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A HARMONIZAO ALFANDEGRIA

PROCEDOMENTOS ALFANDEGRIOS

Andr Luiz Gonalves Teixira

R.A: 2000264-1

Michele Machado de Carvalho

R.A: 2000452-0

AHARMONIZAO ALFANDEGRIA E A FACILITAO DO COMRCIO INTERNACIONAL

Situada no cruzamento entre o comrcio internacional e os sistemas de transporte que o apiam, a administrao alfandegria desempenha papel vital na eficcia geral do comrcio internacional. Os governos encarregam tradicionalmente as alfndegas com o recolhimento de impostos preciso e dentro de prazos; cumprimento dos aspectos de controle de fronteira das regulamentaes de sade, meio ambiente e outras da nao; e a elaborao das importantes estatsticas comerciais. Os comerciantes e transportadores, por outro lado, necessitam confiar nas alfndegas para a liberao rpida e eficiente no processo de comrcio internacional.

medida que o comrcio internacional se desenvolveu e expandiu com a economia global, procedimentos desatualizados, incompatveis e ineficientes foram reconhecidos como restries de alto custo. Quando o comrcio restringido por essas deficincias, os sistemas de transporte transnacionais ficam bloqueados, por mais modernos e eficientes que sejam. Com a reduo geral dos nveis de impostos de importao devido s rodadas comerciais avanadas do Acordo Geral de Tarifas e Comrcio (GATT) e sua sucessora, a Organizao Mundial do Comrcio (OMC), os procedimentos destinados ao recolhimento de taxas alfandegrias e impostos podem custar mais para serem operados que o montante de impostos recolhido.

Os importadores e exportadores que operam em mais de um pas necessitam lutar contra diferentes normas e regulamentos e isso agrega despesas desnecessrias aos custos do comrcio internacional e aos sistemas de transporte. Muitas empresas de pequeno e mdio porte desencorajam-se de expandir seus negcios para os mercados externos por considerarem difcil e complexo demais o sem-nmero de exigncias alfandegrias. Existe necessidade crescente e urgente de implementao global de procedimentos e sistemas alfandegrios harmonizados e simplificados.

As exigncias alfandegrias devem facilitar a movimentao internacional de comrcio legtimo ao mximo praticvel e isso exige que as administraes alfandegrias adotem convenes internacionais relevantes e instrumentos como os desenvolvidos pela Organizao Mundial de Alfndegas (OMA).

Uma mudana importante de paradigma para a alfndega moderna a mudana do mtodo tradicional de concentrao em controles para cada transao, para uma abordagem mais facilitadora e baseada em riscos para a liberao de mercadorias. Embora algumas administraes alfandegrias tenham reagido rapidamente a esses desafios, outras reagiram mais lentamente e podem at no possuir a infra-estrutura legal ou de recursos necessria para acompanhar as exigncias do comrcio internacional. A modernizao e a harmonizao alfandegria em todas as esferas de atividade representam, portanto, um objetivo fundamental para facilitar o comrcio internacional e, ao mesmo tempo, aprimorar o cumprimento de regulamentaes nacionais e internacionais. A alfndega tambm necessita manter controles eficazes para combater o crime alm-fronteiras, que cresceu medida que os criminosos se aproveitam da operao em um mercado global.

A Harmonizao Alfandegria para o Comrcio Internacional

fundamental que os comerciantes e transportadores em todo o mundo possam esperar tratamento similar para suas mercadorias ao longo de todo o transcurso de uma transao internacional. Eles devem ser capazes de operar e interagir com a alfndega de maneira previsvel e eficiente. Para atingir esse ponto, as alfndegas necessitam adotar padres e prticas comuns que incorporem certos princpios fundamentais, tais como transparncia, consistncia e previsibilidade para autoridades comerciais e alfandegrias. Alm disso, a alfndega necessita aproveitar-se das tecnologias modernas para funcionar melhor nos ambientes comerciais atual e futuro. A tecnologia da informao necessita ser utilizada ao mximo praticvel para processar informaes sobre o comrcio internacional e facilitar o movimento alm-fronteiras de pessoas e mercadorias.

A Organizao Mundial do Comrcio (conhecida antigamente como Conselho de Cooperao Alfandegria) foi estabelecida em 1952 para aumentar a eficincia e a eficcia das administraes das suas alfndegas membros. Atualmente, possui 151 administraes alfandegrias como membros, que juntas cobrem cerca de 97% do comrcio mundial. Para atingir o grau mais alto de harmonizao e uniformidade, A Organizao Mundial da Alfndega desenvolveu diversos instrumentos internacionais que so disponveis para aplicao por todas as administraes alfandegrias.

O Sistema Harmonizado

O Sistema Harmonizado (SH) foi desenvolvido pela OMA como nomenclatura internacional de produtos para a classificao de mercadorias para tarifas alfandegrias e para a elaborao de estatsticas comerciais. Ele aplicado em quase todos os pases (98 pases so partes contratantes da Conveno do SH e 176 pases utilizam o sistema, o que representa mais de 98% do comrcio mundial). O SH tambm fornece a base dos instrumentos estatsticos comerciais das Naes Unidas. O Sistema Harmonizado, na verdade, padronizou parte significativa da "linguagem" do comrcio internacional.

O sistema extensamente utilizado no comrcio internacional e para inmeros propsitos. Ele utilizado, por exemplo, como base para as normas de origem, em negociaes comerciais (como, por exemplo, os quadros de concesses tarifrias da OMC), para estatsticas e tarifas de transporte e para o monitoramento de mercadorias controladas. O sistema mantido sob constante reviso para mant-lo atualizado de acordo com as mudanas de tecnologia e padres comerciais.

O Acordo de Avaliao OMC/GATT

A harmonizao alfandegria para a avaliao de bens importados foi alcanada pelo acordo de avaliao da OMC. Ele estabelece critrios uniformes e previsveis para a avaliao de mercadorias importadas com base no "valor de transao". Todos os membros da OMA que tambm so membros da OMC so obrigados a aplicar as normas de avaliao da OMC. A OMC, na qualidade de rgo internacional responsvel pela interpretao e pelo fornecimento de apoio tcnico s normas de avaliao, assiste os pases em desenvolvimento na compreenso e implementao desse acordo.

Est em vias de execuo um trabalho, sob os auspcios da OMC com apoio tcnico da OMA, para desenvolver regras de origem harmonizadas no preferenciais para apoiar o Acordo sobre Regras de Origem da OMC. A implementao de normas no preferenciais de origem harmonizar adicionalmente as operaes alfandegrias em todo o mundo.

A Prxima Etapa

A classificao, avaliao e normas de origem para mercadorias so ferramentas fundamentais e necessrias para atingir a harmonizao e facilitao do comrcio internacional. Entretanto, o movimento de mercadorias alm-fronteiras tambm envolve os procedimentos a que as mercadorias esto submetidas. Reconhece-se amplamente que procedimentos alfandegrios divergentes, desatualizados e ineficientes constituem-se em barreira no tarifria ao comrcio internacional. Ele no s podem obstruir a movimentao de bens alm fronteiras, mas tambm incorrer em custos adicionais para o comrcio. As empresas vm expressando regularmente sua insatisfao sobre a falta de padronizao internacional dos procedimentos alfandegrios. Essa padronizao , portanto, da maior importncia para atingir a harmonizao total.

A Conveno Revisada de Kyoto

A OMA desenvolveu a Conveno Internacional sobre a Simplificao e Harmonizao de Procedimentos Alfandegrios (freqentemente denominada Conveno Alfandegria de Kyoto) em 1973 para simplificar e harmonizar procedimentos alfandegrios nacionais divergentes. Esta conveno contm os princpios fundamentais, cuja maioria vlida ainda hoje, que cobrem o espectro total dos procedimentos alfandegrios. A OMA completou abrangente reviso da conveno e a adotou em junho de 1999. A Conveno revisada de Kyoto fornece o projeto de procedimentos alfandegrios modernos e simplificados para o sculo XXI.

A reviso incorporou os princpios centrais e conceitos modernos que aumentariam a eficincia da alfndega na liberao de mercadorias sem comprometer o controle alfandegrio. Ela exige, entre outras coisas, harmonizao, padronizao, simplificao, velocidade, tratamento igualitrio, transparncia, previsibilidade, consultas ao comrcio e procedimentos independentes de apelao. O uso da tecnologia de informao e tcnicas de gerenciamento de riscos, incluindo controles com base em auditoria, foram integrados e projetados para assegurar que uma administrao alfandegria seja capaz de assegurar total cumprimento com as leis nacionais, permitindo que a vasta maioria de comrcio legtimo cruze fronteiras sem obstrues.

Acima de tudo, as disposies alfandegrias centrais foram feitas obrigando as partes contratantes e fomentando maior grau de harmonizao internacional dos procedimentos alfandegrios.

Um passo substancial adiante na harmonizao alfandegria ser atingido quando a Conveno revisada de Kyoto entrar em vigor. Isso ocorrer assim que 40 das atuais 61 partes contratantes aceitem o Protocolo de Alterao da Conveno.

reas de Harmonizao Futura

A iniciativa de harmonizao de dados dos principais pases industrializados do Grupo dos Sete (G-7) para desenvolver um conjunto nico e padro de exigncias de dados alfandegrios para o comrcio internacional est perto de ser completado. Os conceitos bsicos por trs da iniciativa incluem a informao eletrnica; exigncias de dados reduzidos, harmonizados e padronizados para a chegada de mercadorias, importao e exportao; uma janela nica para atender a todas as exigncias reguladoras; e exigncias alinhadas de exportao e importao para permitir o intercmbio contnuo de dados.

A OMA est participando ativamente desse trabalho e dos desenvolvimentos de mensagens tcnicas. A OMA e o G-7 esperam que esses desenvolvimentos venham a ser aceitos e implementados pelos servios alfandegrios de todo o mundo.

Direito Aduaneiro Devido s especificidades de princpios e normas relativas ao comrcio exterior, alguns autores argumentam sobre a existncia de um Direito Aduaneiro.

Tal ramo do direito, que no bastante exercido no Brasil, foi bem definido por Jos Lence Carluci : Na esteira de Idelfonso Snchez Gonzlez podemos conceituar o Direito Aduaneiro como o conjunto de normas e princpios que disciplinam juridicamente a poltica aduaneira, entendida esta como a interveno pblica no intercmbio internacional de mercadorias e que constitui um sistema de controle e de limitaes com fins pblicos.

O objetivo deste ramo do Direito seria disciplinar os controles de ingressos e sadas de veculos, pessoas e mercadorias, em harmonia com os tratados internacionais e, ainda, atendendo aos interesses ptrios de interveno na poltica de comrcio exterior.

Juridicamente, seria composto pelo conjunto de normas internas aplicveis s importaes e exportaes, assim como pelos tratados internacionais sobre comrcio exterior. Neste sentido, apresenta uma ambivalncia entre normas internas e internacionais.

Roosevelt Baldomir Sosa, citando Eduardo Raposo de Medeiros, lembra: Uma questo est fora de dvida; o Direito Aduaneiro no tem nada a ver com o Direito Fiscal, quer pelo seu prprio contorno conceitual, quer pela especificidade da ao em funo dos regimes mais diversos devido a espaos econmicos, aos tipos de acordos internacionais, a procedimentos normalizados ou simplificados de facilitao do comrcio externo, a suportes documentais de declarao das mercadorias, etc. Por outras palavras, o Direito Aduaneiro tem particularidades tcnicas e econmicas susceptveis de considerar os seus mecanismos jurdicos de interveno no comrcio internacional, como um conjunto parte, com uma tcnica e originalidades independentes do Direito Fiscal, e com uma terminologia prpria. Da espraiar-se pela nomenclatura pautal em conexo com questes da taxao em eventuais alternativas de aplicao dos regimes geral ou preferenciais, passando pelos regimes suspensivos de contedo econmico das mercadorias e regime aduaneiro dos meios de transporte, e terminando no contencioso aduaneiro.

Diante do exposto fica claro que os direitos exercidos por um pas na poltica de comrcio exterior so, na maioria das vezes, direitos aduaneiros. o caso, por exemplo, dos direitos antidumping e compensatrio.

Supondo a existncia de tal ramo do direito, devemos delimitar suas vertentes. Ainda segundo Roosevelt, as vertentes que contribuem para a formao do Direito Aduaneiro seriam: Direito Interno: Regime legal das operaes de Comrcio Exterior (controle administrativo); Regime cambirio sobre pagamentos e recebimentos das operaes de Comrcio Exterior (controle do valor aduaneiro); Regimes fiscal e de controle aduaneiro sobre pessoas que demandam ou saem do territrio aduaneiro e, principalmente, sobre os fluxos de transporte e de mercadorias, objeto de operaes de Comrcio Exterior, inclusive ingressos temporrios; Regime legal de combate s contravenes em matrias alfandegria e penal.

Direito Internacional: Acordos sobre tarifao (tributao das mercadorias, objeto do Comrcio Exterior); Acordos sobre certificao de origem das mercadorias; Acordos sobre valorao de mercadorias; Acordos sobre classificao de mercadorias; Acordos de cooperao internacional em matria aduaneira.

Devido a sua forte caracterstica internacional, o Direito Aduaneiro tem uma tendncia natural de universalizar-se, ou seja, de produzir normas, cujo principal objetivo seja harmonizar procedimentos em nvel mundial do comrcio exterior.

No Brasil, tal ramo do direito no reconhecido como autnomo, como o ressaltado anteriormente, e para muitos considerado um sub-ramo do Direito Tributrio. Este no reconhecimento leva a um conflito de competncias (Ministrio da Fazenda, Ministrio do Desenvolvimento, Indstria e Comrcio Exterior e Ministrio das Relaes Exteriores), o que contribui para a ineficcia de polticas no setor.

Independentemente do reconhecimento no Brasil da existncia do direito aduaneiro como um ramo autnomo existem poucos profissionais qualificados para assuntos aduaneiros.

Na imensa maioria dos casos os profissionais que atuam no setor so especialistas em outras reas dificultando excessivamente o entendimento das regras de comrcio exterior e, principalmente, da problemtica aduaneira.

Diante do exposto fcil constatar que o pas carece, tanto no setor pblico, como no privado, de uma estrutura de pessoal adequada para o ingresso no mercado global proporcionado pela abertura econmica dos ltimos anos.

Sem um corpo tcnico especializado razovel supor que o pas enfrentar dificuldades em matrias aduaneiras e em disputas comerciais internacionais. O ensino do Direito Aduaneiro seja nas Universidades seja em outras instituies uma necessidade para o bom desempenho externo.

Concluso

Os sistemas modernos de produo e entrega dos dias de hoje, relacionados com as novas formas de comrcio eletrnico, tornam a liberao alfandegria rpida e previsvel um importante pr-requisito para a prosperidade nacional. Com os sistemas internacionais de comrcio e transporte em constante crescimento, a emergncia de novos padres e prticas comerciais, e com as exigncias da era eletrnica, as administraes alfandegrias necessitam replanejar seus procedimentos de liberao para atender a esses desafios.

Hoje e no futuro, as administraes alfandegrias necessitam harmonizar suas operaes para permitir que o comrcio internacional floresa e cumpra de melhor forma com suas misses. A ampla aplicao dos princpios contidos nos diversos instrumentos existentes a forma mais realista de cumprir com este propsito. O comrcio e o transporte necessitam encorajar os governos a adentrarem no futuro atravs da modernizao dos mtodos alfandegrios atuais e da preparao para as oportunidades futuras, sem que procedimentos arcaicos e injustos sejam utilizados, prejudicando o crescimento dos pases em fase de desenvolvimento, como por exemplo, o Brasil.

Recentemente, nos presenciamos a negociao brasileira com os Estados Unidos, com relao a dificuldade encontrada pelo nossos produtores de suco de laranja, ao ingressar no mercado americano. Neste caso, existe uma proteo indireta aos produtores da Flrida, pois cada tonelada de suco de laranja concentrado e congelado que adentra no mercado americano, obrigatoriamente, passvel de um imposto aduaneiro de 40 dlares, que se for multiplicado pela quantidade ingressada, chega perto de um bilho de dlares, e esta pomposa quantia nica e exclusivamente destinada a incrementao do setor ctrico na Flrida. Em outras palavras, se trata de pratica abusiva e protecionista a produtores locais.

So estes e outros exemplos que reforam a necessidade urgente de uma uniformizao dos procedimentos e regras alfandegrias para que todos tenham direitos iguais na pratica do comrcio internacional, proporcionando ao pases em fase de desenvolvimento, a chance de aumentar, estabilizar e fortalecer a sua economia, levando o pas prosperidade e ao crescimento financeiro.

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