Download - A Histria e Evoluo - Curiosidades Do Sax
-
NDICE:
Pgina:
? 1- Introduo 2
? 2- Contextualizao 3
2.1- Contextualizao histrica 3
2.2- Contextualizao cultural 6
? 3- Adolphe Sax 9
? 4- O saxofone (percurso/evoluo) 12
? 5- Saxofonistas clebres 17
? 6- Tcnica e funcionamento. 21
6.1- Boquilha 21
6.2- Palheta 22
6.3- Surgimento do som 22
6.4- Tessitura 23
? 7- Repertrio 24
7.1- Repertrio sinfnico 24
7.2- Repertrio concertante 26
7.3- Msica de cmara 27
? Anexos 30
? Bibliografia
-
...O saxofone...Histria e evoluo
Contributos para uma nova sonoridade na Msica Erudita
Prova de Aptido Profissional - III CICsar Edgar Ribeiro Lima - 2004
2
1- Introduo:
Escolhi este tema, em primeiro lugar, porque estudo saxofone e em segundo, por no
ter conhecimento de nenhum outro documento do gnero escrito em portugus.
A finalidade deste trabalho realizar uma recolha de dados sobre a histria e evoluo
deste belo instrumento, apesar de no ser nada fcil, dada a carncia de dados bibliogrficos
acerca deste tema e a falta de tempo para o realizar.
Procurarei dar resposta a algumas questes minhas e tambm dar a conhecer o
saxofone.
Inclinar-me-ei totalmente para a vertente da Msica Erudita, visto que nesta rea que
me encontro a estudar.
Com este trabalho, espero no s realizar os meus objectivos e esclarecer todas as
minhas dvidas, mas tambm usufruir dos conhecimentos adquiridos durante o curso de
instrumento, e aplica-los da melhor maneira possvel neste trabalho.
-
...O saxofone...Histria e evoluo
Contributos para uma nova sonoridade na Msica Erudita
Prova de Aptido Profissional - III CICsar Edgar Ribeiro Lima - 2004
3
2.1- Contextualizao histrica:
O sculo XIX ficou conhecido como o sculo das revolues. Nesta poca assistiu-se ao
desenvolvimento da sociedade burguesa, ao crescimento do capitalismo industrial e expanso
imperialista. A Revoluo Industrial, iniciada na Inglaterra, foi tambm um dos aspectos mais
relevantes deste sculo, apesar de ter surgido no sculo XVIII. Com a Revoluo Industrial, o
capitalismo passa a desenvolver-se a partir do sistema fabril. As conquistas cientficas e
tecnolgicas melhoraram sensivelmente as condies de vida das populaes, determinando um
decrscimo da mortalidade infantil e o crescimento demogrfico. O desenvolvimento de novas
tecnologias permitiu a difuso das fbricas e das indstrias, modificando a estrutura econmica
das naes e favorecendo a concentrao da populao nas cidades.
Neste perodo assistiu-se ao desaparecimento de imprios com vrios sculos de
existncia, como o turco, mas assistiu-se tambm ascenso de novas potncias. O incio do
sculo foi marcado pela afirmao de
Napoleo Bonaparte, general do exrcito
republicano francs, que em 1804, assumiu o
ttulo de Napoleo I Imperador de Frana. A
aco de Napoleo alterou o equilbrio
poltico e a estrutura territorial europeia,
desafiando todas as potncias e, criando um
imprio que se estendia da Espanha at
Polnia incluindo, tambm, bastantes
colnias.
Com a queda de Napoleo em 1814 e o fim da guerra acordado no Tratado de Paris1
em 30 de Maio de 1814, os grandes vencedores europeus, ustria, Inglaterra, Prssia e Rssia
(bem como a Sucia, Espanha e Portugal) decidiram reunir-se em Viena entre Setembro de 1814
e Junho de 1815, naquele que ficou conhecido como Congresso de Viena, e que visava repor o
equilbrio geopoltico do continente e distribuir as regies devolvidas pelos franceses. Os
princpios fundamentais que animaram este congresso foram a restaurao da situao poltica
anterior a 1792, a legitimizao das monarquias europeias e a solidariedade entre as naes para
o estabelecimento e manuteno de uma defesa comum dos interesses dinsticos, de forma a
neutralizar qualquer ideia ou movimento liberal e revolucionrio. Para garantir a continuao
destes princpios, as monarquias absolutas da ustria, Prssia e Rssia formaram entre si a
Santa Aliana, com o objectivo de criar governos de natureza crist, patriarcal e conservadora,
1 Tratado que confirmou a runa do imprio colonial francs.
Fig. 1 Napoleo Bonaparte
-
...O saxofone...Histria e evoluo
Contributos para uma nova sonoridade na Msica Erudita
Prova de Aptido Profissional - III CICsar Edgar Ribeiro Lima - 2004
4
de defesa mtua e solidariedade entre as naes, reivindicando igualmente o direito de
interveno contra os nacionalismos e liberalismos
O perodo que se estende de 1815 at s revolues de 1848 na Europa (a Primavera
dos povos) de transio. Nesta fase altera-se a geografia poltica (nasce a Blgica em 1830 e
ocorrem as independncias das colnias ibricas por volta de 1810-1820) ; corrompe-se o
Imprio napolenico; a burguesia combate decididamente a aristocracia; e as crises agrcolas
cedem passo s crises industriais; a Inglaterra torna-se potncia hegemnica, dominando o
comrcio mundial.
Darei agora maior importncia histria da Blgica, pois foi o pas onde o saxofone
surgiu.
Em 1830 nasce a Blgica. Desde o perodo feudal que a histria da Blgica se confunde
com a dos Pases Baixos. Em 1477, o
casamento de Maria de Borgonha
com o arquiduque Maximiliano faz
com que estes territrios, at a
pertena dos duques da Borgonha,
sejam integrados nos domnios
Habsburgos. As vicissitudes polticas
do reinado de Filipe II levaram
revolta e posterior independncia das
sete provncias do Norte, designadas,
a partir de ento, pelo nome de Provncias Unidas (1579), futura Holanda. As provncias do Sul
continuaram sob domnio espanhol.
Teatro de numerosas guerras no tempo de Lus XIV, a Blgica ser cedida ustria
pelo Congresso de Rastatt de 1714, confirmado em Aachen (1748). Em 1789, Jos II,
imperador da ustria, proclama um novo estatuto para a Blgica pois, no fundo, tinha em vista a
germanizao do pas. A reaco no se fez esperar: os belgas revoltaram-se e proclamaram os
Estados Belgas Unidos (1790). A partir de ento, os Austracos vem o territrio ser disputado
pela Frana, que anexa o pas em 1795, tornando-o um departamento francs (designado como
reino de Batvia).
Na sequncia das guerras napolenicas, os vencedores no aceitaram que a Blgica
continuasse na posse da Frana; no tratado de Viena (1815), as potncias interessadas em
diminuir o poderio francs criam o reino dos Pases Baixos, anexando a Blgica Holanda. Esta
unio, artificial, no foi bem aceite por uma nao que se assumia cada vez mais como
Fig. 2 Mapa da localizao da Blgica
-
...O saxofone...Histria e evoluo
Contributos para uma nova sonoridade na Msica Erudita
Prova de Aptido Profissional - III CICsar Edgar Ribeiro Lima - 2004
5
detentora de uma vida nacional prpria e que apresentava ntidas diferenas culturais, religiosas
e lingusticas.
Aproveitando o perodo da Revoluo Francesa, que assinalou a transio da
restaurao para a monarquia e contou com um grande envolvimento popular, os belgas
separam-se da Holanda e proclamam a sua independncia, constituindo-se como uma
monarquia constitucional. Leopoldo I de Saxnia-Coburgo ser o seu primeiro monarca, que
solicitou a interveno militar da Frana para libertar a Blgica do domnio holands.
Leopoldo I jurou a Constituio em 21 de Julho de 1831 e no encontrou grandes
obstculos sua pretenso por parte das potncias europeias, que viam com bons olhos o
aparecimento deste novo Estado. Apenas a Holanda discordou; o novo reino teve de suportar os
ataques dos vizinhos holandeses at 1839, altura em que o rei Guilherme da Holanda acabou por
o reconhecer a sua independncia. A nvel interno, os primeiros tempos foram de alguma
instabilidade devido s disputas entre catlicos e liberais anti-clericais.
Fig. 3 Imagem da proclamao da independncia da Blgica
-
...O saxofone...Histria e evoluo
Contributos para uma nova sonoridade na Msica Erudita
Prova de Aptido Profissional - III CICsar Edgar Ribeiro Lima - 2004
6
2.2- Contextualizao cultural do Romntismo:
O Romantismo trata-se de uma corrente esttica que se manifesta nas artes e na
literatura do final do sculo XVIII at o fim do sculo XIX. Nasce na Alemanha, na Inglaterra e
na Itlia, mas em Frana que ganha fora e se espalha pela Europa e Amricas. Ope-se ao
racionalismo e ao rigor do neoclassicismo. Caracteriza-se por defender a liberdade de criao e
privilegiar a emoo. As obras valorizam o individualismo do autor, o sofrimento amoroso, a
religiosidade crist, a natureza, os temas nacionais e o passado, tal como na Idade Mdia.
No se pode esquecer que o Romantismo revalorizou os conceitos de ptria e repblica.
Por outro lado, papel especial desempenharam a morte herica na guerra e o suicdio por amor.
A pintura foi a disciplina mais
representativa do Romantismo. As cores
utilizadas libertaram-se e fortaleceram-se,
dando, por vezes, a impresso de serem
mais importantes que o prprio contedo da
obra. A paisagem passou a desempenhar o
papel principal. o que acontece com as
tempestades de Turner (imagem), cuja
fora expressiva permitiu ao pintor
prescindir, intencionalmente, de toda presena humana; ou das montanhas nebulosas de
Friedrich, solitrias e msticas. Outros nomes sonantes desta arte so Rosseau, oriundo de
Frana, e Constable ,da Inglaterra.
A escultura romntica no brilhou exactamente pela sua originalidade, nem to pouco
pela maestria de seus artistas. Talvez se possa pensar nesse perodo como um momento de
calma necessrio antes da batalha que depois viriam a travar o Impressionismo e as vanguardas
modernistas. Do ponto de vista geral, a escultura romntica no se afastou dos monumentos
funerrios, da esttua equestre e da decorao arquitetnica. Os mais destacados escultores
desse perodo foram Rude e Barye, na Frana; Bartolini, na Itlia; e Kiss, na Alemanha.
A arquitectura tambm se manifestou neste perodo. No incio do sculo XIX, deu-se o
movimento de ressurgimento das formas clssicas, chamado de neoclassicismo; mais tarde,
apareceram as manifestaes neogticas, consideradas ideais para igrejas e castelos e, em
determinados casos, como na Inglaterra, inclusive para edifcios governamentais.
Fig. 4 Quadro da tempestade de Turner
-
...O saxofone...Histria e evoluo
Contributos para uma nova sonoridade na Msica Erudita
Prova de Aptido Profissional - III CICsar Edgar Ribeiro Lima - 2004
7
Entre os arquitectos mais conhecidos
desse perodo, deve mencionar-se Garnier,
responsvel pelo projecto do teatro da pera de
Paris (imagem); Barry e Puguin, que reconstruram
o Parlamento de Londres e Waesemann, na
Alemanha.
No que respeita literatura, deve salientar-
-se os escritores alemes Goethe e Schiller, o
ingls Bryon, o escocs Walter Scott, e os
franceses Chateaubriand, Victor Hugo e Alexandre Dumas.
Considera-se que o Romantismo na msica se tenha iniciado em 1800, quando
Beethoven concluiu a primeira de suas nove sinfonias e pode dizer-se que este perodo ocupa
todo o sculo XIX, estendendo-se at um pouco antes da revoluo artstica que se manifestou
durante os primeiros anos do sculo XX e que culminou aquando do incio da Primeira Guerra
Mundial.
Os compositores romnticos procuravam exprimir emoes atravs da msica de uma
forma mais directa do que antigamente. Procuravam maior liberdade formal e de concepo.
Muitos destes compositores interessavam-se bastante pela leitura e pelas artes plsticas,
relacionando-se estreitamente com escritores e pintores. Grande parte das composies deste
perodo eram influenciadas por quadros que o compositor vira, bem como por poemas ou
romances que este lera e assim surge a msica programtica, sendo a Sinfonia Fantstica de
Berlioz um bom exemplo desta.
As melodias lricas, modelaes ousadas, harmonias mais ricas e frequentemente
cromticas comeam a ser uma constante nas composies romnticas.
As possibilidades tcnicas dos instrumentos eram exploradas tanto em composies a
solo, como em conjunto, enriquecendo assim as composies deste perodo. O piano entrou na
sua idade do ouro com a msica de Chopin, Schumann e Liszt.
H uma grande variedade de composies, desde o lied (cano) alemo, que atingiu o
seu auge com Schubert (600 lied), obras para piano, e at gigantescos empreendimentos
musicais de longa durao, estruturados com espectaculares clmaxes dramticos e dinmicos,
como o caso da pera. Em obras muito extensas a unidade e a forma so obtidas pelo uso de
temas recorrentes por vezes, modificados como por exemplo Ide fixe de Berlioz.
tambm neste perodo que a orquestra se expande, atingindo por vezes propores
gigantescas.
Surge o poema sinfnico, em que as composies eram influenciadas por ideias
extramusicais. Neste campo salienta-se Les Prludes-1859 composio de Liszt.
Fig. 5 Teatro de pera de Paris
-
...O saxofone...Histria e evoluo
Contributos para uma nova sonoridade na Msica Erudita
Prova de Aptido Profissional - III CICsar Edgar Ribeiro Lima - 2004
8
No campo da pera, destaca-se o drama musical wagneriano, a culminao da pera
italiana, onde se salienta Verdi e a grand opra. Mas sem dvida, foi Wagner que mais se
salientou no campo da pera, dando grande importncia a orquestra nas suas composies.
Na histria da msica, a era romntica inaugurada por Beethoven e foi com este que o
Romantismo atingiu o auge, porm, tambm muitos outros compositores tiveram um grande
papel neste perodo, tais como: Schubert, Weber, Mendelssohn, Shumann, Liszt, Chopin,
Berlioz, Rossini, Wagner, Verdi, Franck, Bizet, Brahms e Tchaikovky.
-
...O saxofone...Histria e evoluo
Contributos para uma nova sonoridade na Msica Erudita
Prova de Aptido Profissional - III CICsar Edgar Ribeiro Lima - 2004
9
3- Adolphe Sax:
Antoine Joseph Sax, filho de Charles
Joseph Sax, nasceu a 6 de Novembro de 1814 numa
cidade belga chamada Dinant. Era uma cidade das
mais industrializadas daquele pas, em que a
maioria da populao se dedicava explorao do
cobre. Era de religio judaica. Como era natural na
localidade onde vivia, Sax aprendeu o ofcio de seu
pai, que era construtor de instrumentos, e desde
muito novo esteve ligado ao mundo da fabricao
dos mesmos.
Antoine Joseph, apelidado de Adolphe,
estudou clarinete e flauta no conservatrio de
Bruxelas com Bender (director de msica do
regimento de Guides). Ao tocar e familiarizar-se
com o clarinete foi-se apercebendo daquilo que achava serem imperfeies e logo fez questo
de as melhorar. O seu trabalho estava dificultado pela falta de meios econmicos, j que seu pai
tambm necessitava do dinheiro para as suas experincias.
Sax destacou-se nomeadamente na construo de instrumentos de sopro: clarinetes,
flautas, mas tambm guitarras, harpas, violinos e pianos.
Apresentou-se oficialmente pela primeira vez na Exposio Nacional de Bruxelas entre
Outubro e Novembro de 1835, exibindo um clarinete com 24 chaves.
O trabalho deste fabricante foi apoiado por muitas personalidades estrangeiras tais como
Georges Kastner (autor de obras pedaggicas e algumas composies), Ftis (fundador da
Revue Musical), Habeneck (que estreou as sinfonias de Beethoven em Paris), Savart (professor
do Colgio de Frana), Berlioz e o general Rumigny.
Em Outubro de 1842, depois de obter um subsdio do governo belga, Sax fixou-se na
Rua Neuve-Saint-Georges em Paris, onde teve que competir com outros grandes fabricantes de
instrumentos, dado que estes viam nele um perigoso adversrio. J em Paris, viu-se
economicamente condicionado, pois s tinha 30 francos com ele. Era at satiricamente visto
como um homem rico em ideias, mas economicamente pobre.
Foram bons anos para a agricultura e para a indstria - at se construiu em Frana uma
grande rede ferroviria - Sax acreditava no seu futuro. Graas a um emprstimo do flautista
Dorus, Sax adquire uma espcie de armazm que lhe vai servir de alojamento. Pouco depois,
em 1843 abre uma fbrica de instrumentos onde vende as seus novos inventos. A aceitao dos
Fig. 6 Adolphe Sax
-
...O saxofone...Histria e evoluo
Contributos para uma nova sonoridade na Msica Erudita
Prova de Aptido Profissional - III CICsar Edgar Ribeiro Lima - 2004
10
seus produtos foi rpida: em Outubro do mesmo ano a Revue et Gazette Musicale fala do
interesse despertado pelo clarinete baixo de Sax nos clarinetistas da pera de Paris. No ano de
1848 transformou a sua modesta oficina numa
grande fbrica, que contava com 191 trabalhadores e de onde saram 20.000
instrumentos entre os anos de 1843 e 1860. Nessa mesma oficina construiu tambm uma sala de
concertos que, pouco a pouco, foi conseguindo uma grande reputao. Com este sucesso, no
tardaram as conspiraes contra Sax.
Em Dezembro de 1843 amplia novamente o seu clarinete baixo e desta vez Berlioz
utiliza-o na sua Requiem, sendo o prprio Sax a interpret-la. Pouco tempo depois, o mesmo
Berlioz organiza um concerto que foi realizado na sala Herz de Paris, transcrevendo o seu Chant
Sacr para um conjunto de seis instrumentos, todos eles inventados por Sax.
Sax demonstrou que o timbre de um instrumento est determinado, no pela natureza do
material que o instrumento construdo, mas sim pela proporo de ar que emitida para dentro
deste. Bom entendedor dessa lei, conhecida como Lei das propores2, Sax aperfeioou,
engrandeceu e completou grande parte dos instrumentos de sopro, madeira ou metal.
Inventou novos tipos de instrumentos, como:
-Saxtrompas ou bombardinos (corno sax), famlia de seis membros. Foi um
instrumento que se utilizou em bandas com frequncia e foi patenteado em 1843.
-Saxtrombas, famlia de sete membros patenteada em 1845.
-Saxofones, famlia de sete membros registada em 1846.
-Saxtubas, patenteada em 1849.
Sax tambm se interessou por instrumentos de percusso e, durante os anos de 1852
e 1863, registou uma srie de patentes relativas a timbales, bombos e tambores.
2 Defende que a qualidade sonora provm da quantidade e presso de ar emitida para o interior doinstrumento, e no da qualidade do material que este construdo.
Fig. 7 Imagem da patente de 1846
-
...O saxofone...Histria e evoluo
Contributos para uma nova sonoridade na Msica Erudita
Prova de Aptido Profissional - III CICsar Edgar Ribeiro Lima - 2004
11
No ano de 1866, projecta uma sala de concertos em forma ovide
(projecto em que Wagner se inspira para a construo do seu teatro em
Bayreuth).
Em 1867 ampliou a flauta de pan de uma para cinco oitavas, e
inventou um sistema de assobios (imagem), utilizada em locomotivas
durante quase um sculo.
Apesar dos seus repetidos xitos nas exposies universais de 1844,
1849, 1855, 1863, 1867 (exposio em que ganhou o nico grande prmio
concedido a fabricantes de instrumentos) e em Londres em 1851, Adolphe
Sax no pde participar na Exposio Universal Internacional de Paris de 1878 por razes
financeiras (causada pela terceira quebra no ano de 1877).
Sax viveu uma vida longa; ficou arruinado por trs vezes, mas nunca deixou de estudar,
inventar e aperfeioar instrumentos. Morreu a 7 de Fevereiro de 1894 com 80 anos de idade,
completamente arruinado, deixando ao mundo da msica uma grande contribuio: o saxofone!
Fig. 8 Sistema deassobios de A.Sax
-
...O saxofone...Histria e evoluo
Contributos para uma nova sonoridade na Msica Erudita
Prova de Aptido Profissional - III CICsar Edgar Ribeiro Lima - 2004
12
4- O Saxofone (percurso/evoluo):
Ao contrrio de quase todos os instrumentos, o saxofone no tem antecessores. um
instrumento jovem, nascido em meados do sculo XIX. Nessa poca, o fabrico de instrumentos
baseava-se na afinao, na facilidade da emisso e na digitao.
Em 1840, Adolphe Sax, j em Bruxelas e encarregue de gerir a oficina de seu pai, teve a
ideia de criar um instrumento de sopro em que a sonoridade deste se aproximasse dos
instrumentos de corda, mas que tivesse mais intensidade e ao mesmo tempo no fosse muito
difcil de tocar. A partir dessa ideia surge o saxofone, um dos poucos instrumentos de uso
comum na msica ocidental que to conhecido e ao mesmo tempo to desconhecido.
Este instrumento combina as caractersticas do obo (tubo cnico, mas mais largo) e do
clarinete (boquilha e palheta simples). Melhor que qualquer outro instrumento, o saxofone
capaz de modificar o seu som a fim de lhe dar as qualidades convenientes e de lhe conservar a
igualdade perfeita em toda sua extenso.
A popularidade do saxofone deve-se sua difuso em meios como o teatro musical, a
opereta e em movimentos musicais tais como msica militar e, sobretudo, o Jazz, apesar de ter
sido criado para tocar em bandas e orquestras sinfnicas.
Os saxofones foram construdos em vrias tonalidades; em F e D, destinados
orquestra sinfnica, e em Mib e Sib, destinados a tocar em bandas militares.
Breve histria dos saxofones na tonalidade de F e D:
O primeiro saxofone, o saxofone baixo, foi construdo na tonalidade de F, e foi
utilizado por Berlioz e Kastner em algumas das suas obras. Estes saxofones construdos nestas
duas tonalidades (F e D), tiveram uma curta existncia, mas mesmo assim aparecem
mencionados em vrios livros.
Ainda no mbito da Exposio Industrial de Paris de 1855, aparece um artigo referente
a Adolphe Sax, onde o saxofone alto em F surge na lista de instrumentos. No mesmo ano, a
nova edio da Grand Traite d?Instrumentations et Orchestre Moderne, de Berlioz, menciona o
saxofone alto e bartono em F.
O saxofone alto em F foi utilizado escassas vazes no repertrio orquestral. Kastner
utilizou-o em trs das suas obras:
-Polka Carnavalesque (1857): utiliza dois saxofones alto em F, dois saxofones
tenor em D.
-Overture de Festival (1860): utiliza dois saxofone altos em F.
-La saint-ulien des Menetriers (1866): utiliza dois saxofone altos em F, dois
saxofones tenore em D e um saxofone alto em Mib.
-
...O saxofone...Histria e evoluo
Contributos para uma nova sonoridade na Msica Erudita
Prova de Aptido Profissional - III CICsar Edgar Ribeiro Lima - 2004
13
A obra mais conhecida que inclui saxofones em F e D a Sinfonia Domestica de
Richard Strauss (1904): nesta obra o compositor utiliza o quarteto de saxofones (soprano e tenor
em D e alto e bartono em F).
A ltima utilizao do saxofone alto em F na orquestra foi numa obra do compositor
Ingls Joseph Holbrooke, no ano de 1910. Este compositor estava aparentemente fascinado
pelos saxofones e escreveu uma sonata, um concerto e tambm obras de msica de cmara,
usando a famlia inteira dos saxofones. A sua obra orquestral Les Hommages (sinfonia n 1)
inclua partes para soprano em Sib, alto em Mib e F, tenor em Sib e bartono em Mib e F.
Embora as obras de cmara que utilizam estes saxofones sejam escassas, os saxofones
em F e D tiveram curta existncia no sculo XIX e quase nunca houve sucesso para eles,
favorecendo assim os saxofones em Mib e Sib. Estes foram utilizados na orquestra sinfnica,
mas Sax tinha pensado em us-los s nas bandas militares.
Depois desta pequena histria do saxofone na tonalidade de F e D, volto histria
geral do saxofone.
Em 1841, Sax apresentou o saxofone na primeira exposio belga, mas ao sentir que o
seu trabalho no tinha sido recebido da maneira que merecia, decidiu mudar-se para Paris
considerada, nessa poca, como a Meca da msica e cidade dos maiores msicos: Berlioz,
Mayerbeer, Chopin, entre outros. Uma vez instalado em Paris, Sax convida compositores a ver e
ouvir o seu novo instrumento.
A 19 de Agosto de 1845 uma deciso do ministro francs imps a utilizao de dois
saxofones (bartono e alto) nas bandas de msica dos regimentos de infantaria, em vez dos
fagotes e obos. A revoluo de 1848 suspendeu esta deciso durante seis anos, mas em Agosto
de 1854 o Decreto Imperial reorganizou a formao das bandas de msica e dos regimentos,
ordenando a incorporao de oito saxofones: dois bartonos, dois tenores, dois altos e dois
sopranos.
Desde a inveno do saxofone, este gerou uma grande polmica, devido aos
construtores franceses aliados contra o fabricante belga no quererem reconhecer a patente de
instrumento de sopro. Uma larga e interminvel srie de processos judiciais arruinaram ambas
as partes, mas as acusaes que foram apresentadas nestes processos contra Sax foram
consideradas falsas. Devido a todos estes problemas, Sax foi incorporado e impedido de dar
aulas por vrias ocasies, pois o tempo que perdia em resolver os seus problemas, este era
ocupado em tempo que deveria estar a leccionar.
Comea a dar aulas em 1857 no ginsio musical, este reservado a alunos militares; este
veio mais tarde a fechar dando lugar ao Conservatrio de Paris onde era o prprio inventor que
leccionava as aulas de saxofone. Apesar das reclamaes do ento director do Conservatrio,
-
...O saxofone...Histria e evoluo
Contributos para uma nova sonoridade na Msica Erudita
Prova de Aptido Profissional - III CICsar Edgar Ribeiro Lima - 2004
14
Ambroise Thomas, Sax s foi substitudo em 1942, quando o director era Delvincourt. O novo
titular da disciplina de saxofone foi Marcel Mule, que demonstrou ser um grande pedagogo e
tambm um grande virtuoso.
Apesar do saxofone ser uma famlia de sete membros (contrabaixo, baixo, bartono,
tenor, alto, soprano e sopranino), os compositores s se limitaram a utilizar o saxofone alto,
deixando os restantes para segundo plano.
Estes instrumentos comportam-se como uma verdadeira famlia, tendo qualidades e
defeitos, que se podem considerar como hereditrios, guardando cada um o seu prprio carcter
e personalidade. Um ligeiro, o outro sombrio, um caprichoso, e outro profundo.
Hoje em dia s so fabricados seis destes sete saxofones, e mesmo assim em
quantidades muito desiguais. Do stimo, o contrabaixo, s existem cerca de uma dezena de
instrumentos, sendo alguns deles j peas de museu. Reunidos todos os saxofones, estes
atingem um mbito igual ao de uma orquestra.
A combinao do corpo metlico com a embocadura proporciona ao saxofone uma
vasta variedade de sons, desde a sugesto de notas metlicas da trompa ao som profundo e
melodioso do violoncelo, passando pelos timbres agudos e delicados da flauta.
Aparte do saxofone ser utilizado nas bandas militares e nos conjuntos de jazz, aparece
tambm em obras orquestrais, como ?Le Dernier Roi de Juda? (1844) de J. G. Kastner (a
primeira obra em que o saxofone surge).
Grandes compositores confiaram fragmentos das suas partituras ao saxofone (Bizert,
Strauss, Ravel, M.Phavel, Berg, etc); outros chegaram mesmo a confiar-lhe pginas inteiras,
como: Glazunov, Debussy, Hindemith ou Hector Villa-Lobos. Algumas destas composies
so:
??Arlesiana Bizet
Sinfonia Domstica Straus
Cardillac Hindemith
Job Vaugham Williams
Rapsdia para saxofone Debussy
Bolero Ravel
Entre os saxofonistas que solicitaram a composio de obras solistas para saxofone
encontra-se a norte americana Elise Hall. Alguns dos compositores que responderam ao seu
pedido foram D.VIndy com Choral Varie (1903) e C. Debussy com Rapsodie(1903).
-
...O saxofone...Histria e evoluo
Contributos para uma nova sonoridade na Msica Erudita
Prova de Aptido Profissional - III CICsar Edgar Ribeiro Lima - 2004
15
Uma segunda patente (1866) viria a ser registada vinte anos aps a primeira(1946),
introduzindo modificaes importantes nos membros da famlia do saxofone:
1. Sax d uma maior extenso a cada um dos instrumentos, tanto no registo grave como
no agudo, aproximando-o da extenso do clarinete. F-lo, alargando o corpo do instrumento, e
colocando uma chave de harmnicos suplementar.
2. Melhora o mecanismo, facilitando assim algumas digitaes e conseguindo uma
melhor afinao em certas notas.
3. Aperfeioa o tubo sonoro do instrumento.
Em 27 de Novembro de 1880 Adolphe Sax registou uma terceira patente, onde
apresentou tambm uma srie de outras modificaes no saxofone.
Ouras empresas comearam rapidamente a fabricar saxofones: em 1871 Buffet--
Crampon, Franois Millereau, Gautrou filho, a associao Geral de Trabalhadores de
Instrumentos de Msica (que mais tarde passa a pertencer marca Couesnon), Arsne-Zo
Lecomte e Cia, Andr Thibouville, Auguste Feuillet.
Aquando da morte de Adolphe Sax, em 7 de Fevereiro de 1897, o seu filho Adolphe-
douard Sax (director da fanfarra da pera de Paris desde 1881, que chegou a ser padre durante
7 anos), passou a ser o director da fbrica de seu pai.
No final da I Guerra Mundial (1918), mais de um tero da mo de obra francesa
especializada na construo de instrumentos desapareceu. Por outro lado, os Estados Unidos da
Amrica intensificaram e aperfeioaram as suas prprias produes.
A apario do Jazz alterou significativamente a situao do saxofone. Este passou a ser
introduzido tanto nas orquestras de baile como nas orquestras de Jazz.
Em 1911 a casa Selmer torna-se proprietria da fbrica Millereau e tambm das oficinas
Sax da Rua Myrha. Em 1928 adoptou um procedimento de fabricao usado somente, at ento,
nos Estados Unidos: as chamins onde so apoiadas as sapatilhas eram soldadas ao corpo do
instrumento, deixando de ser soldadas e agora passavam a ser construdas e moldadas ao mesmo
tempo que o resto do corpo do instrumento. Graas qualidade de fabricao, a casa Selmer,
que exportava 58% da sua produo, reconquista pouco a pouco o mercado europeu. Em 1983
as suas exportaes repartiam-se por vrios pases: 20% para os Estados Unidos, 20% para o
Japo, 40% para a Europa, 5% para o Canad, e 15% para pases de leste e outros mercados.
Algumas das fbricas mais antigas desapareceram devido guerra. Outras compravam
peas soltas, montando os saxofones e colocando apenas a marca da fbrica. Apareceram novos
estabelecimentos, mas muitos deles duraram pouco tempo:
Em Frana: Evette et Schaeffer, Courtois, Plisso de Lyon, Couesnon y Cia.
-
...O saxofone...Histria e evoluo
Contributos para uma nova sonoridade na Msica Erudita
Prova de Aptido Profissional - III CICsar Edgar Ribeiro Lima - 2004
16
Alemanha: Hammer Schidt, Franz Michl, Huller y Cia, Adler.
Inglaterra: Thomas Boosey, Gisborne, Rudall-Carte, Lewin.
Estados Unidos: Martin, Rudy, Muck, King.
Blgica: Charles Mahillon.
Itlia: Pelitti, Maldura, Grassi.
Austrlia: Dickson-Maurer
Suia: Hienzmann
Urss: Fedorov.
-
...O saxofone...Histria e evoluo
Contributos para uma nova sonoridade na Msica Erudita
Prova de Aptido Profissional - III CICsar Edgar Ribeiro Lima - 2004
17
5- Saxofonistas clebres:
Desde que Sax inventou o saxofone, numerosos saxofonistas influenciaram a histria
deste instrumento. O primeiro que o ps em prtica e que fez uso dele foi o prprio Sax No ano
de 1841, em Bruxelas, Sax tocou publicamente pela primeira vez saxofone baixo e repetiu essa
actuao no Conservatrio de Paris em 1842. Nesta mesma actuao o xito foi tal que o nome
do fabricante viajou pelo mundo inteiro. Foi ele tambm que tocou pela primeira vez na sala
Hertz, em 3 de Fevereiro de 1844, executando o Hino Sacro de Hector Berlioz, e alguns meses
mais tarde viria a apresentar-se com Le Dernier Roi de Juda de Georges Kastner.
Nesse mesmo ano de 1844, Rossini encontrava-se em Paris e, depois de o ouvir tocar
saxofone, confessa a seu amigo Troupenas que era o instrumento mais rico e perfeito de todos
os instrumentos de sopro, chegando a aconselhar Sax a dedicar-se formao de alunos.
Este inventor belga ensinou bons saxofonistas das bandas de msica militares, que em
seguida passariam a tocar tambm em bandas civis. Por outro lado, formou tambm
saxofonistas que no tardariam em fazer-se ouvir como solistas em muitos cafs-concerto, que
estavam na moda um pouco por todo o mundo. Muitos deles eram belgas, como: Wuille,
Mayeur, Moeremans.
Um dos saxofonistas mais importantes no desenrolar da histria do saxofone foi Elise
Hall (1853-1924). Esta saxofonista, nascida em Paris, nem sempre tocou saxofone. Antes de
contrair tifide, Hall tocava piano e violino durante as suas horas livres. Depois de recuperar
desta grave doena, o seu sentido auditivo ficou debilitado e, aconselhada por seu marido que
era mdico, decidiu tocar saxofone. Assim sendo, comeou a sua aprendizagem com um
saxofonista que ouviu numa rua americana.
No ano de 1897, estando em Boston, Elise Hall decide dedicar o seu tempo, paixo e
fortuna a promover o Orchestral Club que ela mesma fundara e dirigia. Esta orquestra, formada
por msicos amadores mas reforada por profissionais da Orquestra Sinfnica de Boston em
ocasio de concerto, interpretava sobretudo msica francesa. Em quase todas as actuaes
pblicas uma obra era executada a solo, sendo a prpria Hall a solista.
Como nesta poca o repertrio para saxofone era bastante pobre, Elise Hall
encomendou obras de concerto para saxofone a Charles Loeffler, Georges Longy, Paul Gilson,
Claude Debussy, Andr Caplet, Vicent dIndy, Goerges Sporck, Jules Mouquet, Paul Dopin,
Len Moreau, Philipe Gaubert, Franois Combelle, Jean Hur, Gabriel Grovlez, Florent
Schmitt, entre outros. No total foram encomendadas 22 obras, escritas e estreadas entre 1900 e
1918.
Elise Hall, antes de morrer de uma hemorragia cerebral a 27 de Novembro de 1924,
teve a satisfao de ouvir uma orquestra de saxofones formada em Boston por Abdom Laus.
-
...O saxofone...Histria e evoluo
Contributos para uma nova sonoridade na Msica Erudita
Prova de Aptido Profissional - III CICsar Edgar Ribeiro Lima - 2004
18
Nos Estados Unidos apareceram outras orquestras de saxofones que tiveram alguma
importncia: a de David Gornston, de Michael Guerra e mais tarde Sigurd Rascher.
Em Frana, concretamente em Bordus, foi criada em 1977 uma orquestra de
saxofones composta habitualmente por um baixo, dois bartonos, trs tenores, trs altos, dois
sopranos e um sopranino. A este tipo de formaes foram dedicadas cerca de quarenta obras
originais.
Na Europa, quem se encarregou de introduzir o saxofone na msica erudita foi Marcel
Mule e Sigurd Rascher. At ento o saxofone era utilizado por pessoas menos conhecidas. Do
sculo XIX destacam-se: Soualle Cokken, Henry Wille, Louis Mayeur, e do primeiro tero do
sculo XX: Franois Combelle, Gustav Bumcke.
Marcel Mule foi um dos saxofonistas mais importantes.
Nasceu em 24 de Junho de 1901 em Aube (Normandia).
Foi um dos primeiros, depois de Elise Hall, a saber
despertar o interesse de um grande compositor pelo saxofone.
Esse compositor foi Alexander Glazunov, que lhe dedicou o seu
Quarteto em Sib op. 109 (1932). Estudou com o violinista
Gabriel Wuillaume. Animado por Franois Combelle, ingressa
na Banda de Msica da Guarda Republicana, onde foi solista
desde 1923 at 1936. Tocou tambm em grandes salas, em
orquestras de baile e em algumas peras.
Tanto nas orquestras sinfnicas como em teatros costumava tocar sem vibrato, ao
contrrio do que fazia nas orquestras de baile, at que na temporada de 1928-1929 duard
IEnfante, compositor de um ballet, lhe pediu para tocar a solo com o mesmo vibrato que
tocava no Jazz. Animado pelo xito da sua interpretao, Marcel Mule acaba por optar por esta
nova forma.
Aos trinta e quatro anos deu o primeiro concerto como solista com orquestra. Foi
dirigido por Albert Wolf e interpretou, em primeira audio, o Concerto de Pierre Vellones.
Com os seus novos companheiros da Guarda Republicana- Ren Chalegne (alto), Hipollyte
Poimboeuf (tenor), George Chauvet (bartono)- formou um quarteto de saxofones que viria a ser
apelidado de Quarteto de Guarda Republicana (1928). Depois de ter abandonado a Guarda
Republicana em 1936 e de ter conhecido novos companheiros- Paul Romby (alto), Georges
Charron (tenor) e Georges Chauvet (bartono)- formou outro quarteto, a que deu o nome de
Quarteto de Paris. Este nome foi provisrio, j que alguns anos mais tarde, em 1951, passa a ter
o nome definitivo de Quarteto Marcel Mule. Anos mais tarde, em 1960, esta formao sofre
Fig. 9 Marcel Mule
-
...O saxofone...Histria e evoluo
Contributos para uma nova sonoridade na Msica Erudita
Prova de Aptido Profissional - III CICsar Edgar Ribeiro Lima - 2004
19
algumas alteraes, ficando Marcel Mule (soprano), Georges Goudret (alto), Guy Lacour
(tenor) e Marcel Josse (bartono).
O quarteto Marcel Mule deu o seu ltimo concerto em Roma em 1966, depois de se ter
feito ouvir em vrios recitais, radiofnicos e televisivos, em Frana e outros pases da Europa.
Durante os anos de existncia, o quarteto gravou treze discos desde 1930 at 1964.
Mule deu-se a conhecer como solista de orquestra com obras de Ibert, Glazunov e
Tomasi. No final da sua carreira realizou uma tourn nos Estados Unidos com a Orquestra
Sinfnica de Boston sob a direco de Charle Munch, que com ele d o seu ltimo concerto em
Nova York tocando a Ballade de Henry Tomasi em 1958.
Desde 1931 at 1963 Marcel Mule gravou dezanove discos como solista. Foram-lhe
dedicadas cerca de uma centena de obras. Para alm do Quarteto em Sib M de Alexander
Glazunov, outras obras relevantes tambm lhe foram dedicadas, como o Concerto de Henry
Tomassi, o Quarteto Op. 162 de Florent Schmitt e o Quarteto de Alfred Desenclos. Deste
excelente saxofonista fica-nos registado o seu enorme virtuosismo, mas tambm, a sua
sonoridade associada a um tipo de execuo muito natural.
Nascido na Alemanha, em Elberfeld em 15 de Maio de
1907, de destacar o saxofonista Sigurd Rascher, virtuoso do
saxofone, tal como Marcel Mule.
Estudou primeiro clarinete com Philipp Dreisbach e
piano na Academia de Msica de Stuttgard, mas, pouco depois,
especializa-se em saxofone. Foi professor de saxofone na Royal
Danish Academy of Music em Copenhaga, e na Faculdade do
Conservatrio de Msica de Malmo, Sucia.
Durante os anos trinta trabalhou em Berlim com o
professor Bumcke, que o incorporou por algum tempo no seu
quarteto.
Durante a sua passagem por Berlim, Racher contactou com Paul Hindemith, colega de
Gustav Bumcke. Em 1933 viaja para Frana para trabalhar com Hermann Scherchen, grande
director de orquestra e defensor da msica vanguardista. Em Paris encontrou-se com Jacques
Ibert e Glazunov.
Racher tocou como solista com as melhores orquestras, sendo uma delas a Filarmnica
de Berlim e sob a batuta de grades directores. Com esta orquestra deu o seu primeiro concerto
para saxofone e orquestra no ano de 1932, sob a batuta de Krasselt em Hanver.
Fig. 10 Sigurd Rascher
-
...O saxofone...Histria e evoluo
Contributos para uma nova sonoridade na Msica Erudita
Prova de Aptido Profissional - III CICsar Edgar Ribeiro Lima - 2004
20
Depois de ter dado aulas ao mesmo e tempo no Conservatrio Real de Copenhaga em
1933 e em Malm, na Sucia, Sigurd Rascher estabeleceu-se nos Estados Unidos em 1939, onde
a sua influncia foi muito importante.
A falta de obras para saxofone obrigou Rascher a animar os compositores a escrever
para o seu instrumento. Alguns deles corresponderam muito entusiasmados, dedicando-lhe
suites, sonatas, concertos, etc. Cerca de cinquenta destas obras so para saxofone alto e
orquestra.
-
...O saxofone...Histria e evoluo
Contributos para uma nova sonoridade na Msica Erudita
Prova de Aptido Profissional - III CICsar Edgar Ribeiro Lima - 2004
21
6- Tcnica e funcionamento:
O saxofone um instrumento de sopro com orifcios laterais da famlia das madeiras.
Os princpios da sua sonoridade residem na vibrao de uma palheta simples colocada numa
boquilha, sendo estas duas unidas por uma abraadeira, e por sua vez, estes juntos sero
associados a um tubo cnico.
6.1- Boquilha:
As boquilhas normalmente so construdas em
ebonite, ou metal, mas tambm podem ser construdas em
plstico, e muito raramente em madeira ou cristal.
Ao contrrio do que se costuma pensar, o material
com que as boquilhas so construdas importa muito menos
do que a sua forma. A boquilha constituda por vrias
partes: a abertura, a mesa, a cmara, paredes laterais, bisel,
tunel, janela e ponta.
A abertura a distncia que separa a ponta da
boquilha da palheta. Com uma abertura pequena, ou com
uma boquilha fechada, o saxofonista tem tendncias a tocar
com palhetas fortes, e o seu som ser reduzido, mas bonito.
Com uma abertura grande, ser difcil tocar afinada e a
tendncia em tocar com palhetas fracas.
A mesa da boquilha, a parte plana que se prolonga
at parte curva. sobre esta (mesa) que deve ser colocada a
palheta. Convm referi que o comprimento da mesa inclui
tambm o comprimento da parte curva.
A cmara a parte interior da boquilha onde nasce o
som. O seu formato muito importante, e esta vai determinar o qualidade do som. Uma cmara
pequena com um tecto baixo dar um som rico em harmnicos. Por outro lado, uma cmara
grande com um teco alto dar um som mais sombrio.
Em geral, ma msica erudita utiliza-se uma boquilha com uma mesa curta ou mediana e
de abertura pequena. No Jazz, as boquilhas com mesa e abertura grande so as preferidas.
Uma boa boquilha aquela que permite ao saxofonista mudar facilmente de sonoridade,
e que oferece um grande campo de liberdade tmbira.
Bisel
cmara Cortia do tudelmesa
Palheta tnel
pontatudel
paredes laterais
Mesa
Janela
aberturabisel
rea de vibrao
palhetaFig. 11 Boquilha de saxofone
-
...O saxofone...Histria e evoluo
Contributos para uma nova sonoridade na Msica Erudita
Prova de Aptido Profissional - III CICsar Edgar Ribeiro Lima - 2004
22
6.2- Palheta:
a palheta que classifica o saxofone como membro pertencente famlia das
madeiras. uma das partes mais delicadas e importantes da embocadura. Da sua qualidade
depende no s o som, mas tambm a flexibilidade do instrumentista.
As palhetas de saxofone extraem-se duma planta chamada Arundo Donax, cana que
cresce em regies quentes.
O Arudo Donax mais apreciado provm de da regio de Var, no sul de Frana junto ao
Mediterrneo.
Dependendo da parte onde cortada p ou cabea da planta), a palheta tem qualidades
diferentes, distribuindo de maneira diferente a humidade, e resistindo de maneira diferente
temperatura.
A palheta constituda por vrias partes: talo, partes laterais, bisel, corao e ponta.
Para fixar a palheta boquilha Adolphe Sax, j em meados do sculo XIX fabricou uma
abraadeira metlica com parafusos (parecida com a que se utiliza hoje em dia). Mesmo assim
os fabricantes e saxofonistas no param de criar novos modelos de abraadeiras que permitam
uma maior aderncia de palheta mesa da boquilha sem ter de pressionar demasiado o talo.
6.3- Surgimento do som:
O som do saxofone produzido quando o instrumentista envia uma impulso ar para
dentro do instrumento atravs da boquilha/palheta. O ar origina presso dentro do tubo, e parte
deste ar expulso para fora do instrumento pelos orifcios abertos e isto far com que o
ponta da palheta corao
partes lateraisbisel
Mesa zona de raspagem
talo
Fig. 12 Palheta
-
...O saxofone...Histria e evoluo
Contributos para uma nova sonoridade na Msica Erudita
Prova de Aptido Profissional - III CICsar Edgar Ribeiro Lima - 2004
23
instrumento soe. A outra quantidade de ar volta em direco palheta com a mesma velocidade.
A presso de ar que feita na entrada do instrumento faz com que este entre em contacto com a
palheta e a faa despegar da boquilha. O ar que volta para trs voltar a entrar em contacto com
os mesmos, e assim sucessivamente, originando movimentos peridicos de oscilaes.
Se for aberto um ou vrios orifcios, o instrumento comportar-se- como se fosse
cortado o tubo pelo mesmo lugar onde o primeiro orifcio foi aberto (a partir da boquilha), assim
sendo, as idas e regressos de ar sero mais numerosas, e por consequncia, as frequncias sero
mais elevadas.
A palheta, que actua como vlvula e bate contra a boquilha, abre-se e fecha-se cerca de
35 vezes por segundo na nota mais grave do saxofone contrabaixo e 1760 na nota mais aguda do
saxofone sopranino.
6.4-Tessitura:
O saxofone, tal como muitos outros instrumentos, transpositor, isto quer dizer que no
se escrevem na partitura do saxofone as mesmas notas que o pblico ouve. Isto acontece para
que os saxofonistas s tenham de aprender uma digitao para toda a famlia dos saxofones. Por
exemplo, se se quer que um saxofonista toque o l do diapaso, na partitura aparecer:
Para sopranino: F #
Para soprano: Si
Para bartono: F # (agudo).
Diz-se que o soprano est em Si b, porque quando ele toca a nota D, o que se ouve
um Si b.
Apesar das possibilidades de extenso no sobreagudo (harmnicos), todos os saxofones
tm o mesmo mbito, duas oitavas e uma sexta menor, excepo do saxofone bartono, que
possui mais uma nota (L grave), que lhe permite tocar, em som real, um D, que seria um D
grave para o violoncelo.
-
...O saxofone...Histria e evoluo
Contributos para uma nova sonoridade na Msica Erudita
Prova de Aptido Profissional - III CICsar Edgar Ribeiro Lima - 2004
24
7- Repertrio:
O repertrio do saxofone ao longo da sua curta histria foi-se enriquecendo pouco a
pouco. Os compositores, atrados pelo novo instrumento e inspirados por alguns saxofonistas
que solicitavam as suas obras, como Elise Hall e Marcel Mule decidiram introduzi-lo nas suas
composies.
A msica escrita para saxofone pode ser agrupada em:
- Msica tradicional (em que podemos incluir a msica romntica, popular e
erudita).
- Outras msicas: Jazz e Rock.
- Msica contempornea.
7.1- Repertrio sinfnico:
Mesmo que o saxofone na orquestra no seja de todo indispensvel, ele usado com
frequncia e chega a ter muitas vezes partes importantes.
No repertrio sinfnico o primeiro compositor que nos aparece e que devemos focar
J. G. Kastner. Este terico e compositor francs nasceu em Estrasburgo a 9 de Mao de 1810 e
morreu em Paris em 19 de Dezembro de 1867. muito conhecido o seu Traite Gneral d?
Instrumentation, considerada a primeira obra deste gnero publicada em Frana. Publicou vrias
obras tericas, para alm de vrios livros de ensino de diferentes instrumentos: Mthode
complte et raisone de saxophone.
Autor de oito peras, cinco sinfonias, cinco aberturas, numerosas peas para
instrumentos e cantatas. Foi o primeiro a introduzir o saxofone na orquestra com Le Dernier Roi
de Juda. Em 1 de Dezembro de 1844 interpretou esta obra, na qual Kastner utilizou o saxofone
baixo em D. Esta obra trata-se de uma pera bblica composta por dois actos. Mas no foi esta
a ltima obra em que este compositor utiliza o novo instrumento. Em 1860 comps Overture de
Festival, onde utiliza dois saxofones alto; Polka carnavelesque (1851), utilizando dois altos e
dois tenores; La Sains-Ulien des Menetries (1866).
Foi Bizet (1835-1875), compositor francs, que utilizou o saxofone duma forma
brilhante no drama de Adolphe Dautet na suite ??Arlesiana.
Jules Massenet (1842-1912), tambm compositor francs, utilizou o saxofone por
seis vezes, e destaca-se a pera Werther (1892), drama lrico de trs actos em que o saxofone
utilizado num nvel idntico aos restantes instrumentos da orquestra. Em Angelos, utiliza quatro
saxofones: dois altos, um tenor, e um bartono.
-
...O saxofone...Histria e evoluo
Contributos para uma nova sonoridade na Msica Erudita
Prova de Aptido Profissional - III CICsar Edgar Ribeiro Lima - 2004
25
Strauss (1864-1949), compositor e director de orquestra alemo, utilizou o saxofone
numa das suas obras, a Sinfonia Domstica (1904), onde utiliza um quarteto de saxofones.
Maurice Ravel (1875-1937) utilizou o saxofone alto na melodia do O Velho do Castelo,
na obra Quadros de uma Exposio de Modeste Mossorgsky, na verso orquestral que fez em
1922. Ravel volta a utilizar o saxofone pouco tempo depois noutra das suas obras, que o caso
do Bolero. Esta obra foi encomendada ao compositor pela bailarina Ida Rubinsteins e foi
estreada na pera de Paris em 1928. As duas obras mencionadas anteriormente (Bolero e a
orquestrao dos Quadros de uma exposio) so algumas das obras que servem de trampolim
para introduzir o saxofone na chamada msica clssica.
D
arius Milhaud, compositor francs e aluno do Conservatrio de Paris, tambm utilizou o
saxofone por vrias ocasies. Uma delas foi na obra Criao do Mundo (1923), onde d ao
saxofone um papel to importante como o que vir a ter no Jazz. Em Nova York, George
Gershwin, utilizou dois saxofones alto e um tenor na sua clebre Rasodie in blue (1928).
Durante esta poca apareceu em todo mundo uma srie de obras sinfnicas onde o
saxofone ocupava um lugar privilegiado:
Fig. 13 Quadros de uma Exposio, orquestrao de M. Ravel.
Fig. 14 Bolero, M. Ravel - solo de saxofone tenor em sib.
-
...O saxofone...Histria e evoluo
Contributos para uma nova sonoridade na Msica Erudita
Prova de Aptido Profissional - III CICsar Edgar Ribeiro Lima - 2004
26
Kurt Weill ??opera de quat?sous
Aron Shoenberg. Das BerlinerRequiem
Gabriel Piern Divertissement sur un thme pastoral
Charles Koechiln The seven star synphony op. 132
Serguei Prokofiev Otenente Kij op. 60
Alban Berg Concerto em memria de um anjo
Alban Berg Lul (pera)
Laszlo Lajhta. Sinfonia op. 24
Vaughman-Williams Sinfonia n 6
Pierre Boulez Polyphonie
Luciano Berio Nones
Karlheinz Stokhausen Gruppen
Tadeusz Baird Ertica
Leonard Bernstein West Side Story
Luis de Pablo Imaginrio
7.2- Repertrio concertente:
Durante o sculo XIX as nicas obras consideradas interessantes eram: o Choral Varie
de Vicent dIndy; Rapsodie de Claude Debussy (obras encomendadas por Elise Hall aos
respectivos compositores); e Lgende de Schmitt (transcrita posteriormente para viola ou
violino e piano).
Graas a Marcel Mule e a Sigurd Rascher, o repertrio concertante do saxofone e o
repertrio em geral foram bastante enriquecidos. Entre as obras dedicadas a estes e a seus
alunos salientam-se:
O Concerto em Mib (1933), de Alexandre Glazunov (1865-1936).
Este compositor pertencia escola nacionalista russa (corrente surgida no sculo XIX
em que os compositores se inspiravam em temas populares). Este concerto foi escrito depois da
Primeira Guerra Mundial, que corresponde etapa em que o compositor vai deixando de parte
a msica popular e as ideias nacionalistas.
O Concertino da Camera (1934) de Jacques Ibert.
Ibert, compositor francs (1890-1962), obteve o primeiro prmio em Roma (1919) com
a sua cantata O poeta e a fada.
-
...O saxofone...Histria e evoluo
Contributos para uma nova sonoridade na Msica Erudita
Prova de Aptido Profissional - III CICsar Edgar Ribeiro Lima - 2004
27
O Concertino da Camara foi escrito graas a Sigurd Rascher, que demonstra a Ibert o
saxofone alto e o faz descobrir os seus recursos e mltiplas qualidades tcnicas e sonoras.
Seduzido ento polo saxofone, pouco tardaria a escrever para Rascher um Allegro com moto,
interpretando-o este no dia 2 de Maio em Paris. O xito foi tal que Ibert adiciona a este
andamento outros dois: um larghetto encadeado com um animato molto, e assim converte estes
trs andamentos no seu Concertino da Camara para saxofone alto e onze instrumentos.
A Ballade (1938)- Frank Martin, compositor suo, comps uma Ballade para saxofone
alto e outra para tenor.
Fantasia op. 630 (1948) para saxofone soprano e orquestra de Villa-Lobos.
Musique de concert (1954) Marius Constant.
Concerto piccolo (1977) para quatro saxofones e percusso de Edison Denisov.
Scaramouche (1937) de Darius Milhauld.
Do repertrio concertante, estas so as obras que mais se destacam, porm, no quer
dizer que no existam mais obras com este carcter.
7.3- Msica de Cmara:
Dividirei este subcaptulo em msica para saxofone e vrios instrumentos, quarteto de
saxofones e saxofone e piano.
Apesar de, no incio, as obras de msica de cmara para saxofone serem escassas, o
saxofone teve sempre um papel bastante importante.
Formao diversa:
Aqui volta a estar bem presente o interesse de Villa-Lobos pelo saxofone, mas agora no
campo da msica de cmara. A primeira obra de msica de cmara que incluiu o saxofone foi
Sexteto misto op. 123 (1917) para flauta, obo, saxofone alto, celesta e harpa; Choros n 7 op.
186 (1924). Tambm usou o saxofone em algumas obras com voz, como o caso de Quartuor
op. 168 (1921).
Paul Hindemith (1895-1963), compositor, director de orquestra e terico musical,
escreveu no ano de 1929 um Trio op. 47 para viola, saxofone tenor e piano. Um ano mais tarde,
Anton Weber comps um Quarteto op. 22 para violino, clarinete, saxofone tenor e piano.
Outras obras para este tipo de formao so:
-
...O saxofone...Histria e evoluo
Contributos para uma nova sonoridade na Msica Erudita
Prova de Aptido Profissional - III CICsar Edgar Ribeiro Lima - 2004
28
Quarteto de saxofones:
Nos primeiros tempos do saxofone, o repertrio deste tipo de msica era bastante
escasso, e os quartetos compostos at ento eram considerados muito pouco interessantes;
porm, a passagem de algumas geraes trouxe mudanas significativas no repertrio deste
gnero de formao. A primeira obra interessante foi o Quarteto em Sib op. 109 (1936) de
Alexander Glazunov. Esta obra romntica, escrita em pleno sculo XX, foi dedicada ao
Quarteto Marcel Mule. Posteriormente foram-lhe dedicadas outras obras, como o caso de
Introduo e Variaes sobre um rond popular (1937) de Gabriel Piern e Quarteto op. 102
(1946) de Florent Schmitt.
Jean Baptist Singele (1812-1875), compositor e violinista nascido em Bruxelas,
comps muitas obras para saxofone (solos de concerto, quartetos e obras para saxofone e
piano). Entre o seu extenso repertrio para saxofone est presente o Premier quatuor pour
saxophone para saxofone soprano, alto, tenor e bartono.
Compositor: Obra: Ano: Instrumentao:
Delannoy Rapsodie 1934trompete, saxofone alto,violoncelo e piano
Charles Koechlin Epitaphe e Jean Hrlow op. 164 1937flauta, saxofone alto epiano
Leslie Basset Wind Music 1979 sexteto de sopros
Charles Koechlin Septeto de sopros 1948
flauta, obo, corne ingls,saxofone alto, trompa efagote.
Henry Tomasi Primtemp?s 1963
flauta, obo, clarinete,saxofone alto, trombone efagote.
Pierre Max Dubois. Sinfonia de camera 1964 sexteto de sopros
Walter Hartley Suites for five winds 1951flauta, obo, clarinete,saxofone e trombone.
Peter P. Stearns Septeto 1959
clarinete, saxofone tenor,trompa, violino, viola,violoncelo e contrabaixo
Georges Heussenstamm Quatro miniaturas op. 57 1975flauta, obo, violino esaxofone tenor.
William Karlins Quinteto 1974 saxofone alto e quarteto decordas
-
...O saxofone...Histria e evoluo
Contributos para uma nova sonoridade na Msica Erudita
Prova de Aptido Profissional - III CICsar Edgar Ribeiro Lima - 2004
29
Pouco a pouco, este tipo de msica foi-se enriquecendo, contando hoje em dia com um
alargado repertrio. Destacam-se:
Sonatas e obras com piano:
Este tipo de msica conta com um amplo repertrio, so mais de dois mil ttulos, mas
nem todos tm a mesma importncia, sendo difcil encontrar obras com interesse.
Entre as obras interessantes surge a Sonata para saxofone alto e piano de Denisov.
Hindemith, depois comps o seu Konzerstck em 1933, para dois saxofones alto,
escreve a sua primeira Sonata para saxofone alto e piano no ano de 1939.
Paul Creston, compositor e organista americano, comps a Sonata op. 19 (1939) para
saxofone alto e piano e Concerto op. 26 para saxofone alto e orquestra ou piano, ambas
dedicadas ao saxofonista Cecil Leeson.
Devido ao extenso repertrio neste campo da msica da cmara, passo a destacar as
obras mais relevantes:
Compositor: Obra: Ano:
Jeal Absil Quarteto 1937
Pierre-Max Dubois Quarteto 1956
Alfred Desenclos Quarteto 1964
Janine Rueff Concert en Quartuor 1955
Pierre Hasquenoph Sonata a quatro 1954
Paul Arma Sete transparncias 1968
Compositor: Obra: Ano:
Andr Jovilet Fantasia Impromptu 1953
Alfred Desenclos Preludio, cadncia e final 1956
Henry Sauget Sonatina buclica 1964
Jacques Charpantier Gabambidi II 1966
Conrad Beck Nocturne 1959
Antonio Tisn Espacies irraids 1980
Donald Freud Killing time 1980
Jnine Rueff Sonata 1982
Marylin Shrude Shadows and Downing 1982
-
...O saxofone...Histria e evoluo
Contributos para uma nova sonoridade na Msica Erudita
Prova de Aptido Profissional - III CICsar Edgar Ribeiro Lima - 2004
30
ANEXOS:
-
...O saxofone...Histria e evoluo
Contributos para uma nova sonoridade na Msica Erudita
Prova de Aptido Profissional - III CICsar Edgar Ribeiro Lima - 2004
31
Anexos:
ANO IDADE VIDA DE A. SAX AcontecimentosmusicaisAcontecimentos
Histricos
1814Nasce em Dinant a 6 denovembro, filho de C. J.Sax e Marie J. Masson.
Beethoven: peraFidelio
Queda do ImprioFrancs. Luis XVII reide Frana
1815 1 Seu pai abre uma fbrica deinstrumentos musicais.Beethoven: SonataOp. 101 Batalha de Waterloo
1828 14 Estuda na Royal Escola deMsica de Bruxelas.
Morre Schubert.Chopin: primeirasonata.
1830 16
Apresenta 2 flautas e 2clarinetes em marfim naExposio Industrial deBruxelas.
Berlioz: SinfoniaFantstica Revoluo Polaca.
1834 20O compositor Alemo J.Kffner dedica-lhe algunsduos de clarinete.
Berlioz: Harold emItlia
1835 21Dirige as oficinas de seu paiem Bruxelas. Apresenta oclarinete com 24 chaves
Morre Bellini Atentado de Fieschi
1837 23 Reside na Rue Notre-Dame--aux-Neiges n 70
Wagner: ComeaRienziBerlioz: Requiem.
Subida ao Trono daRainha Vitria
1838 24 1 patente do novo sistemade clarinete baixo Nasce Bizet Morte de Talleyrand
1839 25 1 Viagem a Paris Nascimento deMussorgsky
1840 26 Inventa o saxofone Morre Paganini;Nasce Tchaikovsky. Tratado de Londres
1841 27 Exposio industrial belga.Consegue medalha de prataSchumann:1Sinfonia
1842 28
Junho: encontra-se comBerlioz. Mostra os seusnovos instrumentos noConservatrio de Paris
1843 29Requerimento de patentes,sistema cromtico parainstrumentos de metal
Berlioz publicaTratado deInstrumentao
1844 30
3 de Fevereiro, 1 concertooficial onde se utiliza osaxofone. Medalha de pratana Exposio de Paris.
Chopin: Sonata Op.58.Wagner:Tannhuser.
1845 31Os seus instrumentos soadoptados nas Bandasmilitares francesas.
Nasce Faur.Berlioz: ACondenao deFausto
Guerra: Estados Unidos Mxico.
1846 32
21 de Maro: patente dafamlia dos saxofones.Condecorado com a grandemedalha de ouro de mritobelga.
-
...O saxofone...Histria e evoluo
Contributos para uma nova sonoridade na Msica Erudita
Prova de Aptido Profissional - III CICsar Edgar Ribeiro Lima - 2004
32
1847 33Inaugura uma sala deconcertos prpria nas suasoficinas.
Morre Mendelssohn. Termina a conquista deArglia.
1848 34 Integra como oficial as filasda Guarda Nacional
Revoluo francesa,proclamao daRepblica
1849 35
Exposio de Paris,medalha de ouro.Em Novembro condecorado com a Cruz daOrdem da Legio de Honra.
Morre Chopin.
1850 36Encomenda transcries eobras para os seusinstrumentos.
Wagner: Lohengrin.Schumann:3Sinfonia
Lei Falloux
1851 37
Exposio de Londres.Patente do fagote de metal.Escreve mtodo paraSaxhorns, sax trombas, etc.
Verdi:Rigoletto.Schumann:Manfredo.
2 de Dezembro, golpede estado de LusNapoleo
1852 38Cancro no lbio superior.Julho, 1 quebra.Patente de timbales.
Wagner: O ouro doRin.
Restabelecimento doImprio.
1853 39
29 de Abril: nasce a suafilha ilegtima, Ana Emile.Cria a sociedade GrandeHarmonie.
Verdi: La traviata,El trovador.
Napoleo casa comEugnia de Montijo.
1854 40
7 de Abril: nomeadofabricante da MaisonMilitair de I? Empereur.Agosto: instrumentosreintegrados nas bandasmilitares.
Wagner: A Walkyria Guerra da Crimeia.
1855 41
Exposio de Paris, grandemedalha de honra.Agosto, admisso dedomiciliao francesa.Regista a patente deinstrumentos de percusso.Nasce sua filha ilegtima,Adle (morta em 1856)
Sebastopol.
1856 42 Nasce o seu filho ilegtimoCharles (morto em 1858).Liszt: RapsdiasHungaras.
Congresso e Tratado deParis.
1857 43Aulas para alunos militares,A. Sax professor desaxofone
Morre Glinka.Wagner: comeaTristo e Isolda.
1858 44 Nasce a sua filha ilegtimaAdle (morta em 1938)Atentado de Orsini.Lei da segurana cidad.
1859 45Nasce o seu filho ilegtimoAdolphe Eduard (M. 1945)
Wagner: acabaTristo e Isolda.Gounod :Fausto
Ocupao de Saign.
1860 46 Morre Adle Maor, me deseus 5 filhos.
-
...O saxofone...Histria e evoluo
Contributos para uma nova sonoridade na Msica Erudita
Prova de Aptido Profissional - III CICsar Edgar Ribeiro Lima - 2004
33
1861 47 Morte de M. J. Masson,me de A. Sax.
1862 48
Exposio de Londres,obtm medalha.Dezembro, patenteGoudronniers.
Verdi: A fora dodestino.Nasce Debussy
Indochina anexada.
1863 49 Exposio de paris,medalha de 1 classe.
Segundo levantamentopolaco.Invaso do Mxico
1864 50 Exposio em Bayona,medalha de honra. Gounod: Mireille.Maximiliano imperadordo Mxico
1865 57 Morre C. J. Sax, pai de A.Sax Verdi: Macbeth. Guerra Autro-Perussiana
1866 52
Patente onde melhora osaxofone.Planos para sala deconcertos.Exposio no Porto,medalha de honra
Wagner: Osmaestros cantores.Tchaikovsky: 1Sinfonia
1867 53 Exposio de Paris, GrandePrmio
Mossorgsky: Umanoite em monte calvo Execuo deMaximiliano
1870 56 Final das aulas destinadas aalunos militares.Deteno de NapoleoIII
1873 59 2 quebraNasceRachmaninoff.Verdi: Requiem
Fim da ocupao alemem frana.III Repblica Francesa.
1877 633 quebra. Vende o seumuseu instrumental.
Tchaikovsky:Concerto paraviolino
Eleies para apresidncia daRepblica.
1878 64
No pode participar naexposio de paris, porqueno tem fundos para pagar ainscrio.
Brahms: 2 Sinfonia. Grvy eleitopresidente.
1880 66Regista a patente queintroduziu melhorias nosaxofone
Brahms: DanasHngaras.
1881 67 Patente de aperfeioamentode vrios instrumentos. Morre MussorgskyCzar Alexandre II assassinado.
1883 69Carta a A. Thomasoferecendo-se comoprofessor de saxofone
Morre Wagner Expanso colonial naIndochina.
1887 73 Expe a sua lamentvelsituao ao pblico.Rimsky-Korsakov:Scherezade. Demio de Grvy.
1894 807 de Fevereiro: morre namais profunda solido emisria.
Dvorak: Sinfonia doNovo Mundo.
Nicolau II Czar daRssia.
Anexo 1 Cronologia comparada da vida de Adolphe Sax
-
...O saxofone...Histria e evoluo
Contributos para uma nova sonoridade na Msica Erudita
Prova de Aptido Profissional - III CICsar Edgar Ribeiro Lima - 2004
34
Anexo 2 Lista de instrumentos de Adolphe Sax (1848)
Anexo 3 Berlioz, Halevy, Rossini e Meyebeer contemplando Adolphe Sax e o seu novo
instrumento. (ilustrao de A. Daoust)
-
...O saxofone...Histria e evoluo
Contributos para uma nova sonoridade na Msica Erudita
Prova de Aptido Profissional - III CICsar Edgar Ribeiro Lima - 2004
35
Anexo 4 200 Francos Blgas- Nota dedicada a Adolphe Sax
Anexo 5 Faxada da oficina de Paris de Adolphe Sax
Anexo 6 Interior da oficina de Paris de Adolphe Sax
-
...O saxofone...Histria e evoluo
Contributos para uma nova sonoridade na Msica Erudita
Prova de Aptido Profissional - III CICsar Edgar Ribeiro Lima - 2004
36
Anexo 7 Saxofone Sub-contrabaixo (curiosidade). nico exemplar.
Anexo 8 Arundo Donax, planta que serve para o fabrico de palhetas
-
...O saxofone...Histria e evoluo
Contributos para uma nova sonoridade na Msica Erudita
Prova de Aptido Profissional - III CICsar Edgar Ribeiro Lima - 2004
37
Anexo 9 Partes do Saxofone