A AVALIAÇAO E AS POLITICAS DE SAUDE
Campo Grande, 2010
3ª COLUFRASCONFERÊNCIA LUSO-FRANCÓFONA DE SAÚDE
Eronildo Felisberto
PRESSUPOSTOS
AVALIAÇÃO
atividade de natureza institucional
ligada à gestão pública e ao funcionamento do sistema
político
tem como finalidade fazer um julgamento de valor para
melhorar a operacionalização e a efetividade de uma
política ou programa social
(Hartz, 2008)
PRESSUPOSTOS
AS POLÍTICAS
voltadas para a melhoria dos problemas sociais
conjunto de orientações e decisões tomadas pelos poderes públicos
podem ser apoiadas nas avaliações, mas sem a elas se restringir
UM PROGRAMA DE SAÚDE
inserido no campo da política pública, deve ser considerado como uma prática social (Schraiber, 1997)
não deve ser entendido como intervenção exclusivamente técnica
nem ser interpretado como ação ideologicamente neutra
(Hartz, 2008)
“O nosso desafio é entender as forças e vulnerabilidades
das políticas e da avaliação e usar ambos para nos ajudar
a contribuir com a política pública de forma significativa e
duradoura.”
(Eleonor Chelimsky, 1995)
“... no Brasil, e em outros países da América do Sul, a prática da
avaliação na função pública é rara embora se observe que ela ocupa
um espaço crescente nos textos legais e técnico-científicos...”
“... sem um esforço de institucionalização por parte das estruturas
político-governamentais, que introduza incentivos técnico-financeiros
encorajando uma cultura de avaliação para tomada de decisão e
alocação orçamentária dos programas, todo este conhecimento é
mero exercício acadêmico, impotente para contribuir na melhoria
dos problemas avaliados...”
(HARTZ, 1999)
Declarações de Políticas
Se eu for Presidente:
“Vamos assegurar a universalização do acesso às ações e serviços de
atenção básica,
por meio das equipes de saúde da família.”
Se eu for Presidente:
“Toda gestante terá acompanhamento médico e saberá em que hospital
será o parto.“
Se eu for Presidente:
“Iremos assegurar os direitos às pessoas portadoras de deficiência no
acesso à saúde.”
Como Operacionalizar (tradução da política)
Programas – Práticas
Sub-políticas ? Políticas Setoriais ?
Avaliação ...
... desempenha um papel crítico ao oferecer
feedback essencial sobre o que está acontecendo
nos programas e práticas ou tecnologias
associadas às políticas ...
(Trochim, 2009)
... é análoga a uma intervenção ou um programa...
tem consequências que podem ser boas, más ou
neutras ...
(Hartz, 2008)
orienta a realização
das avaliações
(estabelece diretrizes para prática avaliativa)
“... são as regras e princípios de que um grupo ou organização faz uso para orientar suas decisões e ações
quando realizam uma avaliação”
(Trochim, 2009)
Uma Política de Avaliação...
Hartz (2002) já enfatizava a exigência da definição de uma “política de
avaliação para a avaliação de políticas” com um mínimo
de diretrizes:
•os propósitos e recursos atribuídos à avaliação (estrutura);
•a localização e abordagens metodológicas da(s) instância(s) de
avaliação (prática),
•as relações estabelecidas com a gestão e a tomada de decisão
(utilização)
Uma Política de Avaliação...
Interface entre a Avaliação e as Políticas de Saúde
POLITICA PÚBLICA POLITICA DE AVALIAÇÃO
PROGRAMAS AVALIAÇÃO (Prática Avaliativa)
(Felisberto, 2010. Adaptado de Trochim, 2009)
Política de Avaliação Política Pública •Finalidades múltiplas•Soluções contraditórias, difíceis de identificar •Relações de autoridades difusas•Grande número de atividades e atores que agem em função de diferentes lógicas•Uma forma dependente do contexto; dinâmica permanente de auto-re-organização(Morin, 1990; 1999)
Intervenção
Complexa
•Vários níveis de análise
•Relações causais complexas
•Os fenômenos retroagem uns com os outros
•Existência de paradoxos
(Contandriopoulos
et al., 2000)
Universalidade x Qualidade; Integralidade x Equidade; Efetividade x Eficiência;
Reforma Sanitária x Reforma do Estado
Política de Avaliação
... constituída por um
conjunto de meios
financeiros, físicos, humanos
e simbólicos organizados
para produzir bens ou
serviços em um contexto
específico, a fim de atuar
sobre uma situação
problemática
(CONTANDRIOPOULOS et al., 1997)
...visa, dentro de um
determinado contexto e
período de tempo, modificar o
curso previsível de um
fenômeno considerado
indesejado
( CONTANDRIOPOULOS et al., 1997)
Intervenção
Política Pública
AVALIAÇÃO PARA A GESTÃO
Premissas
Instrumento de aprendizagem: gestores/gerentes interessados
no porquê e no como de suas atividades
Complementariedade: avaliação interna + externa
Combinação de Métodos e Abordagens julgamento baseado
em evidências
Pertinência sobre a adoção da avaliação: convicção dos
gestores e do ponto de vista coletivo
Definição da avaliação (....para a gestão)
« Medição criteriosa sobre o mérito e o valor da gestão,
considerando os processos e resultados das intervenções
governamentais, visando o aprendizado organizacional e
a qualificação da ação pública »
(Felisberto, 2010. Adaptado de Vedung, 1997)
AVALIAÇÃO PARA A GESTÃO
Deve estar integrada à um sistema organizacional com
capacidade de influenciar o seu comportamento
Orientado para a ação
Vinculando as atividades analíticas às de gestão das
intervenções
(Hartz, 2002)
Institucionalização da avaliaçãoresultado de um processo de tensionamento
• das forças instituídas nas organizações
(resultado funcional das instituições, vigora para regular as
atividades, transmite uma característica estática)
• com as forças instituintes
(inovação; transformação institucional)
(Frias, 2006; Alves, 2008)
X
Cultura de Avaliação
O desenvolvimento de uma cultura de
avaliação não se faz sem dificuldades e
demanda muita perseverança,
apoio dos gestores e
pessoas capacitadas em avaliação
Allen
Política de Avaliação
(Allen, 2006)
Compatibilidade com a missão da organização
• Envolvimento e forte apoio do ‘defensor’ organizacional
• Benefícios para membros da equipe (prontamente notados)
• Apoio de profissionais de outras áreas
• Investimento de recursos adequados
• Estabilização desses recursos
• Desenvolvimento da capacidade técnica
• Movimentos inovadores
Política de Avaliação: sustentabilidade
(Green, 1989; Shediac-Rizkallah e Bone, 1998; Scheirer, 2005)
“... na avaliação de programas complexos que envolvem uma
pluralidade de atores, duas das principais funções da
avaliação – a ‘accountability’ e o ‘aprendizado coletivo’ –
mesmo que combinadas, necessitam ser apoiadas por uma
terceira função – a de cooperação...”
“... Avaliações que são mais válidas do ponto de vista de governos
descentralizados podem ser vistas como sendo de pouco valor em
nível central. Isto ressalta a necessidade de formas mais
participativas de avaliação ...”
(Van der Meer e Edelenbos 2006, p.210)
“...o elemento diferenciador da qualidade da gestão, mais do
que a perícia técnica é o compromisso ético e político dos
sujeitos que compõem a equipe dirigente...”
(Teixeira, 2006)
“Os ambientes políticos são passageiros, o poder muda
de mão, e a avaliação precisa ser defensável, não
somente através de todo o espectro de misturas
políticas, mas também através do tempo, à medida
que estas misturas mudam.”
(Eleonor Chelimsky, 1995)
Eronildo Felisberto