PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO
DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS
INSTITUTO “A VEZ DO MESTRE”
A EVASÃO ESCOLAR NA ESCOLA PÚBLICA
ANTONIA LIMA ALVES
ORIENTADOR:
PROF: CARLOS AFONSO LEITE LEOCADIO
RIO DE JANEIRO
AGOSTO DE 2008
UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES
PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO
DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS
INSTITUTO “A VEZ DO MESTRE”
A EVASÃO ESCOLAR NA ESCOLA PÚBLICA
ANTONIA LIMA ALVES
Trabalho monográfico apresentado como
requisito parcial para obtenção do grau
especialista em Administração Escolar.
RIO DE JANEIRO
AGOSTO DE 2008
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus nosso pai de infinita bondade e misericórdia pelo dom da vida e ter
concedido a permissão para realizar mais uma tarefa na minha vida.
Aos meus pais, mesmo estando no plano espiritual compartilharam dos meus ideais,
incentivando a prosseguir nessa jornada. A vocês a mais profunda admiração.
A minha família, meus filhos: Diego e Giuliano e especialmente meu marido Cláudio
por mais uma conquista.
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho em primeiro lugar a Deus, nosso pai de infinita bondade e
misericórdia, e Jesus nosso mestre maior, também à minha família em especial aos
meus filhos: Diego e Giuliano, ao meu marido companheiro de todos os momentos
da minha vida, pelo carinho e compreensão e tolerância, pois, sem esta sustentação
não teria galgado mais uma vitória na minha vida.
RESUMO
O problema da evasão escolar que consiste no abandona a escola por parte dos
alunos é um problema complexo e preocupante e podem ser causadas por fatores
externos e internos à escola, atingindo especialmente as classes menos favorecidas.
A pesquisa de campo sobre o tema Evasão escolar realizou-se na unidade Integrada
José Sarney que se localiza na rua Aquiles Lisboa s/n, centro, em Timon-Ma. A
referida pesquisa deu-se de forma qualitativa e exploratória, tendo um total de 12
sujeitos, com perguntas abertas e fechadas. O objetivo principal desse trabalho é
compreender o fenômeno da evasão escolar e proporcionar uma reflexão da
comunidade escolar para que futuramente esse problema possa ser amenizado.
Essa pesquisa aborda, portanto, os fatores externos à escola como as condições
socioeconômicas dos educandos, a desestruturação da família, levando ao trabalho
infantil e ao distanciamento da vida escolar; e os fatores internos que estão ligados a
problemas na organização administrativa e pedagógica, na inadequação do aluno ao
ambiente escolar, bem como o relacionamento com os professores os colegas e a
direção, o currículo e a avaliação, prejudicando o bom andamento da aprendizagem.
Tais fatores levam ao desinteresse pelas atividades escolares e são essenciais para
se compreender o fenômeno da Evasão Escolar, pois estão ligadas as condições de
estudo dos educandos, a falta de motivação e atingem, portanto, o lado afetivo do
aluno, prejudicando sua aprendizagem, sendo uma oportunidade de reflexão sobre o
papel de socialização e democratização escolar.
METODOLOGIA
Para realizarmos esse trabalho utilizamos a pesquisa de campo abordando o
tema “Evasão Escolar” na Unidade Integrada José Sarney na 5º série do ensino
fundamental. Essa pesquisa deu-se de forma qualitativa e exploratória com um total
de 12 sujeitos. Procurou-se a partir do tema proposto a reflexão sobre esse grave
problema educacional que vem interferindo na qualidade do ensino aprendizagem,
através de perguntas abertas e fechadas. A partir daí teremos a possibilidade de
uma futura intervenção positiva no problema que envolve a família e toda a
comunidade escolar.
Na coleta de dados, além da pesquisa de campo, foi realizada anteriormente
a pesquisa bibliográfica. Tal pesquisa possibilitou um envolvimento maior com o
tema e um maior embasamento para a formulação das questões que se tornou
crucial no entendimento do problema e conseqüentemente na sua conclusão. Certos
de que se conseguiu fazer algumas reflexões sobre o problema, não se descarta a
possibilidade de estudos posteriores sobre o tema que possa aprofundar o
posicionamento até aqui realizado.
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO .................................................................................................................................................. 8
CAPÍTULO I ......................................................................................................................................................10
1. O PAPEL SOCIAL DA EDUCAÇAO E A EVASÃO ESCOLAR ...............................................................................10
1.1. FATORES EXTERNOS QUE CONTRIBUEM PARA A EVASÃO ESCOLAR .......................................................... 13
1.1.1. A SITUAÇÃO SOCIOECONÔMICA BRASILEIRA E A EVASÃO ESCOLAR ................................................. 14
1.1.1.2. A DESESTRUTURA FAMILIAR ........................................................................................................... 17
1.1.1.2.1. O TRABALHO INFANTIL ................................................................................................................ 19
1.2. PROBLEMAS INTERNOS QUE CONTRIBUEM PARA A EVASÃO ESCOLAR ..................................................... 20
1.2.1. O CURRÍCULO E A EVASÃO ESCOLAR ................................................................................................. 22
1.2.2- A AVALIAÇÃO COMO INSTRUMENTO DISCRIMINATIVO .................................................................... 27
1.2.3. DIFERENÇA ENTRE VERIFICAÇÃO DA APRENDIZAGEM E AVALIAÇÃO ................................................ 29
CAPÍTULO II .....................................................................................................................................................32
2. RESULTADO DA PESQUISA ..........................................................................................................................32
2.1. CARACTERIZAÇÃO DA ESCOLA ................................................................................................................... 32
2.1.1. Identificação da escola ....................................................................................................................... 32
2.1.2. Situação física .................................................................................................................................... 32
2.2. ASPECTO PEDAGÓGICO ..................................................................................................................................... 33
2.1.2. ANÁLISE DOS DADOS .......................................................................................................................... 33
2.2.1. Resultado do questionário aplicado aos alunos ................................................................................. 34
2.2.2. Resultado do questionário aplicado aos professores ......................................................................... 35
2.2.3. Resultado do questionário aplicado aos gestores .............................................................................. 37
CONCLUSÃO....................................................................................................................................................39
BIBLIOOGRAFIA ..............................................................................................................................................42
ANEXOS ..........................................................................................................................................................44
8
INTRODUÇÃO
A educação tem a sua função social que consiste em fortalecer a
sociabilidade e autonomia do educando, assim como capacitá-lo para exercer sua
cidadania. O problema da Evasão Escolar traduz-se na perda de parte da clientela
educacional, colocando-se, então, como uma barreira a uma educação de qualidade
à medida que o processo educacional sofre um desgaste e um vazio que afeta sua
democracia e qualidade.
Para melhor compreensão desse tema dentro da realidade foi realizada uma
pesquisa de campo que se deu de forma qualitativa e exploratória, atingindo um total
de 12 sujeitos. O principal objetivo desse trabalho é conhecer melhor o grave
problema da Evasão escolar dentro da Unidade Integrada José Sarney na 5º série,
através da análise do seu perfil, possibilitando, assim, uma reflexão sobre esse tema
e uma futura tomada de decisões que venha a amenizar o problema da evasão
escolar dentro dessa realidade. Durante a entrevista procurou-se abordar as causas
internas e externas da Evasão Escolar bem como a situação da escola em relação
ao desenvolvimento do aluno no ambiente escolar e o que se tem feito para
combater esse fator negativo.
Além da pesquisa de campo recorremos a alguma bibliografia que ajudou a
melhor compreensão e enriquecimento do tema. Através do estudo desse tema
esperamos refletir sobre esse grave problema, possibilitando o surgimento de ações
que venham a melhorar a escola nesse sentido. Sendo, assim a escola poderá
cumprir seu papel de formadora de cidadãos conscientes e autônomos.
È necessário, portanto, que tenhamos consciência que a democracia
educacional consiste no atendimento a todos dentro da escola, mas muitas vezes,
por fatores externos e internos à escola, ocorre um desequilíbrio dentro do processo
que provoca a evasão escolar. Esse desequilíbrio pode surgir por problemas na
família e até mesmo por problemas na sala de aula e na gestão escolar.
A qualidade educacional consiste numa educação que possa capacitar os
educandos de forma plena a exercer seu papel na sociedade através de
competências e habilidades adquiridas dentro da escola. Essas competências
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devem abranger sua conexidade, sociabilidade, afetividade e tornar o educando um
cidadão autônomo e crítico.
No capítulo I abordaremos a função social da educação que vai de encontro
ao problema da Evasão Escolar. Dentro dessa visão, apontaremos os fatores
externos que contribuem para a evasão escolar, destacando problemas
socioeconômicos e familiares que se constituem em uma barreira para uma
educação plena e de qualidade. Apontaremos também os fatores internos. Esses
fatores são encontrados dentro da escola e faz com que o aluno não consiga
adaptar-se ao ambiente escolar; tais fatores estão ligados a adaptação ao ambiente
escolar, o relacionamento dentro da escola, a metodologia do professor, ao currículo
e avaliação.
O capítulo II mostra o perfil da Unidade Escolar José Sarney dentro do
problema da Evasão Escolar. Neste capítulo abordaremos também a pesquisa de
campo que tem o objetivo de compreendermos o fenômeno da Evasão Escolar. Tal
pesquisa deu-se de forma qualitativa e atingiu um total de 12 sujeitos; nela
caracterizaremos o trabalho da escola e mostraremos as possíveis causas da
Evasão escolar na unidade escolar referida, assim como o que tem feito a escola
para solucionar esse problema.
Esperamos que esse trabalho sirva de reflexão para educadores no intuito de
solucionar ou amenizar o problema da Evasão escolar, tendo como pensamento que
esse problema é muito complexo e que não se dá somente de forma interna e/ou
externa, mas é um conjunto de fatores que está ligada a vida do aluno dentro e fora
do ambiente escolar.
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CAPÍTULO I
1. O PAPEL SOCIAL DA EDUCAÇAO E A EVASÃO ESCOLAR
Segundo DURKHEIN (1967) citado por CHAUÌ (1999, p.10), no homem
existem dois seres distintos; Um constituído de estados mentais que se relacionam
consigo mesmo e com os acontecimentos de sua vida pessoal, o ser individual; o
outro que é um sistema de idéias, sentimentos e hábitos que exprime o grupo ou os
grupos diferentes do qual fazemos parte como as crenças religiosas, as práticas
morais, as tradições nacionais e profissionais e as opiniões coletivas. Esse conjunto
forma o ser social. Construir esse ser em cada um de nós é o fim da educação.
Esse pensamento de sociabilidade vem da cultura grega, dando ênfase ao
coletivo. Aristóteles ao afirmar que, por natureza, o homem é um “animal político”
tem consciência de que a sociabilidade e a politicidade são dimensões essenciais do
ser humano. Nesse estado político deve haver a participação de um estado de
idéias, valores e ideais comuns.
É por aí que melhor se revela à importância e a fecundidade do trabalho
educativo. Na realidade, esse ser social não nasce com o homem, não se apresenta
na constituição humana primitiva, como também não resulta de nenhum
desenvolvimento espontâneo Espontaneamente, o homem não se submeteria a
autoridade política: não respeitaria a disciplina moral, não se devotaria, não se
sacrificaria. (DURKHEIM, 1967), citado por CHAUÌ (1999, p.42)
A educação, portanto, é importante para a formação social do homem, no
sentido de que seu fim é promover a compreensão do mundo e seus valores. O
homem constrói símbolos que tem significados próprios de acordo com as
determinações de sua existência, no contato com a sociedade. Essas significações
são aprendidas por ele no decorrer da vida e sempre estão em constante
transformação.
A educação só tem verdadeiro sentido à medida que constrói no homem um
ser novo, diferente, passando de sua forma primitiva, egoísta e vazia a um ser social
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que convive e interage com o grupo em que está inserido, a partir de um conjunto de
valores e regras que surgem com a convivência social.
Essa transmissão de conhecimentos, geralmente é coletiva; sendo, portanto
uma ação social, através do diálogo. O ser humano aprende aquilo que é necessário
a sua sobrevivência, a linguagem, as relações sociais e outros saberes essenciais
que o permitem conquistar seus objetivos e transformar o seu espaço de acordo
com as suas necessidades.
A diferença entre o homem e o animal não são apenas de grau, pois enquanto o animal permanece mergulhado na natureza, o homem é capaz de transformá-la, tornando possível à cultura. O mundo resultante da ação humana é um mundo que não podemos chamar de natural, pois se encontra transformado pelo homem. (Aranha; Martins, 1999, p.6)
Na convivência social do homem, surgem vários conflitos, pois ele mesmo
sendo um ser social, também tem o seu lado individual, estando ligado as suas
emoções. O homem, geralmente, usa dos seus conhecimentos adquiridos para
tentar solucionar seus problemas, aspecto que deve ser aprendido na convivência
em sociedade. Somos seres individuais e sociais, temos a consciência de que nossa
existência como seres vivos nos remete ao mundo social. Não existe o humano fora
do social, por outro lado, pensar o social não significa negar o individual.
O pensamento do homem evolui a cada experiência adquirida. Cada nova
forma de racionalidade é a vitória sobre os conflitos das formas anteriores, sem que
haja ruptura histórica entre elas.Mudanças sociais políticas e culturais determinam
mudanças no pensamento, e tais mudanças são a solução realizada pelo tempo
presente para os conflitos e as contradições do passado. (CHAUÍ, 1999, p.83). Só é
possível haver transformação social dentro da escola quando os educadores
passam a motivar nos alunos a reflexão da realidade em que ele vive, de forma que
ele possa sentir o desejo de transformá-la. Dessa forma pode-se mostrar aos
educandos que eles devem fazer parte das mudanças que ocorrem no meio social,
mas, além disso, que eles podem participar dessas mudanças.
Para que a educação escolar possa cumprir seu papel social, portanto, é
necessária uma participação efetiva dos educandos no sentido de promover uma
reflexão. Dessa forma a educação deve ser democrática e abranger a sociedade
como um todo, proporcionando a transformação social. Quando há problemas que
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impedem essa participação social efetiva, a educação não pode cumprir esse papel
social.
Ao falarmos em evasão escolar, podemos dizer que se estabeleceu na escola
um desequilíbrio em seu papel social de formação integral necessária a sua vida em
sociedade.
A evasão escolar está dentre os problemas que historicamente faz parte dos
debates e reflexões no âmbito da educação pública brasileira e que, infelizmente,
ainda ocupa, nos dias atuais, espaço relevante nas preocupações relacionadas à
educação. Em face disto, as discussões acerca da evasão escolar têm tomado como
ponto principal o debate sobre o papel da família, da escola e do poder público em
relação à vida escolar da criança.
A evasão escolar é um problema que além de antigo tem uma amplitude
maior, pois não se restringe a uma cidade ou estado, mas ocorre em nível nacional.
Por esse fator vem ocupando relevante papel nas discussões e pesquisas
educacionais no cenário brasileiro igualmente a outras questões como o
analfabetismo, a não valorização dos profissionais da educação, expressa na baixa
remuneração e nas precárias condições de trabalho. Por esse motivo os educadores
brasileiros, cada vez mais, vêm preocupando-se com as crianças que chegam à
escola, mas, que nela não permanecem.
O estudo do tema proposto analisa o fracasso escolar a partir de duas
abordagens: a primeira, a partir dos fatores externos à escola, e a segunda, a partir
de fatores internos. Dentre os fatores externos relacionados ao fracasso escolar são
apontados o trabalho, as questões sócio-econômicas, e a desestrutura da família.
Dentre os fatores intra-escolares são apontados o funcionamento da própria escola
como gestora educacional, o relacionamento social dentro da escola, o ensino-
aprendizagem, o currículo e a avaliação.
A escola, no entanto, não deve servir para excluir os educandos, mas pra
possibilitar uma transformação social positiva no mesmo. A educação, portanto,
deve ter uma função de melhorar a vida social já que está diretamente ligada a
sociedade e existindo por meio dela e para ela desde as várias gerações.
A educação tem um papel relevante em manter o equilíbrio do sistema social
vigente, preservando a cultura, mas, muitas vezes, pode alienar o homem, se não
oferecer a ele uma visão crítica da realidade e a consciência de sua necessidade de
transformação.
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A escola, portanto, pode ser negativa à medida que não oferece a toda a
sociedade os seus serviços de forma qualitativa, tornando-se seletiva e
discriminatória, indo de encontro ao seu papel democrático.
1.1. FATORES EXTERNOS QUE CONTRIBUEM PARA A EVASÃO
ESCOLAR
Podemos encontrar as causas da evasão escolar em fatores externos a
escola. Esses fatores interferem de maneira muito intensa dentro do processo
educacional. Mesmo assim não podemos deixar de responsabilizar também a escola
pelo fracasso escolar.
O relacionamento familiar também é apontado como fator determinante para a
evasão escolar. Sua forte influência sócio-econômica e cultural na vida dos
educandos pode contribuir para o sucesso ou fracasso do ensino-aprendizagem.
Uma pesquisa desenvolvida pelo Programa de Estudos Conjuntos de
Integração Econômica da América Latina (ECIEL), citada por BRANDÃO (1983) o
qual baseou-se em um uma amostra de cinco países latino-americanos fez a
seguinte conclusão:
O fator mais importante para compreender os determinantes do rendimento escolar é a família do aluno, sendo que, quanto mais elevado o nível de escolaridade da mãe, mais tempo a criança permanece na escola e maior é o seu rendimento.
Assim, a família foi apontada como um dos determinantes do fracasso escolar
da criança, seja pelas suas condições de vida, seja por não acompanhar o aluno em
suas atividades escolares.
Além disso, podemos apontar os problemas sociais e econômicos brasileiros
como outro fator que vem prejudicando a melhoria das condições educacionais no
Brasil pela falta de políticas públicas que torne viável uma educação de qualidade.
Na visão de ARROYO (1991, p.21) as "diferenças de classes” são marcantes
para o fracasso escolar nas camadas populares. Dessa forma:
É essa escola das classes trabalhadoras que vem fracassando em todo lugar. Não são as diferenças de clima ou de região que marcam as grandes diferenças entre escola possível ou impossível, mas as diferenças de classe. As políticas oficiais tentam ocultar esse caráter
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de classe no fracasso escolar, apresentando os problemas e as soluções com políticas regionais e locais.
Na realidade brasileira, a criança, muitas vezes é culpada por seu próprio
fracasso dentro da escola, por vários fatores relacionados às suas condições de vida
como a pobreza e falta de estímulo. Segundo SOARES (1991, p.10) essa
culpabilidade da criança, é observável naqueles pressupostos que explicam a
ideologia do dom e a ideologia da deficiência cultural, ou seja, essas teorias dizem
que a criança, muitas vezes, não se encontra preparada para aprender já que tem
um nível de aprendizagem inferior ou não está adaptada ao ambiente escolar.
Geralmente essas crianças são as das camadas populares.
Segundo a autora, estas ideologias, na realidade, excluem a escola da
responsabilidade pelo fracasso escolar dos educandos; seja por apresentar
ausência de condições necessárias para a aprendizagem ou pela sua condição de
vida. Mas temos que ter a concepção de que os filhos da classe pobre também
precisam mudar suas vidas por meio da escola. Eles são o futuro da sociedade e
necessitam de melhor desenvolvimento humano.
Devemos, portanto, ter bastante cuidado para não influenciarmos o aluno ao
fracasso escolar devido a sua condição sócio-econômica ou outros fatores externos,
criando rótulos para eles ou deixando-os entender que eles não têm condições de
continuar na escola. Esse tipo de atitude que denominada de “profecia auto-
realizadora”, segundo a autora citada, torna-se preconceituosa e tendenciosa.
Muitos alunos, devido a isso já se sentem fracassados antes mesmo de terminar ou
iniciar o período letivo.
1.1.1. A SITUAÇÃO SOCIOECONÔMICA BRASILEIRA E A EVASÃO ESCOLAR
Embora o estado, segundo a Constituição brasileira, deva garantir aos cidadãos o direito a uma vida digna com educação de qualidade, saúde e a proteção
a todos, especialmente a criança, vemos que essas garantias ainda estão longe de
se concretizar na realidade.
O artigo 205 e 227 da Constituição Federal estabelecem que a educação seja
um direito público subjetivo que deve ser assegurado a todos através de ações
desenvolvidas pelo Estado e pela família com a colaboração da sociedade. O
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estatuto da criança e do adolescente no artigo 4º a descreve como um dever da
família, comunidade, sociedade em geral e do poder público.
Sabemos que vivemos em um país em que há uma enorme diferença
socioeconômica entre a população, deixando a maioria dos brasileiros à margem de
uma vida digna. Falamos, portanto, da falta de condições mínimas de sobrevivência
relacionadas às necessidades básicas do ser humano. Nossa sociedade é formada
por uma minoria que tem um padrão de vida social elevado enquanto a maioria vive
uma situação sócio-econômica difícil.
O Brasil, como um dos países ao mesmo tempo subdesenvolvido e industrializado, guarda como característica fundamental à convivência de um capitalismo moderno marcado pela extrema concentração de renda, ao lado de um capitalismo predatório que produz e reproduzem de forma selvagem e impune profundas desigualdades sociais. (SPOSATI, 1985, p.27).
Essa situação de pobreza gera vários problemas sócio-econômicos no Brasil
e ocorre desde muito tempo. De certa forma, parece estar enraizado e vir
gradativamente se perpetuando. De acordo com dados do IBGE:
Verifica-se que, em 1960, 50a população brasileira (os mais pobres) detinha 17,4% da riqueza produzida no país. Em 1970 esta mesma população detinha 14,9% e, em 1980 este percentual desceu para apenas 12,6%. Enquanto isso os 10% mais ricos da população brasileira, em 1960 detinham 39,6% da riqueza nacional, índice que passou em 1970 a 46,7% e, em 1980, a 50,9%. (Ibid, 1985, p.11)
Encontramos, dessa forma, vários problemas que contribuem para essa
situação. A falta de emprego para todos, os baixos salários pagos aos
trabalhadores, a falta de condições de moradia digna e a falta de políticas públicas
que atendam as necessidades da população. De acordo com SILVA (1997, p.9),
O aprofundamento da crise político-econômica do país, dentre outros, do
aumento progressivo de concentração de renda, do agravamento do processo de
exclusão e das desigualdades sociais, repercute com maior intensidade no interior
dos segmentos mais empobrecidos da população.
Como conseqüência disso um dos problemas mais críticos da realidade
brasileira, a má-alimentação ou a desnutrição, conseqüência do baixo nível sócio-
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econômico é apontada como um dos fatores responsáveis pelo fracasso de boa
parte dos alunos.
Ora se as estatísticas educacionais mostram que 90% das crianças da área urbana estão na escola, notadamente nas escolas públicas, a clientela majoritária dessas escolas é oriunda do circuito da miséria e da pobreza e desta faixa ainda problemática de um a dois salários mínimos de renda familiar. Este perfil comprova (...) que o fenômeno do fracasso escolar está fortemente associado à pobreza. Dizendo melhor, são os pobres que fracassam. (BOMENY, 1998, p23)
Outra questão que deve ser enfatizada é a relação educação e situação
sócio-econômica no Brasil. Essa relação produz uma dependência que vem
mostrando um quadro negativo desde muito tempo, conseqüência da história da
deficiência das políticas públicas no Brasil que deixa muito a desejar pela falta de
incitativas do poder público. Podemos ver, portanto, que:
O subdesenvolvimento econômico correspondeu um subdesenvolvimento sócio-político, gerando sociedades marcadas pelas desigualdades, nas quais a CIDADANIA quase sempre é sinônimo de PODER ECONÔMICO. A educação escolar se implantou com um caráter altamente seletivo, transformando-se em importante instrumento de legitimação das desigualdades existentes. (ibid, 1998, p.12)
Alguma coisa tem sido feito atualmente pelo governo federal como a bolsa-
família e outros programas de combate ao trabalho infantil como o PETI (Programa
de Erradicação do Trabalho Infantil), mas tais medidas ainda estão longe de serem
eficientes na resolução do problema de forma efetiva. O melhor seria uma política de
combate a ao desemprego e a vida indigna de milhões de brasileiros
Devido a todos esses fatores, encontramos no Brasil vários males sociais
graves como a desnutrição, o trabalho infantil, a violência, marginalidade e vida
indigna, desprovida de condições materiais necessárias. Essas condições de vida
podem ter como conseqüência um problema sério relacionado à educação, a evasão
escolar.
Dessa forma, a condição de extrema pobreza tem afetado a educação
escolar. Muitas crianças sem condições de se manter na escola por não terem
alimentação suficiente em casa, condições de adquirir material escolar adequado ou
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por gastarem a maioria do seu tempo trabalhando para ajudar no sustento da
família, sentem-se indiferentes à vida escolar.
1.1.1.2. A DESESTRUTURA FAMILIAR
Segundo PARO (2000, p.26) a família é o lugar indispensável para o
desenvolvimento da criança e é no seio da família que ela desenvolve os hábitos de
estudo. Independente do arranjo familiar e da forma como vem se estruturando é a
família que propicia os aportes afetivos e, sobretudo materiais necessários ao
desenvolvimento e bem-estar dos seus componentes.
Vejamos o que diz BERGER & LUCKMAN (1973, p.175) citado por Ibid (2000,
p.26): “A socialização primária é a primeira socialização que o indivíduo experimenta
na infância, em virtude da qual se torna membro da sociedade.”
A família, portanto, constitui-se a base da vida dos educandos. Através dela
deve haver a transmissão da afetividade, de valores morais como princípios éticos e
padrões de comportamento, desde boas maneiras até hábitos de higiene pessoal. É
nela que os ser humanos desenvolvem-se desde a mais tenra idade, criando um
vínculo afetivo e social intenso, em que os pais ou líderes da família, no caso os
adultos são os principais responsáveis.
Não podemos esquecer que além desses valores afetivos e sociais, a família
também é responsável pelos recursos materiais que provém o sustento dos seus
membros, estando, essa obrigação a cargo dos pais ou responsáveis. A partir dessa
referência, podemos perceber o importante papel da família na educação formal e
informal dos filhos.
Podemos concluir que se a família é tão importante para a formação do ser
humano em seus vários aspectos não ficando de fora sua personalidade, o homem
com certeza em sua vida terá reflexos dessa formação. Na concepção de com Ibid
(2000, p.12) “na produção material de sua existência, na construção de sua história,
o homem produz conhecimentos, técnicas, valores, comportamentos, atitudes, tudo
enfim que configura o saber historicamente produzido”.
Portanto, uma família bem estruturada seria uma forte aliada dentro da
escola, já que exerce forte influência na vida das pessoas, especialmente na vida
das crianças, ajudando-as a tomar decisões importantes e resolver problemas.
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Mas podemos perceber claramente algo, a família atual não é a mesma de
tempos atrás. Há uma mudança nos papéis sociais e na estrutura familiar. A mulher
hoje é mais independente, o pai já não tem mais tempo para estar sempre com os
filhos, convivendo nas horas que eles mais necessitam.
Todas essas mudanças provocaram uma sociedade diferenciada onde os
divórcios são mais comuns, causando conflitos na cabeça das crianças e jovens,
afetando sua vida na escola.
A emancipação da mulher fez com que ela começasse a ausentar-se de casa. Veja: pai e mãe não trocaram de lugar. Não é porque a mãe passou a sair que o pai resolveu permanecer no lar. Só que a criança não pode ficar só. Ela não tem capacidade física nem psicológica para lidar com as ocorrências do dia-a-dia de uma casa. (TIBA, 1996, p.80)
Não podemos fechar os olhos para não ver que os problemas sócio-
econômicos também afetam a família. A desigualdade social privilegia uma pequena
parte da sociedade e deixa a maioria das famílias em uma situação de extrema
pobreza, gerando conflitos no lar que se refletem na escola e em outras áreas da
vida social.
Todos esses problemas que a família enfrenta, tanto na área social quanto
econômica acarretam outros conflitos que podem prejudicar bastante a vida dos
membros familiares, principalmente das crianças e jovens em idade escolar que,
muitas vezes, ficam reprovados ou desistem de estudar, contribuindo, portanto,
esses fatores para uma educação fracassada.
Essa situação preocupa os educadores que, muitas vezes, não conseguem
compreender as causas e conseqüências de todos esses problemas, ficando sem
ação diante dos fatos negativos que ocorrem dentro da escola.
Esse contexto nos mostra como o educador se encontra sobrecarregado em
suas atividades, o que torna o ato de educar mais problemático. Portanto, o
professor deixa, muitas vezes, de solucionar os problemas educacionais surgidos no
processo educacional para atuar em outras áreas que não lhe dizem respeito,
contribuindo negativamente para o sucesso educacional. Vejamos que, além dos
problemas familiares dos alunos, “O educador escolar, em especial o professor,
pouco tem conseguido fazer diante da falta de material pedagógico, das classes
abarrotadas (...) da falta de assistência pedagógica enfim das inadequadas
condições de trabalho”. (PARO, 2000, p.13)
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A partir desses fatores refletidos que dizem respeito à família e sua relação
com a escola, vários problemas vão surgindo e a criança, muitas vezes, torna-se
vítima de uma família desestruturada e que não encontra apoio na escola e nem na
sociedade ou no poder público.
Não podemos analisar, portanto, os problemas educacionais de forma
superficial, mas como parte de um universo muito maior. Necessitando, pois, os
educadores buscarem soluções não somente na escola, mas tentar compreender as
outras relações em que o aluno está inserido e a principal delas é a família.
1.1.1.2.1. O TRABALHO INFANTIL
O trabalho infantil, uma das principais causas da evasão escolar, não deixa
espaço para as atividades educacionais. A criança devendo ocupar seu tempo com
os estudos que lhe ajudarão na melhoria da sua formação social, contribuindo para
uma vida mais digna no futuro, encontra-se, ainda de forma desestruturada e
inadequada, realizando atividades mal remuneradas que não se adequam a ela,
mas a vida adulta.
A Constituição brasileira propõe a prevenção ao trabalho de menores no
intuito de que seja garantida a oportunidade de uma vida e educação mais
qualitativa. Sendo assim a Constituição Federal de 1988 no artigo 7º, inciso XXXIII
proíbe qualquer trabalho antes dos 16 anos. Dos 14 aos 16 anos só é permitido o
trabalho na condição de aprendiz.
Mas as condições sociais brasileiras não têm permitido que o trabalho infantil
deixe de existir. Mesmo assim têm surgido no Brasil alguns programas de combate a
esse tipo de atividade como o PETI, e o BOLSA FAMÍLIA, já citados. Mas o
problema da Evasão escolar ainda está longe de ser solucionado.
Este costume enraizado na cultura brasileira junto à condição de vida da
maioria da população pode contribuir para a aceitação do trabalho infantil no Brasil.
O trabalho infantil, fruto dessas mazelas é um problema sério e que vem
crescendo a cada dia no Brasil. Um dos fatores principais que contribuem para uma
situação social negativa é a miséria da população.
Segundo a PNAD (Pesquisa Nacional por amostra domiciliar), em matéria
exibida na Revista Jurídica CONSULEX (2005, p.39), em 2003 existiam 5,1 milhões
de crianças e adolescentes de 5 a 17 anos de idade trabalhando no Brasil. Sendo
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que 1,3 milhões tinham entre 5 e 13 anos: “Metade dessas crianças pertencia à
família com renda per capta inferior a meio salário mínimo (73% no nordeste), e a
metade dela não recebia nenhuma remuneração”.
A ajuda que as crianças dão em casa em atividades corriqueiras, ajudando os
pais em tarefas domésticas leves sem prejuízo de seus estudos não se constituem
trabalho infantil, mas depende de onde e como tais tarefas são realizadas, podem
prejudicar a educação da criança.
Portanto, ajuda prestada por uma criança aos pais, guardando brinquedos, arrumando suas camas, pondo a mesa ou guardando talheres são tarefas que ensinam e auxiliam na sua formação. No entanto, permitir que essas crianças realizam estas mesmas funções repetidamente, na casa dos outros, o dia inteiro, aí sim estamos diante de trabalho infantil REVISTA JURÍDICA CONSULEX, 2005, P39).
Trabalho infantil se constitui uma atividade em que a criança é explorada a
trabalhos pesados e perigosos em horários que comprometem as suas outras
atividades como os estudos, a brincadeira e outros.
Portanto, a maioria das crianças que trabalham, o faz para ajudar na renda
familiar, sendo, muitas vezes exploradas pela família. Essas crianças,
conseqüentemente, não têm estrutura para prosseguir os estudos, sendo
atropeladas pelos fatores sócio-econômicos que levam a maioria das famílias a uma
vida de miséria.
A criança formada a trabalhar, sem chances de se formar e informar, será
certamente, um adulto desempregado ou subempregado no futuro, ou seja, os pais
estão condenando seus filhos a repetir suas histórias de vida. (bid, 2005, p.39)
1.2. PROBLEMAS INTERNOS QUE CONTRIBUEM PARA A EVASÃO
ESCOLAR
Além dos fatores externos à escola que notadamente contribuem para a
evasão escolar, podemos ver que existem também, inegavelmente, fatores internos
que excluem a criança da escola. Tais fatores tornam a escola uma instituição que
não vem atendendo de forma democrática os seus educandos.
Podemos encontrar dentro dessa visão fatores ligados ao processo educativo
e relacionados a problemas no sistema escolar. Alguns apontam a escola como
21
responsável pelo sucesso ou fracasso dos alunos das escolas públicas, tomando
como base fatores o caráter reprodutor da escola e a prática pedagógica do
professor.
Muitos estudiosos acreditam que esse fracasso não está ligado a problemas
externos, ou seja, conflitos dentro da família ou sociedade, mas é fruto de interesses
da classe dominante. De acordo com FREIRE (1987, p.9), “Em sociedades cuja
dinâmica estrutural conduz à dominação de consciências a pedagogia dominante é a
pedagogia das classes dominantes”. Ou seja, se a escola não está preocupada com
a transformação da sociedade de forma mais justa e igualitária para todos, ela acaba
reproduzindo essa sociedade e sustentando os privilégios da minoria, que é a elite,
excluindo, portanto as classes desfavorecidas de uma educação de qualidade.
Ainda a esse respeito, reforça Ibid (1987, p.9) que a responsabilização da
criança pelo seu fracasso escolar tem como base o pensamento da classe
dominante, fornecendo argumentos que legitimam e sancionam essa sociedade de
classe, fazendo com que as pessoas acreditem que o único responsável “pelo
sucesso ou fracasso social de cada um é o próprio indivíduo e não a organização
social”.
Claramente vemos que o fracasso ou evasão escolar predomina nas classes
populares que vem fracassando. Segundo Ibid (1987 p.9-10) isso se dá em virtude
de que a escola que aí temos serve de instrumento de dominação, reprodução e
manutenção dos interesses da classe burguesa.
E dentro da escola, o professor é apontado como produtor do fracasso
escolar. Para ROSENTHAL e JACOBSON (apud GOMES, 1994, p.114) a
responsabilidade do professor pelo fracasso escolar do aluno se deve às
expectativas negativas que este tem em relação aos seus alunos considerados
como "deficientes", os quais, muitas vezes, apresentam comportamentos de acordo
com o que o professor espera deles.
A esse respeito propõe VASCONCELOS (1994, p.57) em relação à forma de
avaliar que a escola deve ser mais democrática e propor uma avaliação menos
discriminatória que não exclua os alunos ou consista na constatação das profecias
auto-realizantes, que propõe o fracasso dos alunos antes mesmo da sua
preparação ou da finalização do ano letivo; mas que segundo ele, esta possa
cumprir sua função de auxiliar no processo de ensino-aprendizagem. O autor Frisa
ainda que a avaliação que importa é aquela que é feito no processo, quando o
22
professor pode estar acompanhando a construção do conhecimento pelo educando
e não apenas para dar nota, ou seja, comparar os alunos entre si.
Como se pode ver, a literatura existente sobre o fracasso escolar aponta que,
se por um lado, há aspectos externos à escola que interferem na vida escolar, há
por outro, aspectos internos da escola que também interferem no processo sócio-
educacional da criança, e que direta ou indiretamente, acabam excluindo a criança
da escola, seja pela evasão, seja pela repetência.
1.2.1. O CURRÍCULO E A EVASÃO ESCOLAR
A LDB (Lei de Diretrizes Básicas) no artigo 22, que trata da educação básica,
fala da finalidade da educação que consiste em assegurar ao educando uma
formação comum para exercer a cidadania e meios para progredir no trabalho e em
estudos posteriores. Também é garantido ao educando que este possa adquirir
conhecimentos dentro de sua realidade que o possibilite conhecer o meio em que
vive, a cultura local, as normas, a sociedade e seus valores; assim como adquirir
habilidades necessárias à aquisição de uma profissão e ferramentas para que este
possa caminhar sozinho, ou seja, tenha capacidade de compreensão e domínios de
técnicas que facilitem sua aprendizagem.
Dessa forma a noção-chave para a compreensão do currículo é a da
experiência educacional, tal noção engloba todo o sistema de interações que se
estabelecem entre o educando e as condições do ambiente escolar às quais
reagem. São essas interações que formam a situação do ensino-aprendizagem,
presente tanto na sala de aula como no ambiente escolar, em geral, Compreende
desde as condições físicas até os fatores psicológicos que possam facilitar a
aprendizagem.
Sua organização, portanto, continua sendo objeto de discussões e
reformulações, sendo, segundo GAROUDICHT e SOUZA (1999, p.77) um diálogo
coletivo. Sua própria definição já passou por várias transformações, ora significado a
distribuição e seriação de matérias na escola, ora o conteúdo dessas disciplinas ou
ainda o conjunto de todas as experiências educacionais que se proporciona aos
alunos, dentro e fora da escola.
O importante é que seja um processo que proporcione o conhecimento, a
investigação e a reflexão da realidade, da forma implícita de pensar e agir das
23
pessoas que com ela e nela interage para, num movimento dialógico, coletivo de
negociações estruturar-se uma ação educacional possível. Ibid (1999, p.77).
Embora atual seja usar o termo currículo no sentido amplo, a definição mais
aceita pelos que trabalham nesse campo não incorpora a experiência total dos
alunos; limita-se as experiências nas quais as escolas desempenham um papel
direto e decisivo.
Mas os dados e elementos do currículo devem ser de natureza bastante
variada, englobando um conjunto bem amplo de conhecimentos, idéias, princípios,
costumes e ideais. Esse conjunto estabelece e constitui-se a chamada cultura ou
herança social.
A hipótese é que os conceitos nucleares teriam uma dupla natureza – transdisciplinar e transcultural – o que garantiria a construção de um núcleo curricular básico e uma base relacional, quer no eixo cultural quer no eixo disciplinar. BORNANINO e BRANDÂO, citados por BARRETO (1998 p.33).
Assim, o currículo é definido como um conjunto de todas as experiências de
aprendizagem que a escola proporciona ao aluno e que tendem a provocar nele
mudanças comportamentais desejáveis. Trata-se de um complexo de condições
planejadas e controladas, em maior ou menor grau, sob as quais o educando
aprende novos comportamentos que modificam os existentes, conservam alguns e
eliminam outros. Essas condições refletem em última instância aos esforços dos
educadores para alcançar as finalidades da educação (metas e objetivos
educacional), dentro de uma perspectiva psico-pedagógica.
É na interseção da teoria com as praticas educacionais existentes, historicamente localizadas que se podem plantar as bases do desenvolvimento dos vários currículos críticos e progressistas ou das várias pedagogias críticas (SILVA, 1990, p.64).
A seleção e organização do conteúdo e das experiências dependem em
grande parte da formulação dos objetivos. Utiliza-se a escola daqueles elementos da
herança social que farão parte da socialização já que não é possível transmitir toda
a cultura da sociedade nem incluir todos os seus aspectos nas finalidades da
escolarização.
24
Dentro da problemática investigando o processo de seleção do conteúdo é
por demais importante, haja vista que o excesso de conteúdo desprovido de uma
lógica que leve ao aprendizado pior certo, é inócuo e até inoportuno, dentro da
formação consciente do homem para o exercício da vida e da cidadania,
ocasionando por falta de maior sincronismo a repetência e evasão.
Portanto, o currículo já que se constitui também no conjunto de experiências
dos educandos, deve fazer parte da realidade dos educando e não contribuir para
aliená-lo. Quando o currículo afasta-se da realidade torna-se desinteressante e sem
utilidade, fazendo com que o desgaste e o desinteresse contribuam para evasão
escolar.
O conceito de experiência de aprendizagem como interação do aluno com o
ambiente implica ou proporciona ao aluno a condição de participante ativo, tendo
sua atuação atraída por alguns aspectos do ambiente aos quais reage. O aluno
aprende o que ele mesmo faz e não o que o professor faz.
Os objetivos expressos no currículo devem estar definidos claramente, tendo,
assim, de acordo com BARRETO (1988, p.27), como finalidade o desenvolvimento
do raciocínio, formação de adolescente, exercício consciente da cidadania, hábitos
de boa moral, autonomia e formação do espírito científico etc.
Devem ser bem analisados para que permitam identificar todos os resultados
que se pretende obter a curto ou médio prazo (objetivos educacionais),
proporcionado assim recursos para o planejamento do trabalho do professor na sala
de aula.
Quando uma determinada meta se destaca, por exemplo, a aquisição de
conhecimentos é preciso antes de tudo delimitar as diversas modalidades de
conhecimento bem como as capacidades intelectuais envolvidas nessa categoria.
Neste caso, tanto pode ser destacados o conhecimento de convenções, tendências
e classificações como as capacidades intelectuais de compreensão, análise e
avaliação.
Na seleção de conteúdos deve-se chegar a um conjunto de objetivos não
numerosos, importantes e coerentes entre si sendo estes atingidos dentro de um
tempo disponível.
O artigo 23 mostra como deverá organizar-se a educação básica, sendo,
portanto, em séries anuais, com períodos semestrais, ciclos, alternância regular de
ciclos de estudo, grupos não seriados, com base na idade, competência e outros
25
critérios, ou por forma diversa de organização, se o interesse a recomendar; a alínea
2° desse artigo fala do calendário escolar, cujo recomendado é não se reduzir o
número de horas previstas, de acordo com as peculiaridades locais. O artigo 24, no
inciso I vê que a carga horária anual será de 800 horas, com no mínimo 200 dias de
efetivo trabalho, excluindo exame final.
Art. 24. A educação básica, nos níveis fundamental e médio, será organizada de acordo com as seguintes regras comum: I - a carga horária mínima anual será de oitocentas hora, distribuída por no mínimo duzentos dias letivos.
Deve-se estabelecer ainda uma prioridade entre objetivos relacionados em
função dos valores declarados ou implicados pela filosofia educacional e social da
escola ou do sistema educacional.
Para evitar a retenção e evasão escolar dos educandos deve o professor ter o
discernimento em explorá-lo, buscando as potencialidades dos educandos. Assim
procedendo, os objetivos curriculares seriam por certo atingidos reduzindo, desse
modo, a repetência e a evasão escolar e proporcionando, segundo, SILVA (1990,
p.64) um ambiente democrático, igualitário, transformador da sociedade.
È possível, portanto, encontrar-se dois alunos na mesma classe que estão
vivendo, ao mesmo tempo experiências diferentes. Por exemplo, supondo que o
professor esteja expondo certo tema, um dos alunos pode interessar-se pelo
problema e seguir atentamente a apresentação, percebendo as relações que são
feitas e buscando exemplos na sua própria vivência.
Neste sentido o professor pode criar um ambiente e estruturar a situação de
modo a estimular o tipo de comportamento desejado. Para isto, existem alguns
princípios gerais que se aplicam à seleção de experiências de aprendizagem: o
aluno deve ter experiências que lhe dêem oportunidade de praticar um
comportamento decorrente do objetivo a ser atingido (proposto). Deve proporcionar
satisfação, modificar um comportamento dentro do âmbito de suas possibilidades.
Além disso, as experiências precisam ser variadas para aumentar a
motivação em aprender atendendo as diferenças individuais e heterogeneidade dos
alunos.
A organização dos conteúdos e das experiências da aprendizagem consiste
na combinação de dados e elementos escolarizados e dos meios que serão
26
utilizados para proporcionar a sua interação de maneira dar-lhes ordenação e inter-
relação, consistindo na interdisciplinaridade.
Portanto, se o currículo abrange a diversidade social e cultural dos alunos, o
projeto educativo deve ser o mesmo para todos os alunos, com uma atenção maior
as diferenças individuais.
De acordo com os Parâmetros curriculares Nacionais (PCN’S), citado pela
REVISTA NOVA ESCOLA (1995) os objetivos e indicações pedagógicas consideram
questões atuais relacionadas à educação, em que admite a pluralidade do fazer
educativo, de forma que atenda a diversidade e diferenças culturais.
O currículo pode se constituir num grande obstáculo para o acesso de alunos
a uma educação democrática e que atenda a todos. Isso ocorre quando a escola
impõe a homogeneidade aos alunos ao se atingir os resultados dentro do processo
educacional. Independente das diferenças individuais a competência acadêmica é
exigida de forma inflexível e uniforme para todos.
O que se busca é a construção de currículos abertos, transformadores com
novas prescrições, contemplando as diferenças dentro da comunidade escolar.
Pensando assim o ministério da educação e Ciência da Espanha publicou em 1992
uma proposta nacional de adaptações curriculares, dando respostas apropriadas ás
necessidades especiais dos alunos.
Essas adaptações organizacionais dizem respeito a todos os aspectos
educacionais inclusive relacionados à temporalidade; podem se realizar em três
níveis: no âmbito geral, envolvendo o projeto pedagógico da escola, no âmbito mais
particular, envolvendo o currículo desenvolvido na sala de aula e no nível individual.
No Brasil as adaptações curriculares estão previstas na lei nº 9.394 de
diretrizes e bases da Educação Nacional Mas só isso não basta. Deve haver
também uma mudança de postura, perceptiva e de concepção dos sistemas
educacionais, abrangendo atitudes, perspectivas, organizações e ações de
operacionalização dentro do trabalho educativo.
Sendo necessário, portanto, que haja algumas modificações dentro do
currículo no que diz respeito a atender todas as crianças e suas necessidades
individuais. Tais modificações devem abranger todo o sistema e estar presente nos
objetivos educacionais, procedimentos e organização no sentido de adaptar essas
crianças para que possam sentir-se acolhidas dentro do sistema educacional,
podendo este realmente atender as diferenças individuais promovendo a
27
socialização dessas crianças como está previsto dentro dos propósitos educacionais
brasileiros.
1.2.2- A AVALIAÇÃO COMO INSTRUMENTO DISCRIMINATIVO
O capitalismo, segundo SOARES (1991, p.81) veio dar uma nova roupagem à
escola. Visando uma mão de obra obediente e disciplinada para a indústria, a escola
passou a ser um reflexo dessa nova ordem econômica. O conhecimento, portanto,
não era fornecido com o intuito de formar pessoas conscientes e questionadoras da
realidade.
Segundo a mesma autora, a classe dominante prega um discurso que fala de
“igualdades e oportunidades”, o que não se realiza na prática. A escola passa a ser,
portanto, para os dominados uma forma de ascensão social.
Mas essa escola das oportunidades reprova e com isso excluem alguns que
não se adequar ao seu sistema. Sendo, assim:
A avaliação sob uma falsa aparência de neutralidade e objetividade é um instrumento por excelência de que lança mão o sistema de ensino para o controle das oportunidades educacionais e para a dissimulação das desigualdades sociais, que e lança oculta sob a fantasia do dom natural e do mérito individual conquistado. (Ibid, 1991, p.81)
Neste contexto, a avaliação mostra de forma cruel que nem sempre é
possível ascender por existir a reprovação, uma conseqüência “natural” das
diferenças individuais. Existem, portanto os “inaptos”. Aqueles que não conseguem
passar pelo processo educativo de forma a obterem sucesso. Sendo assim:
A avaliação inflama necessariamente as paixões, já que estigmatiza a ignorância de alguns para melhor celebrar a excelência dos outros. Quando resgatam suas lembranças de escola. Certos adultos associam a avaliação a uma experiência gratificante construtiva; para outros ela evoca, ao contrário, uma seqüência de humilhações. (PERRENOUD, 1999, p.10).
Nesse caso, o aluno assume o papel de inferior e culpado e conforma-se com
a situação, internalizando sua inferioridade.
A avaliação é, então, um instrumento que colabora significativamente no
processo de dominação social, na medida em que auxilia na formação de conceitos
28
negativos aos educando. Ao mascarar-se no dom natural e déficit cultural,
dissimulam-se as desigualdades sociais. É a escola, portanto, sendo usada como
aparelho ideológico do estado e a avaliação, o instrumento que muito bem se serve
a este propósito.
A verdade é que a educação prioriza a verificação da aprendizagem ao invés
de priorizar a avaliação, tema que será abordado a seguir. Infelizmente, os
instrumentos de avaliação utilizados, associados á qualidade questionável da
educação brasileira, têm penalizado muito os alunos. Em inúmeros casos,
culminando com a reprovação e esta, causando várias conseqüências aos mesmos,
muitas vezes irremediáveis.
Sendo assim, estas conseqüências são expressas através do processo de
interiorização inconsciente de suas fragilidades cognitivas, o sentimento de
inferioridade em relação aos demais aprovados, a apatia, a acomodação, etc., que
alicerçam todo o conjunto de condições para acentuar a diferença de classes, no
momento em que vai amortecendo os estudantes, deixando-os receosos com
relação aos seus valores e suas potencialidades.
A avaliação diferentemente deve ser um processo contínuo. Sua finalidade é
verificar até que ponto o currículo da forma como está sendo desenvolvido está
produzindo resultados satisfatórios. Permite também aferir a validade das hipóteses
básicas sobre as quais o currículo foi organizado e desenvolvido.
A avaliação deve ser contínua para que possa cumprir sua função de auxiliar no processo de ensino-aprendizagem. A avaliação que importa é aquela que é feita no processo quando o professor pode estar acompanhando a construção do conhecimento pelo educando. (VASCONCELOS, 1994, p.57).
A avaliação deveria ser encarada dentro de um projeto pedagógico,
articulando-se com esse projeto, subsidiando o processo de aprendizagem. E
principalmente, este projeto deveria priorizar o desenvolvimento, do educando.
Tanto a escola como instituição de ensino superior devem utilizar todos os
instrumentos e mecanismos para que se efetive esse desenvolvimento fazendo com
que o aluno aprenda ativamente aquilo que é trabalhado.
O processo avaliativo sugere considerar todas as questões, referente ao
processo pedagógico, e do ensino-aprendizagem trabalhando para que o educando
o encare como um instrumento de questionamento, de teste e reforço. Mas a
29
construção do saber não deve dar-se de modo superficial, linear e alienado, mas de
forma ativa, consciente participativa.
1.2.3. DIFERENÇA ENTRE VERIFICAÇÃO DA APRENDIZAGEM E AVALIAÇÃO
Segundo VASCONCELOS (1994, p.53) Quando falamos em avaliar
precisamos de uma nova relação com as idéias e com a realidade, mas não basta
apenas isso, pois o que realmente muda é a prática. Algumas mudanças precisam
vir das instâncias superiores, mas muitas delas podem ser mudadas pelo professor
e a escola. È necessário que o professor mude sua postura em relação ao seu
trabalho educativo. Algumas medidas simples fazem a diferença como preferir
avaliações mais reflexivas, não marcar semana de prova e outras.
Através de uma autocrítica o professor pode superar o problema da avaliação,
abrindo mão do autoritarismo na avaliação, mudando a metodologia de trabalho,
redimensionando o uso da avaliação, alterando a postura diante dos resultados da
avaliação, criando uma nova mentalidade sobre a avaliação e não reproduzindo a
regra dominante, assim ele estará empenhando-se para a transformação para uma
nova prática.
A conscientização é um longo processo de ação-reflexão-açao; não acontece de uma vez’, seja com um curso ou a leitura de um texto. Quando se tenta mudar o tipo de avaliação é que se pode ter a real dimensão do grau de dificuldade da transformação, bem como o grau de conscientização do grupo de trabalho (...) Vai ganhando clareza às medida que se vai tentando mudar e refletindo sobre isto, coletiva e criticamente. (Ibid, 1994, p.53)
A vontade do professor de mudar sua postura, muitas vezes, é acompanhada
pelo medo do novo, mas um pouco de esforço, trabalho coletivo e criatividade são
os melhores meios de encontrar uma alternativa para a avaliação.
A postura de avaliar nas escolas brasileiras tem sido autoritária; não podemos
confundir avaliação com verificação da aprendizagem que consiste em apenas
medir; sendo uma prática que faz parte do cotidiano educacional e que,
indiscutivelmente, tem trazido conseqüências danosas e negativas ao pleno
desenvolvimento da aprendizagem dos alunos: Conseqüências de ordem
pedagógicas (ao limitar e reduzir o conhecimento do aluno a uma prova, teste, etc.,
de modo a observar esse rendimento de maneira estática), de ordem psicológica (ao
30
desenvolver e acentuar o medo e a ameaça da reprovação) e de ordem social (ao
contribuir para o aumento no índice de reprovação, já que a verificação não analisa
um conjunto de situações, mas prende-se exclusivamente na obtenção do dado).
Segundo PERRENOUD (1992, p.11), “a avaliação é tradicionalmente
associada à criação de hierarquias de excelências, definida no absoluto ou
encarnada pelo professor e pelos melhores alunos”.
A avaliação, diferentemente da verificação, que é estática, é de fato, é
demorada, requer, sobretudo, que o docente amplie sua compreensão a cerca do
educando, observando seus limites, dificuldades e avanços. Comumente, limitar-se
à verificação da aprendizagem traz sérios prejuízos para o educando. Um exemplo
prático é a distribuição de notas por bimestre.
Por exemplo, os alunos atingem notas satisfatórias em um ou dois bimestres
e não obtém notas razoáveis em outros dois bimestres; nestes últimos, o conteúdo,
naturalmente, não foi absorvido de modo satisfatório. Todavia ele consegue atingir,
ainda que de modo apertado, a média mínima necessária para ser aprovado. E o
conteúdo cuja aprendizagem foi questionável? O aluno é aprovado, carregando para
a outra série ou semestre seguinte suas dúvidas e deficiências. O processo de
avaliação deve ser conduzido de modo a levar a uma reflexão sobre esta e outras
questões envolvidas
As manifestações das condutas de ordem afetiva, cognitiva e psicomotora dos
educandos devem ser coletadas, analisadas e sistematizadas objetivamente. Além
disso, deve-se e atribuir uma qualidade ao dado, para em seguida, posicionar-se
quanto á conduta a ser tomada conforme análise feita, buscando-se desse modo, o
desenvolvimento qualitativo da aprendizagem e não se restringir a resultados
quantitativos, com demonstração de aprovados ou reprovados.
É evidente que a prática da avaliação da aprendizagem só se realiza se
houver um efetivo interesse do professor e da instituição de ensino com a
aprendizagem do aluno e não somente em “empurrá-lo” para a série seguinte ou
atestar-lhe sua inaptidão, reprovando-o. É preciso esta sensibilidade e compromisso
de docente. Afinal a avaliação é um método de coleta e análise de dados
necessários á melhoria da aprendizagem dos alunos e não um instrumento de
seleção.
Portanto a avaliação deve servir para melhorar o trabalho do professor. Deve
ocorrer de forma democrática e explorar as potencialidades dos alunos, promovendo
31
a reflexão e a aquisição de conhecimentos mais significativos através de uma
metodologia que promova a socialização e a dinâmica da prática educativa.
32
CAPÍTULO II
2. RESULTADO DA PESQUISA
A escola em que foi feita a pesquisa de campo será caracterizada em seus
aspectos materiais e seu espaço físico; em seguida faremos a análise dos dados da
pesquisa sobre o tema proposto para que sirva de reflexão e futuramente seja
possível amenizar o problema da Evasão Escolar.
2.1. CARACTERIZAÇÃO DA ESCOLA
2.1.1. Identificação da escola
A pesquisa de campo foi desenvolvida na Unidade Integrada José Sarney,
localizada na Rua Aquiles Lisboa, s/n Centro, Timon-Ma, que pertence à rede
estadual de educação. Nessa escola, a maioria dos alunos é oriunda da periferia da
cidade.
2.1.2. Situação física
Quanto aspecto físico da escola observou-se que as dependências, de um
modo geral, encontram-se funcionado regularmente, mas necessitando de uma
reforma geral, pois a mesma é antiga, sendo construída em 1968.
A escola possui 09 salas de aula, sendo que 02 salas encontram-se
desativadas pelo péssimo estado de conservação; 01 sala de professores, 01
diretoria, 01 secretaria, 01 cantina, 01 depósito, 01 banheiro para funcionários, 02
banheiros para os alunos, 01 pátio, 01 biblioteca e uma quadra de esportes de uso
inadequado.
Quanto ao aspecto administrativo, a escola dispõe de 40 funcionários, sendo
02 diretores, um titular e o outro adjunto, 02 coordenadores pedagógicos, 01
secretária, 04 auxiliares administrativos, 34 professores, 04 zeladores e 03 vigias.
33
Considerando os recursos audiovisuais, a escola possui 03 televisores, 01
DVD, 01 som, nos quis encontram-se em boas condições de uso.
2.2. Aspecto pedagógico
A escola funciona o Ensino Fundamental de 5º a 8º série diuturnamente,
sendo que em 2007 a matrícula foi de 490 alunos, distribuídos pela manhã em 296
alunos e à tarde 194 alunos. Vejamos o aproveitamento do turno vespertino no
quadro abaixo:
SÉRIE MATRICULA INICIAL
ALUNOS APROVADOS
ALUNOS REPROVADOS ALUNOS EVADIDOS
5ªs 56 39 12 09 6ªs 51 39 05 06 7ª s 40 22 08 11 8ª s 47 33 08 05
TOTAL 194 133 33 31
2.1.2. ANÁLISE DOS DADOS
A pesquisa realizada teve um total de 12 sujeitos, sendo 4 professores, 6
alunos e 2 gestores. Nessa pesquisa procuramos abordar através de perguntas
abertas e fechadas à questão da condição do aluno dentro e fora de sala de aula
que vem a influenciar na sua permanência dentro da escola. Nesse sentido
procuramos compreender os problemas que os alunos enfrentam e que vêm a
influenciar no seu desempenho no processo educativo e o gosto pelas atividades
escolares.
Sabemos que a escola, depois do lar, é o ambiente mais freqüentado pelas
crianças e jovens em idade escolar, mas sabemos que por diversos fatores existem
alunos que não tem obtido sucesso dentro da escola. Fatores internos e externos
têm influenciado os alunos a se afastarem do ambiente escolar e, assim, vem
tirando-lhes a oportunidade de desenvolverem suas potencialidades e garantir,
assim, um futuro mais seguro, através da valorização do trabalho, da aprendizagem
e da constante busca da cidadania.
Os questionamentos dirigidos aos alunos abordaram o gosto pela escola, o
incentivo a permanência desses alunos dentro do ambiente escolar através da
34
família, da direção, coordenação e dos professores. Focalizou-se também o
relacionamento fora da escola que vem a prejudicar o desempenho dos alunos em
sala de aula; refletindo-se, portanto, na qualidade das atividades escolares no
sentido de incentivar ou não a permanência do aluno na escola, assim como o papel
da avaliação para um desempenho satisfatório dos alunos.
Quanto às questões direcionadas aos professores procurou-se rever as
condições de trabalho, o relacionamento com os alunos, direção, o incentivo a
atividades enriquecedoras dentro e fora de sala de aula, a motivação a uma boa
freqüência dos alunos na escola, a realização de atividades prazerosas, assim como
o papel do currículo e da avaliação na formação de cidadão críticos, autônomos,
partindo-se de que os educandos possuem características diferenciadas. Tais
preocupações são essenciais para que os alunos sintam-se motivados a
permanecerem na escola.
As perguntas direcionadas aos gestores incluem o gosto pelo ambiente
escolar de alunos e professores, a preocupação com a freqüência dos alunos, as
condições favoráveis ao trabalho dos professores, assim como a existência de um
projeto no sentido de combater a evasão escolar dentro da escola.
2.2.1. Resultado do questionário aplicado aos alunos
Ao iniciarmos a entrevista com os alunos procuramos questionar sobre o
gosto dos alunos pela escola, 50% disseram gostar da escola apesar de não
gostarem de todas as pessoas que convivem dentro da escola com eles; 33,5%
relataram gostar da escola por ser um lugar onde podem brincar e estudar porque
em casa não tem tempo, 16,5% disseram gostar da escola, mas tem preguiça de
estudar porque na escola não há atividade do seu interesse.
Quanto ao relacionamento como os professores, 67% dos alunos aprovam os
seus trabalho e se relacionam bem com eles; outros 16,5% gostam apenas de
alguns professores, pois para eles existem professores que somente reclamam com
eles, mas não sabem elogiá-los por seu desempenho; 16,5% dizem não gostar de
alguns professores porque ensinam coisas muito difíceis não tem paciência para
ajudá-los a compreender o assunto.
Ao serem questionados sobre o incentivo dos pais para que eles estudem e
não faltem as aulas, 33,5% disseram que os pais sempre falam da importância dos
35
estudos e não deixam que eles faltem à escola; 50% falam que seus pais orientam
que os estudos são necessários, mas, às vezes, permitem que eles faltem para
realizar outras atividades de interesse pessoal da família; 16,5% dizem que os pais
falam que eles precisam, além de estudar, realizar atividade remunerada para ajudar
em casa e por isso, às vezes, faltam por estarem cansados ou não terem feito as
tarefas de casa.
Quando questionados sobre as atividades que exercem fora da escola, 50%
dizem apenas estudar; outros 33.5% relatam realizar atividades domésticas em sua
casa como cuidar da limpeza, lavar louça e outras atividades que os pais ordenam;
os outros 16,5% exercem trabalho infantil remunerado como vendedores ambulantes
e outros. Fica evidente através deste relato que essas atividades não deixam tempo
e disposição suficiente para a dedicação aos estudos.
Quando questionados se conseguem realizar todas as atividades da escola,
67% dizem conseguir realizar todas as atividades; os outros 33,5% disseram que
não conseguem por serem complicadas e porque não gostam de fazer todas as
tarefas.
Quando questionados se alguma coisa desmotivada a continuarem
estudando, 33,5% disseram que acham a escola boa e não querem deixar de
estudar; outros 33,5% relataram que não gostam de alguns colegas, professores e a
direção; 16,5% não gostam das provas e de algumas aulas porque são cansativas;
16,5 acham que tem outras atividades mais importantes para fazer.
2.2.2. Resultado do questionário aplicado aos professores
Os questionamentos feitos aos professores iniciaram-se com as condições de
trabalho em que se encontram, 50% relataram que a escola não dispõe de material
de trabalho suficiente, dificultando seu trabalho; 25% disseram que a escola
necessita de uma reforma, de ventiladores e de quadros melhores, porque somente
algumas salas estão em melhores condições para atender aos alunos; 25%
disseram não ter apoio pedagógico da coordenação que favoreça uma boa
aprendizagem.
Quando questionados sobre a freqüência dos alunos em relação à Evasão
escolar, 25% relataram que há uma quantidade considerável de alunos na sala que
tem freqüência baixa e há 5 casos de alunos evadidos; 50% dizem que a freqüência
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está boa mais que há 4 alunos que faltam muito e já são considerados evadido pelos
professores; 25% dizem não estar totalmente satisfeitos com a freqüência, mas a
maioria daqueles que freqüentam tem bom aproveitamento.
Quando questionados a respeito do relacionamento com os alunos 75%
disseram que há muitos problemas com os alunos por causa da indisciplina e das
dificuldades para desenvolver um bom ensino-aprendizagem devido ao desinteresse
dos mesmos; 25% relataram desenvolverem um bom relacionamento com os alunos,
mas, algumas vezes, encontram dificuldades para atingir o objetivo de uma
aprendizagem qualitativa para todos devido a vários fatores, principalmente
familiares.
Falando do relacionamento com a direção, 50% dos professores encontram
dificuldades para dialogar com os gestores, porque há muitos problemas a serem
resolvidos e nem sempre há disponibilidade e interesse para isso; 25% dizem que o
relacionamento é bom, mas ainda precisa haver mais reunião na escola para as
decisões necessárias; 25% dizem estar satisfeitos no relacionamento com a direção,
elogiando sua atuação.
Quando questionados sobre sua preocupação com a freqüência dos alunos,
50% relataram perguntarem sempre aos alunos os motivos de suas faltas,
conversando com os pais a esse respeito; 50% disseram que comunicam a
coordenação e a direção, mas nada é resolvido.
Em relação ao currículo e conteúdos questionou-se sobre adequação dos
mesmos a realidade dos alunos, 75% relataram que procuram atender as
necessidades dos alunos de acordo com as suas dificuldades e particularidades;
25% disseram que seguem apenas o livro, mas que tentam adequá-lo a realidade.
Ao direcionarmos o questionamento a respeito da avaliação, perguntamos se
a avaliação é a penas para dar uma nota ou serve para trabalhar as dificuldades dos
alunos, 50% dos professores responderam que não utilizam apenas a prova, mas
trabalhos e atividades em que podem avaliar o desempenho dos alunos diariamente;
50% disseram avaliar o dia-a-dia doa aluno em sala de aula e seu desempenho no
cotidiano, mas também utilizam provas e outras atividades em sala de aula; sendo
que a prova é apenas para auxiliar na avaliação e na reformulação das estratégias
em sala de aula.
Ao serem perguntados se as atividades do dia-a-dia na escola são
prazerosas, 25% responderam que não dão apenas aulas expositivas, mas utilizam
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outras estratégias como brincadeiras, vídeos, pesquisas e trabalhos através de
projetos pedagógicos; 50% relataram fazer brincadeiras, passeios, mas não
esquecendo o conteúdo programado porque a coordenação cobra muito essa parte;
os outros 25% dizem que a coordenação não tem orientado nesse sentido, mas que
procuram realizar atividades diferenciadas com os alunos.
Quanto à preocupação da escola com a evasão escolar, na opinião de 25%
dos professores as reuniões que deviam tratar desse problema não discutem sobre
isso com devida importância; 50% acreditam que a coordenação e a direção se
preocupam com esse problema, mas não possuem ações estratégicas eficientes
para isso, 25% não sabem o que está sendo feito para combater a evasão escolar.
2.2.3. Resultado do questionário aplicado aos gestores
Nos questionamento direcionado aos gestores, frisamos em primeiro lugar a
qualidade do ambiente escolar para alunos e professores, 50% diz que a escola se
preocupa bastante com o ambiente escolar e que a gestão escolar se esforça para
garantir um bom relacionamento com todos; quanto à estrutura física da escola
alguns fatores deixam a desejar; 50% dizem que a escola procura ouvir a todos para
melhorar o ambiente escolar e que isso é um processo contínuo.
Quanto ao problema da Evasão Escolar, 100% afirmam ter esse problema
com a minoria dos alunos, mas que a direção está vendo uma possível solução.
Quando questionados sobre a preocupação que eles têm com a presença dos
alunos na escola, 50% responderam que fazem reunião com os professores para
tratar de todos os problemas que surgem na escola, diz também que esse é um
problema que ocorre em todas as escolas e precisa ser resolvido; além disso, família
precisa colaborar; 50% relata que esse é um compromisso da escola a boa
freqüência dos alunos e que será feito todo o possível para melhorar esse aspecto,
mas a família nem sempre ajuda.
Quanto a um acompanhamento constante do problema da evasão escolar,
50% apontam que necessitam de elaborar e por em pratica estratégicas específicas
nesse sentido; os outros 50% relatam que sempre se reúnem com os professores e
esse problema é discutido dentre tantos outros.
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Quando abordados sobre a motivação ao trabalho do professor, 100% dizem
dar apoio aos professores quando estes apresentam problemas relacionados ao seu
trabalho.
Relacionado às condições que favorecem ao bom desempenho do professor,
50% afirmam que trabalham constantemente para possibilitar melhores condições,
mas que falta um apoio maior do poder público em atender a diversas necessidades
da escola; 50% relatam que há uma preocupação com isso, mas faltam materiais de
trabalho mais modernos e outros.
Quanto à existência de um projeto específico para combater a evasão
escolar, 100% respondem que não existe esse projeto, mas que esse problema está
sendo discutido na reformulação do Projeto Pedagógico da escola.
Ao definirem a escola sobre a participação e freqüência dos alunos, 50%
define como sendo de boa qualidade, 50% define como razoável porque ainda
faltam ações estratégicas nesse sentido.
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CONCLUSÃO
A Evasão Escolar é um problema que vem persistindo há muito tempo.
Podemos concluir que as suas causas são de origem internas e externas, ou seja,
pode estar tanto fora da escola quanto em seu interior. O certo é que esse fato é
lamentável, sendo de responsabilidade de toda a sociedade, já que contribui para a
perpetuação do subdesenvolvimento sócio-econômico, da pobreza e
conseqüentemente da falta de consciência crítica e de cidadania.
Quanto à família, compreendemos através das análises dos dados da
pesquisa que esta ainda está distante de cumprir seu papel de incentivadora da
educação formal dos educandos. Os alunos não são incentivados efetivamente a
freqüentarem a escola em sua maioria. Alguns faltam à escola por motivos banais ou
mesmo para realizar trabalho remunerado ou por estarem enfadados de tais
atividades realizadas fora da escola.
O problema do trabalho infantil é muito antigo e ocorre em nossa sociedade
por causas sócio-econômicas como o desemprego dos pais, e conseqüentemente a
pobreza que empurra os filhos a essas atividades para contribuir com o orçamento
familiar. Muitas vezes, também é um problema que parece aceitável aos olhos de
muitas pessoas por fazer parte até mesmo da cultura do nosso país desde muito
tempo.
Tal problema efetivamente não ajuda a melhorar a situação da família, pois
esses mesmos pais que não tiveram oportunidades estão trazendo esta realidade
ainda de forma pior aos filhos, privando-os da oportunidade de crescer e conseguir
futuramente um trabalho digno e cidadania através da escola.
Alguns pais têm consciência da importância do papel da escola, mas outros
têm necessidades mais “importantes” que comprometem os filhos em idade escolar
e que precisam de uma educação que lhes garanta uma formação cognitiva, social e
de cidadania, sendo responsabilidade da escola.
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Tais causas externas, portanto, contribuem em muito para perpetuar o
problema da Evasão Escolar por estar vinculada a problemas sócio-econômicos há
muito tempo enraizado em nossa sociedade.
Segundo a pesquisa de campo realizada vemos também que a escola tem
tido algumas deficiências que contribuem para a perpetuação do processo de
evasão escolar. Dentro do que foi analisado pudemos ver que o ambiente escolar
não tem se adequado a todos os educandos.
O relacionamento no ambiente escolar ainda deixa muito a desejar. A escola
não tem compreendido o seu papel de mediador da aprendizagem para todos os
alunos e cumprido, assim, seu papel democrático. Para atingir esse objetivo, a
escola deve atender a todos os alunos de forma imparcial e de acordo com suas
necessidades.
De acordo com as análises dos dados vemos também que alguns alunos
relatam que ter encontrado muitas dificuldades em compreender aquilo que a escola
repassa e em relacionar-se com colegas, direção e professores. Não somente os
alunos têm essa dificuldade, mas os professores também relatam que não
conseguem, na maioria das vezes, um diálogo maior com a direção sobre os
conflitos vividos dentro da escola. Tais fatores dificultam em muito o interesse e
sucesso dos alunos.
Dentro da sala de aula, vemos alunos inseguros e que não se adaptam a
muitas atividades escolares, sentindo, portanto, dificuldades até mesmo de
expressar-se, deixando-os alheios a realidade da sala de aula. A avaliação é um dos
fatores que ajudam nessa realidade, alguns alunos são avaliados apenas de forma
superficial e não é encontrada uma forma de avaliação que seja adequada a alguns
casos.
Muitos professores utilizam apenas o livro como direção para suas aulas,
esquecendo-se de que alguns alunos não conseguem acompanhar a realidade
contida nesses manuais, e que, muitas vezes, estão distante dos seus problemas
reais. O livro deve ser um apoio, mas não ser o principal meio de aprendizagem.
O currículo escolar deve, portanto, adequar-se à realidade dos alunos para
que atinja de forma efetiva aprendizagem da maioria e que, assim, suas
diversidades sejam valorizadas e sirvam de fator positivo para uma aprendizagem
de qualidade.
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Portanto, podemos dizer que a evasão está longe de ser apenas um problema
de desinteresse pelos estudos. A família que priva seus filhos dos estudos também
tem problemas muito mais complexos que os tiram a oportunidade de dar aos filhos
uma educação de qualidade.
A escola deve, partindo do conhecimento de tal problema de forma mais
profunda, lutar por uma sociedade mais democrática e mais cidadã, promover ações
organizadas que venham a conscientizar essa sociedade, os pais e toda a
comunidade escolar da importância da educação formal para o crescimento integral
dos educados.
Podemos falar em um projeto que venha a atender a necessidade desses
alunos que tem dificuldade em permanecer na escola, conhecendo sua realidade e
utilizando estratégias organizadas e eficientes no sentido de garantir o cumprimento
do papel da escola e da família de promoverem uma educação de qualidade e para
todos, permitindo que os alunos continuem participando da formação escolar de
forma efetiva.
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autores associados; São Paulo: Fundação Carlos Chagas, 1998.
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ANEXOS
QUESTIONÁRIO DIRECIONADO AOS ALUNOS Você se sente bem dentro da sua escola? ( x ) sim ( ) não Justifique: Você gosta dos seus professores? ( x ) sim ( ) não Justifique: Os seus pais motivam você a ir para a escola? Como? Você realiza alguma atividade além dos estudos? Qual? Você consegue realizar todas as atividades escolares? Justifique: Você gosta da forma como os professores avaliam seu desempenho dentro da escola? Por quê?
QUESTIONÁRIO DIRECIONADO AOS PROFESSORES Você acha a escola um ambiente receptivo? Por quê? Como está a situação da freqüência dos alunos em relação à evasão escolar? A escola dispõe de condições de trabalho favoráveis a uma boa aprendizagem? A escola propõe atividades enriquecedoras que motivem os alunos? Você acha que a escola está preocupada com a presença dos alunos em sala de aula? O que a escola tem feito para melhorar a freqüência dos alunos? O currículo escolar tem se preocupado em atender as diferenças individuais dos alunos? A avaliação tem servido para melhorar o processo ensino aprendizagem ou serve apenas para medir o conhecimento dos alunos? Justifique:
QUESTIONÁRIO DIRECIONADOR AO GESTOR ESCOLAR A escolar que você atua dispõe de um ambiente agradável aos alunos e professores? 02- Há muitos casos de Evasão na sua escola? 03-A escola cria estratégias que motivem os alunos a terem interesse pelas atividades escolares? Quais? 04-A escola faz um acompanhamento permanente da evasão escolar dos alunos em sala de aula? Como? 05-Os professores da sua escola sentem-se motivados a desempenharem o papel de educador? 06-A escola dispõe de condições favoráveis ao bom desempenho dos professores e alunos? Justifique? 07-De que forma a escola está preocupada com a aprendizagem dos alunos? 08-A direção realiza reuniões periódicas para tratar de assuntos de interesse dos alunos e professores? 09-Se você fosse definir sua escola, como você definiria, levando em conta a participação e freqüência dos alunos?