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A EXPERIÊNCIA DOS PROJETOS DE EXTENSÃO DO CURSO DE SERVIÇO
SOCIAL DO CENTRO UNIVERSITÁRIO DE FORMIGA
Neliane Aparecida Silva1
Nelma Ferreira da Silva2
Nirlanda Glicéia Gomes de Souza3
RESUMO:
A extensão universitária, juntamente com o ensino e a pesquisa compõem o tripé que
constitui o eixo fundamental do ensino superior no Brasil. Sob essa perspectiva,
considera-se que os projetos de extensão contribuem para o cumprimento das propostas
das instituições de ensino superior, que além de formar profissionais capacitados para o
mercado de trabalho, firmam um compromisso com a sociedade. Inserido nessa
conjuntura, o Serviço Social tem se destacado em vários projetos de extensão
universitária. Assim, o presente estudo apresenta um relato de experiência profissional e
de estágio supervisionado nos projetos de extensão do curso de serviço social do Centro
Universitário de Formiga.
Palavras-Chave: Estágio Supervisionado, Extensão Universitária, Serviço Social.
1 Assistente Social, mestre em ciências (programa enfermagem psiquiátrica) pela USP - campus de
Ribeirão Preto – SP, especialista em gestão social e trabalho profissional pela UEMG – Campus de
Passos, supervisora educacional e docente do Centro Universitário de Formiga (UNIFOR – MG)
2 Graduada em Serviço Social pelo Centro Universitário de Formiga – UNIFOR/MG. Especialista em
Instrumentalidade do Serviço Social pela Faculdade de Educação da Serra de Espírito Santo/ES.
Supervisora de Estágio do Projeto de Extensão Serviço Social em Comunidade pelo Centro Universitário
de Formiga - UNIFOR/MG
3 Graduada em Serviço Social pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais – Nucléo BH.
Especialista em Gestão de Políticas Sociais e Gestão do SUAS pela Faculdade Pitágoras. Docente do Centro Universitário de Formiga e Assistente Social da Secretária de Assistência Social do Município de Pimenta – MG.
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I - INTRODUÇÃO
Os Projetos de Extensão Universitária traduzem um processo educativo,
científico e cultural que busca articular o ensino, a pesquisa e a extensão de forma
indissociável e ainda viabiliza a relação transformadora entre a Instituição de Ensino
Superior (IES), a sociedade e a comunidade local.
Em conformidade com o Plano Nacional de Extensão Universitária do ano de
2000, a extensão tornou-se um tema de discussões relevantes no final da década de
1980, tendo em vista o contexto de abertura política do país e o compromisso das
Instituições de Ensino Superior com a população.
A extensão universitária vem reafirmar o compromisso social da universidade na
inserção de ações para a promoção e garantia dos valores e direitos de igualdade e
desenvolvimento social, se colocando como uma prática acadêmica que busca interligar
a universidade em suas atividades de ensino e pesquisa com as demandas da sociedade.
Ressalta-se também que a extensão universitária é fundamental para garantir a
missão social da universidade na formação de cidadãos comprometidos com a sociedade
em que vivem, e profissionais capacitados a promover um diálogo construtivo dos
saberes populares com os conhecimentos técnicos e científicos, buscando valorizar a
diversidade sócio-cultural do país e a utilização dos serviços ofertados pela Instituição
de Ensino Superior (IES).
Assim, pode-se destacar que os estudos sobre as características e importância
dos projetos de extensão ofertados pelas IES objetivam compreender as potencialidades
de suas características agregadoras e emancipadoras para a comunidade e alunos
envolvidos neste processo.
Dentro desse contexto, o presente artigo objetiva apresentar a experiência de três
projetos de Extensão do Centro Universitário de Formiga – UNIFOR MG com enfoque
nas atividades desenvolvidas pelo serviço social, que em linhas gerais, tem contribuído
para a expansão do conhecimento e estreitamento de laços com a comunidade
formiguense e seu entorno.
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II - APARATO CRÍTICO
O Centro Universitário de Formiga (UNIFOR-MG) possui como principal
missão contribuir com o desenvolvimento regional através das relações com o saber,
formando cidadãos éticos e de competências múltiplas, que busquem soluções criativas,
fomentando a pesquisa e o desenvolvimento através da interação com a comunidade,
promovendo assim, o crescimento e a melhoria da qualidade de vida da população da
região do Centro Oeste Mineiro (CENTRO UNIVERSITÁRIO DE FORMIGA –
UNIFOR-MG).
Cumprindo seu papel de instituição socialmente responsável, nessa perspectiva,
o Centro Universitário oferece à população de Formiga e região, diversos serviços.
Aliado a estes serviços, o Curso de Serviço Social possui um grande diferencial que é a
oferta de oportunidade de Estágio Supervisionado em 03 (três) projetos de extensão nas
seguintes áreas: Serviço Social em Comunidade, Núcleo de Práticas Jurídicas e Clínica
Escola de Saúde.
Esses projetos de extensão, possuem características e particularidades diferentes,
porém partilham de um objetivo comum, que é o desenvolvimento de ações que
contribuem para o acesso aos direitos sociais e o protagonismo das classes subalternas
do município, possibilitando aos alunos a aproximação com as diferentes manifestações
da questão social.
Ressalta-se também que o curso de Serviço Social do Centro Universitário de
Formiga-UNIFOR-MG vem cumprindo o que está previsto pelas legislações que
orientam o processo de formação profissional. Dentre elas, é importante destacar as
recomendações da XXVIII Convenção da ABEPSS (Associação Brasileira de Ensino e
Pesquisa em Serviço Social), de 1993, bem como às determinações da Resolução
CNE/CES 15/2002 que instituem as Diretrizes Curriculares para o curso de Serviço
Social.
Essas legislações são consideradas importantes, tendo em vista que enfatizam
que no processo de formação acadêmica do estudante de Serviço Social, faz-se
necessário a indissociabilidade das dimensões de ensino, pesquisa e extensão, elementos
esses que contribuem com a formação crítica do estudante e a construção da identidade
profissional.
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Salienta-se ainda, que o Projeto Político Pedagógico do curso, encontra-se em
sintonia com a Política Nacional de Estágio da Associação Brasileira de Ensino e
Pesquisa em Serviço Social - ABEPSS, a qual apresenta elementos importantes que
contribuem para o fortalecimento da dimensão ética e política da profissão.
É importante reafirmar que o estágio é um instrumento fundamental na formação
da análise crítica e da capacidade interventiva, propositiva e investigativa do(a)
estudante, que precisa apreender os elementos concretos que constituem a realidade
social capitalista e suas contradições, de modo a intervir, posteriormente como
profissional, nas diferentes expressões da questão social, que vem se agravando diante
do movimento mais recente de colapso mundial da economia, em sua fase financeira, e
de desregulamentação do trabalho e dos direitos sociais (POLITICA NACIONAL DE
ESTÁGIO DA ASSOCIAÇÃO DE ENSINO E PESQUISA EM SERVIÇO SOCIAL,
2010)
Diante desse contexto, o Curso de Serviço Social do Centro Universitário de
Formiga, tem direcionado os estudantes e supervisores de campo sobre o cumprimento
da legislação que orienta a supervisão direta de estágio que é atribuição privativa dos
assistentes sociais, de acordo com o explicitado no art. 2º da Resolução CFESS
533/2008.
A supervisão direta de estágio em Serviço Social é atividade privativa do
assistente social, em pleno gozo dos seus direitos profissionais,
devidamente inscrito no CRESS de sua área de ação, sendo denominado
supervisor de campo o assistente social da instituição campo de estágio e
supervisor acadêmico o assistente social professor da instituição de
ensino.
É nesse processo político-pedagógico que constitui-se um momento importante
de atenção às questões conjunturais que se apresentam também as problemáticas desta
etapa da formação profissional, tais como: a precarização nos campos de estágio e nas
instituições de ensino pela deficiência de recursos materiais, físicos e humanos, a bolsa-
estágio que muitas vezes não condiz com a realidade de estudantes-trabalhadores, a
massificação do processo de supervisão acadêmica pelo número excessivo de
estudantes, dentre outros. Porém, cabe destacar que esta situação perpassa por um
momento privilegiado para planejar estratégias de operacionalização do enfrentamento
dessa realidade.
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Mesmo frente a estes desafios, cabe ainda destacar que os projetos de extensão
mencionados encontra-se em consonância com os objetivos institucionais e resoluções
de estágio vigentes, e tem se comprometido com a formação de profissionais éticos e
capazes de repensar propostas de intervenção na perspectiva de construir uma outra
ordem societária.
Apresenta-se a seguir, o trabalho do assistente social nesses espaços sócio-
ocupacionais e as experiências de supervisão direta de estágio.
III - ARGUMENTAÇÃO E ANÁLISE
1. Serviço Social em Comunidade
A comunidade é um conceito muito importante para o desenvolvimento da
sociedade desde o nascimento da sociologia. Sua relevância permanece até a
contemporaneidade e o debate em torno de sua definição é contínuo (MOCELLIM,
2011)
O projeto de extensão em comunidade foi criado em 02 de agosto de 2010, com
o objetivo de coordenar, supervisionar, pesquisar e executar as atividades propostas do
estágio curricular obrigatório do curso de Serviço Social do Centro Universitário de
Formiga – UNIFOR /MG, que tem como sua unidade mantenedora a Fundação
Educacional Comunitária Formiguense.
A proposta deste projeto contempla a extensão acadêmica e a investigação
empírica, objetivando o estudo das expressões da questão social observadas nas
comunidades dos bairros periféricos do município de Formiga/MG, que prima por uma
maior aproximação com os moradores, a partir do conhecimento histórico da
comunidade, traçando o perfil desses moradores para compreender os diferentes níveis
econômico, social e cultural.
Partindo deste pressuposto, o projeto de extensão em comunidade caracteriza-se
como campo de estágio no ambiente acadêmico do curso de Serviço Social através do
conhecimento da realidade social dentro da comunidade, que tem como desafio
identificar as diversas expressões da questão social observadas na comunidade local.
Esse projeto de extensão em comunidade busca legitimar a interação entre os
sujeitos, os estudantes e o profissional de Serviço Social supervisor, devidamente
envolvidos num projeto coletivo e de interação interdisciplinar com outros cursos do
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centro universitário, com a rede socioassistencial do município e com a comunidade
local.
A atuação do Serviço Social nas comunidades periféricas perpassa por um
conjunto de procedimentos específicos e normas práticas, que cria os domínios tais
como, a realização de visitas domiciliares, entrevistas, elaboração de relatórios sociais,
estudo social dentre outros, além de levar informações importantes para a população
sobre o acesso aos direitos sociais previstos na Constituição Federal. Diante da
aplicação do conhecimento e do método científico, o projeto reproduz diversas
atividades e ações, algumas pontuais e outras de caráter continuado.
Percebe-se que o trabalho desenvolvido pelo Serviço Social através do projeto
de extensão em comunidade, viabiliza maior compreensão da realidade social dos
moradores quanto à atuação do assistente social de acordo com as técnicas utilizadas
neste processo de atividades. No decorrer das ações, acredita-se que a comunidade
possui uma resistência para as mudanças da realidade atual devido a infraestrutura do
bairro e a dificuldade de acesso aos serviços públicos básicos tais como saúde,
educação, lazer, transporte coletivo, segurança pública e pavimentação das ruas do
bairro.
É importante compreender que essa comunidade, possui singularidades sob o
ponto de vista da organização dos moradores. Na comunidade estudada, destaca-se que
as famílias encontram dificuldades para se organizar coletivamente com o objetivo de
reivindicar melhorias que contribuem para uma efetiva mudança na qualidade de vida.
2. Serviço Social no Núcleo de Práticas Jurídicas
Para a consolidação do projeto ético-político profissional, o Serviço Social
encontra desafios e possibilidades em todos os espaços sócio-ocupacionais. Destacando-
se aqui o campo sociojurídico, faz-se importante ressaltar que no decorrer do processo
histórico, a inserção do Serviço Social no campo sociojurídico teve sua expansão a
partir da promulgação da Constituição Federal de 1988, com a ampliação das funções da
Defensoria Púbica e do Ministério Público para a dimensão da garantia dos direitos e
ainda das políticas de segurança e assistência social.
O Serviço Social consolidou-se e ampliou sua atuação por meio da inserção
profissional nos Tribunais, nos Ministérios Públicos, nas Instituições de Cumprimento
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de Medidas Socioeducativas, nas Defensorias Públicas, nas Instituições de Acolhimento
Institucional, entre outras, como nos aponta Fávero (2003).
Assim, o Serviço Social no campo sociojurídico assume a missão de contribuir
para a garantia e a defesa dos direitos dos seus requerentes. Todavia, percebe-se que tais
espaços são organizações, de alguma forma vinculadas ao Estado para o
desenvolvimento de ações que requerem a aplicação e a execução de medidas que
decorrem dos aparatos civil e penalmente legais. Observa-se que estas organizações são
os espaços de exercício do controle social do Estado em relação à sociedade.
A proteção social brasileira, garantidas na Constituição Federal de 1988, se
constitui de importantes avanços e conquistas. Contudo, observa-se o embate entre a
efetivação das políticas sociais e as ações do Estado, que acaba transferindo suas
responsabilidades para o Poder Judiciário e a própria sociedade.
O embate entre a efetivação das políticas sociais e a ação do Estado neoliberal
cria um fenômeno caracterizado pela “transferência, para o Poder Judiciário, da
responsabilidade de promover o enfrentamento à questão social, na perspectiva de
efetivação dos direitos humanos” (BORGIANNI, 2013, p. 47).
O Núcleo de Práticas Jurídicas do Centro Universitário de Formiga foi criado em
27 de abril de 2007, por meio da Resolução de nº 14/2007, com o intuito de oferecer um
conjunto de atividades, por meio das quais os estudantes do Curso de Direito e Serviço
Social do UNIFOR-MG tenham a oportunidade de desenvolver práticas jurídicas reais –
prestando serviços aos munícipes da Comarca de Formiga, que abrange os municípios
de Córrego Fundo e Pimenta. Destinado a coordenar, supervisionar e executar
atividades peculiares, ainda busca oferecer práticas jurídicas simuladas, com a
elaboração de peças processuais referentes às diversas fases de andamento dos
processos, por meio de elaboração de petições iniciais, recursos, entre outros (CENTRO
UNIVERSITÁRIO DE FORMIGA – UNIFOR-MG).
Destaca-se que o Núcleo de Práticas Jurídicas (NPJ) do UNIFOR permite a
prática da advocacia, sob o formato de estágio, supervisionada por advogados atuantes
que fazem parte do corpo docente da Instituição. Assim como o Curso de Direito, o
Serviço Social também supervisiona estagiários na realização do Estágio Curricular
Obrigatório.
Os serviços são ofertados à população que não dispõe de recursos econômicos
suficientes para assegurar as despesas com serviços advocatícios, após cadastro e
seleção. O NPJ fica localizado na entrada do Campus Universitário.
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O NPJ atende à demandas específicas, primando por Ações de Divórcio
Consensual e Litigioso; Ação de Alimentos – Execução, Revisional e Exoneração; Ação
de Investigação de Paternidade; Ação de Curatela; Ação de Guarda; Ação de
Regulamentação de Visitas; Ação de Retificação de Registro Civil; Ações Criminais;
Ação de Contestação; e Expedição de Alvarás.
No ano de 2009 foi selada uma parceria entre os Cursos de Direito e Serviço
Social que, como objetivo primeiro, visa contribuir para a defesa e garantia de direitos
daqueles que acessam os serviços ofertados pelo NPJ, para que estes tenham o
atendimento jurídico de forma gratuita, em consonância com os critérios estabelecidos
pela Instituição.
Dentre tais critérios para o atendimento, constam residir no município de
Formiga ou nos municípios atendidos pela Comarca de Formiga, renda familiar de até
dois (02) salários mínimos mensais, que possua um único imóvel onde resida com sua
família, ou que possua veículo automotivo com mais de dez (10) anos de uso, ou
motocicleta de até 150 cilindradas com mais de dois anos de uso, e ainda se faz
necessária a avaliação da real situação socioeconômica do grupo familiar e a emissão de
parecer técnico pelo Assistente Social responsável do NPJ.
Os serviços prestados pelo Serviço Social do Núcleo de Prática Jurídicas – NPJ,
consistem na realização de visitas domiciliares, entrevistas sociais, atendimentos ao
público, encaminhamentos diversos à rede socioassistencial do município e adjacências,
atividades internas, como elaboração do boletim de horas, arquivamento de prontuários,
leitura de textos pertinentes ao estágio, e ainda a elaboração de relatórios e a emissão de
pareceres técnicos, que possuem dinâmica de execução adotada previamente.
O Serviço Social do NPJ se traduz ainda, como um importante campo de estágio
para os discentes do Curso, sendo disponibilizadas duas vagas, concernentes à carga
horária do profissional que ali atua, de 20 horas semanais, respeitando e cumprindo as
determinações da Resolução CFESS nº 533/2008, que regulamenta a supervisão direta
de estágio em Serviço Social.
Vale destacar, que além destas, outras atividades são realizadas paralelamente,
como a realização de reuniões de equipe, a participação nos eventos institucionais, a
realização de visitas técnicas institucionais, realização de Seminários e do Fórum
Sociojurídico e outras.
No ano de 2015, teve início uma importante atividade com o objetivo de traçar o
perfil dos requerentes atendidos no NPJ. Partindo dos prontuários devidamente
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organizados e arquivados, foi feito um levantamento para totalizar o número de
atendimentos realizados nos anos de 2014 e 2015. Foram também quantificadas as
ações judiciais requeridas, as composições familiares, escolaridade, renda, benefícios,
gênero, idade, situação de moradia. Os dados levantados estão sendo analisados e serão
dispostos graficamente e apresentados à comunidade acadêmica.
3. Serviço Social na Clínica Escola de Saúde
De 1930 a 1945 ocorre o surgimento do Serviço Social no Brasil, porém a
expansão da profissão está associada ao término da segunda guerra mundial a partir de
1945 especificamente. Nesta mesma época, a ação profissional na saúde tornou-se o
setor que mais atraia os assistentes sociais (MATOS, BRAVO, 2009).
O Serviço Social marcou sua entrada na área da saúde através de trabalhos com
a comunidade, por meio de práticas educativas, visando a informação sobre condições
básicas de higiene da população em geral. Nos hospitais, essas práticas foram
consideradas higienistas, pois, muitas vezes, cabia ao profissional retirar pacientes das
ruas para trata-los nos hospitais e clínicas disponíveis na época. Em meados de 1980, o
trabalho com viés educativo se mostrava necessário, pois o Brasil era um país com
pouca escolaridade, com grande parte da população em condição de miséria e que
revelava desconhecer o próprio corpo (SODRÉ, 2010).
Na década de 90, com o aparato da Constituição Federal e da Lei n° 8.080, a
saúde, considerada direito de todos e dever do Estado, passa por significativas
transformações e os trabalhadores da área volta-se para a construção de bases mais
democráticas buscando a efetivação das propostas contidas nas legislações do Sistema
Único de Saúde (SUS) (BRAVO, 2009).
As resoluções n° 218 de 6 de março de 1.997 do Conselho Nacional de Saúde e
n° 383 de 29 de março de 1999 do Conselho Federal de Serviço Social (CFESS)
consideram o assistente social como profissional da saúde. Estas resoluções, juntamente
com as demais legislações da saúde vigentes no país tem aberto novos espaços de
discussões para uma atuação competente e crítica do serviço social na saúde
(MARTINELLI, 2011).
Assim, na atualidade, o assistente social compõe equipes de saúde da família, de
saúde mental, de apoio matricial, atua em hospitais públicos e privados, em unidades de
pronto atendimento, nas ouvidorias públicas de saúde e secretarias de saúde.
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Considera-se portanto, que ao longo dos anos, o campo da saúde em suas
diferentes configurações (pública, privada ou filantrópica) tem necessitado da atuação
do assistente social com vistas a garantir o direito ao acesso a serviços de qualidade e a
promoção da saúde enquanto premissa básica para a qualidade de vida.
Nesta perspectiva, o serviço social encontra-se inserido no serviço de saúde da
Clínica Escola de Saúde do Centro Universitário de Formiga (CLIFOR).
Inaugurada em 2009, a CLIFOR é um laboratório destinado ao atendimento das
demandas de fisioterapia de Formiga e região. Este serviço de saúde se tornou uma
importante referência no tratamento de pacientes com diversas patologias e tem se
destacado pela efetividade dos tratamentos prestados à comunidade (CENTRO
UNIVERSITÁRIO DE FORMIGA – UNIFOR-MG).
O projeto de extensão do curso de serviço social tem a proposta de contribuir
com as atividades desenvolvidas na clínica, pautando-se na busca de atendimentos mais
justos, humanizados e que levem em consideração os aspectos e necessidades dos
pacientes atendidos em sua totalidade. Atuando a partir de uma visão interdisciplinar, o
serviço social neste espaço, tem por objetivo principal contribuir para a defesa e
garantia dos direitos sociais dos usuários que acessam os serviços de saúde ofertados
pela clínica.
O campo se destaca por fomentar novas discussões e intervenções sobre a
atuação do assistente social na área da saúde, sendo um espaço privilegiado para o
aprofundamento da dimensão investigativa do Serviço Social, que possibilita a
construção de novos saberes e conhecimentos sob uma perspectiva interdisciplinar.
Cabe destacar que conforme Martinelli (2011) o compromisso com o
reconhecimento dos usuários da saúde como sujeitos de direito só é capaz de ser
reafirmado a partir de práticas profissionais sob esta perspectiva, que tem se revelado
uma importante estratégia quando se busca respostas mais abrangentes nos tratamentos
de saúde propostos.
No estágio supervisionado em serviço social os alunos e supervisora realizam
atividades como, avaliação social dos casos encaminhados para tratamento, grupos de
sala de espera, grupos para a terceira idade e grupo de saúde da mulher, levando em
consideração a resolução 533/2008 e os parâmetros para atuação do assistente social na
saúde.
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IV - CONCLUSÃO
A extensão universitária ofertada pelas instituições de ensino superior (IES)
integrada ao ensino e à pesquisa aproxima a universidade ao seu entorno e à
comunidade.
Além de cumprir uma missão social, a extensão universitária como produtora e
difusora de novos conhecimentos, tem se configurando como um novo espaço sócio-
ocupacional para o assistente social e consequentemente, subsidiado as atividades de
estágio supervisionado, momento em que o acadêmico busca uma formação mais
qualificada.
A aproximação do assistente social e estagiários com projetos de extensão,
favorece o processo ensino-aprendizagem e muitas vezes, a construção de uma visão
mais crítica da práxis profissional, pois esses projetos, por compreenderem uma
atividade-fim universitária, integrada ao ensino e à pesquisa fazem parte de uma
proposta de estágio mais complexa.
No que se refere aos projetos de extensão do curso de Serviço Social
apresentados nesse trabalho, os mesmos podem ser considerados espaços privilegiados
para o desenvolvimento da dimensão investigativa da profissão, pois os estagiários
inseridos nestes campos, conseguem verificar a articulação das dimensões teórico
metodológico, ético político e técnico operativo no exercício profissional do assistente
social.
Cabe destacar também que, por comportar diferentes áreas do saber, estes
espaços permite aos alunos a aproximação com a prática interdisciplinar, que na
contemporaneidade se mostra necessária para o Serviço Social, pois a maioria das
instituições empregadoras desse profissional desenvolvem suas atividades sob esta
perspectiva.
V - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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