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2122MAR

Allegro

Vivace

F O R T I S S I M O N º 3 / 2 0 1 9

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P R O G R A M A

HECTOR BERLIOZOs Troianos: Caçada real e tempestade

WOLFGANG AMADEUS MOZARTConcerto para piano nº 20 em ré menor, K. 466 Allegro

Romance

Rondo: Allegro assai

I N T E R VA L O

SERGEI RACHMANINOVSinfonia nº 3 em lá menor, op. 44

Lento — Allegro moderato

Adagio ma non troppo

Allegro

Ministério da Cidadania eGoverno de Minas GeraisA P R E S E N TA M

2 1 / 0 3

2 2 / 0 3

Allegro

Vivace

FA B I O M E C H E T T I , R E G E N T E

B A R R Y D O U G L A S , P I A N O

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Diretor Artístico e Regente Titular

da Orquestra Filarmônica de Minas

Gerais desde sua criação, em 2008,

Fabio Mechetti posicionou a orques-

tra mineira no cenário mundial da

música erudita. Além dos prêmios

conquistados, levou a Filarmônica

a quinze capitais brasileiras, a uma

turnê pela Argentina e Uruguai e

realizou a gravação de nove álbuns,

sendo quatro para o selo interna-

cional Naxos. Natural de São Paulo,

Mechetti serviu recentemente como

Regente Principal da Filarmônica

da Malásia, tornando-se o primeiro

regente brasileiro a ser titular de

uma orquestra asiática.

Nos Estados Unidos, Mechetti esteve

quatorze anos à frente da Orquestra

Sinfônica de Jacksonville e, atual-

mente, é seu Regente Titular Emérito.

Foi também Regente Titular das sin-

fônicas de Syracuse e de Spokane,

da qual hoje é Regente Emérito.

Regente Associado de Mstislav

Rostropovich na Orquestra Sinfônica

Nacional de Washington, com ela

dirigiu concertos no Kennedy Center

e no Capitólio. Da Sinfônica de San

Diego, foi Regente Residente. Fez

sua estreia no Carnegie Hall de Nova

York conduzindo a Sinfônica de Nova

Jersey. Continua dirigindo inúmeras

orquestras norte-americanas e é

convidado frequente dos festivais

de verão norte-americanos, entre

eles os de Grant Park em Chicago

e Chautauqua em Nova York.

Igualmente aclamado como regente

de ópera, estreou nos Estados Unidos

dirigindo a Ópera de Washington. No

seu repertório destacam-se produções

de Tosca, Turandot, Carmem, Don

Giovanni, Così fan tutte, La Bohème,

Madame Butterfly, O barbeiro de

Sevilha, La Traviata e Otello.

Suas apresentações se estendem

ao Canadá, Costa Rica, Dinamarca,

Escócia, Espanha, Finlândia, Itá-

lia, Japão, México, Nova Zelândia,

Suécia e Venezuela. No Brasil, re-

geu todas as importantes orques-

tras brasileiras.

Fabio Mechetti é Mestre em Regência

e em Composição pela Juil l iard

School de Nova York e vencedor do

Concurso Internacional de Regência

Nicolai Malko, da Dinamarca.

FOTO

: ALE

XAN

DRE

REZ

END

E

CAROS AMIGOS E AMIGAS,

FABIO MECHETTI

Damos continuidade à nossa tem-

porada celebrando, desta vez, os

150 anos de morte de um dos mais

importantes compositores sinfôni-

cos da história: o francês Hector

Berlioz. De sua ópera Os Troianos

destaca-se um interlúdio orquestral

de grande beleza e efetividade dra-

mática, a Caçada real e tempestade.

Aqui vemos a qualidade incomparável

da imaginação sonora e poética do

compositor e sua genialidade em

encontrar na orquestra uma ampla

paleta de cores.

Já na Sinfonia nº 3 de Rachmaninov

encontraremos o fim de uma etapa,

tanto na evolução da forma sinfô-

nica, quanto na própria concepção

estética do compositor russo. Sua já

conhecida verve melódica associa-se

aqui a uma vitalidade rítmica e uma

riqueza harmônica que consolidam

a relevância da obra sinfônica de

Rachmaninov.

Recebemos novamente um grande

expoente do pianismo internacional

executando um dos mais dramáticos

e românticos concertos de Mozart.

Vencedor de vários concursos e figura

frequente nas grandes salas de concerto

em todo o mundo, Barry Douglas volta

a se apresentar com nossa Orquestra,

nos emocionando com essa obra-prima

do gênio de Salzburgo.

Desejamos um bom concerto a todos.

FAB IO MECHET T I

D I R E T O R A R T Í S T I C O

E R E G E N T E T I T U L A R

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A consolidação da carreira internacio-

nal de Barry Douglas tem início com

a Medalha de Ouro na Competição

Internacional de Piano Tchaikovsky

de 1986. Como diretor artístico da

Camerata Ireland e do Clandeboye

Festival, ele celebra continuamente

sua herança irlandesa e mantém

uma intensa agenda internacional.

Nas duas últimas temporadas, Barry

apresentou-se com a Orquestra Nacio-

nal Russa; sinfônicas de Londres,

Vancouver e de Oregon; Filarmônica

de St. Petersburg. Em 2016/2017,

comemorou o 30º aniversário de sua

premiação num ciclo dos concertos

para piano de Tchaikovsky com a

RTE Orchestra e a Ulster Orchestra.

Na atual temporada, fará turnê pelo

Reino Unido com a Sinfônica Esta-

tal Russa e se apresentará com as

sinfônicas de Barcelona, Vancouver

e Sydney. Na música de câmara,

seguirá colaborando com o Quarteto

de Cordas Borodin.

Barry já se apresentou com as sinfô-

nicas da BBC da Escócia, de Londres,

de Cincinnati, de Singapura, da Rádio

de Berlim, de Seattle e de Melbourne;

Staatskapelle Halle e Orquestra Nacio-

nal da França; filarmônicas Real de

Liverpool e de Hong Kong. Ele foi

solista com a Filarmônica de Minas

Gerais em 2012 e 2016.

Artista exclusivo do selo Chandos,

gravou a obra completa para piano

de Brahms. A revista britânica Inter-

national Record Review escreveu:

“este é de fato Brahms tocando em

sua integridade e autoridade máxi-

mas (...) esta série tende a tornar-se

uma versão de referência”. Estão em

andamento gravações de Schubert e

de Tchaikovsky. Com arranjos feitos

por ele mesmo, Barry lançou dois

álbuns de música folclórica irlandesa.

Barry Douglas fundou a Camerata

Ireland com jovens músicos da Irlanda

do Norte e da República da Irlanda.

Além da busca da excelência musical,

a orquestra quer contribuir para o

processo de paz na Irlanda.

Barry Douglas recebeu a Ordem do

Império Britânico, na Lista Honorária

do Ano Novo de 2002.

FOTO

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XAN

DRE

REZ

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BARRY DOUGLAS

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A

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BERLIOZ Os Troianos: Caçada real e tempestade

L A C ÔT E SA I N T-A N D R É , F R A N Ç A , 1 8 03 PA R I S , F R A N Ç A , 1 8 69

Hector

INSTRUMENTAÇÃO

Piccolo, 2 flautas, 2 oboés,

2 clarinetes, 2 fagotes,

4 trompas, 4 trompetes,

3 trombones, tuba, tímpanos,

percussão, cordas.

ED ITORA

Kalmus

PARA OUV IR

CD Hector Berlioz – Royal

Hunt and Storm – Berliner

Philharmoniker – James

Levine, regente – Deutsche

Grammophon – 1992

PARA ASS IST IR

Orchestre Révolutionnaire

et Romantique – John Eliot

Gardiner, regente

Acesse: fil.mg/btroianos

PARA LER

Melinda O’Neal –

Experiencing Berlioz –

Rowman & Littlefield – 2018

Como movimento humanista o Romantismo é muito

mais complexo do que se lhe atribui, a começar pela sua

dimensão social, e tem uma abrangência mais ou menos

universal pela Europa, tomando diferentes atalhos. Por

exemplo, o gênio modificador de Beethoven alimenta-

-se, ao menos em parte, do ideário que impulsionou a

Revolução Francesa. Não há, pois, que se atribuir uma

pátria ao Romantismo, mas há que lhe conferir uma

certa universalidade que, paradoxalmente, se embasa na

individualidade. Se, na linguagem, o Romantismo busca

a expressão de sentimentos individuais, ideologicamente

ele se fundamenta no culto à personalidade, de diversas

formas. Despontam, assim, alguns nomes paradigmá-

ticos: Beethoven é o primeiro deles. Na França, Bizet,

Gounod e, mais tarde, Saint-Saëns. Mas, ali, a figura

mais emblemática é sem dúvida a de Berlioz.

Nada falta à figura de Berlioz para que se desenhe a

silhueta do compositor romântico: a cabeleira, o perfil

esguio e um tanto agressivo, o nariz, o temperamento

ávido e apaixonado e uma postura egocêntrica que o

levou um dia a dizer “minha vida é um romance que me

interessa muito”. E, de fato, Berlioz soube fazer de si

uma espécie de personagem que, consciente ou incons-

cientemente, aderia ao imaginário romântico. Quando

vai a Paris para estudar Medicina, descobre a ópera e

decide tornar-se músico, o que faz entrar em ebulição

sua família, burguesa e relativamente abastada.

Mas a rebeldia juvenil rendeu à poste-

ridade um músico determinante para

a História. Profundo conhecedor de

Beethoven, Berlioz não se submete a

ele e leva sua própria escrita orquestral

a um virtuosismo que potencializa as

possibilidades melódicas e rítmicas

dos instrumentos, em que todos os

grandes sinfonistas do final do século

XIX encontrarão modelo. Ademais, seu

Tratado de Orquestração, mais do que

obra técnica, é um escrito de estética.

Em sua linguagem, a melodia francesa

adquire outras feições e, em sua obra

sinfônica, o emprego de ideias fixas,

dotadas de valor simbólico, anunciam

o Leitmotiv de Wagner.

Os Troianos é uma ópera em cinco atos,

com libreto escrito por ele mesmo,

baseado na Eneida de Virgílio. Berlioz

nunca a viu encenada integralmente.

A estreia da parte final (Os Troianos

em Cartago), constituída dos três

últimos atos, deu-se em 1863, em

Paris, e teve vinte e uma récitas. A

ópera completa foi estreada em 1890

em Karlsruhe, na Alemanha, bem

depois da morte do compositor e, desde

então, tem sido considerada uma das

mais importantes obras dramáticas

do século XIX.

Caçada real e tempestade é a cena

que abre o quarto ato da ópera.

O ouvinte desavisado, familiarizado

com o Romantismo alemão, quererá

encontrar antecipações de Wagner e

reminiscências de Beethoven, Schu-

mann ou Mendelssohn. Não se trata de

nada disso. Berlioz tem uma linguagem

própria e uma personalidade musical

forte o suficiente para ser ele mesmo.

Se, na ópera, os eventuais elementos

descritivos ou evocativos (tanto da

caçada quanto da tempestade) fazem

sentido, a execução de concerto desta

bela página de Berlioz revela o grande

melodista e o grande orquestrador

que impressionou seus sucessores.

MOACYR L ATERZA F ILHO

Pianista e cravista, Doutor em Literaturas

de Língua Portuguesa, professor da

Universidade do Estado de Minas Gerais e

da Fundação de Educação Artística.

1 8 5 6 1 0 M I N U TO S

Primeira apresentação

com a Filarmônica

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MOZART Concerto para piano nº 20 em ré menor, K. 466

SA L Z BU RG O , ÁUST R I A , 1 75 6 V I E N A , ÁUST R I A , 1 79 1

Wolfgang Amadeus

INSTRUMENTAÇÃO

Flauta, 2 oboés, 2 fagotes,

2 trompas, 2 trompetes,

tímpanos, cordas.

ED ITORA

Bärenreiter

PARA OUV IR

CD Mozart – Piano Concertos

20,21, 22, 23 – Philharmonia

Orchestra – Sir Adrian Boult,

regente – Annie Fischer, piano

– EMI Records – 1995

PARA ASS IST IR

Camerata Salzburgo –

Mitsuko Uchida, regente e piano

Acesse: fil.mg/mpiano20

PARA LER

C. M. Girdlestone – Mozart

et ses Concertos pour piano –

Desclée de Brouwer – 1953

Não houvesse os concertos para piano de Mozart,

estariam irremediavelmente empobrecidas as histórias

da música e do homem. Devido à originalidade e ao

caráter diverso de cada uma dessas obras, seus vinte e

três concertos – incluindo os concertos para dois e três

pianos – configuram uma espécie de diário da extensa

produção do compositor e alcançaram, na maturidade,

um nível de expressividade sem precedentes no gênero.

Inovando pelo rico diálogo entre solista e orquestra, pelo

refinamento das texturas e despojamento de todo virtu-

osismo supérfluo, Mozart exerceu forte influência sobre

os compositores que o sucederam. Difícil imaginar, sem

a iluminação de Mozart, que rumos poderia ter tomado

o repertório posterior para piano e orquestra, ou se

teríamos chegado aos concertos românticos e modernos

na forma e no esplendor em que hoje os conhecemos.

Entre todos os concertos, nenhum outro foi tão profé-

tico quanto o K. 466, estreado em Viena em 1785, com

o próprio autor como solista. Após a estreia, Joseph

Haydn declarou ser Mozart o maior compositor que

conhecia, pessoalmente ou de nome. A obra transcende

os limites estéticos da época e antecipa características

da linguagem romântica, tais como a individualidade

e a espontaneidade da liberdade de expressão, sem

transpor de forma radical a estrutura clássica. É o

mais dramático e fervoroso dos dois escritos em modo

menor (o outro é o Concerto K. 491, em dó menor), o

que justifica ter sido tão popular no

século XIX e que permaneça até

hoje o mais famoso da coletânea.

É significativa a escolha da tonali-

dade de ré menor, de pouco uso em

Mozart, mas que, como nos casos

do Requiem e da cena do banquete

de Don Giovanni, associa-se com

frequência à tragicidade.

A abertura orquestral do Allegro

arrebata o ouvinte desde o sombrio

acorde de ré menor, reafirmado

pelos violinos e violas em síncopes

inquietantes, sobre o insistente e

ameaçador motivo dos violoncelos

e contrabaixos. Poucos compassos

adiante, o clima passional da obra é

francamente declarado na explosão

tempestuosa do primeiro forte. Na

entrada do solista, em soberano

contraste com o tutti inicial, o piano

canta uma das mais calorosas melo-

dias escritas por Mozart, atestando

a predileção do compositor pelo ins-

trumento (o novo tema em momento

algum será compartilhado com a

orquestra). Surpreende também que

o movimento conclua não de forma

impetuosa, como o ar revolucioná-

rio da obra poderia invocar, mas

em gentil pianíssimo. A serenidade

habitual do segundo movimento é

reforçada, nesta sonhadora Romanza,

pela tonalidade de si bemol maior.

Piano e orquestra dialogam, assu-

mindo mutuamente as frases um do

outro. Finaliza de forma conciliadora,

em pacífica amabilidade. O Rondó

final mantém o espírito grave do

primeiro movimento, mas sua longa

e otimista coda em modo maior induz

a especulações sobre as razões

desse giro feliz na conclusão do

concerto: mera e gentil concessão

ao gosto predominante do público

da época pelas tonalidades maiores,

recurso de praxe para os finais dos

primeiros e terceiros movimentos em

modo menor, no estilo galante que

Mozart representa, ou deliberado

término vitorioso sobre os conflitos

anunciados na obra?

M IGUEL ROSSEL IN I

Pianista, professor da Escola de Música

da Universidade Federal de Minas Gerais.

Última apresentação:

5 de julho / 2012

Fabio Mechetti, regente

Nelson Freire, piano

1 78 5 3 0 M I N U TO S

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RACHMANINOV Sinfonia nº 3 em lá menor, op. 44

O N E G , R Ú SS I A , 1 873 B E V E R LY H I LL S , ESTA D O S U N I D O S , 1 94 3

Sergei

INSTRUMENTAÇÃO

Piccolo, 2 flautas, 2 oboés,

corne inglês, 2 clarinetes,

clarone, 2 fagotes,

contrafagote, 4 trompas,

3 trompetes, 3 trombones,

tuba, tímpanos, percussão,

celesta, harpa, cordas.

ED ITORA

Boosey & Hawkes

PARA OUV IR

CD Rachmaninov – Symphony

nº 3 – National Symphony

Orchestra of Ireland –

Alexander Anissimov, regente

– Naxos – 1998

PARA ASS IST IR

Novosibirsk Philharmonic –

Gintaras Rinkevicius, regente

Acesse: fil.mg/rsinf3

PARA LER

Robert Matthew-Walker –

Rachmaninoff – The illustrated

lives of the great composers –

Omnibus Press – 2001

Sergei Rachmaninov conquistou, aos dezoito anos, a

grande medalha do concurso de piano do Conservatório

de Moscou. Nessa instituição conheceu Tchaikovsky, cujo

apoio e amizade foram fundamentais para a definição e

o desenvolvimento de sua carreira. Em 1897, tornou-se

regente do Teatro Imperial de Moscou. Durante os anos

seguintes, realizou turnês internacionais que o celebri-

zaram como exímio pianista.

Dois meses após a Revolução de Outubro de 1917, por

ocasião de um concerto em Estocolmo, o compositor,

acompanhado da mulher e das duas filhas, deixou defi-

nitivamente seu país. No final de 1918, partiram para os

Estados Unidos, onde o artista viveu os últimos anos dedi-

cando-se primordialmente aos concertos, em detrimento

da criação. Mais de três quartos da obra de Rachmaninov

foram escritos antes de 1917. O pianista ofuscava o com-

positor que, entretanto, em períodos de férias europeias,

ainda elaborou obras importantes, como a Sinfonia nº 3.

A Sinfonia nº 3 utiliza um tema cíclico recorrente nos

três movimentos. A orquestra é muito grande; porém,

Rachmaninov prioriza a diversificação das sonoridades

sobre os efeitos de massa. O movimento inicial é prece-

dido de uma pequena introdução (Lento) que apresenta

o tema cíclico, austero e despojado, tocado em uníssono

por clarinetes, trompa e violoncelo. Um repentino e breve

fortíssimo precede o Allegro moderato, construído sobre

dois temas. O primeiro, eslavo e melancólico, aparece

nas madeiras. O segundo forma uma

melodia nobre e lírica, cantada nos

violoncelos e fagotes. O desenvolvimento

é caracterizado por certo nervosismo.

O tema cíclico reaparece nos metais

antes do final solene e heroico.

O Adagio ma non troppo começa

com o tema principal na trompa,

sobre acordes da harpa. Segue-se

uma longa e melancólica melodia,

desenhada pelo violino solo. A parte

central, totalmente diversa, consiste

em um scherzo enérgico e ritmado.

No retorno da primeira seção, a triste

melodia aparece muito abreviada e

com variantes.

O tema cíclico adquire um papel impor-

tante em todo o episódio do Allegro

final, que se inicia com caráter dançante

e popular. Logo, porém, uma melodia

em arpejos provoca uma sensação de

languidez. Para fechar essa primeira

seção, o trompete proclama o tema

cíclico. Segue-se um fugato (Allegro

vivace), com a citação do Dies Irae da

missa de réquiem gregoriana – melodia

que aparece na Totentanz de Liszt,

uma das peças de bravura do pianista

Rachmaninov. Esse cantochão medie-

val sempre fascinou o compositor e

está presente em suas três sinfonias.

Após a reexposição, o tema cíclico

surge em uma variante ritmada no

staccato das cordas e ornamentado

nos arabescos da flauta.

A Sinfonia nº 3 em lá menor estreou

em novembro de 1936, na Filadélfia,

sob a regência de Leopold Stokowski.

É bastante representativa do estilo

final de Rachmaninov, quando sua

linguagem, mantendo-se sempre pes-

soal e anacronicamente romântica,

entretanto se moderniza pela ciência

dos timbres e pelo senso admirável

dos detalhes orquestrais.

Extraído do texto de:

PAULO SÉRG IO

MALHE IROS DOS SANTOS

Pianista, Doutor em Letras, professor na

UEMG, autor dos livros Músico, doce

músico e O grão perfumado – Mário

de Andrade e a arte do inacabado.

Apresenta o programa semanal Recitais

Brasileiros, pela Rádio Inconfidência.

Última apresentação:

3 de outubro / 2013

Fabio Mechetti, regente

1 93 5 / 1 93 6 / R E V I SÃO 1 93 8 3 9 M I N U TO S

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INGRESSO SOLIDÁRIO

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NO SEU CELULAR

A P R O V E I T E PA R A A P R E S E N TA R A

F I L A R M Ô N I C A A O S S E U S A M I G O S ,

PA R E N T E S O U E S T U D A N T E S D E M Ú S I C A .

É muito simples. Para doar seu Ingresso Solidário,

basta o Assinante acessar o aplicativo da Filarmônica

até 30 minutos antes do início do concerto e realizar

sua doação. O Assinante também pode enviar um

e-mail ou ligar para a Assessoria de Relacionamento

pelo menos 2 horas antes do concerto.

O aplicativo da Filarmônica é compatível com aparelhos

Android e IOS e pode ser baixado na loja de aplicativos

do seu celular (Google Play ou App Store).

Algo aconteceu e você não pode ir a um concerto?

Assessoria de Relacionamento: (31) 3219-9009de segunda a sexta, das 9h às [email protected]

FOTO

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PRIMEIROS VIOLINOS Anthony Flint – Spalla

Rommel Fernandes –

Spalla associado

Ara Harutyunyan –

Spalla assistente

Ana Paula Schmidt

Ana Zivkovic

Arthur Vieira Terto

Joanna Bello

Luis Andrés Moncada

Roberta Arruda

Rodrigo Bustamante

Rodrigo M. Braga

Rodrigo de Oliveira

Wesley Prates

Eliseu Barros *****

SEGUNDOS VIOLINOSFrank Haemmer *

Hyu-Kyung Jung ****

Gideôni Loamir

Jovana Trifunovic

Luka Milanovic

Martha de Moura

Pacífico

Matheus Braga

Radmila Bocev

Rodolfo Toffolo

Tiago Ellwanger

Valentina Gostilovitch

VIOLASJoão Carlos Ferreira *

Roberto Papi ***

Flávia Motta

Gerry Varona

Gilberto Paganini

Katarzyna Druzd

Luciano Gatelli

Marcelo Nébias

Mikhail Bugaev

Nathan Medina

VIOLONCELOSPhilip Hansen *

Robson Fonseca ***

Camila Pacífico

Camilla Ribeiro

Eduardo Swerts

Emília Neves

Lina Radovanovic

Lucas Barros

William Neres

CONTRABAIXOSNilson Bellotto *

André Geiger ***

Marcelo Cunha

Marcos Lemes

Pablo Guiñez

Rossini Parucci

Walace Mariano

FLAUTASCássia Lima *

Renata Xavier ***

Alexandre Braga

Elena Suchkova

OBOÉSAlexandre Barros *

Públio Silva ***

Israel Muniz

Maria Fernanda

Gonçalves

CLARINETESMarcus Julius Lander *

Jonatas Bueno ***

Ney Franco

Alexandre Silva

FAGOTESCatherine Carignan *

Victor Morais ***

Andrew Huntriss

Francisco Silva

TROMPASAlma Maria Liebrecht *

Evgueni Gerassimov ***

Gustavo Garcia Trindade

José Francisco dos Santos

Lucas Filho

Fabio Ogata

TROMPETESMarlon Humphreys *

Érico Fonseca **

Daniel Leal ***

Tássio Furtado

TROMBONESMark John Mulley *

Diego Ribeiro **

Wagner Mayer ***

Renato Lisboa

TUBAEleilton Cruz *

TÍMPANOSPatricio Hernández

Pradenas *

PERCUSSÃORafael Alberto *

Daniel Lemos ***

Sérgio Aluotto

Werner Silveira

José Henrique

Viana*****

HARPAClémence Boinot *

TECLADOSAyumi Shigeta *

GERENTE

Jussan Fernandes

INSPETORAKarolina Lima

ASSISTENTE ADMINISTRATIVO Risbleiz Aguiar

ARQUIVISTAAna Lúcia Kobayashi

ASSISTENTESClaudio Starlino

Jônatas Reis

SUPERVISOR DE MONTAGEMRodrigo Castro

MONTADORESHélio Sardinha

Klênio Carvalho

ORQUESTRA FILARMÔNICA DE MINAS GERAIS

INSTITUTO CULTURAL FILARMÔNICA

Regente Associado

MARCOS ARAKAKI

Diretor Artístico e Regente Titular

FABIO MECHETTIOscip — Organização da Sociedade Civil de Interesse Público

Lei 14.870 / Dez 2003

OS — Organização Social

Lei 23.081 / Ago 2018

* principal ** principal associado *** principal assistente

**** principal / assistente substituta ***** musicista convidado

CONSELHO ADMINISTRATIVOPresidente Emérito

Jacques Schwartzman

Presidente

Roberto Mário

Gonçalves Soares Filho

Conselheiros

Angela Gutierrez

Arquimedes Brandão

Berenice Menegale

Bruno Volpini

Celina Szrvinsk

Fernando de Almeida

Ítalo Gaetani

Marco Antônio Pepino

Marco Antônio Soares da

Cunha Castello Branco

Mauricio Freire

Octávio Elísio

Paulo Brant

Sérgio Pena

DIRETORIA EXECUTIVADiretor Presidente

Diomar Silveira

Diretor

Administrativo-

financeiro

Estêvão Fiuza

Diretor de

Comunicação

Agenor Carvalho

Diretora de

Marketing e Projetos

Zilka Caribé

Diretor de Operações

Ivar Siewers

EQUIPE TÉCNICAGerente de

Comunicação

Merrina Godinho

Delgado

Gerente de

Produção Musical

Claudia da Silva

Guimarães

Assessora de

Programação Musical

Gabriela de Souza

Produtor

Luis Otávio Rezende

Analistas de

Comunicação

Fernando Dornas

Lívia Aguiar

Renata Gibson

Renata Romeiro

Analista de Marketing

de Relacionamento

Mônica Moreira

Analistas de

Marketing e Projetos

Itamara Kelly

Lilian Sette

Assistente

de Produção

Rildo Lopez

Auxiliares

de Produção

André Barbosa

Jeferson Silva

EQUIPE ADMINISTRATIVAGerente

Administrativo-

financeira

Ana Lúcia Carvalho

Gerente de

Recursos Humanos

Quézia Macedo Silva

Gerente Contábil

Graziela Coelho

Analistas

Administrativos

João Paulo de Oliveira

Paulo Baraldi

Secretária Executiva

Flaviana Mendes

Assistente

Administrativa

Cristiane Reis

Assistente de

Recursos Humanos

Jessica Nascimento

Recepcionistas

Meire Gonçalves

Vivian Figueiredo

Auxiliar Contábil

Pedro Almeida

Auxiliar

Administrativa

Geovana Benicio

Auxiliares de

Serviços Gerais

Ailda Conceição

Rose Mary de Castro

Mensageiro

Douglas Conrado

Jovem Aprendiz

Sunamita Souza

SALA MINAS GERAISGerente de

Infraestrutura

Renato Bretas

Gerente de Operações

Jorge Correia

Técnicos de Áudio

e de Iluminação

Diano Carvalho

Rafael Franca

Assistente Operacional

Rodrigo Brandão

FORTISSIMO Março nº 3 / 2019

ISSN 2357-7258

Editora Merrina

Godinho Delgado

Edição de texto

Berenice Menegale

Capa

Episódios da Eneida —

Paolo Uccello

O Fortissimo está

indexado aos

sistemas nacionais

e internacionais de

pesquisa. Você pode

acessá-lo também

em nosso site.

Este programa

foi impresso em

papel doado pela

Resma Papéis.

Page 10: 21 · 2019-03-13 · compositor e sua genialidade em encontrar na orquestra uma ampla paleta de cores. Já na Sinfonia nº 3 de Rachmaninov encontraremos o fim de uma etapa, tanto

S E J A P O N T U A L .C U I D E DA S A L A

M I N A S G E R A I S .

D E S L I G U E

O C E L U L A R

( S O M E L U Z ) .

D E I X E PA R A

A P L AU D I R AO F I M

D E C A DA O B R A .

T R A G A S E U I N G R E S S O

O U C A R TÃO D E

A S S I N A N T E .

N ÃO C O M A

O U B E B A .

N ÃO F OT O G R A F E

O U G R AV E E M

ÁU D I O / V Í D E O .

S E P U D E R , D E V O LVA

S E U P R O G R A M A

D E C O N C E R T O .

FA Ç A S I L Ê N C I O

E E V I T E T O S S I R .

E V I T E T R A Z E R

C R I A N Ç A S M E N O R E S

D E 8 A N O S .

NO CONCERTO

EM MARÇO14 E 15 2 0 h 3 0

Presto e Veloce

21 E 22 2 0 h 3 0

Allegro e Vivace

9 1 8 h

M Ú S I C A E DA N Ç AFora de Série

30 1 8 h

M Ú S I C A E T E AT R OFora de Série

26 2 0 h 3 0

Filarmônica em Câmara

FOTO: BRUNA BRANDÃO

COMEÇAMOS 2019 CHEIOS DE

VELHOS E NOVOS AMIGOS.

MUITO OBRIGADA PELA SUA PARCERIA!

Se a sua doação foi por incentivo fiscal, é hora de contar isso

ao Leão. O prazo para entrega da declaração do IRPF 2019 é

até 30 de abril.

Tem alguma dúvida? Ligue (31) 3219-9029 ou mande um e-mail

para [email protected]

Amigos da Filarmônica contribuem para a Programação Educacional da Orquestra.

J U N T E - S E A E L E S ! S E J A V O C Ê TA M B É M U M A M I G O D A F I L A R M Ô N I C A .

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/ F I L A R M O N I C A M G

R E A L I Z A Ç Ã O

PAT R O C Í N I O

M A N T E N E D O R

Sala Minas Gerais

www.filarmonica.art.br

D I V U L G A Ç Ã O

R UA T E N E N T E B R I TO M E LO , 1 . 0 9 0 — B A R R O P R E TO

C E P 3 0 .1 8 0 - 0 7 0 | B E LO H O R I Z O N T E – M G

T E L : ( 3 1 ) 3 2 1 9.9 0 0 0 | FA X : ( 3 1 ) 3 2 1 9.9 0 3 0

CO

MU

NIC

ÃO

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19


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