Download - A legislação Europeia e a avaliação ecológica dos rios - Portugal, União Européia - Maria João Feio
O impacto da Directiva Quadro da Água na monitorização e restauraçãoecológica dos rios. Casos de estudo na Europa e Portugal
III Encontro Internacional de Revitalização de Rios
I Encontro das Bacias Hidrográficas de Minas
Belo Horizonte, 28-30 de Novembro 2017
Maria João Feio
O impacto da Directiva Quadro da Água na monitorização e restauraçãoecológica dos rios. Casos de estudo na Europa e Portugal
Water Framework Directive
Google: 3 660 000
Google scholar: 200 000
A Directiva Quadro da Água
Transposição para o direito nacional de
todos os países da Comunidade
Europeia
A Directiva Quadro da Água
Juntou todos os países da Europa no tema da preservação dos
ecossistemas aquáticos – obriga a colaborações e compromissos
Alterou o conceito Água: não é um produto comercial mas um
património que deve ser protegido, defendido e tratado como tal:
Propôs uma avaliação holística - ecológica das massas de água,
centrada nos elementos biológicos;
Obriga ao estabelecimento de cooperações transfronteiriças entre
todos os países envolvidos;
Adopta o princípio do “poluidor – pagador”;
Pretende o equilíbrio entre os interesses do ambiente e de quem dele
depende.
Fomenta a participação activa de todos os interessados, incluindo
ONGs e comunidades locais, na gestão dos recursos
INOVADORA E ABRANGENTE
INCLUI todos os tipos de massas de água
A Directiva Quadro da Água
Águas doces
superficiais
Lagos e
reservatórios
Estuários-zonas
de transição
Águas costeiras
Águas
subterrâneas
OBJETIVOS:
A Directiva Quadro da Água
não deterioração e melhoria da qualidade da água
em 2015 todas as massas de água devem estar em:
Bom Estado Ecológico
Bom Potencial Ecológico (massas de água artificiais
ou altamente modificadas)
(extendido até 2022)
A Directiva Quadro da Água
3 FASES FUNDAMENTAIS de desenvolvimento técnico e científico:
3. Elaboração dos
Planos de Gestão
de Bacia
Hidrográfica (ciclos
de 6 anos):
- Resultados da
monitorização
- Programas de
Medidas (para
cada massa de
água)
1. Desenvolvimento
de métodos de
avaliação do
Estado
Ecológico
2. Estabelecimento de
Redes de
monitorização
Vigilância - longo termo
(ciclos de 3 anos)
Operacional - efeito de
medidas
Investigativas - avaliar
efeito de pressão
ocasional
I. MONITORIZAÇÃO ECOLÓGICA
II. RESTAURAÇÃO ECOLÓGICA
I. Monitorização ecológicaObriga ao USO SIMULTÂNEO de diversos elementos biológicos-chave dos
ecossistemas aquáticos:
Macroinvertebrados Peixes
Plantas aquáticas
Levantamento das
características
abióticas e
biológicas de todas
as massas de água
nacionais de forma
padronizada
TIPOLOGIA E CONDIÇÃO REFERÊNCIA
I. Monitorização ecológica
Elementos
hidromorfológicos
de suporte
Elementos fisico-
químicos de
suporte
Poluentes
específicos
Elementos
biológicos
Classificação do
estado ecológico
I. Monitorização ecológica
Elemento Parâmetro/Index
Invertebrados IPtIn (norte)
IPtIs (sul)
Diatomáceas IPS
Macrófitas IBMR
Peixes F-IBIP
Hidromorfologia River Habitat Survey
Parâmetros FQ
(de suporte)
Temperatura, O2, CBO, CQO,
Conductividade, pH, Alcalinidade,
Dureza, TSS, Nitratos, Nitritos, N-
NH4, Total N, Ortofosfatos, P-total
Poluentes
específicos
Vários
PORTUGALTerminou em
2012 com o fim
do Exercício de
Intercalibração
para rios
I. Monitorização ecológica
2004-2006: ca. 400
locais – rede de
vigilância
2017: ca. 700 locais
–rede operacional e
de vigilância
2004-presente:
diversos pontos de
investigação:
controlo de
barragens, estradas,
dragagens, algumas
obras publicas…
I. Monitorização ecológica
Terminou em 2005
Standardização e intercalibração dos
métodos de avaliação biológica europeus
PROMOÇÃO DA COOPERAÇÃO EUROPEIA (PROJECTOS)
I. Monitorização ecológica
Países Mediterrânicos
Terminou em 2012EXERCÍCIO DE INTERCALIBRAÇÃO
Objetivo: Comparabilidade de métodos, critérios de referência e
fronteiras de qualidade
PROMOÇÃO DA COOPERAÇÃO EUROPEIA (PROJECTOS)
I. Monitorização ecológica
Terminou em 2012EXERCÍCIO DE INTERCALIBRAÇÃO
Objetivo: Comparabilidade de métodos, critérios de referência e
fronteiras de qualidade
PT-Type1
PT-Type2
PT-Type3
PT-Type4
FR-Type1
IT-Type1
IT-Type2
IT-Type3
SP1-Type1
SP1-Type2
SP1-Type3
SP2-Type1
SP2-Type2
SP2-Type3
SL-Type1
SL-Type2
CY-Type1
0.000
0.100
0.200
0.300
0.400
0.500
0.600
0.700
0.800
0.900
1.000
1.100
1.200
RM1,RM2&RM4-originalboundaries H/GBoundary(foreachMS)
MedianH/GOriginal
PT-Type1
PT-Type2
PT-Type3
PT-Type4
FR-Type1
IT-Type1
IT-Type2
IT-Type3
SP1-Type1
SP1-Type2
SP1-Type3
SP2-Type1
SP2-Type2
SP2-Type3
SL-Type1
SL-Type2
CY-Type1
0.000
0.100
0.200
0.300
0.400
0.500
0.600
0.700
0.800
0.900
1.000
1.100
1.200
RM1,RM2&RM4-harmonizedboundaries H/GBoundary(foreachMS)
MedianH/Gharmonizado
PROMOÇÃO DA COOPERAÇÃO EUROPEIA (PROJECTOS)
I. Monitorização ecológica
Elaboração de mapas de qualidade
Estudos de biodiversidade, distribuição de espécies
Previsão dos efeitos de alterações climáticas
Contribuir para a Directiva de Habitats e Directiva da
Estratégia Marinha
BASES DE DADOS EUROPEIAS
I. Monitorização ecológica
GRANDE DESENVOLVIMENTO DO USO DE COMUNIDADES
AQUÁTICAS COMO BIONDICADORES:
Google scholar (após 2000):
palavras-chave:
Water Framework Directive + Indices: 18 100
Water Framework Directive + Indicators: 24 000
I. Monitorização ecológica
GRANDE DESENVOLVIMENTO DO USO DE COMUNIDADES
AQUÁTICAS COMO BIONDICADORES:
I. Monitorização ecológica
NOVAS QUESTÕES EM TERMOS DE MONITORIZAÇÃO ECOLÓGICA:
- distinguir o efeito de stresses múltiplos (estrutura, funcionalidade,
traits) para poder planear melhor medidas
- incluir efectivamente a avaliação funcional dos ecossistemas:
custo-benefício?
- uso da metagenómica na monitorização ecológica: custo-
benefício?
I. Monitorização ecológica
A restauração ecológica: protege a saúde do ecossistema e preserva
os recursos aquáticos.
Restauração: conjunto de medidas ecológicas, físicas, espaciais e de
gestão que visam melhorar a qualidade e o funcionamento do sistema
aquático de forma a preservar a biodiversidade, uso recreativo, a gestão
de cheias e o desenvolvimento da paisagem.
II. Restauração ecológicaCONCEITOS: PERSPECTIVA EUROPEIA
II. Restauração ecológicaCOOPERAÇÃO EUROPEIA – PROJECTOS e ARTIGOS
GOOGLE SCHOLAR:
“Water Framework Directive” + “restoration”: 18 000
Informação sobre projectos europeus de restauração de rios (gerido pelo Centro
Europeu para a Restauração de Rios, financiado pela Environmental Agency,
UK)
II. Restauração ecológica
EXEMPLOS DE OBRAS DE RESTAURAÇÃO DE RIOS:
- Redesenhar um canal uniforme e transformá-lo num canal
sinuoso e criar vários canais
- Colocar árvores na margem do rio para criar diversidade de
fluxos
- Re-meanderizar ribeiras urbanas
- Proteção das margens com raízes de árvores
- Criar passagens para peixes
- Abrir um canal coberto (subterrâneo)
- Remoção de barragem/açude
II. Restauração ecológica
Antes
CARACTERÍSTICAS:
Rio com 61% agricultura, 30% floresta e
9% urbano
PROBLEMAS:
- Margens inundam regularmente com o
degelo
OBJECTIVO DA RESTAURAÇÃO:
- Protecção natural contra as cheias
- Melhoria da qualidade da água
II. Restauração ecológicaCASOS DE ESTUDO: RIO THUR, AFLUENTE DO RENO, SUIÇA
Depois
MEDIDAS:
- Restauração de um
troço de 2 km
- Aumento da
diversidade de
habitats no canal
- Alargamento e
remeanderização
SEGUIMENTO:
- Monitorização da
qualidade da água e
variações sazonais
II. Restauração ecológicaCASOS DE ESTUDO: RIO THUR, AFLUENTE DO RENO, SUIÇA
Antes
Antes
II. Restauração ecológicaCASOS DE ESTUDO: RIO ALT, UK,
OBJECTIVO: reverter a linearização do canal;
naturalizar; revegetar
Situação inicial:
- Ribeira urbana (1.5-2m largura) em espaço
público
- Baixa energia
- Canal previamente realinhado que segue a
estrada
- A qualidade da água já tinha sido melhorada os
peixes voltaram ao sistema há alguns anos.
Projecto (design e construção) envolveu:
- Autoridades locais, grupos comunitários,
escolas locais
Limitações:
- Era preciso manter o acesso ao público
- A área de prados de flores deveria ser
preservada
II. Restauração ecológicaCASOS DE ESTUDO: RIO ALT, UK,
II. Restauração ecológicaCASOS DE ESTUDO: RIO DULAIS, UK
OBJECTIVO: estabilizar as margens e reduzir a erosão
Antes
II. Restauração ecológica
MEDIDAS: estabilização natural das margens com raízes de árvores.
CASOS DE ESTUDO: RIO DULAIS, UK
II. Restauração ecológica
MEDIDAS: estabilização natural das margens com raízes de árvores.
CASOS DE ESTUDO: RIO DULAIS, UK
II. Restauração ecológica
MEDIDAS: estabilização natural das margens com raízes de árvores.
CASOS DE ESTUDO: RIO DULAIS, UK
AntesDepois
II. Restauração ecológicaCASOS DE ESTUDO: RIO MONNOW, UK
OBJECTIVO: aumentar a conetividade, permitir a passagem de peixes,
remover estrutura artificial
Antes
II. Restauração ecológicaCASOS DE ESTUDO: RIO MONNOW, UK
MEDIDAS: remover completamente o açude
RISCOS: alterar o mecanismo das cheias; perder o valor patrimonial do
açude; libertação de sedimentos retidos pelo açude; aumento da
erosão das margens
II. Restauração ecológicaCASOS DE ESTUDO: RIO MONNOW, UK
MEDIDAS: remover completamente o açude (ca. 3 m altura)
Antes Depois
II. Restauração ecológica
Hughes et a. 2009, Freshwater Biology
CARACTERIZAÇÃO:
- Bacia hidrográfica afetada por uma grande barragem – obra importante para o abastecimento do sul de Portugal (zona seca-Mediterrânica)
- Como medida compensatória à construção da barragem deveria ser efetuada a melhoria das galerias ripícolas na bacia
- Outras pressões: agricultura; enriquecimento orgânico
CASOS DE ESTUDO: Bacia da ribeira de Odelouca, Portugal, vários troços
II. Restauração ecológicaCASOS DE ESTUDO: Bacia da ribeira de Odelouca, Portugal, vários troços
Hughes et a. 2009, Freshwater Biology
Cortes et al. (in press) Rios de Portugal.
PROJECTO:- Amostragem de macroinvertebrados,
peixes, vegetação em ca. 30 pontos
- River Habitat Survey
- Estudo das funções da vegetação ripária na formação e estruturação de habitats e processos fluviais
MEDIDAS:- Remoção de vegetação infestante, consolidação de taludes com material natural, plantação de espécies ripícolas, criação de ilhas vegetadas para favorecer os ciprinídeos autóctones.
II. Restauração ecológicaCASOS DE ESTUDO: Ribeira de Vale das Flores, Coimbra, Portugal
CARACTERIZAÇÃO: ribeira urbana, ladeada por prédios e estrada;
canalizada em parte do troço.
MONITORIZAÇÃO - ANTES: amostragem de macroinvertebradosbentónicos ao longo do ciclohidrológico, medição de caudal, caracterização fisico-química.
II. Restauração ecológicaCASOS DE ESTUDO: Ribeira de Vale das Flores, Coimbra, Portugal
OBJECTIVO: renaturalizar um
troço da ribeira, revegetar,
eliminar plantas exóticas e
invasoras, potenciar a
biodiversidade, potenciar uso da
zona verde, melhorar a
qualidade do ar na zona,
potenciar a retençao de
humidade – mitigação de
períodos de seca.
LIGAÇÃO À SOCIEDADE:
sensibilzação dos decisores
ambientais e políticos,
sensibilização da população
local.
- 47% das águas superficiais europeias não atingiram o Bom
estado ecológico, ao fim de 15 anos (2015)
- entre 2009-2015 o número de massas de água superficiais
em Bom estado só aumentou 10%
II. Restauração ecológicaPERSPECTIVAS
LIMITAÇÕES AO SUCESSO DA RESTAURAÇÃO
Base de dados com 766 projetos de restauração:
Alemanha (n=454),
Espanha (n=228),
Reino Unido (n=54)
Holanda (n=30).
II. Restauração ecológica
Limitações técnicas:
não considerar adequadamente o tipo de rio com base em
características geomorfológicas e processos funcionais
insuficiente levantamento dos tipos de pressões antropogénicas
desconhecimento de todas as opções técnicas
Limitações práticas à eficácia dos projectos:
disponibilidade de terras (propriedade)
orçamento do projeto
autorizações das autoridades responsáveis
II. Restauração ecológicaLIMITAÇÕES AO SUCESSO DA RESTAURAÇÃO
Os Programas de Medidas devem:
- ter em conta o tipo e a escala das pressões na bacia
hidrográfica
- considerar melhorias de longa-duração
- considerar medidas que sejam robustas atendendo aos
impactos das alterações climáticas
- Desenhar um programa de monitorização a priori que
contemple o momento anterior à obra
II. Restauração ecológicaRECOMENDAÇÕES
- transformar as regiões urbanas em zonas sustentáveis
- ligar zonas rurais e urbanas
- integração de todos os utilizadores;
- equilíbrio restauração ecológica - serviços escossistemas
- rios urbanos e cidades Verdes e Azuis
- regeneração de zonas industriais
- restauração ecológica e mitigação das alterações climáticas
II. Restauração ecológicaABORDAGENS RECENTES
Há muito a fazer!
II. Restauração ecológica
COOPERAÇÕES PORTUGAL-BRASIL:
Transposição das experiências europeias
- aproveitar as boas e esquecer as más!
Desenvolvimento paralelo noutro tipo de
sistemas
Apostar no desenvolvimento sustentável
e cidades Verdes e Azuis ao nível global
From: “Blue Green
Dream Project”
Obrigada!
Rios de Portugal: Comunidades, Processos e Alterações.
2018. Eds: Feio MJF & Ferreira V. Imprensa da Universidade de
Coimbra
CONGRESSO IBÉRIO DE LIMNOLOGIA, COIMBRA, 24-29 DE JUNHO 2018 http://www.limnologia2018.org