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A Crise de 1929 e a Grande Depressão
Esta foi uma crise económica que atingiu os EUA, estendendo-se em seguida a todo o mundo capitalista. Pôs fim aos felizes anos 20 (rolling twenties), época de
bonança económica e culto ao dinheiro nos EUA e nos países da Europa.
A crise teve início em 1929, e persistiu ao longo da década de 1930, terminando apenas com a Segunda Guerra Mundial. A Grande Depressão é considerada a pior e
o mais longo período de recessão económica do século XX. Este período de recessão económica causou altas taxas de desemprego, quedas drásticas do
produto interno bruto, bem como quedas drásticas na produção industrial, preços de acções, e em praticamente todo medidor de actividade económica, em diversos
países no mundo.
Além das graves consequências económicas à crise financeira junta-se a crise de superprodução: apesar da descida dos preços, grande parte do mercado agrícola e
industrial não tem compradores. Milhares de empresas têm de fechar, o desemprego aumenta brutalmente, provocando uma redução do poder de compra e
uma redução da procura.
Desempregados fazem fila para tomar a sopa gratuita em Chicago (EUA), durante a crise econômica da década de 1930.
A rápida propagação da crise à Europa deveu-se, sobretudo à retirada de capitais, uma vez que desde a I Guerra, os bancos americanos faziam importantes
investimentos na Europa e, além disso concediam importantes empréstimos. Com a eclosão da crise, os americanos procuram fazer regressar os seus capitais
provocando uma grande perturbação na Europa. Muitos bancos, sobretudo na Áustria, Alemanha e na Inglaterra, faliram ou conheceram sérias dificuldades, o
mesmo aconteceu com as empresas que necessitavam de empréstimos bancários para sobreviverem.
Praticamente todos os países, da América do Norte, à Europa e ao Japão, da África à América Latina, acabaram por ser afectados de uma forma ou de outra pela crise. O
desemprego atingiu em todo o mundo limites quase incalculáveis.
Esta crise não deixou nenhuma classe social de parte, atingiu-as a todas de forma muito violenta.
As classes médias viram-se afectadas pela multiplicação das falências no comércio, no artesanato e na indústria. A própria burguesia foi afectada por numerosas
bancarrotas.
Os camponeses ficaram arruinados e os operários no desemprego.
A partir da queda de Wall Street, a contracção económica generalizou-se, acentuada pela miséria social. A perda de confiança foi total e o entesourando
parecia a única salvação. Nestas condições, nenhum dos mecanismos naturais da economia liberal parecia permitir uma recuperação.
Portanto, a crise de 1929 foi a perturbação mais importante de um capitalismo que alcançara já um elevado nível de concentração financeira e uma produtividade muito grande, mas que não modificava o modo de distribuição dos rendimentos
entre o capital e o trabalho.
A crise já se anunciara, ainda em 1928, por uma queda generalizada nos preços agrícolas internacionais. Mas o factor mais marcante foi a crise financeira detonada
pela quebra da Bolsa de Nova Iorque. Desde 1927, a economia norte-americana vinha experimentando um boom artificial, alimentado por grandes movimentos especulativos nas bolsas e pela super valorização de acções sem a cobertura
adequada. Em 24 de Outubro de 1929 - a chamada "quinta-feira negra" -, um movimento generalizado de vendas levou à brusca queda nos preços das acções e ao pânico generalizado. Até o final do mês, seguiram-se novas vendas maciças e
novas derrubadas de preços, acompanhadas por uma crise bancária e uma onda de falências.
O fato de que já nessa época os Estados Unidos ocupavam uma posição hegemónica na economia capitalista mundial, como maior potência industrial e financeira, foi determinante para que a crise assumisse proporções mundiais. A
repatriação de capitais norte-americanos, associada à brusca redução das
importações pelos Estados Unidos, repercutiu fortemente na Europa, gerando uma crise industrial e financeira sem precedentes e o crescimento vertiginoso do desemprego. A crise também teve severos efeitos na América Latina, cuja
economia agro exportadora foi altamente afectada pela retracção nos investimentos estrangeiros e a redução das exportações de matérias-primas.
A reacção inicial do governo norte-americano à "grande depressão" contribuiu para aprofundar ainda mais o ciclo recessivo, pois não houve qualquer tentativa do
presidente Herbert Hoover (foto a esquerda) de adoptar medidas que estimulassem a recuperação das actividades económicas e aliviassem as altíssimas taxas de
desemprego norte-americanas.
A ascensão de Franklin Roosevelt (foto a direita) à presidência, em 1932, abriu caminho para a adopção de uma política económica intervencionista, o chamado New Deal (cuja tradução literal em português seria "novo acordo" ou "novo trato")
foi o nome dado à série de programas implementados nos Estados Unidos. De facto, uma das principais
consequências da depressão, a médio e a longo prazo, foi uma intensificação generalizada da
prática da intervenção e do planeamento estatal da economia, que passou a vigorar não só nos
Estados Unidos, mas também nos países europeus e na América Latina.