palavra é uma generalização. A generalização é um ato verbal do pensamento e reflete
a realidade de modo diferente daquele da sensação e da percepção. O significado é parte
inalienável da palavra como tal e dessa forma pertence tanto ao domínio da linguagem quanto ao 5
domínio do pensamento. A verdadeira comunicação requer significado – isto é, generalização –,
tanto quanto signos. O mundo da experiência precisa ser extremamente simplificado e
generalizado antes que possa ser traduzido em símbolos. A experiência do indivíduo encontra-se
apenas em sua própria consciência e não é comunicável.
A linguagem é intercessora entre o homem e a realidade. A fala é a atualização da linguagem
e sua função é a comunicação, o intercâmbio social. A linguagem é uma unidade verbal e mental,
já que é indispensável à fala e ao pensamento. A transmissão racional e intencional de experiência
e pensamento a um receptor requer um sistema mediador, cujo modelo é a fala humana,
proveniente da obrigação de troca de informações durante o trabalho, assim como defende
Leontiev.
A relação pensamento-linguagem é complexa. A linguagem tem papel ativo no processo do
pensamento, um pensamento conceitual é irrealizável sem um tipo de linguagem, portanto a
existência de um sistema de signos é condição necessária ao pensamento. A linguagem constitui o
fundamento social dado no pensamento individual, ou seja, a linguagem transmitida socialmente
ao indivíduo forma a base necessária do seu pensamento conceitual. A linguagem verbal (oral e
escrita) categoriza e estrutura o pensamento.
“A linguagem é um aprendizado e uma experiência contraída na sociedade e em seus
estabelecimentos. Através de sua introdução na sociedade, o homem não aprende a falar, mas
também a pensar” (Figaro, 2011).
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Os elementos da linguagem e a intrigante figura de Kaspar Hauser
A linguagem, através do desenvolvimento cognitivo, social e político da comunidade
humana assume o papel de principal mediadora da cultura, sem deixar de se influenciar por ela, o
que é importante destacar. Compreende-se por cultura todos os valores intangíveis, mitológicos ou
não, científicos ou não, racionais ou não que contribuem para a evolução da consciência coletiva
ao ponto de promover identificação individual. Essa relação é aprofundada mais adiante, com o
estudo da sociolinguística, mas é imprescindível para desenvolvimento da análise a seguir que
trata da intrigante figura de Kaspar Hauser.
Kaspar Hauser foi um jovem encontrado nas ruas de Nuremberg em 1828. Sem nenhum
contato verbal anterior, Kaspar acabou se tornando um riquíssimo objeto de estudo para a
linguística. Izidoro Blikstein, no livro “Kaspar Hauser ou a Fabricação da Realidade” trata da
questão do aparelho perceptivo-cognitivo do homem, o qual consiste o principal problema de
Kaspar. O modo como ele decifra o mundo, mesmo com a apropriação do uso dos signos,
convenções linguísticas previamente acordadas numa sociedade sob a forma do idioma, a
perspectiva crítica da figura em questão não deixa de ser moldada pela cognição empírica de
alguém que viveu até a fase adulta isolado da sociedade.
Charles S. Peirce, um dos fundadores da semiótica, afirma que “para que algo possa ser um
signo, esse algo deve ‘representar’, como costumamos dizer, alguma outra coisa”. Ferdinand de
Saussure, um importante personagem da semiologia, diz que “o signo não liga uma coisa e um
nome, mas um conceito e uma imagem acústica”. Ambas as definições apontam o modo como a
relação signo-referente se estabelece. As relações com o referente aparecem, pela primeira vez, no
triângulo proposto por Ogden e Richards, que é formado pelos vértices “significante”,
“significado” e “referente”. Para os autores, no triângulo, o significante se ligava ao significado
por meio de um contrato social, e que não havia nenhuma relação direta entre o significante e o
referente, o que determinava que a ‘realidade extralinguística não seria decisiva para a articulação
do significado dos signos’, culminando na exclusão do referente. Outro linguistas partiram deste
mesmo princípio de eliminar o referente, como por exemplo S. Ullmann, que afirma que “o
lingüista terá, portanto, o cuidado de limitar a sua atenção ao lado esquerdo do triângulo”, ou seja,
apenas ao lado que é formado pelo significante e significado.
Assim a semiologia não consegue se livrar do referente, partindo dos conceitos expostos
anteriormente que fazem parte da dimensão perceptivo-cognitiva. Dessa forma Blikstein conclui
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que “o referente é um evento cognitivo, produto de nossa percepção” e que “o descarte do
referente foi expulsar a dimensão perceptivo-cognitiva”.
Todas essas ideias levam ao ponto principal do mistério sobre Kaspar Hauser, a relação
língua-cultura, a incorporação do referente no estudo da língua. A realidade transforma-se em
referente por meio da percepção/cognição, que é a interpretação humana das relações no mundo
social, e recorta-se a realidade ao ponto de termos a tal realidade fabricada. Segundo Sausurre, “o
ponto de vista cria o objeto”. Esse é o motivo pelo qual Kaspar não consegue captar o mundo
como os outros a sua volta, pois por ter vivido isolado tanto tempo, seu sistema perceptual ficou
desemparelhado de uma prática social, o qual fabrica o referente.
Agora, resta entender como se dão as diferenças de percepção, pois sem elas haveria um
referente universal, o qual acabaria com as variações linguísticas em torno do globo. Partimos do
princípio de que o individuo se baseia em critérios discriminatórios e seletivos, que podem ser
melhorativos ou pejorativos, e mais tarde se transformam em traços ideológicos, que logo viram
padrões perceptivos ou ainda os ‘‘óculos sociais’’, como diz Schaff: “o indivíduo percebe o mundo
e o capta intelectualmente através de ‘óculos sociais’”.
Esses “óculos sociais” finalmente se transformam em estereótipos de percepção, além de
gerarem um campo semântico, não são aplicados apenas na área da linguística, para criar o
referente, mas também como gerador de ideias e opiniões, que se transformam em convenções
sociais que se tornam regra em determinado grupo, terminando em ditar padrões e criar a polêmica
do mundo atual acerca do aborto ou homossexualidade, por exemplo.
No âmbito dos estereótipos, o referente, e essas questões citadas acima se interpõe entre
nós e a realidade, fingindo ser o real. Logo, assim como condicionados a criação dos referentes
para compor nossa linguagem, é por causa deles que se criam estereótipos. Essa relação
conflituosa será estudada pela sociolinguística. A formação dos estereótipos também pode ser
explicada, em parte, pela advenção das mídias, como trabalhado no texto “Mediação organizativa:
o campo da produção”, de Maria Aparecida Baccega. A mídia pode ser considerada o instrumento
da mediação, que é o movimento de significado de um discurso para o outro. As mídias de massa
têm como objetivo atingir o maior público possível, levando a uma homogeneização da produção e
a formação de um senso comum e de estereótipos.
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As atribuições sociais da liguagem – o estudo sociolinguístico
O estudo das funções superiores e a inevitável ressignificação da língua, do âmbito social
para o individual, a lacuna entre o que se ouve e o que se entende e as perdas e ganhos durante o
processo de comunicação lançam luz a uma nova perspectiva do estudo da linguagem. A
descrição da realidade e a simples troca de informações deixam de ser as únicas faces da
comunicação. Quando Angel Pino introduz a cognição no processo de comunicação, uma nova
variável é acrescentada ao estudo da linguagem. Nesse momento, nota-se a necessidade de uma
nova vertente dentro do estudo lingüístico, algo que se dedique a explicar os valores intangíveis da
língua.
A sociolinguística corresponde à associação dos fatores sociológicos aos fenômenos
lingüísticos. Ao afirmar que a consciência individual do homem só poderia existir dentro das
condições da consciência social, Leontiev, reconhece claramente, mesmo sem registros oficiais, o
objeto de estudo da sociolinguística. Mesmo que até então não houvesse demanda para o estudo
das implicações sociais da linguagem, tal necessidade já se fazia sentir.
Cumprindo o papel de suporte da interação social, a língua passa a assumir uma série
incontável de valores conforme se desdobra em diferentes contextos, dando origem ao fato
sociolingüístico. Dino Pretti, na obra “Sociolinguística - Os Valores da Fala” exemplifica como o
sistema de códigos, signos e referentes vai de encontro direto com a realidade da sociedade pela
qual é utilizado, ao citar o sistema lingüístico de povos nômades que possui grande ocorrência de
verbos de movimento. Assim, sem diminuir os méritos da pesquisa de Dino Pretti, recaímos na
questão já levantada por Schaff: “Os esquimós vêem trinta espécies de neve, e não a neve ‘em
geral’, não porque o queiram ou assim o tenham convencionado, mas porque já não podem
perceber a realidade de outro modo”.
Finalmente é definido o papel do referente na linguística. Depois de ser subestimado e
julgado desnecessário nos estudos de Ogden, Rchards e Ullman, a sociolinguística compreende o
referente como a realidade e a realidade como circunstância moldatória da língua.
Não é apenas a sociedade que define os padrões da linguagem, cada indivíduo,
internamente ressignifica o fato sociolingüístico, conforme suas necessidades. Retomemos a
afirmação de Vigotsky de que “o pensamento é a consciência menos o som”, e partamos da
perspectiva de uma pessoa que nasceu sem audição, ora, ela não poderá associar o som ao signo
exclusivamente sonoro e, portanto, acaba por estabelecer outra correlação que lhe permita
compreender e ser compreendida. Essa nova correlação passa, impreterivelmente pelo vértice do 9
referente. A referência ao deficiente auditivo foi utilizada apenas como recurso ilustrativo. A
necessidade do referente é inquestionável em qualquer fórmula linguística.
A língua assume o papel de caracterizar o indivíduo, assim como suas atribuições físicas. O
sotaque, o ritmo da fala, a entonação, o vocabulário, todos esses aspectos são capazes de transmitir
informações sobre aquele que os verbaliza e assim, passa a língua também a assumir maior ou
menor valor social.
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A análise do discurso
Dominique Maingueneau nos apresentou uma diferenciação entre os termos discurso,
enunciado e texto. Texto é a produção oral ou escrita, o enunciado é o produto verbal de um
acontecimento, sendo algo mais momentâneo, e o discurso é toda contextualização, caracterização
e significação.
Para o autor o discurso reside além da frase. É orientado, interativo, contextualizado,
regido por normas e faz parte de uma rede maior de outros discursos, chamada de interdiscurso. A
linguagem, como objeto de estudo, não deve ser tratada apenas como uma miscelânea de regras
gramaticais. Ela não é apenas o lado esquerdo do triângulo de Ogden e Richards, que remete ao
significante e significado. Ela envolve toda uma contextualização temporal, espacial, física e
semântica, envolvendo assim, o lado direto do triângulo de Ogden e Richards, que remete ao
referente. A principal corrente de estudo que levou em consideração essa característica foi a
análise do discurso. Essa corrente traz uma interpretação do pensamento do autor de um discurso,
aprofundando-se cada vez mais nos níveis de sentido. A análise do discurso trabalha basicamente
com as funções mentais superiores de Vigotski, ou seja, engloba a tríade linguagem, cognição e
cultura. Podemos dizer que a análise do discurso é fundamentada a partir da sociolinguística e das
condições de enunciação descritas no livro “Análises dos textos de comunicação”, de Dominique
Maingueneau.
Na primeira parte do livro “Terra à vista”, seu autor Eni Pulcinelli Orlandi nos traz uma
interessante análise do discurso sobre uma das mais célebres frases da língua portuguesa: “terra à
vista”. Talvez tenha sido o discurso que inaugurou o sentido do povo brasileiro. A autora propõe-
nos uma análise da identidade brasileira, apontando que o brasileiro não é apenas um ser cultural,
formulado por um discurso científico do senso comum, mas também um ser histórico
fundamentado por um discurso criado a partir de documentos históricos. Na segunda parte, temos
um capítulo em que a autora traz observações sobre a corrente que fundamentou o livro, a análise
do discurso. A autora coloca que análise do discurso é um lugar entre o social/histórico e o
linguístico, ou seja, que um determinado discurso não é apenas formulado por uma combinação de
termos linguísticos, mas também pelo contexto em que o próprio discurso se insere. Em outras
palavras, o discurso verbal vai além dos eixos sintagma e paradigma propostos por Saussure, ele
possui um terceiro eixo, o eixo que se refere à semântica.
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Referências bibliográficas
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MAINGUENEAU, Dominique. Análise de textos de comunicação. São Paulo: Cortez, 2001. p. 50-57; e 71-83.
ORLANDI, Eni P. Terra à Vista. Discurso do Confronto: velho e novo mundo. São Paulo: Cortez, 1990. p. 13-
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Cultura e Cognição: reflexões para o ensino, 2003, Belo Horizonte – MG. Anais... Campinas: Gráfica
Central – Faculdade de Educação – Unicamp, 2003.
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VIGOTSKI, Lev S. Pensamento e linguagem. São Paulo, Martins Fontes, 2005. p. 1-10.
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