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  • INSTITUTO FEDERAL FARROUPILHA CAMPUS ALEGRETE

    CURSO DE ESPECIALIZAO EM DOCNCIA NA EDUCAO PROFISSIONAL, TCNICA E TECNOLGICA

    A DIMENSO AMBIENTAL DA FORMAO PROFISSIONAL:

    A Percepo Ambiental entre Docentes de um curso tcnico de um Instituto Federal de Ensino do RS

    PROJETO DE PESQUISA

    Willian da Silva Medeiros

    Alegrete, RS, Brasil 2014

  • A DIMENSO AMBIENTAL DA FORMAO PROFISSIONAL:

    A Percepo Ambiental entre Docentes de um curso tcnico de um Instituto Federal de Ensino do RS

    Willian da Silva Medeiros

    Projeto de Pesquisa apresentado ao Curso ESPECIALIZAO EM DOCNCIA NA EDUCAO PROFISSIONAL, TCNICA E

    TECNOLGICA, do Campus Alegrete, do Instituto Federal Farroupilha.

    Orientador: Prof. Dr. Vantoir Roberto Brancher

    Alegrete, RS, Brasil 2014

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    SUMRIO INTRODUO E JUSTIFICATIVA ........................................................... 03 OBJETIVOS .............................................................................................. 05 Objetivo geral ........................................................................................... 05 Objetivos especficos .............................................................................. 05 2 REVISO DA LITERATURA .................................................................... 05 2.1 Contextualizao histrica a educao ambiental ............................... 05 2.2 Concepes de meio ambiente .............................................................. 09 2.3 Concepes de educao ambiental ..................................................... 11 3 METODOLOGIA ....................................................................................... 12 3.1 Tipo de pesquisa ..................................................................................... 12 3.2 Local da pesquisa.................................................................................... 12 3.3 Populao ou amostra ............................................................................ 13 3.3.1 Critrios de Incluso .................................................................................. 13 3.3.2 Critrios de Excluso ................................................................................. 13 3.4 Procedimentos de coleta ........................................................................ 13 3.5 Procedimentos de anlise dos dados .................................................... 14 4 CRONOGRAMA ........................................................................................ 17 REFERNCIAS ......................................................................................... 18 APNDICES .............................................................................................. 21 APNDICE I QUESTIONRIO .............................................................. 21 APNDICE II TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO .... 23 APNDICE III TERMO DE CONFIDENCIALIDADE ............................... 24

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    INTRODUO E JUSTIFICATIVA

    Estamos em um momento mpar na histria, um momento em que severas

    decises devem ser tomadas, onde a educao surge como instrumento para

    transformaes necessrias ao exerccio da cidadania frente a um contexto de crise

    socioambiental.

    Para Hogan e Vieira (1995 apud MENDES; KATO, 2012), os problemas

    ambientais tm tomado grande dimenso nos meios de comunicao, estando assim,

    cada vez mais prximos de discusses entre os diversos setores da sociedade, onde

    essas discusses, se dando entre leigos ou estudiosos sempre buscam caminhos que

    minimizem ou erradiquem estes problemas.

    Neste sentido, fazem-se necessrias mudanas de hbitos e comportamentos,

    mudanas estas que, por serem de difcil incorporao, s se fazem possvel a longo

    prazo. Sendo assim, a educao mais uma vez eleita como uma ferramenta capaz

    de provocar essas mudanas de comportamento.

    Porm, (LIMA, 2008) nos lembra que

    A educao formal tem sido incumbida de preparar os indivduos para atuar no mundo do trabalho. Entretanto, a maioria das escolas tem oferecido uma qualificao deficiente, o que torna muito difcil a insero dos seus egressos no mundo do trabalho, gerando excluso. Pelo fato da educao possuir uma relao direta com o trabalho, essa excluso tem interferido no processo ensino/aprendizagem e parece ter gerado um desalento em relao ao ensino. (p. 16).

    Ao encontro disto, (MSZROS, 2005) destaca ainda que os processos

    formais e tradicionais de educao so caracterizados pela perpetuao e reproduo

    do sistema de classes excludente e desigual, legitimando os interesses capitalistas e

    acentuando os problemas socioambientais.

    Frente a isto, a educao ambiental tida como uma ferramenta de

    transformao social na busca de um mundo melhor (KIST, 2010), uma vlvula de

    escape contra a rigidez e distanciamento da realidade caractersticos dos processos

    formais de educao (DIAS, 2010).

    Segundo Pelicioni e Philippi Jr (2005, p. 3), a educao ambiental se coloca

    numa posio de oposio ao modelo de desenvolvimento econmico vigente no

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    sistema capitalista, onde as bases da justia social e solidariedade so postas de lado

    para o favorecimento do lucro de poucos em detrimento da qualidade de vida da

    maioria da populao. Onde, a educao ambiental somente ter a eficcia esperada

    e exigida quando as causas socioeconmicas, polticas e culturais geradoras dos

    problemas ambientais forem identificadas.

    Neste sentido, a educao ambiental no pode ser vista apenas como uma

    gama de processos tericos, mas sim, valer-se da pr-atividade individual e coletiva

    a fim de oportunizar a transformao das condies que entrelaam-se na

    composio do meio ambiente como um todo (GOMES, 2010).

    Segundo Bezerra; Gonalves (2007), um trabalho de educao ambiental ser

    mais rico se tiver como base um levantamento das formas de percepo do ambiente.

    Sendo assim, faz-se necessrio conhecer a viso que o outro tem antes de se realizar

    qualquer trabalho que aborde a Educao Ambiental. Ou seja, conhecer o que

    pensam os docentes sobre as questes ambientais e os processos educativos

    envolvendo estas questes, tem sido apontado como uma estratgia fundamental

    para os direcionamentos das aes em educao ambiental nas escolas (MENDES;

    KATO, 2012). Desta forma, cabe questionar:

    Como a percepo sobre as dimenses ambientais em educao dos

    educadores de um curso tcnico em um campus de um Instituto Federal de

    Ensino no RS?

    O tema se mostra de considervel importncia no momento em que

    reconhecemos essas percepes e as concepes sobre a qual se classificam como

    produtos histricos e culturais, onde, a identificao das diferenas pode auxiliar na

    elaborao de uma anlise crtica sobre maneiras de trabalhar com o ambiente

    natural, agindo assim como um recurso para a elaborao de diagnsticos e

    planejamentos em educao ambiental.

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    OBJETIVOS

    Objetivo geral

    Analisar as percepes dos docentes de um curso tcnico de um instituto

    federal de ensino no RS, no que se refere ao meio ambiente e educao ambiental.

    Objetivos especficos

    Analisar as concepes de Meio Ambiente entre os docentes de um curso

    tcnico de um instituto federal de ensino no RS;

    Analisar as concepes de Educao Ambiental entre os docentes de um curso

    tcnico de um instituto federal de ensino no RS;

    Verificar como a Educao Ambiental est inserida no planejamento de ensino

    dos profissionais entrevistados.

    2 REVISO DA LITERATURA

    2.1 Contextualizao histrica da educao ambiental

    H cerca de quatro dcadas que se discute educao ambiental. Segundo Kist

    (2010), at a dcada de 50 os problemas ambientais eram tratados apenas como

    inadequao tecnolgica, sendo os debates sobre as questes ambientais um

    fenmeno historicamente recente em nossa sociedade, frutos principalmente da crise

    socioambiental presenciada nos tempos atuais. Para Marcatto (2002, p. 24), o

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    desenvolvimento e introduo do modelo de produo trazido pela Revoluo

    Industrial, cujo o qual se baseia o uso intensivo de energia fssil e recursos naturais,

    so apontados como as principais causas da degradao ambiental atual, onde,

    embora os impactos humanos aos ambientes naturais no tenham comeado nesta

    poca, estes se intensificaram violentamente com o desenvolvimento tecnolgico e

    aumento da populao mundial provocados por esta Revoluo.

    A partir dos anos de 1960, a temtica ganha fora, principalmente quando em

    1962 publicado o livro Primavera Silenciosa de Rachel Carson. Esta foi a primeira

    reao mundialmente conhecida a respeito dos efeitos ecolgicos da utilizao de

    insumos qumicos e do despejo de dejetos industriais no ambiente, alm de ser

    apontada como uma das obras mais importantes do sculo por ter auxiliado o

    desencadeamento de mudanas de postura por parte de vrios pases sobre o uso

    desses insumos qumicos (MARCATTO, 2002; DIAS, 2010; KIST, 2010).

    J em maro de 1965 a expresso environmental education (educao

    ambiental) ouvida pela primeira vez no Reino Unido durante uma conferncia na

    Universidade de Keele (MARCATTO, 2002). Para Kist (2010), a utilizao desta

    expresso j demonstrava a emergncia da Educao Ambiental como uma educao

    com enfoque nos problemas ambientais, frisando a sua importncia tambm como

    instrumento de sensibilizao para o enfrentamento da crise ambiental vigente.

    No ano de 1972 publicado o relatrio Os Limites do Crescimento Econmico

    pelo Clube de Roma, onde denunciada a busca incessante pelo crescimento da

    sociedade a qualquer custo e a meta de tornar esta cada vez mais rica e poderosa,

    sem levar em conta o custo final desse crescimento, demonstrando um possvel

    colapso civilizatrio caso os modelos de desenvolvimento econmico no fossem

    ajustados (DIAS, 2010).

    Ainda no ano de 1972, ocorre dos dias 5 a 16 de junho na Sucia, com

    representantes de 113 pases, a Conferncia de Estocolmo da ONU sobre o Ambiente

    Humano, que em sua recomendao n. 96 reconheceu a Educao Ambiental como

    um elemento crtico para o combate crise ambiental com o seguinte texto.

    Recomenda-se que o Secretrio Geral, os organismos do sistema das Naes Unidas, particularmente a UNESCO e as demais instituies internacionais interessadas, adotem as medidas necessrias para estabelecer um programa internacional de educao sobre o meio ambiente, de enfoque interdisciplinar e com carter escolar e extra-escolar, que abarque todos os nveis de ensino e que seja dirigido ao pblico em geral, especialmente ao cidado que vive nas reas rurais e urbanas, ao jovem e ao adulto indistintamente, para lhes ensinar medidas que dentro de suas

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    possibilidades, possam assumir para ordenar e controlar seu meio ambiente. (BRASIL, 2006).

    Em resposta s recomendaes da Conferencia de Estocolmo, em 1975 a

    UNESCO promove em Belgrado, ex-Iugoslvia, um Encontro Internacional de

    Educao Ambiental. Nesta ocasio so formulados os princpios e orientaes para

    um programa internacional de Educao Ambiental dizendo que esta deve ser

    contnua, multidisciplinar, integrada s diferenas regionais e voltadas ao interesse

    nacional (DIAS, 2010; KIST, 2010).

    No ano de 1977 ocorre em Tbilisi, ex-Unio Sovitica, um dos eventos mais

    importantes para a Educao Ambiental em nvel mundial: a Conferncia

    Intergovernamental de Educao Ambiental. Neste encontro foram definidas as

    estratgias e objetivos para a Educao Ambiental (MARCATTO, 2002). Para Kist

    (2010), os objetivos e estratgias resultantes deste encontro vieram a firmar a

    Educao Ambiental como elemento essencial na educao.

    A partir da dcada de 80, os compromissos com a Educao Ambiental

    tornaram-se mais densas. No ano de 1987 foi elaborado o relatrio O nosso futuro

    comum pela Comisso Mundial pelo Meio Ambiente e Desenvolvimento (CMMAD), o

    qual define desenvolvimento sustentvel como aquele que atende as necessidades

    presentes sem comprometer a capacidade das geraes futuras atenderem as suas.

    No caso do Brasil e Amrica Latina, as dcadas de 70 e 80 so marcadas pela

    luta pela democracia em contextos de governos autoritrios (KIST, 2010). Nesta

    poca o movimento ambientalista comea a tomar forma no pas, principalmente em

    1974 com a criao do Movimento Arte e Pensamento Ecolgico em So Paulo e a

    Associao Democrtica Feminina Gacha (ADFG) que atuava na luta ambiental e,

    em 1971 com Associao Gacha de Proteo Natureza (AGAPAN) pelo renomado

    ecologista Jos Lutzenberguer.

    No dia 11 de maro de 1987, o Plenrio do Conselho Federal de Educao do

    MEC aprova, por unanimidade, a concluso a respeito do parecer 226/87 que

    considera inevitvel a incluso da Educao Ambiental dentre os contedos a serem

    explorados nas propostas curriculares das escolas de 1 e 2 graus.

    Para Brando (2013), a oficializao da Educao Ambiental vem com a Carta

    Magna de 1988, mais especificamente em seu artigo 225, Captulo VI, Inciso VI, que

    diz o seguinte: promover a educao ambiental em todos os nveis de ensino e a

    conscientizao pblica para a preservao do meio ambiente (BRASIL, 1988).

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    No ano de 1992 ocorre na cidade do Rio de Janeiro a Conferncia das Naes

    Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento (UNCED/CNUMAD) ou Cpula

    da Terra onde foram aprovados cinco documentos muito importantes para os

    movimentos ambientalistas mundiais: a Declarao do Rio, a Conveno sobre as

    Alteraes Climticas, a Conveno sobre a Conservao da Biodiversidade, a

    Declarao sobre as Florestas e a Agenda 21 (KIST, 2010). Segundo Lima (2008),

    Essa conferncia deu um novo impulso s iniciativas no sentido de traar estratgias

    para a resoluo dos problemas socioambientais e corroborou as recomendaes de

    Tbilisi para a educao ambiental. Concomitante ao evento, o Ministrio da Educao

    e Cultura promove um workshop onde se originam a Carta Brasileira para Educao

    Ambiental e os Ncleos de Educao Ambiental.

    Em 1994, foi aprovado o PRONEA - Programa Nacional de Educao

    Ambiental, cujos princpios baseiam-se na ideia de que a educao ambiental ser um

    dever constitucional do poder pblico incluindo a participao da comunidade

    (BRANDO, 2013).

    Na Lei de Diretrizes e Bases da Educao Nacional, lei 9.394/96, em seu

    captulo II, seo III do Ensino Fundamental, art. 32, nos seus incisos II e III, podemos

    observar a relao de totalidade entre o ambiente natural e social com o

    desenvolvimento de valores que respaldem os objetivos historicamente propostos

    para a Educao Ambiental (KIST, 2010).

    II- a compreenso do meio ambiente natural e social, do sistema poltico, da tecnologia, das artes e dos valores em que se fundamenta a sociedade; III- o desenvolvimento da capacidade de aprendizagem, tendo em vista em vista a aquisio de conhecimento e habilidade e a formao de atitudes e valores (BRASIL, 2010).

    A Lei Federal n 9.795, de 27 de abril de 1.999 instituiu a Poltica Nacional de

    Educao Ambiental (PNEA), cujos princpios presentes no art.4 trazem para a

    educao ambiental, dentre outros, os presentes nos incisos abaixo:

    I - o enfoque humanista, holstico, democrtico e participativo; II - a concepo do meio ambiente em sua totalidade, considerando a interdependncia entre o meio natural, o scio-econmico e o cultural, sob o enfoque da sustentabilidade; III - o pluralismo de idias e concepes pedaggicas, na perspectiva da inter, multi e transdisciplinaridade; IV - a vinculao entre a tica, a educao, o trabalho e as prticas sociais; (BRASIL, 1999).

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    Alm dos princpios citados acima, a PNEA traz em seu texto o objetivo de

    incorporar a Educao Ambiental em todos os nveis de ensino, inclusive na formao,

    especializao e atualizao de educadores e profissionais de todas as reas de

    atuao (BRASIL, 1999).

    Sendo assim, diante de todas as referncias histricas apontadas e da

    constante mobilizao da sociedade, a Educao Ambiental cada vez mais se

    consolida como poltica pblica do ensino formal, a fim de solidificar cada vez mais os

    princpios e objetivos traados pelas comunidades nacional e internacional,

    amparando assim a institucionalizao e enraizamento desta temtica.

    2.2 Concepes de meio ambiente

    Interpretar as questes de educao ambiental inicia-se pela compreenso do

    meio ambiente, sendo esta uma premissa indispensvel para a superao dos

    problemas que o envolvem. As ideias e concepes de meio ambiente no tendem a

    ser as mesmas para diferentes pessoas, estas as formam a partir das relaes que

    estabelecem com a natureza (GOMES, 2010).

    Segundo Hoeffel; Fadini (2007) a percepo ambiental pode ser caracterizada

    como um processo que envolve o organismo e o ambiente influenciado pelos rgos

    dos sentidos e por concepes mentais, abrandendo tanto respostas e impresses,

    estmulos e sentimentos mediados pelos sentidos, quanto processos mentais

    relacionaios com experincias individuais, associaes conceituais e

    condicionamentos culturais (p. 255).

    A partir dessas relaes emergem conceitos que revelam o lugar em que cada

    ser humano se coloca frente ao cenrio ambiental. Dependendo do teor desses

    conceitos Reigota (1999) categoriza trs vises de meio ambiente:

    Os professores cuja representao de meio ambiente antropocntrica desenvolvem uma prtica pedaggica centrada na transmisso de contedos cientficos; na representao globalizante alternam a transmisso de contedos com atividades inovadoras, enfatizando aspectos no-imediatos do meio ambiente; os de representao naturalista identificam o meio ambiente com a natureza e assim a sua prtica pedaggica est voltada para o conhecimento da mesma, preservada ou deteriorada. (REIGOTA, 1999, p. 74, grifo nosso).

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    Para fundamentar esta ideia de totalidade do termo meio ambiente, Marcos

    Reigota expressa:

    Defino meio ambiente como: um lugar determinado e/ou percebido onde esto em relao dinmica e em constante interao os aspectos naturais e sociais. Essas relaes acarretam processos de criao cultural e tecnolgica e processos histricos e polticos de transformaes da natureza e da sociedade. (REIGOTA, 2009, p. 36).

    Desta forma, pode-se perceber que o meio ambiente no pode ser considerado

    apenas em seus fenmenos naturais, mas tambm nos sociais, polticos, econmicos

    e culturais. Quando o meio ambiente entendido de uma maneira restrita e

    fragmentada, a anlise dos problemas ambientais e a formulao das solues para

    estes problemas se tornam impossveis (GOMES, 2010).

    Ao contrariar o pensamento fragmentado e unidimensional sobre as questes

    ambientais, a viso complexa destas questes sugere a unio das partes relacionadas

    questo ambiental, unio esta proporcionada pela interpretao global e

    interdisciplinar das questes ambientais.

    [...] a interdisciplinaridade, por sua vez, no pretende a unificao dos saberes, mas deseja a abertura de um espao de mediao entre conhecimentos e articulao de saberes, no qual as disciplinas estejam em situao de mtua coordenao e cooperao, construindo um marco conceitual e metodolgico comum para a compreenso de realidades complexas. (CARVALHO, 2006, p. 121).

    Desta forma, a abordagem interdisciplinar sobre as questes ambientais

    potencializa uma viso abrangente sobre estes assuntos, promovendo a troca de

    metodologias, procedimentos e conceitos entre as diferentes reas do conhecimento,

    tornando estes temas no somente como foco das atenes de ambientalistas, mas

    de toda a sociedade.

    2.3 Concepes de educao ambiental

    De acordo com Oliveira, Obara e Rodrigues (2007, p. 473), a educao

    ambiental tem sido realizada a partir da concepo que se tem de meio ambiente, e,

    desta forma, ambas esto intimamente relacionadas entre si.

    Assim como no caso das concepes de meio ambiente, as diferentes vises

    e fazeres em educao ambiental tm alimentado uma relao dicotmica entre as

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    prticas convencionais ou conservadoras e as prticas transformadoras ou crticas em

    educao ambiental (LOUREIRO, 2004).

    Neste sentido, o autor caracteriza a educao ambiental convencional como

    aquela pouco articulada com a ao coletiva dos processos de transformao, onde,

    no raramente se busca a disciplinarizao e o enfoque naturalista sobre os temas.

    Para Guimares (2004), a educao ambiental de carter convencional, busca

    geralmente a supresso dos aspectos polticos da formao do indivduo pelo

    tecnicismo, descontextualizando o processo educativo de uma viso global de mundo

    para o reducionismo das prticas pedaggicas fragmentadas.

    [...] a Educao Ambiental Conservadora tende, refletindo os paradigmas da sociedade moderna, a privilegiar ou promover: o aspecto cognitivo do processo pedaggico, acreditando que transmitindo o conhecimento correto far com que o indivduo compreenda a problemtica ambiental e que isso v transformar seu comportamento e a sociedade. (GUIMARES, 2004, p. 27).

    J a educao ambiental transformadora, citada tambm como (emancipatria,

    crtica, popular, ecopedaggica, entre outras), a que procura superar as abordagens

    reducionistas provocados pela fragmentao do pensamento.

    Para Pelicioni e Philippi Jr (2005), a educao ambiental na perspectiva crtica

    e transformadora exige

    [...] um conhecimento aprofundado de filosofia, da teoria e histria da educao, de seus objetivos e princpios [...] e, complementarmente as Cincias Naturais, a Histria, as Cincias Sociais, a Economia, a Fsica, as Cincias da Sade, entre outras. (p. 3).

    O autor justifica esta situao ao expressar que as causas socioeconmicas,

    poltica e culturais dos problemas ambientais s sero identificadas com a

    contribuio dessas cincias (PELICIONI; PHILIPPI JR, 2005).

    Portanto, a educao ambiental transformadora, no deve se reduzir a apenas

    processos tericos, mas, transformar o processo educativo em uma prxis social

    voltada para o trato das prticas sociais, do bem-estar pblico e das relaes de

    solidariedade e equidade (GOMES, 2010).

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    3 METODOLOGIA

    3.1 Tipo de pesquisa

    Esta pesquisa um trabalho de cunho qualitativo, pois objetiva a compreenso

    e explicao de fenmenos do campo educativo. Segundo Jacobini (2011, p. 57), as

    abordagens qualitativas so as mais apropriadas para estudos do campo das Cincias

    Humanas e Sociais, onde o ser humano no deve se constituir como objeto a ser

    medido e tabulado, mas como ser que se integra em um sistema de significaes e

    intenes, que necessrio conhecer. Sendo assim, as abordagens qualitativas

    contribuem para uma anlise mais ampla do contexto a ser estudado, permitindo uma

    maior compreenso dos fenmenos pesquisados.

    3.2 Local da pesquisa

    A pesquisa ser realizada em um Campus de um Instituto Federal de ensino

    no RS com aproximadamente 2.500 alunos, 3 cursos de licenciatura e 3 cursos

    tcnicos.

    3.3 Populao ou amostra

    Sero colaboradores nesta pesquisa os docentes deste campus que se

    mostrarem, aps as elucidaes pertinentes, decididos a participar desta.

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    3.3.1 Critrios de Incluso

    Sero inclusos na populao amostral os docentes que aps as elucidaes

    sobre o tipo de pesquisa e seus referidos aspectos ticos, estejam de acordo ao

    participar da pesquisa e assinares o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

    constante como Apndice II deste projeto de pesquisa.

    3.3.2 Critrios de Excluso

    No faro parte desta pesquisa os docentes ausentes na instituio nos dias

    das coletas de dados ou que no estejam de acordo ao participar desta.

    3.4 Procedimentos de coleta

    Em um primeiro momento foi elaborado o questionrio que orientar as

    entrevistas semiestruturadas a serem realizadas. Este questionrio consta no

    Apndice I deste projeto.

    Em um segundo momento ser realizada uma coleta piloto que servir de teste

    para os instrumentos de coleta de dados e gravao digital. A partir desta coleta piloto

    poder-se- rever alguns itens da metodologia e/ou o instrumento de gravao digital.

    Gil (2002) nos traz a ideia da importncia de testar cada instrumento, com o intuito de:

    desenvolver os procedimentos de aplicao; testar o vocabulrio empregado nas

    questes; e assegurar-se de que as questes ou as observaes a serem feitas

    possibilitem medir as variveis que se pretende medir.

    As datas e horrios para as elucidaes e realizao das entrevistas

    semiestruturadas sero definidas em reunio com a coordenao do curso em

    questo.

    Para a obteno da assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido,

    constante como APNDICE II deste projeto, o participante ser informado

    individualmente antes da realizao da entrevista semiestruturada, em linguagem

    clara e acessvel, sobre os objetivos da pesquisa, seus benefcios, bem como, de que

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    no haver riscos nem obrigatoriedade de sua participao, podendo o participante

    solicitar a sua desistncia da coleta de dados a qualquer momento.

    O momento seguinte constar da realizao das entrevistas nas datas

    agendadas com os docentes que concordarem em participar da pesquisa.

    3.5 Procedimentos de anlise dos dados

    A anlise dos dados ser realizada por meio de Anlise do Contedo na

    perspectiva de Bardin (1977), podendo ser considerada um conjunto de instrumentos

    que se aperfeioa constantemente e que se aplica a discursos diversificados.

    Seguindo esta linha, Gil (1990) define a Anlise de Contedo como uma tcnica de

    pesquisa para a descrio objetiva, sistemtica e qualitativa do contedo manifesto

    nas comunicaes.

    Desta forma, as etapas da anlise do contedo das entrevistas sero

    adaptadas das propostas de Bardin (1977, p. 95-102)

    Quadro 1 - Etapas da Anlise de Contedo

    1 Etapa A pr anlise Fase de organizao do material,

    escolha dos documentos, formulao

    das hipteses e leitura flutuante do

    material preenchido.

    2 Etapa A explorao do material Codificao e enumerao das

    categorias de respostas.

    3 Etapa Tratamento dos dados e

    interpretao

    Procedimentos estatsticos e

    agrupamento das respostas nas

    categorias criadas de acordo com a

    semelhanas dos dados obtidos.

    Fonte - Adaptado de Bardin (1977, p. 95-102).

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    4 CRONOGRAMA

    ETAPAS ABR/2014 MAI/2014 JUN/2014 JUN/2014 JUL/2014 AGO/2014 SET/2014

    Levantamento bibliogrfico

    X X X X X

    Fichamento de textos X X X X X

    Organizao / Realizao das Entrevistas X X X X X

    Interpretao e Tabulao dos dados

    X X

    Redao do trabalho X X X X

    Reviso / entrega / defesa X

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    REFERNCIAS

    BARDIN, L. Anlise de Contedo. Lisboa: Edies 70, 1977. BEZERRA, T. M. D. O.; GONALVES, A. A. C. Concepes de meio ambiente e educao ambiental por professores da Escola Agrotcnica Federal de Vitria de Santo Anto-PE. Biotemas, v. 20, n. 3, p. 115-125, Setembro 2007. ISSN 0103-1643. BRANDO, J. P. Uso e ocupao da terra e a sustentabilidade ambiental da dinmica fluvial das microbacias hidrogrficas Z Au e Tracaj na Amaznia Ocidental. Universidade de Braslia. Braslia-DF, p. 263. 2013. BRASIL. Constituio da Repblica Federativa do Brasil de 1988. Presidncia da Repblica - Casa Civil, 1988. Disponivel em: . Acesso em: 23 Julho 2014. BRASIL. Lei No 9.795, de 27 de Abril de 1999 - Poltica Nacional de Educao Ambiental. Presidncia da Repblica - Casa Civil, 1999. Disponivel em: . Acesso em: 24 Julho 2014. BRASIL. Diretrio de Documentos sobre a Dcada das Naes Unidas da Educao para o Desenvolvimento Sustentvel. Ministrio do Meio Ambiente, 2006. Disponivel em: . Acesso em: 23 Julho 2014. BRASIL. LDB: Lei de Diretrizes e Bases da Educao Nacional: lei 9.394/96 de 20 de dezembro de 1996 - 5 Ed. Biblioteca Digital da Cmara dos Deputados, Braslia, p. 60, 2010. Disponivel em: . Acesso em: 23 Julho 2014. CARVALHO, I. C. D. M. Educao Ambiental: a formao do sujeito ecolgico. 2. ed. So Paulo-SP: Cortez, 2006. DIAS, G. F. Educao Ambiental: princpios e prticas. 9. ed. So Paulo-SP: Gaia, 2010. 551 p. GIL, A. C. Mtodos e Tcnicas de Pesquisa Social. 4. ed. So Paulo: Atlas, 1990. GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa. 4. ed. So Paulo: Atlas, 2002. GOMES, I. D. A Dimenso Ambiental na Educao: fundamentos para a sustentabilidade. VI SEPesq: Semana de Extenso, Pesquisa e Ps-graduao (Uniritter), Cricima, 8 Novembro 2010. 7. GUIMARES, M. Educao Ambiental Crtica. In: BRASIL, M. D. M. A. Identidades da Educao Ambiental brasileira. Braslia: Ministrio do Meio Ambiente, 2004. p. 25-34.

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    HOEFFEL, J. L.; FADINI, A. A. B. Percepo Ambiental. In: FERRARO JR, L. A. Encontros e caminhos: formao de educadoras(es) ambientais e coletivos educadores. Braslia-DF: MMA, Departamento de Educao Ambiental, v. 2, 2007. p. 253-262. HOGAN, D. J.; VIERIA, P. F. Dilemas socioambientais e desenvolvimento sustentvel. Campinas-SP: Unicamp, 1995. JACOBINI, M. L. D. P. Metodologia do trabalho acadmico. 4. ed. Campinas-SP: Alnea, 2011. KIST, A. C. F. Concepes e prticas de educao ambiental: uma anlise a partir das matrizes tericas e epistemolgicas presentes em escolas estaduais de ensino fundamental de Santa Maria-RS. Universidade Federal de Santa Maria. Santa Maria-RS, p. 136. 2010. LIMA, J. D. J. Temtica ambiental no ensino mdio: o caso do Colgio Estadual Luiz Viana Filho, Jequi/Bahia. Universidade Estcio de S. Rio de Janeiro, p. 170. 2008. LOUREIRO, C. F. B. Educao ambiental transformadora. In: BRASIL, M. D. M. A. Identidades da Educao Ambiental Brasileira. Braslia: Ministrio do Meio Ambiente, 2004. p. 65-84. MARCATTO, C. Educao Ambiental: conceitos e princpios. 1. ed. Belo Horizonte: FEAM, 2002. 64 p. MENDES, F. L. S.; KATO, R. Percepo ambiental entre docentes de escolas pblicas de ensino fundamental do municpio de Salinpolis/PA. Revista Artifcios, Belm-PA, v. 2, n. 4, dez 2012. ISSN 2179 6505. MSZROS, I. A educao para alm do capital. So Paulo: Boitempo, 2005. OLIVEIRA, A. L. D.; OBARA, A. T.; RODRIGUES, M. A. Educao Ambiental: concepes e prticas de professores de cincias do ensino fundamental. Revista Electrnica de Enseanza de las Ciencias, v. 6, p. 471-495, 2007. PDUA, E. M. M. Anlise de contedo, anlise de discurso: questes terico-metodolgicas. Revista de Educao PUC-Campinas, Campinas, n. 13, p. 21-30, Nov 2002. PELICIONI, M. C. F.; PHILIPPI JR., A. Bases polticas, conceituais, filosficas e ideolgicas da educao ambiental. In: PHILIPPI JR., A.; PELICIONI, M. C. F. Educao Ambiental e Sustentabilidade. Barueri, SP: Manole, 2005. Cap. 1. REIGOTA, M. Ecologia, elites e intelligentsia na Amrica Latina: um estudo de suas representaes sociais. So Paulo: Annablume, 1999. REIGOTA, M. O que educao ambiental. 2. ed. So Paulo: Brasiliense, 2009.

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    APNDICES

    APNDICE I QUESTIONRIO

    Bloco de questes 1: Perfil do Participante

    1) Sexo: (...) Feminino (...) Masculino

    2) Graduao:

    3) Especializao:

    4) Mestrado: Doutorado:

    5) Tempo de Docncia:

    6) Tempo de Docncia na Educao Profissional:

    Bloco de questes 2: Das Concepes de Meio Ambiente e Educao Ambiental

    7) Voc costuma trabalhar com as questes ambientais em sala de aula? Quais? Caso

    seja afirmativo, so integrados aos contedos da disciplina? Exemplifique:

    8) O que tu consideras Ambiente?

    9) Como tu enxergas as prticas de Educao Ambiental? Quem deve ser responsvel

    por esta?

    10) Para voc, qual o sentido de desenvolver trabalhos com Educao Ambiental?

    11) Que recursos tu utilizas para abordar temas relacionados com a Educao Ambiental?

    12) Com que recursos tu gostarias de utilizar para abordar temas relacionados com a

    Educao Ambiental?

    13) Tu j recebeste algum tipo de formao pedaggica sobre educao ambiental? E

    sobre educao ambiental especfica para o curso em que tu trabalhas? Se sim,

    quem oportunizou e organizou estas formaes?

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    14) Tu consegues enxergar algum tipo de impacto ambiental provocado pelas prticas na

    profisso em que os alunos esto recebendo formao? Se sim, quais os impactos

    que tu identificas como mais relevantes?

    15) H possibilidades de trabalho com BPAs (Boas Prticas Ambientais) no curso em que atua? Exemplifique:

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    APNDICE II TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

    Ttulo do Projeto: A DIMENSO AMBIENTAL DA FORMAO PROFISSIONAL: A Percepo Ambiental entre Docentes de um curso tcnico de um Instituto Federal de Ensino do RS Pesquisador responsvel: VANTOIR ROBERTO BRANCHER Instituio: INSTITUTO FEDERAL FARROUPILHA CAMPUS ALEGRETE Telefone para contado: (55)99683751 Local da coleta de dados: INSTITUTO FEDERAL FARROUPILHA CAMPUS ALEGRETE Prezado(a) Docente: Voc est sendo convidado(a) a participar desta entrevista de forma totalmente voluntria. Antes de concordar em participar desta pesquisa, muito importante que voc compreenda as informaes e instrues contidas neste documento. Os pesquisadores devero responder todas as suas dvidas antes que voc decida participar. Voc tem o direito de desistir de participar da pesquisa a qualquer momento, sem nenhuma penalidade e sem perder os benefcios aos quais tenha direito. Objetivo do estudo: Analisar as percepes dos docentes de um curso tcnico de um instituto federal de ensino no RS, no que se refere ao meio ambiente e educao ambiental. Procedimentos: Sua participao nesta pesquisa em responder s perguntas formuladas que abordam as suas concepes de meio ambiente e educao ambiental. Benefcios: Esta pesquisa trar maior conhecimento sobre o tema abordado e ao refletir sobre suas concepes e prticas poder provocar a ressignificao dos mesmos. Riscos: A elaborao das respostas poder causar um leve desconforto, pois exigir sua dedicao por alguns minutos e a reflexo sobre as suas concepes e prticas sobre o tema abordado. Sigilo: As informaes fornecidas por voc tero a privacidade garantida pelo pesquisador responsvel. Os sujeitos da pesquisa no sero identificados em nenhum momento, mesmo quando os resultados desta pesquisa forem divulgados. Ciente e de acordo com o que foi anteriormente exposto, eu ___________________________________, estou de acordo em participar desta pesquisa, assinando este consentimento em duas vias e ficando com a posse de uma delas. Alegrete, _____, de _____________________ de 2014 ___________________________________________________ Assinatura ____________________________________________________ Autor da Pesquisa

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    APNDICE III

    TERMO DE CONFIDENCIALIDADE

    Ttulo do Projeto: A DIMENSO AMBIENTAL DA FORMAO PROFISSIONAL: A Percepo Ambiental entre Docentes de um curso tcnico de um Instituto Federal de Ensino do RS Pesquisador responsvel: VANTOIR ROBERTO BRANCHER Instituio: INSTITUTO FEDERAL FARROUPILHA CAMPUS ALEGRETE Telefone para contado: (55)99683751 Local da coleta de dados: INSTITUTO FEDERAL FARROUPILHA CAMPUS ALEGRETE

    Eu, Willian da Silva Medeiros, acadmico do curso de Especializao em

    Docncia na Educao Profissional, Tcnica e Tecnolgica, do Instituto Federal

    Farroupilha Campus Alegrete, comprometo-me a preservar a privacidade dos(as)

    docentes cujos dados sero coletados atravs de entrevistas semiestruturadas para

    o desenvolvimento do trabalho de concluso de curso. Concordo, igualmente, que as

    informaes sero utilizadas nica e exclusivamente para a execuo da presente

    pesquisa e divulgadas de forma annima.

    ____________________________________________________ Autor da Pesquisa


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