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A INEFICÁCIA DA PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE A FAILURE OF CUSTODIAL SENTENCE
Rafael Veloso1
RESUMO: O presente trabalho tem como objetivo analisar a ineficácia da pena privativa de liberdade diante do atual sistema penitenciário brasileiro. Para isso, é imperioso avaliar a política criminal que vem sendo empregada no Brasil, enfatizando a falência da pena de prisão e a contraditoriedade de suas finalidades. Nesse sentido, considerável parcela da doutrina aduz que a mesma é incapaz de alcançar suas finalidades (punir, prevenir e recuperar), porém, esse breve estudo pretende ressaltar soluções ou alternativas para o problema, para essa delicada questão que atravessa décadas sem receber a devida atenção. Assim, o presente estudo irá discorrer sobre a ineficácia da pena de prisão, a importância do sistema penitenciário e da Lei de Execução Penal. Apresentará também o perfil dos condenados que cumprem pena no Estado do Paraná. Apontará possíveis alternativas/soluções, como a Desprisionalização, as Penas Alternativas e a aplicação dos Princípios da Intervenção Mínima, Humanidade, Proporcionalidade e Dignidade da Pessoa Humana, em síntese, assumindo a posição do Direito Penal Mínimo. PALAVRAS-CHAVE: Pena; Ineficácia; Crise; Ressocialização; Sistema Penitenciário. ABSTRACT: This study aims to analyze the ineffectiveness of custodial sentence given the current Brazilian penitentiary system. To do so, we must assess the criminal policy that has been used in Brazil, highlighting the failure of imprisonment and contradictoriness of its purposes. Accordingly, a considerable portion of the doctrine adds that it is unable to achieve its goals (punish, prevent and recover), however, this brief study is to emphasize alternatives or solutions to the problem, to this sensitive issue that crosses decades without receiving proper attention. Thus, this study will discuss the ineffectiveness of imprisonment, the importance of the prison system and the Penal Execution Law. It will also present the profile of convicts serving time in the state of Paraná. Appoint alternatives / solutions like as release, Sentencing Alternatives and the application of the Principles of Minimum Intervention, Humanity, Proportionality and Dignity of the Human Person, in summary, assuming the position of Criminal Law Min. KEYWORDS: Pena, Ineffective; Crisis; Resocialization; Prison System.
1 INTRODUÇÃO
O aparente aumento da violência e da criminalidade, a ineficácia da pena 1 Acadêmico do Curso de Direito da UNIVEL – Faculdade de Ciências Sociais Aplicadas de Cascavel.
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privativa de liberdade e a falência do sistema penitenciário vêm desencadeando
inúmeras discussões nos últimos anos. A crítica reinante na doutrina se resume em
alegar a falência da pena privativa de liberdade. Muitos apontam que ela jamais
poderá alcançar suas finalidades, basicamente, punir, prevenir e recuperar. Porém,
não é prudente esquecer que a mesma ainda é a espinha dorsal do sistema punitivo
brasileiro.
Neste enfoque, o principal problema a ser elucidado por este breve estudo
consiste em analisar a ineficácia da pena privativa de liberdade, frente ao atual
sistema penitenciário brasileiro. Para isso, é fundamental compreender todo o
contexto em que a pena atua, para então chegar a uma conclusão plausível sobre a
questão.
De um lado está o Estado, que atribuiu para si o poder punitivo e utiliza a
prisão como principal resposta penológica, como um mero instrumento de controle
social. Cabe ressaltar que se houvesse políticas sociais eficazes, talvez o presente
estudo não seria necessário. Assim, partindo desse sistema defasado e falido, do
aumento aparente da criminalidade, da insegurança e de todos os efeitos negativos
pertinentes à prisão só tendem a se agravar. E, ao contrário do que a maioria da
sociedade pensa, ou é levada a acreditar, os verdadeiros prejudicados com essa
situação são as classes débeis, a parcela marginalizada da população, pois nesse
aspecto, o Direito Penal (do terror) e a pena de prisão são totalmente eficazes, uma
vez que segregam os indesejados, e o sistema capitalista segue reinante.
De outro norte, vem a sociedade parcialmente influenciada pelos meios de
comunicação, crentes por justiça, segurança e por um combate mais rigoroso à
criminalidade. Atribuem todos os problemas sociais e estruturais à ineficácia do
sitema punitivo, ou seja, à impunidade. Não é raro presenciarmos comentários sobre
o Código Penal Brasileiro, afirmações de que o mesmo se encontra ultrapassado e
ineficaz. Diariamente, as pessoas são influenciadas pela mídia a apoiar essa política
criminal repressiva, semelhante ao Movimento de Lei e Ordem, a reduzir a
maioridade penal, apoiar a majoração às penas, implantar a pena de morte, cruéis,
enfim, inúmeras atrocidades. Basta analisarmos que quase toda manifestação em
prol dos “direitos humanos dos presos” é vista com aversão pela sociedade. Isso é o
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reflexo de uma cultura sedimentada que já vem atravessando décadas, contribuindo,
em parte, com a omissão do Estado em não executar a pena corretamente. Outro
ponto importante é o desprestígio que a pena alternativa possui perante a
sociedade, pois ainda vigora a noção arcaica da pena como uma vingança,
aceitando apenas a pena de prisão. O próprio termo “pena alternativa” é um
equívoco, pois conclui que pena ideal é a prisão, não só com a privação da
liberdade, mas com o abuso de muitos outros direitos fundamentais da pessoa
humana.
Assim, diante dessa realidade nada animadora, está o sistema penitenciário
brasileiro, possuindo sua cota de responsabilidade na ineficácia da pena privativa de
liberdade. As condições do ambiente carcerário são precárias, impossibilitam
qualquer reabilitação e ainda trazem inúmeras consequências negativas para o
condenado, assim como para a sociedade. As penitenciárias, na sua grande maioria,
são estabelecimentos inadequados para viabilizar alguma ressocialização. A
doutrina descreve a prisão como uma instituição que perverte, corrompe, deforma,
como uma fábrica de reincidência, consistindo em um ciclo vicioso, que nesse ritmo
só tende a piorar.
Assim, no transcorrer do estudo, constatada a ineficácia da pena de prisão,
serão abordados alguns pontos primordiais, como os benefícios das penas e
medidas alternativas e a redução da população carcerária no sistema penitenciário;
a importância dos princípios da Intervenção Mínima (ultima ratio) e da
Proporcionalidade no Direito Penal; o perfil do condenado que cumpre pena no
Estado do Paraná, com base nas estatísticas do mês de Junho de 2012; e por fim,
ressaltar a efetiva aplicação da Lei de Execução Penal e da proteção aos direitos
contidos na Constituição Federal, assim como, apontar a necessidade de
reestruturar o sistema penitenciário brasileiro, para que este tenha condições de
atingir seus objetivos.
Destarte, analisando o contexto da pena e os dados obtidos, será possível
analisar a atuação da pena privativa de liberdade no sistema penitenciário brasileiro
e apontar alternativas.
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2 PRINCÍPIOS GERAIS DO DIREITO PENAL
Os princípios são a base do ordenamento jurídico, servem de origem, de
orientação para a interpretação e devem ser observados, tanto pelo legislador,
quanto pelos operadores do direito.
Considerando os princípios consagrados pelo direito e buscando nortear o
presente trabalho, mister se faz a análise dos princípios a seguir alinhados, os quais
são imprescindíveis para a compreensão do presente estudo.
2.1 Dignidade da Pessoa Humana
Estabelece o artigo 1º, inciso III, da Constituição Federal, que o Estado
Democrático de Direito tem como fundamento a dignidade da pessoa humana. É um
valor inerente ao ser humano, logo, toda lei que atente contra tal prerrogativa deve
ser considerada inconstitucional, uma vez que há a garantia do mínimo existencial
ao ser humano.
Nesse viés, o Direito Penal deve amoldar-se ao princípio da dignidade
humana, assegurando um Estado Democrático de Direito e garantindo a
regularidade do processo criminal.
2.2 Humanidade
Impõe ao Direito Penal atuar sem que haja ofensa a dignidade da pessoa
humana, principalmente dos condenados. A Constituição dispõe no artigo 5º, XLVII,
que não haverá penas: a) de morte (salvo casos de guerra declarada); b) de caráter
perpétuo; c) de trabalhos forçados; d) de banimento; e) cruéis. Também afirma no
artigo 5º, inciso XLIX, que deverá ser assegurado o respeito à integridade física e
moral do preso. Além de outros incisos, como XLVIII, L, XLV, LVI, LXII, LXIII, LXIV,
LXV e LXVI. São frutos da evolução histórica da humanização das penas. Desse
princípio decorre a inconstitucionalidade de todo tipo criado que atente contra a
dignidade ou integridade física de alguém.
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Como dito, com a evolução do Direito Penal, as penas foram
progressivamente humanizadas, a Declaração Universal dos Direitos Humanos
(1948), em seu artigo 5º, prevê que ninguém será submetido à tortura, nem a
tratamento ou castigo cruel, desumano ou degradante. O Pacto internacional dos
Direitos Civis e Políticos (1966) também estabelece em seu artigo 7º, que ninguém
poderá ser submetido à tortura, nem a penas ou tratamentos cruéis, desumanos ou
degradantes.
A luta pela implantação desse princípio como uma característica fundamental
das penas iniciou com Beccaria, passando essa árdua tarefa a seus seguidores, a
qual vigora pelos últimos séculos.
Nesse viés, as penas de morte e corporais foram substituídas pelas privativas
de liberdade, e essa, em partes, pelas penas alternativas. Embora haja, atualmente,
certa resistência da sociedade na adoção desta medida.
2.3 Intervenção Mínima
É um princípio limitador, consagrado pelo Iluminismo, o qual se impõe ao
Direito Penal a necessidade de proteger os bens jurídicos mais importantes e
essenciais, deixando o restante sujeito a sanções extrapenais. O referido princípio
limita o poder punitivo do Estado ao dispor que o Direito Penal deve ser considerado
a última opção (ultima ratio), quando todos os outros ramos do direito foram
insuficientes para prevenir o conflito. Essa intervenção só se justifica para resolver
condutas graves, imprescindíveis, protegendo bens jurídicos realmente relevantes.
Com isso, evita-se também a banalização da pena privativa de liberdade,
ocasionando um descrédito ao Direito Penal.
Como bem assinala Mercedes García Arán:
“o direito penal deve conseguir a tutela da paz social obtendo o respeito à lei e aos direitos dos demais, mas sem prejudicar a dignidade, o livre desenvolvimento da personalidade ou a igualdade e restringindo ao mínimo a liberdade.” 2
2 Fundamentos y aplicación de penas y medidas de seguridad en el Código Penal de 1995, p. 36.
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A intervenção mínima deve ser observada por dois grandes sujeitos: o
legislador, que deve incriminar somente as condutas mais graves, selecionando as
condutas que necessitam da intervenção do Direito Penal, na qual os outros ramos
do direito não conseguiram conter; e o operador do direito, que somente deve
enquadrar uma conduta específica como fato típico, se a mesma não pôde ser
solucionada por outros ramos do ordenamento jurídico.
Assim, orienta Cezar Roberto Bitencourt:
O princípio da intervenção mínima, também conhecido como ultima ratio, orienta e limita o poder incriminador do Estado, preconizando que a criminalização de uma conduta só se legitima se constituir meio necessário para a proteção de determinado bem jurídico. Se outras formas de sanções ou outros meios de controle social revelarem-se suficientes para a tutela desse bem, a sua criminalização será inadequada e desnecessária. Se para o restabelecimento da ordem jurídica violada forem suficientes medidas civis ou administrativas, são estas que devem ser empregadas e não as penais. Por isso, o Direito Penal deve ser a ultima ratio, isto é, deve atuar somente quando os demais ramos do direito revelarem-se incapazes de dar a tutela a bens relevantes na vida do indivíduo e da própria sociedade.3
Cabe ressaltar que entre as penas, a privativa de liberdade deve ser ainda
mais restringida aos casos imprescindíveis.
2.4 Proporcionalidade
Segundo tal princípio, as penas devem ser proporcionais e harmônicas com
relação à gravidade da infração incorrida, ou seja, a resposta do Estado ao delito
deve ser proporcional ao dano causado. É necessária uma ponderação entre o
excessivo e o insuficiente para haver um equilíbrio ideal. A Constituição consagra,
mesmo que implicitamente, o princípio em seu artigo 5º, inciso VLVI, dispondo que
adotará as penas de: a) privação de liberdade; b) perda de bens; c) multa; d)
prestação social alternativa; e) suspensão ou interdição de direitos.
O próprio Código Penal, em seu artigo 59, determina que a pena base deverá
ser fixada de forma necessária e suficiente para a reprovação e prevenção do crime.
3 BITENCOURT, Cezar Roberto. Lições de direito penal, Porto Alegre, 1995, p. 32.
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Estabelecendo o critério de necessidade e suficiência que o Juiz de Direito deverá
adotar.
Assim, possui dois destinatários: o legislador, que observando a realidade
social, deve estabelecer uma pena proporcional à gravidade da conduta, e o Juiz de
Direito, que deverá impor ao autor dessa conduta, através do sistema trifásico de
aplicação da pena, uma sanção suficiente que corresponda à gravidade do caso
concreto.
Segundo o ilustre Fernando Capez: “Com efeito, um Direito Penal
democrático não pode conceber uma incriminação que traga mais temor, mais ônus,
mais limitação social do que benefício à coletividade”. 4
Já concebia Cesare Bonesana, o Marquês de Beccaria, há alguns séculos,
que as penas devem ser proporcionais aos delitos cometidos e aos danos causados
a sociedade.
Nesse mesmo viés, em 1789, a Declaração dos Direitos do Homem e do
Cidadão5 já estabelecia, em seu artigo 8º, que a lei apenas deve estabelecer penas
estrita e evidentemente necessárias.
Já a Convenção Americana dos Direitos Humanos6 (1969), em seu artigo 5º,
também prevê que toda pessoa tem direito a que se respeite sua integridade física,
psíquica e moral. E ainda, que as penas privativas de liberdade devem ter por
finalidade essencial a reforma e a readaptação social dos condenados.
Portanto, a cominação de qualquer pena desnecessária ou desproporcional
atenta contra a dignidade da pessoa humana.
3 A INEFICÁCIA DA PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE DIANTE DO ATUAL SISTEMA PENITENCIÁRIO BRASILEIRO
4 CAPEZ, Fernando. Curso de direito penal, São Paulo, Saraiva, 2012, p. 40. 5 DECLARAÇÃO Universal dos Direitos do Homem e do Cidadão, 1789. Disponível em: < http://pfdc.pgr.mpf.gov.br/atuacao-e-conteudos-de-apoio/legislacao/direitos-humanos/declar_dir_homem_cidadao.pdf>. Acesso em: 15 de jun. 2012. 6 CONVENÇÃO Americana dos Direitos Humanos, 1969. Disponível em: < http://www.pge.sp.gov.br/centrodeestudos/bibliotecavirtual/instrumentos/sanjose.htm>. Acesso em: 15 de jun. 2012.
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A pena de prisão atingiu seu apogeu na segunda metade do século XIX, com
um ambiente otimista, acreditava-se que seria um instrumento idôneo para atingir
suas finalidades e alcançar a reabilitação. Porém, antes que o referido século
terminasse, a mesma enfrentou o início de sua decadência, a qual perdura até hoje.
Atualmente, o alto índice de reincidência pode ser invocado como um dos
fatores que comprovam a ineficácia da pena privativa de liberdade, embora não haja
dados atuais, é um fato que pode ser facilmente constatado pelos operadores do
direito.
Desde o século XX, a pena de prisão tem sido altamente criticada por não
apresentar resultados satisfatórios no aspecto ressocializador. Dentre os inúmeros
fatores responsáveis pela “falência” da mesma, pode-se apontar principalmente a
omissão do Estado, com todos os problemas sociais existentes e também por sua
atuação repressiva, utilizando de um Direito Penal do terror como uma forma de
controle social, atendendo aos interesses do sistema econômico vigente e das
classes dominantes. Através desse Direito Penal elitista e seletivo, protege-se
aqueles que detêm os meios de produção.
Nesse aspecto, a pena de prisão é totalmente eficaz, pois segrega os
indesejados, ou seja, a parcela marginalizada da sociedade. É possível afirmar que
boa parcela dos delinquentes são vítimas da injustiça social que impera na
sociedade. Assim, os mesmos fatores que geram a miséria, também colaboram para
o aumento vertiginoso da criminalidade.
Destarte, o Estado Democrático de Direito tem o dever de assegurar todos os
direitos fundamentais dos condenados não alcançados pela pena privativa de
liberdade, pois como a própria qualificação, ocorre à privação da liberdade, não da
dignidade, nem da vida, nem da saúde, entre outros.
O professor Julio Fabbrini Mirabete, por sua vez, enfatiza:
A doutrina penitenciária moderna, como já visto, com acertado critério proclama a tese de que o preso, mesmo após a condenação, continua titular de todos os direitos que não foram atingidos pelo internamento prisional decorrente da sentença condenatória em que se impôs uma pena privativa de liberdade. Com a condenação, cria-se especial relação de sujeição que se traduz em complexa relação jurídica entre o Estado e o condenado em que, ao lado dos direitos daquele, que constituem os deveres do preso,
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encontram-se os direitos destes, a serem respeitados pela Administração. Por estar privado de liberdade, o preso encontra-se em uma situação especial que condiciona uma limitação dos direitos previstos na Constituição Federal e nas leis, mas isso não quer dizer que perde, além da liberdade, sua condição de pessoa humana e a titularidade dos direitos não atingidos pela condenação.7
Outro fator importante, consiste no papel exercido pela mídia. Todos os meios
de comunicação e principalmente os programas televisivos ditos “policiais”, onde
grandes personalidades detentoras de credibilidade popular pregam a repressão, a
restrição das garantias fundamentais dos condenados, penas mais graves, reformas
nas leis, penas de morte e perpétuas. Todo esse pânico, essa falsa sensação de
impunidade, acaba servindo, por consequência, como discurso legitimador para a
adoção de uma espécie de “Movimento de Lei e Ordem”, que vem sendo empregado
nos últimos anos. Pregando equivocadamente a proteção da “sociedade” a qualquer
custo.
Assim é o entendimento de Sérgio Salomão Shecaira e Alceu Corrêa Junior
sobre o referido movimento:
Os defensores deste pensamento partem do pressuposto dicotômico de que a sociedade está dividida em homens bons e maus. A violência destes só poderá ser controlada através de leis severas, que imponham longas penas privativas de liberdade, quando não a morte. Estes seriam os únicos meios de controle efetivo da criminalidade crescente, a única forma de intimidação e neutralização dos criminosos. Seria mais, permitiria fazer justiça às vítimas e aos “homens de bem”, ou seja, àqueles que não delinqüem.8
É nesse contexto que se multiplicam leis como a dos crimes hediondos, do
crime organizado, da Lei nº 9.677/98, que aumentou de forma expressiva e
desproporcional a pena disposta para o artigo 273 do Código Penal. Configurando
um verdadeiro retrocesso, utilizando de medidas apelativas e afirmando que a
simples majoração da pena conterá o crescimento da criminalidade no Brasil.
7 MIRABETE, Julio Fabbrini. Execução Penal: comentários à Lei nº 7.210, de 11-7-84. São Paulo: Atlas, 2007, p. 118. 8 CORRÊA e SHECARIA. Pena e constituição, aspectos relevantes para sua aplicação e execução, São Paulo, Editora Revista dos Tribunais, 1995, p.105.
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10
Beccaria9, há séculos, já asseverava que não é pelo rigor dos suplícios que
se previnem mais seguramente os crimes, porém, pela certeza das punições.
O Estado, ao utilizar o Direito Penal (fala-se também em um Direito Penal do
terror) como uma forma de controle social, segrega a parcela marginalizada da
população que não atende aos objetivos do sistema capitalista. Nesse sentido,
Bitencourt entende a criminalidade organizada da seguinte forma:
A criminalidade organizada é o centro das preocupações de todos os segmentos da sociedade. Na verdade, a criminalidade organizada é o tema predileto da mídia, dos meios políticos, jurídicos, religiosos, das entidades não-governamentais, e, por conseguinte, é objeto de debate da política interna. Tradicionalmente, as autoridades governamentais adotam uma política de exacerbação e ampliação dos meios de combate à criminalidade, como solução de todos os problemas sociais, políticos e econômicos que afligem a sociedade. Utilizam o Direito Penal como panacéia de todos os males. Defendem graves transgressões de direitos fundamentais e ameaçam bens jurídicos constitucionalmente protegidos, infundem medo, revoltam e ao mesmo tempo fascinam uma desavisada massa carente e desinformada.10
Esse Direito Penal do terror vem se desenvolvendo a custa do sentimento de
insegurança reinante na sociedade. Conforme relata Foucault11, o direito de punir
deslocou-se da vingança do soberano à defesa da sociedade. Mas ele se encontra
então recomposto com elementos tão fortes, que se torna mais temível.
Nesse mesmo viés se encontra o sistema penitenciário, parte fundamental e
também responsável pelo fracasso da pena privativa de liberdade. Pois além de
tudo, as condições do ambiente carcerário são precárias, impossibilitam qualquer
reabilitação e ainda trazem inúmeras conseqüências negativas para o condenado,
assim como para a sociedade. Apenas atende as finalidades desse Estado
repressivo, que segrega e estigmatiza parte da população indesejada. Consistindo
em um ciclo vicioso, que só tende a se agravar, configurando uma afronta a
Dignidade da Pessoa Humana.
De fato, a pena de prisão apresenta fins contraditórios, retribuir o mal causado 9 BECCARIA, Cesare Bonesana, Marchesi di. Dos delitos e das penas, tradução – Flório de Angelis, Bauru, Edipro, 2000, p. 61. 10 BITENCOURT, in Revista CEJ/Conselho da Justiça Federal, Centro de Estudos Judiciários, 1997, nº 1, vol. 11/41-47. 11 FOUCAULT, Michel. Vigiar e punir: nascimento da prisão, tradução de Raquel Ramalhete, 39. ed. Petrópolis, RJ, Vozes, 2011, p. 87
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11
com uma punição, prevenir a prática de novos delitos através da intimidação e
regenerar o condenado. Tais extremos devem ainda coexistir harmonicamente,
mesmo sendo incompatíveis entre si.
Chega a ser irracional esse discurso falacioso, essa pretensão de submeter
uma pessoa ao cárcere para que a mesma possa se preparar para retornar a vida
livre. Exemplificando, Augusto Thompson esclarece, citando Rupert Cross e Thomas
M. Osborne, que “treinar homens para a vida livre, submetendo-os a condições de
cativeiro, afigura-se tão absurdo como alguém se preparar para uma corrida, ficando
na cama por semanas”.12
Nesse mesmo viés é tratada a ressocialização, ou reabilitação, reeducação,
recuperação, regeneração, readaptação, entre outros termos, que basicamente,
como já dito, pretendem, retirando o condenado da sociedade, através da privação
da liberdade por certo período, que o mesmo retorne para este ambiente preparado
para a vida em sociedade.
De fato, é notória a inviabilidade dessa pretensão, porém, esse estudo
pretende ressaltar que, se a pena for corretamente aplicada, a ressocialização pode
ser alcançada, como veremos mais adiante.
Portanto, esse tríplice aspecto da pena, na teoria tratados como harmônicos,
não correspondem a realidade, pois o sistema não comporta a demanda de
criminosos, sendo a punição e a prevenção prioridades, fins necessários,
inalteráveis, que se sobrepõem sempre ao escopo da ressocialização.
Para essa constatação, basta analisarmos a ocorrência de uma rebelião em
uma penitenciária ou a fuga de alguns detentos, tais notícias como essas ganham
grandes repercussões, autoridades prestam explicações, enfim, tomam inúmeras
medidas. Por outro lado, a reincidência, ou seja, o retorno do condenado a prisão é
visto com normalidade, não é tomada nenhuma medida, não se transforma em
notícia, não é motivo de indignação. Pelo contrário, é visto como algo positivo, pois
impera em nossa sociedade a noção de que “lugar de bandido é na cadeia”.
Nesse sentido, assinala Luiz Regis Prado:
12 THOMPSON, Augusto. A questão penitenciaria. Rio de Janeiro: Forense, 2002, p.12-13.
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12
Cabe destacar, por derradeiro, que, embora desde o século XIX esforços ingentes e meritórios tenham sido feitos no sentido de se conseguir, através da pena privativa de liberdade, resultados positivos no concernente à recuperação do delinqüente, em face dos seus efeitos altamente insatisfatórios aquela passou a ser, mormente no século XX, objeto de críticas cada vez mais contundentes.13
Assim, embora seja possível constatar a ineficácia da pena privativa de
liberdade, a mesma ainda é a espinha dorsal do Direito Penal, sendo “uma amarga
necessidade de seres imperfeitos”. Em linhas gerais, enquanto não há outra forma
mais eficaz, resta investigarmos soluções ou alternativas para aperfeiçoar essa
situação.
Se no aspecto ressocializador a prisão não apresenta bons resultados, não é
prudente negar que ela continua sendo o único meio eficaz, capaz de retirar os
criminosos de alta periculosidade do convívio social, não podendo ser suprimida. É
aquela detestável solução, que Foucault já reconhecia, da qual não podemos, no
atual estágio de desenvolvimento, abrir mão completamente. Nessas condições, é
prudente reformar racionalmente as formas de sua execução.
Nesse sentido, Manuel Pedro Pimentel afirma: “A prisão precisa ser mantida,
para servir como recolhimento inicial dos condenados que não tenham condições de
serem tratados em liberdade.” 14
No entendimento do renomado Cezar Roberto Bitencourt:
A prisão é uma exigência amarga, mas imprescindível. A história da prisão não é a de sua progressiva abolição, mas a de sua reforma. A prisão é concebida modernamente como um mal necessário, sem esquecer que a mesma guarda em sua essência contradições insolúveis.15
Como visto, as finalidades da pena de prisão são contraditórias, e embora o
sistema penitenciário não apresente condições ideais para sua execução, o mesmo
não é a única causa responsável por esse fracasso, mas sim, apenas um problema
inserido em outro muito maior, a criminalidade. 13 PRADO, Luiz Regis. Curso de direito penal brasileiro, São Paulo, Editora Revista dos Tribunais, 2010, p. 503. 14 PIMENTEL, Manoel Pedro. O crime e a pena na atualidade, São Paulo, Revista dos Tribunais, 1983, p. 185-186. 15 BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de direito penal, parte geral, São Paulo, Saraiva, 2012, p. 567.
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13
Desse modo, a crise da pena privativa de liberdade e a ineficácia do objetivo
ressocializador são visíveis, sendo imprescindível uma reforma no sistema penal,
com a aplicação de medidas alternativas, já que a mesma não pode ser totalmente
suprimida.
3.1 Crise do sistema penitenciário
Atualmente, questiona-se a pena de prisão no campo da teoria, dos fins
ideais, dos princípios, e se tem deixado de abordar sua execução no campo real,
com a infraestrutura e capacidade orçamentária que dispomos.
Em geral, as penitenciárias não atendem mais as expectativas para as quais
foram criadas, existe uma crescente demanda, desproporcional a capacidade de
“absorção” pelo sistema, gerando a situação precária que pode ser constatada em
qualquer canto do Brasil.
A própria Exposição de Motivos16 à Lei de Execução Penal, na década de 80,
já alarmava a precária situação da população carcerária, especialmente em seu item
nº 100, comparando a prisão a uma sementeira de reincidências, onde prisioneiros
de alta periculosidade convivem em celas superlotadas com criminosos ocasionais,
de escassa ou nenhuma periculosidade.
A grande deficiência encontrada nas penitenciárias inegavelmente é a
insuficiência de orçamentos, financiar o sistema penitenciário nunca foi e nunca será
vantajoso ou tido como prioridade por qualquer governo, não é bem visto pela
população e não resulta em votos. Embora seja primordial para superar essa
problemática, deve ser trabalhada juntamente com outras medidas, analisadas mais
adiante.
Dentre os argumentos utilizados pela doutrina para fundamentar a ineficácia
da pena de prisão, é possível apontar dois pontos: primeiro que o ambiente
carcerário não é propício para alcançar a ressocialização do condenado; já o
segundo, menos drástico, consiste que as condições materiais e humanas são
insuficientes para alcançar o objetivo ressocializador.
16 Exposição de Motivos 213, de 09 de Maio de 1983.
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14
Sob essa perspectiva, fundamenta-se o fracasso da prisão diante da ausência
de condições materiais, impossibilitando o pleno desenvolvimento da execução
penal.
Para Cezar Roberto Bitencourt17, fala-se da crise da prisão não como algo
derivado estritamente de sua essência, mas como o resultado de uma deficiente
atenção que a sociedade e os governantes têm dispensado ao problema
penitenciário, que nos leva a exigir uma série de reformas, permitindo converter a
pena privativa de liberdade em um meio efetivamente reabilitador.
Cabe ressaltar que, durante o encarceramento, os condenados devem ter
pleno acesso ao trabalho e a educação, fatores primordiais no tratamento
ressocializador.
O perspicaz Augusto Thompson, autoridade no assunto, chegou ao seguinte
diagnóstico:
No momento, esposo o ponto de vista de que a questão penitenciária não tem solução “em si”, porque não se trata de um problema “em si”, mas parte integrante de outro maior: a questão criminal, com referência ao qual não desfruta de qualquer autonomia. A seu turno, a questão criminal também nada mais é que mero elemento de outro problema mais amplo: o das estruturas sócio-político-econômicas. Sem mexer nestas, coisa alguma vai alterar-se em sede criminal e, menos ainda, na área penitenciária.18
Desse modo, a tendência moderna é no sentido de reduzir a incidência da
pena de prisão, evitando os males inerentes a essa perversa instituição. Ressalta-se
a controvérsia de suas finalidades e o fracasso do Direito Penal em combater a
criminalidade com a simples repressão, gerando uma superpopulação carcerária e
agravando uma situação, que por si só, configura uma crise, conforme o
entendimento trazido a baila por Augusto Thompson.
Assim, caminha-se para a adoção de políticas criminais alternativas.
3.2 O perfil do condenado paranaense
17 BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de direito penal, parte geral, São Paulo, Saraiva, 2012, p. 586. 18 THOMPSON, Augusto. A Questão Penitenciária, Rio de Janeiro, Forense, 2002, p.110.
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15
Analisando os dados fornecidos pelo MINISTÉRIO DA JUSTIÇA -
DEPARTAMENTO PENITENCIÁRIO NACIONAL - Sistema Integrado de
Informações Penitenciárias – InfoPen, disponíveis no site do Departamento
Penitenciário do Paraná19, foi possível traçar o perfil do condenado que cumpre
pena no Estado do Paraná, com base no mês de junho de 2012.
Conforme a tabela 1, a incidência de crimes contra o patrimônio corresponde
a mais da metade da totalidade, principalmente o roubo qualificado/simples e o furto
qualificado/simples. Porém, o delito com mais incidência ainda é o tráfico de
entorpecentes.
19 Disponível em: <http://www.depen.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=46>. Acesso em: 15 de jun. 2012.
Indicador: Quantidade de Crimes Tentados/Consumados Total Grupo: Código Penal Grupo: Crimes Contra a Pessoa Item: Homicídio Simples 1.518 Item: Homicídio Qualificado 1.714 Item: Seqüestro e Cárcere Privado 67 Grupo: Crimes Contra o Patrimônio Item: Furto Simples 1.768 Item: Furto Qualificado 2.031 Item: Roubo Qualificado 6.510 Item: Latrocínio 823 Item: Extorsão 131 Item: Extorsão Mediante Seqüestro 87 Item: Apropriação Indébita 43 Item: Apropriação Indébita Previdenciária 39 Item: Estelionato 270 Item: Receptação 637 Item: Receptação Qualificada 71 Item: Roubo Simples 3.621 Grupo: Crimes Contra os Costumes Item: Estupro 685 Item: Atentado Violento ao Pudor 544 Item: Corrupção de Menores 16 Item: Tráfico Internacional de Pessoas 01 Item: Tráfico Interno de Pessoas -
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16
Tabela 1 – Quantidade de Crimes Tentados/Consumados
Grupo: Crimes Contra a Paz Pública Item: Quadrilha ou Bando 353 Grupo: Crimes Contra a Fé Pública Item: Moeda Falsa 43 Item: Falsificação de Papéis,Selos,Sinal e Documentos Públicos 57 Item: Falsidade Ideológica 27 Item: Uso de Documento Falso 91 Grupo: Crimes Contra a Administração Pública Item: Peculato 13 Item: Concussão e Excesso de Exação 07 Item: Corrupção Passiva 07 Grupo: Crimes Praticados Por Particular Contra a Administraç Pública Item: Corrupção Ativa 41 Item: Contrabando ou Descaminho 45 Grupo: Legislação Específica Item: Estatuto da Criança e do Adolescente 60 Item: Genocídio - Item: Crimes de Tortura 18 Item: Crimes Contra o Meio Ambiente 33 Item: Lei Maria da Penha - Violência Contra a Mulher 56 Grupo: Entorpecentes (Lei 6.368/76 e Lei 11.343/06) Item: Tráfico de Entorpecentes 6.361 Item: Tráfico Internacional de Entorpecentes 206 Grupo: Estatuto do Desarmamento Item: Porte Ilegal de Arma de Fogo de Uso Permitido 785 Item: Disparo de Arma Fogo
96
Item: Posse ou Porte Ilegal de Arma de Fogo de Uso Restrito 520 Item: Comércio Ilegal de Arma de Fogo 15 Item: Tráfico Internacional de Arma de Fogo 13 TOTAL 29.423
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17
0
5000
10000
15000
20000
Contra o PatrimônioTráfico de EntorpecentesContra a PessoaRestante
Gráfico 1 – Comparação entre os crimes tentados/consumados mais incidentes
Outro fator preponderante no perfil do condenado consiste na análise do grau
de instrução, que no caso do Estado do Paraná, constata-se que mais da metade da
população carcerária não possui sequer o ensino fundamental completo.
Indicador: Quantidade de Presos por Grau de Instrução Total Item: Analfabeto 747 Item: Alfabetizado 1.468 Item: Ensino Fundamental Incompleto 11.356 Item: Ensino Fundamental Completo 2.324 Item: Ensino Médio Incompleto 3.320 Item: Ensino Médio Completo 2.319 Item: Ensino Superior Incompleto 406 Item: Ensino Superior Completo 210 Item: Ensino acima de Superior Completo 22 TOTAL 22.172 Tabela 2 - Quantidade de presos por grau de instrução.
0
2000
4000
6000
8000
10000
12000Analfabeto
Alfabetizado
Ensino FundamentalIncompleto Ensino FundamentalCompleto Ensino MédioIncompleto Restante
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Gráfico 2 – Comparação entre o grau de instrução do preso paranaense.
É possível observar também que boa parcela das penas não excedem a 08 anos.
Indicador: Quantidade de Presos por Tempo Total das Penas Total Item: Até 04 anos 6.245 Item: Mais de 04 até 08 anos 6.284 Item: Mais de 08 até 15 anos 4.180 Item: Mais de 15 até 20 anos 1.652 Item: Mais de 20 até 30 anos 1.084 Item: Mais de 30 até 50 anos 399 Item: Mais de 50 até 100 anos 58 Item: Mais de 100 anos 06 TOTAL 19.908 Tabela 3 - Quantidade de presos por tempo total das penas.
0
1.000
2.000
3.000
4.000
5.000
6.000
7.000Até 4 anosMais de 4 até 8 anosMais de 8 até 15 anosMais de 15 até 20 anosMais de 20 até 30 anosMais de 30 até 50 anosMais de 50 até 100 anosMais de 100 anos
Gráfico 3 – Comparação entre a quantidade de presos por tempo total das penas.
A população carcerária é formada basicamente por jovens. Predominam
faixas etárias de 18 a 29 anos de idade, o equivalente a mais da metade da
totalidade dos internos paranaenses.
Indicador: Quantidade de Presos por Faixa Etária Total Item: 18 a 24 anos 5.812 Item: 25 a 29 anos 5.611 Item: 30 a 34 anos 4.240 Item: 35 a 45 anos 4.267 Item: 46 a 60 anos 1.945 Item: Mais de 60 anos 297 TOTAL 22.172 Tabela 4 – Quantidade de presos por faixa etária.
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19
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
18 a 24 anos25 a 29 anos30 a 34 anos35 a 45 anos46 a 60 anosMais de 60 anos
Gráfico 4 – Comparação entre a quantidade de presos por faixa etária.
Os dados mostram que a maior parte da população carcerária paranaense é
formada basicamente por jovens, pobres, com baixo nível de escolaridade,
cumprindo penas de curta duração, provenientes das classes inferiores da
sociedade, e isso é resultado da ausência de políticas públicas, permanecendo os
mesmos problemas sociais vigentes em todo o país, falta de educação, saúde,
moradia, emprego, etc. Basta observar a incidência de crimes contra o patrimônio,
esses correspondem a mais da metade da totalidade dos crimes cometidos pelos
encarcerados.
4 ALTERNATIVAS E SOLUÇÕES
Constatada a ineficácia da pena privativa de liberdade diante do atual sistema
penitenciário brasileiro, resta apontar algumas alternativas para o problema. Pois
somente com o respeito à dignidade da pessoa humana e a proporcionalidade das
penas, é possível alcançar metas mais efetivas.
4.1 Desprisionalização
A exorbitante população carcerária é um dos mais crônicos problemas que
afligem o sistema penitenciário brasileiro e como sabido, a construção de outras
penitenciárias não resolveria a questão, uma vez que demandaria incalculáveis
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20
recursos, além disso, a população carcerária brasileira continua crescendo a níveis
superiores a qualquer expansão da capacidade prisional.
Partindo da premissa que a prisão não pode ser suprimida, uma solução
plausível, a qual este estudo coaduna, consiste no descarceramento ou
desprisionalização e na despenalização, para amenizar a atual situação, o qual não
caracteriza um suposto abolicionismo.
Em que pese às árduas críticas contrárias, existem várias maneiras de reduzir
a população carcerária, através da aplicação de penas e medidas alternativas, com
a descriminalização de algumas condutas típicas, com a redução de penas, entre
outras.
A descriminalização consiste em retirar o caráter criminal de determinada
conduta, como por exemplo, descriminalizar determinadas contravenções penais e
delitos de pequena gravidade, como ocorreu com a recente revogação da
contravenção penal de mendicância.
Por sua vez, a despenalização consiste em excluir ou reduzir a incidência das
penas privativas de liberdade, vigorando sempre o princípio da intervenção mínima e
da proporcionalidade. A questão das drogas poderia ser analisada por essa
perspectiva.
Outra medida complementar, seria a submissão de determinadas condutas ao
sistema de ação penal privada, contribuindo para desafogar o sistema. Ou uma
análise criteriosa sobre a questão das drogas, a qual esse estudo não pretende
aprofundar.
4.1.1 Direito Penal como ultima ratio e a proporcionalidade das penas
Dentre as tendências do Direito Penal moderno, este autor se coaduna com
um modelo alternativo, o Direito Penal Mínimo, caracterizado pela intervenção
mínima e pelo respeito ao Estado Democrático de Direito.
Observa-se que o Poder Legislativo eventualmente não obedece tais
princípios, a sociedade vive um momento curioso, onde toda conduta
necessariamente deve ser evitada através da criminalização, utilizando a lei penal
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21
como a primeira opção (prima ratio) para resolver qualquer conflito. Em sentido
contrário, acertadamente podemos constatar alguns pontos positivos, como a
revogação da contravenção penal de mendicância, do crime de adultério, da
desprisionalização do porte de drogas, da prisão do depositário infiel. Condutas que
também colaboram para desafogar o sistema carcerário.
Nesse sentido é a lição de André Copetti:
“Sendo o direito penal o mais violento instrumento normativo de regulação social, particularmente por atingir, pela aplicação das penas privativas de liberdade, o direito de ir e vir dos cidadãos, deve ser ele minimamente utilizado. Numa perspectiva político-jurídica, deve-se dar preferência a todos os modos extrapenais de solução de conflitos. A repressão penal deve ser o último instrumento utilizado, quando já não houver mais alternativas disponíveis.”20
Neste diapasão, é possível exemplificar no próprio Código Penal Brasileiro
várias desproporcionalidades, cito a Lei nº 9.677/98 e 9.695/98 que, além de
cominarem pena de reclusão de 10 (dez) a 15 (quinze) anos para o delito do artigo
273, passou a considerá-lo crime hediondo. Ou seja, uma pena superior comparada
ao estabelecido para o homicídio simples ou tráfico de drogas.
De outro norte, a Exposição de Motivos da Lei nº 7.209, no seu item 26, dispõe que:
Uma política criminal orientada no sentido de proteger a sociedade terá de restringir a pena privativa da liberdade aos casos de reconhecida necessidade, como meio eficaz de impedir a ação criminógena cada vez maior do cárcere. Esta filosofia importa obviamente na busca de sanções outras para delinqüentes sem periculosidade ou crimes menos graves. Não se trata de combater ou condenar a pena privativa da liberdade como resposta penal básica ao delito. Tal como no Brasil, a pena de prisão se encontra no âmago dos sistemas penais de todo o mundo. O que por ora se discute é a sua limitação aos casos de reconhecida necessidade.21
Verifica-se pela trajetória das penas, que os erros cometidos no passado não
serviram de exemplo para uma progressiva evolução. A sociedade, atordoada com a
crescente criminalidade, pugna cada vez mais pela repressão, por penas majoradas,
dando espaço para políticas como a da campanha de “lei e ordem”. Já está
comprovado pela história que penas mais severas não são a solução para a
20 COPETTI, André. Direito penal e estado democrático de direito, p. 87. 21 Exposição de Motivos da Nova Parte Geral do Código Penal, Lei nº 7.209, de 11 de julho de 1984.
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22
criminalidade, não servem de pretexto para a intimidação, apenas retrocedem.
Como exemplo é possível citar a atual tendência em “transformar” todo delito em
hediondo.
Os legisladores modernos, cada vez mais, estão utilizando da criminalização
para tentar solucionar problemas sociais. Por consequência, cria-se um descrédito
ao Direito Penal, o qual perde ainda mais seu poder de intimidação, fato
denominado de “inflação legislativa”.
Em linhas gerais, independente do grau de evolução e da situação econômica
de qualquer grupamento humano, certas condutas criminosas sempre estarão
presentes, como as lesões corporais, homicídios, roubos, violações sexuais, entre
outros.
Isso mostra que a pretensão da abolição imediata das penas é no mínimo
utópico, sendo prudente observarmos os critérios da intervenção mínima e da
proporcionalidade, determinando uma pena correspondente ao prejuízo causado,
suficiente para garantir a segurança jurídica.
4.1.2 Penas e medidas alternativas
As alternativas penais são sanções que não envolvem a perda da liberdade,
foram introduzidas no ordenamento jurídico devido à necessidade e o fracasso da
prisão.
Tais medidas foram implantadas na legislação penal brasileira pela Reforma
do Código Penal de 1984. Após, a Lei nº 9.099/95 adotou estas em caráter
alternativo, reforçadas pela Lei nº 9.714/98, que por fim, passaram a ser adotadas
como penas principais ou cumulativas.
Devido a preocupação em evitar o encarceramento, surgiram às penas
pecuniárias, a suspensão condicional da pena, o livramento condicional, a limitação
de fim de semana, a prestação de serviço à comunidade ou a entidades públicas, a
interdição temporária de direitos, a transação penal e a suspensão condicional do
processo.
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23
Essas medidas alternativas resultaram da crise da pena de prisão, altamente
empregada nas últimas décadas, principalmente nas penas de pequena duração, as
quais, com a aplicação de medidas alternativas, evitam a “contaminação” do
condenado, diminuem a população carcerária, permitem o cumprimento da pena em
sociedade, em suma, evitam todos os males inerentes a essa instituição. Sendo
menos onerosa, possibilita a aplicação dos recursos não utilizados no sistema
penitenciário.
Assim, a tendência moderna caminha para a adoção de medidas não-
privativas de liberdade, sendo cada vez mais objeto de tratados internacionais.
Nesse viés, o caminho a ser trilhado pelo nosso ordenamento jurídico se
resume em reduzir a incidência da pena de prisão, evitar, quando possível, o
encarceramento, pois como visto, a mesma deve ser concebida como a extrema
ratio da ultima ratio.
Para Flávio Augusto Monteiro de Barros22, a tendência do direito penal
moderno é a eliminação da pena privativa de liberdade de curta duração, por não
atender satisfatoriamente à finalidade reeducativa da pena, devido ao pernicioso
convívio com os criminosos mais perigosos.
Ademais, é indispensável à criação de modernas sanções penais,
compatíveis com a realidade atual e estender as já existentes para outros delitos,
não se limitando as penas de curta duração.
Assim, a adoção de medidas não privativas de liberdade contribuem para
desafogar o sistema carcerário; diminuem o custo do sistema repressivo;
humanizam o Direito Penal, diminuindo os males causados pela prisão, uma vez que
o condenado é afastado do convívio com outros delinquentes e reduzem a
reincidência.
Sempre atento ao tema, Cezar Roberto Bitencourt assim se posiciona:
Recomenda-se que as penas privativas de liberdade limitem-se às condenações de longa duração e àqueles condenados efetivamente perigosos e de difícil recuperação. Não mais se justificam as expectativas da sanção criminal. Caminha-se, portanto, em busca de alternativas para a pena privativa de liberdade. Passa-se a adotar o conceito de pena
22 BARROS, Flávio Augusto Monteiro de Barros. Direito Penal, parte geral, São Paulo, Saraiva, 1999, p. 383.
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24
necessária de Von Liszt. Bettiol, desde meados do século XX, já advertia que, “se é verdade que o Direito Penal começa onde o terror acaba, é igualmente verdade que o reino do terror não é apenas aquele em que falta uma lei e impera o arbítrio, mas é também aquele onde a lei ultrapassa os limites da proporção, na intenção de deter as mãos do delinquente.23
Infelizmente a concepção de pena alternativa como um benefício ao
criminoso, como uma segunda chance, ainda é comum na atualidade, o termo pena
alternativa também é equivocado, pois permite concluir que pena ideal é a de prisão.
No entanto, as penas alternativas são substitutos penais eficazes na busca da
desprisionalização, que juntamente com outras medidas humanizadoras, podem
amenizar a atual forma de controle social.
4.2 A Lei de Execução Penal (Lei nº 7.210/84)
O artigo 1º da lei dispõe duas finalidades, a efetivação dos mandamentos da
sentença para reprimir e prevenir crimes e proporcionar condições para a integração
social do condenado e do internado.
Assim, salienta o doutrinador Mirabete sobre o objetivo da execução penal:
Contém o art. 1º da Lei de Execução Penal duas ordens de finalidades. A primeira delas é a correta efetivação dos mandamentos existentes na sentença ou outra decisão criminal, destinados a reprimir e prevenir os delitos. Ao determinar que a execução penal “tem por objetivo efetivar as disposições da sentença ou decisão criminal”, o dispositivo registra formalmente o objetivo de realização penal concreta do título executivo constituído por tais decisões. A segunda é a de “proporcionar condições para a harmônica integração social do condenado e do internado”, instrumentalizada por meio da oferta de meios pelos quais os apenados e os submetidos às medidas de segurança possam participar construtivamente da comunhão social.24
O artigo 3º da referida lei estabelece que ao condenado e ao internado serão
assegurados todos os direitos não atingidos pela sentença ou pela lei.
23 BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de direito penal, parte geral, São Paulo, Saraiva, 2012, p. 584. 24 MIRABETE, Julio Fabbrini, Execução penal: comentários à Lei nº 7.210, de 11-7-1984, São Paulo, 2007, p. 28.
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25
Nesse viés, os artigos 10 e 11 estabelecem que a assistência ao preso e ao
internado é dever do Estado, objetivando prevenir o crime e orientar o retorno à
convivência em sociedade. Tal assistência compreende a material, à saúde, jurídica,
educacional, social, religiosa.
Nessa esteira, o artigo 28 dispõe que o trabalho do condenado, como dever
social e condição de dignidade humana, terá finalidade educativa e produtiva. Entre
os direitos do preso, está a alimentação suficiente e vestuário, atribuição de trabalho
e sua remuneração, Previdência Social, constituição de pecúlio, proporcionalidade
na distribuição do tempo para o trabalho, o descanso e a recreação, exercício das
atividades profissionais, intelectuais, artísticas e desportivas anteriores, desde que
compatíveis com a execução da pena, assistência material, à saúde, jurídica,
educacional, social e religiosa, proteção contra qualquer forma de sensacionalismo,
entrevista pessoal e reservada com o advogado, visita do cônjuge, da companheira,
de parentes e amigos em dias determinados, chamamento nominal, igualdade de
tratamento salvo quanto às exigências da individualização da pena, audiência
especial com o diretor do estabelecimento, representação e petição a qualquer
autoridade, em defesa de direito, contato com o mundo exterior por meio de
correspondência escrita, da leitura e de outros meios de informação que não
comprometam a moral e os bons costumes, atestado de pena a cumprir, emitido
anualmente, sob pena da responsabilidade da autoridade judiciária competente.
No entanto, é sabido que esses e muitos outros objetivos não são atingidos
pela falta crônica de rescursos disponíveis ao sistema penitenciário, a falta de
instalação de patronatos e conselhos da comunidade, entre inúmeras outras
deficiências, inviabilizam a correta aplicação da Lei de Execução Penal, considerada
uma das mais avançadas, restringe-se a frieza do papel, posto que não é efetiva.
Sinteticamente, caminha-se para duas direções, de um lado espera-se
punição, de outro ressocialização, mas não se autoriza a obtenção da recuperação à
custa do sacrifício da punição ou da intimidação.
5 CONCLUSÃO
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26
A guisa de conclusão, observou-se no decorrer deste estudo que a ineficácia
da pena privativa de liberdade não está limitada somente ao defasado sistema
penitenciário brasileiro, mas também a política criminal adotada e a própria
contraditoriedade das finalidades atribuídas à pena de prisão. Logo, apenas a
questão penitenciária é incapaz de resolver o problema criminal.
Antes de tudo, é necessário compreendermos que a ressocialização, assim
como todos os elementos que envolvem a prisão, são problemas de natureza
político-social do Estado, e não meramente problemas penitenciários. A solução
destes não resolveria totalmente a situação, pois não é algo que possa ser analisado
isoladamente, mas sim como parte de um todo. Enquanto não houver vontade
política e jurídica, todos esses problemas continuarão a afetar a sociedade e a pena
privativa de liberdade seguirá ineficaz, posto que a questão penitenciária, que é em
si uma crise, é incapaz de resolver a situação.
Ademais, é indispensável também a transformação da opinião pública
referente à pena vingativa e repressiva, promovendo políticas criminais alternativas
e superando o legado da “lei e ordem”.
Insta salientar que a prisão da atualidade ainda denigre, avilta e deforma o
condenado, sendo o objetivo ressocializador uma grande falácia.
Nesse viés, alguns autores mais radicais têm defendido o abolicionismo da
prisão e outros, a exasperação das punições. Porém, a tendência moderna, a qual
esse autor coaduna, se resume em humanizar a pena, prevalecendo a ideia de que
a mesma ainda é imprescindível, a espinha dorsal de todo sistema punitivo. Desse
modo, deve ser restrita aos casos necessários (ultima ratio) e de forma proporcional
ao dano praticado, onde o infrator realmente necessite ser retirado da esfera social.
Para os demais casos, aplicam-se penas e medidas alternativas.
Portanto, resta a nós a tentativa de encontrar soluções capazes de amenizar
a atual situação. O respeito à dignidade da pessoa humana, aos princípios da
humanidade, proporcionalidade e intervenção mínima, se corretamente observados,
juntamente com a desprisionalização e a redução da população carcerária,
permitirão, materialmente falando, numa evolução na aplicação da Lei de Execução
Penal, tornando viável atingir a tão almejada ressocialização.
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27
Procurou-se nesse estudo tratar especificamente sobre a ineficácia da pena
privativa de liberdade, outras questões, como as penas alternativas e a execução
penal deveriam ser analisadas com mais afinco, contudo, ficaram sem estudos
aprofundados, respeitando o objetivo do trabalho proposto.
Em suma, é preciso aperfeiçoar a pena privativa de liberdade, aplicando-a
quando imprescindível e substituí-la quando viável, evitando, assim, a banalização
da pena de prisão e o descrédito do Direito Penal.
REFERÊNCIAS BECCARIA, Cesare. Dos delitos e das penas. 2ª edição, São Paulo: Martin Claret, 2008. BITENCOURT, Cezar Roberto. Falência da pena de prisão: causas e alternativas / Cezar Roberto Bitencourt – 2. ed. - São Paulo : Saraiva, 2001. ________, Cezar Roberto. Lições de direito penal – Parte geral. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 1995. ________, Cezar Roberto. Pena de prisão perpétua. Revista CEJ, América do Norte, 410 08 2000. Disponível em: <http://www2.cjf.jus.br/ojs2/index.php/cej/article/view/345/547>. Acesso em 23 mar. 2012. ________, Cezar Roberto. Tratado de direito penal, parte geral I. 17. ed, São Paulo, Saraiva, 2012. BOSHI, José Antonio Paganella. Das penas e seus critérios de aplicação / José Antonio Paganella Boschi. 3. ed. rev. atual. – Porto Alegre: Livraria do Advogado Editora, 2004. CAPEZ, Fernando. Curso de direito penal, volume 1, parte geral : (arts. 1º a 120) / Fernando Capez. – 16. ed. – São Paulo : Saraiva, 2012. COPETTI, André. Direito penal e estado democrático de direito. Porto Alegre: Livraria do advogado, 2000. CORRÊA Junior, Alceu. Pena e constituição: aspectos relevantes para sua aplicação e execução / Alceu Corrêa Junior, Sérgio Salomão Shecaria. – São Paulo : Editora Revista dos Tribunais, 1995.
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