Transcript
  • Instituto Politcnico de Tomar

    Escola Superior de Gesto de Tomar

    Catarina Isabel da Costa Batista

    A evoluo da contabilidade e o quotidiano

    num gabinete de contabilidade

    Relatrio de Estgio de Mestrado

    Orientado por:

    Doutor Antnio Anacleto Viegas Ferreira

    Instituto Politcnico de Tomar

    Relatrio de Estgio de Mestrado apresentado ao Instituto Politcnico de Tomar

    para cumprimento dos requisitos necessrios obteno do grau de Mestre em

    Auditoria e Anlise Financeira

  • Dedico este trabalho

    Aos meus pais.

  • DECLARAO

    Nome: Catarina Isabel da Costa Batista

    Endereo Eletrnico: [email protected]

    Ttulo do Relatrio de Estagio do Mestrado: A evoluo da contabilidade e o quotidiano

    num gabinete de contabilidade

    Orientador: Doutor Antnio Anacleto Viegas Ferreira

    Ano de Concluso: 2014

    Designao do Mestrado: Auditoria e Anlise Financeira

    DE ACORDO COM A LEGISLAO EM VIGOR, NO PERMITIDA A

    REPRODUO DE QUALQUER PARTE DESTA RELATRIO.

    Instituto Politcnico de Tomar, 2014/10/31

    Assinatura:__________________________________________________

  • RESUMO

    O presente relatrio tem por base um estgio curricular, cujo principal objetivo aplicar e

    consolidar conhecimentos adquiridos ao longo do meu percurso acadmico a situaes

    prticas num contexto laboral. Tendo o mesmo sido realizado no mbito do Mestrado em

    Auditoria e Anlise Financeira no Instituto Politcnico de Tomar, que decorreu na empresa

    Barquiconta Contabilidade e Gesto, Lda., com sede em Vila Nova da Barquinha e cuja

    atividade principal a prestao de servios de contabilidade, gesto e consultoria e que se

    realizou na filial de Tomar, no perodo que decorreu de abril de 2014 a setembro do

    mesmo ano.

    Assim, no presente relatrio, feita uma introduo onde descrita a entidade acolhedora,

    o motivo da escolha da modalidade de estgio, assim como o objetivo geral do estgio mas

    tambm os objetivos especficos do mesmo e ainda a forma como est estruturado o

    relatrio de estgio. Seguidamente ser apresentada uma reviso de literatura onde

    evidenciada a origem e evoluo do conceito da contabilidade e da sua profisso.

    Posteriormente ser apresentado um estudo do setor da atividade de contabilidade, assim

    como a entidade acolhedora. Em seguida ser feita referncia metodologia utilizada no

    trabalho de campo.

    Posteriormente sero descritas as tarefas desenvolvidas ao longo do estgio,

    nomeadamente a organizao e processo de contabilizao de documentos, as prticas de

    controlo interno, sendo ainda feita referncia s principais obrigaes fiscais e no fiscais,

    mas tambm s operaes de fim de exerccio, sendo seguidamente apresentada uma

    anlise crtica s tarefas desenvolvidas. Por ltimo nas concluses sero apresentadas as

    principais concluses deste estgio, assim como as limitaes encontradas no decorrer do

    estgio e ao longo da realizao do relatrio sobre o mesmo.

    Palavras Chave: Contabilidade, Obrigaes, Prticas contabilsticas.

  • ABSTRACT

    The present report is based on a curricular internship whose purpose is to consolidate and

    apply the knowledge acquired throughout my academic path to practical situations in a

    work context. Having been conducted under the Master in Audit and Financial Analysis at

    the Polytechnic Institute of Tomar, which was held in the enterprise Barquiconta

    Contabilidade e Gesto, Lda., headquartered in Vila Nova da Barquinha whose principal

    activity is the provision of accounting services, management and consulting, and held the

    branch of Tomar in the period which took place from April 2014 to September of the same

    year.

    Thus in this report is an introduction which describes the hosting organization, the reason

    for the choice of modality of internship, as well as the overall goal of the internship but

    also the specific objectives of the same and even the way the internship report is structured.

    Then a literature review which highlights the origin and evolution of the concept of

    accounting and its profession will be presented. Subsequently a study of the activity of the

    accounting industry will be presented, as well as for the hosting organization. Following, a

    reference to methodology used in the field work will be made.

    Afterwards tasks developed during the internship will be described, including the

    organization and document accounting process, the practices of internal control, and

    making reference to the main fiscal and non-fiscal obligations, but also the year-end

    operations, and then presented a critical analysis of the developed tasks. Finally in the

    conclusions are presented the main conclusions of this internship, as well as the limitations

    encountered during the internship and throughout the completion of the report on the same.

    Keywords: Accounting, Obligations, Accounting practices.

  • AGRADECIMENTOS

    O presente relatrio constitui o final de uma etapa muito importante da minha vida e marca a despedida do meu percurso acadmico. Como tal, no podia deixar de agradecer s pessoas que me apoiaram e que contriburam para o meu crescimento pessoal e profissional ao longo de todo o meu percurso acadmico e que conquistaram a minha admirao e me transmitiram os seus conhecimentos, tratando-me com respeito e amizade. Assim, uma enorme gratido e os meus mais sinceros agradecimentos:

    A todos os docentes que ao longo do meu percurso acadmico contriburam para a minha formao acadmica e pessoal.

    Aos scios da Barquiconta, Contabilidade e Gesto Lda., nomeadamente ao Doutor Antnio Ferreira e Sr. Nereida Ferreira, que me receberam da melhor forma e a todos os colaboradores da empresa pela forma como me acolheram e por todo o apoio, ajuda e cooperao que me deram durante o perodo do estgio.

    Ao Doutor Antnio Ferreira, na qualidade de orientador do Instituto Politcnico de Tomar, que desde o incio se mostrou disponvel para colaborar no progresso e desenvolvimento dos meus conhecimentos.

    Dra. Ana Canaverde, na qualidade orientadora de estgio na Barquiconta, Lda., pelo apoio, disponibilidade, dedicao, profissionalismo e transmisso de conhecimentos no decorrer de todo o estgio.

    Agradeo igualmente ao Doutor Jorge Simes docente da Escola Superior de Gesto de Tomar, pelo acompanhamento e disponibilidade prestados.

    Aos meus amigos, que sempre me incentivaram e ajudaram ao longo deste percurso acadmico, por todo o apoio prestado, um muito obrigado por me ajudarem a crescer e a tornar-me no que sou hoje.

    Um especial agradecimento aos meus pais, por toda a dedicao, esforo e colaborao e por todo o apoio e motivao que me deram durante a minha vida acadmica. Ao meu irmo, que juntamente com os meus pais sempre me apoiou. A toda a minha famlia que sempre acreditou em mim, me apoiou e me deu fora para continuar.

    Aos colegas de mestrado, especialmente Raquel, ao Pedro e Sandra que sempre me apoiaram e que no me deixaram desistir, fazendo-me acreditar e dando-me fora para continuar, muitas vezes com um abrao ou com um simples sorriso.

    No poderia terminar sem agradecer a algum muito especial, por tudo o que fez por mim e a quem retirei bastante tempo, mas que sempre me deu um apoio incondicional, fora, motivao e mostrou absoluta compreenso e cooperao, e que contribuiu para o sucesso deste meu percurso acadmico.

    A todos o meu muito obrigado!

  • XV

    A evoluo da contabilidade e o quotidiano num gabinete de contabilidade

    ndice

    ndice de Figuras ............................................................................................................ XIX

    ndice de Grficos ........................................................................................................... XXI

    Lista de Abreviaturas e Siglas .................................................................................... XXIII

    1. Introduo ....................................................................................................................... 1

    1.1. Enquadramento e descrio do local de estgio ........................................................... 1

    1.2. Justificao da escolha da modalidade de estgio........................................................ 1

    1.3. Objetivo Geral .............................................................................................................. 2

    1.4. Objetivos Especficos ................................................................................................... 2

    1.5. Estrutura do Relatrio de Estgio ................................................................................ 2

    2. Reviso de Literatura ..................................................................................................... 5

    2.1. Introduo .................................................................................................................... 5

    2.2. Origem, evoluo do conceito e objetivos da contabilidade ........................................ 6

    2.3. Evoluo da contabilidade e da sua profisso ............................................................ 14

    2.4. Sntese ........................................................................................................................ 26

    3. Estudo do Setor ............................................................................................................. 29

    3.1. Introduo .................................................................................................................. 29

    3.2. Setor das Atividades de contabilidade e auditoria, consultoria fiscal .................... 30

    3.3. Barquiconta Contabilidade e Gesto, Lda. .............................................................. 40

    3.3.1. Misso e Viso ...................................................................................................... 41

    3.3.2. Organigrama .......................................................................................................... 42

    3.3.3. Servios ................................................................................................................. 42

    3.4. Sntese ........................................................................................................................ 45

    4. Metodologia ................................................................................................................... 47

    4.1. Introduo .................................................................................................................. 47

    4.2. Mtodo de investigao.............................................................................................. 48

    4.3. Sntese ........................................................................................................................ 50

  • XVI

    A evoluo da contabilidade e o quotidiano num gabinete de contabilidade

    5. Tarefas desenvolvidas ................................................................................................... 51

    5.1. Introduo ................................................................................................................... 51

    5.2. Organizao e processo de contabilizao de documentos ........................................ 52

    5.2.1. Receo e seleo .................................................................................................. 52

    5.2.2. Arquivo ................................................................................................................. 53

    5.2.3. Classificao ......................................................................................................... 55

    5.2.4. Lanamento ........................................................................................................... 56

    5.3. Prticas de controlo interno ........................................................................................ 58

    5.4. Obrigaes fiscais ....................................................................................................... 60

    5.4.1. Imposto sobre o Valor Acrescentado (IVA) ......................................................... 61

    5.4.2. Declarao Anual/ IES .......................................................................................... 66

    5.4.3. Imposto sobre o Rendimentos das Pessoas Coletivas (IRC) ................................. 68

    5.4.4. Imposto sobre o Rendimentos das Pessoas Singulares (IRS) ............................... 71

    5.5. Obrigaes no fiscais ................................................................................................ 73

    5.5.1. Contribuies para a Segurana Social ................................................................. 74

    5.5.2. Fundos de compensao do trabalho .................................................................... 76

    5.5.3. Relatrio nico ...................................................................................................... 77

    5.6. Operaes de fim de exerccio .................................................................................... 78

    5.6.1. Encerramento de contas e apuramento do resultado contabilstico ...................... 79

    5.6.2. Elaborao das demonstraes financeiras ........................................................... 80

    5.6.3. Prestao de contas ............................................................................................... 81

    5.6.4. Relatrio de gesto ................................................................................................ 81

    5.6.5. Dossi fiscal .......................................................................................................... 82

    5.7. Sntese ......................................................................................................................... 84

    6. Anlise Crtica ............................................................................................................... 87

    6.1. Introduo ................................................................................................................... 87

  • XVII

    A evoluo da contabilidade e o quotidiano num gabinete de contabilidade

    6.2. Organizao e processo de contabilizao de documentos ........................................ 88

    6.3. Prticas de controlo interno ........................................................................................ 88

    6.4. Obrigaes fiscais ...................................................................................................... 89

    6.5. Obrigaes no fiscais................................................................................................ 89

    6.6. Operaes de fim de exerccio ................................................................................... 89

    6.7. Sntese ........................................................................................................................ 91

    7. Concluso ....................................................................................................................... 93

    7.1. Principais concluses ................................................................................................. 93

    7.2. Limitaes .................................................................................................................. 95

    Bibliografia ......................................................................................................................... 97

    Anexos ............................................................................................................................... 101

    Anexo 1 ........................................................................................................................... 103

    Anexo 2 ........................................................................................................................... 104

    Anexo 3 ........................................................................................................................... 106

    Anexo 4 ........................................................................................................................... 107

    Anexo 5 ........................................................................................................................... 108

    Anexo 6 ........................................................................................................................... 109

    Anexo 7 ........................................................................................................................... 110

    Anexo 8 ........................................................................................................................... 111

  • XIX

    A evoluo da contabilidade e o quotidiano num gabinete de contabilidade

    ndice de Figuras

    Figura 1 Organigrama da Barquiconta Contabilidade e Gesto, Lda. .......................... 42

    Figura 2 Lanamentos Contabilsticos ............................................................................. 57

    Figura 3 Esquemas da passagem do saldo do extrato de conta do banco para o saldo do

    extrato bancrio e vice-versa................................................................................................ 60

    Figura 4 Taxas de IVA aplicadas em Portugal Continental ............................................. 64

    Figura 5 IES Anexo A quadro relativo demonstrao de resultados por naturezas 67

    Figura 6 Modelo 22 Folha de Rosto Q07 Apuramento do Lucro Tributvel ......... 69

    Figura 7 Modelo 3 Anexo A Rendimento de Trabalho Dependente e Penses......... 72

    Figura 8 Entrega do relatrio nico ................................................................................. 78

    Figura 9 Esquema sequencial das operaes de fim de exerccio ................................... 79

  • XXI

    A evoluo da contabilidade e o quotidiano num gabinete de contabilidade

    ndice de Grficos

    Grfico 1 Empresas existentes em Portugal, por seco e subclasse de atividade

    econmica, no ano de 2012, em percentagem ..................................................................... 30

    Grfico 2 Pessoal ao servio das empresas existentes em Portugal, por seco e

    subclasse de atividade econmica, no ano de 2012, em percentagem ................................. 31

    Grfico 3 Volume de negcios das empresas existentes em Portugal, por seco e

    subclasse de atividade econmica, no ano de 2012, em percentagem ................................. 32

    Grfico 4 Evoluo temporal do nmero de empresas e pessoal ao servio, em Portugal,

    na subclasse das Atividades de contabilidade e auditoria, consultoria fiscal ................... 33

    Grfico 5 Evoluo temporal do volume de negcios das empresas, em Portugal, na

    subclasse das Atividades de contabilidade e auditoria, consultoria fiscal........................ 34

    Grfico 6 Empresas existentes na subclasse das Atividades de contabilidade e auditoria,

    consultoria fiscal, por localizao geogrfica, no ano de 2012, em percentagem ............. 35

    Grfico 7 Pessoal ao servio das empresas existentes na subclasse das Atividades de

    contabilidade e auditoria, consultoria fiscal, por localizao geogrfica, no ano de 2012,

    em percentagem ................................................................................................................... 36

    Grfico 8 Volume de negcios das empresas existentes na subclasse das Atividades de

    contabilidade e auditoria, consultoria fiscal, por localizao geogrfica, no ano de 2012,

    em percentagem ................................................................................................................... 37

    Grfico 9 Evoluo temporal do nmero de empresas e pessoal ao servio, no Mdio

    Tejo, na subclasse das Atividades de contabilidade e auditoria, consultoria fiscal ......... 38

    Grfico 10 Evoluo temporal do volume de negcios das empresas, no Mdio Tejo, na

    subclasse das Atividades de contabilidade e auditoria, consultoria fiscal........................ 39

  • XXIII

    A evoluo da contabilidade e o quotidiano num gabinete de contabilidade

    Lista de Abreviaturas e Siglas

    AICPA American Institute of Certified Public Accountants

    APECA Associao Portuguesa das Empresas de Contabilidade e Administrao/

    Associao Portuguesa das Empresas de Contabilidade, Auditoria e Administrao

    APOTEC Associao Portuguesa dos Tcnicos de Contas/Associao Portuguesa dos

    Tcnicos de Contabilidade

    APPC Associao Portuguesa de Peritos Contabilistas

    ATOC Associao dos Tcnicos Oficiais de Contas

    CAE Classificao Portuguesa de Atividades Econmicas

    CEE Comunidade Econmica Europeia

    CHC Comisso da Histria da Contabilidade

    CIRS Cdigo do Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Singulares

    CIRC Cdigo do Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Coletivas

    CIVA Cdigo do Imposto sobre o Valor Acrescentado

    CMVMC Custo das Mercadorias Vendidas e Matrias Consumidas

    CNS Comisso de Normalizao Contabilstica

    CRCSPSS Cdigo dos Regimes Contributivos do Sistema Previdencial de Segurana

    Social

    CROC Cmara dos Revisores Oficiais de Contas

    CSC Cdigo das Sociedades Comerciais

    CTOC Cmara dos Tcnicos Oficiais de Contas

  • XXIV

    A evoluo da contabilidade e o quotidiano num gabinete de contabilidade

    DGO Direo Geral de Contribuies e Impostos

    FCT Fundo de Compensao do Trabalho

    FGCT Fundo de Garantia de Compensao do Trabalho

    GEE Gabinete de Estratgia e Estudo

    IAS Indexante dos Apoios Sociais

    IAS International Accounting Standard

    IASB International Accounting Standards Board

    IATOC Instituto para Apoio aos Tcnicos Oficiais de Contas

    IES Informao Empresarial Simplificada

    IFAC International Federation of Accountants

    IFRIC International Financial Reporting Interpretations Committee

    IFRS International Financial Reporting Standards

    IPC ndice de Preos do Consumidor

    LGT Lei Geral Tributria

    MTSSS Ministrios do Trabalho e da Solidariedade Social e da Sade

    NCRF Normas Contabilstica e de Relato Financeiro

    NCRF-PE Norma Contabilstica e de Relato Financeiro para Pequenas Entidades

    NI Normas Interpretativas

    NIC Normas Internacionais de Contabilidade

    NUTS Nomenclatura das Unidades Territoriais para Fins Estatsticos

    PEC Pagamento Especial por Conta

  • XXV

    A evoluo da contabilidade e o quotidiano num gabinete de contabilidade

    PIB Produto Interno Bruto

    PME Pequenas e Mdias Empresas

    POC Plano Oficial de Contabilidade

    PPC Pagamento Por Conta

    RITI Regime do IVA nas Transaes Intracomunitrias

    RLE Resultado Lquido do Exerccio

    RMMG Retribuio Mnima Mensal Garantida

    ROC Revisores Oficiais de Contas

    SAFT-PT Standard Audit File for Tax Purposes Portuguese Version

    SIC Standing Interpretations Committee

    SNC Sistema de Normalizao Contabilstica

    SNCGDP Sindicato Nacional dos Contabilistas e Guarda-livros do Distrito do Porto

    SPC Sociedade Portuguesa de Contabilidade

    TOC Tcnico Oficial de Contas

    UE Unio Europeia

  • 1

    A evoluo da contabilidade e o quotidiano num gabinete de contabilidade

    1. Introduo

    1.1. Enquadramento e descrio do local de estgio

    O Estgio Curricular do Mestrado em Contabilidade decorreu na Barquiconta

    Contabilidade e Gesto, Lda., tendo iniciado em abril de 2014 e terminado em setembro do

    mesmo ano. Esta empresa iniciou a sua atividade em maro de 2005 e como a prpria

    designao indica presta servios na rea da contabilidade e consultoria, mas tambm d

    apoio fiscal e gesto, sendo que recentemente apostou ainda no apoio jurdico aos seus

    clientes, atravs de uma parceria com um advogado reconhecido.

    A Barquiconta Contabilidade e Gesto, Lda., doravante designada apenas como

    Barquiconta, Lda., tem a sua sede em Vila Nova da Barquinha, na Rua do Tejo n. 36,

    junto Cmara Municipal e conta com um posto avanado tambm em Vila Nova da

    Barquinha e uma filial em Tomar, na qual foi realizada o estgio.

    Estando no mercado h cerca de dez anos, esta empresa dispe de um quadro de pessoal

    especializado e com uma vasta experincia, contando atualmente com trs tcnicos oficiais

    de contas, uma secretria administrativa e um tcnico de contabilidade, organizados por

    trs gabinetes, sendo um deles a sede, em Vila Nova da Barquinha, outro o posto avanado

    tambm em Vila Nova da Barquinha e o terceiro a filial de Tomar.

    1.2. Justificao da escolha da modalidade de estgio

    A escolha pela modalidade de estgio prendeu-se com o facto de no ter tido qualquer

    contacto com a realidade laboral, mas tambm por pretender consolidar conhecimentos

    adquiridos ao longo do meu percurso acadmico, bem como ter um contacto direto com a

    realidade profissional.

    A realizao deste estgio curricular trousse a possibilidade de adquirir competncias,

    conhecimentos e experincia da realidade laboral, o que me dar uma preparao para a

    insero no mercado de trabalho.

  • 2

    A evoluo da contabilidade e o quotidiano num gabinete de contabilidade

    No que concerne instituio de acolhimento, a escolha da mesma recaiu sobre a

    Barquiconta, Lda. devido localizao geogrfica da filial em Tomar, mas em grande parte

    ao reconhecimento que a mesma possui no mercado, mas tambm a experincia que a

    equipa tem acumulado ao longo de dez anos de trabalho nesta rea.

    1.3. Objetivo Geral

    Aplicar e consolidar conhecimentos adquiridos ao longo do meu percurso acadmico a

    situaes prticas num contexto laboral.

    1.4. Objetivos Especficos

    Os objetivos especficos que estavam previstos serem alcanados com a realizao deste

    estgio so:

    Seleo, arquivo e classificao de documentos;

    Lanamento dos documentos contabilsticos no respetivo programa de contabilidade;

    Processamento de vencimentos;

    Reconciliaes;

    Exerccio de encerramento do ano contabilstico;

    Preparao de demonstraes financeiras e respetivos anexos;

    Preparao de Informao Empresarial Simplificada (IES);

    Preparao do relatrio nico;

    Apuramento de Impostos (IVA, IRC, IRS).

    1.5. Estrutura do Relatrio de Estgio

    O relatrio de estgio encontra-se dividido em sete captulos, correspondendo o primeiro

    introduo, o segundo reviso de literatura, o terceiro ao estudo do setor, o quarto

    metodologia, o quinto s tarefas desenvolvidas, o sexto anlise crtica e por ltimo o

    stimo captulo que corresponde s concluses.

    No primeiro captulo, que corresponde introduo feito um enquadramento e descrio

    do local de estgio, assim como apresentada uma breve justificao da escolha da

  • 3

    A evoluo da contabilidade e o quotidiano num gabinete de contabilidade

    modalidade de estgio. Ainda neste captulo ser feita referncia ao objetivo geral do

    estgio mas tambm aos objetivos especficos do mesmo. Por ltimo neste captulo ser

    apresentada a estrutura do relatrio de estgio.

    O segundo captulo, que se refere reviso de literatura apresenta uma breve introduo

    dos temas que nele sero abordados, sendo eles a origem, evoluo do conceito e objetivos

    da contabilidade, assim como a evoluo da contabilidade e da sua profisso, sendo por

    fim apresentada uma breve sntese deste captulo.

    No terceiro captulo, que respeita ao estudo do setor, feita uma introduo aos temas nele

    abordados, que correspondem ao setor das atividades de contabilidade e auditoria,

    consultoria fiscal e empresa de acolhimento, sendo por ltimo apresentado um pequeno

    resumo sobre as ideias principais retiradas de captulo do estudo do setor.

    O quarto captulo, que se refere metodologia adotada no trabalho de campo contm uma

    breve introduo a este tema, sendo seguidamente feita referncia ao mtodo de

    investigao adotado e apresentada uma pequena sntese acerca deste captulo.

    No quinto captulo, que corresponde s tarefas desenvolvidas, feita uma curta introduo

    sobre as tarefas desenvolvidas, sendo elas a organizao e processo de contabilizao de

    documentos, a aplicao de prticas de controlo interno, sendo ainda feita referncia s

    principais obrigaes fiscais e no fiscais, mas tambm s operaes de fim de exerccio,

    terminando o captulo com uma breve sntese sobre o mesmo.

    O sexto captulo, que se refere anlise crtica, apresenta uma introduo sobre o mesmo,

    sendo seguidamente feita uma anlise crtica organizao e processo de contabilizao de

    documentos, s prticas de controlo interno adotadas pela entidade, assim como s

    principais obrigaes fiscais e no fiscais e ainda s operaes de fim de exerccio, sendo

    por ltimo apresentado um pequeno resumo sobre as principais crticas apresentadas neste

    captulo.

    No stimo e ltimo captulo, que respeita concluso so apresentadas as principais

    concluses, assim como as limitaes encontradas no decorrer do estgio e ao longo da

    realizao do relatrio sobre o mesmo.

  • 5

    A evoluo da contabilidade e o quotidiano num gabinete de contabilidade

    2. Reviso de Literatura

    2.1. Introduo

    O captulo da reviso de literatura aqui apresentado, que tem como objetivo dar a conhecer

    a contabilidade, composto pelo subcaptulo da introduo, pelo da origem, evoluo do

    conceito e objetivos da contabilidade seguido do subcaptulo da evoluo da contabilidade

    e da sua profisso, terminando o mesmo com uma breve sntese.

    No subcaptulo da introduo ser apresentada a forma como est organizado o captulo da

    reviso de literatura e feita uma pequena referncia aos assuntos abordados em cada um

    dos subcaptulos. J no subcaptulo da origem, evoluo do conceito e objetivos da

    contabilidade falar-se- da origem da contabilidade, sero apresentados alguns conceitos

    de contabilidade de diferentes perodos temporais, mas tambm indicados os objetivos da

    contabilidade em diferentes pocas.

    Neste subcaptulo apresentar-se- tambm as divises e tipos de contabilidade, sendo que,

    no que se refere s divises da contabilidade esta pode ser classificada como interna ou

    externa, e ainda como geral ou analtica, tendo em conta o perodo a que a relevao dos

    factos respeita pode tambm ser classificada como histrica ou previsional/oramental. No

    entanto alguns autores defendem que existem apenas duas grandes divises a da

    contabilidade financeira, geral ou externa e a da contabilidade de gesto, analtica de

    explorao ou interna.

    Os tipos de contabilidade esto diretamente relacionados com os titulares de rendimentos

    empresariais e profissionais, assim estes podem estar em termos fiscais, abrangidos por

    dois regimes de contabilidade, a contabilidade organizada e a contabilidade simplificada.

    No subcaptulo da evoluo da contabilidade e da sua profisso ser mostrada a evoluo

    da contabilidade e da profisso de contabilista desde 1755 at aos dias de hoje. Ser ainda

    feita referncia a importantes organizaes que marcaram no s a histria da

    contabilidade como tambm a profisso de contabilista. Por fim, no subcaptulo da sntese

    ser apresentado um breve resumo com as ideias chave a reter deste captulo da reviso de

    literatura.

  • 6

    A evoluo da contabilidade e o quotidiano num gabinete de contabilidade

    2.2. Origem, evoluo do conceito e objetivos da contabilidade

    Independentemente do ramo do conhecimento que pela sua evoluo tenha sido designado

    como cincia ou tcnica sempre difcil dar dele uma definio sinttica, pois por muito

    bem elaborada que esteja h sempre a probabilidade de que omita alguns aspetos

    caractersticos, visto estar-se perante uma realidade complexa (Alves & Costa, 2001).

    A contabilidade tem evoludo ao longo dos tempos, acompanhando a evoluo

    civilizacional, isto , o progresso social e principalmente o desenvolvimento econmico e

    tcnico. Segundo Chambers (1995) esta evoluo visvel no seu objeto, ou seja, no seu

    intuito, mas tambm no seu mtodo, nos instrumentos de trabalho e na conceo que dela

    se tem, estando alis relacionada com o facto de vrios autores de acordo com as pocas

    em que viveram considerarem sucessivamente a contabilidade como uma arte, uma

    tecnologia ou uma cincia.

    Incontestvel o facto da contabilidade ter sofrido um desenvolvimento significativo a

    partir de 1494, quando uma das figuras incontornveis da contabilidade, o frade

    franciscano Luca Pacioli publicou em Veneza, a 10 de novembro de 1494, uma

    enciclopdia matemtica intitulada por Summa de Arithmetica, Geometria, Proportioni et

    Proportionilita, onde est includo o Tratactus XI Particularis de Computis et

    Scripturis (Alves & Costa, 2001; Borges, Rodrigues & Rodrigues, 2010).

    Neste tratado descrito, pela primeira vez, a forma de escriturao das contas atravs do

    mtodo digrfico, das partidas dobradas, o qual utilizado ainda nos dias de hoje. No

    entanto segundo Machado (1998) h quem defenda que a primeira exposio sistemtica

    da teoria e prtica da escriturao digrfica, da autoria de Benko Krotruljic e ocorreu em

    1458.

    Uma ideia que importa clarificar refere-se distino entre Escriturao e Contabilidade.

    Enquanto a primeira trata essencialmente do registo dos dados de uma empresa, a segunda

    preocupa-se com a forma como so feitos os registos, a preparao e interpretao de

    relatrios baseados em dados registados, mas tambm com a mensurao dos ativos e

    passivos de uma empresa (Alves & Costa, 2001).

  • 7

    A evoluo da contabilidade e o quotidiano num gabinete de contabilidade

    Assim a contabilidade era entendia por muito autores como uma tcnica que tinha por

    finalidade descrever e registar as operaes que pudessem alterar a composio e o valor

    do patrimnio, definido este como um conjunto de meios ativos e passivos, colocados

    disposio da organizao para o cumprimento do seu objeto social. (Borges, Rodrigues

    & Morgado, 2004, p. 21).

    Porm outros entendiam ser a cincia fundamentada em mtodos, princpios, regras e

    critrios (Borges, Rodrigues & Morgado, 2004, p. 21).

    Este duplo entendimento do conceito de contabilidade confirmado pelo Professor

    Gonalves da Silva, que citado por Borges, Rodrigues & Morgado (2004, p. 21) distingue:

    A contabilidade, em strictu sensu, ou seja, a escriturao, uma tcnica de

    registo e de representao de todas as transformaes sofridas pelo patrimnio de

    qualquer entidade econmica durante o exerccio da sua atividade, de modo a

    saber em qualquer momento, a sua composio e o seu valor.

    A contabilidade, latu sensu, uma cincia dos processos descritivo-quantitativos

    utilizados na anlise, registo, interpretao e controlo dos factos de gesto. Visa

    quantificar tudo o que ocorre numa unidade econmica fornecendo,

    simultaneamente, dados para a tomada de decises da gesto.

    Concluem assim, Borges, Rodrigues & Morgado (2004), que ambos os entendimentos de

    contabilidade tiveram e tm acolhimento, consoante o objetivo que lhe dada.

    No entanto, segundo Borges, Rodrigues & Rodrigues (2010, p. 30), o American Institute of

    Certified Public Accountants (AICPA)1, definia nos anos 50, a contabilidade como o

    ato de registar, classificar e sumariar de uma forma organizada e em termos de unidades

    monetrias, as transaes e eventos que so, pelo menos em parte, de natureza financeira

    de forma que permita a sua interpretao subsequente.

    Duas dcadas depois a referida organizao passa a designar a contabilidade como uma

    atividade cuja funo a de fornecer informao quantitativa, em primeira instncia

    de natureza financeira, sobre entidades econmicas, que se assume como sendo til na 1 Fundado em 1887, representa os contabilistas pblicos certificados ao nvel americano, criando regras e estabelecendo normas.

  • 8

    A evoluo da contabilidade e o quotidiano num gabinete de contabilidade

    formulao de decises de natureza econmica (Borges, Rodrigues & Rodrigues,

    2010, p. 31).

    J Estes (1992) definia a Contabilidade como uma atividade que fornece informao,

    geralmente quantitativa, expressa em unidades monetrias, para a tomada de deciso,

    planeamento, controlo, avaliao de desempenho e relato financeiro a investidores,

    credores, autoridades reguladoras e ao pblico em geral.

    Aps o que foi referido anteriormente, depreende-se que a contabilidade evoluiu, pelo

    menos nos Estados Unidos da Amrica, passando de uma simples atividade de registo de

    acontecimentos para uma funo que d informao sistematizada de suporte tomada de

    deciso da gesto. Atualmente as questes que esto em cima da mesa j no passam

    pelo conceito de contabilidade, mas pela convergncia e a harmonizao internacional das

    normas e prticas contabilsticas.

    Segundo Alves & Costa (2001) e Borges, Rodrigues & Rodrigues (2010) a contabilidade

    tem vindo a ser, ao longo dos anos, considerada um sistema de informao essencial

    tomada de deciso, pois faz a ligao entre a fonte de informao, a organizao e os

    stakeholders, apesar de se ter de assumir como pressuposto que este sistema de informao

    est mais apto para quantificar e reportar a realidade econmico-financeira-patrimonial das

    organizaes.

    Importa ainda referir que esta realidade entendida e utilizada, ao mesmo tempo por

    diversos utilizadores independentemente do seu interesse na organizao (paradigma da

    utilidade), discutindo-se a existncia de uma contabilidade que se ajuste a todos os

    utilizadores em simultneo ou de uma que se adeque a cada um deles de acordo com os

    seus interesses (Borges, Rodrigues & Rodrigues, 2010).

    Como se mencionou anteriormente a contabilidade tem evoludo, sendo esta evoluo

    visvel na perceo que dela se tem e consequentemente no seu conceito, mas tambm no

    seu objeto, ou seja, no seu intuito, seno vejamos.

    Na sua origem a contabilidade tinha como objetivo colmatar as limitaes inerentes

    capacidade de memria do Homem e servir como meio de prova, acabando por se tornar

    gradualmente numa fonte de informao acerca da situao da organizao, assim como do

  • 9

    A evoluo da contabilidade e o quotidiano num gabinete de contabilidade

    desenvolvimento da sua atividade permitindo deste modo saber o seu resultado, se est a

    cumprir com as suas obrigaes e a fazer terceiros cumprir ou ainda qual o valor criado

    para o investidor (Alves & Costa, 2001; Borges, Rodrigues & Morgado, 2004).

    Segundo Borges, Rodrigues & Morgado (2004) a contabilidade foi, primeiramente,

    associada s empresas comerciais, tendo ganho maior importncia quando passou a ser

    utilizada nas empresas industriais. Apesar de compreendida apenas como uma tcnica de

    registo dos factos patrimoniais ocorridos, perspetiva que mantida atualmente, tem hoje

    objetivos mais ambiciosos e globais.

    Assim contabilidade reconhecida a sua capacidade de evidenciar a posio financeira

    da empresa, determinar os resultados da atividade e respetivo imposto a pagar, fornecer

    informao essencial gesto empresarial, em reas como o planeamento, a oramentao,

    o controlo e a tomada de decises, mas tambm proporcionar condies para o

    cumprimento de obrigaes legais e fiscais (Alves & Costa, 2001; Borges, Rodrigues &

    Morgado, 2004)

    Segundo Borges, Rodrigues & Morgado (2004) atualmente, s empresas no interessa

    somente o conhecimento da sua posio financeira, mas tambm se a adequada face aos

    seus objetivos atuais. O conhecimento dos resultados globais tambm j no suficiente,

    sendo assim necessrio entender qual o contributo de cada produto, mercado ou atividade

    para este resultado, o que contribui para uma melhor tomada de decises.

    Verifica-se ento que a contabilidade no se resume a recordar o passado e a conhecer o

    presente, sendo fundamental para projetar o futuro, planear a atividade e definir objetivos.

    Assim a contabilidade indispensvel no apoio ao estabelecimento de objetivos e no

    acompanhamento do alcance dos mesmos, estando estes objetivos diretamente

    relacionados com os diversos ramos da contabilidade (Alves & Costa, 2001; Borges,

    Rodrigues & Morgado, 2004).

    A contabilidade, como se referiu anteriormente tem como objetivo ser uma fonte de

    informao, para tal necessrio quantificar o que ocorre numa organizao, mas para isso

    essencial o estabelecimento de critrios fundamentais classificao dos diversos

    acontecimentos. Estes acontecimentos resultam da sua relao com o meio envolvente,

  • 10

    A evoluo da contabilidade e o quotidiano num gabinete de contabilidade

    visto que uma organizao no pode desenvolver a sua atividade de forma isolada, mas em

    contnua relao com o meio exterior, nomeadamente com clientes, fornecedores a quem,

    respetivamente, vende e adquire bens ou servios necessrios sua atividade, mas tambm

    com o Estado que define as normas jurdicas ou os investidores que apostam no

    desenvolvimento da organizao.

    No entanto as organizaes no se relacionam apenas com o meio externo, mas tambm

    com o meio interno, que por sua vez se relaciona com a forma como a empresa est

    organizada de modo a desenvolver a sua atividade.

    Aps o referido e de acordo com Borges, Rodrigues & Morgado (2004) pode ser

    distinguida a contabilidade externa da interna, correspondendo a primeira ao registo das

    operaes externas que respeitam organizao no seu todo e que so essenciais

    determinao dos resultados e apresentao das demonstraes financeiras, j a segunda,

    regista as operaes externas, mas tambm a internas, isto , as ocorridas dentro da

    organizao, que so fundamentais para a determinao dos resultados gerais, mas

    sobretudo por reas geogrficas ou mercados.

    A distino feita anteriormente leva-nos diviso da contabilidade em geral e analtica,

    sendo que, a primeira d-nos a posio econmico-financeira geral da organizao e a

    situao perante o exterior, nomeadamente as obrigaes para com terceiros de acordo com

    normativo contabilstico. A segunda permite um controlo mais aprofundado e direto da

    atividade da organizao, sendo uma fonte de informao essencial para a gesto,

    permitindo a anlise de custos, proveitos e rendibilidade (Borges, Rodrigues & Morgado,

    2004).

    Borges, Rodrigues & Morgado (2004) defendem ainda, apesar de discutvel, a existncia

    de dois ramos da contabilidade, embora relacionados. Assim, temos o ramo da

    contabilidade financeira que regista e quantifica, observando normas e procedimentos, as

    operaes inerentes elaborao e preparao das demonstraes financeiras, e o ramo da

    contabilidade de gesto que implanta mtodos de registo que permitam identificar,

    quantificar, analisar, interpretar e comunicar a informao operacional detalhada e til para

    a gesto, a fim de que esta possa planear, avaliar e controlar a organizao, assegurando o

    uso racional dos recursos disponveis.

  • 11

    A evoluo da contabilidade e o quotidiano num gabinete de contabilidade

    A contabilidade pode ainda ser classificada, tendo em conta o perodo a que a relevao

    dos factos respeita, assim sendo, a contabilidade histrica aquela que reflete o passado,

    ou seja, que d uma viso retrospetiva da gesto, permitindo saber o que realmente se fez e

    at que ponto foram alcanados os objetivos fixados o que essencial para a tomada de

    aes corretivas e controlo da atividade futura (Alves & Costa, 2001; Borges, Rodrigues &

    Morgado, 2004).

    A contabilidade previsional tambm conhecida por oramental, fornece informao

    prospetiva2, isto , expressa os resultados das previses permitindo elaborar planos de

    atividade consistentes, ou seja, estabelece oramentos entendidos como documentos que

    resumem em valores a atividade a desenvolver no futuro a curto prazo, traduzindo assim, a

    estrutura e atividade pretendida para o futuro (Borges, Rodrigues & Morgado, 2004).

    Ainda sobre estas divises da contabilidade, Alves & Costa (2001) e Borges, Rodrigues &

    Rodrigues (2010) defendem que tradicionalmente a contabilidade est agrupada em duas

    grandes divises, a da contabilidade financeira, geral ou externa que tem por objeto o

    relato financeiro atravs das demonstraes financeiras e a da contabilidade de gesto,

    analtica de explorao ou interna que visa o apuramento do custo dos produtos vendidos e

    servios prestados, assim como dos resultados por rea de negcio, mercado, produto ou

    outros.

    Para atingir todos estes objetivos, a contabilidade como sistema de informao necessita de

    uma correta organizao que passa pela informatizao da informao obtida a partir de

    documentos emitidos e recebidos pela organizao, que depois de classificados so

    lanados.

    Como vimos anteriormente a contabilidade est organizada por ramos ou divises, no

    entanto quando se trata de tributar os rendimentos das pessoas singulares ou coletivas a

    Autoridade Tributria acaba por organiz-la por regimes de contabilidade. Assim, os

    titulares de rendimentos empresariais e profissionais podem estar, em termos fiscais,

    abrangidos por dois regimes de contabilidade, a contabilidade organizada e a contabilidade

    simplificada.

    2 Essencial para dar resposta exigncia da alnea c) do n. 5 do artigo 66 do Cdigo das Sociedades Comerciais (CSC), quando este refere que o relatrio de gesto deve indicar: A evoluo previsvel da sociedade., redao dada pelo Decreto-Lei n. 35/2005, de 17 de fevereiro.

  • 12

    A evoluo da contabilidade e o quotidiano num gabinete de contabilidade

    Aps o referido, esto sujeitos ao regime de contabilidade organizada os titulares de

    rendimentos empresariais e profissionais no abrangidos pelo regime simplificado de

    tributao. Assim de acordo com o disposto no n. 1 do artigo 117 do Cdigo do Imposto

    sobre o Rendimento das Pessoas Singulares (CIRS)3:

    Os titulares de rendimentos da categoria B que no estejam abrangidos pelo regime

    simplificado de tributao so obrigados a dispor de contabilidade organizada, nos

    termos da lei comercial e fiscal, que permita o controlo do rendimento apurado.

    No que respeita s organizaes e de acordo com o previsto no n. 1 do artigo 123 do

    Cdigo do Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Coletivas (CIRC)4, esto sujeitas ao

    regime de contabilidade organizada nos termos da lei:

    As sociedades comerciais ou civis sob forma comercial, as cooperativas, as

    empresas pblicas e as demais entidades que exeram, a ttulo principal, uma

    atividade comercial, industrial ou agrcola, com sede ou direo efetiva em

    territrio portugus, bem como as entidades que, embora no tendo sede nem

    direo efetiva naquele territrio, a possuam estabelecimento estvel,, alm dos

    requisitos indicados no n. 3 do artigo 17., permita o controlo do lucro

    tributvel.

    A este respeito refere o n. 3 do artigo 17 do CIRC que, para o apuramento do lucro

    tributvel a contabilidade deve:

    a) Estar organizada de acordo com a normalizao contabilstica e outras disposies

    legais em vigor para o respetivo sector de atividade,;

    b) Refletir todas as operaes realizadas pelo sujeito passivo .

    Em oposio ao n. 1 do artigo 117 do CIRS, isto , esto abrangidos pelo regime

    simplificado nos termos do n. 2 do artigo 28 do mesmo cdigo:

    3 Aprovado pelo Decreto-Lei n. 442-A/88, de 30 de novembro. 4 Aprovado pelo Decreto-Lei n. 442-B/88, de 30 de novembro.

  • 13

    A evoluo da contabilidade e o quotidiano num gabinete de contabilidade

    os sujeitos passivos que, no exerccio da sua atividade, no tenham ultrapassado no

    perodo de tributao imediatamente anterior um montante anual ilquido de rendimentos

    desta categoria de (euro) 200 000.5

    No entanto nos termos do n. 3 do mesmo artigo podem os sujeitos passivos abrangidos por

    este regime:

    optar pela determinao dos rendimentos com base na contabilidade.6

    No que respeita aplicao deste regime s organizaes diz-nos o n. 1 do artigo 124 do

    CIRC que as entidades sedeadas ou com direo efetiva em Portugal que no exeram, a

    ttulo principal, uma atividade comercial, industrial ou agrcola tm de possuir

    obrigatoriamente:

    a) Registo de rendimentos, organizado segundo as vrias categorias de

    rendimentos considerados para efeitos de IRS;

    b) Registo de encargos, organizado de modo a distinguirem-se os encargos

    especficos de cada categoria de rendimentos sujeitos a imposto e os demais

    encargos a deduzir, no todo ou em parte, ao rendimento global;

    c) Registo de inventrio, em 31 de dezembro, dos bens suscetveis de gerarem

    ganhos tributveis na categoria de mais-valias.

    5 Redao dada pela Lei n. 83-C/2013, de 31 de dezembro. 6 Redao do Decreto-Lei n. 211/2005, de 7 de dezembro.

  • 14

    A evoluo da contabilidade e o quotidiano num gabinete de contabilidade

    2.3. Evoluo da contabilidade e da sua profisso

    A profisso de TOC atualmente reconhecida e tem registado, na ltima dcada, uma

    grande evoluo, no entanto nem sempre assim foi, o caminho percorrido at aos dias de

    hoje foi acompanhado de avanos e retrocessos tal como a seguir descrito.

    Segundo Gomes, Graig & Rodrigues (2004) no perodo que decorreu entre o sculo XV e a

    segunda metade do sculo XVII Portugal era visto como um pas de importantes

    comerciantes, fomentado pelos descobrimentos, no entanto, sculos mais tarde, viu a sua

    influncia econmica enfraquecida pela crescente importncia de pases como a Espanha,

    Frana e Holanda.

    Para tal, defendem Gomes, Graig & Rodrigues (2004), contribuiu o facto de serem poucos

    os comerciantes, com reduzido capital e fracos conhecimentos tcnicos, visto terem sido

    bastantes os judeus portugueses detentores de capital e conhecimentos obrigados a

    abandonar o pas devido inquisio.

    Se no comrcio a situao no se adivinhava fcil, na indstria era ainda pior, pois haviam

    poucas fbricas no s pelo desprezo dado profisso, mas tambm pela ideia, reforada

    pelos estrangeiros com negcios em Portugal, de que os negcios no prosperavam em

    Portugal. Esta situao era agravada pelo facto de ser reduzido o nmero de contabilistas

    nacionais qualificados, para os quais era praticamente desconhecido ainda o sistema das

    partidas dobradas, sendo os contabilistas na sua maioria italianos e franceses (Gomes,

    Graig & Rodrigues, 2004).

    Segundo Gomes, Graig & Rodrigues (2004) e Guimares (2007), para reverter esta

    situao era necessrio tomar medidas drsticas, sendo o Marqus de Pombal conhecedor

    do atraso da economia portuguesa face s dos outros pases europeus e atribuindo esse

    atraso inexistncia de tcnicos nacionais capazes de tratar das questes comerciais e

    industriais, impulsionou a elaborao do Decreto Real de 30 de setembro de 1755 que

    criou a Junta do Comrcio, cujo objetivo era regular e desenvolver o comrcio, mas

    tambm melhorar o seu ensino.

  • 15

    A evoluo da contabilidade e o quotidiano num gabinete de contabilidade

    Anos mais tarde, a 19 de maio de 17597 o Marqus de Pombal cria oficialmente, em

    Portugal, o primeiro estabelecimento de ensino da contabilidade, a ento Aula do

    Comrcio, tratando-se provavelmente da primeira escola oficial de contabilidade do

    mundo, da qual se esperava obter uma classe de contabilistas especializados,

    nomeadamente no mtodo das partidas dobradas, que permitisse o crescimento econmico

    de Portugal, tornando o pas mais forte e independente (Alves & Costa, 2001; Gomes,

    Graig & Rodrigues, 2004; Guimares, 2007).

    De acordo com Gomes, Graig & Rodrigues (2004) e Guimares (2007), surge uma dcada

    depois a Carta de Lei de 30 de agosto de 1770, um dos primeiros meios regulamentares da

    profisso de contabilista em Portugal, impondo a inscrio dos comerciantes, guarda-

    livros, sociedades pblicas ou privadas na Junta do Comrcio e graduao pela Aula do

    Comrcio sob pena de serem impedidos de exercer atividade comercial, aceder a cargos

    pblicos e ver todas contas por eles escrituradas rejeitadas em tribunal.

    Esta carta previa ainda as remuneraes a auferir pelos guarda-livros nos trs primeiros

    anos de servio e reservava aos alunos da Aula do Comrcio com carta de aprovao da

    Junta do Comrcio o acesso a cargos pblicos, como o de escrivo em navios mercantes.

    Tais condies de acesso, devido sua importncia, acabaram por ser mantidas durante

    muitos anos (Gomes, Graig & Rodrigues, 2004).

    Em 1807, segundo Gomes, Graig & Rodrigues (2004), Portugal viveu um perodo de

    instabilidade devido s invases francesas, que se prolongou no ano seguinte em resultado

    da expulso dos franceses pelos ingleses que acabaram por se tornar numa fora militar

    dominante at 1820. Apesar deste contexto a influncia inglesa nos negcios externos e na

    indstria do vinho, continuava forte, sendo tambm neste perodo, em 1820, que Portugal

    sofre uma grande transformao que se reflete na Constituio Portuguesa de 1822,

    evidenciando o apoio aos direitos individuais.

    Em 1830, assiste-se a uma desregulamentao contabilstica, devido ao clima de

    desinteresse na criao de regras a nvel comercial, no entanto, anos depois surge o Cdigo

    Comercial de 1833, para o qual Ferreira Borges, advogado e economista, deu um grande

    contributo. Este cdigo indicava quais os livros a ser mantidos pelos comerciantes e como

    7 Data do Alvar de confirmao dos estatutos da Aula do Comrcio de abril de 1759.

  • 16

    A evoluo da contabilidade e o quotidiano num gabinete de contabilidade

    deviam estar organizados, mas tambm as regras para a atividade contabilstica,

    nomeadamente o registo pblico dos guarda-livros responsveis pela elaborao dos livros

    do comerciante (Gomes, Graig & Rodrigues, 2004; Guimares, 2007).

    Segundo Gomes, Graig & Rodrigues (2004) e Guimares (2007) o perodo que se seguiu

    at 1890 foi de grandes retrocessos a nvel da evoluo da profisso de contabilista em

    Portugal, devido numa fase inicial ao surgimento da Carta de Lei de 7 de abril de 1838,

    que exigia o pagamento da dcima8 a determinadas profisses, nomeadamente de

    guarda-livros, acabando assim por se extinguir o requisito que exigia ao guarda-livros o

    registo na Junta do Comrcio ou a aprovao na Aula do Comrcio, apesar de alguns

    cargos pblicos continuarem a ser atribudos aos aulos da Aula do Comrcio.

    Em 1885 criada a Associao Portuguesa de Contabilidade por Alvar de 12 de

    outubro do mesmo ano. Neste perodo estava-se perante um governo que acreditava no ser

    necessrio intervir na inscrio dos profissionais, nem nas profisses e associaes

    profissionais. Posteriormente este retrocesso deveu-se tambm ao Cdigo Comercial de

    1888, que permitia aos comerciantes executar a prpria contabilidade ou delegar a outros a

    sua elaborao independentemente das suas competncias, formao ou inscrio oficial

    (Alves & Costa, 2001; Gomes, Graig & Rodrigues, 2004; Guimares, 2007).

    De acordo com Gomes, Graig & Rodrigues (2004) no incio da dcada de 1890 tornou-se

    mais evidente que tal desregulamentao no servia os interesses de Portugal, visto

    assistir-se a uma estagnao da economia portuguesa, na indstria do vinho, que no

    conseguia fazer face livre concorrncia. Nos dois anos que se seguiram assistiu-se a uma

    grande crise financeira, pois o pas no conseguia pagar os juros dos emprstimos

    estrangeiros vendo-se obrigado a contrair novos para pagar os anteriores, tambm o dfice

    pblico e o comercial estava a aumentar, encontrando-se assim Portugal na banca rota.

    Em 1894, a referida Associao Portuguesa de Contabilidade d lugar Associao dos

    Empregados de Contabilidade criada por Alvar de 19 de julho de 1894, sendo tambm

    designada como Associao de Classe dos Empregados de Contabilidade e

    posteriormente por Instituto da Classe Commercial de Lisboa. Em 1897 a Associao

    dos Empregados de Contabilidade publica o seu primeiro nmero do Boletim O

    8 Imposto que correspondia a uma dcima parte do rendimento.

  • 17

    A evoluo da contabilidade e o quotidiano num gabinete de contabilidade

    Commercio, passando este a designar-se Boletim da Associao dos Empregados de

    Contabilidade e depois Boletim do Instituto da Classe Commercial de Lisboa

    (Guimares, 2007).

    No incio do sculo XIX, em 1902, surge a Escola Prtica Comercial Raul Dria, uma

    das mais importantes escolas nacionais no ensino prtico da contabilidade, que publicou

    seis anos depois o seu primeiro nmero da revista O Guarda Livros, que deu lugar a 15

    de fevereiro de 1916 Revista de Contabilidade (Guimares, 2007).

    Segundo Gomes, Graig & Rodrigues (2004) e Guimares (2007) em 1910, com a

    Implantao da Repblica e posterior aprovao da Constituio da Repblica Portuguesa

    a 20 de agosto de 1911 Portugal consegue ultrapassar o perodo conturbado por que passou

    e restabelecer a economia atravs da imposio de novas regulamentaes, sendo exemplo

    disso o Regulamento promulgado a 13 de abril de 1911, que exigia a inspeo e

    fiscalizao oficial das contas das sociedades annimas por peritos contabilistas, a

    assinatura pelo guarda-livros dos documentos de prestao de contas e proibia os

    administradores de serem guarda-livros nas sociedades que administrassem.

    Segundo Gomes, Graig & Rodrigues (2004) e Guimares (2007) neste mesmo ano, a 27 de

    maio de 1911, foi introduzida uma lei a respeito dos Peritos Contabilistas exigindo que a

    contabilidade fosse efetuada por tcnicos competentes e que fossem criadas duas Cmaras

    de Peritos Contabilistas, uma no norte e outra no sul do pas, com o objetivo de

    supervisionar a reviso e verificao do relato financeiro e examinar as contas, o que nunca

    veio a acontecer visto as Cmaras no terem sido constitudas.

    Anos mais tarde, em 1926, o Governo derrubado pelo General scar Carmona, que

    enquanto Presidente de Portugal nomeou, em 1932, Antnio Salazar como Primeiro-

    ministro, cargo que manteve at 1968. Em 1933 surge a Nova Constituio da Repblica

    Portuguesa, no sentido de serem implementadas medidas de controlo da economia, sendo

    tambm neste perodo criadas algumas organizaes profissionais e introduzido o Estatuto

    do Trabalho Nacional, que veio acabar com estes sindicatos e associaes profissionais

    livres, substituindo-os por um sistema de Sindicatos Nacionais, controlado pelo Estado

    (Gomes, Graig & Rodrigues, 2004; Guimares, 2007).

  • 18

    A evoluo da contabilidade e o quotidiano num gabinete de contabilidade

    Ainda em 1933, de acordo com Gomes, Graig & Rodrigues (2004), foi criada uma

    comisso para avaliar a regulamentao dos contabilistas e guarda-livros, tendo esta para o

    efeito elaborado um relatrio que nunca chegou a ser publicado. Faziam parte desta

    comisso vrias associaes, mas no as profissionais que foram excludas.

    Nesta comisso foi mais tarde integrado o Sindicato Nacional dos Contabilistas e Guarda-

    livros do Distrito do Porto (SNCGDP), fundado em 1934, por extino da ento

    Associao dos Contabilistas e Guarda-livros do Norte de Portugal9 e tinha como

    objetivo dar mais prestgio profisso de contabilistas e guarda-livros. Dois anos depois, a

    28 de junho de 1936, foi proibido aos empregadores contratarem contabilistas e guarda-

    livros que no fizessem parte do SNCGDT ou que no tivessem carteira-profissional

    credenciada por este sindicato, tornando-se esta essencial para o exerccio destas profisses

    (Gomes, Graig & Rodrigues, 2004; Guimares, 2007).

    A 8 de novembro de 1940 surge a Proposta de Regulamentao da Profisso da Associao

    Acadmica do Instituto Comercial do Porto, que apesar de no ter sido implementada, era

    um indicador de que havia uma crescente preocupao com a regulamentao da profisso

    de contabilista e de Garda-Livros (Gomes, Graig & Rodrigues, 2004; Guimares, 2007).

    Segundo Gomes, Graig & Rodrigues (2004) e Guimares (2007) esta proposta, na sua

    parte I definia e caracterizava trs nveis hierrquicos para o tcnico de contas, sendo

    eles o Guarda-livros, o Contabilista e o Perito Contabilista. Na sua parte II era

    definido quem utilizaria cada um dos ttulos referentes aos nveis hierrquicos, isto de

    acordo com a idade, graduao do curso desta rea e anos de experincia. A parte III

    propunha que fosse exigido um contabilista que supervisiona-se as contas, s sociedades

    annimas, bancos e organizaes com contabilidade privada que atingissem um certo valor

    de despesas e receitas.

    Na parte IV, da referida proposta, fazia-se referncia responsabilidade dos tcnicos de

    contabilidade pelo no cumprimento das regras e princpios contabilsticos, da lei, ou dos

    padres de tica. Por ltimo, no ponto V estabelecido o Conselho Superior dos Tcnicos

    de Contabilidade, para gerir os assuntos dos tcnicos de contabilidade, ficando

    9 Constituda por Alvar de 28 de janeiro de 1928.

  • 19

    A evoluo da contabilidade e o quotidiano num gabinete de contabilidade

    responsabilidade dos sindicatos nacionais a monitorizao do uso dos ttulos e da prtica

    da profisso (Gomes, Graig & Rodrigues, 2004; Guimares, 2007).

    Segundo Gomes, Graig & Rodrigues (2004) e Guimares (2007), em junho de 1943

    dissolvido o SNCGDT, assistindo-se assim a um recuo na regulamentao da profisso

    contabilstica, o que obrigou os contabilistas e guarda-livros a integrarem os Sindicatos dos

    Empregados de Escritrio, pois no se achou necessidade de existir um sindicato

    profissional de tcnicos de contas.

    No dia 27 de junho de 1945 fundada a Sociedade Portuguesa de Contabilidade (SPC)10

    com o objetivo de fomentar o conhecimento da contabilidade, para tal trabalhou no sentido

    de promover palestras, publicar o Boletim da Sociedade Portuguesa de Contabilidade,

    tendo o seu primeiro nmero sado em 1954, criar regulamentao para os tcnicos de

    contabilidade e reformar o ensino tcnico, tendo proposto trs nveis de ensino o

    profissional, o complementar e o superior. A SPC encontra-se atualmente inativa

    (Gomes, Graig & Rodrigues, 2004; Guimares, 2007).

    Em 1963, segundo Gomes, Graig & Rodrigues (2004) e Guimares (2007), surge o Cdigo

    de Contribuio Industrial11 estabelecendo um imposto sobre os lucros reais das empresas,

    cujo clculo tinha por base o sistema contabilstico, exigindo assim uma contabilidade

    mais rigorosa e realizada por um tcnico de contas aprovado. Para a implementao deste

    cdigo serviram de base duas Portarias muito importantes12, dado terem introduzido

    formalmente o termo tcnicos de contas e dado respeito e credibilidade profisso, o

    que conduziu criao de Ncleos de Tcnicos de Contas no Sindicato Nacional dos

    Empregados de Escritrios.

    Um ano depois, em dezembro de 1964, o Ministro das Corporaes e Previdncia Social,

    estabelece uma Comisso com o objetivo de estudar e regulamentar a profisso do tcnico

    de contas, tendo esta no seu relatrio, em 1970, recomendado a substituio do termo

    tcnico de contas por tcnico de contabilidade que agrupava Guarda-livros,

    Contabilistas e Auditor-Contabilista, e ainda a inscrio dos mesmos no Sindicato

    10 Cujo Estatuto foi aprovado por Alvar de 28 de janeiro de 1946. 11 Introduzido pelo Decreto-Lei n. 45103, de 1 de julho de 1963. 12 A Portaria n. 20317, de 14 de janeiro de 1964 e a Portaria n. 21247, de 27 de abril de 1965.

  • 20

    A evoluo da contabilidade e o quotidiano num gabinete de contabilidade

    Nacional de Tcnicos de Contabilidade (Gomes, Graig & Rodrigues, 2004; Guimares,

    2007).

    Segundo Alves & Costa (2001), Gomes, Graig & Rodrigues (2004) e Guimares (2007),

    apesar destas recomendaes serem bastante vlidas no estavam a ser implementadas

    devido burocracia instituda, mas tambm absoro de Portugal nas guerras com as

    colnias, no entanto em 1972 existiram algumas evolues, os peritos contabilistas vm a

    sua profisso regulamentada13, passando assim a designarem-se como Revisores Oficiais

    de Contas (ROC) e a estar sobre a superviso da Cmara dos Revisores Oficiais de

    Contas (CROC), que foi criada dois anos depois.

    Aps a Revoluo dos Cravos, a 25 de abril de 1974, os tcnicos de contas do Sindicato

    dos Empregados de Escritrio propem que a contabilidade das empresas fosse apenas

    executada por tcnicos de contas, isto , por tcnicos com qualificaes adequadas

    (Gomes, Graig & Rodrigues, 2004; Guimares, 2007).

    De acordo com Gomes, Graig & Rodrigues (2004) apesar de neste perodo existirem

    algumas Ordens Oficiais, como a dos mdicos, surgem as associaes oficiais dos

    economistas, mas tambm duas importantes associaes de profissionais de contabilidade,

    a Associao Portuguesa de Contabilistas e Cmara dos Tcnicos de Contas.

    A Associao Portuguesa de Contabilistas, atual Associao Portuguesa de Peritos

    Contabilistas (APPC) desde 1997, fundada a 3 de maro de 1975 por Ricardo S, com o

    objetivo de promover a atualizao dos profissionais e participar no ensino da

    contabilidade a vrios nveis, tendo dado um forte contributo para que o ensino mdio da

    contabilidade passasse a ensino superior. Esta associao reclamou ainda o uso exclusivo

    dos ttulos profissionais para os seus membros, tendo estes de ser graduados pelos

    Institutos Superiores de Contabilidade, comeou tambm a publicar em outubro de 1978 a

    Revista de Contabilidade e Finanas e foi ainda um dos fundadores da International

    Federation of Accountants (IFAC)14 (Alves & Costa, 2001; Gomes, Graig & Rodrigues,

    2004; Guimares, 2007).

    13 Pelo Decreto-Lei n. 1/72, de 3 de janeiro. 14 Fundada a 7 de outubro de 1977 uma organizao internacional de contabilistas, que desenvolve e apoia a utilizao e aplicao de normas internacionais, nomeadamente em contabilidade pblica e tica.

  • 21

    A evoluo da contabilidade e o quotidiano num gabinete de contabilidade

    Em 1977 aprovado, atravs do Decreto-Lei n. 47/77, de 7 de fevereiro, o primeiro

    Plano Oficial de Contabilidade (POC) de aplicao obrigatria para todas as empresas,

    exceto entidades pblicas, banca e seguros (Gomes, Graig & Rodrigues, 2004; Guimares,

    2007).

    Segundo Alves & Costa (2001), Gomes, Graig & Rodrigues (2004) e Guimares (2007),

    no mesmo ano a 8 de maro surge no oficialmente a Cmara dos Tcnicos de Contas,

    atual Instituto para Apoio aos Tcnicos Oficiais de Contas (IATOC)15, com o objetivo de

    regulamentar a profisso e representar os interesses dos tcnicos de contas, pois era

    evidente para os inscritos nos referidos Sindicatos dos Empregados de Escritrio, que a

    Ordem profissional e os Sindicatos no eram adequadas para os representarem, dado a

    primeira apenas representar aqueles com formao superior e a segunda no ter uma

    estrutura adequada, apesar de agrupar profissionais de diferentes nveis de formao.

    Importa ainda referir que publicou o primeiro nmero do seu Boletim Informativo da

    Cmara dos Tcnicos de Contas em fevereiro de 1985.

    A Associao Portuguesa dos Tcnicos de Contas (APOTEC), que em setembro de 1997

    passa a Associao Portuguesa dos Tcnicos de Contabilidade (APOTEC) surge tambm

    neste perodo, a 16 de maro de 1977, sendo aberta a todos os tcnicos de contas e tinha

    como objetivo alertar para a importncia da profisso e eficincia no desempenho da

    mesma, tendo neste sentido em abril do mesmo ano comeado a publicar o Jornal da

    Contabilidade, um boletim mensal e criado, em junho de 2006, o Centro de Estudos de

    Histria da Contabilidade (Alves & Costa, 2001; Gomes, Graig & Rodrigues, 2004;

    Guimares, 2007).

    Segundo Gomes, Graig & Rodrigues (2004) e Guimares (2007) apesar da Comisso de

    Normalizao Contabilstica (CNC) ter sido criada em 1977, e nos finais de 1979 incios

    de 1890 terem sido designados os seus membros, atribuies, organizao e

    funcionamento, s em 1983 reconhecida legalmente, dedicando-se a mesma emisso de

    normas de acordo com as diretivas contabilsticas comunitrias e normas internacionais de

    contabilidade.

    15 Desde 27 de abril de 1999.

  • 22

    A evoluo da contabilidade e o quotidiano num gabinete de contabilidade

    Trs anos depois, a 1 de janeiro de 1986, Portugal entra na Comunidade Econmica

    Europeia (CEE), atual Unio Europeia (UE), o que implicou a adoo da IV e V Diretivas

    Contabilsticas Europeias e consequentemente alteraes no POC16, mas tambm a

    introduo do Cdigo do Imposto sobre o Valor Acrescentado (CIVA). Ainda neste ano, a

    1 de novembro, entra em vigor o Cdigo das Sociedades Comerciais (CSC), aprovado pelo

    Decreto-Lei n. 262/86, de 2 de setembro, que faz referncia ao ROC, mas no ao Tcnico

    de Contas, cuja profisso ainda no estava regulamentada. De referir ainda que este novo

    cdigo revogava os artigos relativos regulamentao das sociedades do Cdigo

    Comercial (Guimares, 2007).

    Segundo Gomes, Graig & Rodrigues (2004), neste perodo, muito por mrito da

    Associao Portuguesa de Contabilistas, surgem os Cursos de Estudos Superiores de

    Especializao, nos Institutos Superiores de Contabilidade e Administrao, que elevaram

    os cursos de contabilidade a licenciatura.

    A 21 de maio de 1988 surge a Associao Portuguesa das Empresas de Contabilidade e

    Administrao (APECA), atualmente designada como Associao Portuguesa das

    Empresas de Contabilidade, Auditoria e Administrao (APECA), cujos associados eram

    essencialmente empresas de prestao de servios de contabilidade. No mesmo ano esta

    associao publica o primeiro nmero do seu Boletim Informativo da APECA,

    designando-se atualmente Boletim APECA (Alves & Costa, 2001; Guimares, 2007).

    De acordo com Gomes, Graig & Rodrigues (2004) e Guimares (2007), em 1989, so

    implementadas reformas fiscais, resultantes em parte da adeso de Portugal Unio

    Europeia, que deram lugar a novos cdigos sobre o rendimento das pessoas singulares e

    das empresas (CIRS e CIRC). Estes cdigos deixaram de obrigar o tcnico de contas a

    assinar as declaraes fiscais17 (como vinha a ocorrer desde 1963), no entanto continuaram

    a prever a tributao dos lucros reais a partir da contabilidade apesar de revogado o Cdigo

    da Contribuio Industrial de 1963.

    16 Aprovado pelo Decreto-Lei n. 410/89, de 21 de novembro e que entrou em vigor a 1 de janeiro de 1990. 17 Distrao reconhecida pela sistema fiscal, dizendo mais tarde que entre 1 de janeiro de 1989 e 17 de outubro de 1995 (data do primeiro estatuto dos TOC) se mantinha a obrigatoriedade das empresas terem um tcnico de contas responsvel.

  • 23

    A evoluo da contabilidade e o quotidiano num gabinete de contabilidade

    Dois anos mais tarde, em 1995, so publicados os primeiros Estatutos dos Tcnicos

    Oficiais de Contas18 que exigem um Tcnico Oficial de Contas (TOC)19 em todas as

    empresas, continuando estas a ser tributadas pelos lucros reais apurados de acordo com o

    POC e diretrizes contabilsticas publicadas pela CNC. Estes estatutos conduziram ao

    aparecimento da Associao dos Tcnicos Oficiais de Contas (ATOC), que tinha como

    objetivo dignificar e defender os interesses dos contabilistas, bem como promover os

    princpios ticos e formao dos seus membros (Alves & Costa, 2001; Gomes, Graig &

    Rodrigues, 2004; Guimares, 2007).

    Segundo Alves & Costa (2001) e Gomes, Graig & Rodrigues (2004) para poder exercer a

    profisso era obrigatria a inscrio nesta associao, sendo exigido no mnimo um

    bacharelato, licenciatura ou curso superior equivalente na rea, com a durao mnima de

    trs anos, mas tambm fazer prova da aprovao nas disciplinas de contabilidade geral e

    analtica e ainda em fiscalidade Portuguesa, sendo que, quer os cursos quer as disciplinas

    teriam de ser ministrados por uma instituio de ensino pblica ou privada e criados nos

    termos da lei e reconhecidos pela ATOC como adequados para o exerccio da profisso.

    Importa ainda referir que segundo Gomes, Graig & Rodrigues (2004) podiam tambm

    inscrever-se na ATOC pessoas com o mnimo de trs anos de experincia em

    contabilidade, que tivessem terminado um dos cursos de qualificao designado para o

    efeito.

    Segundo Guimares (2007) e a informao disponibilizada no site da OTOC, a 18 de

    setembro de 1999 atualizada pelo Decreto-Lei n. 367/99, de 18 de setembro a CNC,

    passando as Diretrizes Contabilsticas a ter efeito obrigatrio.

    Nesse mesmo ano aprovado, pelo Decreto-Lei n. 452/99, de 5 de novembro, o novo

    estatuto dos TOC, passando a ATOC a designar-se como Cmara dos Tcnicos Oficiais

    de Contas (CTOC) e o Cdigo Deontolgico, que entra em vigor a 1 de janeiro do ano

    seguinte. Ainda neste perodo lanado o site da CTOC e a CROC passa a Ordem, pelo

    Decreto-Lei n. 487/99, de 16 de novembro (Guimares, 2007; OTOC, Histria, 2014).

    18 Aprovado pelo Decreto-Lei n. 265/95, de 17 de outubro. 19 Expresso que surge pela primeira vez nesta data, sendo a designao dada aos Tcnicos de Contas que resultou da regulamentao da profisso e da mesma ser considerada de interesse pblico.

  • 24

    A evoluo da contabilidade e o quotidiano num gabinete de contabilidade

    De acordo com Alves & Costa (2001), Guimares (2007) e o site da OTOC, em abril de

    2000, a CTOC publica o primeiro nmero da Revista TOC, tendo sido tambm neste

    perodo inauguradas mais duas representaes uma nos Aores e outra na Madeira,

    contando j Portugal Continental com as suas um pouco de norte a sul do Pas.

    Ainda segundo o site da OTOC, em 2002, inicia-se o processo de desmaterializao das

    declaraes fiscais, para o qual a CTOC deu um grande contributo, tendo-se realizado

    nesse mesmo ano, na Batalha, o primeiro Encontro Nacional dos TOC. Um ano depois, em

    maro de 2003, entram em vigor novas regras de inscrio como membro efetivo na

    CTOC, que exigem no s a aprovao num dos cursos que do acesso inscrio na

    CTOC, mas tambm a aprovao no estgio e exame (Gomes, Graig & Rodrigues, 2004).

    A 25 de maio de 2004 a CTOC apresenta a sua revista cientifica Contabilidade & Gesto

    e um ano mais tarde, com o objetivo de dar credibilidade profisso, abre as inscries

    para a criao de equipas de Controlo da Qualidade. Neste ano, com o intuito de melhorar

    a comunicao eletrnica entre a Cmara e os TOC, cria o projeto Pasta TOC e o Fundo

    de Penses para os TOC, apostando num sistema complementar de Segurana Social

    (OTOC, Histria, 2014).

    Segundo o mesmo site o Congresso Internacional de Contabilidade do Mundo Latino

    (Prolatino), que tem como principal mentor Antnio de S, realiza-se pela primeira vez em

    Portugal no ano de 2006, depois de realizadas sete edies no Brasil, ficando a organizao

    do mesmo a cargo da CTOC. tambm neste ano, a 16 de maio inaugurada a nova sede

    em Lisboa da CTOC e em novembro realizado o II Congresso dos TOC em Lisboa.

    O ano de 2007 foi tambm cheio de iniciativas da CTOC, desde os congressos e aes de

    formao dadas ao longo do ano, entre outras, sobre matrias fiscais, passando pelas aes

    de caracter social como a ideia da criao da Casa do TOC, espao de encontro e

    acolhimento dos profissionais numa fase mais avanada ou a assinatura a 20 de maro de

    um protocolo entre um grupo segurador e a CTOC, no intuito dos profissionais com a

    inscrio em vigor disporem de um seguro de sade gratuito (OTOC, Histria, 2014).

    O mesmo site faz ainda meno apresentao oficial da Comisso da Histria da

    Contabilidade (CHC) a 10 de abril de 2007 a fim de investigar e compilar informao

    sobre a histria da contabilidade, visto ser um tema pouco desenvolvido em Portugal. Em

  • 25

    A evoluo da contabilidade e o quotidiano num gabinete de contabilidade

    maio, a CTOC recebe o lanamento pblico da IES, que conta com a presena de membros

    ilustres do Governo ligados a estas matrias e aprova o regulamento da formao de

    crditos para o Controle da Qualidade.

    A 6 de junho a CTOC organiza pela primeira vez a cerimnia de entrega dos certificados

    aos seus novos membros, fechando-se o ano com a realizao da II Conferncia da

    European Federation of Accountants and Auditors for SMEs em Lisboa. Em abril de 2008

    a CTOC arranca definitivamente com a formao distncia, dando aos seus membros

    condies nicas de acesso formao e aos crditos obrigatrios do Regulamento do

    Controle da Qualidade (OTOC, Histria, 2014).

    Ainda segundo informao disponvel no site da OROC, em 2008, semelhana do ano

    anterior, realizada em Portugal a nona edio do Prolatino, ficando mais uma vez a

    organizao do mesmo a cargo da CTOC, em setembro inicia-se a emisso do programa de

    radio Conselho Fiscal, uma parceria entre a Cmara e a TSF. Ainda neste ano

    apresentado o novo Sistema de Normalizao Contabilstica (SNC).

    A 23 de julho de 2008 reconhecido pblica e oficialmente o crescimento qualitativo da

    profisso atravs da aprovao da proposta de lei que permite alterar o estatuto da CTOC e

    a passagem a Ordem profissional. No entanto s em 2009, com a publicao do Decreto-

    Lei n. 310/2009, de 26 de outubro que Cmara passa a Ordem dos Tcnicos Oficiais de

    Contas (OTOC, Histria, 2014).

    A 1 de julho de 2010 entra em vigor o novo regulamento de inscrio como membro

    efetivo na OTOC, que exige a aprovao num dos cursos por ela reconhecido, bem como a

    aprovao no estgio e exame sobre matrias contabilsticas, fiscais e de tica e

    Deontologia Profissional dos TOC. A este respeito importa referir que o Cdigo de tica e

    Deontologia Profissional dos TOC encontra-se previsto no Decreto-Lei n. 310/2009 de 26

    de outubro. Pode no entanto ser solicitada a dispensa de estgio quer por frequncia de

    Estgio Curricular/Projeto (Simulao Empresarial), quer por experincia profissional e

    ainda a dispensa de exame sobre tica e Deontologia Profissional dos TOC (OTOC,

    Regras de incrio e regulamentos, 2014).

  • 26

    A evoluo da contabilidade e o quotidiano num gabinete de contabilidade

    2.4. Sntese

    Atravs da reviso de literatura verifica-se que no se pode falar de contabilidade sem falar

    em Luca Pacioli, uma das figuras incontornveis da contabilidade. Constata-se tambm

    que sempre difcil dar uma definio sinttica, quando se est perante uma realidade

    complexa como esta, pois por mais elaborada que esteja h sempre o risco de que omitir

    alguns aspetos caractersticos.

    Verifica-se tambm que a contabilidade tem evoludo ao longo dos tempos, acompanhando

    a evoluo civilizacional, exemplo disso o facto da contabilidade inicialmente ser feita s

    em papel e hoje ser informatizada. Esta evoluo ainda visvel no seu objeto, ou seja, no

    seu intuito, mas tambm no seu mtodo de execuo, nos instrumentos de trabalho e na

    conceo que dela se tem. Estando alis relacionada com o facto de vrios autores de

    acordo com as pocas em que viveram, considerarem sucessivamente a contabilidade como

    uma arte, uma tecnologia ou uma cincia.

    A contabilidade no incio servia para colmatar as limitaes inerentes capacidade de

    memria do Homem, servir como meio de prova, mais tarde para dar cumprimento a

    obrigaes legais e fiscais, acabando por se tornar gradualmente numa fonte de informao

    acerca da situao da organizao para o apoio tomada de deciso, pois faz a ligao

    entre a fonte de informao, a organizao e os stakeholders.

    A contabilidade no se resume a recordar o passado e a conhecer o presente, sendo

    essencial para projetar o futuro, planear a atividade, definir objetivos e acompanhar o

    alcance dos mesmos, sendo uma ferramenta essencial para o apoio gesto. Atualmente as

    questes que esto em cima da mesa j no passam pelo conceito de contabilidade, mas

    pela convergncia e a harmonizao internacional das normas e prticas contabilsticas.

    Na anlise da evoluo da profisso contabilstica em Portugal, destaca-se a designao

    dada ao longo dos tempos aos profissionais de contabilidade desde a de Guarda-livros,

    prevista nos Estatutos da Aula do Comrcio (1759), passando pela de Tcnico de Contas,

    termo introduzido formalmente por uma das Portarias que implementou o Cdigo de

    Contribuio Industrial (1963) e terminando em Tcnico Oficial de Contas, presente nos

    primeiros Estatutos dos Tcnicos Oficiais de Contas (1995).

  • 27

    A evoluo da contabilidade e o quotidiano num gabinete de contabilidade

    Em suma, a contabilidade tem registado uma significativa evoluo nos ltimos tempos, no

    entanto nem sempre assim foi, o caminho percorrido at aos dias de hoje foi acompanhado

    de avanos e retrocessos. No que respeita profisso verificamos que finalmente comea a

    ter a dignidade, o respeito e o prestgio que realmente merece (Gomes, Graig & Rodrigues,

    2004).

  • 29

    A evoluo da contabilidade e o quotidiano num gabinete de contabilidade

    3. Estudo do Setor

    3.1. Introduo

    No captulo do estudo do setor presentemente apresentado tem-se como objetivo fazer uma

    caracterizao do setor da prestao de servios de contabilidade, sendo este composto

    pelo subcaptulo da introduo, pelo do setor das Atividades de contabilidade e auditoria,

    consultoria fiscal, seguido do subcaptulo sobre a entidade acolhedora, isto , sobre a

    Barquiconta, Lda., finalizando o mesmo com uma pequena sntese. O subcaptulo da

    introduo indicar a forma como est estruturado o captulo do estudo do setor e far uma

    pequena aluso acerca dos temas apresentados em cada um dos subcaptulos.

    No subcaptulo do setor das Atividades de contabilidade e auditoria, consultoria fiscal ir

    fazer-se uma caracterizao do setor da contabilidade. Para tal foram usados indicadores

    do Instituto Nacional de Estatstica (INE), que permitiram a partir dos mesmos apresentar

    vrios grficos, sendo que os trs primeiros mostram em termos percentuais,

    respetivamente as empresas existentes, o pessoal ao servio das mesmas e os seus volumes

    de negcios por seco e subclasse de atividade econmica, no ano de 2012, em Portugal.

    Os dois grficos seguintes mostram a evoluo existente de 2008 a 2012 do nmero de

    empresas, pessoal ao seu servio e respetivos volumes de negcios, em Portugal, na

    subclasse das Atividades de contabilidade e auditoria, consultoria fiscal. Posteriormente

    sero ainda apresentados outros trs grficos que evidenciam em termos percentuais,

    respetivamente as empresas existentes, o pessoal ao servio das mesmas e os seus volumes

    de negcios, na subclasse das Atividades de contabilidade e auditoria, consultoria fiscal,

    por localizao geogrfica, no ano de 2012.

    Os dois ltimos grficos mostram a evoluo existente de 2008 a 2012 do nmero de

    empresas, pessoal servio das mesmas e respetivos volumes de negcios, no Mdio Tejo,

    na subclasse das Atividades de contabilidade e auditoria, consultoria fiscal. No

    subcaptulo sobre a Barquiconta, Lda. apresentada a empresa, a sua misso e viso, os

    seus objetivos e o seu organigrama, isto , a forma como est organizada. Por ltimo, no

    subcaptulo da sntese ser apresentado um breve resumo dos aspetos mais importantes a

    absorver deste captulo do estudo do setor.

  • 30

    A evoluo da contabilidade e o quotidiano num gabinete de contabilidade

    89,68%8,19%

    2,13%0,00%

    10,32%

    Empresas existentes em Portugal, por seco e subclasse de atividade econmica, no ano de 2012, em percentagem

    Restantes seces das atividades econmicas

    Restantes subclasses das atividades econmicas

    Atividades de contabilidade e auditoria, consultoria fiscal

    Atividades de consultoria, cientficas, tcnicas e similares

    3.2. Setor das Atividades de contabilidade e auditoria, consultoria fiscal

    Na caracterizao do setor de atividade optou-se por utilizar a base de dados estatstica

    disponvel no site do INE, nomeadamente os indicadores20 relativos s Empresas (N.) por

    Localizao geogrfica (NUTS 2002)21 e Atividade econmica (Subclasse CAE

    Rev.3)22; Anual, ao Pessoal ao servio (N.) das Empresas por Localizao geogrfica

    (NUTS - 2002) e Atividade econmica (Subclasse CAE Rev.3); Anual e ao Volume de

    negcios () das empresas por Localizao geogrfica (NUTS 2002) e Atividade

    econmica (Subclasse CAE Rev.3); Anual.

    Grfico 1 Empresas existentes em Portugal, por seco e subclasse de atividade econmica, no ano de

    2012, em percentagem

    Fonte: Elaborao prpria, com base nos indicadores disponveis na base de dados estatsticos do site do INE

    A partir dos indicadores referidos, obteve-se o Grfico 1, acima apresentado relativo

    percentagem de empresas existentes em Portugal23, por seco e subclasse de atividade

    econmica, em 2012. Constata-se da observao do mesmo que as empresas da seco de

    atividade eco


Top Related