A ARTE COMO MEIO TRANSFORMADOR SOCIAL
Waldivia Trautwein Diniz Ribeiro *; Prof. Dr. Jardel Dias Cavalcanti **
*(Discente Orientanda do Programa de Desenvolvimento Educacional, Universidade Estadual de Londrina –UEL).
**(Docente Orientador do Programa de Desenvolvimento Educacional, Vice Chefe do Departamento de Arte Visual CECA/ UEL).
RESUMO
A conexão da arte e da cultura social faz parte da expressão da produção intelectual do homem em todos os tempos, mas muitas vezes há inúmeros questionamentos sobre o entendimento de uma obra artística. Numa transição da cultura material para a cultura imaterial, própria da arte tecnológica, os artistas substituem artefatos e ferramentas por dispositivos com múltiplas conexões de sistemas que auxiliam na produção e na comunicação do homem e consequentemente do aluno com o meio externo. Ademais durante toda a história das civilizações o homem buscou olhar o mundo de forma estética, estando disposto através de suas diversas dimensões artísticos/ sociais e sendo expostos como em um jogo estético, na qual está presente na origem das representações humanas, conciliando a matéria aos sentidos, como ato de pensamento. Sendo assim, a busca da arte é uma pesquisa incansável e constante pelo seu próprio eu desenhado e reescrito conforme os interesses de uma mídia que evoca e exige seu poder para os interesses e/ou circunstâncias históricas.
Palavras chave: Arte; Mídia; Transformação Social.
1- INTRODUÇÃO
O desenvolvimento e a percepção do homem durante toda sua trajetória
evolutiva de pensamentos e ideais são expressos pela sua arte, seja por um
desenho de suas perspectivas ou questionamento de uma sociedade. Logo a
assimilação e a expressão da arte fazem parte da produção intelectual do
homem em todos os tempos (BUORO, 2003).
Muitas vezes há inúmeros questionamentos sobre o entendimento de
uma obra artística, sendo abordadas as razões e os sentidos da criação
gerados pelo artista. Para tanto, é necessário compreender o contexto
histórico, social, econômico e político em que a obra foi criada e que
determinam à visão de mundo do artista em questão. A arte assim como todas
suas maneiras de expressão desta representa a vida do artista e a sociedade
que ele vive sendo produto de uma situação histórica de um modelo de
sociedade (ALBERTO, 2007).
É preciso acreditar que o homem constrói seu presente com ações e
projeta um futuro cada vez melhor com inúmeras perspectivas. É notável que a
presença das tecnologias e da arte sobre os efeitos na vida atual e seu efeito
sobre o amanhã. Assim, longe de idealismos infundados, encontram-se uma
série de conceitos em artistas e teóricos cujas reflexões dão conta da
humanização das tecnologias (DOMINGUES, 2003).
A história da civilização demonstra que nunca nenhuma civilização
voltou para trás, mas que as descobertas e inventos são acumulados e servem
de retomada ou base para outros inventos futuros. E como decorrência, a vida
vem se transformando, com uma série de tecnologias que amplificam nossos
sentidos e nossa capacidade de processar informações. Sendo que a mente
humana como nós conhecemos, uma vez que teve suas dimensões ampliadas,
nunca mais irá voltar a seu tamanho original (DOMINGUES, 2003).
Portanto, no ensino da arte devem-se identificar as visões humanistas e
filosóficas que demarcaram as tendências tradicionais de todo um contexto
histórico específico e nestas abordar o cotidiano dos alunos, que apesar de
contraporem as proposições, métodos e entendimentos tradicionais dos papéis
de ensino entre professor e do aluno, influenciaram de maneira positiva as
ações escolares de artes em todo o âmbito escolar (HERNÁNDEZ, 2000).
Mediante tal afirmativa podemos definir a educação como sendo “o
conjunto das influências do ambiente sociocultural sobre o indivíduo”, portanto
tal compreensão vai muito além de sua abrangência pedagógica ou
educacional. Neste sentido, pensar na educação e formação de opiniões de
crianças, jovens e adultos com arte não se deve apenas restringir a entendê-la
como estando circunscrita apenas ao âmbito da escolarização, mas como uma
produção humana que exprime sua contemporaneidade (JAPIASSU, 2004).
Depois de delimitado o conceito de educação, faz-se necessário agora
explicitar o sentido para a expressão “Arte”. Dentre as muitas concepções do
que seja Arte destacam-se três delas: (1) Arte como fazer/trabalhar/construir;
(2) Arte como conhecimento; e (3) Arte como sentimento/expressão
(JAPIASSU, 2004).
Sendo assim a arte no processo ensino-aprendizagem procura, a partir
das tendências individuais, estimularem a formação do gosto individual, a
inteligência e auxiliar na formação da personalidade dos alunos. Com tais
experiências, pode-se ter a oportunidade de incentivar os grupos de alunos a
serem criativos e aceitarem suas identidades, voltando estes para a realidade
em que estão inseridos, para que com isso possam vir a se tornar pessoas
mais autênticas e transformadoras (HERNÁNDEZ, 2000).
Segundo as Diretrizes Curriculares de Educação Básica do Paraná, os
conteúdos abordados nas aulas de artes devem após uma análise histórica
abranger o conhecimento estético e a produção artística, de maneira crítica, de
maneira que permitirá ao aluno fazes sua própria análise de arte em suas
múltiplas dimensões cognitiva (PARANÁ, 2008, p.53).
Na atualidade a arte não nega as técnicas tradicionais, mas aliada cada
vez mais aos avanços tecnológicos e as outras possibilidades de
representação da ciência da informação, pode oferece ao público alvo, neste
caso os alunos, inovação no que se diz respeito ao ensino de arte, tornando tal
aprendizado da arte pela informática de maneira mais interativa. Sendo capaz
de provocar os sentidos humanos e requer do aluno uma reeducação do olhar,
do sentir, do perceber o mundo através da globalização e do seu mundo digital
(ALBERTO, 2007).
Entretanto, se faz o questionamento de até que ponto a arte tecnológica
assume essa relação direta com a vida, gerando produções que levam o
homem a repensar a sua própria condição humana. Numa transição da cultura
material para a cultura imaterial, própria da arte tecnológica, os artistas
substituem artefatos e ferramentas por dispositivos com múltiplas conexões de
sistemas que envolvem modem, telefones computadores, satélites, redes e
outros inventos que auxiliam na produção e na comunicação (DOMINGUES,
2003).
Mediante ao exposto anteriormente, o presente trabalho justifica-se por se
contrapor às limitações tradicionais de ensino da arte, possibilitando assim ao aluno
um maior aprendizado e conhecimento fazendo com que o saber adquirido durante
as aulas se aproxime das práticas do uso de métodos tecnológicos pelo próprio
aluno. Além de instrumento de educação, estas práticas visam humanizar o uso de
tecnologias.
2- OBJETIVO
O objetivo deste trabalho foi produzir nos educandos a capacidade de
representar e interpretar as diversas formas de conhecimento artístico, possibilitando
que o mesmo possa fazer uso da tecnologia e ter uma opinião consolidada sobre o
saber, por meio de inúmeras atividades, tais como: análise de obras de arte, cenas
de dramatização, seleção de músicas, representação cênica, interpretação, leitura,
pesquisas, visando ao final a produção de peças teatrais com o intuito de modificar a
postura social dos alunos. Ademais, teve o objetivo secundário de transformá-lo em
um cidadão crítico e capaz de discernir sobre suas próprias escolhas.
3- METODOLOGIA
O trabalho foi realizado através de oficinas ministradas três vezes por
semana nas dependências de um Colégio Estadual situado na cidade de
Cambará- PR, onde foram realizadas o desenvolvimento do projeto educativo
que foi constituído mediante as seguintes etapas:
Etapa 1 a
Realização de programa motivacional “Texto Ferrari”, na qual, tem o
intuito de resgatar nos alunos os valores de autoconfiança e valorização
própria, semelhante ao exposto no filme Mãos Talentosas de Ben Carson.
Neste texto motivacional (Anexo I) inserem-se questões relacionadas ao
dia a dia do discente, assim como, busca abordar afirmativas comerciais, tais
como “Somos aquilo que consumimos”, visando que o mesmo reflita sobre o
que a sociedade atual consome culturalmente.
Etapa 1 b
Após o processo motivacional gerado pela apresentação do “Texto
Ferrari”, foi realizado processo cognitivo visando com que alunos e pais
consigam ver sua realidade social ou partes de seu cotidiano em filme e que
busque orientá-los sobre a suas escolhas do dia a dia, ou seja, a interferência
das decisões certas e/ou erradas sobre o seu futuro.
Ademais, no final da apresentação cinematográfica foram abordados
pais e filhos sobre seus anseios e desejos, assim como, o que estes esperam
de seu futuro, mediante ao ilustrado no Anexo II.
Etapa 2
Com o intuito de aproximar os alunos ao mundo das artes cênicas foram
expostos durante aulas os quadros “Guerra e Paz”, de Cândido Portinari, em
sequência, “Guernica”, de Pablo Picasso, e finalmente o quadro “ O fuzilamento
de 3 de maio de 1808”, de Francisco Goya.
Os quadros acima foram selecionados devido a crítica que os artistas
manifestaram em relação à sociedade de sua época e seus atos
inconsequentes para a humanidade, se apropriando destas problemáticas para
transmitirem seus sentimentos através do uso de cores, linhas, formas,
volumes e texturas.
Visando com que os discentes também exponham seus sentimentos e
indignações pelos atos sociais atuais, foram propostos o desenvolvimento de
obras artísticas.
Etapa 3
O professor mostra aos alunos que o mesmo acontece com a música:
levando a música do Cazuza “Ideologia”, a música “Para não dizer que não
falei das flores”, de Geraldo Vandré” buscando explicar seu respectivo valor
para a época.
Pensando nos sentimentos de indignação pelos atos atuas de nossa
sociedade, foram propostos aos discentes que trouxessem músicas que
retratassem estes valores na atualidade e fizessem uso destes sentimentos
para fazerem paródias.
Etapa 4
Com a intenção de produzir uma peça teatral o professor fez com os
discentes jogos teatrais, nos quais englobavam suas vivências. Um grupo fez
uma peça usando a forma jornalística assuntos retirados da visita feita na
reunião da câmara municipal de Cambará, outros se apropriaram de temas
como bullying, para retratar o preconceito, outro grupo fez uso do tema drogas,
para desenvolver uma peça de teatro. Todas apresentadas no salão nobre da
escola, fazendo uso das imagens e paródias no aparelho multimídia durante a
apresentação das respectivas peças teatrais.
4- RESULTADO E DISCUSSÃO
De acordo com MOTTA, as transformações ocorridas na adolescência e
a contínua modificação de padrões globais que visam constantemente à busca
pela perfeição e beleza. Tem expressado desde crianças sentimentos como
angústia, medo, insatisfação e baixa autoestima, tais atos até então
considerados por grande parte da sociedade apenas de adultos.
Sendo assim, o texto Ferrari vem corroborar com as ideologias
propostas anteriormente. Nesta etapa do projeto os alunos adquiriram maior
confiança própria e maior sociabilidade, visto que foi possível identificar que
não apenas eles mas diversas pessoas passavam por mesma situação familiar,
ademais o intuito secundário, mas não menos importante também foi possível
demonstrar a relação custo- benefício da utilização de drogas a curto, médio e
longo prazo, visando com isso gerar na mentalidade de jovens uma reação
adversa á mesma.
Mas segundo FRAQUELLI (2008), a autoestima é formada pela imagem
que cada pessoa tem de si mesma (autoimagem) somada ao autoconceito
desenvolvido a partir de estímulos e informações que ela recebe de seu ciclo
social. E que os atos artísticos são ações humanas para extravasarem tais
sentimentos intrínsecos aos seres humanos.
A motivação e a autoestima de adolescentes em um projeto de dança
Estados Unidos, adolescentes com média de idade entre 14 e 16 anos tiveram
a sua autoestima correlacionada com a probabilidade de desistência escolar,
onde se demonstrou pouca correlação entre as variáveis, mas uma tendência
dos alunos com baixa autoestima de abandonarem os estudos (WELLS et al.,
2002).
Assim sendo, na escola a arte se identifica uma maneira socioeducativa
de facilitar o compartilhamento de ideias entre alunos e facilitar o contato
destes com mundo artístico familiarizando a sua realidade e sentimentos com
as expressas por famosos pintores como Goya, Picasso, Portinari, na qual
buscaram retratar e imortalizar seus questionamentos mediante a suas obras.
Os alunos durante o desenvolvimento das metodologias propostas nas
etapas 2 e 3 se identificaram com os assuntos abordados e demonstraram
interesse criativo, alguns chegaram a gerar depoimentos exprimindo seu
sentimento de felicidade em poder expressar o que pensa e sente sem se
sentir reprimido, termo relacionado ao que se propõe nas Diretrizes
Curriculares da EJA, 2006.
O teatro na escola, de acordo com os PCNS, tem o intuito de que o
aluno desenvolva um maior domínio do corpo, tornando-o expressivo, um
melhor desempenho na verbalização, uma melhor capacidade para responder
às situações emergentes e uma maior capacidade de organização de domínio
de tempo (ARCOVERDE, 2008).
No seu livro How we understand art?, publicado originalmente em inglês
em 1987, Michael Parsons define o perfil do indivíduo como um aglomerado de
ideias, e não propriedades desta ou daquela pessoa, define-se portanto, em
função da relação entre diferentes ideias concebidas em torno de uma temática
que os indivíduos adquirem, ou vão adquirindo, em determinados momentos da
sua vida.
Sendo assim, Ana Mae Bardosa em Realidade hoje e expectativa futura
exprime que as obras de arte durante a história não estão isoladas de nosso
cotidiano, de nossa história pessoal, que apesar de ser um produto da fantasia
e da imaginação, a arte não está separada da economia, política e dos padrões
sociais que operam na sociedade.
Logo as ideias, emoções, linguagens diferem de tempos em tempos e de
lugar para lugar e não existe visão isolada. Constroe-se a História a partir de
cada obra de arte, estabelecendo conexões e relações entre outras obras de
arte e outras manifestações culturais, com relação ao momento em que o ser
humana expressa sobre a vida (PONTES, 2001).
5- CONCLUSÃO
Mediante o proposto, pode-se concluir que o presente artigo possibilita
ao leitor o estabelecimento de leituras abertas, a realidade, vista de forma
estética, sendo que esta vai além daquilo que é observável, pois ela é
constituída também por um universo sensível de representações, desvendado
pela possibilidade de imaginar e se expressar através da arte.
É ver o mundo de forma estética por diversas dimensões e meios
enigmaticamente múltiplos. Sendo exposto como um jogo estético, na qual está
presente na origem das representações humanas, conciliando a matéria aos
sentidos, como ato de pensamento.
BIBLIOGRAFIA
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146, p. 431-434, 2002.
ANEXO I
Texto Ferrari
Ao entrar na sala o docente se apresenta, após solicita aos discentes
que eles façam o mesmo. Logo em seguida o professor questiona ao alunos se
há na sala alguém desfavorecido financeiramente, justificando o
questionamento pela necessidade da aquisição de materiais.
Aguarda-se resposta e em seguida questiona ao mesmo que levantou a
mão:
- (Professor)- Quanto você quer para comprar o seu coração? Sim,
porque tem um rapaz precisando muito de um coração e ele paga o preço que
for para que você venda a ele. É só você dar o preço e fazemos a troca, você
dá seu coração e ele te da o dinheiro.
Então espera a reação do aluno que geralmente contrapõe o
questionamento:
- (Aluno) - A senhora está louca? O que vou fazer com dinheiro sem
coração?
O professor aproveita a indignação para questionar ainda mais.
- (Professor)- Você quer me dizer que não tem dinheiro que pague seu
coração? Mas ele é apenas um de seus órgãos vitais, imagine só quanto vale
seu corpo todo?
- (Professor)- Imagine só que eu estivesse acordado hoje de tão bom
humor, que resolvesse te dar uma FERRARI zero km para cada um de vocês,
podendo escolher cor e acessórios que quiser. Você vai deixar qualquer uma
dirigir sua FERRARI? Você vai colocar qualquer líquido no tanque dela? Você
vai jogar ácido nela? Pois é, o ser humano é um bicho esquisito?
- (Professor)- Digo isso porque ele dá mais valor a uma FERRARI, que
algo que qualquer pessoa que tenha dinheiro pode ter, mas não dá valor ao
seu corpo que só ele pode ter. Digo isso porque o bicho homem no sentido de
humano, não percebe o que ele tem de mais valioso é seu corpo, pois é ele (o
corpo) que através do trabalho vai proporcionar dinheiro para comprar a
FERRARI, e, no entanto coloca o seu patrimônio mais precioso no mundo para
trabalhar, ganhar suado dinheiro, para depois pegar este suado dinheiro e
comprar algo que venha destruir o seu maior patrimônio.
- (Professor)- Eu particularmente não acho vantajoso, pegar este suado
dinheiro para comprar cigarros, bebidas, drogas de modo geral que venham
destruir meu maior patrimônio. Ou então deixar que qualquer pessoa usar meu
corpo apenas como objeto.
Mediante ao exposto o professor procura despertar valores no aluno
com finalidade de utilizar como base da problematização dos trabalhos a serem
desenvolvidos posteriormente.
Após toda a discussão realizada em sala de aula o professor faz a
realização de contas financeiras da quantidade gasta mensalmente por uma
pessoa que utiliza drogas licitas durante o ano. Tendo como objetivo desta
ilustração a visualização e conscientização de que há muito dinheiro e tempo
gastos com coisas que degradam o maior patrimônio do aluno “O corpo”.
- (Professor)- Viram que após a conta que realizamos, um maço de
cigarros por dia, em quatro anos equivale a uma moto, e que em dez, anos um
carro e em vinte anos uma casa, casa esta que pode me proporcionar uma
renda para eu comprar algo que me proporcione prazer, como viagens,
conforto, etc.
- (Professor)- Não tem necessidade de ter certos comportamentos que
outros têm só para eu fazer parte de uma sociedade, sou dono de mim, e tenho
poder de transformar, se as pessoas querem minha companhia tem que ser
como sou e não ter que mudar para fazer parte de uma dita “sociedade”. E que
uma das formas de investir em nosso patrimônio é estudando, pois com
conhecimento valorizamos nosso patrimônio.
ANEXO II
Filme Mãos Talentosas
Em sala de aula são convidados a participação de pais e filhos, podendo
ser finais de semana, ou até mesmo em dias letivos normais, estes assistem o
filme Mãos Talentosas. Baseado em uma história real sobre Dr. Ben Carson.
“Baseado em história verídica o Dr. Ben Carson (Cuba Gooding Jr.) era
um menino pobre de Detroit, desmotivado, que tirava notas baixas na escola,
filho de mãe órfã, com problemas psicológicos e sem estudos, de pai traficante
envolvido com relacionamentos secundários. Entretanto, aos 33 anos, mesmo
possuindo dificuldades durante sua infância e adolescência, se tornou o diretor
do Centro de Neurologia Pediátrica do Hospital Universitário Johns Hopkins,
em Baltimore, EUA.”
Em seguida, o professor faz alguns questionamentos aos presentes na
sala:
1- O que ele fez para se tornar um neurocirurgião?
2- Se ele pode, porque nós não podemos?
3- O que devemos fazer para nos tornar o que queremos?
4- Qual a frase que a mãe dele dizia a ele todos os momentos difíceis
de sua vida?
- (Professor)- Agora eu digo a vocês:
“Vocês podem ser aquilo que vocês quiserem desde que vocês façam
para quem as coisas aconteçam, ou seja, a vida é feita de escolha e que nós
podemos ser o que quisermos desde que nos esforcemos, para que as coisas
que nós desejamos se torne realidade.”